Corinthians é tetra no Paulistão e Inter é campeão do Gaúcho Feminino

Os times femininos do Corinthians (também conhecido como As Brabas) e do Internacional (Gurias Coloradas) conquistaram o título estadual neste domingo (26), nos Campeonatos Paulista e Gaúcho, respectivamente. As Brabas garantiram o tetracampeonato com goleada em casa sobre o São Paulo, por 4 a 1, revertendo a derrota no jogo de ida (2 a 1 ). Com a conquista deste domingo no Paulistão, o time feminino do Corinthians fecha 2023 colecionando taças: foi campeão da Supercopa do Brasil, do Brasileirão e da Copa Libertadores.

Já as Gurias Coloradas empataram com o Grêmio (1 a 1) em Porto Alegre, resultado suficiente para levantar a taça estadual, pois já haviam vencido em casa (2 a 0) no primeiro jogo da final. A conquista foi a primeira da temporada 2023 e também teve gosto de revanche, já que as duas equipes se enfrentaram na edição passada, quando o Grêmio levou a melhor.

O Inter entrou em campo neste domingo na Arena do Grêmio com a vantagem de dois gols obtida no jogo de ida. Priscila abriu o placar para as Gurias em cobrança de pênalti no primeiro tempo e Pati Maldaner igualou na etapa final. As Gurias Coloradas são as maiores campeãs do Gauchão Desde 2017, quando o futebol feminino foi retomado no clube, o time foi campeão cinco vezes (2017, 2019, 2020, 2021 e 2023).

Em São Paulo, as Brabas contaram com o apoio de mais de 40 mil torcedores na Neo Química Arena para reverter a derrota por 2 a 1 no jogo de ida. Jaqueline abriu o marcador para as donas da casa na primeira etapa e, após o intervalo, Tarciane, Vic. Albuquerque e Jheniffer ampliaram o placar. O gol de honra do Tricolor foi de Dudinha ainda na primeira etapa.

Com o tetracampeonato - as taças anteriores foram levantadas em 2019, 2020 e 2021 - o time feminino do Corinthians feminino entrou no seleto grupo de maiores campeões do Paulistão Feminino, onde estão Santos e Juventus.
Edição: Cláudia Soares Rodrigues
Por Agência Brasil - Rio de Janeiro

Entenda a origem do Hamas, grupo islâmico palestino que controla Gaza

Surgimento ocorreu em 1987, após início da primeira Intifada
Um dos principais atores do conflito no Oriente Médio é o Hamas, grupo que liderou o ataque contra Israel no dia 7 de outubro, sendo considerado uma organização terrorista por países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão e nações europeias. Para entender a guerra atual na Palestina, é preciso conhecer as origens e história dessa organização.

O Hamas, palavra que significa “Movimento de Resistência Islâmica”, foi fundado em 1987 após o início da primeira Intifada, que foi uma ampla revolta palestina contra a ocupação israelense em seus territórios. O grupo foi criado a partir da Irmandade Mulçumana que, até então, fazia um trabalho de assistência social na Palestina.

Ao contrário do Fatah, partido que ainda hoje administra parte da Cisjordânia, o Hamas não aceitou desistir da luta armada e se opôs aos acordos de Oslo, que levaram a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) a depor as armas e negociar com Israel.

A partir dos anos 2000, Hamas passou a disputar eleições e, em 2006, conquistou a maioria no legislativo (76 das 132 cadeiras), em um pleito considerado limpo por observadores internacionais. Porém, Israel, Estados Unidos e potências europeias não aceitaram o resultado e a disputa entre Fatah e Hamas separou o território palestino, com Fatah controlando parte da Cisjordânia e Hamas ficando com toda Faixa de Gaza. Desde então, Gaza vive um bloqueio imposto por Israel, que monitora a entrada e saída de pessoas e mercadorias.

Para entender melhor a história desse grupo islâmico, a Agência Brasil entrevistou dois especialistas no assunto. O primeiro foi o professor de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo José Arbex Junior, que é escritor e doutor em História pela USP. Autor do livro Terror e Esperança na Palestina, ele foi correspondente internacional da Folha de São Paulo em Moscou e Nova York.

A segunda foi com a professora de pós-graduação em Relações Internacionais da PUC de Minas Gerais Rashmi Singh. De origem indiana, ela estuda a questão árabe-israelense há mais de 20 anos e escreveu o livro O Hamas e o terrorismo suicida: abordagens multicausais e multiníveis.

Agência Brasil: O que determinou a origem do Hamas?

José Arbex: Ele surge, na sua versão original, como um braço da Irmandade Mulçumana na palestina, organização que tem como principal objetivo a assistência social, filantrópica e educativa para atenuar as misérias causadas pela pobreza. Com a 1ª intifada, o Hamas foi criado com objetivo de lutar militarmente contra Israel.

Eles entenderam, a partir da 1ª intifada, que não havia mais como negociar, uma vez que Israel exercia força bruta, incluindo assassinatos contra adolescentes e crianças. Isso distanciou o Hamas da OLP, que assumiu o caminho do diálogo, abandonando a luta armada.
Rashmi Singh: O Hamas foi criado a partir da Irmandade Mulçumana, organização que estava presente na Faixa de Gaza desde 1945. O grupo foi criado para ter uma participação mais ativa na resistência contra a ocupação de Israel com a 1ª intifada.

Com a 1ª intifada, a Irmandade quis participar para ficar relevante no ambiente político palestino. Como eles tinham medo da resposta de Israel, criaram o Hamas.

A diferença do Hamas para os outros partidos palestinos foi o uso do islamismo no discurso para ganhar a nação palestina. Já haviam partidos antigos usando narrativas de nacionalismo palestino e defendendo a luta armada. O que mudou com Hamas foi a ligação do partido com o Islã.

Agência Brasil: Quando o Hamas começou a usar violência contra alvos civis?

José Arbex: Num dado momento, surge dentro do Hamas a disposição de promover ataques a bombas contra civis, mas essa não foi a única forma de luta do grupo. O Hamas também apoiou várias tentativas de luta civil em que a população fazia marchas pacíficas até a fronteira. Em resposta, Israel mandava atirar matando e mutilando centenas de civis. Isso demonstrava que não havia como negociar pacificamente com Israel.

Sempre teve gente muito radical e gente mais disposta ao diálogo no Hamas. Até hoje é assim. O que aconteceu é que o atentado em Hebron foi tão brutal que despertou ainda mais os setores mais radicais do Hamas [Em 1994, um colono israelense abriu fogo contra palestinos que rezavam em uma mesquita, matando 29 pessoas]. Quando o colono faz isso e não é punido, isso desperta os setores mais radicais do Hamas.

Rashmi Singh: É difícil falar o momento que eles começaram a usar terrorismo. Hamas tinha uma narrativa violenta desde o início da 1ª intifada, mas não era só o Hamas. O próprio Fatah e outros partidos também tinham essa narrativa violenta. Inicialmente, a violência do Hamas era contra alvos militares até porque os tanques invadiram as cidades palestinas na 1ª intifada, não tinha como não ser contra militares.

