Eduardo Leite diz que cargo no governo Lula para Jean Wyllys sinaliza contra respeito

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB)

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse que a nomeação do ex-deputado Jean Wyllys para a Secretaria de Comunicação Social do governo Lula seria uma sinalização contrária ao “caminho da temperança, do equilíbrio e do respeito”.

A declaração foi dada após Leite ter anunciado que entrou com representação contra Wyllys no Ministério Público por comentários feitos pelo ex-deputado que associavam sua decisão de manter as escolas cívico-militares a “homofobia internalizada” e “fetiche a uniformes”.

O governador é também presidente do PSDB, e vem buscando manter uma relação cordial com o governo Lula, mesmo fazendo oposição.

Apesar da crítica à indicação de Wyllys, Leite disse que o fato não causa ruído na relação com Lula. “A ação é contra o indivíduo e sua manifestação, não contra o cargo que ele ocupa ou venha a ocupar e nem contra o governo federal”, diz.

Afirmou ainda que respeita o direito de o governo federal nomear quem quiser. “Respeito o direito de nomearem quem entenderem que deva estar ao lado deles no governo, integrando seu projeto, de acordo com seus valores”.

O governador, contudo, acrescentou que a sinalização do governo federal seria ruim. “Lamento, se [o governo Lula] confirmar a nomeação, a sinalização no sentido contrário ao caminho da temperança, do equilíbrio e do respeito”, diz.

Wyllys foi anunciado como integrante da Secom pela primeira-dama, Janja Lula da Silva, após ele retornar de um autoexílio no exterior durante o governo de Jair Bolsonaro. O ministro Paulo Pimenta, da Secom, todavia, tem desconversado sobre a nomeação e atribuições do posto.

Procurado, Wyllys não quis se manifestar. Lucas Mourão, que representa o ex-deputado, disse que prefere não se manifestar antes que haja notificação formal sobre o caso. Wyllys esteve em um evento do PT da Bahia nesta quinta-feira (20).

Fábio Zanini/Caue Fonseca/Folhapress

Veto da Anvisa à importação de flor de maconha pode afetar até 5.000 pacientes, diz empresa

A decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de proibir a importação de flor de maconha para fins medicinais pode afetar até 5.000 pacientes no país que fazem o uso da planta em busca de alívio de doenças crônicas, como epilepsia e fibromialgia.

A estimativa foi realizada por empresas que trabalham na importação de Cannabis in natura. Só a FlowerMed, que divulgou a estimativa nesta quinta-feira (20), atende a 2.600 pacientes que importavam a planta. Agora, defensores do uso da flor em caráter medicinal estão preocupados que a decisão afete a saúde de pacientes que já apresentavam melhoras após o uso.

A agência diz que entre os motivos da proibição estão o alto grau de risco de desvio para fins ilícitos e a vigência dos tratados internacionais de controle de drogas dos quais o Brasil é signatário. A Anvisa afirma ainda que a combustão e a inalação não são formas farmacêuticas e nem vias de administração do produto destinado ao tratamento de saúde.

Porém, segundo Caroline Heinz, CEO da FlowerMed, a decisão da Anvisa foi 100% irresponsável. “Deveriam regular o que não está funcionando, e não proibir.” Heinz afirma ser comum que pacientes usem a flor combinada do óleo, que segue permitido pela Anvisa, enquanto outros recorrem apenas a forma vaporizada.

Há casos, cita Heinz, de pacientes que não sentem efeito do óleo e, por isso, procuraram e encontraram solução para dores na flor da maconha medicinal. “Com a forma inalada é possível ter a absorção dos canabinoides e é imediata”, explica ela.

“A pessoa que está [em crise] não vai esperar os 40 minutos para o óleo fazer efeito. O óleo, apesar da perda de até 45% dos canabinoides, fica no sistema da pessoa por seis horas, diferente da vaporização. Por isso, muitos médicos prescrevem o uso de forma combinada”.

“Estamos recebendo mensagens de pacientes desesperados, as pessoas não sabem o que fazer”, diz ela.

A CEO da Flower Med diz ainda que a cânabis medicinal vem sendo difundida e regulamentada no Brasil. “Com essa decisão, a Anvisa está tirando o papel de reguladora e joga [a decisão] para o Legislativo”, afirma ela. “Todo mundo vai ter que entrar na Justiça para ter o direito ao tratamento?”

Luiza Helena Paiva Dias, 66, foi diagnosticada com fibromialgia há seis anos. Ela experimentou o óleo à base de canabidiol, porém não surtiu efeito. Neste ano, com supervisão médica, decidiu experimentar a flor de maconha medicinal a fim de melhorar as fortes dores decorrentes da doença reumatológica que afeta sua musculatura.

