Casamento sob bênção de Malafaia uniu Bolsonaro de vez a evangélicos e projetou Michelle

O noivo e o pastor esperavam numa antessala da Mansão Rosa, espaço de festas no Rio cercado pela Floresta da Tijuca. Estavam de papo furado até que o homem de terno cinza chumbo, um deputado do PP que navegava nas raias do baixo clero, falou sobre onde se via dali a cinco anos.

“Ele se virou e disse assim: ‘Vou ser o presidente do Brasil, porque senão ninguém vai segurar esta esquerda'”, conta Silas Malafaia, à frente da igreja frequentada na época pela terceira mulher que Jair Bolsonaro (PL) desposaria.

Hoje, o pastor admite que perguntou se o interlocutor estava ficando maluco. “Eu mesmo não acreditei que seria possível.”

Entre militares, um ou outro nome do Judiciário e gente de direita em geral, o católico Jair e a evangélica Michelle se casaram uma década atrás sob a bênção do líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

Nos anos que viriam, Bolsonaro consumaria seus votos presidenciais, numa vitória folgada sobre Fernando Haddad (PT) em 2018, estreitaria seus laços com evangélicos, a fatia religiosa que mais cresce no Brasil, e veria sua mulher ganhar um capital político a princípio impensável para uma ex-assessora parlamentar que se manteve discreta durante a maior parte da carreira do marido.

A data do casório não foi escolhida a esmo: 21 de março de 2013, aniversário de 58 anos de Jair e véspera do dia em que Michelle completaria 31 anos.

Ela selecionou orquídeas brancas para a lapela dele e usou um vestido de renda francesa com aplique floral –criação de Marie Lafayette, também por trás das vestes matrimoniais das mulheres de Eduardo e Flávio Bolsonaro, além do longo da primeira-dama na posse de Bolsonaro, no 1º de janeiro de 2019.

Michelle apareceu em uma reportagem de capa da Festejar Noivas RJ sobre “o sim do casal Bolsonaro”, com declarações da dupla.

Ela lembrou à revista que os dois já eram casados no civil, o que aconteceu em 2007, três anos antes de nascer a filha que têm juntos. Laura veio após Bolsonaro reverter uma vasectomia a pedido da esposa e, em 2017, ganhou do pai o rótulo de “fraquejada”, por ser menina após uma leva de quatro filhos homens.

“Esperamos o momento certo para receber a bênção de Deus”, afirmou Michelle. Jair também se declarou: a ex-funcionária, disse, “estava a 10 metros de mim e não enxergava, pois vivia um momento em que tudo parecia não dar certo”.

Até ele resolver “novamente buscar a felicidade” e reviver um sentimento de “esperança e alegria” que o fez “voltar aos tempos de cadete da Academia Militar das Agulhas Negras”.

Foi uma festa com muito refrigerante e quase nada de álcool, rememora o ex-assessor Waldir Ferraz, apelido Jacaré, amigo do noivo desde 1988, ano em que Bolsonaro venceu seu primeiro pleito, para vereador do Rio pelo Partido Democrata Cristão.

O desembargador Egas Moniz estava na lista de convidados, que não teve nomes de quilate político. Dois presentes só recordam da presença do primogênito de Bolsonaro, o hoje senador Flávio. É famosa, nos bastidores do poder, a antipatia recíproca entre Michelle e o vereador Carlos, o filho 02 do marido.

Bolsonaro celebrou a amizade quando, em 2022, morreu Moniz, que foi tenente do Exército. Aproximaram-se nos anos 1980, após o juiz preconizar que o capitão recém-transferido à reserva das Forças Armadas um dia seria presidente. Também lhe cedeu uma máquina de xerox que tirava sete cópias por minuto, para ajudar na campanha à Câmara Municipal carioca, contou o político no ano passado.

Diz Malafaia que Bolsonaro precisou ser enquadrado para se casar no religioso. Michelle havia um tempo ia à sua igreja, mas não podia ser membro oficial por morar com um homem com quem não era unida aos olhos de Deus. O arranjo feria as regras internas.

“Você vive com ela, ela tem uma filha sua, e não se decide se quer casar com ela”, reproduz a bronca que deu no parlamentar. “E ele: ‘Você faz meu casamento então?'”

Silas e Jair se aliaram nos anos 2000, quando a Câmara discutia o PL 122, um projeto de lei que criminalizava a homofobia. Os dois, claro, do mesmo lado, contra o que viam como “ativismo gay”.