Mas quando começou o acordo de Oslo eles percebem que, para continuar a ter relevância, tinham que manter a posição revolucionária e, para isso, precisavam usar violência, fazendo isso contra os colonos e militares israelenses.

Hamas tem objetivos estratégicos para usar o terrorismo. O primeiro objetivo é sempre a sobrevivência. Eles usam violência para sobreviver em um ambiente político que não têm mesmo nível dos outros partidos. O segundo objetivo é para ficar relevante. Outro motivo é a vingança.

É muito difícil explicar como a ocupação israelense é pesada, como é difícil o dia a dia dos palestinos. É difícil falar com palavras, tem que ir lá ver a ocupação. Nesse cenário, um dos objetivos da violência é a vingança. Muitos voluntários do Hamas perderam famílias, casas, e tiveram irmãs estupradas. A violência do Hamas é uma vingança contra a violência da ocupação.

Agência Brasil: Qual o atual objetivo do Hamas? Há espaço para negociação?
José Arbex: A primeira carta de princípios do Hamas, de 1987, dizia que o objetivo era acabar com Israel e com os judeus, declarações que poderiam ser classificadas como antissemitas. Mas, em 2017, elas adotaram outra carta e substituem a palavra judeu, se colocando contra apenas os sionistas. Além disso, proclamam a intenção de criar um Estado islâmico, regido pelas leis islâmicas, mas onde seriam assegurados os direitos e a plena cidadania a islâmicos, cristãos e judeus.

Ao contrário do que dizem, o Hamas quis, ao longos dos anos, entrar num processo de negociação. Quem não quer é israel. A própria OLP, por exemplo, era chamada de terrorista antes do acordo de Oslo e isso não impediu Israel de negociar.

Rashmi Singh: Hamas sempre mostrou capacidade para negociação. Temos que separar o que é narrativa e o que é comportamento. Apesar de sempre ter existido essa narrativa de não aceitar Israel, na prática eles sempre mostraram capacidade de diálogo, diferente da Jihad Islâmica, que é bem mais radical e não tem capacidade de negociar.

Foram muitas vezes que eles sugeriram parar de usar violência, desde que Israel aceitasse determinadas condições, mas essas condições nunca foram aceitas, como o retorno dos palestinos para suas terras. Temos que entender que Israel não aceita a solução dos dois estados.

Nós perdemos a oportunidade de moderar o Hamas quando ele ganhou as eleições em 2006 e o resultado foi rejeitado. Foi um grave erro nessa época.

Agência Brasil: O que aconteceu depois da vitória do Hamas em 2006?

José Arbex: Aconteceu que Israel e os EUA não reconheceram as eleições, considerada limpa por observadores internacionais. Como não aceitaram o resultado, iniciou-se uma disputa que deu ao Hamas o controle da Faixa de Gaza, com a Cisjordânia ficando com a Autoridade Nacional Palestina (ANP) [entidade que administra parte da Cisjordânia e, até 2006, administrava Gaza].

Mas essa foi uma crise provocada por Israel e Estados Unidos. Afinal, Benjamin Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] achava bom o crescimento do Hamas porque isso dividia os palestinos.

Por isso, Israel fechou os olhos para o fato de o Hamas receber verbas e dinheiro do Catar e de outras fontes sunitas. Durante todo esse período, Israel permitiu que Hamas recebesse fundos, mantendo a política terrível chamada de ceifadeira. Essa política deixava o Hamas crescer e se armar. Depois de crescer um pouco, Israel vai lá e dá uma “podada” na grama. Isso explica os ataques à Gaza de tempos em tempos.

Rashmi Singh: O Hamas ganhou em uma situação de guerra e de muita violência. Havia também muita corrupção na Autoridade Nacional Palestina. O sentimento da população, depois de dez anos de Oslo, era de que a ANP não tinha capacidade de garantir a paz ou os dois estados.

Porém, Israel, Estados Unidos e União Europeia não aceitaram o resultado da eleição democrática. Esses países começaram a apoiar a ANP para dividir o movimento palestino. Mahmoud Abbas, que perdeu as eleições, viu a chance de continuar no poder e também não aceitou a vitória do Hamas. Edição: Aline Leal
Por Lucas Pordeus León - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Dr. Valnei volta a ocupar cargo no primeiro escalão do governo da prefeita Maria

A prefeita Maria das Graças nomeou o médico Valnei Luciano Pereira Pestana para exercer o cargo de Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico. O ato foi oficializado no Diário Oficial do Município, edição do último dia 22 de novembro, através do Decreto n°2.509. O comando da pasta estava ocupado voluntariamente pelo vice-prefeito Cezário Costa.

A capacidade de articulação, o trânsito livre em diversos setores das esferas municipal e estadual, o grau de confiabilidade e o espírito público que Valnei Pestana sempre apresentou, foram fatores fundamentais para que a prefeita lhe formula-se o convite para voltar a ocupar sua equipe administrativa.

O convite foi aceito devido às boas intenções da gestora em promover avanços nos setores abrangidos pela pasta, sobretudo no tocante a implantação de um polo industrial. Recentemente a prefeita Maria e o secretário recém nomeado estiveram com o Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico do Estado, Ângelo Almeida, tratando do assunto. Desse encontro também participaram a empresária Flávia Mendonça e o deputado Niltinho.

Inicialmente o secretário Valnei Pestana pretende fazer um levantamento das unidades de produção relacionadas ao comercio e a indústria, principalmente as indústrias de transformação, assim como às pequenas indústrias, para em seguida buscar sustentabilidades para elas. Ele acredita que após um criterioso diagnóstico o município terá condições de contribuir para esse desenvolvimento.

O novo secretário vê no turismo um promissor fator do desenvolvimento econômico do município e, dentre outras potencialidades no setor, cita o Festival do Chocolate, a Festa de São Pedro e a Mata Atlântica que oferece uma diversidade de atrativos.

Em momento anterior da administração municipal, Dr. Valnei, como é mais conhecido na cidade, foi titular das secretarias de Saúde e Agricultura, realizando um bom trabalho em ambas. Ele é o atual Presidente da Câmara Setorial do Cacau da Bahia, vinculada ao Governo do Estado, e do Sindicato Rural de Ipiaú.

Além disso, teve atuação na diretoria da Associação dos Produtores de Cacau e Chocolate do Estado da Bahia e foi um dos fundadores da Associação dos Produtores de Cacau e Chocolate do Território do Médio Rio das Contas(APROC).

Na Secretaria de Saúde, Dr. Valnei foi o responsável pela implantação em Ipiaú do Programa Saúde da Família (PSF) e do CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). Na Secretária de Agricultura e Meio Ambiente, iniciou o processo de organização das associações rurais de Ipiaú, dando impulso para que elas estivessem aptas a participar do Programa Nacional de Alimentação Escolar -PENAE-. ( Giro/José Américo Castro).

