Prefeitura de Itagibá conclui turma do curso de tratorista na Aldeia
Em uma semana, concurso unificado registrou um milhão de inscritos
Inscrições vão até dia 6 de fevereiro e provas ocorrem em 5 de maio |
As inscrições vão até o dia 9 de fevereiro e custam R$ 60 para os cargos de nível médio e R$ 90 para os de nível superior. Ao todo, serão 6,6 mil vagas divididas em oito blocos temáticos.
Uma inscrição vale para uma vaga em mais de um órgão, desde que seja dentro do mesmo bloco temático. No momento da inscrição, o candidato deve classificar a vaga de interesse por ordem de preferência.
A chamada será feita com base na nota das provas, em um sistema semelhante ao do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Até por isso, o concurso tem sido chamado de Enem dos Concursos.
Os salários variam entre R$ 4 mil e R$ 22 mil, dependendo da carreira escolhida. As provas serão aplicadas no dia 5 de maio. As inscrições podem ser feitas na plataforma Gov.br.
Duas crianças morrem durante temporal na Bahia
Alagamento em Muquém de São Francisco, Bahia |
De acordo com o órgão, as mortes ocorreram no município de Elísio Medrado, após o carro em que que estavam cinco pessoas ter sido arrastado pela correnteza do Rio Paraguaçu. Os municípios que estão em situação de emergência por conta das chuvas são: Brumado, Medeiros Neto, Cícero Dantas, São Miguel das Matas, Anagé, Wanderley, Ilhéus, Cravolândia, Muquém do São Francisco.
“A Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) informa que está monitorando os municípios baianos, atingidos pelas fortes chuvas das últimas horas, e desenvolvendo ações de resposta imediata a fim de minimizar os impactos sofridos pelas populações afetadas”, diz a Sudec em publicação nas redes sociais. [LINK: https://www.instagram.com/p/C2nJyRLLOBV/]
A Sudec informa ainda que está prestando suporte técnico aos municípios e que kits de ajuda humanitária, contendo cestas básicas, água mineral, itens de higiene e limpeza, colchões e cobertores estão em fase de separação para serem distribuídos às localidades atingidas.
Orientações
A orientação para a população é que, em caso de fortes chuvas e rajadas de vento, não se abrigue debaixo de árvores, pois há risco de queda e descargas elétricas e não estacione veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Se possível, desligue aparelhos elétricos e quadro geral de energia.
Segundo a prefeita de Wanderley, uma das cidades em situação de emergência, Fernanda Teles, na madrugada de quinta (25) para sexta (26), o município registrou volume de chuva de quase 400 milímetros em menos de 24 horas. A prefeitura orienta que as pessoas deixem áreas de risco e se abriguem em escolas, igrejas e em outros pontos de apoio que estão sendo estruturados. “Nossa maior preocupação é salvar vidas. Bens materiais depois a gente vai atrás, a gente recomeça, vai reconstruindo aos poucos”, disse, em publicação nas redes sociais.
A Defesa Civil de Salvador também publicou orientações nas redes sociais. “Se estiver na rua, a orientação é manter distância de fios de eletricidade, procurar um local coberto, não ficar embaixo de árvores, parar o carro em local seguro e aguardar melhores condições e, em caso de alagamentos, esperar a água baixar para se deslocar.”
Se a pessoa estiver em casa e o nível da água estiver subindo, “procurar um local seguro e em caso de deslizamento ou rachadura, sair de casa imediatamente. não usar aparelhos elétricos que tenham sido molhados e desligar os disjuntores”. Em caso de emergência a orientação é ligar 199 para receber instruções de como proceder.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, a maior parte da Bahia está neste sábado (27), em zona de perigo por conta de chuvas intensas.
Petrobras conclui primeira perfuração de poço na Margem Equatorial
Estatal diz ter seguido protocolos de segurança ao meio ambiente |
Segundo a estatal, a perfuração do poço foi concluída com segurança e seguiu protocolos rigorosos de operação em águas profundas. Também foi reforçado, em nota, que foram respeitadas a população e o meio ambiente da região.
O plano é começar a segunda perfuração em fevereiro, dessa vez no poço Anhangá, na concessão POT-M-762, a 79 quilômetros da costa do Rio Grande do Norte e próximo ao poço Pitu Oeste. Estão previstos estudos complementares para coletar informações geológicas da área, avaliar o potencial dos reservatórios e planejar as próximas atividades exploratórias.
A Margem Equatorial se estende pelo litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Amapá, engloba as bacias hidrográficas da foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. É uma região geográfica considerada de grande potencial pelo setor de óleo e gás.
Investimentos
No Plano Estratégico 2024-2028, a Petrobras previu o investimento de US$
3,1 bilhões para pesquisas na Margem Equatorial. A expectativa é
perfurar 16 poços ao longo desses quatro anos. No entanto, a exploração
das reservas encontradas na região, sobretudo próximo à foz do Rio
Amazonas, é criticada por grupos ambientalistas pelo risco de impactos à
biodiversidade.
Os trabalhos na Bacia Potiguar contam com o aval do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A licença de operação para a perfuração do poço de Pitu Oeste e do poço Anhangá foram obtidas em outubro de 2023.
PT discute fortalecimento de pré-candidaturas a prefeito e vereador do Oeste da Bahia
Estavam presentes na reunião deste sábado membros da Executiva do PT Bahia – o vice-presidente Gutierres Barbosa, os secretários Liliane Oliveira e Silvio Lacerda -, representantes dos Diretórios Municipais, como a presidente do PT de Barreiras, professora Nilza Martins, o pré-candidato do PT no município, o ex-deputado federal Tito, os deputados estaduais Neusa Cadore e Robinson Almeida, o secretário de Estado Afonso Florence, o suplente de senador, Terence Lessa, o chefe de gabinete do senador Jaques Wagner, Lucas Reis, e Jonas Paulo, ex-presidente do PT estadual e membro do PT nacional.
O encontro foi necessário, ainda, para aprofundar o debate sobre a conjuntura local e fazer um diagnóstico geral da região, acrescentou a presidente do PT de Barreiras, professora Nilza. Na reunião, os diretórios municipais informaram a quantidade de candidaturas próprias que possuem, o número de candidatos a vereador ou vereadora, quais as forças com as quais o partido dialoga em cada cidade e o cenário da Federação PT, PCdoB e PV. “Vamos fazer, pelo menos, um vereador ou vereadora em cada município, mas acredito que vamos ultrapassar isso pelo processo de organização pelo qual estamos passando”, disse a professora durante a mobilização.
