Líder mercenário recua e diz que ordenou fim do motim na Rússia

Em uma mensagem colocada em seu canal no Telegram, o líder mercenário Ievguêni Prigojin disse ter ordenado que suas forças voltem para suas bases, a fim de evitar “derramamento de sangue”.

Isso ocorre após um relato do ditador belarusso, Aleksandr Lukachenko, de que estava negociando um cessar-fogo com o rebelde com o apoio de Vladimir Putin.

E antecede a chegada das tropas de Ramzan Kadirov, o ditador da Tchetchênia, a Rostov-do-Don, cidade no sul do país que o grupo mercenário Wagner havia tomado controle na noite da sexta (23) para o sábado (24).

Igor Gielow / Folhapress

Guardiões da Infância orientam crianças contra violência sexual no São João do Pelô

O trabalho de conscientização dos ‘Guardiões da Infância’, equipe composta por policiais da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), chegou ao São João da Bahia de 2023, reforçando o combate à violência e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Policiais repassam as informações para os pequenos na noite desta sexta-feira (23), no ‘São João do Pelô’, no bairro do Pelourinho, em Salvador.

Para a titular da Dercca, delegada Simone Moutinho, o trabalho de informar e sensibilizar as pessoas sobre questões de violência contra os menores é de grande importância, principalmente nas festas populares onde há grande concentração de pessoas.
“Aqui nós estamos atentos ao trabalho infantil, a comercialização de bebidas alcoólicas para os menores, a exploração sexual e preparados para levar à Justiça todas as pessoas que cometerem esses tipos de crimes”, disse.
A delegada ainda informou que os pequenos amiguinhos da PC ganharão um cadastro através da carteirinha de ‘Policialzinho Civil’, responsável por coletar dados dos responsáveis e garantir a segurança das crianças.
“Qualquer ocorrência que precisar ser registrada na região do Centro Histórico nós estamos redirecionando para a Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur), localizada no Largo do Cruzeiro de São Francisco”, disse.

Fonte: Ascom | Rafael Rodrigues

São João na Bahia segue sem registro de crimes contra vida, sete acabam presos em todo o estado

O São João da Bahia segue sem registro de Crimes Graves Contra a Vida, nas áreas da festa da capital - Parque de Exposições, Pelourinho e Subúrbio Ferroviário - e nos municípios do interior do estado. Na noite desta sexta-feira (23), sete pessoas foram presas em flagrante em Vitória da Conquista, Jequié, Coração de Maria, Itagibá, Iaçu e Macajuba.

As capturas ocorreram por violência contra a mulher, tráfico de drogas, porte ilegal de arma, embriaguez ao volante, lesão corporal e desacato e furto.
Também ocorreram três capturas por roubo e tráfico de entorpecentes, após flagra das câmeras inteligentes do Sistema de Reconhecimento Facial, sendo duas em Salvador e uma Jequié.
Também foram lavrados 25 Termos Circunstanciados de Ocorrência, três deles no Parque de Exposições de Salvador pelas práticas de uso de drogas , desacato, ameaça e lesão corporal, e 22 na Região Metropolitana e no interior por uso e posse de drogas, desacato, lesão corporal, provocação de tumulto, ameaça e uso ou posse de drogas.

As forças policiais também apreenderam uma arma de fogo e um simulacro. Em todos os eventos, 71 casos de furto foram registrados nas unidades de polícia judiciária.

