Reino Unido deporta mais de 600 brasileiros em voos secretos, diz jornal; Itamaraty nega

Mais de 600 brasileiros foram deportados de forma secreta do Reino Unido para o Brasil em três voos fretados nos meses de agosto e setembro, segundo reportagem do jornal The Guardian neste domingo, 1º. Procurado, o Itamaraty nega e diz que os voos eram de “retorno voluntário” ao Brasil.

De acordo com a publicação britânica, do total de brasileiros deportados, 109 eram crianças. O The Guardian destacou trata-se do maior processo de deportação envolvendo cidadãos de uma mesma nacionalidade e que, pela primeira vez crianças, foram deportadas em voos desse tipo.
O The Guardian obteve informações de que os voos ocorreram em 9 de agosto (205 pessoas deportadas, incluindo 43 crianças); 23 de agosto (206 pessoas, sendo 30 crianças); e 27 de setembro (218 pessoas, incluindo 36 crianças).

Procurado, o Itamaraty afirmou que o “Reino Unido propôs organizar voos de retorno voluntário ao Brasil (…) para brasileiros inscritos no Programa de Retorno Voluntário (Voluntary Returns Service – VRS, em sua sigla em inglês)”.

“Importante esclarecer que não se trata de deportação, e sim de decisão voluntária dos participantes de aderir à iniciativa britânica”, informou o órgão por meio de nota.
Segundo o The Guardian, de fato, as deportações foram classificadas como voluntárias pelo governo local e, provavelmente, incluíram brasileiros que permaneceram no Reino Unido depois dos vencimento dos vistos. O jornal apontou que o Ministério do Interior disponibiliza benefícios de até 3 mil libras (cerca de R$ 23 mil) na forma de cartão pré-pagos, que são habilitados quando a pessoa desembarca no seu país.

De acordo com o governo do Reino Unido, foram registrados 8.308 retornos forçados e voluntários no período de julho a setembro, o que representa um crescimento de 16% na comparação com o mesmo período do ano anterior, destacou o The Guardian na reportagem. Os retornos voluntários somaram 6.247, uma alta de 12%.

“O processo de retorno voluntário proposto pelo Reino Unido coaduna-se com os princípios da assistência consular brasileira que, em casos específicos, também financia a viagem de brasileiros em situações de desvalimento no exterior, além de contar com parceira de natureza semelhante com a Organização Internacional para Migrações (OIM)”, afirmou o Itamaraty na nota.

“O consentimento brasileiro ao programa baseia-se no requisito de que a participação dos nacionais é voluntária e poderá ser revisto, a qualquer tempo, caso esses termos sejam alterados”, acrescentou.

Estadão Conteúdo

Moradores de Água Fria comemoram entrega de pavimentação, reforma de escola e novos investimentos em infraestrutura e saneamento básico




Foto: Joá Sousa/GOVBA
No primeiro dia de dezembro, mês em que se celebra o Natal, os moradores do município de Água Fria comemoraram os importantes avanços realizados pelo Governo do Estado na região. O governador Jerônimo Rodrigues esteve na cidade para realizar a entrega da pavimentação da rodovia BA-084, a reforma do colégio estadual e anunciar outros investimentos que beneficiarão a população local. 