Segundo a secretária de Mulheres do PT Bahia, Liliane Oliveira, a grande presença de representantes dos municípios é resultado do processo de mobilização de 2023, quando foram promovidos os Encontros Territoriais do PT Bahia. “Então, por estímulo deles mesmo, por auto-organização do Território construímos esse encontro. É um dos territórios mais importantes, pelo que representa, pela quantidade populacional, mas também uma retomada da nossa organização, das lutas sociais, populares que tem aqui nesse Território, que é tão rico, tão diverso. Para a gente, é uma arena de disputa muito importante e que estamos vindo agora com muita força nesse processo eleitoral”, afirmou Liliane, que ressaltou a força de candidaturas femininas na região.
Para o pré-candidato a prefeito de Barreiras, que também é novo filiado do PT, o encontro na Bacia do Rio Grande é uma excelente oportunidade para dialogar e estabelecer as estratégias eleitorais para o ano de 2024. “Além disso, é uma chance de construir políticas públicas de forma coletiva, visando estabelecer metas para frentes de trabalho que transformem a vida das pessoas. Estamos dedicados e unidos para combater a desinformação e o ódio, promovendo o bem-estar social de nossa comunidade”, disse Tito.
Secretário LBGT do PT Bahia, Silvio Lacerda, por sua vez, destacou a força do Encontro com a participação dos movimentos sociais e sindicais e de representantes da população LGBTQIA+, das mulheres, da população negra, dentre outros, no processo de organização. “Foi uma tarefa de não só de reorganizar e organizar os Diretórios Municipais do Partido dos Trabalhadores, mas também da gente fazer um debate com os movimentos, os sindicatos, as pastorais, com a população LGBTQIA+ da Bacia do Rio Grande, a juventude, o povo preto porque estamos em um momento de reconstrução e vamos precisar de todos esses segmentos e comunidades para que a gente consiga ter a vitória nas eleições de 2024, e por isso o contato e o debate com essas pessoas é tão importante”.
Chuvas causaram a morte de mais de 4.000 pessoas no Brasil em 32 anos
Dos 4.111 óbitos no Brasil no período —média de 1 a cada 3 dias— por ocorrências de alagamentos, enxurradas, inundações, movimento de massa, tornado, vendavais, ciclones, chuvas intensas e granizo, 1.511 foram no Rio de Janeiro.
O levantamento foi realizado pela Folha com dados do Atlas de Desastres no Brasil, do MDR (Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional). Os dados de 2023 ainda não foram consolidados na base.
Em nota, a gestão Cláudio Castro (PL) afirmou que investe em obras e ações. Desde 2021, o governo do estado já investiu, por meio do PactoRJ, R$ 4,3 bilhões em obras de infraestrutura. A atualização do Plano de Contingência para as Chuvas do verão de 2023/2024 prevê investimentos de mais de R$ 3 bilhões em equipamentos de última geração, tecnologia e treinamento das equipes que atuam em situações de emergência”.
O Sudeste concentra 42% da população residente do país (84,8 milhões), segundo o Censo 2022, e 64,9% de todas as mortes ocorreram na região em toda a série histórica analisada. A segunda posição é do Nordeste, com 15,7%, seguido do Sul 11,9%. O Norte acumulou 5,9%, e o Centro-Oeste, 1,4%.
A explicação para o alto número de mortes no Rio de Janeiro, segundo especialistas, está na combinação da geografia, concentração populacional, ocupação urbana e políticas públicas.
“A serra fluminense tem um solo raso, em cima de um maciço rochoso bastante fraturado, o que faz com que na ocorrência de chuvas intensas esse solo encharque rapidamente e em razão da declividade ocorram os deslizamentos”, afirmou o professor Matheus Martins, especialista em drenagem urbana e professor da Escola Politécnica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
“Já a baixada fluminense está espremida entre a serra e a Baía de Guanabara, de forma que as águas das chuvas acabam descendo rapidamente das encostas até a região e encontrem um terreno plano onde o nível da baía funciona como um freio para os escoamentos, fazendo a região extremamente suscetível a inundações”, acrescentou Martins.
Foi na região serrana do Rio de Janeiro que ocorreu a maior tragédia climática do Brasil, em 2011. Segundo o Atlas, que é abastecido com informações das secretarias municipais e estaduais, foram 870 mortos no Rio, naquele ano. No entanto, o número pode ser bem maior pelo número de desaparecimentos ou óbitos reconhecidos após o período e ainda não incluídos na base de dados.
Estudo do governo federal deste ano apontou que 8,9 milhões de pessoas vivem em área de risco geo-hidrológico. O levantamento mostra que a maior parte delas está no Nordeste e no Sudeste, especialmente em regiões perto do litoral e das áreas de serra.
Vivendo na Fazenda Botafogo, conjunto habitacional próximo do rio Acari, na zona norte, o aposentado José Flávio Barros, 54, diz que seu apartamento sempre costuma inundar quando o rio sobe. “Sou cadeirante e minha esposa também. Na última enchente, fomos resgatados por um vizinho no meio da madrugada, se não tivéssemos saído acho que possivelmente nos afogaríamos”, afirmou.
A cidade do Rio tem sirenes de alerta para possíveis deslizamentos em 103 comunidades. Mas mesmo assim muitos moradores preferem não seguir as recomendações.
Lúcia Maria de Paula Souza, 37, é moradora do morro da Formiga, zona norte do Rio. Ela conta que prefere ficar em casa, mesmo com o toque da sirene. “Nem todos vão para a igreja [ponto de refúgio e apoio nas chuvas]. Se a encosta cair na minha casa, vai cair na igreja também. Prefiro ficar em casa. E, de todas as vezes que saí, não aconteceu nada”, disse.
“É necessário preparar e fortalecer os Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil, para que as comunidades adquiram capacidade operacional durante os eventos críticos, além de estruturar o local com pontos de apoio, rotas de fuga sinalizadas, dispositivos para alarme. Nestas horas, a preparação da própria comunidade faz toda a diferença”, afirmou o professor Leandro Torres, também da politécnica da UFRJ, especialista em desastres.
“A precariedade das políticas sociais e de habitação, associadas à falta de controle da ocupação do espaço urbano, resulta na ocupação desordenada de várzeas e encostas, normalmente pela população de mais baixa renda que, além de mais vulnerável, também acaba sendo exposta mais diretamente às ameaças”, avaliou Torres.