Fonte: Ascom ¹ Márcia Santana

São João nos Bairros prossegue com animação e resgatando a tradição

A noite da fogueira foi mesmo de arrebentar a boca do balão. Ipiaú manteve a tradição e fez valer a fama da sua gente festeira. Como a plateia sempre pede bis, a festa volta a acontecer hoje, 24, na Avenida São Salvador e prossegue amanhã, domingo,25, no Bairro Constança onde a animação fica por conta do cantor Gil Adrian e banda. Vai ter pau de sebo, comidas típicas e outras manifestações juninas. Na Avenida a atração é Dominguinhos Froes e sua turma.
O São João nos Bairros, promovido pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria da Cultura, Esporte e Turismo e Lazer, vem atendendo as expectativas da população. Ontem, 23, no Bairro Nossa Senhora Aparecida, o “Arraiá de Carmelho” superou as expectativas da comunidade local. Atendendo todos os gostos o repertório eclético Xoxo Gota Serena não deixou ninguém ficar parado.
Na Avenida São Salvador teve quadrilha junina e muito folguedo. Animando a galera estavam a dupla André e Eduardo e o sanfoneiro Andinho Brito. Na Fazenda do Povo a quadrilha junina “Arrasta Pé”, a cantora Larissa Souza e a banda Forró Bodó, abrilhantaram o espetáculo. Gente de várias regiões da zona rural marcaram presença no evento. Autoridades políticas e comunitárias prestigiaram os diversos points do São João nos Bairros.
LARYSSA DIAS E CAIO BRAGA
Representando a prefeita Maria das Graças, a secretária municipal de Saúde, Laryssa Dias, transitou pelos circuitos festivos e recebeu os cumprimentos de populares. Na oportunidade ela esteve acompanhada do secretário da Cultura, Caio Braga, que também foi elogiado pelo trabalho que vem desenvolvendo no setor
Texto de José Américo Castro e fotos de Michel Querino e Janaina Castro/ Decom Prefeitura de Ipiaú.

Oposição vê chance de ouro para 2026 com Bolsonaro inelegível e mira antipetismo

A possível inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cria uma chance de ouro para a reorganização da oposição para a eleição de 2026, embora ainda não esteja claro quem vai liderar o segmento no embate com o grupo do presidente Lula (PT), dizem envolvidos nas articulações.

Bolsonaro começou a ser julgado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na última quinta-feira (22) e pode ficar impedido de concorrer por oito anos se a corte condená-lo por abuso de poder político no caso da reunião com embaixadores em que enfileirou mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro.

O julgamento será retomado nesta terça-feira (27), com os votos dos ministros do TSE.

As conversas de bastidores entre dirigentes de partidos, políticos e estrategistas convergem para uma aglutinação de setores da direita que não abrirá mão do apoio de Bolsonaro, mas buscará chegar ao poder com uma posição mais moderada e pragmática, explorando o antipetismo.

Três governadores —Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Eduardo Leite (PSDB-RS)— são citados como nomes fortes, mas nenhum desponta como substituto automático de Bolsonaro, por diferentes razões. O papel que o ex-mandatário assumirá também é uma incógnita.

A bolsa de apostas inclui ainda o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).

Para porta-vozes dos campos conservador e liberal, a ausência dele no próximo pleito pode abrir condições para uma chapa que vá para a briga sem a sombra de Bolsonaro e suas posições radicalizadas.

O sucesso dependeria, contudo, de estruturar uma agenda mínima de propostas, que demarque diferenças com a esquerda na esfera econômica e deixe em segundo plano a agenda de costumes. A ideia é promover uma espécie de antipetismo qualificado, para evitar o risco de esvaziar o discurso.

As fontes ouvidas pela reportagem ponderam que a construção de um novo líder dependerá ainda de quais partidos e políticos sairão fortalecidos das eleições municipais de 2024 e da situação econômica do país sob Lula daqui a três anos. A avaliação comum é que será preciso unir esforços.

Tarcísio e Zema são citados no contexto de personagens que dialogam com o bolsonarismo e ao mesmo tempo têm uma atuação mais técnica e menos atrelada a confrontos.

Eles poderiam capitanear a direita que ascendeu com Bolsonaro, mas enfatizando o liberalismo econômico e acenando à parcela conservadora da população por meio de valores compartilhados, como família e religião.

Nesse sentido, a aposta é a de que nomes alternativos a Bolsonaro podem alcançar mais eleitores, como os de centro-direita —a exemplo do que ocorreu com Tarcísio, que conquistou o voto tucano. A tendência é a de que presidenciáveis sejam testados até 2026 para que a direita se agrupe em torno do mais viável.

De qualquer forma, aliados do ex-presidente não subestimam sua capacidade eleitoral mesmo se estiver impedido legalmente de concorrer. Dizer que ele será mais útil como cabo eleitoral do que como candidato se tornou quase um clichê.

