Reserva no Paraná tem 12 espécies de animais ameaçadas de extinção
Pesquisadores do Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar identificaram animais de 12 espécies ameaçadas de extinção na Reserva Natural Salto Morato, mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná. Entre os mamíferos registrados, estão o gato-mourisco, a onça-pintada, o gato-do-mato, a onça-parda ou puma e o gato maracajá. A classificação é feita pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Entre as aves, destacam-se a jacutinga, importante dispersora de sementes da palmeira-juçara, planta ameaçada de extinção, e o raro gavião-pombo-pequeno, espécie endêmica do Brasil associada a florestas em bom estado de conservação.
“A Mata Atlântica é o bioma que possui mais espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção, sobretudo, por ser um hotspot, área que possui muita riqueza natural e espécies endêmicas que só são encontradas ali. Ter nossa reserva como refúgio para parte dessas espécies ameaçadas é um grande indicativo, pois mostra que a área possibilita habitats saudáveis suficientemente capazes de abrigar espécies com tamanha importância para a conservação do bioma”, disse a gerente da Reserva Natural Salto Morato, Ginessa Lemos.
Estratégia
A identificação dos animais, feita pelos pesquisadores, contou com uma base de dados de mais de 4 mil registros feitos ao longo dos últimos 10 anos no local. Lemos ressaltou a importância de áreas protegidas como estratégia de conservação e preservação de habitats. A Reserva Natural Salto Morato existe desde 1994.
“Hoje, a gente já colhe resultados importantes como o aparecimento da onça-pintada. Dessa e de outras 11 espécies ameaçadas de extinção dentro de uma área que é considerada até pequena - 2.253 hectares -, mas bem expressiva em termos de biodiversidade”, explicou.
A gerente acrescentou que, nos últimos anos, tem aumentado o número de registros de espécies ameaçadas acompanhados por filhotes. Ginessa ressaltou que esse tipo de registro mostra que áreas protegidas cumprem um papel essencial na preservação de habitats naturais, na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas e na manutenção de populações viáveis da fauna local.
“Em 2021 e 2022, tivemos o maior número de registro de espécies adultas com filhotes. Ao todo foram seis: dois de gato-mourisco, um de onça-pintada, um de gato-do-mato e outro de jaguatirica.
Em 2021, tivemos o primeiro registro de filhote de puma. Isso é uma grande vitória para a conservação”, especificou.
Salto Morato, mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, faz parte da Grande Reserva Mata Atlântica, o maior remanescente contínuo do bioma no mundo, que engloba 60 municípios do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, e também está em uma área reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Natural da Humanidade.
Edição: Kleber Sampaio
Por Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil - São Paulo
Forças de segurança conseguem desocupar praça dos Três Poderes após tarde de vandalismo
As forças de segurança conseguiram desocupar os prédios públicos invadidos na praça dos Três Poderes, usando para isso muitas bombas de efeito moral e spray de pimenta.
Os agentes começaram a ter êxito na operação por volta das 16h.
Helicópteros da Polícia Militar e da Polícia Federal também agiram, sobrevoando a praça e atirando bombas de gás. A tropa de cavalaria também foi acionada, além de carros blindados.
Os manifestantes ameaçaram uma nova investida contra os agentes, mas foram repelidos.
Pouco antes das 18h, os prédios do Palácio do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal) já estavam totalmente liberados. Nos arredores, manifestantes rezavam e marcavam posição, sentando e deitando em frente às tropas de segurança.
O teto e os arredores do Congresso, no entanto, seguiram ocupados por um período maior. Mas também acabaram desocupados após ação dos agentes de segurança.
No esforço de dispersão, a tropa de choque e a cavalaria avançaram contra os manifestantes que se encontravam nos arredores do STF, fazendo com que o grupo fosse em direção à Esplanada. O espaço foi liberado.
O vandalismo contra as sedes dos Três Poderes levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a decretar a intervenção federal na área de segurança do Distrito Federal.
O petista disse que os invasores são verdadeiros vândalos e os chamou ainda de fascistas e nazistas.
Manifestantes golpistas entraram na Esplanada dos Ministérios na tarde deste domingo, invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF, espalharam atos de vandalismo em Brasília e entraram em confronto com a Polícia Militar.
A ação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocorre uma semana após a posse de Lula, antecedida por atos antidemocráticos insuflados pela retórica golpista do ex-presidente no período eleitoral.
Os manifestantes vieram em grande parte do acampamento diante do Quartel-General do Exército em Brasília. Eles chegaram à Esplanada e se concentraram inicialmente em frente ao Ministério da Justiça.
Uma parte invadiu a parte externa superior do Congresso e, depois, a área interna do prédio, alcançando os salões onde são exibidos itens históricos recebidos de presente pelo Estado brasileiro por outros países. Depois, chegaram até o Plenário do Senado Federal.
Os manifestantes avançaram para a Praça dos Três Poderes, onde houve confronto. Em seguida, se dirigiram ao Palácio do Planalto, onde conseguiram acessar diferentes andares.
Imagens do Palácio do Planalto mostram vidros quebrados, móveis atirados para fora do prédio, computadores e monitores no chão e ao menos um quadro rasgado.
Os manifestantes puderam circular livremente pelo interior do Planalto, inclusive pela rampa interna do Palácio. Os vândalos conseguiram, com isso, chegar perto do gabinete da Presidência da República.
Os apoiadores se dirigiram ainda ao STF, onde depredaram o Plenário onde acontecem as sessões de julgamento com a presença dos ministros do Supremo. Móveis de maneira foram revirados e danificados, vidros quebrados, documentos espalhados e cadeiras arrancadas do chão.
Um brasão da República foi retirado de uma das paredes do STF e removido do edifício junto com uma poltrona também retirada do prédio. Os manifestantes também usaram uma mangueira de incêndio para inundar o local. No STF, os vândalos chegaram ainda a pichar nas janelas a frase “perdeu, mané” e também vandalizaram com a frase a escultura “A Justiça”, feita em 1961 pelo artista plástico Alfredo Ceschiatti e que fica em frente ao Supremo.
A frase “perdeu, mané” faz alusão a uma resposta dada pelo ministro do tribunal Luís Roberto Barroso a um bolsonarista após sofrer hostilidades dos militantes durante viagem a Nova York.
Policiais militares do Distrito Federal foram vistos à distância do local sem reagirem diretamente, apenas tirando fotos dos acontecimentos com seus celulares.
Em Brasília, em reação às bombas, manifestantes soltaram fogos de artifício. No confronto, atiraram grades de ferro e outros objetos contra os policiais, que tiveram carros quebrados. Uma viatura teve os pneus esvaziados e foi jogada parcialmente para dentro do espelho d’água em frente ao Congresso.
João Gabriel e José Marques / Folhapress
Ibaneis Rocha pede desculpa a Lula e chama invasores de terroristas
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), gravou um vídeo para pedir desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelos atos de terrorismo protagonizados em Brasília neste domingo (8). A leniência das forças de segurança do DF permitiram que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) praticassem ações de vandalismo nas sedes dos Três Poderes.
O chefe do Executivo da capital federal admitiu que estava monitorando a situação e que nunca esperou que ela chegasse a esse ponto. Ele disse que os manifestantes são “verdadeiros vândalos, verdadeiros terroristas”.