Com a notícia da proibição da importação da flor de maconha medicinal, ela afirma que está assustada. “Agora que eu estava tendo uma melhorada boa foi proibido”, lamenta ela, que calcula que teve uma melhora de 80% nas dores depois que passou a usar a flor.

Antes, ela convivia diariamente com dor e precisava combinar remédios que cessassem suas dores com antidepressivos. Hoje, diz que usa a flor a cada dois dias e, apesar de ainda sentir dor, ela é menos intensa e constante.

“Não gostaria de parar de usar”, afirma ela, que relata que no início teve dificuldade de entender que a flor de maconha medicinal se tratava de um tratamento e não de uma droga. “Sou evangélica, até colocar na cabeça que não é uma droga, é difícil. Comecei a estudar, ler, e vi os benefícios”, garante ela.
Isabella Menon/Folhapress

PP sinaliza que ministério sem Bolsa Família não interessa e mira Minas e Energia e Integração

A bancada do PP na Câmara sinalizou ao governo que não tem interesse no Ministério do Desenvolvimento Social sem o Bolsa Família, principal programa social da gestão Lula.
Indicou também que aceitaria somente pastas do mesmo porte ou mais expressivas, como Minas e Energia e Integração Nacional.

As negociações ocorrem no contexto da reforma ministerial que Lula fará para tentar ampliar sua base de apoio no Congresso.

Segundo integrantes da cúpula do PP, a bancada não assumiria o Ministério de Desenvolvimento Social sem o Bolsa Família, porque consideraria “falta de confiança” do governo. Esse formato, transferindo o programa para outra pasta controlada pelo PT, vem sendo mencionado como uma alternativa para acomodar a legenda no Executivo.

Um cacique do PP também indica que “sob hipótese nenhuma” o partido teria interesse no Ministério de Portos e Aeroportos, hoje comandado por Márcio França (PSB).

No entanto, esses mesmos interlocutores admitem que é difícil para o PT desalojar partidos que se aliaram à gestão Lula desde o começo, como PSD, que controla Minas e Energia, e União Brasil, que tem Integração.

No PP, o nome cotado para assumir um eventual ministério é o de André Fufuca (MA), líder do partido na Câmara.
Danielle Brant/Folhapress

AMBEV produz 13 marcas e emprega quase 1,2 mil pessoas na Bahia

Unidade industrial, localizada no Polo Industrial de Camaçari, recebeu comitiva da SDE nessa quarta-feira (19)
Comitiva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) conheceu de perto o processo de produção e envasamento da unidade industrial da Ambev, localizada no Polo Industrial de Camaçari, nessa quarta-feira (19). A companhia produz 13 marcas no estado, gera 530 empregos diretos, 560 terceirizados, tem 50 estagiários e aprendizes, além de trabalhar com 10 empresas parceiras. De acordo com a empresa, foram investidos mais de R$ 900 milhões na produção de cervejas e refrigerantes desde 1967 quando a cervejaria foi inaugurada na Bahia.
O gestor da SDE, Angelo Almeida, ressaltou a importância da presença da Ambev no estado e destacou a diversidade dos produtos que a indústria desenvolve. “O papel desenvolvido pelo grupo é de extrema relevância para a movimentação econômica do Estado, bem como na geração de emprego e renda, que ultrapassa a marca de 18 mil pessoas em atuação. A estrutura que conhecemos e a tecnologia utilizada são de impressionar qualquer consumidor de cerveja e refrigerante”, pontuou.

“Somos líder no segmento de cerveja na Bahia, já produzimos um volume de 472 milhões de litros de bebidas e nos últimos cinco anos foram recolhidos ao Estado mais de R$ 4,3 bilhões de ICMS. Temos orgulho em dizer que somos uma unidade de formação de pessoas com probabilidade de contratação entre 80 e 85% dos jovens”, afirma Fabíola Martins, gerente Fabril da fábrica em Camaçari.
Além da unidade fabril do Polo Industrial, a AMBEV tem oito centros de distribuição na Bahia em Salvador, Camaçari, Feira de Santana, Barreiras, Ilhéus, Vitória da Conquista, Guanambi e Bom Jesus da Lapa.

Indústria Cervejeira
De acordo com a AMBEV, a indústria cervejeira representa 2% do Produto Interno Bruto. O setor movimenta uma massa salarial de R$ 20 bilhões e emprega mais de 2,1 milhões de pessoas. Para cada emprego direto de uma cervejaria, outros 34 postos são gerados em toda a cadeia produtiva da cerveja. Para cada R$ 1 investido por uma empresa de bebidas, outros R$ 2,50 são gerados na economia do país.