Malafaia se ressentiu por Bolsonaro “não o defender como deveria” quando, em 2017, ele foi indiciado sob suspeita de lavagem de dinheiro. O religioso chegou a vociferar contra a “direita radical” que “prega que quer fechar o Congresso”, o que de fato Bolsonaro fez em 1999.

Em desagravo ao marido, Michelle trocou a Vitória em Cristo por uma igreja batista. As desavenças foram superadas e, na corrida eleitoral do ano seguinte, o pastor se tornou o canal mais ativo entre as igrejas evangélicas e o deputado que, cinco anos antes, confidenciou-lhe que cobiçava o Palácio do Planalto.

Pois foi feita a sua vontade.

Naquele março, Jair e Michelle trocaram alianças ao som de “Jesus, Alegria dos Homens”, de Bach, numa cerimônia colorida por laranja, amarelo e o mesmo rosa do vestido que ela usou na posse presidencial e na publicidade de uma linha de produtos de beleza que pôs no mercado em 2023.

Por muitos anos, também em tons pastéis eram as ambições políticas dela.

Ela discursou em Libras no dia em que Bolsonaro assumiu o Planalto, defendendo a inclusão, e se fantasiou de Branca de Neve para divulgar um programa que pilotou durante o governo passado, o Pátria Voluntária, extinto por Lula.
Seu engajamento seguia a praxe esperada para primeiras-damas, historicamente associadas a atividades assistenciais, sem maior protagonismo durante o mandato do marido.

Bissextas, suas declarações públicas reforçavam o papel de “bela, recatada e do lar” primeiro atribuído à sua antecessora Marcela Temer, casada com Michel Temer (MDB).

Apareceu mais no ano eleitoral de 2022, quando outorgou às mulheres a missão de ser “mãe, esposa e ajudadora” do homem. Também disse que o marido “é imbrochável, incomível e imorrível” no programa do bolsonarista Sikêra Jr.
Foi também na segunda tentativa de Bolsonaro de conquistar a Presidência, esta perdida para Lula, que a oratória de Michelle surpreendeu o mundo político. A retórica, de forte apelo cristão, emergiu na convenção do PL. Discursou então: “Sejam fortes, queridos. Sejam fortes e corajosos. Não negociem com o mal. Esta luta não é contra homens e mulheres, é contra potestades e principados”.

Em março, antes de Bolsonaro voltar da temporada na Flórida pós-fracasso nas urnas, Michelle virou presidente do PL Mulher. As apostas para que ela concorra em 2026 crescem no bolão de Brasília. Ao Senado, sugerem os cautelosos. Por que não a presidente ou vice?, perguntam os mais ambiciosos. O ex-presidente está inelegível por ordem do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O casal atravessou junto na alegria do triunfo eleitoral de 2018, e agora na tristeza do escândalo que o levou às garras da Justiça. Jair e Michelle são investigados por supostos desvios de presentes que ele ganhou enquanto presidente, incluindo joias milionárias dadas pela Arábia Saudita.

Em evento do PL Mulher, a ex-primeira-dama ironizou que, de tanto ser questionada, lançaria uma linha chamada “Mijoias”. Dias depois, os dois decidiram silenciar sobre o caso diante da Polícia Federal.

Anna Virginia Balloussier / Folhapress

Hamas fez mais de 100 reféns durante incursão, diz Israel

Mais de cem pessoas foram feitas reféns pelo movimento palestino do Hamas, informou neste domingo (8) o governo israelense, depois de um ataque da facção extremista contra Israel deflagrado no dia anterior.

Israel publicou o número de pessoas que foram capturadas numa infografia em sua conta do Facebook, e um funcionário que prefere não ser identificado confirmou os dados à agência AFP. Já o Hamas disse que divulgaria um comunicado ainda neste domingo informando quantos civis e militares capturou.

Ainda neste domingo, o chefe do grupo palestino Jihad Islâmico, Ziad al-Nakhala, afirmou que sua facção mantém em cativeiro mais de 30 dos israelenses que foram sequestrados na Faixa de Gaza desde sábado.

Os reféns não serão repatriados “até que todos os nossos prisioneiros sejam libertados”, acrescentou al-Nakhala, referindo-se aos milhares de palestinos que estão em prisões israelenses.

Os ataques do Hamas, grupo militante que controla a Faixa de Gaza, em Israel no sábado foram um dos dias mais violentos e mortais na região em décadas. A facção lançou uma série de mísseis que atingiram grandes cidades israelenses e enviou combatentes pela fronteira para o sul de Israel, onde tomaram bases e capturaram reféns.