Futura chanceler de Milei se reúne com ministro Mauro Vieira em Brasília

A futura chanceler do governo de Javier Milei na Argentina, Diana Mondino, se reuniu neste domingo (26) em Brasília com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira.

Mondino publicou uma foto em suas redes sociais ao lado de Vieira, e compartilhou uma notícia que afirma que ela convidou pessoalmente o presidente Lula (PT) para a posse de Milei.

O Itamaraty confirmou o convite à Lula, e disse que Mondino e Vieira também discutiram “aspectos da relação bilateral”, além do atual estágio das negociações entre o Mercosul e a União Europeia.

O encontro dos dois ocorre em meio à indefinição sobre a participação de Lula na cerimônia oficial de posse, prevista para 10 de dezembro, depois que Milei convidou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o evento.

Durante a campanha, o ultraliberal chegou a dizer que, se fosse eleito, não se reuniria com o presidente brasileiro porque ele é corrupto e comunista. Sem apresentar provas, Milei também acusou o petista de tentar interferir no resultado.

Apesar de não ter se posicionado publicamente durante a corrida contra o candidato ultraliberal, nos bastidores, o governo brasileiro torcia pelo peronista Sergio Massa, aliado do atual presidente, Alberto Fernández —parceiro de Lula.

Após o resultado das eleições na Argentina, Lula parabenizou o povo e as instituições pelo processo, e desejou êxito ao novo governo, mas não citou Milei.

“A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica”, escreveu Lula após a vitória de Milei.

“Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos”, completou o presidente pelas redes.

A participação de Mondino no governo é uma das apostas do governo Lula para que a relação entre os dois países seja pautada por pragmatismo em temas-chave como comércio regional, Mercosul e acordo com a União Europeia.

Tanto em declarações públicas como em reunião privada com o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, Mondino ofereceu uma visão mais moderada do que os discursos do presidente eleito durante a campanha.

Thaísa Oliveira/Folhapress

Nova troca de reféns e prisioneiros está prevista no 3º dia de trégua entre Israel e Hamas

Uma nova libertação de reféns sequestrados pelo
Hamas em troca de prisioneiros palestinos está prevista para este domingo, 26, no terceiro dia de uma trégua temporária entre Israel e o movimento islamista palestino, que permite fornecer mais ajuda humanitária aos habitantes da Faixa de Gaza. As libertações de sábado foram adiadas por várias horas depois de o Hamas ter acusado Israel de não respeitar os termos do acordo alcançado na quarta-feira graças à mediação de Catar, Estados Unidos e Egito, um sinal que mostra a fragilidade da trégua. Enquanto isso, centenas de caminhões com ajuda humanitária continuam entrando na Faixa de Gaza, sitiada durante sete semanas de guerra desencadeada pelo ataque sangrento do Hamas em Israel, em 7 de outubro.

No total, o movimento islamista entregou 41 reféns israelenses e estrangeiros ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na sexta e no sábado, e Israel libertou 78 prisioneiros palestinos. O acordo prevê quatro dias de trégua que deverá permitir a libertação de 50 reféns e 150 prisioneiros palestinos. O governo israelense disse ter uma lista de reféns que serão libertados neste domingo, mas não revelou suas identidades, quantidade ou hora.

O porta-voz do Exército israelense, Doron Spielman, declarou que o Hamas emprega uma “tática protelatória” na “guerra psicológica” após a libertação atrasada de 17 reféns no sábado. Um vídeo divulgado pelas brigadas Ezzedine al-Qassam, o braço armado do movimento islamista, mostra 13 reféns israelenses e quatro tailandeses embarcando em veículos do CICV pouco antes da meia-noite. Todos chegaram pouco depois a Israel através do Egito.

Entre os reféns libertados está Maya Regev, de 21 anos, sequestrada junto com seu irmão, de 18, enquanto tentava fugir do festival de música Tribe of Nova, onde o Hamas matou 364 pessoas em seu ataque na madrugada de 7 de outubro. “Estou muito feliz que Maya esteja prestes a se juntar a nós. No entanto, estou com o coração partido porque meu filho Itay ainda é prisioneiro do Hamas em Gaza”, disse sua mãe, Mirit, segundo o Fórum de Famílias de Reféns. Em Tel Aviv, dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se no sábado à tarde para pedir a libertação total dos reféns.

Em 7 de outubro, milicianos do Hamas mataram 1.200 pessoas e sequestraram cerca de 240, segundo as autoridades israelenses, no pior ataque em solo israelense na história do país. Em resposta, Israel bombardeou incansavelmente o pequeno território. O grupo islamista, que governa Gaza desde 2007, afirma que 14.854 pessoas morreram até agora pela ofensiva israelense, incluindo 6.150 crianças.

Na noite de sábado, Israel anunciou a libertação de um segundo grupo de 39 prisioneiros palestinos, todos mulheres e menores de 19 anos. Na Cisjordânia ocupada, comboios de veículos com bandeiras de movimentos palestinos liderados pelo Hamas desfilaram pelas ruas enquanto escoltavam um ônibus do CICV que transportava prisioneiros libertados. Em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, as celebrações foram mais discretas.

Membros das forças de segurança israelenses, armados e com capacetes, cercaram em grande número a casa de Israa Jaabis, de 39 anos, a prisioneira mais conhecida da lista. Jaabis foi condenada a 11 anos de prisão por detonar um recipiente de gás que carregava no porta-malas de seu veículo durante uma ‘blitz’ em 2015, e feriu um policial. A sua foto com dedos atrofiados e rosto parcialmente queimado em um tribunal israelense é frequentemente usada para mostrar o sofrimento dos prisioneiros palestinos. “Tenho vergonha de falar de alegria quando toda a Palestina está ferida”, disse Jaabis aos repórteres ao lado de seu filho Moatassem, de 13 anos. “Devem libertar todos eles”, afirmou.

O chefe do Estado-Maior do Exército israelense, general Herzi Halevi, alertou que a guerra não acabou. “Começaremos a atacar Gaza novamente assim que a trégua terminar”, prometeu. O braço armado do Hamas confirmou a morte do comandante da sua brigada do norte de Gaza, Ahmed al-Ghandour, e de três outros altos funcionários, incluindo Ayman Siyyam, apresentado como chefe das unidades de lançamento de foguetes, na ofensiva israelense.

O acordo inclui também a entrada de ajuda humanitária e combustível em Gaza, sitiada por Israel desde 9 de outubro. Um total de 248 caminhões carregados com ajuda humanitária entraram no sábado na Faixa de Gaza, 61 deles transportavam água, alimentos e material médico para o norte do território, segundo a ONU. O Exército considera o terço norte da Faixa de Gaza, onde está localizada a cidade de Gaza, uma zona de combate que abriga o centro de infraestruturas do Hamas, e ordenou que a população deixasse aquela área e a impede de retornar.

