Lula diz a Macron que novas exigências ambientais de acordo UE-Mercosul são ‘ofensivas’
Em conversa com o presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou serem “ofensivas” e “inadmissíveis” as novas exigências ambientais dos europeus para fechar o acordo entre União Europeia e Mercosul.
Em março deste ano, o blocou apresentou um termo adicional (side letter, em inglês) com novas demandas ambientais que vão além do determinado pelo Acordo de Paris e passam a incluir sanções pelo suposto não cumprimento de metas.
Lula já havia criticado as exigências em público e em conversa com o mandatário francês em junho, caracterizando as medidas como “ameaças”.
O brasileiro voltou à carga em encontro bilateral com Macron às margens da cúpula do G20, em Déli. E disse ao francês que, neste momento, trata-se de uma decisão política da UE voltar ao texto original. Na visão do governo brasileiro, as exigências foram pensadas para o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que acumulava retrocessos na política ambiental, e não seriam justas no contexto do governo Lula.
Segundo relato de autoridades presentes na conversa, Macron teria dito entender a queixa brasileira, mas apontou que se trata de uma decisão no âmbito da Comissão Europeia.
Negociadores admitem que, mesmo que os europeus recuassem das novas demandas ambientais, ainda haveria obstáculos para fechar o acordo. O Brasil quer modificações no capítulo de compras governamentais acordado pelo então ministro Paulo Guedes. O governo Lula quer preservar proteções para alguns setores para poder fazer política industrial.
Lula também criticou as novas exigências em encontros com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, com Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, e com o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, também neste domingo (10). Ele mencionou a contraproposta ao documento adicional dos europeus, enviada pelo governo brasileiro dias atrás.
Outro assunto abordado pelos dois líderes foi a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica). Macron teria demonstrado mais uma vez o interesse em tornar a França um membro da OTCA, uma vez que a Guiana Francesa está no território amazônico.
O gabinete do presidente francês divulgou que Lula teria “acolhido de forma positiva” a candidatura da França, mas fontes do governo brasileiro negaram que Lula tenha aceitado ou feito gestos positivos em relação à ambição francesa de se tornar membro pleno da organização.
Macron afirmou no fim de agosto que gostaria que a França fosse aceita na organização, cujos membros atuais são Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. “Declaro solenemente que a França é candidata a entrar no tratado amazônico e desempenhar papel pleno na organização, com representação associada ao nosso território ultramarino, a Guiana Francesa.”
Mas o governo brasileiro entende que a OTCA não está aberta a entrada de novos membros e que a organização deve manter o foco em países em desenvolvimento, com “uma ampla visão do processo de Cooperação Sul-Sul”.
Também no domingo, Lula e o príncipe regente saudita, Mohammad bin Salman, reuniram-se durante cerca de 20 minutos, no hotel Taj Palace. MbS, como é conhecido, não levou presentes, informou o governo brasileiro. O ex-presidente Jair Bolsonaro está sob investigação por ter recebido presentes dos sauditas e não ter encaminhado para o arquivo público.
Foi a primeira reunião bilateral entre Lula e MbS, e o monarca saudita manifestou, diversas vezes, interesse de investir no Brasil no setor de óleo, gás, mineração e, também, em combustíveis verdes.
Os sauditas foram os principais opositores da inclusão, no comunicado do G20, de objetivos específicos para cronograma de eliminação do uso de combustíveis fósseis e de uma data para o pico de emissões.
Mas o reino do Golfo tem investido também em combustíveis como hidrogênio verde, para, segundo ambientalistas, tentar fazer um “greenwashing” –melhorar a reputação do país no setor ambiental.
Lula ia se reunir com MbS em junho na França, durante a cúpula de financiamento ao desenvolvimento organizada pelo presidente francês Emmanuel Macron, mas não foi possível. E, no sábado (9), o saudita desmarcou sua bilateral com Lula após seu encontro com o americano Joe Biden se estender.