Obras de prevenção muitas vezes são abandonadas. As bombas de sucção do rio Iguaçu, por exemplo, deveriam ter cinco equipamentos do tipo, mas somente duas estão funcionado. Ao todo, no projeto Iguaçu, que realizou o reassentamento de 3.000 famílias e dragagem do rio, foram empregados cerca de R$ 500 milhões, entre verbas federais e contrapartida estadual, dos R$ 2 bilhões previstos. O governo estadual afirma que está em processo de licitação para a compra das bombas ausentes.
O debate sobre a prevenção das chuvas virou tema de uma comissão da OAB-RJ, em 2022. “As chuvas vêm aumentando a cada ano, é fruto das alterações climáticas e ocupação desordenada também. A comissão age na fase anterior, na prevenção e mitigação dos riscos, orientando no plano municipal de redução de desastres”, disse o coordenador Fernando Magalhães, da Comissão dos Desastres e Defesa Civil.
Apesar dos dados de óbitos de 2023 não estarem consolidados, o ano foi marcado por tragédias, como a de fevereiro, quando fortes chuvas, nos dias 18 e 19, atingiram a cidade de São Sebastião, no litoral norte, causando deslizamentos, em especial no bairro Barra do Sahy, e a morte de 64 pessoas.
Bruna Fantti e Natália Santos, Folhapress
Polícia Civil apreende dois fuzis e maconha em condomínio de Itapuã
Equipes do Denarc cumpriram o mandado de busca e apreensão em uma casa alugada pelo alvo das investigações.
A apreensão aconteceu durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão contra um suspeito de liderar uma organização criminosa, com ramificações em Salvador e Região Metropolitana (RMS). De acordo com as investigações, além do tráfico de drogas, o homem também é envolvido com assaltos a bancos, homicídios e associação criminosa.
Ninguém foi encontrado no imóvel e as investigações continuam, com o objetivo de localizar e prender o criminoso, bem como identificar outras pessoas que tenham envolvimento com o grupo. O cidadão também pode colaborar e fornecer informações à Polícia Civil, de forma anônima, por meio do Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), no 181.
Fonte: Ascom PC
Cipe Mata Atlântica e 7ª CIPM evitam execução de adolescentes em Eunápolis
Guarnições realizavam policiamento na região, quando visualizaram dois adolescentes em estado de pânico.
Rondas foram feitas na localidade, porém os suspeitos conseguiram fugir.
As vítimas foram encaminhadas à Delegacia de Eunápolis, onde foram realizados o registro e o acionamento do Conselho Tutelar local. E após todas as medidas, os PMs escoltaram os menores e os prepostos do Conselho Tutelar às respectivas residências.
Fonte: DCS PM
Rondesp Atlântico intercepta traficante apontado com liderança de facção
O criminoso foi alcançado na Avenida Bonocô, na tarde desta sexta-feira (26). Houve confronto, após tentativa de prisão.
Houve confronto e o indivíduo acabou ferido. Ele foi socorrido para o Hospital Geral do Estado, mas não resistiu. Com o criminoso foram apreendidos um revólver calibre 38, munições, um tablete e 22 trouxas de maconha, além de 34 pinos de cocaína.
Texto: Alberto Maraux
Homem é preso em flagrante por tráfico na Estrada das Barrei
Quando adolescente, o suspeito foi apreendido por ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. Ele passou por exames de corpo de delito e permanece à disposição do Poder Judiciário.
Fonte: Ascom PC
PT fica sem nomes de peso e pode repetir fiasco nas eleições municipais para prefeituras de capital
Lula adotará cautela em cidades com mais de uma candidatura da base governista |
Ao mesmo tempo, pré-candidatos apoiados pela sigla, Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Eduardo Paes (PSD-RJ), estão na frente em São Paulo e Rio de Janeiro, os dois maiores colégios eleitorais, mesmo caso de João Campos (PSB-PE) no Recife.
O partido caminha para apoiar Luciano Ducci (PSB-PR) em Curitiba (PR) e Marcus Alexandre (MDB-AC) em Rio Branco (AC) — este último deixou o PT sob o argumento de trabalhar na Justiça Eleitoral, mas meses depois se filiou ao MDB para disputar a eleição. Ambos também lideram nas respectivas cidades, de acordo com dados do agregador de pesquisas produzido pelo Ipespe e divulgado pela CNN Brasil no final do ano passado.
O PT já definiu candidaturas próprias em 11 capitais, número que pode subir para 14 nos próximos meses: ainda não há definições em Florianópolis (SC), Manaus (AM) e Cuiabá (MT). A tendência é que nas demais cidades o apoio seja a candidatos de partidos da base do governo Lula.
A disputa mais acirrada é em Goiânia (GO), onde a deputada federal Adriana Accorsi (PT) teria 15% das intenções de votos contra 23% do senador Vanderlan Cardoso (PSD), conforme o agregador. Ex-delegada-geral da Polícia Civil de Goiás, ela é filha do ex-prefeito Davi Accorsi, que governou a capital goiana nos anos 90.
O cenário eleitoral pode ficar ainda mais favorável à petista, pois ela negocia para Cardoso desistir de se candidatar e o PSD apoiá-la. A exemplo de petistas em outras capitais, Accorsi quer formar uma frente ampla de partidos. “De fato iniciamos um diálogo sobre o processo eleitoral em Goiânia, mas ainda muito inicial. Seguimos com as pré-candidaturas, mas acredito que devemos construir uma frente ampla para cuidar da cidade”, disse ela sobre a possível aliança com o senador.
Coordenador do grupo de trabalho eleitoral do PT, o senador Humberto Costa (PE) afirma que, embora o partido deseje administrar várias capitais, há outros objetivos em jogo, como projetar novos nomes e lideranças na sigla.
Para o cientista político Rodrigo Prando, o PT sempre buscou uma hegemonia no campo da esquerda, mas dessa vez há a leitura que é melhor apoiar outros partidos quando não houver petistas competitivos para não perder espaço para a direita nas prefeituras.
“O PT tem uma enorme dependência de Lula, de seu carisma e força política e eleitoral e isso, de certa forma, atrapalhou o surgimento de novas lideranças no partido. Quando alguém desponta com capacidade de renovar e liderar o partido, há ‘fogo amigo’ de inúmeras alas do PT”, diz o professor do Mackenzie.