“Quero me dirigir primeiramente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir desculpas pelo que aconteceu hoje na nossa cidade, à presidente do STF [Rosa Weber], a meu querido amigo Arthur Lira [presidente da Câmara], meu amigo Rodrigo Pacheco [presidente do Senado]”, disse.
Ibaneis classificou como “simplesmente inaceitável” o que ocorreu na capital neste domingo e afirmou que tem “origem democrática” e que todos conhecem seu trabalho na defesa da democracia. “Nós viemos monitorando desde a tarde de ontem juntamente com ministro Flávio Dino [Justiça] todos esses movimentos que estavam chegando ao DF. Conversamos de ontem para hoje várias vezes e não acreditávamos em momento nenhum que essas manifestações tomariam as proporções que tomaram”, afirmou.
Ibaneis prometeu “o efetivo combate para que sejam punidos”. “É isso que nós queremos. Brasília é palco de manifestações pacíficas onde pessoas merecem e têm direito de viver em liberdade. Isso que aconteceu foi inaceitável”. Em meio às cenas de invasões aos prédios públicos, o presidente Lula determinou a intervenção federal na segurança pública do DF, o que retira de Ibaneis o poder sobre o setor na capital. Em entrevista coletiva, o mandatário aproveitou para criticar Anderson Torres, que era ministro da Justiça do ex-presidente Bolsonaro foi exonerado pelo emedebista nesta tarda da Secretaria de Segurança do DF.
Folhapress
Líderes mundiais condenam ação de bolsonaristas, e Biden chama ataques de ultrajantes
Líderes mundiais condenaram a invasão a diferentes pontos da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na tarde deste domingo (8), por manifestantes golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Um dos primeiros a se manifestar foi Gabriel Boric, presidente chileno. “O governo brasileiro tem todo o nosso apoio diante desse covarde e vil ataque à democracia”, disse, por meio do Twitter.
Outro líder a demonstrar repúdio aos atos foi Alberto Fernández, presidente da Argentina, por meio de uma série de mensagens postadas no Twitter em que presta apoio ao presidente Lula e menciona uma “tentativa de golpe de Estado”. “Quem tentar desrespeitar a vontade da maioria ameaça a democracia e merece não só a resposta legal adequada, mas também a condenação da comunidade internacional”, diz uma das postagens.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, também classificou o episódio de tentativa de golpe em mensagem que condenava a invasão. Em visita à fronteira com o México, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a situação no Brasil é ultrajante. Gustavo Petro, presidente da Colômbia, também usou a rede social para dizer que uma reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos) seria urgente diante da situação. “Toda minha solidariedade a Lula e ao povo do Brasil. O fascismo decide atacar. A Direita não conseguiu manter o pacto de não-violência”, completou.
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, chamou os atos de “ações de natureza fascista” por meio de sua conta de Twitter. “Condenamos o ataque às instituições em Brasília, que se trata de uma ação condenável e um ataque direto à democracia”, afirmou também. Ignacio Ybáñez, embaixador da União Europeia no Brasil, afirmou que estava “seguindo com grande preocupação os atos antidemocráticos e as ações violentas na Praça dos Três Poderes”. Já a Embaixada dos EUA emitiu um alerta a cidadãos americanos em Brasília para evitar a região invadida.
O governo de Portugal, liderado pelo primeiro-ministro António Costa (Partido Socialista), repudiou os atos antidemocráticos. Em nota divulgada pelo ministério dos Negócios Estrangeiros, o governo luso afirmou que “condena as ações de violência e desordem que hoje tiveram lugar em Brasília” e reiterou seu “apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade”.
“O Governo transmite a sua inteira solidariedade à Presidência da República do Brasil, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, cujos edifícios foram violados nas manifestações antidemocráticas que tiveram lugar esta tarde”, diz o texto. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, também condenou o episódio. O chefe de Estado se manifestou ao vivo, por chamada telefônica, durante o telejornal da emissora SIC, uma das líderes de audiência do país.
Outros líderes europeus também se pronunciaram. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que “instituições democráticas devem ser respeitadas” e que “o Presidente Lula pode contar com o apoio incondicional da França”. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, também ofereceu apoio ao presidente e “às instituições eleitas livre e democraticamente pelo povo brasileiro”.
O vice-primeiro-ministro da Itália, Antonio Tajani, disse, também por meio do Twitter, que acompanha com preocupação a situação no Brasil e que “qualquer ato de violência contra as instituições democráticas deve ser veementemente condenado”. A mensagem foi compartilhada na rede social por Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana.
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, mencionou sua “condenação completa do atentado às instituições democráticas do Brasil”. Autoridades dos Estados Unidos também fizeram declarações de apoio. O presidente americano, Joe Biden, que neste domingo fez uma viagem a El Paso, afirmou que o ataque acontecido no Brasil é “ultrajante”. Jake Sullivan, assessor de segurança nacional dos EUA, afirmou que Biden estava “acompanhando a situação de perto”. “Nosso apoio às instituições democráticas do Brasil é inabalável. A democracia brasileira não será estremecida pela violência”, disse ele.
O secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que “usar violência para atacar instituições democráticas é sempre inaceitável”. Integrante da comissão que investiga a invasão do Capitólio, o deputado Jamie Raskin afirmou que países democráticos devem agir rapidamente e comparou a situação ao ocorrido nos EUA: “Esses fascistas que têm como modelo os manifestantes de 6 de janeiro [seguidores] de Trump devem terminar no mesmo lugar: a prisão”. Os golpistas invadiram áreas do Congresso Nacional, do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal), espalharam atos de vandalismo e depredação e entraram em confronto com a PM.
Os atos guardam semelhanças com o evento acontecido nos Estados Unidos que, coincidentemente, completou dois anos nesta semana. Ocorrida em 6 de janeiro de 2021, a invasão ao Capitólio foi insuflada por um discurso do então presidente Donald Trump em Washington, levando manifestantes a invadirem o prédio do Legislativo americano, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden na eleição de 2020 -o republicano e seus seguidores sustentam até hoje o discurso mentiroso de que o pleito foi fraudado.
O maior ataque recente à democracia americana foi classificado por muitos como uma tentativa de golpe de Estado e se tornou alvo de uma série de investigações, do Departamento de Justiça, do FBI e do próprio Congresso. O ataque resultou na morte de cinco pessoas, entre os quais um policial. Desde então, a polícia federal americana prendeu mais de 950 pessoas -a investigação é considerada a maior da história do órgão-, tendo aberto processos contra 940, segundo o Programa sobre Extremismo, grupo da Universidade George Washington. Mais da metade dos réus, 482, confessou a culpa, e outros 44 foram assim considerados pela Justiça.
Já a ação promovida por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro neste domingo ocorre uma semana após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antecedida por atos antidemocráticos insuflados pela retórica golpista do ex-presidente no período eleitoral. O presidente Lula não está em Brasília neste final de semana -viajou para São Paulo e visitava Araraquara, no interior paulista, para acompanhar vítimas das chuvas. Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram endurecer visando punir manifestantes de esquerda.
