Trump ameaça não proteger aliados da Otan inadimplentes com gastos de defesa
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump |
Trump disse ter alertado os membros da Otan de que encorajaria os russos a fazer “o que diabos eles quisessem” se os integrantes da aliança não atingirem os números estabelecidos.
Os comentários foram feitos no sábado (10) durante um comício de campanha na Carolina do Sul e evidenciam o risco de fratura no pacto militar do Atlântico Norte caso Trump ganhe um novo mandato na Casa Branca.
O ex-presidente dos EUA, que há muito tempo critica a Otan e que tinha relações próximas com o presidente russo, Vladimir Putin, disse a apoiadores que a aliança “estava quebrada” até ele assumir a Presidência, em 2017.
Aparentemente relembrando uma reunião com líderes da aliança, ele mencionou o presidente de “um grande país”, sem especificar qual, que o teria questionado sobre o apoio de Washington em caso de uma agressão russa. “Se não pagarmos e formos atacados pela Rússia, você nos protegerá?”, teria perguntado o líder, segundo Trump.
“Eu disse: ‘Vocês não pagaram? Vocês estão inadimplentes?’ Ele disse: ‘Sim, digamos que isso aconteceu.’ Não, eu não os protegeria. Na verdade, eu os encorajaria [os russos] a fazer o que diabos quisessem. Vocês têm de pagar”, afirmou o republicano.
O governo do atual presidente, Joe Biden rechaçou os comentários feitos por Trump, descrevendo-os como “chocantes e desequilibrados”. Um porta-voz da Casa Branca disse que “encorajar invasões de regimes assassinos” a países aliados de Washington coloca em perigo a economia e a segurança americana, além da estabilidade global.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse em declaração escrita que “qualquer sugestão de que os aliados não se defenderão mutuamente mina toda a nossa segurança, incluindo a dos EUA, e coloca os soldados americanos e europeus em risco acrescido”. “Qualquer ataque à Otan será recebido com uma resposta unida e contundente”, acrescentou.
Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel afirmou que as “declarações imprudentes sobre a segurança da Otan servem apenas ao interesse de [Vladimir] Putin”.
Os comentários de Trump são um sinal de que, caso eleito presidente novamente, ele pode ameaçar o compromisso com a defesa mútua que está no cerne da aliança da Otan, num momento em que os temores em relação à Rússia aumentaram após a guerra contra a Ucrânia.
Recentemente, o ex-presidente pressionou o Congresso americano para se opor à aprovação de novos pacotes de ajuda a Kiev.
O tratado da Otan contém uma cláusula que garante a defesa mútua dos estados membros se um deles for atacado. Trump, favorito à indicação presidencial republicana, foi um crítico ferrenho da Organização do Tratado do Atlântico Norte quando era presidente, ameaçando repetidamente sair da aliança.
Ele diminuiu o financiamento de defesa para a Otan e frequentemente reclamava que os EUA estavam pagando mais do que sua parcela justa.
Sobre a guerra da Rússia na Ucrânia, Trump pediu a desescalada e reclamou dos bilhões gastos até agora. Desde a invasão em larga escala de Moscou em fevereiro de 2022, a ajuda dos EUA à Ucrânia totalizou cerca de US$ 75 bilhões, enquanto outros membros da Otan e estados parceiros combinados forneceram mais de US$ 100 bilhões.
Grupo Revelação sofre assalto após bloco de Carnaval; um dos integrantes é esfaqueado salvador
Rogerinho foi esfaqueado ao tentar se defender do assalto, que aconteceu por volta das 5h, de acordo com a assessoria do grupo de pagode. Ele foi levado a um hospital, onde levou seis pontos em uma das mãos, além de cuidar de cortes superficiais nas costas.
Segundo a equipe, ele “passa bem apesar do susto e já está se recuperando em casa”.
A agenda do grupo segue normalmente apesar do ocorrido, diz a assessoria. Neste domingo, eles se apresentam em Parnamirim, no Rio Grande do Norte.
O Grupo Revelação se apresentou no bloco Vem Sambar no sábado (10) em Salvador, na Bahia. Em registros da apresentação publicados no Instagram, os integrantes desceram do trio para cantar junto aos foliões.
Políticos e empreiteiras: como o Estado mais pobre do País virou polo do mercado de cavalos de raça
Cavalo Quarto de Milha é o preferido de políticos e atletas que disputam competições de vaquejada |
O crescimento é puxado por haras de políticos e de empresários investigados que se destacam no mercado pela quantidade e pelo valor milionário dos animais que negociam. Por trás das criações recentes estão figuras com trânsito e negócios com autoridades como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e o deputado federal Marreca Filho (Patriota-MA), além de políticos regionais.
O peso do Maranhão na criação de cavalos passou a ser destacado por consultores de compra e venda de animais em leilões, em sinal de prestígio. “Nos três últimos anos, não tem um Estado no Brasil que comprou cavalo, realmente, como o Maranhão”, afirmou em um leilão realizado em setembro o consultor Júnior Machado, um dos mais conhecidos do setor. Em outro encontro, no mesmo mês, Machado reforçou a relevância dos maranhenses. “De três, quatro anos para cá, essa pujança de compras aumentou muito.”
Durante um mês, a reportagem reuniu dados de execução orçamentária do governo federal e do Maranhão, levantou históricos empresariais, mapeou cavalos negociados em leilões e analisou extratos bancários e ações judiciais. No Estado, o Haras São Pedro é um dos protagonistas da cena do cavalo Quarto de Milha, os preferidos de políticos e atletas que disputam competições de vaquejada. Fundado em 2019 e registrado na Receita Federal em agosto de 2021, o criadouro é comandado pelos filhos do empresário Ricardo Del Castilho, de Imperatriz.