O PT prevê que Lula será ativo e estará no palanque dos candidatos, sejam eles petistas ou aliados de outras siglas. A exceção serão as capitais onde partidos da base do governo tenham mais de um candidato. O presidente disse que nestes casos não pode ser “acintoso” no apoio a um dos nomes.
“Eu não vou me jogar para criar conflito. Eu tenho que saber que sou o presidente e que eu tenho que fazer um jogo mais ou menos acertado para que não traga problema depois, quando terminar as eleições, aqui no Congresso Nacional”, disse Lula em entrevista à rádio Metrópole, de Salvador (BA), na terça-feira, 23.
A regra não se aplica a São Paulo, onde o presidente apoia Boulos mesmo com as pré-candidaturas de Tabata Amaral (PSB-SP) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), cujos partidos fazem parte do governo.
Em Belo Horizonte, a candidatura do deputado federal Rogério Correia (PT) divide espaço com a do prefeito Fuad Noman (PSD), que apoiou Lula contra Bolsonaro, e a da também deputada Duda Salabert (PDT), além da federação PSOL-Rede, que também terá candidato.
Segundo pesquisa AtlasIntel realizada entre os dias 25 e 30 de dezembro, o bolsonarista Bruno Engler (PL), atualmente deputado estadual, lidera a corrida na capital mineira com 31,4%, seguido de Correia, com 21%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.
“A expectativa é que a gente tenha um apoio do presidente Lula, compreendendo isso que ele tem dito (sobre os partidos da base)”, disse o candidato do PT belo-horizontino. “Quem representa o governo Lula e o enfrentamento ao bolsonarismo é a minha candidatura”, acrescentou.
A disputa contra o bolsonarismo também é a tônica da eleição em Porto Alegre (RS) na visão de Maria do Rosário (PT), deputada federal e pré-candidata do PT na cidade. Ela diz que o prefeito Sebastião Melo (MDB) aderiu ao bolsonarismo, assim como o vice-prefeito, Ricardo Gomes (PL) que se filiou ao partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“O presidente vai ajudar, mas quem tem que mostrar competência para ganhar a eleição é quem é candidato”, disse a petista. Ela aparece com 26%, contra 33% de Melo no agregador do Ipespe. Como é tradição na capital gaúcha, a esquerda não está unida, pois Juliana Brizola (PDT) também é candidata.
Diferente de 2023, onde priorizou viagens ao exterior, Lula direcionará o foco para viagens domésticas com o objetivo de divulgar ações de seu governo e tentar impulsionar as candidaturas locais. No primeiro giro, ele focou no Nordeste, onde passou por Bahia e Pernambuco, antes de chegar a Fortaleza (CE).
A capital cearense é um dos poucos locais onde há disputa interna no PT. A deputada Luizianne Lins, que governou a cidade por dois mandatos, disputa a indicação com o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão. Luizianne foi barrada de subir ao palco no evento com Lula, enquanto Leitão esteve ao lado do presidente.
Na pesquisa AtlasIntel, o presidente da Alece está em terceiro lugar, com 14,2%, atrás do prefeito José Sarto (PDT), com 25,6%, e Capitão Wagner (União), que tem 28,6%. A margem é de 3 pontos percentuais. A pesquisa não testou o nome de Luizianne Lins, mas a deputada aparece em segundo lugar no agregador do Ipespe, com 21% contra 33% de Wagner.
“Caso eu não venha a ser o escolhido, eu irei não só empunhar bandeira, mas pedir voto para aquele que for escolhido dentro do meu partido, porque sou uma pessoa que acredito em projeto, não acredito apenas em pessoas”, disse Leitão em entrevista ao jornal O Povo na terça-feira, 23. O Estadão não conseguiu falar com Luizianne Lins em mais de uma ocasião porque, segundo a assessoria, ela cumpria agendas no interior do Ceará.
Primeiro líder do MST criado em assentamento vê Lula mais distante e cobra alma
João Paulo Rodrigues, dirigente nacional do MST |
Em 1990, coube a ele e a um primo da mesma idade correr 5 km, atravessar um riacho a nado, reunir as famílias despejadas de um acampamento no Pontal do Paranapanema e repassar as instruções da cúpula do MST sobre o local para onde deveriam rumar —os agentes tentavam dispersá-las e diziam que elas deveriam voltar para suas cidades de origem.
Hoje com 44 anos, Rodrigues é a principal liderança da segunda geração do MST, a primeira a ter sido criada em assentamentos. Os antecessores que fundaram o MST em 1984, em Cascavel (497 km de Curitiba), formaram-se em grupos religiosos, sindicatos e outros movimentos rurais.
No MST, que chega aos 40 anos neste janeiro, ele tem ocupado funções de comando desde a adolescência e atualmente é responsável pela articulação política. Entre os representantes de movimentos sociais, é um dos mais próximos ao presidente Lula (PT).
Essa conjunção de fatores o levou a ocupar a posição de coordenador de mobilização popular da campanha de Lula em 2022, quando ficou encarregado de elaborar estratégias de disseminação do nome do petista para além dos marcos da comunicação oficial.
Hoje, diz à Folha, MST e Lula estão mais distantes. Diferentemente do esperado, o presidente ainda não recebeu o movimento e não visitou assentamentos.
O dirigente camponês afirma que o movimento precisa ter consciência de que não está no governo, apesar de apoiá-lo. Ao mesmo tempo, diz ele, o presidente também tem que compreender as manifestações dos sem-terra, que classificam 2023 como o pior ano em número de assentamentos em quatro décadas. E tem que entender também os protestos e as invasões (chamadas pelos sem-terra de ocupações).
Rodrigues se define como um agricultor. Enquanto membro da segunda geração do MST, foi encorajado a estudar e tem diplomas de técnico agrícola e de ciências sociais.
A cada 20 dias, ele parte para seu terreno no assentamento Gleba 15 de Novembro, no extremo oeste paulista, para “tocar a roça”. No restante do tempo, fica na capital ou viaja para atividades do MST.
“Lá tem pato, ganso, galinha d’angola, pavão, peixe, porco, cavalo. Sou especialista em criação de carneiro e de porco. E o que me dá mais renda é o leite e a mandioca.”