Entre interlocutores de Bolsonaro, Tarcísio, que foi seu ministro e se mantém como aliado, é visto como sucessor natural —mas a estratégia do ex-presidente será a de evitar apontar um nome alternativo para se manter na cena política enquanto aposta em recursos judiciais, como mostrou a Folha.

O governador de São Paulo dá demonstrações de que deve tentar a reeleição em 2026 em vez de mirar o Planalto. Aliados de ambos consideram, porém, que Tarcísio não terá espaço para recusar a candidatura se ela for um pedido do ex-presidente.

Um ex-ministro de Bolsonaro, falando sob condição de anonimato, descreveu Tarcísio como o preferido da classe política que caminhou com o bolsonarismo, por ser mais conciliador e menos afeito a confrontos.

Deputados bolsonaristas afirmam que Zema é um nome expressivo, mas com menor capilaridade, e que daria um bom vice. Um ex-candidato à Presidência empenhado nas tratativas diz que qualquer um dos governadores que quiser se cacifar para a corrida ao Planalto precisa explorar pautas nacionais.

Ratinho, Leite e Tereza Cristina são vistos como mais fracos politicamente. A candidatura de Michelle, por sua vez, é praticamente descartada —não seria um consenso na família Bolsonaro. A hipótese mais provável é que ela concorra a uma vaga no Senado.

No caso da ex-ministra da Agricultura, seu nome não é considerado hoje nem pelo presidente de seu partido, o PP. Ciro Nogueira (PI) disse em recente entrevista à Folha que “política tem fila” e que, em sua opinião, Tarcísio é o primeiro e Zema, o segundo, “por causa do tamanho dos seus estados”.

O próprio ex-presidente apontou em março, ao ser questionado sobre alternativas para 2026, um vácuo de lideranças nacionais no país. “Tem um bom governador em Minas, tem um bom em São Paulo, tem alguns bons pelo Brasil também, alguns bons senadores, mas [eles] não têm a vivência nacional.”

Na última terça-feira (21), em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro evitou apontar um sucessor. “Eu não considero essa possibilidade [de ficar inelegível], simplesmente isso.” Ele se proclamou representante da centro-direita no Brasil e disse que “tem boas lideranças surgindo”, mas nenhuma madura para 2026.

Tarcísio e Zema repetem o discurso de que sua prioridade é o governo do estado, até porque a viabilidade de uma eventual candidatura presidencial depende de uma vitrine de medidas e de aprovação.

Entre integrantes do partido Novo, legenda hoje mais aberta a alianças com outras siglas, o entendimento é o de que não há chance para um nome da oposição se não houver unidade. O entorno do mineiro diz que ele trabalhará pela formação de consensos amplos.

Para seus aliados, a ausência de Bolsonaro no pleito nacional abre espaço para conversas entre presidenciáveis e partidos da direita e do centro.

O esforço seria o de agregar ao centro, nanico eleitoral em 2022 com o malogro da terceira via, os votos da direita bolsonarista, criando uma onda favorável para a oposição.

No caso de Leite, que hoje também preside o PSDB e busca recolocar a legenda como ator relevante da oposição, a resposta sobre concorrer ao Planalto em 2026 vai na linha de que a candidatura é uma aspiração, mas não um projeto pessoal, e que a prioridade é construir uma força de centro.

“Se o meu nome ajudar a aglutinar, perfeito. Mas, se não for, não tem problema, vamos ajudar outra pessoa que possa capitanear esse projeto”, disse à Folha em fevereiro. Em abril, num evento em Porto Alegre, ele afirmou que não contribuirá para divisão. “Quero estar junto com Zema, quero estar junto com Tarcísio.”

Apesar das declarações, aliados tucanos afirmam que Leite dificilmente integraria um projeto presidencial conjunto que tivesse o apoio explícito de Bolsonaro e congregasse a direita radical. O governador tem pregado a necessidade de um projeto que ofereça uma alternativa à polarização entre Bolsonaro e Lula.