* Colaboraram Giuliana Miranda, de Lisboa, e Thiago Amâncio, de Washington
Augusto Aras reúne comitê de crise e aciona unidades do MPF nos estados para evitar que atos violentos se repitam pelo país
O procurador-geral da República, Augusto Aras, realizou reunião extraordinária com a Comissão Permanente de Atuação Coordenada para a Prevenção e Resolução de Crises e Conflitos (Cpac) do Ministério Público Federal (MPF) na tarde deste domingo (8), para acompanhar os desdobramentos de protestos violentos registrados em Brasília, avaliar e discutir providências capazes de identificar e punir os responsáveis pelos atos de caráter antidemocrático. Logo após, foi enviado ofício circular aos procuradores-chefes das unidades do MPF no Brasil, com orientações para que eles atuem de forma conjunta com as forças de segurança de modo a evitar que os atos de vandalismo ocorram em outras partes do país.
Augusto Aras determinou ainda a criação de canal específico para recebimento de vídeos, fotos ou prints de redes sociais que possam ajudar a identificar os responsáveis pelos atos criminosos como a invasão de prédios e depredação do patrimônio público. A Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise do MPF já foi acionada e irá atuar para preservar o material probatório necessário à punição dos infratores a partir de apurações a serem conduzidas pelos respectivos procuradores naturais dos casos.
Em vídeo divulgado na noite deste domingo, Aras repudiou a ação criminosa e detalhou as providências adotadas pelo MPF até o momento. “Tomando conhecimento da invasão, de depredação do patrimônio público, imediatamente determinei que as nossas instâncias competentes adotassem as providências cabíveis para apuração dos fatos e responsabilização dos culpados”, explicou. O PGR acionou a Procuradoria da República no Distrito Federal, órgão responsável pela apuração, pedindo a abertura de procedimento investigatório criminal visando a responsabilização dos envolvidos, e sugeriu ao procurador natural do caso a convocação do Gaeco para auxiliar nas investigações.
Augusto Aras também solicitou ao procurador-geral de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – que se encontra à frente do controle externo da atividade policial – que promova a averiguação de eventuais abusos ou qualquer episódio de omissão das forças policiais no caso. Desde o início dos protestos, na tarde deste domingo, Augusto Aras mantém contato permanente com as autoridades do Distrito Federal e do governo federal. “O Ministério Público, dentro de suas atribuições constitucionais e legais, vem cumprindo com seus deveres e lamenta que uma alternância de poder possa ter levado parte da população brasileira a atos de violência”, concluiu.
Cpac – Criada em novembro pelo PGR, a Cpac tem abrangência nacional e é convocada em situações de crises e conflitos que envolvam a população e que, independentemente da dimensão, comprometam a ordem ou ameacem a segurança pública. As atividades do grupo têm caráter exclusivamente de coordenação e não interferem na independência funcional dos integrantes do MPF
Servidores da Prefeitura marcaram presença maciça no curso do SIAFIC
O curso de Curso de Sistema Único Integrado de Execução Orçamentária, Administração Financeira e Controle – SIAFIC- promovido pela Prefeitura, através da Secretaria da Fazenda, com o objetivo de assegurar a transparência da gestão fiscal do município, foi avaliado como muito positivo pelos 150 servidores municipais que participaram do evento, realizado no último sábado, 7, no auditório do Centro Integrado de Educação de Ipiaú-CIEI-.
A capacitação ministrada pelo professor Vitor Maciel, Mestre em Contabilidade com ênfase em Gestão Pública, se deu em dois turnos, abordando, dentre outros assuntos, os principais pontos do Decreto Federal nº 10.540/2020 que dispõe sobre o padrão mínimo de qualidade do Sistema Único e Integrado de Execução Orçamentária, Administração Financeira e Controle, e passa a vigorar neste mês de janeiro de 2023.
Ao incentivar a participação maciça dos servidores no evento a prefeita Maria das Graças reafirmou a sua proposta de valorização do quadro municipal. A gestora entende que a uniformização dos dados contábeis trará maior transparência em relação aos recursos públicos e sendo assim os servidores precisam se capacitar para usar sistemas de qualidade que atendam essas exigências previstas no decreto.
Comentando a respeito do treinamento, o servidor Bismack Novaes, da Secretaria da Fazenda, destacou: “A administração pública é dinâmica e nós precisamos a cada dia aprimorar o nosso conhecimento para que possamos servir da melhor forma possível à nossa população. O SIAFIC está chegando e nós precisamos focar nessa mudança para que a população possa ter ciência de que forma está sendo gerido o recurso público e tomar conhecimento, de uma forma geral, de como se processa a administração pública”.
O SIAFIC é uma solução de tecnologia da informação mantida e gerenciada pelo Poder Executivo, embora no âmbito municipal o mesmo também deva obrigatoriamente ser utilizado pela Câmara de Vereadores.
(José Américo Castro/ Ascom Prefeitura de Ipiaú).
Governador Jerônimo Rodrigues determina reforço na segurança de prédios públicos
O governador Jerônimo Rodrigues determinou, no fim da tarde deste domingo (8), o reforço do policiamento no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, e em outros pontos da capital e do interior. A medida visa evitar a reprodução, aqui no estado, dos atos terroristas praticados em Brasília. O Batalhão de Choque da Polícia Militar permanecerá de prontidão pelo tempo que for necessário para garantir a segurança.
Jerônimo ainda defendeu a punição dos responsáveis pelas ações antidemocráticas. “Repudiamos essas ações criminosas e antidemocráticas em Brasília, nos solidarizamos com o STF, o Congresso Federal e a Presidência da República. Cuidaremos da Bahia com o rigor necessário e defendemos que essas pessoas que atuam contra o patrimônio público e contra a democracia sejam responsabilizadas de maneira firme e rápida”, afirmou o governador.
Boric, Petro e embaixador da UE criticam ação golpista no Brasil; veja repercussão
O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou a invasão em diferentes pontos da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na tarde deste domingo (8), por manifestantes golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O governo brasileiro tem todo o nosso apoio diante desse covarde e vil ataque à democracia”, disse Boric, por meio do Twitter.
Gustavo Petro, presidente da Colômbia, também se manifestou na rede social dizendo que uma reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos) seria urgente diante da situação. “Toda minha solidariedade a Lula e ao povo do Brasil. O fascismo decide atacar. A Direita não conseguiu manter o pacto de não-violência”, completou.
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, chamou os atos de “ações de natureza fascista” por meio de sua conta de Twitter. “Condenamos o ataque às instituições em Brasília, que se trata de uma ação condenável e um ataque direto à democracia”, afirmou também.
Ignacio Ybáñez, embaixador da União Europeia no Brasil, afirmou que estava “seguindo com grande preocupação os atos antidemocráticos e as ações violentas na Praça dos Três Poderes”. Já a Embaixada dos EUA emitiu um alerta a cidadãos americanos em Brasília para evitar a região invadida.
Os golpistas invadiram áreas do Congresso Nacional, do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal), espalharam atos de vandalismo e depredação e entraram em confronto com a PM.
Os atos guardam semelhanças com um evento ocorrido nos Estados Unidos que, coincidentemente, completou dois anos nesta semana. Ocorrida em 6 de janeiro de 2021, a invasão ao Capitólio foi insuflada por um discurso do então presidente Donald Trump em Washington, levando manifestantes a invadirem o prédio do Legislativo americano, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden na eleição de 2020 —o republicano e seus seguidores sustentam até hoje o discurso mentiroso de que o pleito foi fraudado.
O maior ataque recente à democracia americana foi classificado por muitos como uma tentativa de golpe de Estado e se tornou alvo de uma série de investigações, do Departamento de Justiça, do FBI e do próprio Congresso. O ataque resultou na morte de cinco pessoas, entre os quais um policial.