O surgimento da Gleba foi um marco na disputa agrária no estado. Em 1984, o então governador Franco Montoro (PMDB) desapropriou uma área grilada reivindicada pelos sem-terra no Pontal do Paranapanema, um dos epicentros dos conflitos por terra no país, e a estabeleceu como primeiro assentamento de São Paulo.
Após dois anos acampada, a família Rodrigues então foi assentada. João Paulo é filho de Valmir Rodrigues Chaves, mais conhecido como Bill, ex-meeiro da cafeicultura no Paraná e pioneiro do MST na região.
Nessa época, formou-se politicamente no movimento e na convivência com petistas em ascensão –o PT surgiu em 1980, quatro anos antes do que o movimento dos sem-terra.
“Vi o Lula pela primeira vez nessa época, o [Luiz] Gushiken, o [José] Genoino, porque eles iam lá em casa. Com oito anos, eu tinha relação com todos esses papas da política”, rememora. Ele afirma que participou de quase todas as invasões no Pontal nesse período. Com 16 anos, já coordenava ações de repercussão.
Rodrigues afirma que a juventude em assentamentos lhe deu visão privilegiada e desapaixonada da experiência sem-terra. Ele diz que lembra com nitidez da sensação da lona da barraca sobre si quase derretendo no verão e pingando gotas geladas no inverno.
“Não tem glamour. Nossa luta radicalizada não é componente ideológico, é questão de sobrevivência. Quando a gente ocupava terra, fazia saques, fechava rodovia, era para resolver o problema da minha subsistência como sujeito que estava fazendo reforma agrária. A consciência política de que aquilo estava dentro de uma atuação maior vem depois das ocupações”, argumenta.
Nos anos seguintes, Rodrigues ascenderia na burocracia. Em 2002, interrompeu o curso de filosofia na Universidade Metodista para coordenar o escritório do MST em Brasília. Na ocasião, ganhou projeção ao tomar a frente nas negociações da ocupação da fazenda da família do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), localizada em Buritis (MG).
Ele ainda ficaria responsável pela juventude e pelas relações internacionais do MST antes de ser alçado ao posto de articulador político. Em 2014, concluiu o curso de ciências sociais na Uninove (Universidade Nove de Julho), em São Paulo.
Rodrigues já estava entre os principais líderes do MST durante o governo da petista Dilma Rousseff (2011-2016) quando o movimento promoveu uma clivagem em seu projeto.
Diante da desilusão com as administrações petistas, o MST diagnosticou a falência da batalha pela reforma agrária clássica, baseada em tentativa de aliança com os setores industriais mais progressistas, e abraçou um programa de reforma agrária popular, alicerçado no desenvolvimento agroecológico e no enfrentamento do latifúndio e das empresas transnacionais.
Rodrigues é um dos principais entusiastas da reforma agrária popular no MST. Ele diz que os próximos sete anos, contando com uma reeleição do PT, são a janela de oportunidade para que o MST proponha um modelo de agricultura alternativo ao agronegócio para o país. Uma “revolução verde no campo”.
“Nas bases do MST há 10 milhões de hectares. Se conseguirmos ter nessa cadeia produtiva agroindústrias de sementes, parcerias de bancos, e conseguirmos avançar em ter toda a produção agroindustrializada e beneficiada, poderemos ser uma das maiores organizações de produção de alimento do mundo”, afirma Rodrigues.
A ideia é produzir sem agrotóxicos, com o mínimo de participação de máquinas pesadas, no modelo cooperativado, e não somente familiar. O MST possui hoje 185 cooperativas, e de algumas delas saem as produções mais massivas do movimento, como a de arroz orgânico e de leite.
Um desafio para o MST é conseguir dominar toda a cadeia de um produto, da criação à comercialização. No caso do leite, a estimativa é que, dos 7 milhões de litros que o movimento produz por dia, 6 milhões sejam entregues puros para a indústria tradicional, que então concentra o lucro.
Na cadeia do suco de uva, o movimento discute a instalação de uma fábrica de vidro no Rio Grande do Sul para envasar os 3 milhões de litros por safra, além de vinho e geleia. A ideia é buscar apoio do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento).
Mais do que os antecessores, Rodrigues tem uma preocupação própria com o papel do MST nas guerras culturais. É nesse sentido que ele defende a persistência das ocupações. Segundo ele, elas e as greves são “irmãs gêmeas da radicalidade”, às quais camponeses e trabalhadores recorrem pelo contínuo efeito de novidade.
As ocupações ajudariam, então, nas tarefas que o MST tem de propor o debate sobre o direito à terra e manter vivo o sonho da “sociedade socialista”, de “plantar a semente de que nós vamos ser iguais”, “sem explorado e sem explorador”, diz Rodrigues.
Foi nesse campo da “disputa dos imaginários” que o MST fez uma aposta pela aproximação com a sociedade civil, por meio de ações como doações de alimentos e de sangue, e pelo estreitamento de laços com os grupos LGBTQIA+, negros e indígenas. É o MST que vende milhares de camisetas e bonés por mês.
“Sempre negamos na história do MST ser uma organização identitarista, ongueira, de flertar com setores médios, etc. Mas a crise do movimento clássico, sindical, partidário, nos ‘obrigou’ a ter outros canais com quem está falando com o povo”, diz.
“Não perdemos a irmandade com CUT, PT, PDT, e procuramos novos atores que estão fazendo luta sem nenhum preconceito”, completa. “Para enfrentar um agro que é pop, temos que construir uma luta.”
Nesse aspecto, o governo Lula tem falhado, avalia. Para além de não ter registrado avanços significativos nos programas –”não acho razoável que não se tenha sinalizado qual é o modelo de reforma trabalhista que teremos”–, a gestão petista não tem dado espaço para a participação popular e não tem produzido simbologia no trato da política social, afirma Rodrigues.
“Gosto muito dos eventos que são feitos no Palácio do Planalto, mas não acho simbologia nenhuma (…) Preciso de um Lula mais próximo de atividades populares para ele ouvir, sentir e sinalizar”, cobra.
Rodrigues conta que um ministro lhe disse que o governo vai bem, “mas sem alma”, com o que ele concorda.
“Preciso saber para onde ele está indo para eu convencer outros. Não consigo ver só pelo Lula internacional ou só pela Fazenda. Preciso que este governo nos dê elementos para fazer assembleias e discutir políticas públicas nos acampamentos ou nas pequenas cidades”, conclui.