“É uma alegria imensa estar de volta a Água Fria, agora como governador. Hoje, tive o prazer de iniciar minha agenda em um distrito onde inauguramos uma estrada e uma escola, além de assumir compromissos importantes para trazer ainda mais avanços para a cidade e para todos os seus moradores” ressaltou o governador Jerônimo Rodrigues.
Foto: Joá Sousa/GOVBA
O chefe do Executivo abriu a agenda deste domingo (1º) com a entrega da pavimentação da rodovia BA-084, no trecho entre Água Fria e Pataíba-Biritinga. Trata-se de um investimento de, aproximadamente, R$ 40 milhões para 30,50 km recuperados. Agora, os usuários contam com mais segurança e conforto para trafegar pela região. “Irá melhorar o escoamento da produção local na época das chuvas e facilitar o acesso à educação, saúde e segurança às famílias que moram ao longo da rodovia”, completou o superintendente de infraestrutura e transporte da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), Saulo Pontes.
Foto: Joá Sousa/GOVBA
Além disso, a comunidade estudantil também foi beneficiada com a entrega da reforma civil e elétrica do anexo do Colégio Estadual de Água Fria de Tempo Integral (Ceaf), no distrito de Pataíba, uma melhoria significativa para o ambiente escolar e a qualidade do ensino. No local, o governador foi recepcionado pelo grupo Quebrando Correntes e, na sequência, realizou uma visita às instalações da unidade e, também, realizou a entrega de um ônibus escolar rural para o município de Água Fria. 
Foto: Joá Sousa/GOVBA
Para Cristiana Souza, estudante da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e integrante da Associação da Comunidade Quilombola Curral de Fora, os investimentos em educação representam muita coisa: "um espaço maravilhoso, tanto para mim como para minha filha, que está chegando para estudar aqui também, a partir do próximo ano. A reforma trouxe mais conforto. Nossa comunidade fica distante sete quilômetros daqui e poderemos contar, ainda, com um ônibus escolar”.

A reforma, orçada no valor de mais de R$ 704 mil, contemplou os serviços de ampliação e requalificação da secretaria, sala de professores, cozinha, reforma civil e elétrica de quatro salas de aula, sanitário, almoxarifado, dispensa, pátio coberto e instalação do padrão de entrada. Atualmente, o colégio atende a 529 alunos, distribuídos em 22 turmas, nos três turnos (matutino, vespertino e noturno).

“Estamos realizando obras nas sedes dos municípios, nos distritos, nas aldeias, nos quilombos, e, hoje, entregamos uma bela reforma, com climatização de todas as salas de aula e a requalificação da cozinha, o que nos permitirá oferecer uma alimentação mais qualificada para os nossos estudantes. Sem dúvida, uma agenda estratégica e muito importante”, completou a secretária estadual da Educação, Rowenna Brito.

Outras entregas e mais investimentos

Ainda nesta manhã, foram entregues cinco títulos de terra do projeto Bahia Mais Forte, Terra Legal - iniciativa do governo estadual que visa regularizar a posse de terras e garantir segurança jurídica para os moradores da região. Jerônimo também autorizou a Secretaria de Infraestrutura Hidrica e Saneamento (Sihs), com apoio da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), a realizar melhorias no sistema de abastecimento de água do distrito de Pataíba e da comunidade Curral de Fora.

O governador autorizou a Seinfra a deflagrar o processo licitatório para a construção de uma nova ponte sobre o Rio Inhambupe, localizada na rodovia BA-084, trecho Pataíba-Biritinga, no Km 30,5. A obra, que será realizada com um investimento de mais de R$ 4,4 milhões, visa melhorar a segurança e a trafegabilidade na região. A pasta da Infraestrutura foi autorizada, ainda, a adotar providências para a implantação de sinal de celular, no distrito de Pataíba, em Água Fria. O governador também autorizou a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) entregar dois carros-pipas ao município.

Repórter: Joci Santana/GOVBA

“MDB chegará a 2026 ainda mais unido”, diz ex-presidente do partido e prefeito eleito de Ibirataia

Ex-presidente do MDB da Bahia e prefeito eleito de Ibirataia, Alex Fufuca
Ex-presidente do MDB da Bahia e prefeito eleito de Ibirataia, Alex Fufuca disse a este Política Livre que o partido chegará nas eleições de 2026 “ainda mais unido e com mais força” do que em 2022, quando ajudou na vitória do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
 
“O MDB sempre esteve unido. Logicamente, a gente respeitou, na eleição passada, uma escolha ou outra de um prefeito que marchou com a oposição, mas o MDB sempre foi um partido unido. O ex-ministro Geddel (Viera Lima) e Lúcio (Vieira Lima) sempre trouxeram isso para o partido. Tenho certeza que, na próxima eleição, isso será ainda mais forte, e nosso projeto é o mesmo do governador Jerônimo”, pontuou.

Política Livre

Baiana de apenas 9 anos é campeã de circuito N/NE de Hipismo

A baiana de apenas nove anos Beatriz Garcez acaba de se consagrar campeã do circuito Norte e Nordeste de Hipismo, o mais importante de toda a região. O circuito cumpriu etapas em mais de cinco capitais do Nordeste neste ano de 2024.

