‘Crime organizado alcança todo o País’, alerta Gonet
“O crime não conhece competências jurídicas nem espaços das instituições públicas”, afirmou. “É preciso um esforço concentrado dos poderes públicos para o enfrentamento da criminalidade e, de forma especial, para o combate às organizações criminosas que atuam em diversas frentes e alcançam todo o País”.
Gonet assumiu o cargo em dezembro do ano passado e ficará dois anos à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), com a possibilidade de ser reconduzido. Em sua primeira sessão no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), no último dia 5, prometeu agir para combater o crime organizado, o que considera um clamor social.
Uma de suas primeiras medidas foi fechar nesta manhã um convênio com o Ministério Público do Rio para facilitar a troca de informações entre as instituições em investigações criminais.
O acordo de cooperação prevê o “intercâmbio de dados, elementos de convicção, provas e vestígios não sigilosos” de investigações que envolvam o MPF e o MP do Rio. O compartilhamento depende de autorização judicial.
A PGR e o Ministério Público do Rio começaram a pensar no convênio porque avaliam que há espaço para uma atuação conjunta em investigações que envolvem crimes de competência estadual e federal ou autoridades com foro e pessoas sem a prerrogativa.
Pedido de impeachment de Lula tem mais assinaturas do que os que derrubaram Dilma e Collor
Encabeçado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), o pedido de cassação do petista tem 139 assinaturas. O requerimento possui 49 páginas e diz que o presidente da República “comprometeu a neutralidade brasileira” a cometer um “ato de hostilidade contra Israel” por meio de “declarações de cunho antissemita”.
No dia 18, durante entrevista coletiva em Adis Abeba, capital da Etiópia, Lula criticou a ação de Israel em Gaza e fez uma comparação entre a morte de palestinos e o extermínio de judeus promovido por Adolph Hitler, ditador da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
O pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, encabeçado pelos juristas Janaina Paschoal, Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, teve 47 assinaturas. O requerimento estava baseado nas chamadas “pedaladas fiscais” e na edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Congresso.
O pedido, enviado à Câmara no dia 15 de outubro de 2015, teve também a assinatura do advogado Flávio Henrique Costa Pereira e de 43 lideranças de movimentos sociais pautados no combate à corrupção. Um dos signatários era a própria Carla Zambelli, então líder do Movimento Nas Ruas.
O pedido foi aceito pelo presidente da Câmara da época, Eduardo Cunha, então no MDB, no dia 2 de dezembro daquele ano. A Casa aprovou o impeachment de Dilma no dia 17 de abril de 2016, por 367 votos a 137, afastando a ex-presidente do Planalto. O Senado cassou o mandato da petista no dia 31 de agosto, por 61 votos a 20.
No caso de Fernando Collor, primeiro presidente cassado desde a redemocratização em 1992, o pedido de impeachment foi redigido por 18 juristas, sendo encabeçado por Barbosa Lima Sobrinho, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e Marcello Laveniére, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O requerimento de afastamento de Collor, entregue no dia 1º de setembro daquele ano, levou em consideração o relatório final de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou um esquema de corrupção que envolvia o ex-presidente e o seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias.
O processo teve uma rápida tramitação na Câmara e, já no dia 29 de setembro, a Casa aprovou a abertura do processo de impeachment por 441 votos a favor e 38 contra. Em 29 de dezembro, Collor renunciou ao cargo de presidente da República para tentar evitar o impeachment e a perda dos direitos políticos no Senado. Mas por 76 votos a três, perdeu o mandato e foi declarado inelegível a cargos políticos por oito anos.
O pedido de impeachment contra Lula protocolado nesta quinta também supera o número de assinaturas que teve o requerimento de afastamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com maior adesão. Protocolado em 30 de agosto de 2021, foi assinado por 46 parlamentares, entidades representativas da sociedade e personalidades.
O “superpedido” denunciava o ex-presidente por omissões e erros no combate à pandemia de covid-19 e por atentar contra o livre exercício dos Três Poderes. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não deu prosseguimento ao requerimento.
Número de assinaturas não influencia abertura do processo
Especialistas ouvidos pela reportagem explicam que número de assinaturas em um pedido de impeachment não influencia a abertura do processo. O número de signatários, no caso de Lula, mais evidencia uma articulação e um fortalecimento da oposição ao governo federal do que uma possibilidade de afastar o petista por crimes de responsabilidade, avaliam.
O primeiro passo para a abertura de um processo de cassação de mandato do presidente da República depende do presidente da Câmara, que pode dar prosseguimento ou não ao requerimento. A tendência, como mostrou a Coluna do Estadão, é que Lira deixe o documento na gaveta. Além disso, um contexto de convulsão social, crise econômica e baixa governabilidade torna um processo de impeachment “viável”. Foram esses fatores que derrubaram Dilma e Collor, conforme os analistas.
De acordo com o cientista político Murilo Medeiros, do Instituto Millenium, a situação de Lula se difere dos casos de Dilma e Collor justamente por não ter um “cenário perfeito”, com crise econômica, protestos massivos nas ruas e deterioração da governabilidade do chefe do Executivo.
“Como no atual contexto político essas três balizas não são preenchidas, dificilmente o pedido de impeachment avançará. Porém, o alto número de parlamentares alcançado pelo requerimento acende um sinal amarelo para o governo, que precisa redobrar sua articulação no Congresso Nacional”, disse.
Para o doutor em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leandro Gabiati, o número de assinaturas, mesmo não sendo determinante para a cassação de Lula, mostra um fortalecimento na articulação da oposição ao governo diante das críticas que o petista sofreu ao comparar o conflito em Gaza com o Holocausto. “A fala do Lula criou uma oportunidade para a oposição se movimentar e se articular”.
Wilson Fittipaldi, pioneiro do automobilismo no país, morre aos 80 após longa internação
Foi um sonho que ele dividiu com o irmão mais novo, Emerson, responsável pelos dois primeiros títulos do Brasil na categoria (1972 e 1974). Juntos, projetaram e construíram os carros da Copersucar-Fittipaldi, que esteve presente em oito temporadas do Mundial.
Foi, também, o resultado da paixão despertada pelo pai deles, o Barão Wilson Fittipaldi (1920-2013), um dos grandes responsáveis pelos primeiros passos do esporte a motor no país, apresentador de programas temáticos na TV, o primeiro narrador da modalidade no rádio brasileiro e o fundador da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo).