Desde então, a polícia federal americana prendeu mais de 950 pessoas —a investigação é considerada a maior da história do órgão—, tendo aberto processos contra 940, segundo o Programa sobre Extremismo, grupo da Universidade George Washington. Mais da metade dos réus, 482, confessou a culpa, e outros 44 foram assim considerados pela Justiça.
Já a ação promovida por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro neste domingo ocorre uma semana após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antecedida por atos antidemocráticos insuflados pela retórica golpista do ex-presidente no período eleitoral.
O presidente Lula não está em Brasília neste final de semana —viajou para São Paulo e visitava Araraquara, no interior paulista, para acompanhar vítimas das chuvas.
Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram endurecer visando punir manifestantes de esquerda.
Folhapress
Lula transforma prefeitura em gabinete de crise para avaliar atos golpistas
Em sua primeira viagem oficial após assumir o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) transformou a Prefeitura de Araraquara (SP) num gabinete de crise para avaliar os atos antidemocráticos que ocorrem neste domingo (8) em Brasília.
O presidente viajou à cidade do interior paulista para analisar os danos causados pelas intensas chuvas no município nas últimas semanas. Seis pessoas morreram.
Lula, no entanto, chegou ao local, na avenida 36, fez uma rápida visita com o prefeito Edinho Silva (PT), a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e uma comitiva com nomes como o ministro Luiz Marinho e deixou o evento sem falar com a imprensa.
Havia previsão de uma entrevista à imprensa no local, mas assessores informaram que, se o presidente fosse falar, seria na prefeitura, para onde se dirigiu.
Lula chegou ao local por volta das 15h30 e se reuniu imediatamente com sua equipe no gabinete de Edinho. Prefeitos de cidades da região também estão no local, que tem a segurança reforçada.
Policiais militares fortemente armados e agentes da PF (Polícia Federal) estão no local. Até mesmo secretários de confiança de Edinho chegaram a ser barrados momentaneamente pelas equipes que atuam no local.
Centenas de militantes e membros de movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) estão em frente a prefeitura e entoam músicas da campanha de Lula à Presidência da República e o hino nacional.
Seguranças relataram tensão dentro da prefeitura com o cenário em Brasília. Dizem que Lula está avaliando cada passo dos atos na capital federal para decidir como se pronunciar e o local em que esse pronunciamento se dará.
Na visita a Araraquara, o prefeito Edinho mostrou ao presidente os trabalhos feitos pela Defesa Civil e expôs a dimensão dos danos que as chuvas causaram na infraestrutura local. A administração estima necessitar de R$ 50 milhões para fazer as obras necessárias para reparar os estragos causados pelas chuvas, valor que os cofres municipais não têm como arcar, segundo o prefeito.
Edinho, um dos coordenadores da comunicação da campanha vitoriosa de Lula à Presidência, é um dos homens de confiança do petista. Ele já tinha recebido na última quinta-feira (5) os ministros Jader Filho (Cidades) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que também passaram por locais danificados pelas chuvas.
Ele foi sondado para ser assumir a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), cargo que já exerceu no segundo governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas rejeitou.
Edinho defendia que a pasta fosse fundida ao Ministério das Comunicações, o que justificaria sua saída da Prefeitura de Araraquara –reeleito em 2020, está em seu quarto mandato.
Mas o Ministério das Comunicações acabou reservado à União Brasil, em uma articulação para fortalecer a base governista no Congresso Nacional. A Secom ficou com o deputado federal Paulo Pimenta (RS).
Na avenida Padre Francisco Sales Colturato, conhecida como Avenida 36, uma cratera que surgiu devido às chuvas em 28 de dezembro –200 milímetros em 24 horas– “engoliu” um veículo e matou seis pessoas.
HOSTILIDADE
No local da cratera, onde Lula inicialmente falaria, militantes do partido e dezenas de integrantes de movimentos sociais de Araraquara e municípios da região se aglomeraram no local, isolado por agentes de segurança, e entoaram gritos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No lado oposto do evento, sem acesso ao ponto em que Lula estava, um pequeno grupo de bolsonaristas se manifestava contra o presidente com gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, devolvidos com “Ei, você aí, avisa o Bolsonaro que o sigilo vai cair”.
Araraquara foi uma das cidades paulistas em que Lula ficou à frente de Bolsonaro no segundo turno das eleições. Ele alcançou 50,5% dos votos válidos, ante 49,5% do ex-presidente.
No estado de São Paulo, porém, Bolsonaro atingiu 55,24%, enquanto o petista obteve 44,76%.
Marcelo Toledo / Folhapress
Manifestantes furam bloqueio e invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto; veja vídeo
Agentes de segurança usavam spray de pimenta e gás de efeito moral para conter militantes; participantes pedem intervenção militar
Centenas de manifestantes que protestavam contra os resultados das eleições de 2022 furaram os bloqueios da segurança e invadiram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste domingo, 8. As sedes dos Três Poderes – Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto – foram invadidas e depredadas pelos protestantes, que pedem a saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), questionam a segurança das urnas eletrônicas e do chamado “código fonte” do sistema eleitoral e clamam, até mesmo, por uma intervenção militar. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram os manifestantes escalando o prédio do Congresso Nacional, invadindo o Planalto e tomando conta o do Supremo Tribunal Federal (STF). Atos de vandalismo foram registrados no interior dos prédios, com gavetas sendo reviradas, papéis sendo picados e espalhados e vidros sendo quebrados. Toda a faixada do Congresso e da Suprema Corte foi destruída. Um manifestante chegou a retirar a porta do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e levar para fora do prédio. Outro registro mostra pessoas invadindo o plenário do Senado Federal e fazendo parte do local de “escorregador”.
A concentração de manifestantes em Brasília ganhou força nas primeiras horas deste domingo, quando cerca de cem ônibus com protestantes usando bandeiras do Brasil e roupas nas cores verde e amarelo chegaram à capital federal. Inicialmente, os atos nos acampamentos em frente a quartéis acontecia de maneira pacífica, mas a situação perdeu o controle quando os manifestantes desceram para a Esplanada, que estava cercada. Com o acirramento dos atos, as forças de segurança usaram spray de pimenta e gás de efeito moral para tentar impedir a invasão. O ministro Flávio Dino, que está na Esplanada, declarou que “essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer. O Governo do Distrito Federal afirma que haverá reforços. E as forças de que dispomos estão agindo. Estou na sede do Ministério da Justiça”. A Força Nacional, que no sábado, 7, recebeu autorização do ministro para atuar, esta reunindo forças em frente ao prédio do ministério da Justiça. No documento assinado por Dino, foi informado que a utilização dos agente de segurança seria realizado para “auxiliar na proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado entre a Rodoviária de Brasília e a Praça dos Três Poderes, assim como na proteção de outros bens da União situadas em Brasília, em caráter episódico e planejado”.
Cerca de 400 homens estão disponíveis neste fim de semana em Brasília. Nas redes sociais, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, repudiou os atos. “Na ação, estão empenhadas as forças de segurança do Distrito Federal, além da Polícia Legislativa do Congresso. Repudio veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência”, escreveu, acrescentando que “conversei há pouco, por telefone, com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem venho mantendo contato permanente. O governador me informou que está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação.”