Lava Jato: Juíza torna réus Vaccari, Duque e mais 37 alvos no caso da Torre de Pituba brasil

A juíza Rejane Zenir JungBluth Suxberger, da 1ª Zona Eleitoral de Brasília, colocou no banco dos réus o empresário e delator Marcelo Odebrecht, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor de serviços da Petrobrás Renato Duque e mais 36 investigados da antiga Operação Lava Jato. Eles eram acusados de supostos crimes de corrupção, gestão fraudulenta de instituição financeira, lavagem de ativos e organização criminosa na construção e ampliação da “Torre de Pituba”, nova sede da Petrobras em Salvador.

O Estadão busca contato com a defesa dos investigados. O espaço está aberto para manifestações.

O caso nasceu da Operação Lava Jato e era conduzido pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Depois, foi remetido para a Justiça Eleitoral de Brasília após o Supremo Tribunal Federal reconhecer a competência da mesma para analisar ações conexas a crimes eleitorais. Além disso, o processo foi atingido pela anulação das provas do acordo de leniência da Odebrecht, mas ainda assim permaneceu de pé.

O Ministério Público Federal ofereceu nova denúncia no processo, apontando que mesmo com a exclusão de inúmeras provas, a acusação ainda se mantinha de pé. No último dia 13, Suxberger considerou que “estão presentes os pressupostos processuais e as condições da ação para o recebimento da denúncia”.

“A justa causa reside na probabilidade do cometimento dos fatos atribuídos aos denunciados, que se sucederam em torno das obras de ampliação do Conjunto Torre de Pituba, destinada a abrigar a nova sede da Petrobrás em Salvador/BA. Nesse contexto, se verificou possível prática dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, gestão fraudulenta, desvio de recursos de instituição financeira e lavagem de dinheiro, no bojo de organização criminosa”, anotou a magistrada.

Segundo a juíza, há “indício de materialidade” dos crimes, considerando documentos e depoimentos colhidos ao longo do inquérito, seja com diligências em operações, com acordos de colaboração e no próprio curso da ação penal, enquanto tramitou perante a 13ª Vara Federal de Curitiba. O despacho foi publicado no último dia 18.

Pepita Ortega/Estadão Conteúdo

Histórias dos nomes de ruas e praças de Ipiaú: Realização Ponto de Cultura Adilson Duarte

O Ponto de Cultura Adilson Duarte da Associação Cultural Comunitária Radio Livre lançou neste sábado dia 30 no youtube o projeto Histórias dos nomes de ruas e praças de Ipiaú, contemplado com recursos do edital cine Dren de produções audiovisuais da Prefeitura Municipal de Ipiaú Lei Paulo Gustavo. 
 
As apresentações sobre o projeto tiveram início no último dia 23 de novembro no aniversário de 26 anos da Radio Livre, em evento realizado na sede da radio livre no alto da subestação, com a presença de artista Isac Graça e o boneco velho Hilario falando do nome de ruas engraçadas de Ipiaú. 
 
Na segunda feira dia 2 de dezembro, aniversario de emancipação política do município, a partir das 10:30 da manhã na Câmara de Vereadores, acontecera apresentação do projeto História dos Nomes de Ruas e Praças de Ipiaú e uma mesa de conversa com a presenças do Professor e escritor Albione, o advogado Zito Lacerda, o jornalista Jose Americo da Matta Castro e o coordenador do projeto Deraldo Cerqueira. O endereço no youtube para assistir o documentário

O Ponto de Cultura Adilson Duarte da Associação Cultural Comunitária Radio Livre

 
O Ponto de Cultura Adilson Duarte da Associação Cultural Comunitária Radio Livre lançou neste sábado no youtube o projeto em homenagem ao Festival de Música de Instrumental Nota Jazz contemplado pelo Prêmio Cultura Viva Mestre Zé Bala da Prefeitura Municipal de Ipiaú Lei Paulo Gustavo.

A homenagem teve início no último dia 23 de novembro no aniversário de 26 anos da Radio Livre, em evento realizado na sede da radio livre no alto da subestação, com apresentações musicais de Caco Santana e Veronica Leite com músicas no estilo blues e jazz. 