Apesar do aviso, milhares de deslocados em Gaza aproveitaram a pausa nos combates para tentar voltar às suas casas no norte. “Não temos armas. Somos civis’, disse Mahmud Masood entre os escombros de Jabaliya, no norte do território. “Por que eles destruíram nossas casas?”, questiona. Segundo a ONU, metade das casas de Gaza foi danificada ou destruída e 1,7 milhão de pessoas – entre 2,4 milhões de habitantes – foram deslocadas. Na Cisjordânia ocupada, oito palestinos morreram nas últimas 24 horas em vários incidentes com o Exército israelense, segundo o Ministério da Saúde palestino.

*Com informações da agência AFP

Ato pela morte de preso na Papuda reúne centenas de manifestantes e tem ...

Centenas de bolsonaristas participam de uma manifestação neste domingo (26) em frente ao Masp, em São Paulo, para homenagear Cleriston Pereira da Cunha, réu dos ataques golpistas de 8 de janeiro que morreu no último dia 20 no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.

Os discursos partem do carro de som da organização do evento, estacionado na transversal da avenida Paulista, bloqueando todas as faixas.

Manifestantes entoam críticas ao presidente Lula, chamado de “ladrão”, e ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE e ministro relator dos casos relacionados ao 8 de janeiro no STF (Supremo Tribunal Federal).

Nomes de peso do bolsonarismo, como o senador Magno Malta (PL-ES) e o pastor Silas Malafaia, participam do ato intitulado “Em Defesa do Estado Democrático de Direito, dos Direitos Humanos e em Memória de Cleriston Pereira da Cunha”.

Mesmo sem estar presente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é lembrado em cartazes e nos gritos dos manifestantes, que cantam “volta Bolsonaro”.

O advogado Fabio Wajngarten, que comandou a Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro e hoje trabalha para o ex-presidente, publicou vídeo no X, antigo Twitter, com o momento em que os manifestantes pedem a volta do ex-presidente.

Desde que deixou a Presidência, Bolsonaro já foi condenado duas vezes pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Primeiro pelos ataques e pelas mentiras relacionados ao sistema eleitoral. Depois pelo uso eleitoral dos festejos do 7 de Setembro do ano passado.

Bolsonaro está inelegível, proibido de disputar eleições por oito anos e ainda sob investigação pelo STF sob suspeita de ter sido autor intelectual dos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Apesar de ter feito convocação para seus apoiadores irem à Paulista neste domingo, o ex-presidente ficou longe da manifestação. Ao longo do dia ele registrou nas redes sociais seu café da manhã no Rio de Janeiro e, durante o ato, almoçou em um bar em Angra dos Reis (RJ).

Se agora Bolsonaro convoca para uma manifestação por direitos humanos, com a deste domingo na Paulista, no passado o termo foi utilizado por ele como retórica política contra adversários.

O ex-presidente e seus seguidores associam a pauta dos direitos humanos à esquerda e à impunidade. Em contraposição, eles defendem punições mais severas e questionam a importância de oferecer condições básicas de sobrevivência aos detentos.

Quando era parlamentar, Bolsonaro chegou a participar da Comissão de Direitos Humanos na Câmara, mas com viés crítico. Em 1998, ele disse que o colegiado da Câmara defendia “direitos de picareta e de vagabundo”.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi uma das primeiras a discursar. Após puxar um coro de “Justiça”, a parlamentar afirmou que “essa morte não vai ser em vão, não vamos nos intimidar”. Em resposta, manifestantes gritaram “fora Xandão”, em referência a Moraes.

O ministro e o STF são os principais alvos nos discursos na avenida Paulista. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) foi outro que mirou o magistrado. “Alexandre de Moraes, o seu tempo está chegando”, disse do alto do carro de som.

A manifestação durou cerca de duas horas e meia, terminando por volta das 16h20, após discursos de senadores, deputados, de Malafaia e familiares de Cleriston.

Segundo documento da Vara de Execuções Penais, Cleriston, 46, morreu após ter “um mal súbito durante o banho de sol”. Ele havia sido denunciado pela prática de crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.

Em interrogatório no dia 31 de julho, ele afirmou ter um diagnóstico de vasculite, doença que o fazia desmaiar e ter falta de ar, e disse que passou mal no dia dos ataques no traslado entre a sede do Congresso Nacional e o presídio, desmaiando e urinando em sua roupa.

Questionado sobre a motivação para participar dos ataques, se recebeu auxílio financeiro para participar e se danificou algo dentro do Senado, onde foi preso em flagrante, decidiu ficar em silêncio.

Flávio Ferreira/Folhapress

Projeto Novembro Negro marca Sarau na Praça de Eventos Álvaro Jardim

Neste sábado (24/11), teve Sarau na Praça de Eventos Álvaro Jardim, que culminou o projeto Novembro Negro com a Juventude de Ipiaú.

Realizado pela Secretaria Municipal da Educação, o Sarau contou com apresentações dos colégios municipais do Ensino Fundamental 2, o Colégio Estadual de Ipiaú(CEI) e o Complexo Integrado de Educação de Ipiaú (CIEI).

O circuito de apresentações incluiu a Cia Corpus, o Coral Doces Vozes, Movimento de Resistência Negra, dentre outras apresentações de jovens de Ipiaú, trazendo música, teatro, dança e poesia.

De acordo com os organizadores, o evento teve como objetivo fortalecer as políticas públicas para a juventude em processos educacionais, conscientizando a juventude a adotar uma posição antirracista.

“Uma posição antirracista é aquela que reconhece e combate ativamente o racismo em todas as suas formas. Significa defender a igualdade racial, lutar contra a discriminação e o preconceito, e trabalhar para eliminar as desigualdades sistêmicas que afetam as pessoas de diferentes origens raciais. Envolve estar disposto a aprender, ouvir e apoiar as vozes das comunidades marginalizadas, além de tomar medidas concretas para promover a justiça racial”, defende Erlândia Souza, secretária de Educação

DECOM/ PMI

15º BPM apreende mais 50 kg de maconha durante Operação Garra de Arquimedes

Só essa semana, a operação desenvolvida pelo 15⁰ Batalhão de Polícia Militar já retirou de circulação mais de 70 quilos de entorpecentes.

Cinquenta quilos de maconha divididos em tabletes prensados foram apreendidos, na noite desta sexta-feira (24), por equipes do 15⁰ Batalhão de Polícia Militar (BPM/ Itabuna). Uma mulher foi capturada.

Policiais da unidade empregados na Operação Garra de Arquimedes faziam rondas ostensivas na região do Cerrado, quando um veículo Fiat Movi realizou manobra arriscada e quase colidiu com a viatura.

Os policiais abordaram a condutora e revistaram o automóvel. Foram apreendidos 50 tabletes com um quilo cada.

Segundo o tenente-coronel Robson Farias, comandante da unidade de policiamento ostensivo, a mulher rebolou que a droga foi recolhida em Teixeira de Freitas para ser entregue em Itabuna.

A traficante foi conduzida à Delegacia Territorial de Itabuna. O entorpecente e o veículo foram apreendidos.