STF adia embates duros com Congresso e ‘pauta fria’ tem ação sobre CNH de freiras
O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) |
Até o fim de fevereiro, no entanto, esses temas devem ficar distantes do plenário do Supremo.
A pauta do mês montada pelo presidente da corte, Luís Roberto Barroso, privilegia temas que não têm risco de serem interpretados como tentativas de invasão das responsabilidades do Congresso.
Barroso tem evitado esse tipo de conflito desde que assumiu a presidência do tribunal, em setembro passado —embora tenha o costume de dizer que não tem medo de pautar assuntos espinhosos.
Fevereiro também será um mês em que a corte continuará, na maior parte do tempo, com a composição incompleta. Flávio Dino, indicado pelo presidente Lula (PT) para a vaga aberta com a aposentadoria de Rosa Weber, só deve tomar posse no dia 22.
Outro ponto relevante para a pauta esfriada do Supremo é que não haverá sessão nos dias 14 e 15, período de Carnaval.
Em 1º de fevereiro, quando a corte retoma os trabalhos regulares, ocorrerá a cerimônia de abertura do ano do Judiciário, com um discurso de Barroso.
Em seguida, deve ser iniciada a votação de uma ação que o presidente do Supremo vê como uma oportunidade para passar uma mensagem contra o etarismo.
Será avaliado se é constitucional a separação obrigatória de bens em casamentos de pessoas com mais de 70 anos, e qual é a aplicação das regras para união estáveis.
No ano passado, essa ação inaugurou um novo formato de julgamento no STF, no qual o presidente do Supremo marca uma sessão para que apenas as partes se manifestem no plenário, em frente aos ministros.
Depois, o julgamento é suspenso e retomado após um mês ou mais, para a apresentação de votos dos ministros —que é o que vai acontecer com a ação sobre casamento após os 70.
Barroso tem usado esse novo formato para apresentar temas cujo debate ele considera importante. Na prática, porém, têm tratado de assuntos que não acirram o clima entre os Poderes e nem criam resistência na população à imagem da corte.
Para o dia 8 de fevereiro, por exemplo, o presidente do STF marcou as sustentações orais de uma ação que trata de exceções, em nome da liberdade de religião, a obrigações impostas a todos os cidadãos nos critérios de identificação civil.
A ação que serve como referência trata de freiras de Cascavel (PR) que queriam tirar ou renovar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) usando hábito na foto do documento.
A possibilidade foi aceita pela Justiça em instâncias inferiores, mas a União recorreu ao Supremo para que padronize a possibilidade em todo o país.
Em fevereiro, também podem ser julgados importantes processos previdenciários e trabalhistas.
Um deles é a ação da revisão da vida toda, que discute o direito de o segurado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) incluir no cálculo da aposentadoria os salários mais antigos.
Também pode ser analisado se existe ou não vínculo empregatício entre entregadores e plataformas de delivery.
Durante o mês, ainda deve voltar a ser julgada a chamada “pauta verde” do Supremo. Ela foi paralisada ainda em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), por um pedido de vista (mais tempo para julgamento) do ministro André Mendonça.
À época, a relatora da maioria das ações, ministra Cármen Lúcia, disse que havia um “estado de coisas inconstitucional” na política ambiental do país, instituto que permitiria ao Poder Judiciário estipular e acompanhar medidas aos demais Poderes em relação ao tema.
Mendonça, que foi indicado ao cargo por Bolsonaro, também queria incluir a possibilidade de responsabilizar os estados por essas políticas ambientais.
Os temas que podem causar atrito com o Congresso devem ser julgados ao longo do ano.
O primeiro deles, que deve ser pautado ainda para o primeiro semestre, é o retorno da votação sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.
O STF já tem 5 votos a 1 a favor dessa possibilidade. O único que votou de forma contrária foi o ministro Cristiano Zanin, em uma postura conservadora que surpreendeu aliados de Lula.
Zanin é indicação de Lula para a corte.
Mendonça pediu vista e paralisou a votação, mas o processo já foi liberado e pode voltar a ser julgado. Barroso tem dito que deseja que o caso seja analisado assim que possível.
“O que temos discutido aqui, que também é uma discussão mal compreendida, é qual a quantidade de maconha que distingue o usuário do traficante. Se o Supremo não definir isso, quem fará é o policial no momento do flagrante”, disse Barroso, no fim de 2023.
“Não há solução fácil para lidar com as drogas no mundo inteiro. Esse é um problema que deve ser enfrentado, mas o que posso dizer é que a política pública que praticamos no Brasil não funciona”, declarou.
Também este ano pode voltar a ser discutido no Supremo o marco temporal das terras indígenas, tese que no ano passado o Supremo decidiu que é inconstitucional por ampla margem.
Segundo entendimento barrado pelo STF, só deveriam ser demarcados os territórios considerando a ocupação indígena em 1988, data da promulgação da Constituição.
A tese é criticada por indígenas, ONGs e ativistas e defendida por ruralistas. Como resposta à decisão do STF, o Congresso aprovou uma lei a favor do entendimento. O texto foi vetado por Lula, mas o Congresso derrubou o veto.
Agora, PT, PV, PC do B, Rede, PSOL e PDT ingressaram no Supremo para que a decisão do Congresso seja novamente considerada inconstitucional.
Enquanto isso, PL, PP e Republicanos pediram para o STF validar a lei do marco temporal. Os processos são relatados pelo ministro Gilmar Mendes, que anteriormente votou contra o marco.
‘Agronegócio está na iminência de crise, mas governo vai tomar medidas antes’, diz ministro
Apesar disso, para o ministro, a conjuntura não é de “alarmismo”. “Temos experiência com outras crises dessa magnitude e tranquilidade para enfrentá-la. O presidente Lula está sensível para trabalharmos a antecipação das medidas antes que a crise se instale, dentro das possibilidades do governo”, assegurou o ministro.
Essas medidas emergenciais passam por crédito, renegociação das dívidas e apoio à comercialização, adiantou. Já nas políticas agrícolas de médio e longo prazos, Fávaro se diz otimista com a reformulação do modelo de seguro rural brasileiro e com o programa de conversão de pastagens degradadas.
Veja os principais trechos da entrevista:
Ministro, estamos iniciando a colheita da safra de verão 2023/24 com quebra na produção de soja nas principais regiões produtoras, estimada em até 20% em alguns Estados. Como o governo está acompanhando a situação?