Na segunda feira dia 2 de dezembro, aniversario de emancipação política do município, a partir das 10:30 da manhã na Câmara de Vereadores, acontecera a apresentação do projeto sobre o projeto Nota Jazz e mesa de conversa com músicos sobre a música instrumental e a importância do festival nota jazz, com a presenças já confirmada de Caco Santana e Celso Rommel. O endereço no youtube para assistir a homenagem em forma documentário https://youtu.be/RpjknA1CF5Q?si=LULs10LXbMaUAKzj.



 

Caatiba recebe pavimentação, reforma de estádio e autorizações para obras nas áreas de saúde, educação, esporte e infraestrutura

Foto: Joá Souza/GOVBA
O município de Caatiba, no Médio Sudoeste, recebeu, neste sábado (30), a entrega da pavimentação da BA-646, importante trecho que liga a cidade ao entroncamento com a BA-263, facilitando o acesso e beneficiando a mobilidade da região. Na ocasião da entrega, o governador Jerônimo Rodrigues também assinou a ordem de serviço para a construção da Policlínica Regional de Saúde do Novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] em Itapetinga e anunciou novos investimentos em infraestrutura, educação e esporte na cidade.
Foto: Joá Souza/GOVBA

“Com essa estrada nova, a viagem fica bem mais rápida e segura. Dá até gosto de dirigir por aqui agora. Espero que mais pessoas possam aproveitar essa melhoria”, comemorou o motorista Abelardo Amaral, que trafega todos os dias pela via.

Além da intervenção, orçada em mais de R$ 32,7 milhões, o governador inaugurou a reforma do Estádio Municipal Arthur Leite, na sede do município. Trata-se de uma obra realizada pela Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), com um investimento de R$ 805 mil.

Mais investimentos

A ordem de serviço para a construção da Policlínica Regional de Saúde do Novo PAC conta com um investimento no valor de R$ 24,3 milhões. Ela faz parte do esforço do governo para expandir a infraestrutura de saúde no estado, garantindo atendimento de qualidade e acesso a serviços médicos essenciais para a população da região.

O governador também autorizou a Secretaria da Saúde (Sesab) a adquirir kits de equipamentos para estabilização e de parto para o Hospital Municipal de Caatiba. "Daqui a um ano, vou voltar aqui para entregar uma nova policlínica, que irá cuidar das pessoas e realizar exames médicos importantes”, sintetizou o governador.

“Este projeto irá beneficiar não só Itapetinga, mas toda a região de Caatiba. Quando o governador assumiu o compromisso com o povo, ele disse: ‘a saúde estará mais perto.’ E, agora, a saúde, realmente, está chegando mais perto de Caatiba. É um motivo de grande alegria para todos nós”, ressaltou a secretária de Saúde, Roberta Santana.

Foto: Joá Souza/GOVBA
A Sudesb foi autorizada a implantar a iluminação no estádio municipal; a Secretaria de Educação (SEC) foi autorizada à aquisição de equipamentos e mobiliários para creche municipal Francisco Ribeiro; e a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) à pavimentação asfáltica na rodovia BA-646, no trecho da travessia urbana do município de Caatiba, dentro do Programa Bahia em Movimento, com um aporte de de R$ 4,3 milhões.
Foto: Joá Souza/GOVBA
Além disso, o governador autorizou a Seinfra a elaborar projeto para as obras de pavimentação asfáltica da rodovia BA-646, no trecho que liga Caatiba a Barra Nova (Barra do Choça). Também autorizou a SEC e a Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder) a darem início ao processo licitatório para a construção da nova sede do Colégio Estadual Gelásio Alves dos Santos, na sede. A obra, estimada em R$ 26,6 milhões, visa melhorar a infraestrutura escolar, proporcionando aos alunos e profissionais de educação um ambiente mais moderno e adequado para o desenvolvimento das atividades pedagógicas.

Repórter: Joci Santana/GOVBA

Sabotagem, divergências, idas e vindas: a novela do pacote de ajuste fiscal

Era uma noite no fim de junho quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), num jantar na casa do ministro Fernando Haddad (Fazenda), foi aconselhado por economistas a moderar suas recorrentes críticas ao mercado, após uma disparada do dólar.