PF e BPFRON apreendem mais de uma tonelada de drogas

Foram localizados cerca de 1.200 kg da droga.
Guaíra/PR. Na sexta-feira (24/11), policiais federais e policiais militares do BPFRON - Batalhão de Polícia de Fronteira, em uma operação conjunta no âmbito da Operação Argos, realizavam patrulhamento em Guaíra-PR quando localizaram aproximadamente 1.200 kg de substância entorpecente análoga à maconha em uma construção abandonada em uma área rural.

Todo material apreendido foi encaminhado à Delegacia de Policia Federal de Guaíra -PR, onde serão tomadas as devidas providências legais.

Essa operação bem-sucedida é mais um exemplo do compromisso das forças de segurança em combater o tráfico de drogas na região, contribuindo para a segurança da comunidade e o enfraquecimento das redes criminosas que atuam na área de fronteira.
PF/Guaíra/PR Disque denúncia: (44) 3642-9131
Categoria
Justiça e Segurança

PF e PM/SC encontram cocaína em casco de navio

A droga estava acondicionada na caixa-mar da embarcação.
Imbituba/SC. Durante ação de fiscalização no Porto de Imbituba, na noite de ontem (24/11), a Polícia Federal, com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina, encontrou ocultos no casco de um navio 130 kg de cocaína, acondicionados na caixa-mar da embarcação.

A ação se deu em meio a procedimentos de fiscalização de navios atracados e fundeados que a Polícia Federal e a Polícia militar vêm realizando nos portos de Santa Catarina, tendo em vista os recentes aparecimentos de drogas boiando em águas catarinenses.

A atividade, considerada de alto risco, contou com o emprego de mergulhadores especializados do BOPE, o Batalhão de Operações Especiais da PM, que, sob a coordenação da PF, fiscalizaram vários navios atracados no porto, sendo que dentro da caixa-mar do casco de um deles foram encontrados quatro fardos de cocaína.

Um inquérito policial será instaurado para apurar a autoria do crime de tráfico transnacional de drogas.
Comunicação Social da Polícia Federal em Santa Catarina

Hamas deve libertar mais 13 reféns neste domingo; Israel planeja soltar 39 palestinos

O terceiro dia de trégua na guerra Israel-Hamas prevê a libertação de ao menos 13 reféns em poder do grupo terrorista e de 39 prisioneiros palestinos por Tel Aviv.

O Egito, para onde os reféns são encaminhados ao saírem de Gaza, já confirmou o recebimento da lista dos libertados.

Há a expectativa de que ao menos dois estrangeiros estejam entre os libertos: um americano —a Casa Branca disse que tem “razões para acreditar” que um cidadão dos EUA está na lista— e um russo, no que seria um aceno do Hamas a Vladimir Putin.

Ainda não está claro o horário em que os grupos serão libertados. Na véspera, a soltura ocorreu sete horas após o horário previamente acertado.

Folhapress

Senado prioriza briga com STF e atrasa PEC que barra militares em eleições

Plenário do Senado

O Senado priorizou na agenda de votações deste ano a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe as decisões monocráticas dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em vez da medida que busca limitar a participação de militares da ativa na política. Após o enfrentamento com a Suprema Corte na última semana, os senadores afirmam que a PEC relacionada às Forças Armadas ganhará tração. Faltam, no entanto, diversas etapas a serem cumpridas.

De autoria do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), a proposta para impedir que militares da ativa participem de eleições foi apresentada no início deste ano, após os atentados de 8 de Janeiro. Diferentemente de outros projetos, a PEC tramitou com lentidão na Casa e ainda não foi aprovada. Na última quarta-feira, 22, o texto foi pautado para votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas foi adiado por um pedido de vista (mais tempo para análise).

Já a PEC que restringe os poderes dos ministros foi aprovada pela CCJ no início de outubro em votação que durou 40 segundos. Diante da diferença de tratamento dado às duas propostas, o decano do STF, Gilmar Mendes, ironizou a maneira como o Senado tem conduzido as discussões. Ele afirmou em discurso no plenário da Corte na última quinta-feira, 23, que o Congresso elegeu como prioridade impor limites aos magistrados em vez dos militares.

“As ameaças que vieram de setores das Forças Armadas contra este tribunal e contra a democracia não merecem resposta. Até agora continuam elegíveis os militares. Nenhuma solução nesse sentido. Policiais continuam a fazer carreira, se elegem, e depois voltam para a força. Nenhuma resposta em relação a temas que são urgentes para a democracia. O problema é o STF e as suas liminares. Estranha prioridade”, disse Mendes.

O relator da PEC que limita a participação dos militares da ativa na política, senador Jorge Kajuru (PSB-GO), disse respeitar as críticas do ministro, mas rebateu a fala sobre a lentidão dos parlamentares para votar a medida. Kajuru afirmou à reportagem que é “melhor haver harmonia e parar com essa disputa de poder” e que o seu relatório deve ir ao plenário na próxima quarta-feira, 29. Porém, ainda não foi cumprida a etapa de análise na CCJ.

“Eu só penso que precisa haver uma paz entre os poderes. Eu não vejo nada de forma radical ser benéfico, porque um lado fica raivoso com o outro. Não é um lado. São poderes e poderes não podem guardar rancor no freezer, como dizia Leonel Brizola. Então, os poderes precisam estar juntos em harmonia”, afirmou. “Eu acho que nós precisamos ter um pouco mais de patriotismo e menos ‘interessantismo’. Está havendo muito ‘interessantismo’. Cada um querer defender a sua camisa. A nossa camisa é uma só: o Brasil”, prosseguiu.

De acordo com o relator, o texto final acomoda diferentes demandas relacionadas à participação de militares da ativa na política. Um dos trechos retirados do relatório foi a proposta que impedia os oficiais de assumirem cargos em ministérios e secretarias executivas. Já a demanda principal para que membros da Forças Armadas se aposentem caso decidam disputar eleições segue preservada.

“Mais aberto ao diálogo do que eu fui, impossível. Eu conversei com todos eles, com todos os lados e a maioria absoluta concordou com o meu relatório. Não estou preocupado com o que pensa A ou B. Eu fiz a minha parte e o segmento (militar) está totalmente de acordo”, disse Kajuru.

Weslley Galzo/Estadão

Advogada baiana de ‘caminho sem curvas’ defende ativismo e negros no Judiciário

A baiana do interior não sabia o que era televisão até os 12 anos e fez dos livros da única biblioteca da cidade o seu principal passatempo. Deixou a Bahia, mas a Bahia não saiu daquela menina negra, filha de professora e neta de lavadeira, que se tornou advogada na capital federal.

Aos 63 anos e quatro décadas de advocacia, Vera Lúcia Santana Araújo reitera seus compromissos com a democracia, com a inclusão e não esmorece de seus planos de alçar voos mais altos e ocupar espaços institucionais de poder.