Observadores admitem, contudo, que o papel dos governadores que miram a corrida presidencial é ingrato, já que precisam amenizar as críticas por dependerem de trânsito com o governo federal.

Joelmir Tavares e Carolina Linhares / Folhapress

Em Amargosa, governador destaca apoio do Estado para fortalecer a cultura e economia baiana

Os festejos juninos de mais de 280 cidades baianas ganharam um importante reforço: o Governo do Estado está investindo mais de R$ 100 milhões no São João da Bahia 2023. Uma das beneficiadas é Amargosa, no Recôncavo, que recebeu a visita do governador Jerônimo Rodrigues nesta sexta-feira (23). Ele estava acompanhado da primeira-dama, Tatiana Velloso. Mais cedo, ele participou dos festejos nas cidades de Cruz das Almas e Santo Amaro. Amargosa é conhecida por ser uma das principais rotas do São João na Bahia.

Para Jerônimo, este apoio é fundamental para fortalecer a economia, com a geração de emprego e renda, além do turismo nestes locais. Milhares de empregos são gerados nesses dias de festa. “A expectativa é de 1,5 milhão de pessoas esse ano aqui no estado por conta do São João. As locadoras não têm mais carros para alugar e tivemos um aumento de cerca de 65% de pessoas chegando também pelo sistema aéreo. Fizemos investimentos em segurança pública, cultura e saúde, para preservar e valorizar a nossa cultura, mas também para aquecer a nossa economia”, salientou o governador.

As comemorações na cidade estão divididas entre os palcos Gonzagão e Manoelito Sena, onde ocorrem as apresentações musicais, como Dorgival Dantas, Orquestra Sanfônica e Pablo. Na Vila Junina, instalada na Praça do Bosque, Jerônimo conferiu a feira de artesanato, alimentos e produtos da agricultura familiar. As ruas da cidade estão bem decoradas para marcar a homenagem a São João e São Pedro.

O prefeito Júlio Pinheiro comentou que além economia, este apoio do Estado reforça a cultura e tradição das cidades. “O São João de Amargosa é um fenômeno. Movimenta a região e o comércio local, gerando emprego para a nossa agricultura, valorizando a mão de obra daqui, além de trazer todos esses turistas”, afirmou o prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro.

Secom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da Bahia
www.comunicacao.ba.gov.br

Juízes desistem de julgar empresário suspeito de violência e grilagem na BA

Mais de uma dezena de magistrados se declarou suspeita no último um ano e meio e declinou de julgar processos relacionados a um empresário do agronegócio envolvido em diversas disputas de terras na divisa da Bahia com Goiás.

Nestor Hermes, 65, tem sido alvo de processos há mais de duas décadas nos quais o acusam de atuar com funcionários armados com o objetivo de grilar terras na região.

Os relatos nas ações são de fazendeiros e outros empresários rurais e vão de ameaças de morte a invasão e incêndio de propriedades. Os processos também questionam a validade dos documentos que ele e suas empresas usam para justificar a obtenção dos terrenos.

Pelo Ibama, Hermes e sua empresa já foram autuados em mais de R$ 1 milhão por desmatamento e extração de areia ilegal. Ele também apareceu, em 2012, na “lista suja” de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão —o empresário firmou um acordo com o Ministério Público do Trabalho em 2013 e pagou indenização para limpar o nome.

A região baiana na qual se passa a disputa fundiária tem um histórico de conflitos rurais e foi palco da maior operação policial sobre venda de decisões judiciais do Brasil, a Faroeste.

Procurada, a defesa de Nestor Hermes afirma que ele não é condenado em processos criminais, que não usa violência e que não há provas desses relatos. Mostrou certidão de que ele não é investigado criminalmente na delegacia de Cocos (BA), onde está parte dos processos.

Também aponta que não é incomum que juízes se declarem suspeitos e abdiquem de julgar os processos do oeste baiano, uma área que é conflituosa e que foi o cenário da Faroeste. Em um processo que tramita no TJ-BA com outras partes, houve nove declarações de suspeição. Em outro, sete. Em um terceiro, cinco.

Os processos contra Hermes que contêm relatos de supostas práticas violentas vêm desde a década de 1990.