Dono das empreiteiras Terramata e RDC Construtora e Empreendimentos, o empresário é conhecido no setor como a pessoa que “fez a estrutura” do haras. Entre 2015 e 2023, o governo do Maranhão pagou mais de R$ 847 milhões às empresas de Del Castilho – que também mantêm contratos com prefeituras no Estado.
Um desses acordos levou o empreiteiro ao banco dos réus. Ricardo Del Castilho foi acusado pelo Ministério Público maranhense, em 2019, por fraude à licitação, lavagem de dinheiro e promoção de organização criminosa. A denúncia aponta que a Terramata contratou empresas do então prefeito de Açailândia (MA), Juscelino Oliveira, para asfaltar ruas da cidade, e Del Castilho “enriqueceu ilicitamente” ao superfaturar a obra.
Além de atuar com pavimentação e construção de escolas no Maranhão, as duas empresas estão diretamente ligadas com a criação de cavalos. Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran-MA), a RDC é a proprietária do caminhão que transporta os animais do Haras São Pedro pelo Brasil. Em outubro, a Terramata levou um caminhão-pipa e um trator a uma vaquejada promovida pela família.
Políticos compram cavalos de haras ligado a empreiteiras
As empreiteiras da família Del Castilho fecham contratos com o poder público, com regularidade, há uma década. Até 2019, as empresas tinham uma atuação regional. A partir daquele ano, a Engefort, controlada por Antônio Carlos Del Castilho – irmão de Ricardo – ganhou projeção nacional após vencer licitações em série no governo Jair Bolsonaro (PL).
A reportagem obteve extratos bancários que indicam uma atuação financeira conjunta entre a Engefort e a Terramata. Os documentos registram que, entre janeiro de 2017 e outubro de 2019, as empresas fizeram 155 operações de crédito e débito, incluindo transferências para Antônio Carlos Del Castilho. O valor total chegou a R$ 24,2 milhões.
Em âmbito nacional, a Engefort ganhou licitações para asfaltar ruas no Maranhão, Amapá, Rio Grande do Norte, Ceará, na Bahia e em Sergipe, por exemplo. Desde 2019, o governo federal reservou mais de R$ 622 milhões do orçamento público para pagar a empreiteira. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve os pagamentos para a Engefort, que é alvo de uma ação de ressarcimento ao erário pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Em junho do ano passado, a estatal foi à Justiça Federal do Maranhão reclamar um prejuízo de R$ 3,3 milhões em três contratos fechados com a empresa, em 2019, para asfaltar ruas em Vitorino Freire e em Lago da Pedra, no Estado. Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) afirmou que a Engefort executou a obra “de forma negligente e sem observância aos parâmetros normativos técnicos”.
A Codevasf anexou o relatório da CGU ao processo e solicitou o ressarcimento do valor “por se tratar de dinheiro público malversado mediante a prática de ato ilícito com violação aos princípios constitucionais, administrativos e cíveis”. “Restou configurado o ato ilícito no que tange a medição de valores indevidos, jogo de planilha e a qualidade dos serviços oferecidos, demonstrando também que houve a violação da boa-fé que rege os contratos”, alegou a estatal.
No processo, a Engefort afirmou que as obras “foram devidamente executadas de acordo com os parâmetros previstos no processo de licitação”. Segundo a empreiteira, “a Codevasf desempenhou um papel fundamental ao monitorar e autorizar a execução dos serviços”, ou seja, “qualquer falha na fiscalização ou na comunicação de não conformidades, se houve, não pode ser atribuída” à empresa, “visto que a responsabilidade pela adequação dos serviços prestados recai sobre a fiscalização” da estatal.
As obras de R$ 8 milhões da Engefort em Vitorino Freire foram bancadas com recursos indicados por Juscelino Filho, em 2019, quando era deputado federal. O ministro tem uma relação próxima com os donos do Haras São Pedro. Em 2022, os donos do criadouro compraram um cavalo do haras que Juscelino mantém em Vitorino Freire por R$ 200 mil.
O ministro omitiu um patrimônio de ao menos R$ 2,2 milhões em cavalos Quarto de Milha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O haras onde Juscelino mantém os animais estava em nome da irmã dele, a prefeita de Vitorino Freire, Luanna Rezende (União-MA). A empresa foi baixada da Receita após a reportagem.
Em setembro do ano passado, o ministro deu lances no leilão da família Del Castilho, para quem também mandou “um grande abraço”. Na ocasião, o Haras São Pedro faturou R$ 4,9 milhões com a venda de animais de raça. “Um haras que tão jovem conseguiu conquistar o Nordeste inteiro”, resumiu o assessor Ayrton Lins no início do leilão.
Dentre os compradores do leilão do Haras São Pedro estava o deputado Marreca Filho. O parlamentar não declarou ter cavalos no patrimônio apresentado ao TSE em 2022, mas compra animais de raça em leilões com frequência.
Dono de haras é candidato à prefeitura no Ceará
Outro criadouro considerado um fenômeno de crescimento e de resultados após pouco tempo de funcionamento, o Haras São Luís iniciou suas atividades sob o comando do ex-piloto de carro de rally Ruan Lima. O criadouro foi registrado na Junta Comercial do Maranhão em agosto do ano passado, embora já estivesse em funcionamento. O empresário alterou as atividades de uma empresa pré-existente, especializada em “casa de chá” e “estacionamento”, transformando-a em “criação de equinos”.
“Um cara que entrou (no setor e) não sabia nem o que era um cavalo”, resumiu o consultor Júnior Machado durante um leilão, em setembro.