A captura de tantos israelenses, alguns filmados sendo puxados através de postos de segurança ou conduzidos, sangrando, para Gaza, acrescenta outra camada de complicação para o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, cujo governo é o mais à direita da história de Israel, depois de episódios anteriores em que reféns foram trocados por prisioneiros.

Neste domingo, o Hamas lançou mais foguetes contra Israel, disparando sirenes de ataque aéreo no sul do país, e os militares israelenses disseram que combinariam a retirada de pessoas das áreas de fronteira com a busca por mais homens armados da facção.

Em menos de dois dias, o conflito já matou mais de 900 pessoas. Em Israel, ao menos 600 pessoas foram mortas e outras 2.048 ficaram feridas, segundo a imprensa local. Já na Faixa de Gaza, pelo menos 313 pessoas, incluindo 20 crianças, morreram, e outras 2.000 ficaram feridas, de acordo com o Ministério da Saúde palestino. Mais sete pessoas perderam a vida na Cisjordânia.

Folhapress

Cerca de mil brasileiros em Israel já pediram para voltar ao Brasil

Foram identificados 3 brasileiros desaparecidos e 1 ferido no conflito
A Embaixada brasileira em Tel Aviv já colheu os dados de cerca de 1 mil brasileiros hospedados em Tel Aviv e em Jerusalém interessados em voltar ao Brasil. Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a maioria é de turistas que estão em Israel.

Os interessados preencheram um formulário online disponível no site da embaixada. Segundo o órgão, o preenchimento do formulário não assegura direito à repatriação e a inclusão na lista de passageiros será informada posteriormente.

O Itamaraty diz que segue acompanhando a situação dos turistas e das comunidades brasileiras na região. A estimativa é que 14 mil brasileiros vivem em Israel e 6 mil na Palestina, a grande maioria fora da área afetada pelos ataques.

O governo brasileiro reservou seis aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para a repatriação. Ainda neste domingo (8) um avião irá decolar com destino a Roma, na Itália, para trazer os brasileiros que tentam sair da Palestina ou de Israel devido ao conflito iniciado neste fim de semana.

Até o momento, foram identificados três brasileiros desaparecidos e um ferido após o conflito. Todos são binacionais e participavam de um festival de música no distrito sul de Israel, a menos de 20 quilômetros da Faixa de Gaza. O brasileiro ferido recebeu alta do hospital hoje e se encontra bem.

A Embaixada do Brasil em Tel Aviv publicou, em seu site, um formulário para inscrição de interessados nos eventuais voos de repatriação e transmitirá instruções para deslocamento ao aeroporto de Ben-Gurion à medida que se confirmarem os voos.

O governo brasileiro montou no Itamaraty estrutura para o acompanhamento da situação dos brasileiros na região. Os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com Whatsapp, permanecem em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência.

O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610.

Agência Brasil

Israel prepara retirada de civis em regiões fronteiriças após ataques terroristas do Hamas

Um dia depois de sofrer seu pior ataque em 50 anos, Israel se preparava neste domingo (8) para retirar civis de áreas próximas às fronteiras com a Faixa de Gaza e com o Líbano. O governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, que na véspera declarou guerra contra o grupo extremista islâmico Hamas, agora avalia uma possível incursão por terra contra o enclave palestino, que segue sob intensos bombardeios.

Terroristas do Hamas mataram pelo menos 600 israelenses e feriram mais de 2.000 em um ataque surpresa lançado por por terra, água e mar no sábado (7). Também levaram mais de cem reféns israelenses para a Faixa de Gaza. Israel revidou com ataques aéreos e matou 413 palestinos, incluindo 20 crianças, além de deixar 2.300 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.

As autoridades de Israel preparam a retirada de milhares de residentes de 24 localidades no sul do país, perto da fronteira com a Faixa de Gaza. Os moradores da região ainda processavam o choque dos massacres promovidos por terroristas do Hamas e da chuva de milhares de foguetes disparados a partir do enclave palestino na véspera.

O conflito já se espraia para o norte de Israel, que na manhã de domingo sofreu ataques de foguetes do grupo xiita Hizbullah, apoiado pelo Irã. Não havia registros de mortos na ação. Israel revidou com bombardeios no sul do Líbano e ordenou a retirada de moradores da região de fronteira.

Bibi, como o premiê é conhecido, disse neste domingo que o conflito contra o Hamas seria “longo e difícil”. Em busca de apoio internacional, ele conversou com telefone com líderes de países do Ocidente como o americano Joe Biden, o britânico Rishi Sunak, o alemão Olaf Scholz e o ucraniano Volodimir Zelenski.