Ascom/SDE
20/07/202371 3115-7816 / 71 99688-3579



PL expulsa Yury do Paredão, deputado que fez o ‘L’ e posou em fotos com Lula

O deputado federal Yury do Paredão (PL-CE) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto

O deputado federal Yury do Paredão (CE) foi expulso do PL após fazer reiterados apoios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL), seja em fotos ao lado dele, seja fazendo o “L”. A decisão foi tomada pelo presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que se reuniu com o parlamentar na manhã desta quinta-feira, 20.

Nesta segunda-feira, 17, Valdemar anunciou a abertura do processo no diretório estadual. O presidente da legenda no Ceará, Acilon Gonçalves, devolveu o pedido e informou que a decisão caberia ao presidente nacional.

Mesmo depois da pressão, Yury continuou sinalizando apoio ao governo: fez propaganda do projeto Desenrola, elaborado para limpar o nome de brasileiros endividados; elogiou a volta do Minha Casa, Minha Vida e se posicionou sobre a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara. “Estou otimista em relação ao futuro e às transformações positivas que essas iniciativas podem trazer para o País”, escreveu nas redes sociais.

Na tarde desta quinta-feira, Yury e Valdemar comunicaram a decisão. “Recebi na sede do PL Nacional o deputado Yury do Paredão, do Ceará, a quem reafirmei que será expulso do partido por não comungar dos ideais de nossa legenda”, escreveu Valdemar.

“Respeito a decisão do presidente. E agradeço a oportunidade dada na eleição de 2022. Sigo como deputado federal, defendendo a democracia, fazendo política com diálogo, respeito, sem radicalismo, com tolerância, e defendendo as ações dos governos que tragam melhorias para o povo brasileiro”, afirmou o parlamentar cearense poucos minutos depois.

A decisão é uma resposta a uma pressão da ala bolsonarista do partido que acredita que a legenda precisa representar a direita conservadora que elegeu a maior bancada da Câmara, com 99 deputados. Parlamentares como Ricardo Salles (PL-SP) já fizeram críticas públicas às repetidas aproximações do PL ao Centrão.

Ele teve a candidatura à prefeitura da capital paulista preterida pelo partido, que preferiu apoiar neste momento o atual prefeito Ricardo Salles (MDB) à reeleição.

Ao longo do primeiro semestre do ano, Yury fez repetidos acenos ao governo Lula, destacando boas notícias da atual gestão e se aliou a petistas no Ceará. A tensão entre o deputado e os correligionários começou em maio, quando ele publicou uma foto ao lado de Lula e do ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador do Estado.

O episódio rendeu uma indireta do deputado André Fernandes (PL-CE), um dos mais contundentes bolsonaristas na Câmara e no Ceará. “Deputado do PL que posa ao lado do maior ladrão da história do Brasil em foto tem que ser expulso imediatamente do partido. Quem tem ‘honra’ em receber Lula, não tem honra para permanecer no nosso partido”, escreveu Fernandes.

Mesmo após o episódio, Valdemar decidiu mantê-lo na legenda e Yury continuou com os acenos ao governo. Ele votou, por exemplo, favoravelmente à medida provisória (MP) dos Ministérios, contra a orientação do partido.

Ele também viajou ao lado dos ministros Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Paulo Pimenta (Comunicação Social) para inaugurar um novo sistema da transposição do rio São Francisco em Salgueiro (PE). Lá, apareceu em fotos e fez o “L” com os ministros.

Yury manterá o mandato de deputado mesmo expulso por decisão da legenda e poderá migrar para outro partido. Com a saída, ele perde a capacidade de participar de comissões que o PL o indicou. Ele é titular na Comissão de Turismo e na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos esquemas de pirâmide, e suplente na Comissão de Finanças e Tributação.

Levy Teles/Estadão

Bahia domina lista de cidades mais violentas do Brasil; oposição cobra governos do PT

Líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado estadual Alan Sanches (União Brasil) voltou a criticar o governo estadual, após o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrar, nesta quinta-feira (20), que as quatro cidades mais violentas do Brasil estão na Bahia.

“Nós temos pontuado que a Bahia precisa dar prioridade a esse grave problema, que é a segurança pública. A cada ano que passa fica mais evidente a negligência do governo estadual”, afirma.