É fato que teremos uma quebra na safra brasileira de soja. Vejo números globais apontando para 6% a 7% de redução, mas pontualmente em algumas áreas ou propriedades pode haver quebra de até 30%, 40% a 50%. Temos um cenário de quebra de produção atrelado ao alto custo dos insumos e aos preços achatados das commodities, o que nos coloca na iminência de uma crise. Esse é o cenário de hoje, que ainda pode melhorar ou até piorar no decorrer da safra, em torno de 6% colhida. Mas já é um cenário bem definido de que 2024 será um ano difícil.
Diante dessa crise iminente, que medidas emergenciais podem ser adotadas pelo governo para socorro aos produtores?
Já estamos tomando algumas providências, fazendo estudos e diálogos. Na terça-feira, falei por telefone com o presidente Lula e ele me pediu para, até no máximo terça-feira (30), apresentar presencialmente para ele o cenário e algumas alternativas que estamos construindo. Agendamos uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã do mesmo dia para falar desse cenário e estaremos com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, no Rio de Janeiro, em 2 de fevereiro para encaminhamentos e anúncio de medidas. Eu disse ao presidente Lula que temos experiência de enfrentar uma crise dessa magnitude, de quebra de safra e preços achatados. A diferença que propomos é que não precisamos deixar a crise se instalar para que as medidas sejam tomadas. O governo já mostrou que é sensível e já saneou uma crise semelhante em 2008, quando editou a medida provisória da repactuação das dívidas e concedeu crédito aos produtores. Então, por que não nos antecipamos? Se não fizermos nada, virá a inadimplência, virão recuperações judiciais e crescimento da dívida. Por que não pensar em um plano para manter os produtores adimplentes para passarmos por este ano de 2024 de dificuldade sem inadimplência? O presidente gostou da ideia. Temos a experiência e vamos nos antecipar.
Isso passa pela prorrogação dos financiamentos para a safra 2023/24, pedida pelo setor produtivo?
Essa é uma alternativa que está no radar. Temos que ver o custo dessa medida e, por isso, teremos uma longa reunião com o ministro Haddad. Estamos em discussões de déficit zero, orçamento curto e não posso, somente pela boa vontade, dizer que vamos prorrogar. A boa vontade existe, mas agora vamos achar os mecanismos e a forma para que possa ser feita uma prorrogação das dívidas. Temos que ter a cautela necessária, porque o orçamento público não é abundante. Precisamos de fato ver as regiões e produtores que precisam. Não pode ser e não será generalizado, assim como fizemos no ano passado com a resolução da crise pela seca no Rio Grande do Sul, com a criação de uma linha de crédito específica. É dessa forma que isso será tratado, com responsabilidade com o orçamento público.
Outra alternativa possível, neste momento em que o Brasil retomou a credibilidade para captação de recursos internacionais, são linhas de créditos ao produtor para que ele possa acessar e zere o passivo pagando parceladamente. São propostas que estão sendo construídas para dar mais tranquilidade ao produtor, para mantê-lo adimplente, com juros compatíveis ao setor e nos antecipando a um cenário de negativação, incertezas ou recuperação judicial. O presidente Lula está sensível para trabalharmos a antecipação das medidas, dentro das possibilidades do governo.
A equipe de política agrícola do ministério cita a ideia de criação de uma linha dolarizada para capital de giro para revendas refinanciarem o custeio do produtor. Como está andando essa proposta junto ao BNDES?
Estamos propondo uma linha dolarizada e também uma linha em reais para uma parcela de produtores. A maior parte possui hedge natural em dólar por exportar commodities. Neste caso, a eventual criação de uma linha é mais fácil porque não há equalização do Tesouro, os juros são mais acessíveis e é uma alternativa mais rápida, evitando que o produtor fique inadimplente. O produtor que ver que não conseguirá pagar as parcelas de seu financiamento, antes mesmo de terminar a safra, ele já capta os recursos. Estudamos as possibilidades junto ao BNDES.
Nesta semana a soja atingiu o menor valor desde agosto de 2020 (R$ 116,29 por saca), ainda acima do mínimo de R$ 86,54, mas já abaixo de R$ 100 em contratos a termo e em queda contínua. Eventuais medidas de apoio à comercialização de soja estão no radar do governo, ministro?
Em apenas duas vezes na história o (governo do) Brasil precisou apoiar a comercialização de soja para garantia do preço mínimo. A primeira foi no governo (de José) Sarney e a segunda no governo Lula. Em ambos os casos foram crises gravíssimas, com a mais recente, de 2006, resultando na medida de repactuação de R$ 87 bilhões. Estamos muito próximos disso. Quero apresentar esse cenário ao presidente. Não vejo como uma catástrofe e sim com tranquilidade de que temos experiência adquirida para agir se for necessário em momento de crise. Ainda há uma distância para isso e não significa que se ficar pouco abaixo do preço mínimo o produtor vai querer apoio à comercialização. Mas é um cenário sendo estudado também e com recursos para apoiar a comercialização.
Em contrapartida aos grãos, o arroz já subiu mais de 40% e o feijão também registrou aumento de preços. São produtos com peso na cesta básica e, consequentemente, com impacto na inflação dos alimentos. O governo espera uma contribuição negativa do agro neste ano para a inflação, com maior pressão inflacionária?
O presidente Lula está muito atento a esses movimentos. Ele me ligou em um domingo de manhã para perguntar sobre o aumento do preço do arroz. Neste momento, o governo precisava ter um estoque mínimo de arroz para oferecer ao mercado, garantir o equilíbrio e a estabilidade ao consumidor, porque é um produto da cesta básica. Parte do que estamos vivendo é consequência de um governo passado que foi desatento e desestruturou essas políticas públicas. No ano passado, iniciamos a retomada da formação de estoques com milho, uma medida acertada, que agora serviu de apoio aos produtores do norte de Minas e da Bahia para enfrentar a falta de cereal para suas criações. Estamos tomando medidas de estímulo ao aumento da produção de arroz, feijão e mandioca. Apesar da dificuldade deste momento, vimos que a área plantada de arroz voltou a crescer e seguiremos trabalhando para o incentivo ao aumento ainda maior da produção de arroz. Vamos incentivar o plantio e, quando houver uma oferta mais abundante do cereal, o governo vai recompor seus estoques para minimizar o impacto dessas oscilações que não devem ocorrer nos produtos da cesta básica.