Haddad já tinha pedido para sua equipe alguns estudos sobre corte de gastos. Mas o jantar marcou um momento de virada. Após o encontro, as discussões começaram a esquentar no governo e poucos dias depois Lula deu o sinal verde para um corte de R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias.

O anúncio não foi suficiente para aplacar as incertezas. Um pacote de medidas mais amplo começou a ser formulado. A estratégia foi manter a máxima discrição sobre o plano. Segundo relatos ouvidos pela Folha, Haddad acreditava que, ao segurar informações, poderia evitar a desidratação do conjunto de medidas.

Foi somente a partir de outubro que a discussão ganhou tração. No dia 29 daquele mês, Lula reuniu seus homens de confiança no Palácio da Alvorada, incluindo Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central. Ao longo do processo, o atual diretor do BC atuou como interlocutor ativo, tentando mostrar que havia uma antecipação de risco fiscal em relação ao futuro.

Naquele encontro, não passou despercebida a ausência de Simone Tebet (Planejamento). Os primeiros desdobramentos da reunião levaram o ministro Luiz Marinho (Trabalho) a ameaçar pedir demissão, caso alguma decisão que envolvesse sua pasta fosse tomada sem seu conhecimento.

No dia 6 de novembro, em mais uma reunião a portas fechadas, a tensão entre Marinho e Haddad escalou, e as divergências foram expostas aos olhos de Lula. Publicamente, o ministro da Fazenda dizia que faltavam apenas “dois detalhes” que precisavam ser alvo de uma “arbitragem simples” do presidente, mas um desfecho estava longe de se concretizar.

Enquanto Haddad alimentava as expectativas de um anúncio próximo, gerando estresse nos preços dos ativos financeiros, Lula não demonstrava pressa. Em um novo encontro no Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo decidiu que qualquer anúncio só ocorreria depois da cúpula do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro. A ideia era não ofuscar o evento, que reuniu líderes das principais economias do mundo no Rio de Janeiro.

Antes do embarque, o presidente também se encontrou com os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Carlos Lupi (Previdência). Interlocutores do governo relatam que Lula, sutilmente, pediu que eles cessassem as críticas públicas ao pacote.

Lupi chegara a dizer dias antes que não teria como ficar no governo se houvesse perda de direitos na Previdência. As discussões sobre o pente-fino nos benefícios sociais ganharam terreno a partir dali.

Na avaliação de auxiliares de Haddad, o anúncio do plano de ajuste fiscal foi prejudicado pela sabotagem de integrantes do próprio governo, que começaram a vazar informações. O clima era de caça às bruxas na Fazenda nos últimos meses. O secretário-executivo Dario Durigan centralizou as atividades e prometeu medidas severas contra vazamentos.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ficou encarregado de conversar com o mercado financeiro em São Paulo, em uma tentativa de diminuir os ruídos.

Na última segunda-feira (25), Lula bateu o martelo sobre o pacote e pediu ao ministro da Fazenda que fizesse um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão.

Coordenador da campanha de Lula à Presidência, o publicitário Sidônio Palmeira atuou não só na produção do discurso como também na concepção da mensagem.

Voto vencido, Haddad era contra a ideia de mesclar o anúncio do pacote à divulgação da proposta de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 mensais.

Pesou a opinião dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão), Paulo Pimenta (Secom), além de Marinho, Sidônio e da presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), que defendiam que também fosse feito no anúncio um aceno à base petista.

O vazamento do pronunciamento às vésperas de sua veiculação aumentou a tensão na reta final do processo, e a notícia relativa à reforma da renda gerou repercussão negativa.

Nesta sexta (29), após um anúncio mal recebido por analistas de mercado, o dólar fechou em R$ 6 pela primeira vez, renovando o recorde histórico de valor nominal. O governo tenta agora contornar o estrago, e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), entraram na ofensiva.

Em almoço com banqueiros, Haddad garantiu que a isenção de IR para quem ganha R$ 5.000 só será votada se houver neutralidade fiscal e admitiu a possibilidade de medidas corretivas.