Os dados levam em conta o número de homicídios a cada 100 mil habitantes. Jequié (88,8), Santo Antônio de Jesus (88,3), Simões Filho (87,4) e Camaçari (82,1) tiveram as maiores ocorrências do país. Outras oito cidades da Bahia estão na lista das 50 mais violentas em todo território nacional: Feira de Santana (68,5), Juazeiro (68,3), Teixeira de Freitas (66,8), Salvador (66,0), Ilhéus (62,1), Luís Eduardo Magalhães (56,5), Eunápolis (56,3) e Alagoinhas (53,0).

“São 17 anos do PT na Bahia e o que estamos vendo até agora é apenas o discurso e a tentativa de transferir responsabilidade seja para as prefeituras e até mesmo para o governo federal. São 17 anos arranjando desculpas. Só que agora isso não cola mais. Onde estão os investimentos e a dedicação para solucionar esse grave problema?”, questionou Alan Sanches.

O deputado disse ainda que é preciso haver investimentos que tragam respostas efetivas e restabeleçam a tranquilidade aos baianos.

“Precisamos ter um serviço de inteligência que possa trazer informações necessárias para estabelecermos um programa de combate ao crime organizado e conseguirmos passar a sensação de segurança para a população da Bahia”, pontuou o líder da oposição.

Disputa do tráfico faz Jequié ser a cidade mais violenta do Brasil

O estado da Bahia concentra seis das dez cidades grandes e médias que tiveram maior taxa de mortes violentas intencionais em 2022, apontam dados do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (20).

O levantamento revela que Jequié (a 370 km de Salvador) foi a cidade brasileira com maior média de assassinatos proporcional à sua população, atingindo um patamar de 88,8 mortes por cada 100 mil habitantes. Outras três cidades baianas aparecem na sequência encabeçando a lista: Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari.

Completam a relação das cidades mais violentas, na ordem, Cabo de Santo Agostinho (PE), Sorriso (MT), Altamira (PA), Macapá (AP), Feira de Santana (BA) e Juazeiro (BA).

O levantamento leva em conta os municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, o que inclui cidades grandes e médias, segundo tipologia usada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Para chegar ao número de mortes violentas, são somados os indicadores de homicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, policiais militares e civis vítimas de mortes violentas e mortes decorrentes de intervenção policial.

Levando em conta os 50 municípios mais violentos dentre aqueles com mais de 100 mil habitantes, 27 são cidades da região Nordeste. Outras 11 são de estados da região Norte, 6 do Sudeste, 5 do Sul e 1 do Centro-Oeste. Apenas quatro capitais compõem a lista: Macapá, Salvador, Manaus e Porto Velho.

A despeito da concentração no Nordeste, a região, ajudou a puxar a redução no número de mortes violentas em 2022, com queda nos indicadores em seis estados: Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe.

Na Bahia, estado com maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019, houve uma queda de 5,9% no nas ocorrências, saindo de 7.069 casos em 2021 contra 6.659 no ano passado.

Os indicadores, contudo, mostram um espraiamento da violência por cidades do interior do estado, superando uma concentração que anteriormente existia em Salvador e região metropolitana.

“Esse movimento de interiorização da violência letal chegou ao Nordeste e deve chegar também no Norte. É um processo que a gente está entendendo, mas que sinaliza para novos arranjos das facções criminosas”, afirma Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Ele destaca que este movimento sinaliza que o poder público está conseguindo dar respostas à violência letal nos grandes centros, criando desarranjos e causando um recrudescimento das disputas entre facções em cidades menores.

Em Jequié, cidade que proporcionalmente teve mais mortes violentas intencionais, a escalada da violência é resultado do avanço do tráfico de drogas que desencadeou uma disputa entre grupos criminosos. A cidade, com população de 158 mil habitantes, registrou 142 mortes violentas no ano passado.

O crescimento do número de crimes violentos motivou uma audiência pública na Câmara de Vereadores em setembro do ano passado. Na ocasião, o delegado regional Rodrigo Fernando disse que o avanço da violência era provocado pela disputa por controle do comércio de drogas por facções criminosas.

A disputa escalou após a prisão de um dos líderes do tráfico na cidade em março após uma operação conjunta entre a Polícia Civil da Bahia e de São Paulo. No mês seguinte, o líder do grupo rival foi preso na cidade de Cuiabá (MT).

Em maio, a Polícia Civil chegou a fazer uma operação para combater as ações das duas organizações criminosas que atuam em Jequié. Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão e duas pessoas foram presas em flagrante.