Lula teria mencionado o lançamento recente do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e convidou empresários sauditas a irem ao Brasil. O brasileiro também agradeceu a entrada da Arábia Saudita nos Brics, oficializada durante a cúpula do grupo na África do Sul, em agosto.
Segundo fonte do governo que acompanhou o encontro, MbS começou a reunião dizendo que Lula era uma pessoa muito conhecida, de quem ele já tinha ouvido falar várias vezes.
No final do dia, Lula ainda se encontrou com e com o anfitrião da cúpula do G20, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. Os dois reafirmaram seu apoio a uma reforma do Conselho de Segurança da ONU com expansão e maior representatividade dos países em desenvolvimento como membros permanentes e rotativos e apoio às candidaturas de Índia e Brasil a assentos permanentes.
Modi e Lula, em comunicado conjunto, celebraram a criação da Aliança Global de Biocombustíveis, para promover a produção e o consumo de etanol.
Patrícia Campos Mello, Folhapress
Alckmin anuncia R$ 741 milhões para cidades do RS afetadas por ciclone
O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, anunciou no início da tarde deste domingo (10) que o governo federal irá disponibilizar R$ 741 milhões em ajuda ao estado do Rio Grande do Sul, atingido por fortes chuvas e enchentes desde a última segunda-feira (4) após a passagem de um ciclone extratropical. Alckmin fez o anúncio em Lajeado (RS), na Universidade do Vale do Taquari (Univates), onde se reuniu com prefeitos locais, ministros e o governador Eduardo Leite.
Os recursos serão distribuídos da seguinte forma: R$ 26 milhões para o Ministério da Defesa, para o uso de helicópteros e demais maquinários na região nas buscas e reconstrução; R$ 80 milhões para Ministério da Saúde, que montou um hospital de campanha em Roca Sales (RS) e reconstrução de unidades de saúde destruídas, além da atuação das equipes da Força Nacional de Saúde na região.
O Ministério dos Transportes terá R$ 116 milhões para reconstruir um trecho da BR 116, no km 96, na região do Rio das Antas; o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e Ministério do Desenvolvimento Agrário aplicará R$ 125 milhões no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Por meio do Ministério das Cidades, R$ 195 milhões serão usados para a construção de moradias. Já o Ministério da Integração Nacional receberá R$ 185 milhões para ajuda humanitária e reconstrução de ruas, estradas, limpeza e pavimentação dos municípios. O Ministério da Previdência Social também receberá recursos, ainda sem detalhamento.
Saque do FGTS
O governo federal, conforme Alckmin, irá liberar o saque do FGTS, no valor de até R$ 6.220, para as pessoas atingidas diretamente pelas chuvas – os recursos já estão incluídos no montante recebido pelos ministérios.
Bolsa Família
Será antecipado também os repasses do Bolsa Família para os afetados, que ocorrerá no próximo dia 18, e do Benefício de Prestação Continuada, no dia 25. As prefeituras ainda deverão receber R$ 800 por habitante atingido. Para os interessados, também será liberado o valor de um salário mínimo pelo BPC – o valor deverá ser pago em até 36 meses sem correção.
O governo federal adiou do pagamento de tributos federais.
A previsão é que o número de municípios com reconhecimento do estado de calamidade pública na região deverá aumentar de 79 para 88, a partir de decreto que será publicado na manhã desta segunda-feira (11).
O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e uma comitiva de ministros foram ao Rio Grande do Sul neste domingo (10), e percorreram a região do Vale do Taquari, a mais afetada pelas chuvas e inundações.
O governo do Rio Grande do Sul atualizou, na manhã deste domingo (10), para 43 a quantidade de pessoas mortas em decorrência das chuvas e inundações que atingem o estado desde a última segunda-feira (4). O número de desaparecidos chega a 46.
A maioria das mortes ocorreu em Muçum (16), seguido de Roca Sales (dez), Cruzeiro do Sul (cinco), Lajeado (três), Estrela (dois), Ibiraiaras (dois) e em Encantado, Imigrante, Mato Castelhano, Passo Fundo e Santa Tereza, uma morte em cada município.