O e-mail de contato do Haras São Luís, na Receita Federal, é o setor de contabilidade da Med-Surgery Hospitalar, empresa de fornecimento de material médico e nutrição controlada pelo pai de Ruan Lima. O telefone cadastrado pelo haras é o mesmo da Med-Surgery. Entre 2015 e 2024, o Governo do Maranhão pagou R$ 70,1 milhões à empresa de saúde. O governo federal transferiu outros R$ 8 milhões no mesmo período.
O empresário Alexsandre Lima, pai de Ruan, é réu em um processo movido pelo Ministério Público do Maranhão. A denúncia aponta que a Med-Surgery supostamente se beneficiou de uma licitação fraudada na Prefeitura de Paço do Lumiar (MA). A ação por improbidade contra o empresário e outros investigados, pelos mesmos motivos, foi julgada improcedente pela Justiça.
Ruan Lima prepara sua candidatura pelo PSD à prefeitura de Moraújo, cidade com 8 mil habitantes no norte do Ceará. Em pré-campanha, anunciou que o deputado federal Domingos Neto (PSD-CE) encaminhou, em dezembro, R$ 963 mil em recursos “para a saúde do município”.
“Obrigado, deputado, por atender um pedido nosso em prol de melhorias ao nosso povo”, escreveu Lima. “Tá na conta.
Dono do Haras São Luís, Ruan Lima é próximo de Juscelino Filho e de Arthur Lira. Em 2022, ele e o ministro organizaram o 1º Leilão de Quarto de Milha do Maranhão. Na ocasião, o empresário gastou R$ 200 mil para comprar 33% de um dos animais do ministro.
Lira comprou um cavalo do haras de Ruan Lima, por R$ 126 mil, em um leilão em setembro do ano passado. “Comprando aqui comigo, manda um abraço para o Ruan Lima, para toda a família, mais especial para o nosso comandante Alex, o comprador foi (o) deputado Arthur Lira, nosso presidente da Câmara, e seu filho Álvaro Lira”, anunciou o consultor Rodrigo Loureiro na ocasião.
Nas redes sociais, Ruan Lima exibe a amizade com Lira em fotos. Em agosto do ano passado, o empresário agradeceu ao deputado “pelos conselhos” e o citou como “um exemplo”. Em novembro, um novo registro. Desta vez, publicou uma imagem de um passeio com Lira, com o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e com o prefeito de Coreaú (CE), Edezio Sitonio (PDT). “Amigos do peito”, disse.
O presidente da Câmara é criador de bois e de cavalos em um haras no município de Pilar, interior de Alagoas, embora não tenha informado possuir cavalos ou bois na relação de bens enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2022. Arthur Lira comprou um cavalo do cantor Wesley Safadão por R$ 200 mil e esteve com empresas de apostas na compra de material genético de um outro animal. Os criadores conseguem altos lucros com a reprodução de cavalos raros.
A indústria do cavalo como um todo movimenta cerca de R$ 30 bilhões por ano no Brasil, segundo estimativas de associações do setor. Boa parte do valor é apurado pelo mercado que envolve os animais da raça Quarto de Milha. A compra e venda desses cavalos ocorre em leilões privados ou em transações particulares, sem obrigatoriedade de registros públicos dos termos das negociações.
A criação de Quarto de Milha e as competições de vaquejada atraíram o interesse de casas de apostas no ano passado, quando o ramo das “bets” entrou na mira de uma CPI na Câmara. Empresários da Pixbet e da MarjoSports, famosos sites de apostas do País, fizeram a maior oferta pública dos últimos tempos por um único cavalo: R$ 15 milhões. Eles pretendiam comprar o Dom Roxão, considerado um dos mais lendários garanhões da raça, mas o proprietário recusou a oferta. O cavalo morreu em janeiro após um acidente.
Procurados, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o presidente da Câmara, Arthur Lira, o deputado Marreca Filho, o empresário Ruan Lima e a Med-Surgery não retornaram o contato.
O empresário Ricardo Del Castilho afirmou à reportagem que a ideia de investir em cavalos partiu dos filhos, que são os idealizadores do parque. Segundo ele, a criação “já deve ter 8 anos, eu acho, 7 anos”. Até o momento, o haras promoveu um leilão de seus animais. “Eles são os que gostam mesmo dos animais, de cavalos. Na realidade, são eles mesmo que mexem, sempre mexeram desde criancinhas”, declarou.
Segundo Del Castilho, o haras é uma empresa “totalmente separada” da Terramata. O empresário afirma que o caminhão está em nome da RDC porque foi comprado em consórcio. Ricardo Del Castilho avaliou que o Maranhão se tornou um polo de investimento em cavalos Quarto de Milha por causa das vaquejadas. “Está muito aqui na região do Maranhão”, afirmou.
O empreiteiro disse que o processo contra ele acabou “um tempo desse”. Pontuou ainda que não trabalha em parceria com a Engefort, do irmão Antônio Carlos Del Castilho. Um dos filhos de Ricardo foi sócio da empresa entre 2014 e 2018.
“Totalmente independente. Engefort é uma empresa de um ex-sócio meu, nós separamos já há 8 anos atrás. Não tem nada, nada, vínculo algum”, relatou. “Se você me perguntar alguma coisa de lá, eu não sei responder. Nem obra com a Codesvaf, com o governo federal, eu tenho. Mais uma vez, repetindo, a Engefort, eu não tenho nada, nada, nada, um vínculo.”
A empresa Engefort Construtora informou que os processos licitatórios de que “participou e foi vencedora, o fez de forma regular”. “Somos uma empresa imbuída de elevadas responsabilidades, ancoradas em um processo minuciosamente estruturado e certificada nas normas ISO 45001, ISO 14001, ISO 9001 e SIAC, trabalhando sempre com honestidade em suas operações e comprometida com o cumprimento das leis”, assinalou.