O cenário é semelhante em outras cidades médias baianas, que viram a violência escalar nos últimos meses. É o caso de Santo Antônio de Jesus, que também enfrenta uma ferrenha disputa de facções.

Na avaliação de Lima, do Fórum, o espraiamento e interiorização da violência tornam ainda mais urgente uma política nacional de segurança pública que integre as ações de União, estados e municípios.

“Política nacional de segurança é diferente de gestão da atividade policial. É preciso coordenar esforços a partir de diretrizes que vêm do Executivo. A polícia não é autônoma, ela tem que seguir um comando político que determine as metas e coordene os esforços”, afirma.

De acordo com ele, é necessário, sobretudo, melhorar a qualidade da investigação no âmbito da Polícia Civil.

A falta de uma política de segurança que fortaleça as ações de prevenção reforça o discurso de enfrentamento ostensivo, que não raro resultam em operações com uso excessivo da força policial.

No ano passado, apontam dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a Bahia foi o estado que mais registrou mortes decorrentes de intervenção policial em números absolutos. Ao todo foram 1.464 ocorrências.

“É legítimo que o policial se defenda, mas é preciso entender os padrões que estão gerando o uso excessivo de força. Esta é a forma mais adequada de garantir mais segurança para a sociedade? Com esses padrões, acredito que não”, avalia Renato Sérgio de Lima.

João Pedro Pitombo/Folhapress

Eduardo Leite aciona MP contra Jean Wyllys e o compara a Jefferson e Bolsonaro

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) anunciou em seu Twitter ter feito uma representação contra o ex-deputado Jean Wyllys. Leite comparou a fala de Wyllys a episódios anteriores, em que sofreu ataques homofóbicos de Roberto Jefferson (PTB) e “insinuações de mau-gosto” do então presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Agora, quando o Jean Wyllys dispara também ataques a uma decisão que tomei como governador, ele pode não concordar, ter outra visão, mas tentar associar essa decisão à minha orientação sexual e até a preferências sexuais, eu devo também entrar com uma representação contra ele. Aliás, fiz essa representação”, diz Leite, que também é presidente nacional do PSDB.

Jefferson foi condenado pela Justiça gaúcha a multa de R$ 300 mil por ofensas a Leite, a serem pagos a título de danos morais coletivos ao Fundo para Reconstituição dos Bens Lesados.

No final de semana passado, Wyllys comentou a decisão de Leite de manter as escolas cívico-militares gaúchas dizendo que “gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiche em relação ao autoritarismo e aos uniformes”. Leite respondeu dizendo lamentar a ignorância de Wyllys.

O ex-deputado é filiado ao PT e almeja um cargo na Secom (Secretaria de Comunicação Social) do governo. O ministro Paulo Pimenta, todavia, disse ao Painel não saber datas ou detalhes sobre a nomeação, e não respondeu ao ser perguntado se ela seria 100% certa.

Leite mantém uma relação cordial com Lula desde a eleição. Ele recebeu Lula, Janja –que seria a madrinha de possível indicação de Wyllys para cargo na Secom– e Pimenta para um almoço no Palácio Piratini em 30 de junho ao lado do namorado, o médico Thalis Bolzan.

Caue Fonseca/Folhapress

Em litígio com o TJ-BA, juiz Mario Soares Caymmi Gomes volta a oferecer vaga de estágio para candidato que se autodeclare LGBTQIA+


O juiz de Direito Mario Soares Caymmi Gomes, auxiliar da 12ª Vara de Relações de Consumo e integrante do 4º Cartório Integrado de Relações de Consumo da Comarca de Salvador, voltou a causar polêmica nesta quinta-feira (20) ao reabrir a vaga de estágio do seu gabinete para pessoas LGBTQIA+. A informação foi divulgada nas redes sociais do juiz.

Na publicação, Caymmi indicou como requisito para a única vaga de estágio que o candidato se declare LGBTQIA+ ou a que raça e etnia pertence. Em litígio com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o juiz, nesta semana, acusou o ex-presidente da Câmara de Mata de São João Agnaldo Cardoso de agressão física em uma casa noturna. Segundo ele, Cardoso é ex-companheiro do corregedor-geral de Justiça da Bahia, José Edivaldo Rocha Rotondano, que vetou o primeiro edital de contratação de estagiários para o gabinete de Gomes.

Eve e Embraer anunciam primeira fábrica de ‘carros voadores’ no Brasil

A Eve e a Embraer anunciaram a primeira fábrica de “carros voadores” no Brasil. A planta industrial que vai produzir os primeiros modelos do eVtol, veículo elétrico voador capaz de levar passageiros, ficará em Taubaté (SP). O comunicado foi divulgado pelas empresas nesta quinta-feira (20).