Jovem Pan
Líder do governo Lula fala em 'terrorismo'
(ANSA) - Manifestantes bolsonaristas furaram os bloqueios da polícia do Distrito Federal e da Força Nacional e invadiram a sede do Congresso, em Brasília, neste domingo (8).
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quebrando vidros e tomando os corredores e até o plenário da Câmara dos Deputados e do Senado para pedir golpe militar e a remoção do presidente democraticamente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em entrevista à CNN, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), confirmou que houve invasão à sede da casa. Do lado de fora, bolsonaristas subiram a rampa do Congresso Nacional e ocuparam o teto do edifício.
Além disso, um grupo de bolsonaristas conseguiu chegar à área do Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, e outro está a caminho do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu perfil no Twitter, o líder do governo Lula no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (Rede), afirmou que o prédio "está sendo atacado por terroristas". "Os criminosos antidemocratas não podem andar livremente, não há o que tolerar com os intolerantes. Esperamos a dura aplicação da lei a todos os envolvidos nessas ações", disse.
A invasão ocorre apesar de o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), ter autorizado o uso da Força Nacional para conter atos antidemocráticos de bolsonaristas, que não aceitam a derrota do ex-presidente nas eleições do ano passado.
"Essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer. O Governo do Distrito Federal afirma que haverá reforços. E as forças de que dispomos estão agindo. Estou na sede do Ministério da Justiça", disse Dino.
Bolsonaro até hoje não parabenizou Lula pela vitória e viajou para os Estados Unidos antes da posse do petista, evitando desmobilizar seus apoiadores.
O atual presidente, por sua vez, não se encontra em Brasília neste domingo porque viajou a Araraquara, no interior de São Paulo, para verificar estragos feitos pelas fortes chuvas na região. (ANSA)
Vídeo relacionado: Bolsonaristas chegam a Brasília para novos atos (Dailymotion)
Flamengo, Fluminense e Botafogo se manifestam após morte de Roberto Dinamite
Ídolo do Vasco, Roberto Dinamite morreu neste domingo, aos 68 anos. Principal artilheiro do Vasco e maior goleador do Brasileirão, o ex-jogador lutava contra um câncer no intestino. Rivais do Cruzmaltino, Flamengo, Fluminense e Botafogo lamentaram a morte do craque.
Roberto Dinamite descobriu câncer no intestino no ano passado, e desde então, tratava a doença. Nas últimas semanas, o ex-jogador apareceu bastante debilitado nas redes sociais. O craque morreu nesta manhã no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca
E Mais
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Eliane Cantanhêde: ministro da Defesa inspeciona pessoalmente local ocupado por manifestantes
BRASÍLIA - Em carro descaracterizado, sem placa oficial e com película escura nos vidros, o ministro da Defesa, José Múcio, foi sentir pessoalmente o clima das aglomerações de opositores ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, neste domingo, 8, atrás do Quartel General do Exército de Brasília, onde ficam residências de oficiais. Não foi reconhecido, nem abordado pelos manifestantes.
Na segunda-feira, haverá uma reunião de ministros com representantes do Governo do DF para fazer um balanço dos atos do domingo, traçar um mapa das áreas ocupadas e avaliar as formas de agir para tirar esses opositores -- não mais chamados de bolsonaristas -- de áreas estratégicas da capital da República. E a pergunta chave continua sendo: quem financia esses movimentos?
Em conversas com o ministro da Justiça, Flávio Dino, que convocou a Força Nacional, e com o governador do DF, Ibaneis Rocha, responsável pela ação policial, Múcio está relatando que é “muita gente”, inclusive senhores e senhoras de mais idade, com travesseiros, roupas e mantimentos, dando sinais de que estão dispostos a ficar. Isso dificulta a estratégia de reação.
Múcio, Dino e Ibaneis, que se consideram “de prontidão”, estão acompanhando de perto, e com relatos detalhados dos setores de inteligência dos governos federal e do DF, o andamento dos protestos, que levaram a Brasília mais de cem ônibus neste fim de semana. O acesso às residências de oficiais, na área do QG do Exército, está fechado. Também há bloqueio a ônibus, caminhões e carros na Esplanada dos Ministérios, a partir da Rodoviária do Plano Piloto até a Praça dos Três Poderes, onde ficam o Palácio do Planalto, a sede do Executivo, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional.
Manifestantes estão liberados a passar, mas só a pé, sem portar qualquer tipo de arma branca ou de fogo ou qualquer objeto que possa servir para atos de violência. A ordem, tanto para a Força Nacional, com cerca de 150 integrantes, quanto para a polícia do DF, com um contingente muito maior, é não intervir enquanto os protestos forem pacíficos. A presença maciça de agentes e policiais serve para monitoramento, vigilância e dissuasão - ou seja, de alerta contra agressões a pessoas e ataques a prédios públicos.
As formas de reação têm sido intensamente discutidas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o Governo Ibaneis Rocha. Há setores defendendo mais rigor para expulsar os manifestantes de áreas militares, por exemplo, e outros pedindo calma e “dando tempo ao tempo”.
Apesar de visões diferentes sobre como agir, Flávio Dino e José Múcio agem e discutem de acordo com o combinado com o Lula e com as peculiaridades de suas áreas. Múcio tem sob sua responsabilidade o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, que foram muito contaminadas pela política no mandato de Jair Bolsonaro e ainda estão em fase de pacificação e acomodação. Ele não quer e não pode radicalizar. Essa, aliás, é a orientação de Lula para ele.
Os poucos manifestantes que chegaram a pé na Esplanada estão passando por revista da PM. O acesso à Praça dos Três Poderes está bloqueado.
Estadão
O Uganda reafecta tropas para a fronteira da RDC face ao avanço das milícias M23
O exército ugandês enviou um contingente de tropas para o município de Kanungu, na fronteira com a RDC, face ao avanço das milícias rebeldes do Movimento 23 de Março em direcção à cidade fronteiriça de Ishasha.
O Tenente Coronel Robert Nahamya anunciou o destacamento na quinta-feira para "proteger os ugandeses que fazem parte das comunidades fronteiriças dos efeitos secundários do conflito armado" no nordeste da RDC.
Aí, o exército congolês tem estado envolvido num novo episódio do conflito de longa data com o M23 desde Março do ano passado, enquanto o governo acusa o Uganda e o Ruanda de apoiarem a guerrilha a fim de fomentar a instabilidade no território congolês. Ambos os países negaram qualquer envolvimento.
Ishasa está a tornar-se um novo epicentro do conflito à medida que milhares de congoleses fogem do avanço da M23, que há dias envia sinais confusos sobre os seus objectivos, retirando-se de partes do nordeste ao mesmo tempo que assume o controlo de outras cidades.
Neste momento, de acordo com fontes do diário ugandês 'Monitor', eles estão a apenas 20 quilómetros desta localidade depois de terem tomado o controlo de várias aldeias e mercados locais nas últimas horas.
Perante esta situação, o Coronel Nahamya apela aos "líderes locais e residentes das comunidades fronteiriças para que estejam vigilantes na presença de pessoas suspeitas a atravessarem a linha divisória entre os dois países".
Fonte: (EUROPA PRESS)
MST emplaca nome na presidência na Conab e comemora após frustrações
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) comemorou o anúncio do deputado estadual Edegar Pretto (PT-RS) como novo presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Ele foi o nome indicado pelo MST para comandar a estatal, que era desejada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), mas permaneceu no Ministério do Desenvolvimento Agrário, de Paulo Teixeira (PT).