Wilsinho morreu nesta sexta-feira (23), aos 80 anos. Ele sofria de mal de Parkinson e estava internado desde o dia 25 de dezembro no Hospital Prevent Sênior, no Itaim Bibi, em São Paulo. Na data, além de celebrar o Natal, ele comemorava seu aniversário octogenário.
Em nota, a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) lamentou a morte e destacou a importância de Wilsinho. “A CBA rende homenagens não apenas ao ex-piloto Wilson Fittipaldi Jr., mas a este legítimo patrimônio do Automobilismo Brasileiro. Reuniu talento, visão de futuro e ousadia para levar o nome do Brasil a um patamar jamais imaginado. Num projeto que, certamente, estava à frente do seu tempo, capitaneou o surgimento da primeira equipe brasileira de Fórmula 1”.
“É até difícil expressar sua importância para o nosso automobilismo. No fundo, o Tigrão, como era conhecido nos autódromos, sempre teve a alma inquieta de um piloto que busca sem cessar a própria superação. Mas, para quem compartilhou de sua trajetória, era fácil enxergar o entusiasta e empreendedor que elevou a essência do automobilismo ao patamar da arte”, disse Fernando Julianelli, CEO da Stock Car, categoria que Wilsinho disputou por três temporadas, conquistando o vice-campeonato de 1991.
Segundo familiares que estavam com ele, o piloto engasgou com um pedaço de comida. Após passar um período longo sem oxigênio, teve uma parada cardíaca. Ele foi reanimado antes de ser levado ao hospital.
Wilson era casado com Rita e pai do também piloto Christian Fittipaldi, 52, o terceiro da família que pilotou um carro de F1, em três temporadas, de 1992 a 1994. Pai e filho chegaram a dividir o mesmo carro, nas Mil Milhas Brasileiras, em 1994, considerada por ele a vitória mais especial de sua vida.
Já a corrida pela qual ele será lembrado para sempre ocorreu duas décadas antes, em janeiro de 1975, quando ele alinhou seu Copersucar-Fittipaldi na 23ª e última posição do grid no Autódromo Municipal de Buenos Aires, antes da largada do GP da Argentina, na abertura da temporada daquele ano.
Qualquer que fosse o resultado final dele (que não completou a prova), a simples presença naquela corrida marcava a estreia da equipe brasileira na categoria, com um carro que o próprio Wilson ajudou a projetar.
Era o ápice de sua trajetória no automobilismo, que começou nos anos 60, ao lado de Emerson. Ao longo de sua vida, ele guiou os mais diferentes automóveis, incluindo os modelos de turismo e os monopostos, especialmente os da Fórmula Ve e da F1.
Em 1972, ele chegou à principal categoria do automobilismo mundial, na qual ficou por duas temporadas. Em 35 corridas, seu melhor resultado foi um terceiro lugar no GP Brasil de 1972.
Sem muitos resultados expressivos, foi como dono de equipe que ele deixaria sua marca.
A escuderia da família esteve presente no grid de 1975 a 1982, período em que realizou 104 provas, sendo a primeira com Wilson, na Argentina, e a última na Itália, com Chico Serra.
O resultado mais festejado foi alcançado em 1978, quando Emerson subiu no pódio do GP Brasil, com um segundo lugar na corrida realizada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Wilson gostava de recordar com orgulho desse período, sobretudo porque acreditava que, atualmente, é quase impossível a F1 ter novamente um time brasileiro devido aos padrões financeiros da categoria.
“Acho que hoje em dia não existe nenhuma chance, devido ao custo da F1. Naquela época com 3 milhões de dólares se montava uma boa equipe. Hoje a coisa foi para 450 ou 500 milhões de dólares, por temporada. Simplesmente impossível de acontecer”, disse ele em recente entrevista à revista Racing.
Passaram pela equipe grandes nomes como o próprio Wilsinho, Emerson Fittipaldi, Ingo Hoffmann, Alex Dias Ribeiro, Chico Serra e Keke Rosberg.
Apesar da importância histórica para o automobilismo brasileiro, a equipe também conviveu com críticas na época, sobretudo na mídia não especializada em corridas, pelas dificuldades de competir com carros de escuderias tradicionais, como Ferrari e McLaren.
Wilsinho ficou especialmente chateado com apelidos que deram ao time na época, como “tartaruga” e “açucareiro”.
“Nunca entendemos porque isso, se estávamos indo tão bem”, comentou Wilsinho também à Racing.
Foi só recentemente, no aniversário de 40 anos da empreitada brasileira na F1, que os resultados da equipe fundada pelos irmãos Fittipaldi passaram a fazer as pazes com a história, sendo exaltados pelos fãs de automobilismo no país.
Felizmente, a tempo do próprio Wilson receber o reconhecimento que merecia.
Minas Gerais se aproxima dos 100 mil casos de dengue e registra 32 mortes pela doença
O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue |
Desde o início deste ano, 32 pessoas morreram por causa da doença no estado. Outros 166 óbitos estão sob investigação. O total de casos confirmados é de 99.035 Já o de casos suspeitos, ou seja, ainda pendentes de confirmação, é de 286.002.
Na última semana epidemiológica do ano encerrada, a de número sete, de 11 a 17 de fevereiro, foram quatro mortes. No período anterior, a semana epidemiológica seis, foram confirmadas três mortes e, na semana de número cinco, o número se repetiu, com três mortes.
As semanas epidemiológicas são os períodos oficiais utilizados pelo governo para análise de dados e definição de estratégias de combate a doenças.
Em janeiro, na semana um, de 31 de dezembro a 6 de janeiro, houve uma morte, seguida de cinco na semana dois e de dez na semana três. A queda começou na semana quatro, com seis mortes, até atingir os três óbitos da semana cinco e a nova subida.
A Secretaria de Estado de Saúde não disponibilizou nesta sexta representante para entrevista sobre o atual cenário da doença no estado.
As mortes por dengue em Minas Gerais foram tema de reunião na quarta-feira (21) entre profissionais da saúde do estado.
“Quero lembrar que evitar mortes por arboviroses deve ser o ponto central para todos nós. A prevenção continua como um esforço coletivo e depende de toda a população”,afirmou o secretário de Estado de Saúde Fábio Baccheretti, na reunião, realizada na Cidade Administrativa.