A fábrica ficará situada em área que será ampliada, dentro da atual unidade da Embraer no município do interior paulista. A instalação, contudo, está sujeita a aprovação final de autoridades.

Segundo as empresas, o local fica em ponto estratégico para a logística. Taubaté, localizada a 120 km da capital, tem acesso facilitado por rodovias como a Presidente Dutra (BR-116). A nova planta também estará próxima da sede da Embraer, em São José dos Campos (região do Vale do Paraíba), e das equipes de engenharia e de recursos humanos da Eve.

“Acreditamos no enorme potencial do mercado global de Mobilidade Aérea Urbana e reforçamos nosso compromisso com a Eve como uma das principais empresas desse setor”, disse Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer, em comunicado.

QUANDO OS PRIMEIROS EVTOLS SERÃO ENTREGUES PELA EVE?
O eVtol (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical, na sigla em inglês), ainda não existe. Está em fase de projeto e os primeiros protótipos devem ser montados no segundo semestre de 2023. Se tudo correr como previsto, o primeiro voo experimental ocorrerá em 2024 —embora a empresa prefira não cravar a data do primeiro teste real.

A expectativa é de que o eVtol seja entregue aos compradores em até três anos. Embora ainda esteja sendo criado, já existem quase 3.000 encomendas. Pelo cronograma atual, os primeiros veículos devem ser entregues em 2026.

A Eve disputa uma corrida pelo lançamento dos primeiros eVtols com grandes nomes do setor aéreo, como a Airbus e a Boeing, e companhias jovens, como a chinesa EHang e a alemã Volocopter, criadas há alguns anos. A Eve foi criada pela Embraer e a tem como principal acionista, mas opera hoje como unidade independente e abriu seu capital na Bolsa de Nova York em 2022.

A Eve espera que os voos iniciais custem de US$ 50 a US$ 100 (cerca de R$ 250 a R$ 500) por passageiro, para trajetos de 10 a 15 minutos. Neste tempo, seria possível ir de Campinas a São Paulo, por exemplo.

Se o custo baratear muito, os novos veículos voadores poderiam competir até com o transporte urbano em carros autônomos. Mas esse cenário ainda deve demorar a acontecer, pois depende de uma série de fatores.

A chegada do Vtol deve gerar um novo ecossistema, que poderá ser integrado ao modelo de Maas (mobilidade como serviço, na sigla em inglês). A ideia é que várias opções de transporte possam ser chamadas e pagas por um mesmo aplicativo.

Um exemplo: um usuário quer ir até o aeroporto, e na mesma tela pode ver em quanto tempo faria a viagem de transporte público, carro ou Vtol. A rota também poderia misturar modais, como ir de casa até o ponto de decolagem por um carro com motorista e depois voar de veículo elétrico até o destino final, e pagar tudo no cartão de crédito, em uma cobrança só.

No entanto, especialistas apontam que deve levar ainda algumas décadas até que a tecnologia ganhe espaço de fato, pois não basta ter os veículos: será preciso adaptar as cidades para recebê-los.

EVE FECHA PARCERIAS PARA A PRODUÇÃO DOS EVTOLS
Em junho, durante a feira Paris Air Show, a Eve anunciou a escolha de três fornecedores. A Nidec fará o sistema de propulsão do eVtol, a BAE Systems, o sistema de baterias, e a DUC, os rotores.

No mesmo evento, a companhia divulgou novas parcerias. Um acordo com a United Airlines pretende levar a tecnologia para a região de San Francisco, nos EUA. Na Europa, as parcerias com a Blade e a Widerøe Zero foram ampliadas. Houve também uma nova encomenda da irlandesa NAC.

Somando tudo, a Eve já conta com 2.850 pedidos, que devem gerar US$ 8,6 bilhões (R$ 41,2 bilhões). Com isso, a empresa teria cerca de 22% do mercado de eVtols, projeta o banco JP Morgan. Em uma análise recente, a entidade considerou a empresa em situação bem posicionada, de “protagonista em ascensão”.

O JPMorgan avalia que o mercado de eVtols apresenta potencial de US$ 1 trilhão (R$ 4,79 trilhões), e pode chegar a US$ 3 trilhões (R$ 14,3 trilhões) até 2040, se ganhar espaço em áreas como transporte de carga e uso militar.