O pai de Edegar, o ex-deputado federal Adão Pretto (1945-2009), foi um dos fundadores do MST no Rio Grande do Sul, e o filho manteve-se próximo do movimento ao longo de sua trajetória política, ainda que não seja militante.
A escolha dele para o comando da companhia de alimentos colocou fim a frustrações que o MST com nomeações do início do governo Lula (PT).
Como mostrou o Painel, o movimento tentou emplacar nomes para o comando do Ministério de Desenvolvimento Agrário e da Secretaria-Geral da Presidência, mas não teve sucesso, ainda que as escolhas de Teixeira e Márcio Macêdo tenham sido vistas como positivas.
Nesta sexta-feira (6), Pretto disse que a empresa vai retomar os estoques públicos de alimentos para combater a fome e estabilizar os preços.
Guilherme Seto / Folhapress
Inmet quer participar de projeto para construção de elevador espacial
Uma ideia que, a princípio, parece absurda, a partir de 2045 poderá começar a se tornar realidade: a criação de um elevador espacial que, aproveitando a força centrífuga da rotação da Terra, manterá esticado um cabo de 100 mil quilômetros, de forma a viabilizar o primeiro elevador espacial da História. Se tudo der certo, entre os colaboradores deste fantástico empreendimento estará o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
O pedido para participação no empreendimento já foi apresentado pelo Inmet à agência espacial norte-americana (Nasa) e à empresa japonesa Obayashi. A China também desenvolve pesquisas visando o desenvolvimento de uma estrutura desse tipo. Os estudos atuais abrangem conceitos, construção, implantação e operação do elevador. Segundo o Inmet, um projeto dessa magnitude possibilitaria, ao Brasil, “um grande salto” econômico, social e tecnológico.
Vantagens
Entre as vantagens projetadas estão a redução do custo de envio de cargas úteis para o espaço; a possibilidade de transporte diário e em quantidade ilimitada de qualquer material ao espaço; a criação de novas estações espaciais; lançamento de estruturas frágeis, como satélites de energia solar para o fornecimento de energia limpa e renovável; pontos “insuperáveis” de observação da Terra para aplicações militares e de inteligência; e avanços nas áreas de telecomunicações, meteorologia e meio ambiente.
No caso específico da área de atuação do Inmet, além de possibilitar o envio de novos satélites meteorológicos ao espaço (ampliando a capacidade de monitoramento da atmosfera), o elevador espacial auxiliará na cobertura de áreas remotas sobre oceanos e continentes, e favorecerá “de maneira significativa”, o desenvolvimento da agricultura brasileira.
“Em resumo, o elevador será uma estrutura de transporte permanente alternativo para o espaço com pegada de carbono zero, podendo movimentar milhões de toneladas de carga com abordagem ambiental neutra, além de permitir missões ambientais significativas que vão melhorar o meio ambiente da Terra”, informou o Inmet.
Cabo
Para facilitar a compreensão dessa estrutura, basta entender que o elevador espacial é uma espécie de teleférico vertical ligado a um cabo sob tensão. Com a rotação da Terra, ele se manteria esticado em um procedimento similar ao que se tem ao amarrar uma pedra em uma linha e girá-la.
“Os estudos mais avançados sobre o tema defendem a instalação de uma estação base na superfície terrestre, onde o cabo ficaria preso e se estenderia até 100 mil quilômetros (km) de altitude. Com isso, uma das pontas permaneceria fixa à base, enquanto a outra continuaria flutuando no espaço presa a um contrapeso, o que manteria o cabo sempre esticado ao seguir o movimento de rotação do planeta. Isso porque as forças concorrentes da gravidade na extremidade inferior e a aceleração centrífuga na extremidade mais distante mantêm o cabo sob tensão e estacionário em uma única posição na Terra”, explicou, em nota, o Inmet.
Segundo o instituto, a estação base, chamada de âncora, ficará provavelmente instalada em alto mar, no Atlântico Sul, próximo à linha do Equador, onde não há registros de tempestades e raios.
Estações
De acordo com os pesquisadores, os elevadores poderão, ao longo do percurso de 100 mil km, fazer “paradas estratégicas nas órbitas da Terra, onde, inclusive, deverão ser instaladas estações espaciais com inúmeras finalidades”.
Foguetes e naves espaciais poderão ser lançados aproveitando essa estrutura. Para suportar tamanho peso, o material a ser utilizado será “altamente resistente e de baixíssima densidade”.
Um dos materiais indicados é o monocristal de grafeno (composto por seis carbonos ligados infinitamente), também chamado de “folha de grafeno”, que é cerca de 100 vezes mais forte do que o aço, sendo capaz de suportar temperaturas extremas, ventos fortes, radiação e meteoritos.
De acordo com os estudos iniciais, o cabo poderá ser escalado por “meios mecânicos (ascensores por tração) para a órbita da Terra usando um sistema de feixe de energia a laser que atingirá os painéis fotovoltaicos dos ascensores e energizará um motor elétrico”. A instalação do elevador poderá ser feita em várias etapas e com a ajuda de grandes foguetes convencionais e estruturas de espaçonaves.
“Na etapa inicial, o transporte de todo o cabo de 100 mil km seria feito até a órbita terrestre baixa, onde os satélites estão abaixo de 2 mil km. Neste ponto, a espaçonave seria montada e, em seguida, subiria com o cabo até a órbita geossíncrona (35.800 km de altitude ou cerca de um quarto da distância até a Lua). De lá, iniciaria o desdobramento de ambas extremidades do cabo até a inferior atingir a superfície da Terra e a superior atingir a altura de 100 mil km. O contrapeso na ponta superior seria um conjunto formado pela espaçonave e ascensores, que, posteriormente, reforçariam o cabo”, detalhou o Inmet.
Davi Lemos
Acidente com ônibus no Senegal deixa ao menos 40 mortos e 85 feridos
Ao menos 40 morreram e 85 ficaram feridas em uma colisão entre dois ônibus no centro do Senegal, informaram os bombeiros neste domingo (8). O acidente ocorreu ainda na madrugada, às 3h15 do horário local (0h15 em Brasília), perto da cidade de Kaffrine, a 250 quilômetros da capital, Dacar.
O coronel Cheikh Fall, encarregado das operações de resgate, classificou a situação de grave, citando as 125 pessoas envolvidas. Ele citou o número de 38 mortos, mas horas depois o presidente Macky Sall, em um tuíte comentando o caso, confirmou a cifra de 40.
“Mando minhas condolências às famílias das vítimas e desejo aos feridos uma recuperação rápida”, escreveu o político, dizendo-se profundamente entristecido. O país decretou luto oficial de três dias.
Ainda não há confirmação da identidade dos mortos, e as circunstâncias da batida estão sob investigação. Um comunicado das forças de segurança locais afirma que um pneu de um dos ônibus estourou, fazendo com que o motorista perdesse o controle e o veículo fosse lançado de frente na direção do outro, que vinha na direção oposta.
Imagens publicadas nas redes sociais mostram um dos ônibus com a dianteira praticamente dentro da lateral do outro. Assentos e bagagens ficaram espalhados pela via. Os feridos foram levados para o hospital de Kaffrine e, durante a madrugada, os bombeiros conseguiram remover as carcaças dos veículos de forma a liberar o tráfego, segundo Fall.