PC fecha centro de distribuição de drogas e esquema de tráfico é desarticulado
Os policiais já estavam investigando os criminosos há mais de uma semana, fazendo monitoramentos e vigilância
Os policiais já estavam investigando os criminosos há mais de uma semana, fazendo monitoramentos e vigilância.
O trio foi flagrado no momento em que se preparava para enterrar a droga em um sítio que fica a cerca de 13 km de Tangará da Serra e era usado como polo de distribuição das drogas.
Ainda conforme a PC, a droga estava com a marca da organização que é a responsável por vender drogas na cidade.
A PC ainda informou que os criminosos já são conhecidos da Polícia e possuem passagens criminais.
Diante dos fatos, a droga foi apreendida e os indivíduos encaminhados para a Delegacia para providências cabíveis.
AgoraMT
Colisão entre picapes deixa feridos na Curva do Engenho
Assista o vídeo aqui:
https://www.instagram.com/p/C3OFmLZP8hS/?utm_source=ig_embed&utm_campaign=embed_video_watch_again
Neto de ex-presidente da ditadura militar é um dos investigados pela PF por plano de golpe
O economista e blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho |
De acordo com a PF, Paulo fazia parte de um grupo responsável por incitar militares a aderir ao golpe. As acusações contra o blogueiro giram em torno de participações que ele fez em programas televisivos e nas redes sociais. A reportagem buscou contato, mas não localizou Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho. O espaço segue aberto para manifestação.
Segundo apontam as investigações, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, acompanhado do coronel Bernardo Romão Correa Neto e do tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere Medeiros, articulavam com Paulo a divulgação de notícias falsas. Essas fake news eram produzidas para expor militares que não estavam alinhados com as iniciativas golpistas.
O objetivo, segundo a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável por ordenar a ação da PF nesta quinta, foi a de “incitar os integrantes do meio militar a se voltarem contra os comandantes que se posicionam contra o intento criminoso”.
“Eu apurei que há (generais do Alto Comando do Exército) que têm se colocado de forma aberta contra uma ação mais contundente das Forças Armadas. Mas, hoje, por um dever cívico, vou dar nome aos bois, pois o povo brasileiro tem direito de saber quem é quem”, disse Paulo em 22 de novembro de 2022, em publicação nas redes sociais reproduzida no relatório da Polícia Federal.
A fala do jornalista desencadeou uma campanha nas redes sociais que passou a caluniar e a difamar os generais, qualificados como carreiristas, traidores e melancias. Entre os alvos, estava o general Tomás Paiva, atual comandante do Exército.
Na decisão que deflagrou a operação desta quinta-feira, Moraes ordenou que Paulo fosse alvo de busca e apreensão pessoal e domiciliar e sofresse medidas cautelares diversas da prisão, como a proibição de manter contato com outros investigados pela operação e a desativação das suas redes sociais.
Investigado é neto de ex-presidente da Ditadura
Paulo é neto do ex-presidente João Figueiredo, que foi o último mandatário da ditadura militar, entre os anos de 1979 e 1985. O regime foi iniciado por um golpe militar em 1964 e durou 21 anos.
O governo de Figueiredo foi marcado pela abertura política, iniciada pelo seu antecessor, Ernesto Geisel. Foi na gestão do ex-presidente, que era general do Exército, que foi extinto o bipartidarismo e promulgada a Lei da Anistia, que beneficiou perseguidos pelo regime e autoridades acusadas de torturas.
A gestão de Figueiredo também foi marcada por atentados terroristas. O mais icônico foi o Atentado do Riocentro, que ocorreu em abril de 1981. Militares insatisfeitos com a abertura política planejaram um ataque à bomba em um show no Rio, porém, o plano falhou e os explosivos mataram um sargento.
A repercussão e as tentativas dos militares de abafar o caso acabaram selando o fim da Ditadura, que terminou na eleição indireta do ex-presidente Tancredo Neves em 1985. Após deixar a Presidência, Figueiredo se retirou da vida pública e militar, morrendo em 1999, aos 81 anos.
Coronel alvo de investigação sobre golpe retorna dos EUA e é preso em Brasília
O coronel do Exército Bernardo Romão Corrêa Neto |
Ele estava em missão nos Estados Unidos prevista para durar até 2025.
Corrêa Neto está preso no Batalhão da Guarda Presidencial e passou por audiência de custódia às 11h. A informação foi divulgada inicialmente pelo site G1 e confirmada pela Folha de S.Paulo.
Na audiência de custódia, o preso é ouvido por um juiz para que sejam avaliadas eventuais ilegalidades na prisão.
Corrêa foi alvo de prisão após a Polícia Federal encontrar mensagens trocadas com Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sob suspeita de participarem da preparação para a tentativa de um golpe de Estado.
Ele falava com Cid sobre o planejamento e os desdobramentos da minuta do golpe.
Os outros alvos de mandados de prisão já estão presos e passaram por audiências de custódia na sexta-feira (9).
São os militares Marcelo Câmara e Rafael Martins, o Joe. Câmara foi ouvido no Batalhão da Guarda Presidencial e Martins no Comando da Artilharia Divisionária da Divisão do Exército.
Também houve a audiência de Filipe Martins, que foi assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro. Ele foi escutado na sede da Polícia Federal do Paraná.
Além deles, também foi preso o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, em flagrante, por posse ilegal de arma e também pela posse de uma pepita de ouro. Moraes concedeu liberdade provisória a Valdemar neste sábado (10).
Moraes levou em conta argumentos da PGR (Procuradoria-Geral da República) pela liberdade provisória do investigado. O magistrado considerou ainda o fato de que o político tem idade avançada, 74 anos, e afirmou que o caso não envolveu violência ou grave ameaça.