Vinícius Barboza/Folhapress

Só os figurões poderão evitar que PT repita o papelão que virou sua marca nas disputas eleitorais em Salvador, por Raul Monteiro*

O PT enfrenta dificuldades para emplacar candidato competitivo à Prefeitura de Salvador

O extremismo de determinados setores seus, que pelo menos neste momento parecem majoritários, pode comprometer toda a estratégia que a cúpula do PT e do governo estadual haviam ensaiado para a sucessão municipal do próximo ano em Salvador. O bate-cabeça no partido na Bahia sobre como agir em relação às disputas municipais, aliás, não é nenhuma novidade. Resultado mais da estratégia de seus principais atores do que dos assim chamados líderes partidários, a conquista e atual manutenção da administração do Estado parece ter contribuído pouco para o amadurecimento do processo decisório na legenda.

É o que se depreende do que se assiste agora, no momento em que, dando uma demonstração de preocupação com a performance para a sucessão do próximo ano na capital baiana, o partido acertadamente antecipa as discussões sobre a escolha de sua candidatura a prefeito, mas não consegue avançar, de maneira ponderada e muito menos inovadora, na definição de uma estratégia para promovê-la de forma efetivamente competitiva para a disputa. O desencontro de informações, o oportunismo de alguns e mesmo a falta de clareza com relação aos planos para a sucessão do prefeito Bruno Reis (União Brasil) têm dado a tônica dos primeiros encaminhamentos no partido.

Aliás, a maneira como alguns quadros da legenda tentam aproveitar o momento para se inserir nas discussões e tentar viabilizar seus nomes para assumir algum protagonismo na futura sucessão, mesmo sem possuir qualquer lastro eleitoral ou consistência política para liderá-la, pode ser um atestado de que não acreditam na menor chance de que o atual prefeito possa ser batido nas urnas, motivo porque também buscam usar o pleito unicamente como forma de se autopromover. De fato, apesar da relativa discrição com que se comporta no comando da cidade, Bruno tem demonstrado que exerce o poder municipal com liderança e domínio pleno do ofício.

Não foi à toa, por exemplo, que o prefeito conseguiu roubar integralmente a cena política na solenidade de posse da nova diretoria da Associação Comercial da Bahia, na última segunda-feira, da qual saiu aplaudido efusivamente ao anunciar projetos para dinamizar a economia da cidade e mesmo depois de ter abordado um tema delicado para o meio empresarial como o duro enfrentamento que, como seu antecessor, ACM Neto (União Brasil), deu à Covid junto com o governo do Estado, apagando ao mesmo tempo a figura do vice-governador Geraldo Jr. (MDB) e do representante que o governo do Estado enviou de forma oficial para o evento.

Sereno, firme e ao mesmo tempo descontraído, em poucos minutos de fala Bruno demonstrou que, quando a disputa de fato começar, vai se transformar num adversário fortíssimo para o PT. Para quem prefere uma abordagem menos intuitiva, as primeiras pesquisas sobre intenções de voto para 2024, colocando desde já o gestor municipal como franco favorito, não deixam mentir. Trocando em miúdos: ou os verdadeiros figurões petistas se entendem e assumem a condução do processo, ou é melhor nem concorrer, sob pena de assistirem à repetição do papelão que o partido tem feito sucessão após outra em Salvador desde que, num feito histórico, conquistou o governo.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*

Submetralhadoras, munição de fuzil e carro roubado são achados

Duas submetralhadoras, uma pistola, uma espingarda, farta munição de fuzil e um carro com restrição de roubo foram apreendidos em ação da Polícia Militar, nas cidades de Elísio Medrado e Amargosa, no Recôncavo Baiano. Quatro integrantes de uma quadrilha foram neutralizados na ação iniciada na madrugada desta terça-feira (18).

O comandante do Policiamento Regional (CPR) do Recôncavo, coronel José Andrade Souza Júnior, contou que a operação começou após homens armados tentarem atacar rivais em Elísio Medrado.

“Os militares foram em busca dos suspeitos, que notaram a presença das guarnições, atiraram e fugiram para uma região de mata. Foi montado um esquema que contou com uso de aeronave, canil e unidades especializadas da PM”, explicou o coronel, acrescentando que quatro integrantes do grupo foram alcançados.

Os criminosos foram atingidos, após confrontos, e não resistiram aos ferimentos.
Participaram da operação equipes das Rondesps Recôncavo e Leste, das 27ª, 33ª e 99ª Companhias Independentes da Polícia Militar (CIPMs), das Cipes Litoral Norte, Central e Chapada, do Grupamento Aéreo (Graer), do Bope e do 14° BPM.
Os materiais e duas mulheres que estavam com os homens foram apresentados na Delegacia Territorial (DT) de Amargosa.
Fonte: Ascom | Poliana Santos

Desgaste é ruim para a Caixa, diz presidente sobre cargo na mira do centrão

Com a Caixa Econômica Federal na mira de integrantes do centrão, que pressionam o governo Lula (PT) por uma reforma ministerial ampla, a presidente Maria Rita Serrano diz não se sentir insegura no comando do banco, mas vê a exposição como negativa tanto para sua imagem quanto para a da instituição pública.