Após os serviços de inteligência terem sido pegos de surpresa pelos ataques terroristas do Hamas, o governo de Israel afirmou que buscará eliminar “capacidades militares e de governo do Hamas e do Jihad Islâmico de uma forma que impediria a sua capacidade e vontade de ameaçar e atacar os cidadãos de Israel durante muitos anos”.

O Hamas disse que a ofensiva foi motivada pelos “ataques crescentes” de Israel contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos nas prisões israelenses.

Na Faixa de Gaza, que concentra 2 milhões de palestinos, moradores relatam desespero sob os bombardeios isralenses. Ao menos 20 mil pessoas buscaram abrigo em escolas administradas pela UNWRA, agência das Nações Unidas que administra campos de refugiados na região.

Segundo a emissora qatari Al Jazeera, um bombardeio da Israel matou ao menos 22 membros de uma mesma família em Khan Younis, no sul do enclave palestino. Os membros da família Abu Daqqa estavam em suas casas quando elas foram atingidas por mísseis israelenses.

Já no Egito, dois turistas israelenses e um guia egípcio foram mortos a tiros na cidade de Alexandria, informou o Ministério das Relações Exteriores de Israel.

Ao menos três brasileiros estão desaparecidos desde sábado em Israel, enquanto outro ficou ferido nos ataques do Hamas, segundo fontes do Itamaraty. O governo do Brasil anunciou que enviará aviões para repatriar cidadãos do país que estão em Israel, nos territórios palestinos Palestina e em outros países do Oriente Médio.

Há estrangeiros entre os reféns levados para a Faixa de Gaza. O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, disse à Fox News que há dezenas de israelenses com cidadania americana entre os reféns. Já o a embaixadora no Reino Unido disse à Sky News que um cidadão britânico foi levado para Gaza. Autoridades do México e da Alemanha disseram suspeitar que cidadãos de seus países também foram sequestrados.

Folhapress

Do carro elétrico ao parque eólico, Bahia desponta no cenário nacional e mostra fôlego em momento de franco desenvolvimento

Nesta segunda-feira (9), a Bahia protagoniza mais um feito que demonstra o momento positivo pelo qual está passando no que se refere à aceleração do crescimento econômico e social do estado. A gigante chinesa da indústria automobilística – BYD lança a pedra fundamental do complexo fabril que vai produzir, em solo baiano, veículos de passeio elétricos e híbridos, caminhões elétricos, chassis de ônibus, além de processar lítio e ferro fosfato.

O fato histórico para o estado se junta ao cenário de recordes recentes de investimentos próprios e privados que promovem crescimento também em outros setores e se refletem em avanços econômicos e de geração de empego. Somente por parte da BYD, o investimento na implantação das fábricas em Camaçari será de R$ 3 bilhões. A empresa estima a geração de cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos e já anunciou também que promoverá treinamento e capacitação de mão de obra especializada, com prioridade para profissionais locais.

Antes de participar do evento que marca oficialmente o início da instalação das novas fábricas, o governador Jerônimo Rodrigues visitou o local, neste domingo (8), acompanhado de uma comitiva de secretários e dirigentes do Governo do Estado e de representantes da empresa. Além dele, a cerimônia da pedra fundamental terá a presença do fundador e CEO Global da BYD, Wang Chuanfu, e da CEO BYD Américas, Stella Li. O vice-presidente, Geraldo Alckmin e ministros do Governo Federal também estarão presentes.

A força baiana de atração de investimentos tem na BYD o seu exemplo mais recente, mas já demonstra desempenho positivo há mais tempo. Somente este ano, de janeiro a setembro, foram 49 novos empreendimentos implantados na Bahia, marcando R$ 3,96 bilhões em investimentos e geração de mais de 5 mil empregos. Nos próximos anos, a projeção é de que sejam criados 34,5 mil postos de trabalho, a partir de 380 empreendimentos, que foram ou estão sendo instalados ou ampliados no estado, com aporte de R$ 127 bilhões para o incremento da economia baiana.

Os setores de geração de energias renováveis, eólica e solar, se destacam entre os que mais crescem no estado. O Complexo Eólico de Tucano, localizado nos municípios de Tucano, Biritinga e Araci, é o mais novo desse setor a se instalar em solo baiano. Inaugurado no dia 3 de outubro, será operado 100% por mulheres, com investimento de R$ 1,5 bilhão. Este e outros empreendimentos, unidos ao crescimento do setor de serviços, colocam a Bahia como o sexto estado brasileiro com melhor saldo na geração de empregos este ano.