No cidade de Muçum, está também a maioria dos desaparecidos (30), seguido de Lajeado (oito) e Arroio do Meio (oito).
Segundo o governo estadual, 3.130 pessoas foram resgatadas; 224 estão feridas; 3.798 estão desabrigadas; e 11.642, desalojadqs. No total, 150.341 pessoas foram afetadas pelas chuvas e inundações em 88 municípios.
Agência Brasil
PF apreende uma tonelada de maconha
Goiânia/GO – A Polícia Federal, juntamente com a Polícia Militar do Estado de Goiás, apreendeu na noite deste sábado (9/9), no interior do Estado, uma tonelada de maconha.
Após compartilhamento de informações, foi realizada a abordagem de um caminhão na GO-050, na zona rural de Acreúna/GO. Durante a busca veicular, que contou com o apoio do Batalhão de Policiamento com Cães da Polícia Militar, foi localizada a carga de droga.
Constatou-se que o caminhão e a carreta estavam documentalmente regulares. O indivíduo foi preso pelo crime de tráfico de drogas e conduzido juntamente com o veículo e a droga para a Superintendência Regional da Polícia Federal.
Comunicação Social da Polícia Federal em Goiás
Fone: (62) 3240-9607 / (62) 99216-6260
E-mail: cs.srgo@pf.gov.br | www.gov.br/pf
Jean Wyllys chama ministro Paulo Pimenta de “mau-caráter”
O ex-deputado federal Jean Wyllys voltou a criticar o atual ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, Paulo Pimenta, afirmando que ele teria atuado para “sabotar” um eventual ingresso no governo petista.
O ex-BBB, por ter um bom relacionamento com a primeira-dama Janja chegou a ser sondado para ter um cargo na gestão de Lula, mas por ataques e falas consideradas homofóbicas contra o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, a ideia foi vetada pela cúpula petista.
“Acho que o Paulo Pimenta não acreditou que eu queria ficar na retaguarda. Ele se sentiu ameaçado e fez um processo de sabotagem em relação à minha ida para o governo. Ele utilizou o tuíte que eu fiz para o Eduardo Leite para isso. A intenção era parecer que eu era tóxico e radioativo para o governo porque eu havia criticado Eduardo Leite”, criticou Willys durante entrevista concedida à Rádio Metropole.
“Eu digo, sem medo: Paulo Pimenta é um mau-caráter. Quando isso aconteceu, eu pensei: não é isso. Eu não tenho que estar no governo. Se para estar no governo eu tenho que me silenciar, não posso criticar o Eduardo Leite nem apontar os equívocos do próprio Lula, eu não quero estar”, completou.
Segurança de São José do Jacuípe ganha reforço com a entrega de unidade conjugada das polícias
Na manhã deste domingo (10), o governador Jerônimo Rodrigues esteve em São José do Jacuípe para uma série de entregas e anúncios de obras que visam beneficiar a população local. A visita foi marcada pela inauguração da nova unidade conjugada da Polícia Civil e do Pelotão da Polícia Militar, na sede do município, fortalecendo a segurança da região. O equipamento, que teve um investimento de R$ 3 milhões, vai contribuir para a integração das forças de segurança na região.
“E hoje, a entrega de dois equipamentos de segurança pública, posso dizer três, porque nós também estamos entregando viaturas para essa região. Além de um pelotão da Polícia Militar e uma nova delegacia da Polícia Civil que, que vai garantir um bom atendimento para quem precisa utilizar os equipamentos, com aquilo que a gente sempre tem primado, garantir um bom espaço de trabalho e uma boa prestação de serviço”, detalhou Jerônimo.
Para o subsecretário da SSP, Marcel de Oliveira, as unidades integradas de segurança fazem parte de um planejamento que prima por melhores serviços aos cidadãos e melhor estrutura aos servidores. “É mais uma entrega do Governo do Estado, é a 35ª Unidade, entregue apenas em 2023, são mais de R$ 3 milhões investidos na cidade, para entregar a população e a toda força policial melhores condições de trabalho. Então, o policial trabalha melhor, a população quando precisa do serviço tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar, encontrar um ambiente humanizado, um ambiente onde será bem atendida”.