O responsável pela pasta falou sobre o sintoma que indica complicação no quadro de quem tem dengue. “Um dos problemas é quando o paciente está por volta do quinto dia com a doença e começa a sentir, por exemplo, dores abdominais. Isso é sinal que ele está entrando em choque”, afirmou.
“As mortes por dengue são evitáveis e o que nos cabe é organizar o sistema de saúde da melhor maneira possível”, acrescentou.
Nesta quinta (22) Minas Gerais recebeu o primeiro lote da vacina Qdenga, contra a dengue. Foram enviadas pelo Ministério da Saúde 78.790 doses que serão utilizadas na imunização de crianças de 10 a 11 anos, faixa etária que apresenta alta incidência de internações quando acometida pela doença.
As vacinas serão distribuídas para cidades de duas regiões de saúde, Belo Horizonte e Coronel Fabriciano/Timóteo, no Vale do Mucuri. A definição atende a critérios estabelecidos pelo governo federal, que é ter pelo menos um município com mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de dengue e sorotipo predominante Denv-2. No sábado (27), o governo de Minas decretou emergência em saúde no estado por causa da doença.
CHIKUNGUNYA
O painel de monitoramento do governo do estado para casos de febre chikungunya aponta que a doença já matou cinco pessoas em Minas Gerais. As duas últimas mortes, porém, foram confirmadas na semana epidemiológica quatro, de 21 a 27 de janeiro.
Outros 20 óbitos estão sob investigação. O total de casos confirmados até agora é de 19.256. O de prováveis, ainda pendentes de confirmação, é de 29.864.
Chanceler israelense volta a provocar Lula nas redes sociais: ‘ninguém vai separar o nosso povo’
“Ninguém vai separar o nosso povo – nem mesmo você, Lula”, escreveu Katz na legenda, primeiro postada em português e, em uma segunda postagem, em hebraico. Em ambas, o chanceler encerrou a postagem com a saudação “Shabbat Shalom!”
Desde as falas do presidente Lula comparando a ação de Israel em Gaza ao Holocausto, no último domingo (18), o assunto tem dominado as postagens de Katz na rede social. Inicialmente, o chanceler classificou o posicionamento do presidente brasileiro como “vergonhoso e sério”. Em seguida, publicou vídeos da reprimenda pública ao embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, e de uma brasileira que sobreviveu ao ataque do Hamas a uma rave no dia 7 de outubro —sempre com versões em hebraico e em português.
Nessas e em outras publicações, o chanceler também cobrou, mais de uma vez, um pedido de desculpas de Lula, sempre marcando a conta oficial do presidente nas postagens. Até mesmo a conta oficial da diplomacia israelense foi usada para chamar Lula de “negacionista do Holocausto”. Na terça-feira (20), o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, rebateu a publicação e acusou o governo de Binyamin Netanyahu de se valer de fake news para superar seu isolamento internacional.
Sistema prisional terá cães e gatos para capacitar reclusos
Medida deve ser implantada em todo o Brasil |
Segundo a decisão, as orientações têm como base os modelos do Centro de Detenção Provisória de Taubaté e da Penitenciária de Tremembé 1, onde projetos envolvendo cães e gatos “se consolidaram como importantes ferramentas de ressocialização dos indivíduos privados de liberdade, de humanização do sistema de execução penal e de desenvolvimento da afetividade, bem como dos aspectos sociais, morais e éticos, de forma a contribuir para a construção da paz social”.
Padronização
A partir dessas iniciativas, foram criadas diretrizes que buscam uma
padronização na instalação dos canis e gatis, como o uso do Acordo de
Cooperação Técnica (ACT) como instrumento para pactuação entre o poder
Executivo, Judiciário e as prefeituras municipais, por exemplo, para
viabilizar os projetos locais. Além disso, são sugeridos convênios com
faculdades e escolas técnicas em veterinária para a promoção de cursos
para pessoas privadas de liberdade.
Além da capacitação para serviços de cuidados com os animais, a resolução sugere ainda o aprendizado sobre treinamento de cães para serem animais de assistência, cão-guia, cão-ouvinte ou cão de serviço.
Também foram estabelecidas regras como a obrigatoriedade de vacinar, vermifugar e castrar os animais, antes de serem inseridos nas instituições prisionais; e a proibição de participação no projeto, por pessoa privada de liberdade por praticar abuso, maus-tratos, ferimento ou mutilação de animais.
Entre os objetivos destacados na medida estão a qualificação profissional dos reclusos, possibilitando a volta ao mercado de trabalho, tanto pela contratação por empresas de diversos ramos, quanto pelo empreendedorismo autônomo. Com isso, o programa busca também aumentar as chances de empregabilidade no momento de reinserção social e diminuir a reincidência criminal.
Lula assina decreto que retoma calendário para pagar emendas parlamentares
O veto aguarda análise em uma futura sessão do Congresso, cuja data está atualmente em fase de negociação com a Secretaria de Relações Institucionais de Alexandre Padilha.
“O pagamento de despesas no exercício de 2024, inclusive dos restos a pagar de exercícios anteriores e daquelas relativas aos créditos suplementares e especiais abertos e aos créditos especiais reabertos nesse exercício, observará os cronogramas de pagamento constantes deste Decreto”, diz o documento assinado por Lula.
Zambelli protocola pedido de impeachment de Lula por fala sobre Holocausto
Deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) |
A informação foi confirmada pela Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados. Segundo Zambelli, o pedido reúne assinaturas de 140 deputados federais —inclusive de membros de partidos que são da base aliada do petista no Congresso Nacional. Ela diz que outros cinco parlamentares também indicaram que querem assinar o documento.
A secretaria-geral está, agora, conferindo as assinaturas de cada um dos parlamentares.
Apesar de a crise ter dado munição à oposição e ter mobilizado aliados de Bolsonaro em torno do pedido de impeachment, líderes de bancadas no Congresso Nacional afirmam ser zero a chance de a ofensiva prosperar.
A abertura do processo depende do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Lira não tem prazo para analisar esses pedidos, que podem ficar em sua gaveta por tempo indeterminado. Em caso de arquivamento da solicitação, pode haver recurso ao plenário.