Oposição na Assembleia aponta ausência de transparência em novo empréstimo solicitado por Jerônimo
Deputados de oposição na Assembleia Legislativa da Bahia |
“Mais uma vez, a gente vê o governador pedir autorização para tomar empréstimo num projeto carregado de vícios, que a gente já denunciou outras vezes no ano passado, porque não diz exatamente como o dinheiro vai ser gasto”, afirma.
“Agora são R$ 400 milhões que ele coloca genericamente para segurança pública, sem dizer se é para investir em tecnologia, efetivo policial ou alguma outra coisa. Mas isso precisa ser detalhado. A gente sabe que é uma área que precisa de investimento, mas isso precisa ser feito com responsabilidade e transparência”, acrescenta Sanches.
Este é o sexto pedido de empréstimo enviado por Jerônimo à Assembleia em pouco mais de um ano de gestão. Em 2023 foram cinco solicitações, que somaram R$ 3,7 bilhões.
Desta vez, o PL 25.201/2024 sequer descreve em qual instituição bancária o governo do Estado pretende captar o recurso.
“A gente espera que o governo envie as informações necessárias para que a Assembleia possa fazer uma discussão séria do projeto”, finaliza Alan Sanches.
Deputados são mais fiéis a seus redutos do que a seus partidos
Os votos dos deputados reproduzem, de forma quase idêntica, o mapa eleitoral do segundo turno da disputa presidencial de 2022: Piauí, Bahia e Maranhão são também os três Estados onde Lula venceu por maior margem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A divisão regional se mantém dentro dos partidos. Ou seja, deputados da mesma sigla foram mais ou menos governistas a depender do perfil do reduto eleitoral do Estado de onde vêm. No Republicanos, por exemplo, os pernambucanos votaram com o governo em 90,2% das ocasiões. Já os gaúchos seguiram o governo em só 50,4% das votações. A mesma coisa no MDB: a taxa de governismo dos pernambucanos da sigla foi de 96%; já a dos gaúchos ficou em 61%. Até dentro do PL, partido de Bolsonaro, impera a mesma lógica. O representante do partido no Sergipe, Ícaro de Valmir, acompanhou o governo em 80% das votações de que participou. Já os dois deputados do PL no Mato Grosso do Sul foram governistas em apenas 20% das vezes.
A mesma divisão já é visível em 2019, primeiro ano do governo de Bolsonaro, mas com sinal trocado: na época, os deputados do Sul e do Centro Oeste foram os mais governistas, e os nordestinos foram os que menos apoiaram o governo do capitão da reserva. Assim como acontece agora com Lula, o mapa dos votos no plenário da Câmara seguiu o resultado do segundo turno das eleições de 2018, quando Bolsonaro derrotou o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). A clivagem se manteve ao longo dos anos de Bolsonaro no poder (2019-2022).
Estados nordestinos estão entre os mais beneficiados por algumas políticas do terceiro governo Lula, como o perdão de dívidas de usuários do Minha Casa, Minha Vida. No sistema bicameral, adotado no Legislativo brasileiro, os deputados representam os interesses da população, enquanto os senadores são considerados representantes dos Estados da federação.
Segundo especialistas e políticos ouvidos pela reportagem, a cisão ideológica entre os Estados brasileiros se tornou mais forte nos últimos anos, com o acirramento da polarização entre direita e esquerda e o advento das redes sociais. Incentivos como a cobrança de governadores e a vigilância dos eleitores nas redes acabam sendo até mais importantes para os deputados do que a orientação dos líderes das bancadas. E quem se afasta do figurino com que foi eleito é punido de forma implacável. Os congressistas criaram até um termo para isso: “efeito Joice”. A referência é à ex-deputada Joice Hasselmann, que teve 1.078.666 votos em 2018, mas não se reelegeu em 2022, após romper com Bolsonaro.
Em 2023, o governo Lula conseguiu aprovar várias medidas importantes no Congresso. Os parlamentares quase deixaram vencer a medida provisória que reorganizou o governo, mas ela acabou aprovada, em junho. Câmara e Senado Aprovaram o voto de qualidade da Receita no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf); o novo arcabouço fiscal, que substituiu o antigo teto de gastos; a taxação dos fundos offshore e a reforma tributária, em dezembro. O governo também sofreu algumas derrotas relevantes, como a derrubada do veto de Lula ao marco temporal das demarcações de terras indígenas e a anulação de trechos de decretos presidenciais que mudaram o marco legal do saneamento básico.
Polarização política se aprofundou no Brasil em 2018
O jornalista Thomas Traumann é coautor do livro Biografia do Abismo (Harper Collins, 2023), sobre a polarização política no País. Segundo ele, o acirramento ideológico se intensificou no Brasil nos últimos seis anos. “A partir de 2018 é que as pessoas passam a levar em conta não só questões econômicas, como mais Estado, menos Estado. Passam a ser as coisas do cotidiano. Se a pessoa vai ter direito a se vacinar ou não, se o filho vai ter aula de educação sexual ou não. São coisas que mexem com a forma como elas entendem a vida”, diz.
“Isso, obviamente, tem aspectos muito ruins. Porque significa que elas continuam o acirramento (político da época da eleição) no dia a dia (…). A vida vira uma eleição permanente. Agora, tem uma coisa que não é necessariamente ruim: os deputados são pressionados a manter um discurso similar ao que os elegeu. Se foi eleito num Estado de maioria pró-Lula, ele é pressionado a ser pró-Lula também. E vice-versa”. Deputados menos consistentes ideologicamente, ou que não votam conforme a visão dos eleitores tendem a não se reeleger neste contexto, diz Traumann.
O deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) diz que a orientação dos líderes de bancada não tem mais o mesmo peso de antigamente. “No Nordeste, o Lula é muito forte. Então, todos nós temos simpatia por Lula. Há cada vez menos fidelidade à orientação do partido, o que prevalece é o resultado da eleição (presidencial). Os deputados do PP que votam com o governo são aqueles que estavam com Lula, no Nordeste, na eleição. Os do Sul, do Sudeste, estavam com Bolsonaro”, diz ele. “É como se a eleição não tivesse acabado ainda”.
Eduardo da Fonte concorda com Thomas Traumann sobre a pressão das redes: é cada vez mais difícil para um político contrariar as opiniões do próprio eleitor e sair ileso. “É o que a gente chama de ‘efeito Joice’. Joice teve 1 milhão de votos numa eleição, em 2018, e quando foi para a eleição seguinte, teve 14 mil (na verdade, foram 13.679). Ela abandonou o eleitor dela, que era um eleitor bolsonarista, e definhou, eleitoralmente. É isso, e a pressão da internet, que impede os deputados de migrar para o governo”, diz o congressista.
O cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, diz que a divisão se expressa de outras formas, como no surgimento de consórcios de governadores. “A política brasileira tem ganhado uma dimensão geográfica não desprezível. Haja vista, por exemplo, aquele movimento dos governadores do centro-sul (a criação do Consórcio de Integração Sul e Sudeste, o Cosud), para fazer frente ao Consórcio Nordeste. É mais uma tradução dessa dimensão geográfica que a política brasileira tem”, diz ele.
Em agosto passado, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse que o Cosud deveria defender os interesses dos Estados do Sul e do Sudeste na reforma tributária, em contraposição ao Norte e ao Nordeste. “Dada a resiliência do conflito político no Brasil, é bem possível que isso (divisão geográfica) permaneça (nos próximos anos)”, diz Rafael Cortez.
As nomeações dos ministros André Fufuca (Esportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) contribuiu pouco para trazer votos das bancadas dos partidos deles para o governo – um resultado um pouco melhor foi conseguido no União Brasil, com a troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino (Turismo). Fatores como o aumento das emendas parlamentares nos últimos anos corroeram o valor dos ministérios como moeda de troca entre Executivo e Legislativo, segundo especialistas.
As informações desta reportagem foram compiladas a partir da estrutura de Dados Abertos da Câmara. Foram consideradas algumas centenas de votações nominais no Plenário da Casa, nas quais houve orientação do líder do governo, o deputado José Guimarães (PT-CE). Este tipo de levantamento é útil para proporcionar uma visão geral sobre o comportamento de bancadas, Estados e deputados individuais. É usado rotineiramente por consultores, lobistas, partidos e pelo próprio governo, mas possui a limitação de equiparar votações cruciais com outras menos importantes.
Filho de Lula critica omissão do nome da mãe em publicação na conta oficial do pai
Luis Cláudio Lula da Silva, um dos filhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) |
Luis compartilhou uma publicação que mostra que um trecho de carta de seu pai que mencionava a participação de sua mãe na confecção da primeira bandeira do PT foi omitido em publicação na rede social do presidente.
O filho caçula de Lula escreveu que “infelizmente têm acontecido umas coisas estranhas” e que a história de sua mãe ninguém apaga. Marisa Letícia morreu em 2017, e Lula casou-se com a atual primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, em 2022.
“No começo era só um retalho de pano vermelho com uma estrela branca por cima. Mas por trás daquela bandeira improvisada havia uma determinação muito sólida: mudar a história deste país. E nós mudamos”, dizia a publicação, em referência aos 44 anos do PT, completos neste sábado (10).
Pouco depois, após críticas de petistas nas redes sociais que perceberam que a carta de Lula publicada no site da Fundação Perseu Abramo continha referência a Marisa Letícia, a conta oficial do presidente no X alterou a formulação para “um retalho de pano vermelho que a Marisa pegou e costurou uma estrela branca por cima”.
Após operação da PF, Mauro Cid aciona mensagens temporárias do WhatsApp
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL) |
Agora, as mensagens enviadas ao ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) são apagadas após 24h. Documentos da Operação Tempus Veritatis mostram que Cid monitorou a agenda e o deslocamento do ministro Alexandre de Moraes (STF).
Em delação à Polícia Federal que, logo após a disputa do segundo turno de 2022, Cid disse que Bolsonaro recebeu de um assessor uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários.
PF fecha cerco a Bolsonaro sob suspeita de golpe e ainda apura elos dele com 8/1
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) |
Agora o ex-presidente é colocado pela investigação como líder de uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado para se manter no poder.
À época dos ataques dos trumpistas, a investigação no Brasil ainda era chamada de inquérito dos atos antidemocráticos e caminhava com dificuldade por causa da inação de Augusto Aras, o procurador-geral da República indicado por Bolsonaro.
Três anos depois, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou apreensão do passaporte do ex-presidente e buscas contra figuras graúdas das Forças Armadas, expondo os bastidores da escalada golpista que pretendia manter Bolsonaro na Presidência mesmo após a derrota nas urnas para Lula (PT).
Até chegar a esse ponto, a investigação passou por percalços dentro da Polícia Federal e evidenciou excessos de Moraes, como no caso das buscas contra empresários às vésperas da eleição de 2022, mas é considerada o inquérito mais robusto dos vários relatados pelo ministro e que miram Bolsonaro e seus aliados.
Esse inquérito, aliás, é um bom exemplo sobre a falta de alinhamento entre Aras e Moraes. A situação não tem se repetido após a posse de Paulo Gonet, indicado por Lula. O atual PGR encampou todos os pedidos feitos pela PF e que originaram a operação Tempus Veritati, deflagrada na quinta (8).