Quando se trata de investimentos, com recursos próprios, em áreas de impacto direto na vida de baianos, os números também destacam a Bahia nacionalmente. O estado é líder no país em investimentos como proporção das receitas. O total investido até a primeira quinzena de setembro somou R$ 5,85 bilhões. As áreas sociais foram, com larga vantagem, as mais contempladas com estes recursos: foram R$ 2,68 bilhões desembolsados pelas secretarias de Educação, Saúde e Segurança, e no setor de infraestrutura foram R$ 2,65 bilhões aplicados em obras e ações das secretarias de Infraestrutura, Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura Hídrica.

De acordo com informações da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), vinculada ao Ministério da Fazenda, ao destinar 14% de sua receita total para os investimentos até o mês de junho, o governo baiano teve a melhor performance entre os estados no período.

Santa Catarina decreta fechamento de barragens após duas mortes

Por causa das chuvas, 82 municípios estão em situação de emergência
Os estragos causados pelas fortes chuvas e a previsão de novas precipitações levou o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, a determinar o fechamento de comportas das barragens de Ituporanga e de José Boiteaux. Em todo o estado, 82 municípios estão em situação de emergência.

Neste sábado (7), a Defesa Civil estadual confirmou a segunda morte. A vítima é um homem da cidade de Palmeira (SC). Ma quarta-feira (4), foi registrado o óbito de um outro homem em Rio do Oeste (SC).

Em muitas cidades, os bombeiros estão resgatando moradores com uso de botes infláveis. Ainda não foi divulgada pelo governo catarinense uma estimativa do total de desabrigados.

As regiões mais afetadas pelas chuvas que atingem o estado de Santa Catarina nos últimos dias são o Vale do Itajaí, o Planalto Norte e a Oeste, além de áreas próximas à divisa com o Rio Grande do Sul. Prognósticos técnicos que apontam que, com as chuvas previstas para este domingo (8), os rios possam atingir níveis expressivos de 14 metros. Novas precipitações também são esperadas para o decorrer da semana, embora com menos força.

O governo orienta que a população que mora em áreas de risco deixe suas residências e busquem abrigo seguro. Efetivos do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar foram destacados para atuar com helicópteros e outros equipamentos. O estado do Paraná também enviou reforços. O governo catarinense pediu ainda apoio ao Exército Brasileiro.

Agência Brasil

Bolsonaro diz que 8/1 prejudica ato antiaborto e chama ataque golpista de ‘arapuca da esquerda’

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (8) em Belo Horizonte que os atos golpistas de bolsonaristas no 8 de janeiro foram uma “arapuca patrocinada pela esquerda”.

A declaração foi dada durante concentração para passeata contra o aborto na Praça da Liberdade.

Os ataques do 8/1 realizados em Brasília por apoiadores de Bolsonaro incluíram a invasão da Esplanada dos Ministérios e vandalismo nas sedes dos três Poderes. Neste domingo, Bolsonaro fez referência aos atos ao notar que a praça tinha menos gente do que em passagem anterior pelo local.

“Estivemos aqui no ano passado. A praça estava lotada. Creio que a diminuição no número de pessoas é pelo temor do que aconteceu em 8 de janeiro”, disse.

No mês passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) condenou os primeiros três acusados pelo 8/1 por crimes como associação criminosa e golpe de Estado, com penas de até 17 anos de prisão.

“Brasileiros, patriotas, que foram manifestar, entraram em uma arapuca, numa armadilha patrocinada pela esquerda”, afirmou Bolsonaro, sem explicar como isso teria ocorrido.

Declarado inelegível por oito anos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Bolsonaro inflamou seus apoiadores principalmente contra o STF ao longo de seu mandato.

Neste domingo, os manifestantes ocuparam parte da praça no ato contra aborto em frente ao Palácio da Liberdade. A PM de Minas não divulga estimativa de participantes.

Manifestantes na concentração antes da passeata mostravam faixas e cartazes contra a ADPF 442, que descriminaliza o aborto no país e está no STF à espera de julgamento.

Além dos cartazes, gritos de “quero ouvir de novo, supremo é o povo”. Gestantes e crianças foram colocadas sobre um caminhão de som utilizado para discursos.

A maior parte dos manifestantes era formada por fieis de igrejas evangélicas, como a do pai do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), e da igreja católica carismática do deputado federal Eros Biondini (PL).