Um deles é uma queixa-crime de 1997, na qual um produtor rural chamado Severino Silva registrou que Hermes chegou à sua propriedade “fazendo-se acompanhar de cinco pistoleiros, facínoras, que pela forma de agir são assassinos profissionais com orientação paramilitar”.

Severino afirmou que foi retirado de casa sob ameaça de morte e que, em seguida, os pistoleiros atearam fogo na sua residência.

Na queixa, Severino afirma ter dito a Hermes que tinha a posse do local havia mais de 30 anos, com registro no Cartório de Imóveis, no Incra e na Receita Federal. O caso gerou uma investigação do Ministério Público.

Em outro processo, de 2012, um empresário chamado Ademir Sommer afirmou que também foi impedido de ingressar em sua fazenda, sob ameaça de Hermes, após ela ter sido invadida.

Numa ação de 2016 produtores de palmito disseram que houve invasão das suas terras e que foram trocados cadeados e fechaduras. Segundo eles, homens armados passaram a vigiar o terreno e a impedir a entrada das pessoas que dizem serem os reais proprietários.

Em mais um processo envolvendo diferentes pessoas, de 2020, um empresário rural, Luiz Barros, afirmou que, em duas oportunidades em que visitou as suas terras, foi recebido por motoqueiros “fortemente armados, com carabinas de grosso calibre”, que disseram estar a mando de Hermes e que “ninguém poderia lá ficar sob pena de responderem com a vida”.

A defesa de Barros afirmou que essa é “a prática dos grileiros da região, pois acreditam na impunidade e no ganho fácil”.

Há mais processos com afirmações similares a respeito do empresário. É comum em parte desses casos que as decisões tomadas por juízes demorem a ser cumpridas pela dificuldade em intimar Hermes ou por ausência de ação do poder público local, sobretudo da Polícia Militar.

A ação que está no Tribunal de Justiça da Bahia e provocou a maioria das suspeições envolve outra empresa, a AMC Agropastoril, que também acusa Hermes de tentativa de grilagem. A defesa de Hermes nega e afirma que é a dona do terreno.

Foi nesse processo que oito desembargadores e uma juíza substituta em segunda instância se declararam suspeitos, por foro íntimo, e declinaram de julgar o caso.

Procurados, os magistrados não detalharam qual é o motivo da declaração de suspeição. O desembargador José Aras disse que “essas suspeições, por natureza, são por motivo de foro íntimo”. “Ou seja, não há um motivo específico”, afirmou.

Outro desembargador, Maurício Kertzman, citou o Código de Processo Civil e afirmou que “na suspeição por motivo de foro íntimo o julgador não tem necessidade de declarar suas razões, justamente para preservar o Juiz na sua liberdade de apontar esse vício, o que na verdade preserva o julgamento justo”.

Um terceiro desembargador, Paulo Chenaud, também afirmou apenas que se declarou suspeito por foro íntimo, sem detalhar.

A Folha fez a mesma pergunta, por mensagem ou via assessoria, aos desembargadores Lisbete Teixeira, Josevando Souza Andrade, Maria de Fátima Carvalho, Regina Helena Silva, Manuel Bahia e à juíza substituta em segunda instância Maria do Rosário Calixto. Eles não se manifestaram.

Em primeira instância, dois juízes que atuaram respectivamente nas comarcas de Coribe e de Cocos, Bruno Damas e Thatiane Soares, também se declararam suspeitos em processos relacionados a Nestor Hermes. Procurados, ambos não se manifestaram.

Nos últimos anos, Hermes tem se aproximado do poder público da Bahia. Um deputado estadual da União Brasil, Manuel Rocha, propôs neste ano título de cidadão baiano a Hermes, que é natural de Ijuí (RS) e tem laços com Formosa (GO).

Procurado, ele disse que Hermes realiza “grandes investimentos no setor agropecuário da Bahia, em especial na região oeste, contribuindo com o desenvolvimento do estado”.

O prefeito de Cocos, Marcelo Emerenciano, que ficou conhecido por anunciar que deixaria o PL para se filiar ao PT, também tem defendido o empresário como um grande investidor da região. Ele levou Hermes para uma reunião com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), em Salvador.