Urbanização e desenvolvimento rural
A população de Itatiaia, distrito de São José do Jacuípe, também foi contemplada com melhorias, incluindo a pavimentação da Avenida João Carneiro, tornando o acesso da localidade mais fácil e confortável. Além disso, o Mercado Municipal recebeu uma nova cobertura, proporcionando melhores condições para feirantes e compradores. Neste mesmo contexto, 50 novas barracas de feira foram entregues, impulsionando o comércio local.
Na ocasião, o governador e entregou a reforma e ampliação da Unidade de Beneficiamento de Mel da Comunidade de Poço, que fica a dez quilômetros da sede.
Uma notícia com grande impacto positivo para a mobilidade na região foi o anúncio da autorização para o início das obras de pavimentação entre o acesso do Povoado de Vaca Brava e a BA-130. Essa pavimentação, com uma extensão de 3,90 quilômetros e um investimento previsto de mais R$ 4,4 milhões, beneficiará não apenas São José do Jacuípe, mas também cerca de dez mil habitantes da região, promovendo o desenvolvimento da agricultura e pecuária local.
Educação
Jerônimo vistoriou as obras da nova unidade escolar em tempo integral que está sendo construída no distrito de Itatiaia. A unidade terá seis salas de aula, dois laboratórios, sala multifuncional, sala de leitura, restaurante estudantil, teatro, vestiário e quadra poliesportiva coberta.
Na sede, a comitiva do Governo do Estado ainda visitou também as obras de modernização do Colégio Estadual Berilo Vilas Boas, que está sendo equipada com um teatro e restaurante estudantil. Somadas, as obras totalizam um investimento de mais de R$ 21 milhões, para proporcionar um ambiente educacional de alta qualidade para os estudantes da região.
Agenda
Ainda em São José do Jacuípe, o governador prestigiará a 28ª Festa de Vaqueiro e Fazendeiros do Distrito de Itatiaia e a 7ª Feira de Agricultura Familiar e Economia Solidária.
Lula viaja pelo exterior com discursos entediantes enquanto Brasil afunda, diz Mangabeira Unger
O filósofo Roberto Mangabeira Unger, conselheiro e guru do ex-candidato à Presidência Ciro Gomes, pegou aliados de surpresa ao pedir a desfiliação do PDT. Em entrevista ao Estadão, Unger fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que tomou a decisão por discordar do alinhamento “passivo” do partido com o governo diante dos rumos da gestão petista e da falta de um projeto para o Brasil.
Unger está no PDT desde a redemocratização e foi conselheiro de Leonel Brizola, fundador da legenda e ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. O filósofo é professor de Direito da Universidade Harvard nos Estados Unidos e foi ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República durante o segundo mandato de Lula, em 2007, e no segundo mandato de Dilma Rousseff, em 2015.
Ele está por trás de muitas ideias lançadas por Ciro Gomes nas últimas eleições presidenciais, principalmente daquelas relacionadas à necessidade de o Brasil ter um projeto nacional de desenvolvimento. Para Mangabeira Unger, Lula está repetindo um modelo que impede o avanço do País. É o que ele chama de casamento entre o “pobrismo” — distribuição de “esmolas” por meio de programas assistenciais — e o “rentismo” — o domínio dos interesses financeiros sobre a produção.
Por que o senhor saiu do PDT?
Eu tenho uma associação antiga com o PDT porque eu considerava o Leonel Brizola o meu grande aliado político. O PDT sempre serviu para representar uma alternativa ao País e agora não representa, mas faz parte de um governo que claramente não tem projeto. Qual é o projeto do governo Lula atual? É compor-se com o mercado financeiro, aceitando a ascendência do rentismo financeiro. Segundo, distribuir esmola aos pobres, o pobrismo. E, terceiro, vender soja, carne e minério de ferro. Esse é o projeto, ou o antiprojeto.
O correto seria o PDT não participar do governo ou, mesmo dentro do governo, fazer um contraponto?