O governador e outras autoridades locais foram ao local da colisão.
Acidentes de trânsito são relativamente frequentes no Senegal, em grande parte devido ao estado ruim de conservação das estradas, a maioria delas de pista simples, e à idade dos veículos de grande porte, que muitas vezes circulam superlotados ante a irresponsabilidade de motoristas.
O caso deste domingo, porém, foi um dos piores no país em anos. Em 2017, no episódio de grande porte mais recente, dois ônibus também se chocaram, matando ao menos 25 pessoas —várias delas a caminho de um festival religioso.
Macy Sall convocou uma reunião interministerial de emergência para esta segunda-feira (9) para debater a segurança de tráfego no país.
CHINA INVESTIGA ATROPELAMENTOS EM FUNERAL
Este domingo também registrou um acidente grande na China, onde, na província de Jiangxi, no leste do país, pelo menos 19 pessoas morreram e 20 ficaram feridas, segundo balanço da estatal CCTV.
O episódio aconteceu pouco antes da 1h no horário local (14h de sábado em Brasília), no condado de Nanchang. O jornal local Jimu informou que um veículo atropelou uma procissão fúnebre, na qual os enlutados faziam uma homenagem à beira da estrada antes de irem para o crematório.
Segundo a publicação, a maioria dos mortos e feridos participava da cerimônia quando o veículo os atingiu por trás e só parou ao se chocar com o carro fúnebre. Uma hora após o incidente ter sido relatado, a polícia de trânsito de Nanchang emitiu um alerta de neblina e baixa visibilidade na região.
Folhapress
Decisão de Lula de fatiar Economia abre caminho para lentidão e divergências
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de fatiar o Ministério da Economia em quatro pastas ajudou o novo governo a acomodar a coalizão vencedora nas eleições, mas deve gerar divergências nas discussões de políticas e maior lentidão no funcionamento da máquina pública.
Áreas que precisam se comunicar para tocar as finanças do país voltarão a ficar separadas e sob comandos distintos. O Tesouro Nacional, por exemplo, está no Ministério da Fazenda, de Fernando Haddad (PT). Já a SOF (Secretaria de Orçamento Federal), área relacionada, responde ao Planejamento e Orçamento, de Simone Tebet (MDB) —que concorreu à Presidência e, no segundo turno, apoiou Lula nas urnas.
O Tesouro é responsável pela gestão da dívida pública e do caixa da União, cuidando do fluxo de pagamentos dos compromissos do governo federal, bem como do cumprimento das regras fiscais. A SOF, por sua vez, cuida da formulação do Orçamento e da gestão dos créditos, administrando demandas das pastas e apontando quanto cada uma pode gastar.
Além de mudanças de ordem prática, a cisão da Economia pode ajudar a gerar embates entre Fazenda e Planejamento, ou entre Fazenda e a pasta voltada à indústria, relembrando episódios que perpassam a história econômica do Brasil. Discordâncias sobre tamanho das despesas, políticas de abertura comercial, entre outras, foram frequentes nos anos em que essas pastas ficaram sob diferentes comandos.
Apesar das possíveis divergências, a divisão foi exaltada pelo ministro da Fazenda em seu discurso de posse na última segunda (2). Segundo ele, agora há uma rede de postos para pensar a agenda econômica, não mais um único “posto Ipiranga” —como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se referia ao ex-ministro Paulo Guedes, em alusão à campanha publicitária da marca que pregava ter todos os itens buscados por clientes.
Em 2018, Guedes colocou como condição para embarcar na campanha de Bolsonaro a fusão das diversas pastas econômicas sob seu comando, o que acabou lhe conferindo o apelido de “superministro”.
A junção dos órgãos patinou no começo, com as dificuldades de gerir o transatlântico que havia se tornado a área econômica do governo. Relatos de diferentes integrantes da antiga Economia, porém, são de que houve ganho gradual de agilidade nos trabalhos, sobretudo pela maior facilidade nas discussões.
No superministério de Guedes, antigos ministérios viraram secretarias especiais, todas seguindo a mesma diretriz a política econômica —a agenda liberal que almejava reduzir o tamanho do Estado e abrir a economia para o resto do mundo. Eventuais discordâncias entre esses órgãos eram resolvidas pelo próprio ministro.
Lula, por sua vez, costuma dizer a aliados que gosta de divergências —uma forma de demonstrar que prefere ouvir diversas opiniões antes de ele próprio tomar a decisão final.
Sob o petista, o Ministério da Economia foi dividido em Fazenda, comandada por Haddad; Planejamento e Orçamento, sob Tebet; Gestão e Inovação em Serviços Públicos, com Esther Dweck; e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (tradicionalmente chamado de Mdic), sob a gestão do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
O Ministério do Trabalho e Previdência também foi fatiado, originando duas novas pastas, mas a estrutura já não estava sob o guarda-chuva da Economia desde julho de 2021.
No núcleo duro da área econômica, Haddad e Dweck são quadros mais alinhados ao PT. Já Tebet e Alckmin têm como conselheiros economistas identificados com uma linha mais liberal.
Na tentativa de evitar especulações sobre possíveis embates, o discurso nos bastidores tem sido o de que Tebet e Haddad trabalharão alinhados para formular uma nova proposta de regra fiscal para o país, bem como para amplificar o trabalho de avaliação de políticas públicas, com possibilidade de revisão e aprimoramento dos programas.
Ao ter seu nome anunciado, no fim de dezembro, Tebet inclusive chamou Haddad para a fotografia com Lula, num gesto que indicou a tentativa de mostrar sintonia entre as duas pastas.
No entanto, a potencial discordância entre os dois foi citada pela própria ministra em seu discurso de posse, na quinta-feira (5). Ela disse ter ficado surpresa pelo convite porque atuaria em uma área em que tem “alguma divergência” com os demais titulares. “Um presidente democrata não quer apenas os iguais, quer os diferentes para se somar”, acrescentou.
A economista Elena Landau, que integrou a equipe de Tebet durante a campanha, afirmou que o trabalho da ministra envolverá parceria. “O trabalho conjunto ficou claro”, afirmou.
Outro ponto de atenção será a recriação do Mdic sob a chefia de Alckmin. A pasta costuma ser mais sensível aos anseios do empresariado, que buscam incentivos à produção e resistem a uma maior abertura comercial. Parte dessa visão tende a se opor aos objetivos da Fazenda, sobretudo em medidas que afetam as contas públicas.
Além das diferenças políticas, o fatiamento dos ministérios pode gerar redundâncias ou problemas de ordem prática. Dos quatro ministérios, três devem contar com uma secretaria voltada à área internacional.
Na Fazenda, o foco na área internacional deve ser a discussão de acordos como Mercosul-União Europeia e da adesão à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). No Planejamento, segundo membros do governo, a função será mais de relacionamento com organismos multilaterais. No Mdic, o eixo deve se voltar às discussões ligadas ao comércio exterior, e eventuais medidas contra práticas de abuso econômico na relação com outros países.
As pastas também precisaram recriar órgãos de assessoramento jurídico. Por esses motivos, a divisão das pastas inclusive dificultou a resolução do quebra-cabeça de cargos e funções a serem distribuídos na Esplanada dos Ministérios.