Em abril deste ano, Emerenciano se referiu a Hermes em uma postagem no Instagram como “amigo de todas as horas” e dono de “um dos maiores grupos pecuaristas do Brasil”.

Procurado, o prefeito afirmou ter intermediado a pedido a reunião com o governador e disse que tem, na cidade, um grupo que defende a obra de uma BR no município.

“Nós nos unimos em prol disso, que para o meu município é de fundamental importância”, disse.

Em 2019, Hermes também esteve em um encontro com o então ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro (PL), o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

EMPRESÁRIO NEGA QUE TENHA USADO VIOLÊNCIA EM DISPUTAS
Por meio de nota da defesa, Nestor Hermes afirma que não usou violência em qualquer disputa fundiária e que jamais foram apresentadas provas contra ele. Hermes afirma ainda que nunca foi condenado criminalmente.

Também diz que Hermes tem sido “alvo de ataques de seus adversários sempre às vésperas de julgamentos importantes de seus casos”.

“É uma estratégia desesperada de influenciar a opinião pública, já que a Justiça vem, na maioria das vezes, dando razão ao empresário”, afirma a nota.

“As acusações contra Nestor Hermes seguem um padrão de narrativa, todas sem provas, que deixam evidente uma ação orquestrada por seus adversários”, acrescenta.

O empresário afirma que está recorrendo das multas aplicadas por órgãos ambientais e que cumpriu acordos trabalhistas no âmbito judicial.

José Marques / Folhapress

Acompanhado de Jordávio, Luiz Eduardo Magalhães roda cidades da Bahia durante São João

Acompanhado do deputado estadual Jordávio Ramos (PSDB), de 29 anos, Luiz Eduardo Magalhães Guinle, de 22 anos, neto do ex-deputado Luiz Eduardo Magalhães, tem percorrido cidades da Bahia durante os festejos juninos deste ano.

Os jovem visitaram as cidades de Uauá e Jaguarari, norte da Bahia. “Estamos uvindo a população, colhendo muitas informações. Não há como fazer política de casa ou do gabinete. É preciso ir aos municípios e conversar diretamente com o povo”, disse Jordávio.

“Essa experiência tem sido enriquecedora. Estou aprendendo muito com as histórias e demandas da população local. É fundamental estar presente, ouvir suas necessidades e buscar soluções para melhorar a vida das pessoas”, pontuou Luiz Eduardo Magalhães.

Lula é ‘decepção’ e ‘falso amigo do Ocidente’, diz jornal francês sobre posição na guerra

OS presidentes Emmanuel Macron e Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi capa da edição desta sexta-feira, 23, do jornal francês Libération. Na manchete, o veículo chama o presidente Lula de “A decepção” e diz que ele é um “falso amigo do Ocidente”.

A crítica se dá especialmente pelos posicionamentos do petista frente à guerra na Ucrânia. “O presidente brasileiro não é o precioso aliado que imaginávamos, especialmente quando se trata de ostracizar o novo pária do Ocidente: a Rússia, culpada de uma invasão intolerável da Ucrânia”, diz o jornal.

A publicação questiona também o convite a Nicolás Maduro para participar de uma reunião de presidentes da América do Sul em Brasília. O jornal pergunta se Lula não tem “conhecimento dos abusos cometidos na República Bolivariana do Autoritarismo”.

A publicação afirmou que, no cenário internacional, Lula era esperado como um “messias”, mas tratava-se de “uma miragem ou uma imagem embaçada”.

Viagens

Lula é citado como “hiperativo diplomaticamente” que multiplica viagens ao exterior, com encontros com mais de 30 líderes, “mais que Bolsonaro em 4 anos”.

Apesar das críticas, o Libération afirmou que a postura de Lula é melhor do que a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O presidente Lula está na França para uma série de compromissos. Nesta sexta-feira, discursou na Cúpula Internacional do Novo Pacto de Financiamento Global, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron.