A antigo inquérito dos atos antidemocráticos teve início em abril de 2020 a pedido do próprio Aras, após Bolsonaro participar de ato em frente ao quartel-general de Brasília que pedia intervenção militar.
Em junho do ano seguinte, após o caso começar a avançar em direção a pessoas próximas a Bolsonaro, Aras pediu o arquivamento do inquérito perante o STF.
Moraes fingiu que não viu o pedido, deu um drible na PGR e ordenou a abertura de outra investigação, com o mesmo material angariado na apuração anterior —que passou a ser chamada de inquéritos das milícias digitais.
Nesse cenário, a então delegada titular do caso na PF, Denisse Ribeiro, passou a organizar na investigação das milícias digitais toda a apuração sobre o entorno de Bolsonaro e seus aliados.
No entendimento da delegada, a organização criminosa alvo da apuração era responsável por todos os eventos da escalada golpista, que tinha começado em 2020, passado pela campanha de desinformação durante a pandemia e desembocado nos ataques ao sistema eleitoral em julho de 2021.
A investigadora, que desde o início do caso também acompanhava como a inspiração americana do bolsonarismo se movimentava, identificou um padrão semelhante nos dois países.
Assim como nos EUA, o grupo político inflava suas bases por meio da disseminação de desinformação, lucrava financeiramente e politicamente com isso, e —o mais importante— sinalizava estar disposto a usar qualquer meio para se manter no poder.
Para se preparar para segurar a escalda golpista, a delegada passou a enviar todos os casos que Moraes abria para dentro da investigação, classificando-os como eventos praticadas por uma mesma organização criminosa que se estabelecia em forma de milícia digital.
Denisse saiu da apuração no início de 2022 por causa de uma licença e deixou em seu lugar o delegado Fabio Shor, que manteve o entendimento anterior e avançou nas investigações, principalmente, a partir da quebra do sigilo telemático de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Antes de sair, no entanto, a delegada entregou a Moraes um relatório parcial em que já apontava para Bolsonaro e tinha elementos sobre a atuação do governo contra as urnas eletrônicas. A delegada havia investigado a live de 29 de julho de 2021 e o vazamento do inquérito sobre ataque hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em 4 de agosto daquele ano.
Foi no caso do vazamento do inquérito que Mauro Cid, agora delator, teve seu sigilo telemático quebrado, garantindo à PF acesso a conversas e informações sobre o dia a dia do governo e do próprio Bolsonaro.
Nos dois casos, estavam as digitais dos mesmos nomes que agora estão na mira de Moraes pelo planejamento do golpe após a derrota eleitoral para Lula.
Anderson Torres, então ministro da Justiça, já era investigado. O general Augusto Heleno, à época chefe do Gabinete de Segurança Institucional, estava na mira por causa da atuação irregular da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e os militares começaram a aparecer como os que levantaram as suspeitas contra as urnas.
Em fevereiro de 2022 a investigação apontava que o inquérito das milícias digitais era o “principal anteparo contra possíveis investidas antidemocráticas dos apoiadores do presidente no ano eleitoral”.
Ao longo de 2022, já sob novo comando, a investigação foi incluindo ainda mais eventos para serem apurados. A lista inclui os ataques às urnas, o uso das Forças Armadas para legitimar a tentativa de tumultuar o pleito e as suspeitas de desvio de dinheiro da ajudância de ordens, entre outros casos.
Alguns deles são investigados em inquéritos separados, como a atuação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) nas eleições.
Atualmente, o inquérito das milícias tem cinco linhas de apuração: ataques virtuais a opositores, ataques às instituições e às urnas eletrônicas, tentativa de golpe de Estado, ataques às vacinas e medidas na pandemia e, por último, o uso de estruturas do Estado para obtenção de vantagens indevidas.
Com a operação da última quinta, a PF sinaliza que a investigação sobre a tentativa de golpe caminha para o fim. Resta agora encerrar o caso sobre as joias e as transações suspeitas no gabinete da Presidência e indicar qual a participação de Bolsonaro no 8 de janeiro, a versão brasileira da invasão ao Capitólio.
Passagens aéreas, dentista e até manicure: inflação de serviços avança e preocupa o BC economia
Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC |
“Aumentamos em 10% por causa de um montante (de reajustes): aluguel, serviço de lavanderia de toalhas, materiais – esmalte, acetona, lixa, envelope de autoclave –, IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e até a dose do café que eu sirvo aqui”, explica Paula.
Antes de o preço aumentar, as clientes foram avisadas, e somente duas reclamaram. Por enquanto, Paula diz que não sentiu um recuo no movimento, até porque a demanda está aquecida em razão do Carnaval.
Nas suas contas, seria necessário um reajuste maior, de 15%, para equilibrar o negócio. “Não fiz isso porque acho muito, já aumentei 10%”.
Já Claudio Florio, dono do Fix Atelier, de serviços de costura, também localizado em Perdizes, reajustou em 12%, em média, os preços dos mais de 200 serviços que presta. Em 2022, o aumento médio havia sido de 10%, mas ainda tinha restado uma defasagem de cerca de 8% entre custos e preços.
“Em 2023, consegui um reajuste de 12%, em média, e, como a inflação foi bem menor do que isso, recuperei os preços antigos”, diz Florio. Ele destaca que o aumento ocorreu, sobretudo, por causa da alta do valor da mão de obra, que representa metade dos seus custos.
Os aumentos dos preços promovidos por Florio e por Paula em 2023 foram captados pelo índice oficial de inflação do País, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos últimos 12 meses até janeiro de 2024, o IPCA fechou com alta de 4,51%, enquanto a inflação dos serviços subiu 5,62%.