Em 2022, ainda durante o governo Jair Bolsonaro (PL), tornou-se a primeira mulher negra a compor uma lista tríplice para assumir uma cadeira no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas não foi escolhida pelo então presidente.

Em setembro deste ano, foi novamente indicada para compor uma lista tríplice para o TSE, desta vez com outras duas mulheres. A escolha ainda não foi feita pelo presidente Lula (PT).

Ao mesmo tempo, ganhou apoio da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia para uma possível indicação ao STF (Supremo Tribunal Federal) na vaga ainda aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber em setembro.

Ao se apresentar, destaca sua trajetória sem curvas: “Minha vida, de certa maneira, teve um curso linear de participação ativa da defesa do Estado democrático de Direito. Nunca me afastei dos meus princípios e sempre estive alinhada na luta por uma democracia inclusiva”, afirma.

Vera Lúcia nasceu em Livramento de Nossa Senhora, cidade de 43 mil habitantes do sudoeste da Bahia. O direito não foi vocação familiar: o pai era um garimpeiro, e a mãe, professora de português.

Perdeu o pai cedo, aos 13 anos, e teve que contribuir no sustento da família ainda jovem. Para ajudar a mãe e os cinco irmãos, foi manicure, vendeu refresco na feira da cidade e deu aulas de reforço escolar para crianças mais novas.

Em 1976, aos 16 anos, Vera Lúcia foi cursar o ensino médio em Salvador e teve seu primeiro contato com a política no movimento estudantil. Foi aluna do Colégio Central, escola pública tradicional onde estudava parte dos filhos da elite baiana.

“Meu caminhar democrático tem a ver com esse engajamento com o movimento estudantil. Foi só em Salvador que descobri que vivíamos em uma ditadura e que era preciso derrubá-la”, lembra.

Dois anos depois, mudou-se para Brasília, concluiu o ensino médio e se inscreveu no vestibular para medicina por incentivo da mãe. Sua sorte, diz, foi não ter sido aprovada. Foi estudar direito na UniCeub, sem certeza sobre sua vocação.

Foi um estágio na Defensoria Pública, afirma, que lhe deu a confirmação da escolha. Na instituição, trabalhou em Taguatinga e atuou em comunidades em situação de miséria extrema: “Ali eu fui descobrindo o amor ao direito como instrumento de exercício de cidadania”.

A aproximação com o ativismo e com a política foi natural. Começou a advogar para sindicatos de trabalhadores e ajudou na fundação do PT, onde foi assessora jurídica e participou de debates internos sobre a questão racial. Não é filiada a partidos desde 2011.

Participou das lutas pela anistia, pelas eleições diretas, foi uma das integrantes do chamado “lobby do batom”, em defesa dos direitos das mulheres na Constituinte, e atuou no Movimento Negro Unificado. Foi assessora de Sigmaringa Seixas, que foi um dos advogados mais próximos de Lula.

Mais recentemente, Vera Lúcia se uniu à Associação Brasileira de Juristas pela Democracia e ao grupo Prerrogativas, composto por advogados e defensores públicos, em geral simpatizantes do PT, que se notabilizou por fazer críticas à atuação da Operação Lava Jato.

Vera Lúcia afirma que a Lava Jato sustentou um “acumulado de erros” e critica a atuação do ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pela União Brasil do Paraná. Afirma que o então magistrado “falseou um processo, submeteu membros do Ministério Público e negou a Constituição” ao corromper o processo judicial.

Também rebate os críticos do Prerrogativas afirmando que o grupo defende tão somente o cumprimento das garantias constitucionais. “Não se pode submeter o Estado democrático de Direito para pretensamente combater a corrupção.”

Ela afirma ainda que o combate à corrupção se faz com incentivos a políticas de transparência, participação da sociedade e mecanismos de controle social.

O STF, em sua avaliação, tem atuado em estrita conformidade com o seu papel constitucional, mesmo em casos mais rumorosos, como a instalação de inquéritos de ofício e o julgamento dos réus envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.

Ela lembra que a corte tem um papel político. O que os críticos chamam de ativismo, afirma, nada mais é do que o cumprimento da Constituição. Por outro lado, critica o que seria uma espécie de ativismo danoso no Poder Judiciário, caso dos mecanismos de lawfare.

“Esse ativismo que foi promovido pela extrema direita contribuiu para um processo de criminalização da política. No caso de Lula, eles construíram artificialmente acusações contra uma pessoa que não tinha praticado crimes”, afirma.

Questionada sobre os apoios que recebeu para uma possível indicação ao STF, diz que esta deve ser uma decisão soberana e unipessoal do presidente.

Ao mesmo tempo, diz que Lula tem uma oportunidade histórica de indicar a primeira mulher negra para a corte, que seria “uma contribuição inestimável para a consolidação do processo democrático” no país.

Um exemplo dessa urgência se reflete em sua própria trajetória no direito, onde teve raras mulheres e até mesmo homens negros como referência pela falta de acesso destes aos espaços de poder. Por diversas vezes, ela mesma era a primeira mulher negra a ocupar ou disputar alguns cargos.

“Eu sempre tive o peso de ser uma mulher negra em ambientes exclusivamente brancos e masculinos. Eu sempre me impus um zelo, uma responsabilidade dessa coisa de não poder errar”, afirma.

Ao mesmo tempo, diz que não é razoável a sub-representação da população negra nas carreiras do Judiciário. Diz que este vazio precisa ser preenchido e que está pronta para qualquer desafio. “Não me intimida nem me atemoriza estar em qualquer espaço de institucionalidade”.

João Pedro Pitombo/Folhapress

Governo Lula lança ‘promoção’ para atrair emendas parlamentares para o PAC

O presidente Lula (PT)

O governo Lula (PT) lançou uma ofensiva para tentar atrair emendas parlamentares a fim de financiar sua principal vitrine, o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

As estratégias incluem a garantia de que o recurso das emendas não será contingenciado e mesmo contrapartidas federais, do tipo “pague 2, leve 3” —modelo pelo qual o Executivo promete construir um empreendimento a mais para determinada ação abraçada por emenda parlamentar.

As ações sinalizam uma tentativa do governo federal de ter um controle maior sobre o Orçamento da União, após um período de transferência de competência e recursos cada vez maior para o Congresso, principalmente durante os anos Jair Bolsonaro (PL).

Emenda é a forma como congressistas enviam dinheiro para financiar obras e projetos em seus redutos eleitorais. O Congresso Nacional tem avançado nos últimos anos para ampliar cada vez mais o valor dessa verba e assumir o controle sobre ela.

Na avaliação do Planalto, é preciso concentrar e direcionar recursos para as ações estratégicas delineadas pelo governo, evitando assim que o dinheiro seja distribuído de maneira pulverizada.

Nesta semana, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), e o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT) participaram de reunião no Palácio do Planalto com coordenadores de bancadas estaduais para apresentar opções de direcionamentos das emendas de bancadas a projetos do PAC.

A reportagem teve acesso a uma apresentação disponibilizada aos parlamentares.