“Minha meta a princípio era cerca de 80 assinaturas, chegamos a 140. Quem sabe agora chegamos em 1/3 da Casa? A população está pedindo para seus deputados, isso é muito positivo”, diz Zambelli à Folha.
Para os deputados, a declaração polêmica de Lula foi crime de responsabilidade. A fala foi, segundo eles, “ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”.
Na terça-feira (20), um grupo de parlamentares do PL e da oposição ao governo concedeu uma entrevista coletiva à imprensa. Nela, Zambelli disse que o pedido “não é ideológico”, mas que Lula cometeu crime de responsabilidade e que o Congresso tem “a responsabilidade de responder à altura”.
Segundo a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados, há registros de 19 pedidos de impeachment contra Lula em seu terceiro mandato. Jair Bolsonaro (PL) teve 158 pedidos ao longo dos quatro anos em que esteve na Presidência.
Lira diz que Lula e PT estarão ao seu lado na sucessão para presidência da Câmara
O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) e o presidente Lula (PT) |
“O presidente Lula tem o direito de fazer o sucessor dele, como eu tenho a minha pretensão, ouvindo a todos os líderes partidários e amigos na Câmara a fazer nosso sucessor”, disse Lira.
“O presidente Lula sabe e disse que estará junto desse projeto de acompanhar para que eu tenha o direito de fazer o meu sucessor, e o PT não penso que pensará diferente, porque não tem motivos, todo os compromissos estão sendo honrados”, disse Lira em evento nesta sexta (23) na FGV do Rio de Janeiro.
Apesar de nas conversas com aliados Lira não ter indicado quem será o seu candidato, há uma avaliação de que dois nomes estão mais fortes na disputa pelo seu apoio: o líder da União Brasil, Elmar Nascimento (BA), e o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP). Segundo relatos, Lira tem afirmado a eles que apoiará quem se viabilizar na disputa.
Há ainda dois líderes que correm por fora como possíveis alternativas. O do PSD, Antonio Brito (BA), e o do MDB, Isnaldo Bulhões Jr. (AL). Ambos têm cortejado o governo federal.
De acordo com interlocutores, Elmar e Pereira firmaram um acordo. Quando a eleição estiver mais perto, apenas um seguirá na corrida, no caso, o que tiver conseguido mais endosso entre os colegas.
Lula recebeu na noite desta quinta-feira (22), no Palácio da Alvorada, Lira e líderes partidários. O encontro ocorre em meio a queixas dos parlamentares sobre a articulação política do Executivo.
Também participaram ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil).
Desde o fim do ano passado, a cúpula da Câmara tem se queixado da articulação do governo, do que consideram uma baixa execução orçamentária do Executivo e, principalmente, da atuação de Padilha, a quem acusam de não cumprir acordos —especialmente sobre as verbas do Ministério da Saúde apadrinhadas pelos parlamentares.
Segundo relatos dos participantes, o presidente sinalizou que quer aproximar o diálogo com os parlamentares e que encontros como esses deverão ser mais frequentes. Ele afirmou que tem a compreensão de que é preciso que Executivo e Parlamento andem em harmonia e sintonia.
FICCO/Ilhéus e Guarda Portuária apreendem 47 kg de cocaína
O Cruzeiro atracou em Ilhéus, partindo de Salvador/BA, com rota para Rio de Janeiro/RJ e Santos/SP.
O flagrante foi realizado na Polícia Federal, que segue com as investigações para identificar os demais integrantes da Organização Criminosa.
Qualquer informação relacionada a crimes de tráfico de drogas ou outros crimes investigados pela Polícia Federal de Ilhéus/BA podem ser denunciados pelo WhatsApp 71.9258-0158 ou pelo e-mail gab.ils.ba@pf.gov.br, sendo que a Polícia Federal preserva a identidade do(a) denunciante.
Comunicação Social da PF na Bahia/ Bahia cs.srba@pf.gov.br | www.pf.gov.br
(71) 3319-6002 (WhatsApp)
Brasil ainda tem 49 milhões sem esgoto adequado e 4,8 milhões sem água encanada
O Brasil ainda tem o equivalente a 49 milhões de habitantes sem atendimento adequado de esgotamento sanitário e 4,8 milhões de pessoas sem água encanada, apesar do crescimento desses serviços nas últimas décadas.
É o que apontam novos dados do Censo Demográfico 2022 divulgados nesta sexta-feira (23) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No caso do esgotamento sanitário, 62,5% da população vivia em domicílios conectados à rede de coleta em 2022. Outros 13,2% estavam em endereços que usavam fossa séptica ou fossa-filtro como solução individual.
De acordo com o IBGE, as duas categorias são consideradas adequadas pelo Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico).
Assim, a população atendida por rede de esgoto ou fossa séptica chegou a 75,7%, na soma, em 2022 –o equivalente a 153,1 milhões de pessoas. O percentual subiu em relação aos recenseamentos anteriores –era de 64,5% em 2010 e de 59,2% em 2000.
Apesar da alta, o país ainda registrou, em 2022, o equivalente a 24,3% da população em domicílios com opções de esgotamento sanitário “mais precárias”, incluindo fossa rudimentar ou buraco, vala, rio, lago, córrego ou mar, diz o IBGE.
Essa porcentagem equivale ao número –citado no início deste texto– de 49 milhões de pessoas sem atendimento adequado de esgoto, conforme os critérios da pesquisa.
De 2010 a 2022, a proporção de moradores com soluções consideradas adequadas de esgotamento (rede e fossa séptica) cresceu nas cinco grandes regiões brasileiras, mas as desigualdades permaneceram, disse Bruno Perez, analista do IBGE.
No Norte, essa proporção foi de apenas 46,4%, a menor do país e abaixo do dado nacional (75,7%). Em outras palavras, menos da metade da população local convivia com opções consideradas adequadas de esgotamento sanitário. O Sudeste, por sua vez, registrou o maior percentual do país nesse quesito: 90,7%.
Outro indicador apurado pelo IBGE é o de água encanada. Segundo o instituto, o percentual de brasileiros vivendo em domicílios com canalização interna subiu de 89,3% em 2010 para 95,1% em 2022, o equivalente a 192,3 milhões de pessoas.
Nesse caso, a água chegava até as residências diretamente por meio de equipamentos como torneiras, chuveiros e vasos sanitários.