Adriana Fernandes, Nathalia Garcia e Catia Seabra/Folhapress

Número anual de infecções por HIV no mundo chega a menor patamar desde 1990

Em 2023, o número de infecções por HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) no mundo foi o menor desde quando a situação epidemiológica da doença começou a ser acompanhada, em 1990, segundo dados da Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids).

Globalmente, foram notificados 1,3 milhão de novos casos de HIV no ano passado. Já em 1990, o número de infecções foi 2,5 milhões. O pico foi registrado em 1995, com 3,3 milhões novas infecções.

Divulgado nesta semana, devido ao Dia Mundial de Combate à Aids, neste domingo (1º), o relatório da Unaids destaca que o progresso nos serviços de prevenção e tratamento do HIV, aliado ao desenvolvimento de novas terapias, contribuiu para a redução contínua de novas infecções.

Além disso, iniciativas como programas de educação sexual, testagem e aconselhamento, campanhas de conscientização, distribuição de preservativos e tratamento da dependência química também desempenham um papel essencial na prevenção do HIV.

Na contramão da redução mundial, entre 2020 e 2022, o número de casos de infecção por HIV aumentou 17,2% no Brasil, com destaque para as regiões Norte (35,2%) e Nordeste (22,9%), de acordo com o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde em 2023.

Diretora da Unaids no Brasil, Andrea Boccardi Vidarte destaca, porém, que no início da epidemia, há 40 anos, o Brasil liderou a resposta ao HIV e segue como uma referência global. “Temos o Sistema Único de Saúde [SUS] que disponibiliza preservativos, testagem, exame de carga viral e medicamentos antirretrovirais à população de forma gratuita. Na América Latina, o Brasil é o único país que distribui Prep [profilaxia pré-exposição] de forma gratuita”, diz.

Os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde apontam 20.237 novos casos registrados no Brasil no primeiro semestre de 2023. No entanto, esse número pode estar defasado. A pasta deve divulgar os dados consolidados no início deste mês.

Em 2022, foram notificados 43.403 novos casos no país e 10.994 óbitos tendo o HIV ou Aids como causa. Segundo o infectologista Alexandre Naime, coordenador científico da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), o número de 2023 deve ser igual ou superior ao de 2022, considerando os registros do primeiro semestre do ano passado.

A população com HIV precisa fazer o acompanhamento da infecção de forma vitalícia para prevenir o desenvolvimento da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), que é a fase mais avançada do vírus, quando o corpo não consegue mais se defender das doença.

A eliminação da Aids como uma questão de saúde pública até 2030 é uma das metas do programa Brasil Saudável, iniciativa do governo federal que busca eliminar ou reduzir o impacto de 14 doenças e infecções que afetam, de maneira mais grave, as populações em maior vulnerabilidade social.

De 2007 a junho de 2023, o Brasil registrou 489.594 casos de HIV. Em 2012, a população mais afetada pela doença tinha entre 30 e 44 anos. Em 2022, aumentou o número de infecções de pessoas de 20 a 29 anos.

Alguns grupos sociais permanecem mais vulneráveis à doença. Esses grupos incluem: jovens mulheres; homens gays e outros homens que fazem sexo com homens; profissionais do sexo; pessoas que usam drogas injetáveis; pessoas trans; e pessoas privadas de liberdade.

O infectologista argumenta que o problema principal do aumento da transmissão do HIV entre as populações mais vulneráveis é o acesso à informação e às formas de prevenção. Para ele, a comunicação precisa ser feita por pares, não só com campanhas convencionais.

“Estudos científicos mostram que essas populações mais vulneráveis só absorvem e mudam o comportamento se forem dialogadas com pares. Então, por exemplo, não adianta eu tentar dialogar com uma mulher trans, que está marginalizada. O diálogo entre pares, com alguém igual ou parecido com ela, é muito mais efetivo em termos de prevenção.”

Jair Santos, diretor do Grupo Paravidda (Grupo para Valorização, Integração e Dignificação do Doente de Aids), no Pará, explica que o acesso ao tratamento do HIV é limitado para alguns grupos vulneráveis devido a uma combinação de fatores. O estigma e a discriminação, por exemplo, afastam os pacientes do sistema de saúde.