Além das passagens aéreas, com aumento médio de 25,48% em 12 meses até janeiro de 2024, e do preço da hospedagem que ficou em média 10,86% mais alto no mesmo período – ambos relacionados à forte demanda em razão do fim da pandemia –, serviços de costura e de manicure se destacaram no ranking dos reajustes anuais, com aumentos de 8,07% e 7,82%, respectivamente.
Também constam na lista de maiores altas dos preços dos serviços, transporte por aplicativo (9,47%), aluguel de veículo (13,14%), pintura de veículo (8,98%), mensalidade de clube (9,11%), cursos regulares (8,36%), dentista (8,55%) e condomínio (6,81%). Todos esses aumentos foram superiores à inflação geral acumulada no período e também acima da inflação de serviços.
Nos últimos tempos, no entanto, o cenário para inflação como um todo tem ficado cada vez mais favorável. Por três semanas seguidas, projeções do mercado financeiro para o IPCA de 2024, captadas pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC), recuaram e encerraram a primeira semana de fevereiro estáveis em 3,81%.
Apesar de as projeções indicarem perda de fôlego da inflação como um todo, existe uma preocupação com a alta de preços de serviços, que é alimentada principalmente pela recuperação do mercado de trabalho.
O ano de 2023 fechou com taxa média de desemprego de 7,8%, o menor resultado desde 2014. Há no País 100,7 milhões de ocupados, uma marca recorde. No ano passado, a massa real de rendimentos do trabalho ficou em R$ 295,6 bilhões, a maior da série do IBGE, com alta de 11,7% ante 2022.
Segundo o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), o economista Luis Eduardo Assis, a inflação de serviços não está tão tranquila quanto poderia. Isso porque, ela tem forte correlação com o desemprego, que está historicamente muito baixo, e com o nível de atividade que, por sua vez, depende da taxa de juros. “Isso que desanima o Banco Central a ser mais ousado no corte dos juros”, afirma Assis.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, houve um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros para 11,25% ao ano. A sinalização do BC é de que os próximos cortes sejam também dessa magnitude. Na ata da reunião, consta que o colegiado ficou mais atento ao cenário doméstico, aos reajustes salariais e ao impacto na inflação de serviços.
“O setor de serviços é realmente um desafio para a política monetária”, afirma André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Resistência dos serviços
Braz explica que uma parte dos serviços tem um certa rigidez de preços. Por isso, torna-se mais difícil uma desaceleração. Entre os fatores que contribuem para essa rigidez, ele aponta uma dose de indexação de alguns tipos de serviço, como despesas de condomínio e mensalidades escolares, por exemplo.
Pesam nos reajustes de preços desses segmentos o comportamento da inflação passada, os aumentos das tarifas, como a de energia elétrica, e os dissídios dos trabalhadores empregados no setor.
Outro ponto que também joga a favor dessa rigidez, segundo o economista, é a taxa de juros. No aluguel, por exemplo, quando o juro básico está em patamares elevados como o atual, as pessoas optam por alugar uma moradia no lugar de comprar um imóvel, por causa do custo elevado do financiamento. Esse é mais um fator que acaba pressionando os preços do aluguel, um serviço importante na inflação, dificultando a desaceleração.
Além disso, pesa nesse quadro o momento favorável do mercado de trabalho. “Isso acaba estimulando a demanda por alguns serviços que começam a fazer parte da cesta de consumo das famílias que tiveram a sua qualidade de vida melhorada”, diz Braz.
Sinal amarelo
De acordo com economistas, a perspectiva da inflação de serviços neste ano é de desaceleração em relação a 2023, mas ainda assim o resultado será superior ao IPCA como um todo.
Nas projeções de Braz, a inflação geral medida pelo IPCA deste ano deve ficar em 3,7%, com os serviços subindo entre 4% e 4,5%. Nas contas do economista da LCA Consultores, Fabio Romão, o IPCA de 2024 deverá ficar em 4%, e os serviços devem subir 4,3%.
Romão pondera que, como os serviços não são itens comercializáveis, isto é, passíveis de importação, normalmente a inflação do setor costuma ficar acima do índice geral de inflação da economia. De toda forma, há um ponto de atenção nas previsões deste ano para a inflação de serviços.
Para 2024, a inflação esperada de serviços subjacentes, que são aqueles que excluem os serviços com grande variação sazonal nos preços, como passagens aéreas, hospedagem, cursos regulares e serviços domésticos, é de 5%, ante 4,8% em 2023, segundo Romão. “A inflação subjacente de serviços praticamente não vai desacelerar em 2024″, ressalta o economista.
Em janeiro de 2024, a inflação subjacente dos serviços, que, na prática, é uma espécie de núcleo e indicador de tendência dos preços desse setor, fechou com alta de 0,76%. O resultado ficou acima da previsão da LCA, que era alta de 0,6%. Também é quase 50% maior que o do mês anterior (0,51%) e ficou acima do de janeiro de 2023 (0,58%).
“O resultado de janeiro incomodou, é um sinal amarelo”, diz Romão. Ele atribui esse número a altas de preços em serviços pessoais que são intensivos em trabalho, como manicure, cabeleireiro e serviço bancário, por exemplo.
Segundo o economista, esses reajustes podem ter sido fomentados não apenas pelo efeito calendário da virada de ano, quando vários profissionais liberais reajustam seus preços com base na inflação do ano que acaba de se encerrar, mas também pela resiliência da massa real de rendimentos.
Apesar de os serviços incomodarem, para Romão, isso não seria motivo para que o BC pare de cortar os juros antes do que gostaria. De modo geral, o economista da LCA lembra que há outros componentes da inflação, como os preços administrados, que vão desacelerar, e parte dos preços livres devem subir num ritmo mais lento.
Esse movimento deve compensar as pressões dos serviços, advindas do fortalecimento do mercado de trabalho. “Obviamente que o BC está vigilante”, finaliza Romão.
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