Em termos de eficiência, um estudo feito pelo Tesouro Nacional, em parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Instituto Publix, analisou a arquitetura organizacional do Orçamento e do Tesouro de outros países para comparar os arranjos adotados. A conclusão foi a de que, entre dez países analisados, seis adotavam o modelo centralizado —com Tesouro e Orçamento sob um mesmo órgão ou ministério.
Na OCDE, 29 de 35 países têm as duas estruturas sob uma mesma pasta. Segundo o estudo, esse modelo tem vantagens como a integração entre as áreas e a existência de uma liderança unificada, capaz de alinhar a política a ser implementada e mediar eventuais divergências. Na prática, diz o texto, o chamado “ciclo da despesa” fica todo num mesmo órgão, facilitando decisões e processos.
Na experiência brasileira, em que Tesouro e Orçamento ficaram centralizados entre 2019 e 2022, os relatos são de que até mesmo a proximidade física ajudou na integração das equipes. Antes, os prédios ficavam a dez quilômetros de distância.
Já o modelo descentralizado proporciona maior independência de atuação e possibilidade de “pesos e contrapesos” nas decisões. Técnicos que trabalharam no estudo afirmam que “não há certo ou errado”, embora reconheçam que o ganho de eficiência nos processos durante o período de integração entre Tesouro e SOF foi significativo.
O risco de perda de eficiência é justamente uma das críticas de Paulo Uebel, ex-secretário especial de Gestão do antigo Ministério da Economia. Ele elenca também a maior burocracia e o inchaço da máquina na lista de problemas. “Os processos são mais demorados, mais lentos, tem que mudar de ministério, manda para um, manda para outro.”
“Por causa disso, tem uma tendência natural a aumento de estrutura, com cada um querendo mais orçamento, mais cargos e mais concursos”, afirma. Para ele e outros ex-integrantes da cúpula da equipe, dificilmente o novo governo conseguirá operar sem ampliar seus custos.
Uebel pondera que, apesar dos problemas listados, a presença de mais ministros pode dividir o volume de trabalho e unir forças em prol dos objetivos do governo.
Carlos da Costa, ex-secretário especial de Guedes e atual chefe do escritório do Ministério da Economia em Washington, corrobora a visão afirmando que os trabalhos unificados eram rápidos sobretudo na etapa de formulação de políticas da pasta, mas que a agilidade se perdia quando se buscava um alinhamento com outras áreas do governo.
“O desenho dos programas era muito ágil. Foi assim que a gente conseguiu ser rápido em políticas como lei da liberdade econômica, marco das startups, reforma da Previdência e na pandemia, quando fizemos 600 medidas em quatro meses. Agora, quando envolvia outros ministérios nesse momento de alinhamento posterior, às vezes demorava mais”, diz.
Costa diz que havia divergências entre sua secretaria especial, que tinha estrutura análoga à do Mdic, e a Receita Federal —mas que os temas eram debatidos até um consenso e que o mesmo deve ocorrer no novo governo.
“A Fazenda é sempre aquela que explicita a restrição orçamentária. É um conflito saudável que acontece em todos os países do mundo”, diz. “Eles [Receita] sempre querem fazer com que não haja exceções, enquanto a gente, que tem contato mais com o setor produtivo, explicava que tinha que ter exceções, como na indústria química e em semicondutores, por isso e aquilo. A gente discutia em harmonia e aprovava muito, e acho que é o que vai acontecer agora”, afirma.
No modelo pré-Guedes, Fazenda e Mdic entraram em embate, por exemplo, na criação do Rota 2030, programa de subsídios ao setor automotivo criado no governo de Michel Temer. O então ministro Henrique Meirelles (Fazenda) discordava do formato exigido pelo então ministro Marcos Pereira (Indústria) e a Casa Civil precisou intervir para resolver o impasse.
Carla Beni, mestre em história econômica e professora de economia na FGV (Fundação Getulio Vargas), lembra que os ministérios da área já foram palco de outros desentendimentos históricos, entre Mário Henrique Simonsen (Fazenda) e Delfim Netto (Planejamento), ou Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).
Apesar disso, ela diz que o maior número de pastas pode trazer vantagens. “Fica melhor para o público, porque de fora você pode acompanhar melhor os resultados”, diz.
Para ela, o fato de três dos quatro ministérios do núcleo duro da equipe econômica (Haddad, Tebet e Alckmin) serem potenciais presidenciáveis pode gerar conflitos e vontade de um querer “abafar” o outro, mas também pode fazê-los querer mostrar resultados para a sociedade. “Quanto mais eficiente cada um for na sua pasta, melhor para cada um em 2026.”
Idiana Tomazelli e Fábio Pupo / Folhapress
Em primeira visita ao interior, Jerônimo participa das comemorações pelos 200 anos de Independência da Bahia em Itaparica
O governador Jerônimo Rodrigues participou, neste sábado (7), dos festejos pelos 200 anos de Independência da Bahia em Itaparica, sua primeira agenda oficial de visita ao interior do estado e primeiro compromisso público como governador. Manifestações culturais, shows e celebrações religiosas fazem parte da programação que começou na sexta-feira (6) e segue até a segunda-feira (9).
Jerônimo acompanhou a saída da Puxada do Caboclo na Fonte da Bica junto aos populares e representantes dos povos indígenas Guarani, percorrendo as ruas de Itaparica. Em seguida, o governador participou da solenidade do Te Deum (celebração em ação de graças), na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento, e em seguida conduziu a imagem do caboclo ao Panteão.
“A história da Independência do Brasil em Itaparica nunca foi mostrada para nós. Vamos propor que nos livros de história, o papel dessas pessoas seja valorizado”, declarou Jerônimo, que estava acompanhado do vice-governador Geraldo Júnior e dos secretários do Turismo e da Cultura, Maurício Bacellar e Bruno Monteiro, respectivamente.
Localizado na Ilha de Itaparica, o município homônimo, além de possuir praias reconhecidas pela beleza, é também um sítio histórico e local onde ocorreu umas das principais batalhas pela Independência do Brasil. No mar da Baía de Todos os Santos, destacou-se a batalha de Itaparica, em 7 de janeiro de 1823, em que também foram derrotados navios portugueses. Dentre os personagens a marisqueira, pescadora e escravizada liberta Maria Felipa é uma das heroínas.
Brasília amanhece sob tensão entre bolsonaristas e Força Nacional
A cidade de Brasília amanheceu neste domingo (8.jan.2023) sob tensão a respeito de qual o rumo que as manifestações de bolsonaristas radiciais irá tomar. No sábado (7.jan), cerca de 80 ônibus com manifestantes contrários ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Justiça, Flávio Dino, autorizou o uso da Força Nacional na Esplanada dos Ministérios.
O maior objetivo dos manifestantes é ficar em frente ao Congresso cantando palavras de ordem contra o governo Lula, contra o STF, pedindo intervenção militar para uma troca da administração federal.
Em Brasília há um acampamento que já dura mais de 2 meses em frente ao QG do Exército. Ali, faixas pedindo intervenção federal e palavras de ordem contra Lula são constantes. O Poder360 registrou no sábado (7.jan) dezenas de pessoas desembarcando de ônibus interestaduais perfilados no Eixo Monumental, perto de um dos acessos ao QG, com barracas e grande quantidade de mantimentos.
Em um dos acessos, aos gritos de “agora é tudo ou nada”, integrantes do movimento incentivavam a entrada de carros particulares para engrossar o acampamento montado no local.
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