Outra parcela, de 2,5% (5 milhões), também tinha água canalizada, mas só no terreno dos domicílios. A situação que sinaliza ainda mais dificuldades era a da fatia de 2,4% –ou 4,8 milhões– que não tinha água canalizada. Ou seja, o líquido precisava ser transportado em veículos, baldes, galões ou outros recipientes para uso dos moradores.
Ao marcar 2,4%, essa parcela diminuiu ante o Censo 2010, quando era de 6,8%. Ainda assim, há diferenças regionais.
No Norte, 6,5% dos moradores não tinham água encanada em 2022, o maior percentual do país, ao passo que, no Sul, a parcela era de 0,2%, a menor das regiões.
Em relação à água, o Censo também traz informações sobre a forma de abastecimento. De acordo com o IBGE, quatro são consideradas adequadas no Plansab, embora “expressem níveis diferentes de qualidade e segurança”.
São os casos da rede geral de distribuição, do poço profundo ou artesiano, do poço raso, freático ou cacimba e da fonte, nascente ou mina. Na soma, as quatro formas eram responsáveis pelo atendimento de 96,9% da população em 2022.
Considerando somente a rede geral, essa opção era a principal para 82,9% dos brasileiros. Em 2010, 81,5% consideravam a estrutura como a “melhor forma”.
No Norte, pouco mais da metade dos moradores (55,7%) tinha acesso à rede geral como principal mecanismo de abastecimento de água em 2022. O Sudeste, por outro lado, registrava o maior percentual do país (91%).
IMPACTOS NA SAÚDE
A dificuldade de acesso aos serviços de água e esgoto é um problema
crônico que afeta parte da população brasileira, principalmente as
camadas mais pobres.
Em uma tentativa de atrair investimentos privados para o setor, o marco do saneamento básico, sancionado em 2020 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), estabeleceu metas para a universalização dos serviços de água e esgoto.
Segundo Jean Rodrigo Tafarel, coordenador do curso de medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), regiões sem saneamento adequado podem virar focos de doenças transmitidas a partir da água contaminada ou de vetores como ratos, baratas e moscas, que são atraídos pelo esgoto a céu aberto.
O quadro acaba pressionando ainda mais o sistema de saúde, afirma o médico gastroenterologista. “A população que vive nessas áreas adoece mais, e as crianças têm um prejuízo tanto na nutrição quanto no desenvolvimento infantil”, diz.
“O impacto socioeconômico vai além da saúde pública, acaba respingando até no aproveitamento das crianças na escola.”
FALTAM BANHEIROS PARA PARTE DOS BRASILEIROS
De acordo com o IBGE, a proporção de brasileiros vivendo em domicílios
com ao menos um banheiro de uso exclusivo foi de 97,8% (197,5 milhões)
em 2022, acima dos 92,3% do Censo 2010.
Uma parcela de 1,2% (ou 2,3 milhões) recorria a outra estrutura sanitária ou até buraco para dejeções. Pelos critérios da pesquisa, estão nessa situação os domicílios que não possuem banheiros (cômodos com vaso sanitário e banho) e que usam instalações sanitárias mais simples.
Segundo o IBGE, 0,6% da população (1,2 milhão) não tinha banheiro nem outra forma de sanitário. A parcela restante, de 0,5% (1 milhão), contava apenas com banheiro de uso comum a mais de um domicílio.
No recorte das regiões, a maior proporção de moradores com banheiro de uso exclusivo foi registrada no Sudeste (99,8%), e a menor, no Norte (90,5%).
COLETA DE LIXO AINDA NÃO ALCANÇA 100%
O Censo 2022 ainda apontou que 90,9% da população (183,7 milhões) vivia
em domicílios com coleta de lixo, acima do percentual de 2010 (85,8%).
A parcela restante, que somava 9,1% (18,4 milhões), recorria a diferentes ações de descarte. Isso abrange queimar o lixo na propriedade (7,9%), jogá-lo em terreno baldio, encosta ou área pública (0,6%), enterrar os resíduos na propriedade (0,3%) e outros destinos (0,3%).
O Sudeste registrou a maior parcela de moradores com coleta de lixo (96,9%), e o Norte (78,5%), a menor.
APARTAMENTOS GANHAM ESPAÇO
O tipo de domicílio também foi investigado pelo Censo. Nesse indicador, o destaque está associado ao avanço dos apartamentos.
A proporção de brasileiros nesse tipo de imóvel havia subido de 7,6% em 2000 para 8,5% em 2010, até alcançar 12,5% em 2022, o equivalente a 25,3 milhões de pessoas.
Os apartamentos, contudo, ainda seguem distantes das casas, que abrigavam 84,8% dos habitantes em 2022 (171,3 milhões de pessoas). Incluindo na conta as casas de vilas ou em condomínios (2,4%), elas chegavam a 87,2% da população.
Conforme o IBGE, Balneário Camboriú (SC), São Caetano do Sul (SP) e Santos (SP) são os únicos municípios com predomínio de moradores em apartamentos.
Na divulgação desta sexta, o IBGE calculou os dados a partir da população em domicílios particulares permanentemente ocupados. Isso exclui, por exemplo, domicílios coletivos.
Os domicílios particulares permanentemente ocupados abrigavam, em 2022, 99,5% do total de brasileiros –ou 202,1 milhões do contingente de 203,1 milhões.
Como esse recorte é considerado amplo, o IBGE usa o termo “população” como sinônimo para se referir aos moradores de domicílios particulares permanentes.
Braga Netto e Marcelo Câmara têm salários suspensos no PL por Valdemar Costa Neto
Valdemar da Costa Neto, presidente do PL |
Braga Netto, Marcelo Câmara, Valdemar e Bolsonaro foram convocados, ao lado de outros investigados, para prestar depoimento nesta quinta-feira, 22, na sede da PF, em Brasília. Dos quatro, apenas o dirigente partidário respondeu às perguntas dos investigadores, os outros ficaram em silêncio.
Valdemar suspendeu os pagamentos desde que foi proibido de se comunicar com os outros investigados no inquérito sobre a tentativa de golpe, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A informação foi obtida pelo G1 e confirmada pelo Estadão.
A prestação de contas do PL em 2023 mostra que Braga Netto ganhava um salário de R$ 28 mil da legenda. O general foi ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro, além de companheiro de chapa do então presidente na campanha à reeleição em 2022.