Apesar da quebra de safra de grãos e do aumento do arroz, a perspectiva é de que a cesta básica não seja afetada pela inflação neste ano. Os preços do óleo de soja e dos derivados de milho tendem a não subir. Nas carnes, se houver reação, será pequena. Na fruticultura e em leguminosas, há questões sazonais de safra que impulsionam o preço, mas a recuperação da produção é rápida com um estímulo natural do mercado. Portanto, o agro não será impulsionador da inflação no Brasil neste ano.
O senhor vem discutindo a reformulação do seguro rural. Os modelos de outros países estudados, como o do México, se mostram passíveis de serem adaptados ao Brasil? Quando essa reestruturação entrará em vigor?
Os modelos estão sendo avaliados. Acho que o mais próximo é o modelo mexicano porque já está instalado no Brasil (por seguradoras privadas) com as tecnologias disponíveis para que possa ser ofertado no mercado. A equipe técnica do ministério está trabalhando nessa reformulação para simular o modelo. Basicamente, esse modelo mexicano, em um sistema de inteligência artificial, cruza as informações meteorológicas com as boas práticas, como o melhor momento de plantio, variedades e tecnologias utilizadas em cada região para os menores riscos. Com base nisso, é possível conceder uma receita agronômica e meteorológica ao produtor atrelado ao seguro. Isso barateia o custo da apólice, dá segurança ao produtor e dá estabilidade na produção. É um processo que está dando certo em vários países. Queremos muito que este modelo esteja pronto para ser oferecido no Plano Safra 2024/25. Para a safra atual, temos um modelo em vigor e orçamento para subvenção. Um orçamento que deveria ser maior, porém as intempéries mais constantes e o aumento do custo de produção fizeram o preço das apólices subir. A alternativa que temos é a modernização do seguro para torná-lo mais eficiente e mais barato. Queremos lançar instrumentos mais eficientes para o seguro no Brasil junto ao Plano Safra 2024/25.
O senhor citou que o orçamento tem cobertor curto. Há espaço para um reajuste do orçamento do seguro rural, de R$ 964 milhões, ainda para este ano?
O orçamento foi mantido em torno do valor histórico que vinha sendo registrado nos últimos anos, de R$ 1 bilhão por ano. O aumento dos recursos é pedido ano a ano. Há espaço para discussão a partir de março, a depender muito da performance da arrecadação e do crescimento da economia. Sempre há espaço para negociação, mas não queremos ficar apenas com essa alternativa para o seguro rural e sim nos voltarmos para a modernização do modelo.
Sobre os novos programas do governo, qual é a sua expectativa com o plano de conversão de pastagens degradadas? O comitê gestor foi instituído para traçar as diretrizes e tem hoje sua primeira reunião. O projeto pode entrar em vigor ainda neste semestre?
As práticas públicas e privadas já vêm acontecendo. Queremos que o aumento de produção do País ocorra sobre pastagens e não sobre áreas de florestas. Não precisamos de novos desmatamentos para aumentar a nossa produção agrícola. Agora, este comitê vai agrupar todas as ações sob o mesmo ordenamento e dar um direcionamento para que possamos quantificar essas práticas com uma certificação, rastreabilidade e aferições atestadas pela Embrapa para que isso se converta em oportunidades comerciais e até possivelmente de renda adicional para o produtor. Não se trata apenas de crescimento de produção. Esse programa está alicerçado na sustentabilidade, nas boas práticas trabalhistas, sociais, de sequestro de carbono. Dentro do Plano Safra 2023/24, já temos uma linha de crédito para a recuperação de pastagens com juros de 7% ao ano. O coordenador do comitê, Carlos Ernesto Augustin, estabelecerá um prazo de 45 dias para que o grupo alinhe o arcabouço do programa e esteja efetivamente estruturado para ser formalizado oficialmente.
Petrobras encontra petróleo na margem equatorial, mas não sabe se exploração é viável
Sede da Petrobras no Rio de Janeiro |
O poço foi perfurado em um projeto chamado Pitu Oeste, na bacia Potiguar. Foi o primeiro em águas profundas na região após o embate iniciado com a negativa do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) para poço na bacia da Foz do Amazonas.
A estatal diz que “dará continuidade à pesquisa exploratória na região e planeja para fevereiro a segunda perfuração na Bacia Potiguar, no poço Anhangá”, que fica próximo a Pitu Oeste.
“A partir de estudos complementares, a companhia pretende obter mais informações geológicas da área para avaliar o potencial dos reservatórios e direcionar as próximas atividades exploratórias na área”, informou a empresa.
A estatal planejava começar a campanha exploratória na margem equatorial pela bacia da Foz do Amazonas, na costa do Amapá, que voltou a atrair o interesse das petroleiras após descobertas bilionárias de petróleo na Guiana.
Apesar da pressão da área energética do governo, porém, o Ibama negou a licença ambiental. A Petrobras recorre da decisão e ainda espera explorar o litoral amapaense em 2024, embora o MMA (Ministério do Meio Ambiente) defenda a realização de estudos mais detalhados sobre os impactos.
A sonda de perfuração que iria para o Amapá acabou sendo descolada para o litoral potiguar. A área já tem produção de petróleo em águas rasas e, por isso, obteve licenciamento mais fácil junto ao órgão ambiental.
Tem infraestrutura de apoio e resposta a emergências que o Ibama entende faltar no Amapá, onde ainda não há atividade petrolífera.
A estatal disse nesta sexta que a perfuração “foi concluída com total segurança, dentro dos mais rigorosos protocolos de operação em águas profundas, o que reafirma que a Petrobras está preparada para realizar com total responsabilidade atividades na margem equatorial”.
A Petrobras informou ainda que adicionou 1,5 bilhão de barris de óleo equivalente às suas reservas provadas em 2023. Em 31 de dezembro, afirmou a empresa, suas reservas somavam 10,9 bilhões de barris, segundo o critério da SEC, o xerife do mercado de ações dos Estados Unidos.
Deste volume, 84% são de óleo e 16% de gás natural. A adição de reservas ocorreu, principalmente, nos campos de Búzios, Tupi e Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos, e da declaração de comercialidade dos campos não operados de Raia Manta e Raia Pintada, na Bacia de Campos.
Considerando o volume de produção atual, as reservas provadas garantem à Petrobras 12,2 anos de produção. “É essencial seguir investindo em maximização do fator de recuperação e principalmente em exploração de novas fronteiras, para repor as reservas de petróleo e gás”, defendeu a estatal.
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