Com realismo, o PDT não poderia participar do governo. O País está numa situação gravíssima, 100 milhões de pessoas não têm acesso a uma rede de esgoto, 35 milhões não têm acesso à agua potável, a maioria está endividada, a maioria da nossa força de trabalho está na informalidade ou na precarização. Não há qualquer indício de um projeto nacional produtivista e capacitador, e o presidente se refugia viajando no estrangeiro em projetos de vaidade pessoal. As forças que representariam uma alternativa, o PDT, o PSB, o PCdoB, todas estão se transformando em linhas auxiliares desse antiprojeto nacional.
A decisão está alinhada com Ciro Gomes ou antecipa algum posicionamento dele?
Não. A decisão é minha. Ciro Gomes não precisa de porta-vozes e ninguém precisa representá-lo. É uma decisão de consciência para lutar por uma alternativa nacional, produtivista e capacitadora. É o que nós não temos no Brasil. O que vemos é uma tendência de desviar a atenção do País desse quadro de marasmo, de mediocridade, para assuntos simbólicos, para a política identitária, que é o inverso das guerras culturais da direita, e declarações estapafúrdias do presidente da República, como esta de que os ministros do Supremo Tribunal Federal poderiam votar em segredo.
Por que o senhor tinha se filiado ao PDT?
Foi lá quando começou a abertura do regime militar. Eu vi o PDT como uma força que se preocupava com a maioria desorganizada, e não com as minorias organizadas. No PT, eu via, em vez disso, uma tentativa de privilegiar as minorias organizadas e uma política de humanização das realidades brasileiras. A nossa tarefa não é humanizar o inevitável, a nossa tarefa é reconstruir as instituições. Agora, o PDT, aparentemente, quer fazer parte desse conjunto de linhas auxiliares do projeto petista.
O PDT não é mais o mesmo de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro?
Claramente, não é o mesmo. E esta decisão de participar passivamente de um governo Lula que não tem projeto algum é a pedra de cal, é a abdicação de qualquer projeto que mantenha continuidade e coerência com o que foi o nosso projeto inicial. Mas eu não gostaria de ver esse gesto sobretudo sob o ângulo da ortodoxia partidária. O ponto central é a situação calamitosa em que estamos no Brasil e a necessidade agora de juntarmos todas as forças, sem preconceitos, para criar uma alternativa nacional.
Quem pode representar essa alternativa nacional?
Na última eleição, apoiei com entusiasmo a candidatura do Ciro Gomes, que eu via mais próxima dessa alternativa que eu defendo. O que será para o futuro eu não sei. A nação terá que encontrar ou criar suas lideranças nesse processo de resistência que agora precisa começar.
Como o senhor avalia a declaração de Ciro Gomes de que não pretende mais concorrer à Presidência?
O Ciro tem grande consciência cívica e compromisso com o destino do Brasil e de alguma forma ou de outra continuará participando da vida pública do País. Mas a minha ação agora não tem nada a ver com isso. É uma convicção minha de que eu não posso aceitar essa atitude de abdicação a que o PDT se entregou junto com tantos outros de quem nós esperávamos uma atitude de resistência e construção.
Qual é papel do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na repetição desse modelo que o senhor critica?
É meu amigo, foi meu amigo há muitos anos, mas agora ele está ativamente participando dessa política. Ele é um dos arquitetos dessa política, que afirma o casamento do financismo e do pobrismo em que as contas são pagas pela agricultura, pela pecuária e pela mineração. Se elas não estivessem pagando as contas, nós já estaríamos no chão, numa crise econômica decisiva.
É possível governar o Brasil sem repetir esse modelo?
É claro que um projeto produtivista e capacitador só se efetivará no Brasil tocando o chão das realidades regionais. Em cada região do Brasil, o caminho da qualificação produtiva e da capacitação está bloqueado. Esta tem que ser a agenda prioritária do País. Não é o presidente ficar viajando pelo exterior e lendo discursos que são escritos para ele enumerando platitudes açucaradas como se estivesse se candidatando ao Prêmio Nobel da Paz ou a mais diplomas honoris causa, enquanto isso o Brasil afundando no primitivismo produtivo e educacional.