Já Marcelo Câmara, um dos aliados mais próximos ao ex-presidente, que integrou a equipe de ajudância de ordens da Presidência, recebia R$ 18 mil por mês.
No ano passado, a legenda pagou três parcelas de R$ 24 mil e outras nove de R$ 28 mil de salário a Braga Netto, com a rubrica especificada por “serviços técnico-profissionais”. Além disso, também houve uma despesa de R$ 23 mil relativa a aluguel, cujo beneficiário foi o ex-ministro. No total, Braga Netto recebeu R$ 386.183,55 do PL em 2023.
Aliados de Bolsonaro prestaram depoimento à PF
Vinte e cinco investigados na Operação Tempus Veritatis foram convocados
para prestar esclarecimentos à PF nesta semana, incluindo o
ex-presidente Jair Bolsonaro. A maior parte das oitivas foi realizada em
Brasília, na sede da corporação.
Em postura que já havia sido antecipada pela defesa, Bolsonaro se valeu do chamado “direito ao silêncio” durante a oitiva. A defesa do ex-mandatário alega não ter obtido acesso aos autos do inquérito. Também não responderam às perguntas dos investigadores o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, Braga Netto e Marcelo Câmara.
Já Valdemar Costa Neto, que teve a prisão preventiva decretada na Tempus Veritatis, respondeu aos questionamentos da PF. O depoimento do dirigente partidário durou cerca de quatro horas.
Alvo de um mandado de busca e apreensão na operação, Valdemar foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Além disso, foi encontrada uma pepita de ouro não registrada na casa do dirigente partidário, configurando suspeita de “usurpação mineral”, crime inafiançável.
Dois dias depois da audiência de custódia, a liberdade provisória do presidente do PL foi concedida por recomendação da Procuradoria-Geral da República (PGR). Valdemar segue no comando da legenda.
Dengue na Bahia: 38 cidades decretam epidemia da doença
Ação de combate à Dengue em Piripá |
Atualmente, 38 municípios se encontram em epidemia. São eles: Anagé, Barra do Choça, Barra do Mendes, Barro Alto, Belo Campo, Bonito, Brejões, Canarana, Caturama, Condeúba, Encruzilhada, Feira da Mata, Ibiassucê, Ibicoara, Ibipitanga, Ibitiara, Igaporã, Ipiaú, Iramaia, Irecê, Iuiú, Jaborandi, Jacaraci, Lajedão, Macaúbas, Manoel Vitorino, Matina, Morro do Chapéu, Mortugaba, Mucugê, Novo Horizonte, Piripá, Presidente Jânio Quadros, Quixabeira, Serrolândia, Tanque Novo, Uruçuca e Vitória da Conquista.
Outras 19 localidades são consideradas “áreas de alerta”.
Marcelo Werner comenta sobre fuga de liderança do tráfico no Carnaval
“Quando o fato ocorreu, declaramos que não descansaríamos até capturar o fugitivo, e assim foi feito; as equipes continuaram atuando sem interrupção”, disse, em entrevista à Rádio Metropole, nessa quinta-feira (22).
Entenda
Jeferson Santos Conceição, mais conhecido como Gel Burro, foi identificado pelo sistema de reconhecimento facial e preso no circuito Barra-Ondina, em cumprimento de um mandado de prisão por homicídio. No mesmo dia, porém, ele conseguiu escapar, mas foi novamente preso no dia 15 de fevereiro.
Filho de Lula leva ao pai e ministros temas que vão de rodovia a casas de aposta
Luis Claudio Lula da Silva, filho do presidente Lula |
Como mostrou a Folha, Luís Cláudio se aliou a um empresário sul-coreano que atua na Zona Franca de Manaus e a um prefeito da União Brasil para erguer o clube de futebol Parintins, que disputa o Campeonato Amazonense e tenta vaga na Série D do Brasileiro.
Luís Cláudio, por exemplo, levou ao pai uma defesa pela pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho. Nos próximos meses, o filho de Lula pretende percorrer a rodovia, filmar as condições da estrada e mostrar os vídeos ao chefe do Executivo.
“A BR-319 é imprescindível para a região. Na seca do ano passado, houve um isolamento grande”, disse à Folha o filho de Lula, reverberando o discurso de políticos e empresários que fazem lobby pela rodovia.
Esse lobby ganhou força a partir da seca extrema em 2023, ano em que houve recordes de baixa dos rios, com impacto direto na navegação, a principal forma de transporte no Amazonas.
Desde que assumiu a direção de futebol do RPE Parintins, Luis Claudio se divide entre Amazonas e São Paulo.
“Eu conheço 80% dos ministros de antes [da eleição]. Tenho intimidade com [Fernando] Haddad [ministro da Fazenda], com [Alexandre] Padilha [ministro das Relações Institucionais], de tomar café”, diz o caçula de Lula.
Um dos assuntos já tratados, segundo ele, é sobre casas de apostas no futebol, com a existência de um mercado ilegal e paralelo que vem prejudicando o esporte, segundo Luis Claudio. “Converso abertamente com Haddad sobre isso. Regulamentação e cobrança por investigação devem existir, pois há brechas para corrupção com as apostas.”
A discussão sobre a BR-319 passa principalmente pelo chamado trecho do meio, entre os quilômetros 250 e 655,7 –uma extensão de 405,7 quilômetros.
Em julho de 2022, três meses antes da derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Lula, o então presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Eduardo Bim, emitiu licença prévia para pavimentação do trecho. Bim estava no cargo por indicação do hoje deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), ministro do Meio Ambiente sob Bolsonaro.
Documentos do processo de licenciamento ambiental mostram que a obra pode provocar mais grilagem de terras públicas no curso da rodovia, ampliar o desmatamento ilegal e impulsionar a exploração criminosa de madeira.
Uma vistoria feita pelo Ibama em setembro passado constatou o avanço de devastação, queimadas e ocupação de terras públicas ao longo da BR-319, com o arco de desmatamento rumo às porções central e norte do Amazonas, duas das mais preservadas da amazônia. Além disso, há 225 áreas degradadas na rodovia, antes mesmo de intervenções para pavimentação.