O ex-presidente e a ex-primeira-dama cumprem agenda em Belo Horizonte desde sexta (6). No primeiro dia, Bolsonaro almoçou com correligionários e participou de culto em igreja evangélica cujo pastor é o pai do deputado Nikolas Ferreira.

Bolsonaro também se encontrou com representantes do setor agrícola. No sábado (7), o ex-presidente tomou café da manhã com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

No mesmo dia, ele a ex-primeira dama participaram de encontro do PL Mulher. Michelle é presidente da ala nacional do partido. Redes bolsonaristas reproduziram vídeos do ex-presidente em pelo menos dois restaurantes da cidade ao longo da tarde.

A passeata contra o aborto é a última agenda do casal na capital mineira.

Leonardo Augusto / Folhapress

Brasil avalia enviar aviões para repatriar cidadãos em Israel e na Palestina

O governo brasileiro avalia neste domingo (8) um plano de repatriação de cidadãos do país que estão em Israel e na Palestina, após os ataques iniciados no sábado (7) pelo grupo extremista Hamas.

A FAB (Força Aérea Brasileira) tem quatro aviões à disposição do governo Lula (PT) para o resgate. Os planos de voo já foram acertados e serão apresentados pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em reunião.

Participam da reunião a ministra interina das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, o assessor especial da Presidência Celso Amorim e o próprio Múcio.

A reunião foi convocada no sábado (7). Múcio e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, estavam em voo rumo à Suécia, com escala em Cabo Verde, para uma série de reuniões sobre os caças Gripen.

O ministro recebeu uma ligação do Palácio do Planalto com a convocação da reunião, e o avião deu meia-volta já sobrevoando território africano para voltar a Brasília.

Segundo o Itamaraty, um brasileiro foi ferido durante os ataques em Israel. Ele recebe tratamento hospitalar no país. O governo brasileiro não sabe o paradeiro de outros dos brasileiros.

Um dia após Israel sofrer o pior ataque em 50 anos e revidar com bombardeios na Faixa de Gaza, o número de mortos nos dois lados passou de 900 neste domingo (8), de acordo com autoridades. Novas explosões foram registradas, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, anunciou a retirada de milhares de pessoas que moram próximas do território controlado pelo grupo extremista Hamas.

Cerca de mil combatentes do Hamas, facção que controla a Faixa de Gaza, se infiltraram por terra, mar e ar em solo vizinho no sábado (7). A ação, sem precedentes, foi acompanhada dos disparos de milhares de mísseis contra Israel. Neste domingo, após Netanyahu declarar guerra, o conflito alastrou-se: militares israelenses relataram que mais morteiros foram disparados do Líbano contra o norte do país.

O grupo armado Hizbullah assumiu a autoria dos ataques e manifestou “solidariedade” ao povo palestino. A ação teve como alvo três postos militares nas Fazendas Shebaa, uma fatia de terra ocupada por Israel desde 1967 que o Líbano reivindica como sua.

Cézar Feitoza / Folhapress

Com obras adiantadas, semianel rodoviário vai melhorar mobilidade e promover desenvolvimento em Irecê

A obra de implantação e pavimentação do semianel rodoviário de Irecê, realizada pelo Governo do Estado através da Secretaria de Infraestrutura da Bahia (Seinfra), vai proporcionar mais desenvolvimento regional por ser, além de um facilitador da mobilidade urbana, um novo vetor de crescimento. Além disso, quando pronta, vai retirar o fluxo de veículos pesados de dentro da cidade.

Com conclusão prevista para dezembro de 2023, os serviços nos 7,30 km já têm mais de 70% de execução e incluem a construção de quatro rotatórias e a pavimentação do trecho. Atualmente, está em andamento a implantação da terceira rotatória. Com um investimento de R$ 13,7 milhões, a obra vai beneficiar os mais de 74 mil habitantes do município.

Conflito entre Israel e Hamas entra no 2º dia; ao menos 576 pessoas já morreram

Cerca de 24 horas depois do começo dos ataques entre o grupo extremista Hamas e Israel, o número de mortos na Faixa de Gaza é de ao menos 313 e o de feridos, 1.990, informou o ministério da Saúde palestino neste domingo (8). Ao menos 20 dos mortos são crianças.

De acordo com os últimos dados divulgados pelas autoridades, a contagem de mortos chegou a 576, dos quais 256 em Israel e sete na Cisjordânia.

Cerca de mil combatentes do Hamas, facção que controla a Faixa de Gaza, lançaram aproximadamente 5.000 foguetes e entraram por terra, mar e ar em solo vizinho no sábado (7). Neste domingo, o conflito alastrou-se: militares israelitas relataram que morteiros foram disparados do Líbano para o norte de Israel.