No documento, o Planalto cita a possibilidade de repasses via emendas para as áreas de saúde, habitação e educação, entre outros. E destaca as vantagens em destinar esses recursos para os projetos do Novo PAC.

Em relação à área da saúde, pasta comandada por Nísia Trindade, há a possibilidade de repassar recursos para a construção de policlínicas, unidades especializadas de apoio em diagnósticos, UBS (Unidades Básicas de Saúde) e para a compra de ambulâncias do Samu, entre outras ações.

A gestão Lula oferece uma contrapartida financeira do Ministério da Saúde caso haja aporte de emenda de bancada —aquelas destinadas em conjunto pelos parlamentares de determinado estado— para um caso específico, a construção de policlínicas.

Nesse caso, os parlamentares terão uma espécie de “pague 2, leve 3”. O Executivo financiará uma unidade adicional, a cada duas policlínicas selecionadas que receberem emendas de bancada. Um dos requisitos é que a emenda represente o valor total do empreendimento.

Alguns parlamentares brincaram nos bastidores que o governo estava fazendo uma “Black Friday” para tentar atrair emendas.

“Somente a policlínica terá contrapartida financeira do MS [Ministério da Saúde] se receber emenda de bancada. O governo federal financiará uma policlínica adicional, com recursos do Ministério da Saúde, a cada duas policlínicas selecionadas que receberam emendas de bancada”, afirma apresentação.

A construção de policlínicas foi escolhida para ter essa contrapartida por se tratar de empreendimento com valor mais elevado e que atende a população de uma área geográfica maior, não apenas uma cidade. Além disso, o atendimento especializado é apontado como uma prioridade da Saúde.

Também é o caso de um empreendimento em que a oferta do governo não supera a necessidade dos entes federados. Há atualmente 321 pedidos de policlínicas protocolados. Dependendo do tipo, cada uma pode sair por R$ 15 milhões ou R$ 22,4 milhões.

Auxiliares palacianos negam que o governo esteja fazendo uma espécie de “feirão” ao oferecer contrapartidas. Mas consideram que os estímulos terão um efeito benéfico, tanto para parlamentares, que terão seus nomes vinculados a mais obras, quanto para o governo, que conseguirá direcionar mais recursos para as suas prioridades.

Afirmam que muitas obras paradas atualmente no país são resultado de emendas mal empregadas.

A Casa Civil informou oficialmente que a iniciativa de buscar emendas para obras do PAC não partiu unilateralmente do governo federal. Segundo a pasta, surgiu após muitos parlamentares terem manifestado que gostariam de contribuir com os recursos.

“A Casa Civil reforça a importância da combinação de esforços para o direcionamento de recursos públicos às obras estratégicas para o país, elaboradas a partir de critérios específicos e priorizando equipamentos que têm mais demanda e maior impacto para a população”, informou a pasta.

“Nesse sentido, o Congresso Nacional sinalizou interesse em contribuir com este momento de retomada do investimento público e, por isso, foi apresentada a possibilidade de aplicação de recursos via emenda parlamentar no Novo PAC”, completa.

Outro caso de contrapartida do governo se dará com centros esportivos. Nesse caso, a regra valerá para as emendas individuais de cada parlamentar. Para cada três empreendimentos contemplados com emendas parlamentares, o governo federal promete construir mais um.

Há atualmente 4.080 propostas de centros esportivos protocolados pelos entes federados, sendo que cada um custa em torno de R$ 1,5 milhão. O governo, no entanto, impôs um limite de cem unidades para esse tipo de modalidade.

Também para os casos de emendas individuais para a área da saúde, caso o parlamentar destine para obras apontadas como prioritárias pelo governo —dentre as já habilitadas— ele poderá indicar uma outra habilitada, de valor igual ou menor, que será financiada pelo Ministério da Saúde.

“Se a proposta que receber emenda parlamentar estiver dentre as selecionadas, será garantido ao parlamentar a indicação de outra proposta, desde que esteja entre as habilitadas naquela modalidade”, afirma o material do Planalto.

“Esta segunda indicação será financiada com recursos próprios do Ministério da Saúde, desde que seja na mesma modalidade e com tipologia de valor igual ou inferior à primeira proposta indicada”.

Além dos casos em que há contrapartidas, o governo apresentou como vantagem o fato de que emendas de bancada não serão contingenciadas, que os projetos já foram habilitados pelas áreas técnicas e que a gestão do PAC vai acompanhar a execução, resolvendo de maneira célere eventuais entraves burocráticos.

Nem todos os parlamentares que participaram da reunião se mostraram satisfeitos. Alguns criticaram o que consideram ser uma tentativa do governo de induzi-los a convencer seus colegas no direcionamento das emendas.

Um deles diz ainda que é legítimo o governo querer incentivar o PAC, mas afirma que as bancadas estaduais são plurais e não necessariamente todos os parlamentares estão alinhados com o Executivo.

Em agosto deste ano, o governo federal lançou o Novo PAC, com previsão de R$ 1,4 trilhão em investimentos até dezembro de 2026. Do total desse valor, cerca de R$ 370 bilhões terão como fonte os recursos do Orçamento Geral da União. É justamente essa fatia que o governo pretende fortalecer ou dividir a conta com o Congresso Nacional.

Victoria Azevedo/Renato Machado/Folhapress
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Candidatos admitem usar inteligência artificial na campanha de 2024 e TSE fala em ‘desafio macro para a Justiça’

O ministro Floriano Azevedo Marques Neto, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Às vésperas do segundo turno das eleições, surge um áudio nas redes sociais em que um dos candidatos defende a brutalidade policial. Após impactar milhares de eleitores, o conteúdo é removido por ser identificado como uma gravação falsa gerada por inteligência artificial (IA). O caso deste ano marcou a disputa pelo comando de Chicago, a terceira cidade mais populosa dos Estados Unidos, mas poderia ser em qualquer outro país democrático. Especialistas e marqueteiros admitem que as eleições municipais no Brasil ano que vem vão usar e, principalmente, abusar da tecnologia.

Embora a IA possa gerar desinformação, ela também tem usos positivos. De acordo com publicitários que atuam nas campanhas eleitorais, essa tecnologia tende a tornar a comunicação mais ágil e eficiente, estreitando os canais entre políticos e eleitores. Ciente de que nem sempre é o lado bom da tecnologia que será aplicado, a Justiça Eleitoral trabalha para regulamentar a aplicação no pleito municipal do ano que vem, conforme apurou a reportagem.

O ministro Floriano Azevedo Marques Neto, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), adverte que uma das principais preocupações da Corte em relação ao uso de inteligência artificial é a criação de imagens e áudios falsos, prática conhecida como deepfake. Essa tecnologia permite a produção de vídeos fraudulentos, nos quais pessoas são retratadas realizando ações que nunca ocorreram. Além disso, é possível criar fotos de situações fictícias e até mesmo replicar a voz de alguém para proferir palavras que nunca foram ditas.