“As populações mais vulneráveis não deixam de buscar ajuda pela sua condição, mas pela vulnerabilidade de acesso aos serviços”, explica.

O industriário Janailson Lobo Giron, 33, faz parte do grupo mais vulnerável ao HIV: é um homem cisgênero gay. Recebeu o diagnóstico da doença em 2015 e começou o tratamento em janeiro de 2017. Quatro meses depois, já não transmitia o vírus.

“Na época antes do diagnóstico, eu sabia que o principal método de prevenção era o preservativo, mas eu não vou negar que tinha uma vida mais contemporânea, para não falar louca, e acabava abusando mesmo. Era inconsequente”, conta.

Quando descobriu o HIV, o industriário lembra que o maior problema foi o preconceito. “Eu não tive muita dificuldade em alcançar o tratamento, porque estava em São Paulo. Minhas maiores dificuldades foram o estigma, o preconceito, principalmente por parte de membros da minha família.”

Prevenção e tratamento
A prevenção do HIV pode ser feita por diversos métodos eficazes. O uso de preservativos masculinos e femininos durante relações sexuais é a principal estratégia de proteção.

O SUS também oferece, além de preservativos gratuitos, dois comprimidos: a Prep (profilaxia pré-exposição), tomada por pessoas HIV negativas para prevenir a infecção, e a PEP (profilaxia pós-exposição), administrada após a possível exposição ao vírus.

O número de pessoas que fazem uso da Prep dobrou no país em quase dois anos, batendo um recorde. Dados do Ministério da Saúde atualizados até setembro mostram que há 104 mil pessoas cadastradas para receber o tratamento no SUS.

A adesão ao tratamento antirretroviral para pessoas que vivem com HIV também é importante, porque o paciente fica com uma carga viral indetectável, tornando a doença indetectável e intransmissível.

“Os medicamentos para HIV [antirretrovirais], no geral, impedem a replicação dos vírus nas células do organismo, porque o objetivo é reduzir a quantidade de vírus no sangue”, explica Michelle Menezes, farmacêutica clínica do Hospital Universitário de Sergipe.

Laiz Menezes/Folhapress

Dólar a R$ 6 pós-pacote de Haddad atiça a inflação, que ganha força no atacado

Fernando Haddad comanda o Ministério da Fazenda

A frustração do mercado financeiro com as medidas anunciadas na quinta (28) para minimizar a atual crise fiscal levou o dólar a R$ 6 e agravou um quadro que já preocupava: o forte impacto que a moeda norte-americana vem tendo na inflação no atacado, que eventualmente chegará aos consumidores, e nas expectativas futuras de novos aumentos de preços.

Acompanhando de perto a valorização do dólar em 2024, de 22%, o IPA (Índice de Preços por Atacado) calculado pela FGV inverteu completamente a tendência neste ano. De uma deflação de 6,31% em janeiro, a taxa atingiu 6,32% positivos em outubro. Isto antes disparada do dólar em novembro, com alta de 5% no mês.

Entre os itens com as maiores elevações constam vários impactados diretamente pela moeda dos EUA, como commodities agrícolas (soja e milho, por exemplo) e metálicas cotadas no mercado internacional, além de matérias-primas para o agro (como fertilizantes).

A alimentação em geral no IPA saiu de uma deflação de 1,35% em janeiro para alta de 9,53% em outubro. Embora o aumento também tenha sido impulsionado por eventos climáticos que impactaram recentemente as carnes, a variação de preços de matérias-primas para o agro disparou. Saiu de -14,25% em janeiro para 16,48% em outubro.

Os chamados bens finais (prontos para o consumo, de eletrônicos a produtos de limpeza) também partiram de uma pequena deflação no atacado em janeiro para uma alta de 5,58% em outubro, pressionados por materiais mais caros, muitos deles indexados ao dólar.

“Tivemos uma valorização forte do dólar e isso tem impacto, sem dúvida nenhuma. Numa situação de economia e emprego aquecidos como a atual, o mercado consegue repassar aos preços esse maior custo cambial”, diz Guilherme Moreira, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe).