Questionada por jornalistas sobre como tem sido trabalhar sob fritura, Serrano parafraseou declarações dadas pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, diante dos rumores de uma eventual troca de comando.

“Vi uma entrevista dela [ministra Nísia Trindade], que acho que retrata o [meu] sentimento. Ela falou assim: eu não me sinto insegura, mas essa exposição é muito ruim. Ela é ruim inclusive para o banco, porque cria uma insegurança”, disse.

“Não envolve só a mim, é um processo de tentativa, na realidade, de desgaste do próprio governo. Não estão falando só de mim e da Caixa. Estão falando de todos os ministérios, principalmente dos ministérios onde as mulheres estão”, complementou.

A representatividade feminina no primeiro escalão da gestão petista caiu para 10 mulheres titulares (em vez de 11), com a exoneração de Daniela Carneiro do Ministério do Turismo.

A presidente da Caixa disse estar cumprindo o seu papel e minimizou o peso de uma possível substituição. “Obviamente, a exposição é ruim. Agora, faz parte da democracia. Tem interesses, negociações que envolvem o processo democrático de base do governo, então, essa disputa faz parte da democracia”, acrescentou.

Serrano tem sido alvo de críticas no governo e do próprio PT. Aliados do mandatário avaliam que, diante disso, deve ser mais fácil ceder o comando do banco. O nome mais citado para substituí-la é o de Gilberto Occhi (PP), que foi ministro das Cidades no governo Dilma Rousseff (PT) e já presidiu a Caixa.

Quanto às recomendações do presidente Lula nos encontros que tiveram recentemente, Serrano conta que o chefe do Executivo apenas a “mandou” trabalhar. A Caixa é o banco responsável por realizar os pagamentos das parcelas do programa Bolsa Família e também por liberar financiamentos para o Minha Casa, Minha Vida.

“A única orientação do presidente é que o banco tem que trabalhar. Tem que dialogar com todo o setor público, em especial com os bancos públicos, atender adequadamente e com qualidade o pessoal do Bolsa Família”, disse.

“No caso do Minha Casa, Minha Vida, a expectativa é nós nos estruturarmos, já estamos estruturados inclusive, para poder dar conta da demanda”, complementou.

A presidente da Caixa diz ter assumido a gestão de um banco “completamente desmantelado”, citando como exemplo a falta de investimento em tecnologia, e alega que a gestão anterior era baseada no “medo, perseguição e assédio”. O ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, é réu por casos de assédio sexual contra funcionários do banco.

“O banco parou de investir em tecnologia no último período, o que deixou o banco um passo atrás do sistema financeiro, isso tem um preço para a gente. Agora estamos correndo atrás do prejuízo”, disse.

“Nós estamos desde janeiro tentando reconstruir o banco e focá-lo naquilo que interessa para o governo como instituição pública, desenvolvimento do país e, ao mesmo tempo, competir no sistema financeiro porque o banco precisa ter rentabilidade”.

A Caixa foi alvo de críticas do governo Lula pelo anúncio de cobrança de tarifa pelas transferências por meio do Pix feitas por pessoas jurídicas. Depois de ordem do Palácio do Planalto, o banco recuou e suspendeu o início das operações.

Segundo Serrano, os números obtidos pelo banco em seis meses de gestão são promissores. “Crescemos nas operações de crédito quase 9%, estamos com número recorde de empréstimo para infraestrutura, são quase R$ 9,2 bilhões financiando estados e municípios”, exaltou.

Para ela, a retomada do protagonismo da instituição “talvez seja um dos motivos de tanta pressão”.

Serrano é a quarta mulher a presidir a Caixa. Antes dela, o cargo foi ocupado por Miriam Belchior (secretária-executiva da Casa Civil), Maria Fernanda Coelho (secretária-executiva da Secretaria Geral da Presidência) e sua antecessora, Daniella Marques.

A atual presidente é funcionária da Caixa há 33 anos e ocupou diversos cargos na instituição. Era representante dos trabalhadores no conselho administrativo do banco e foi presidente do Sindicato dos Bancários entre 2009 e 2012.

Nathalia Garcia/Folhapress

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