A entrada do Centrão no governo Lula agrava o problema?
Eu não vejo a desorientação e a mediocridade dos partidos como a causa desse quadro, elas são a consequência. A explicação é não haver um projeto forte encampado por quem deveria ter o projeto, que é o presidente, o governo. Os partidos deveriam se posicionar em relação a isso, mas nós não podemos esperar agora da elite política. Se os políticos não resistirem a essa situação, nós, os cidadãos, temos que falar pelo Brasil.
Quais são as diferenças do Lula no primeiro e no segundo governo e do Lula agora no terceiro mandato?
Havia ambiguidade nos mandatos anteriores de Lula, havia uma luta entre tendências produtivistas e tendências compensatórias. O presidente me convenceu a participar do governo em seu segundo mandato sob esse argumento de ajudá-lo a construir um projeto nacional e produtivista e eu fiz o que pude. Pelo menos, enquanto eram só propostas, o presidente Lula apoiava, até com entusiasmo. Quando eu percebi relutância em traduzir essas propostas em políticas públicas efetivas, eu comecei a me afastar do presidente e fui trabalhar com os governadores.
O senhor costuma falar que fala com sotaque, mas não pensa com sotaque. O presidente Lula está pensando com sotaque, nessa perspectiva?
O presidente Lula parece estar desinteressado do Brasil. Parece que é mais agradável ficar viajando pelo exterior, frequentando essas reuniões em que ele pronuncia discursos entediantes. Os outros chefes de Estado, que são homens sérios de poder, mal conseguem disfarçar o cansaço ao ouvi-lo. Eu não sei por que ele está fazendo isso. Eu posso afirmar ao presidente Lula que o Brasil é um país extremamente interessante e é muito mais interessante do que esses países que ele está visitando. Mas nós não podemos esperar uma conversão do presidente Lula porque é sempre muito mais difícil mudar uma pessoa do que mudar um país. Então, em vez de tentar abrir os olhos do presidente Lula, tratemos de abrir os nossos próprios olhos.
Por onde começar um projeto de desenvolvimento para o Brasil?
Teríamos a tarefa de construir uma forma includente da economia do conhecimento em todos os setores, em cada região do País, de acordo com as realidades de cada região. Não há como pretender voltar à velha indústria. O Brasil fervilha de criatividade, energia empreendedora, há uma multidão de emergentes que encarnam essa energia produtivista. Atrás deles estão milhões de trabalhadores ainda pobres, os batalhadores, mas que já assimilaram a cultura da autoajuda e da iniciativa. O nosso grande projeto é construir as estruturas que permitam transformar esse dinamismo desequipado e inculto em flexibilidade preparada. Esse é o projeto e há um mundo de possibilidades, mas estamos evadindo todas elas pelo discurso açucarado das compensações e pela submissão aos interesses financistas.
Estadão Conteúdo
Faustão recebe alta hospitalar após transplante de coração
O apresentador Fausto Silva, o Faustão, recebeu alta neste domingo (10) do Hospital Albert Einstein, onde foi submetido a um transplante de coração, no último dia 27 de agosto. Ele estava internado desde 5 de agosto em razão de uma insuficiência cardíaca.“Fausto Silva recebeu alta do Hospital Israelita Albert Einstein neste domingo, dia 10 de setembro de 2023. O paciente seguirá sob as orientações médicas e nutricionais necessárias para a reabilitação após o transplante cardíaco”, diz o boletim médico divulgado na manhã de hoje.
De acordo com a equipe médica, Faustão não apresenta sinais de rejeição ao órgão e está com a função cardíaca normal. Na sexta-feira (8), ele foi transferido da unidade de tratamento intensiva para o quarto.
O apresentador foi incluído na fila de transplantes do Sistema Único de Saúde (SUS) após o agravamento de um quadro de insuficiência cardíaca, que ele apresentava desde 2020.
Agência Brasil
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