Quando a demanda não é tão forte, preços no atacado não necessariamente chegam aos consumidores porque fornecedores e compradores acabam estreitando margens de lucro para vender e comprar. Mas quando o mercado sanciona preços maiores, os repasses acontecem.

Neste ano, a economia caminha para crescer cerca de 3,5% e o desemprego em outubro caiu a 6,2%, menor taxa da série do IBGE. Na contramão, o real foi a moeda que mais se desvalorizou entre os 23 emergentes no índice Morgan Stanley Capital International (MSCI). Em média, juntas elas perderam 0,31% do valor em relação ao dólar —ante os -22% do real.

“A dúvida é se o dólar volta a cair. Pelo que temos visto, o mercado acredita que não vai ter devolução dessa valorização. Ao menos uma boa parte fica, o que possibilita um espalhamento maior da inflação para outras áreas.”

Moreira afirma que o impacto cambial já afeta, por exemplo, alimentos industrializados, dependentes de produtos químicos e metálicos para embalagens. “Nos alimentos in natura, se algo sobe um mês por questão climática, pode ser revertido adiante. Mas quando isso chega aos industrializados pelo câmbio, a coisa vai ficando séria”, diz.

O grupo alimentação tem peso equivalente a 25% do índice da Fipe, o maior individualmente. “Cinema as pessoas cortam, mas não dá para parar de comer. Aí, os pobres acabam mais afetados.”

André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV Ibre, pondera que, até outubro, os principais núcleos de inflação —não os do atacado, e que excluem preços com maior volatilidade— têm variações acumuladas em 12 meses entre 3,46% e 4,15%.

Para comparar, os núcleos estão próximos da meta do Banco Central, de 3% em 2024, com margem até 4,5%. Mas a meta não leva em conta núcleos, mas a inflação geral medida pelo IPCA. Em 12 meses, o IPCA-15, prévia da inflação de novembro, subiu 4,77% —acima da meta.

“Temos um mercado de trabalho aquecido, que mantém alta a inflação de serviços [5% em 12 meses] e um pessimismo maior em relação ao futuro, com gatilhos inflacionários cada vez mais frequentes”, diz Braz. Entre eles, além da escalada do dólar, há a recorrência de crises climáticas que podem afetar preços de alimentos.

Economistas defendem que a política fiscal seja mais restritiva para ajudar o Banco Central a controlar a inflação com doses menores de juros. Mas o que se viu no dia do lançamento do pacote pelo governo foi o aumento do pessimismo.

Para José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, o problema com o dólar em alta é que ele não se limita a atiçar a inflação presente, mas impacta nas expectativas futuras. “As pessoas olham para isso e sabem que haverá pressão sobre os preços, e as expectativas de inflação estão se descolando muito rápido da meta do Banco Central.”

Em sua opinião, para além da alta do dólar, esse descolamento tem a ver com “a credibilidade do Banco Central”. “Haverá mudança de comando no fim do ano, com a entrada do [Gabriel] Galípolo [indicado por Lula]. Ele vai estancar essa perda de credibilidade com um choque maior de juros ou vai deixar a coisa correr? Isso está na cabeça de todo mundo”, afirma.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, afirma que a valorização do dólar ao longo de 2024 ocorreu em grande medida devido à desconfiança do mercado na capacidade do governo de ajustar suas contas e de controlar o aumento da relação entre a dívida bruta e o PIB.

“Em menos de um ano, passamos de um dólar abaixo de R$ 5 para R$ 6. Isso ocorre porque não faz sentido, como se projeta, termos um aumento superior a 12 pontos na relação dívida/PIB em condições normais de uma economia, sem choques, como foi o caso da pandemia”, afirma.

A Instituição Fiscal Independente, órgão do Senado, projeta a relação dívida/PIB crescendo de 71,7% para para 84,1% ao longo do governo Lula 3.

Vale afirma que o dólar mais caro já é incorporado nas planilhas das empresas para 2025, o que leva a reajustes de preços. Para o economista, quanto mais tempo durar a crise fiscal, mais duras terão de ser as medidas deste governou ou do próximo, com impactos sociais também maiores.

Fernando Canzian/Folhapress

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