A eleição recente na Argentina é considerada a primeira da era da IA. Durante o pleito, a tecnologia foi utilizada tanto para gerar conteúdo favorável aos candidatos como para atacá-los. Apoiadores do presidente eleito Javier Milei, por exemplo, criaram um vídeo falso em que o candidato derrotado Sergio Massa aparece cheirando cocaína. A gravação, que viralizou nas redes sociais faltando poucos dias para o pleito, foi editada para inserir o rosto de Massa em uma filmagem antiga que mostra um homem não identificado consumindo a substância. Milei também foi alvo de ataques do gênero.

IA inaugura era das fakes news 2.0

Segundo o ministro Floriano de Azevedo Marques, a utilização de deepfakes para disseminar informações falsas pode ser considerada como uma espécie de “fake news 2.0″. “Essa é uma preocupação grande que, na perspectiva da propaganda eleitoral, receberá uma atenção bastante especial”, disse à reportagem. Ele esclareceu ainda que a IA, como toda tecnologia inovadora, gera um desafio macro para a Justiça Eleitoral: antecipar eventuais problemas que o uso indiscriminado dessa nova ferramenta pode trazer para as eleições.

Floriano de Azevedo Marques relatou ainda que, sob a orientação do presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, a Escola Judiciária Eleitoral da Corte realiza pesquisas sobre a regulamentação das deepfakes. “Provavelmente, desse mundo resultará contribuições que podem – não estou falando que vão – ser traduzidas na resolução a ser editada ao longo do primeiro semestre do ano que vem”, afirmou.
De acordo com o professor Diogo Rais, de Direito Eleitoral e Direito Digital na Universidade Presbiteriana Mackenzie, a utilização de deepfakes na criação de conteúdo enganoso marca uma evolução no fenômeno das fake news. Isso se deve não apenas à capacidade de produzir informações falsas com maior rapidez, mas também à significativa melhoria na qualidade dessas produções, a ponto de ser praticamente impossível para o olho humano detectar a manipulação realizada por um sistema computacional.

Diretor-geral do Instituto Liberdade Digital, Rais conta que, no contexto brasileiro, sua maior preocupação em relação ao uso impróprio de IA nas eleições não é a produção de vídeos enganosos, e sim a disseminação de áudios falsos. Ele explica que a criação de áudios falsos é mais simples em comparação aos vídeos. Além disso, destaca o hábito dos brasileiros de usar aplicativos de mensagem, como WhatsApp. “É até fácil de imaginar os áudios falsos circulando às vésperas das eleições, com candidatos pedindo propina ou até mesmo renunciando à candidatura”.

Apesar desses desafios, o professor do Mackenzie afirma que a Justiça Eleitoral tem avançado no combate à desinformação. Ele ressalta que, mesmo sem uma legislação específica para o uso de IA, o código eleitoral brasileiro já veda a manipulação de conteúdo com o intuito de enganar o eleitor.

A diretora de projetos do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), Celina Bottino, concorda com a avaliação de que o uso de deepfakes eleva a preocupação com a manipulação de informações. Porém, ela ressalta que essa tecnologia também pode ser aplicada de maneira benéfica.

“É possível usar deepfakes para clonar a voz de pessoas que falavam, mas perderam essa capacidade por algum motivo. Além disso, é possível recriar figuras históricas, como Napoleão, para que os estudantes possam aprender história interagindo com elas”, exemplifica Celina. A diretora esclarece que proibir ou demonizar a tecnologia não constitui uma solução eficaz para o problema.

Candidatos à Prefeitura de SP em 2024 já aderem à IA

Os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo sinalizam que o uso de IA será uma componente importante em suas respectivas estratégias de comunicação, embora não revelem os planos de como vão utilizá-la. O Estadão procurou as pré-campanhas de Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB), Kim Kataguiri (União Brasil) e Marina Helena (Novo) a fim de levantar como cada candidato pretende utilizar a tecnologia nas eleições de 2024.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, o deputado federal Guilherme Boulos disse, por meio de sua assessoria, que a IA é mais uma tecnologia que pode ser utilizada para diferentes finalidades, incluindo a comunicação. “No entanto, como todas as ferramentas de comunicação, ela precisa ser utilizada de maneira crítica e criteriosa, considerando as especificidades da tecnologia e seus riscos embutidos, bem como a legislação eleitoral e nossos compromissos éticos”, informou.

Já o deputado federal Kim Kataguiri demonstrou entusiasmo com as possibilidades de aplicação da tecnologia, inclusive utilizando inteligência artificial para responder à reportagem. Em texto gerado pelo ChatGPT, uma das mais famosas ferramentas de IA, ele afirmou que “tem avaliado positivamente o papel transformador da inteligência artificial no contexto eleitoral”. Como exemplos de aplicação, ele citou que a ferramenta será usada para melhorar a logística e a segmentação da campanha, além da distribuição de recursos.

A pré-candidata do Novo, Marina Helena, afirmou que também utilizará a tecnologia no próximo ano. Segundo ela, por meio de IA é possível mapear com maior precisão “as dores dos eleitores e, com isso, trazer soluções”. Marina destaca, porém, que a tecnologia não substitui o elemento humano das campanhas eleitorais. “As pessoas também querem entender como os candidatos pensam. Por isso, acho que a autenticidade é muito importante”.

Procurada, a pré-campanha do prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes, não respondeu aos contatos até a publicação desta reportagem. Porém, o Estadão apurou, com interlocutores do prefeito, que a equipe de comunicação de sua pré-campanha já utiliza IA.

A pré-campanha da deputada Tabata Amaral, por seu lado, informou que não responderá aos questionamentos sobre o uso de inteligência artificial.

Uso de IA em contexto eleitoral

Sócio da agência PLTK, o consultor de comunicação política Pablo Nobel atuou na campanha vitoriosa de Javier Milei. Para ele, a eleição argentina inaugurou uma nova era, na qual as campanhas serão influenciadas pela IA. Nobel conta ainda que, assim como qualquer ferramenta, a inteligência artificial possui lados positivos e negativos. “É preciso ter um olhar ético, entender como usá-la e quais são os limites [morais]”, disse.

Segundo o consultor, a IA usada para manipular a opinião do eleitor em relação a um candidato específico é uma arma extremamente poderosa, pois cria uma realidade paralela. “A inteligência artificial borra a fronteira entre verdade e ficção. A ideia de confiar no que vemos deixa de funcionar, porque vemos o que alguém quis nos mostrar. Esse é o lado perigoso da inteligência artificial”.

A popularização da IA é outro elemento que torna o uso da tecnologia uma ameaça à integridade do processo eleitoral. Atualmente, softwares para a criação de deepfakes são facilmente encontrados na internet, permitindo que apoiadores de candidatos gerem conteúdo falso contra outros políticos. “É uma forma muito anárquica de produzir conteúdo, não há uma inteligência de campanha centralizada”, afirmou Nobel.

Zeca Ferreira/Estadão

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