O grupo armado Hezbollah assumiu a autoria dos ataques no norte do território israelense, dizendo que estava “em solidariedade” com o povo palestino. A ação teve como alvo três postos, incluindo um “local de radar” nas Fazendas Shebaa, uma fatia de terra ocupada por Israel desde 1967 que o Líbano reivindicou como sua.

As forças israelenses responderam com ataques de artilharia ao Líbano e uma ofensiva de drones a um posto do Hezbollah perto da fronteira. Não houve relatos de vítimas.

Um porta-voz militar israelense disse que operações estavam acontecendo em oito áreas ao redor de Gaza no domingo. A cidade amanheceu com fumaça preta, flashes de cor laranja e faíscas no céu devido às explosões. Drones israelenses podiam ser ouvidos no alto.

Depois de uma reunião noturna do gabinete de segurança de Israel, o governo anunciou na manhã deste domingo que o objetivo da sua operação retaliatória em Gaza era “conseguir a destruição das capacidades militares e de governo do Hamas e da Jihad Islâmica de uma forma que impediria a sua capacidade e vontade de ameaçar e atacar os cidadãos de Israel durante muitos anos”.

“Estamos embarcando numa guerra longa e difícil que nos foi imposta por um ataque assassino do Hamas, acrescentou o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, em comunicado.

Ao lançar o ataque no sábado, o Hamas disse que a ofensiva foi motivada pelos “ataques crescentes” de Israel contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos nas prisões israelenses. O comandante militar do grupo, Mohammad Deif, convocou os palestinos de todo o mundo para lutar.

Considerado terrorista pelos Estados Unidos e boa parte dos países europeus, o Hamas prega a destruição de Israel em seu estatuto. Foi criado em 1987, após o início da primeira intifada, levante palestino contra forças israelenses.

A escalada surge num contexto de violência crescente entre Israel e militantes palestinos na Cisjordânia ocupada por Israel, onde uma autoridade palestina exerce um governo limitado, à qual se opõe o Hamas.

Folha de S. Paulo

Congresso obtém volume inédito de verbas, mas aplicação é falha

Os 594 congressistas assumiram nos últimos dez anos um poder inédito de manejo individual das verbas do Orçamento federal, mas os problemas na aplicação desse dinheiro se mantêm: falta de transparência, de critérios estruturantes, desperdício, obras malfeitas, favorecimento político e suspeitas de corrupção.

A estimativa para 2023 é de R$ 46,3 bilhões para as chamadas emendas parlamentares, o que representa quase 30% de tudo o que o governo federal tem para uso livre.

O valor soma a verba que foi rebatizada com o fim das emendas do relator, mas mantém critério político para distribuição.

Com isso, cada um dos 513 deputados federais tem o poder de direcionar ao menos R$ 32 milhões do orçamento para seus redutos eleitorais. Já os 81 senadores, R$ 59 milhões.

Esses valores –que representam o dobro ou o triplo do que tinham há dez anos, apesar de a inflação no período ser de cerca de 70%– são ainda maiores caso o parlamentar exerça alguma influência no Congresso ou sobre o governo.
Como a Folha e outros veículos de imprensa mostraram em diversas reportagens nos últimos anos, emendas estão no centro de suspeitas de corrupção com verba da saúde e para pavimentação, além de serem usadas para obras malfeitas e cuja aplicação deixa de lado critérios técnicos e estruturantes, para privilegiar interesses paroquiais e eleitoreiros.

Locais com escassez de água no sertão nordestino, por exemplo, foram deixados de lado na entrega de caixas d’água no ano passado, enquanto equipamentos estão estocados em redutos de líderes do Congresso.

Líder do centrão, o grupo que encabeça a pressão pela elevação do dinheiro federal para as emendas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é um defensor público do mecanismo, sob o argumento de que os parlamentares são os maiores conhecedores das necessidades dos grotões. Ele diz que basta coibir eventuais irregularidades.

“Eu sempre defendi emenda parlamentar e continuarei defendendo, porque ninguém conhece mais o Brasil do que o parlamentar”, disse recentemente o presidente da Câmara, em entrevista à Folha.

A realidade, porém, é repleta de exemplos que vão no sentido contrário a essa afirmação.

Destino de bilhões em emendas, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) acumula suspeitas de corrupção e registros de uso inadequado da verba federal.