“Dívida histórica”

Durante a sua visita na França, o presidente ainda foi convidado a discursar na quinta-feira, 22, no evento “Power Our Planet”, no Campo de Marte, em Paris.

Na frente de milhares de pessoas, em um palco próximo à Torre Eiffel, Lula afirmou que os países desenvolvidos possuem uma “dívida histórica” e cobrou maior responsabilidade de europeus no financiamento da preservação de florestas como a Amazônia.

“Não foi o povo africano ou povo latino-americano que poluiu o mundo”, disse o presidente. “Quem poluiu o planeta nos últimos 200 anos foram aqueles que fizeram a Revolução Industrial e, por isso, têm que pagar a dívida histórica”, concluiu.

Estadão

Proibição do uso de drogas e repressão geram custo anual de R$ 50 bi, diz Ipea

Publicação preliminar trata dos efeitos da guerra às drogas nas vidas e nos recursos brasileiros
O Brasil perde, no mínimo, R$ 50 bilhões por ano em decorrência da proibição do uso de drogas e repressão ao tráfico. Além disso, cada brasileiro tem uma redução de 4,2 meses na sua expectativa de vida ao nascer por causa dos efeitos da principal política de segurança pública do país.

A soma de todo o tempo de vida perdido devido a homicídios relacionados a drogas chega a 1,14 milhão de anos. Os dados, referentes a 2017, fazem parte de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), apresentado na tarde desta quinta-feira (22) no Fórum de Segurança Pública.

A publicação preliminar trata dos efeitos da guerra às drogas nas vidas e nos recursos brasileiros. A ideia é contar os prejuízos assim como se faz com o impacto dos acidentes de trânsito no sistema de saúde, por exemplo.

Pesquisador do Ipea responsável pelo estudo e conselheiro do Fórum, Daniel Cerqueira afirma que a guerra às drogas não reduz a criminalidade, desequilibra famílias e comunidades e faz com que se deixe de gastar em políticas mais eficientes.

“É como se cada brasileiro pagasse um imposto de R$ 269 por ano da guerra às drogas. É irracionalidade do ponto de vista humano e econômico”, afirma Cerqueira.

Para ele, a violência está ligada justamente à proibição. “É o que chamamos de fatores sistêmicos: se a droga fosse legalizada, esses efeitos teriam dimensão muito menor”.

A pesquisa calculou as mortes violentas intencionais associados a drogas em 2017 com base em estudos do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, que observaram boletins de ocorrência, e em dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.

Na região metropolitana do Rio de Janeiro, 46,6% das mortes intencionais são relacionados a questões de drogas. No estado de São Paulo, o índice chega a 27,7%.

Considerando o total de homicídios atribuídos à questão das drogas, no país a perda de expectativa ao nascer foi estimada em 4,2 meses. Quando observado só o Rio de Janeiro, a redução é ainda maior: 7,4 meses.

No estudo, ressalta-se que esses números podem ser ainda maiores, se feito o recorte por gênero, uma vez que a maioria das vítimas no país é do sexo masculino.

Já os valores estimados da perda de dinheiro, segundo o pesquisador, abrangem, por exemplo, a estimativa de renda que a pessoa teria ao longo da vida

Defensor das políticas de redução de danos, Cerqueira afirma que as drogas geram problemas para os usuários e suas famílias, mas que o caminho de tratamento é pela saúde.

“Se formos comparar os efeitos, é muito mais gente que morre pelo proibicionismo do que pela droga em si”, afirmou.

Para Dudu Ribeiro, diretor-executivo da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, o centro da discussão é o componente racial. Segundo ele, as políticas de drogas estão mais ligadas a controle e poder sobre minorias, como a população negra, do que a uma relação de custo e benefício real para a sociedade.

“Quando olhamos a guerra às drogas a partir da ciência, enxergamos o quanto é irracional. É uma pirâmide de certezas que não são verificáveis cientificamente”, afirmou.

Para ele, é preciso refinar a linguagem para comunicar achados como o do estudo. “Nossos termos são racializados. Quando falamos traficante, temos a imagem do jovem, menino, negro, sem camisa e portando um fuzil”.

Lucas Lacerda/Folhapress

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