Manaus e região viveram ondas sucessivas de fumaça na seca extrema de 2023, em razão do desmatamento e das queimadas. Mesmo assim, políticos e empresários usaram a seca como pretexto para ampliar o lobby pela pavimentação da rodovia. O governo Lula criou um grupo para tentar acelerar o processo de licenciamento.
“Meu pai fica cercado por ministros, nem sempre ele sabe a realidade”, diz Luis Claudio. “Eu converso com ele sobre as dificuldades logísticas aqui, sobre o isolamento.”
Segundo o filho de Lula, a seca levou a escassez de alimentos e de itens como cimento em Rio Preto da Eva (AM), cidade onde está sediado o RPE Parintins, a 85 km de Manaus.
“A BR-319 é a única conexão com o restante do país. É uma obra difícil, mas tem de sair”, afirma Luis Claudio. “Meu pai quer saber mais, quer ouvir.”
Sobre o mercado de apostas no futebol, cujo funcionamento foi autorizado por uma lei de 2018, o diretor do RPE Parintins diz que existem três ou quatro “casas grandes de confiança” e que há uma infinidade de apostas clandestinas, com grupos virtuais, bicheiros e outros operadores, levando a manipulação de resultados.
“Como não tem como inibir, tem de regulamentar”, afirma Luis Claudio, que diz que toparia patrocínio de casa de apostas ao time que dirige. O governo Lula espera incrementar receita com a regulamentação do setor.
O dirigente faz críticas mais genéricas ao futebol brasileiro: está sucateado, parte devido à maneira de atuação da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). “Meu pai precisa olhar para o futebol com mais carinho.”
As conversas que mantém com integrantes do governo do pai não podem ser compreendidas como tráfico de influência, afirma Luis Claudio. “Seria se eu levasse alguma vantagem. Nunca vão ver o Luis Claudio pedir um favor.”
Ele diz ser mais recebido no mundo do futebol por ser filho de Lula, e que isso já foi o inverso, com portas fechadas no auge das ofensivas da Operação Lava Jato. O ressentimento persiste, em razão da morte da mãe, Marisa Letícia, em 2017, atribuída por ele ao que teria sido uma perseguição contra a família.
“Ser filho [de Lula] abre as portas, é claro. Mas já fechou também. O que eu preciso ter é um produto decente para entregar”, afirma o diretor do RPE Parintins, que já trabalhou como auxiliar em times como Palmeiras, São Paulo e Corinthians, além de ter estruturado uma liga de futebol americano no Brasil.
Governo atualiza número de municípios afetados pelas chuvas e monitora ocorrências nas rodovias baianas
Reoneração seguirá em vigor na MP para ajudar governo a reduzir bloqueio no Orçamento
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou em entrevista à GloboNews que o Executivo vai enviar um projeto de lei em regime de urgência para conduzir as negociações e chegou a dizer que a parte referente à desoneração da folha “vai ser tratada exclusivamente no PL, vai ser suprimida da MP”.
A declaração gerou no Congresso Nacional, nas empresas beneficiadas e em parte do próprio governo a expectativa de envio de uma nova MP revogando o trecho que prevê a reoneração da folha a partir de 1º de abril. A frustração tende a gerar ruído com os parlamentares.
Integrantes da equipe econômica ouvidos reservadamente pela Folha afirmam que uma MP revogadora comprometeria os cálculos para a avaliação bimestral do Orçamento, gerando um risco ampliado de contingenciamento de despesas por causa da frustração na arrecadação.
Embora a própria MP diga que a reoneração só vale a partir de 1º de abril, o texto publicado tem força de lei e permite ao governo incorporar, desde já, os ganhos fiscais da iniciativa.
O principal deles é não precisar reconhecer perdas de R$ 12 bilhões com a desoneração da folha das empresas e de R$ 4 bilhões com o corte das alíquotas dos municípios.
Revogar agora o trecho da MP, portanto, significaria retomar as desonerações aprovadas pelo Congresso e absorver o impacto integral nas estimativas do Orçamento.
Por isso, integrantes do governo consideram crucial que a reoneração seja mantida no texto da MP pelo menos até 22 de março, sem prejuízo da condução das discussões de mérito no âmbito do projeto de lei. Desde sua edição, a medida é considerada a “âncora fiscal” do primeiro relatório.
Uma autoridade afirma sob reserva que “não pode ter um vácuo”, sob pena de afetar os cálculos do primeiro relatório bimestral.
Segundo técnicos, o próprio projeto de lei tratará da revogação do trecho da MP que prevê a reoneração a partir de 1º de abril. Nesse formato, porém, a medida só teria validade legal após a aprovação e sanção do texto —que, no cenário ideal, se desenrolaria nessa janela entre 22 de março e 1º de abril.
A Folha procurou o Ministério da Fazenda para obter esclarecimentos do que Haddad quis dizer com a expressão “suprimida da MP” e se isso significava uma nova medida para revogar o trecho.
Na primeira resposta, a assessoria de imprensa encaminhou o áudio da declaração do ministro à GloboNews. Após a insistência da reportagem para saber se haverá uma MP revogadora, não houve resposta do ministério.
O ministro Rui Costa (Casa Civil) disse à Folha que o governo está dialogando com o Congresso sobre o tema e citou apenas o projeto de lei como solução para o impasse.
“O ministro Haddad teve uma reunião ontem [quarta, 21] sobre a MP 1.202, que vai ser desdobrada em projeto de lei”, afirmou após a posse de Flávio Dino como ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
A estratégia do governo é evitar o impacto da desoneração agora e “trabalhar com mais calma” na segunda revisão do Orçamento, que ocorrerá em maio de 2024.
Até lá, o Executivo espera ter uma “visão mais realista” das receitas e despesas. A data é para quando o mercado espera a flexibilização da meta de déficit zero, cujo cumprimento exigiria um contingenciamento bilionário —e indesejado pela ala política do governo.
Mas a manutenção da reoneração na MP, ainda que o governo tenha sinalizado abertura para as negociações, deve gerar desgaste com os parlamentares.
Autor do projeto que prorroga a desoneração, o senador Efraim Filho (União Brasil-PB), líder do partido na Casa, disse que o governo “tem de revogar o trecho da MP de toda forma”, independentemente do envio do projeto.
“A decisão política já foi tomada. Ao governo falta apenas formalizar a nova MP”, disse Efraim Filho. “O governo já admitiu que não recupera a desoneração, especialmente em 2024”, afirmou.