A Folha percorreu recentemente cinco estados do Nordeste e flagrou distorções na entrega de caixas d’água em regiões secas, uma das funções da companhia. O dinheiro para a compra dos equipamentos foi drenado pelas emendas, mas há moradores esquecidos pelas indicações parlamentares.

Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação mostram que 201 dos 228 municípios com prioridade alta ou muito alta (88%) não receberam nenhum equipamento.

No governo Bolsonaro, a companhia se afastou da vocação histórica de promover projetos de irrigação e passou a escoar verbas de emendas em obras de pavimentação e maquinários. Lula (PT) manteve o comando da Codevasf em troca de apoio no Congresso.

A Polícia Federal e órgãos de controle ainda apuram se verba da estatal foi desviada. Um dos inquéritos avalia se o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), foi beneficiado com o dinheiro de obras de pavimentação executadas por empresa suspeita de corrupção. Juscelino nega qualquer irregularidade.

No início do ano, o TCU (Tribunal de Contas da União) chegou a cobrar que a Codevasf trouxesse a público “casos de sucesso” em licitações de pavimentação da estatal.

A determinação constou em acórdão no qual os auditores do tribunal mostraram irregularidades em vários casos e situações em que a estatal colocou asfalto até em ruas que já estavam pavimentadas.

A CGU (Controladoria Geral da União) já havia flagrado um combo de irregularidades em alguns estados, incluindo asfalto que esfarela como farofa e forma crateras, além de maquiagem na prestação de contas e indícios de superfaturamento.

A Codevasf cresceu na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e expandiu seu foco e sua área de atuação –mas sem planejamento e com controle precário de gastos, distorções mantidas sob Lula.

Ao mesmo tempo, a estatal se transformou num dos principais instrumentos para escoar a verba recorde das emendas, distribuídas a deputados e senadores com base em critérios políticos, em especial do centrão.

Em 2021, por exemplo, a Folha foi à região de Petrolina (PE), local de destino de ao menos R$ 200 milhões em emendas para obras de pavimentação destinadas pelo então líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

A cidade era administrada por um de seus filhos, Miguel Coelho.

Na cidade, as obras ganharam apelido de farofa ou Sonrisal, em referência ao esfarelamento dos trechos pavimentados.

O pavimento usado derretia com o forte calor e grudava nos calçados dos moradores. Quando secava e se quebrava em pedaços, começava a esfarelar.

A cronologia do fortalecimento do Congresso no manejo do orçamento federal começa no governo Dilma Rousseff (PT), quando o grupo liderado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha impôs derrotas em série ao governo.

Antes de 2015, a execução das emendas parlamentares era uma decisão política do governo, que poderia ignorar a destinação apresentada pelos congressistas.

Por meio da emenda constitucional 86, de 2015, estabeleceu-se a execução obrigatória das emendas individuais, o chamado orçamento impositivo, com algumas regras.

Foi sob Bolsonaro que os valores apresentaram a maior expansão.

Ele não só abriu mão de bilhões de reais para conseguir formar uma base parlamentar. Ele também deu uma autonomia completa para a cúpula do Congresso decidir para onde todo esse montante seria destinado –os ministros, muitas vezes, apenas recebiam a notificação da decisão do deputado ou senador.

O valor destinado às emendas se multiplicou. Passou de cerca de R$ 10 bilhões anuais para R$ 46 bilhões em 2020.
A cifra das emendas chegou a representar mais da metade da verba discricionária federal prevista, ou seja, dos recursos que não estão comprometidos com salários e outras obrigações e podem ser usados em obras e investimentos públicos.

Lula, durante a campanha eleitoral, criticou esse modelo de negociação com o Congresso e prometeu que os acordos não ficariam às escuras. Mas, quando assumiu a Presidência da República, manteve a falta de transparência e privilegia cidades de deputados e senadores mais poderosos.

Em 2022, o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou inconstitucional a emenda de relator. A verba foi rebatizada e transferida ao orçamento dos ministérios, mas o governo Lula driblou a decisão e manteve o uso político dos recursos –há R$ 9,8 bilhões reservados em 2023 para esse tipo de negociação.

Assessora política do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), Alessandra Cardoso afirma que o Legislativo não observa prioridades regionais e políticas públicas ao direcionar os recursos. “Isso distorce completamente a execução orçamentária do governo federal”, diz.

Para o próximo ano, o Congresso já discute um novo formato que continuará fortalecendo a cúpula das duas Casas e deverá reduzir ainda mais o poder de Lula sobre esses recursos.

Mateus Vargas, Thiago Resende e Ranier Bragon / Folhapres

Destaques