Empresários dos setores alcançados pela desoneração também tinham a expectativa de revogação do trecho da MP e devem intensificar as conversas com o Legislativo na tentativa de restabelecer o benefício.
A desoneração da folha foi criada em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), e prorrogada sucessivas vezes. A medida permite o pagamento de alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários para a Previdência.
A desoneração vale para 17 setores da economia. Entre eles está o de comunicação, no qual se insere o Grupo Folha, empresa que edita a Folha.
Também são contemplados os segmentos de calçados, call center, confecção e vestuário, construção civil, empresas de construção e obras de infraestrutura, entre outros.
A prorrogação do benefício até o fim de 2027 foi aprovada pelo Congresso no ano passado, mas o texto foi integralmente vetado por Lula. Em dezembro, o Legislativo decidiu derrubar o veto presidencial, restabelecendo o benefício setorial.
Em reação, o ministro da Fazenda enviou uma MP ao Congresso, propondo a reoneração gradual da folha de pagamentos e a consequente revogação da lei promulgada após a derrubada do veto.
Bolsonaristas falam em ‘guerra civil’ e se preparam para ato com pacto de não-agressão
Manifestação Bolsonarista na Avenida Paulista |
O levantamento feito pela empresa de tecnologia Palver buscou capturar o que estava sendo dito após a operação da Polícia Federal de 8 de fevereiro que mirou Bolsonaro e aliados acerca de trama golpista engendrada em sua gestão. Além disso, analisou também como reverberou a convocação do ex-presidente, feita no dia 12, para ato na avenida Paulista.
Mensagens citando Bolsonaro e falando em “guerra civil” ou “revolução” teve certo aumento após a ordem de apreensão de passaporte contra o ex-presidente. Este tipo de conteúdo mais inflamado, porém, não cita a manifestação de 25 de fevereiro e já vinha aparecendo anteriormente nos grupos.
Uma mensagem diz, por exemplo, que “estão inventando uma prisão a qualquer custo para Bolsonaro” e fala que “vai ter guerra civil”. O texto, que é longo, diz ainda que “ninguém sairá de dentro do Congresso até que todos sejam presos” e que “ninguém nos deterá”. Ao final, demanda “providências contra esses abusos de autoridades do STF” e diz que “isso não vai continuar assim”.
“Guerra civil à vista”, diz outro conteúdo compartilhado, acompanhado de uma teoria da conspiração: “PT mandou o TSE cassar os mandatos e tornar inelegíveis todos os deputados do PL. É imprescindível fazer este vídeo chegar a cada brasileiro”.
Um outro caso traz o rosto de Bolsonaro junto do aviso: “Estamos atentos, não encostem nele!”. Na sequência, diz que se o ex-presidente for preso todos devem sair às ruas. “Vamos parar o país. Revolução civil em todo o Brasil. Encostem no Bolsonaro e é isso que terão”, diz o conteúdo.
Um outro vídeo traz áudios supostamente de pessoas ligadas ao Exército falando também em guerra civil e junto dos termos de que o Brasil estaria em alerta e de que faltariam poucos dias.
Todos estes exemplos estavam marcados como encaminhados com frequência no WhatsApp, segundo a Palver. Essas mensagens não citam o ato do dia 25 de fevereiro, mas seguem sendo encaminhadas nos grupos.
Há ainda outras mensagens dizendo que houve fraude em 2022, além de textos aventando novas teorias da conspiração das instituições contra Bolsonaro e incutindo ainda a ideia de que as Forças Armadas podem vir a agir nestes casos.
Os novos indícios, que vieram à tona com a recente decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF), não são destaque nas conversas tampouco alteraram a narrativa de que Bolsonaro estaria sendo perseguido.
As minutas de golpe, por exemplo, foram pouco mencionadas, o que ficou restrito a poucas ocorrências de um vídeo do advogado de Bolsonaro justificando o documento encontrado na sede do PL e a um texto de Ives Gandra dizendo que um dos arquivos encontrados no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente, era de 2017.
Nos segmentos bolsonaristas, a principal crítica segue sendo a órgãos de Justiça, como o Supremo e ao atual governo.
O vídeo divulgado por Bolsonaro convocando para um ato na avenida Paulista, por sua vez, repercutiu positivamente nos grupos de WhatsApp, segundo a Palver.
No gráfico, aparecem algumas ocorrências pontuais anteriores ao dia 12, isso se deve ao fato de a busca capturar termos gerais —além disso, foram consideradas apenas mensagens em português.
Ao analisar a quantidade de mensagens destacando a fala do ex-presidente para que não houvesse cartazes ou para que o ato fosse pacífico e se evitasse xingamento a opositores, as menções são menos relevantes.
No vídeo, Bolsonaro pediu a apoiadores que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de “Estado democrático de Direito”. “Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses”, afirmou.
Os textos em geral recomendam que as pessoas vistam verde e amarelo, há também recomendação para que levem seus familiares e fazer lives e fotos. “A nação brasileira precisa colocar a cara do lado de fora e deixar claro que já não tolera mais nenhuma espécie de ditadura.”
Há também mensagens sobre ônibus partindo para a capital paulista, como uma que diz que o ônibus sairá do Leme no Rio de Janeiro no domingo de manhã por R$ 200 —adicionando que não será permitida a entrada com faixas e cartazes bem como com objetos como facas e armas.
Segundo Maria Cruz, analista da Palver, será preciso avaliar o quanto as convocações encaminhadas nos grupos resultarão em aderência aos atos, considerando o fato do chamamento do Bolsonaro.
Ela ressalta que em mobilizações mais recentes a aderência teria sido abaixo do que os grupos esperavam, resultando em discussões sobre possíveis falhas.
Uma mensagem que foi bastante encaminhada divulga uma concentração em Manaus no domingo. O perfil do movimento conservador da cidade porém já divulgou que o ato foi cancelado, dado a instrução de Bolsonaro para que tudo fosse centralizado em São Paulo.
Nos grupos aparecem ainda fake news como a de que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o presidente argentino, Javier Milei compareceriam aos atos.
O PT, partidos do campo governista e movimentos ligados ao presidente Lula decidiram preparar um manifesto em reação ao ato —o grupo quer denunciar o golpismo do ex-presidente e reiterar o apoio à democracia.
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