Morre aos 41 anos o locutor ibirataense Sandro Massaranduba "Uma das vozes mais marcantes de Ibirataia"

O locutor e padeiro Sandro Massaranduba faleceu neste sábado (29) no Hospital Prado Valadares, em Jequié, após enfrentar problemas de saúde. Com uma trajetória marcante no rádio e na locução política, ficou conhecido pelo bordão "Empuuuuuuuuuuuuuuuuuuuurrra Júlio Leal", tornando-se referência na comunicação de Ibirataia e região.

A comunidade lamenta sua partida, deixando um legado de carisma e profissionalismo. Sandro era irmão de Bárbara Massaranduba, Coordenadora do Setor de Comunicação da Prefeitura de Ibirataia. Ainda não há informações sobre velório e sepultamento. (Matéria em Construção)
Por: Ibirataia noticia

‘Golpe não tem Constituição, foi descartado logo de cara’, diz Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu em entrevista à Folha ter tido conversas com auxiliares sobre “alternativas” após as eleições de 2022 em que saiu derrotado por Lula (PT), mas, ao ser questionado se entendia que isso se enquadraria em uma tentativa golpe, disse que “golpe não tem Constituição” e tudo que estava em discussão consta na Carta Magna.

O ex-presidente disse ainda que as hipóteses conversadas com interlocutores do governo foram descartadas “logo de cara” por uma série de elementos: “O ‘after day’, como é que fica?”, disse.

“Golpe não tem Constituição. Um golpe, a história nos mostra, você não resolve em meses. Anos”, disse, ao ser questionado se discutir com militares uma alternativa para impedir a posse do presidente Lula (PT) seria uma tentativa de golpe de Estado.

“E, para você dar um golpe, ao arrepio das leis, você tem que buscar como é que está a imprensa, quem vai ser nosso porta-voz, empresarial, núcleos religiosos, Parlamento, fora do Brasil. O ‘after day’, como é que fica? Então foi descartado logo de cara”, completou, em entrevista nesta sexta-feira (28).

O ex-presidente se tornou réu no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta semana por integrar trama golpista. Com isso, haverá no Supremo a abertura de ação penal contra Bolsonaro e seus aliados por cinco crimes ligados à tentativa de golpe de Estado, quando se analisará o mérito das acusações feitas pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

À Folha, ele contou ter discutido com militares o que ele chama de “alternativas”, como estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal em 2022, quando disse ter percebido que não seria mais possível recorrer na Justiça Eleitoral.

“Se não se pode falar estado defesa, de sítio, se revoga isso aqui. Pronto. Agora, não pode quando alguém fala sobre esse assunto e outra pessoa tem opinião contrária, passa a ser golpe”, disse.

Essas medidas estão previstas na Constituição para serem usadas para manter a ordem pública e a paz social ameaçadas por “grave e iminente instabilidade institucional”, comoção grave de repercussão nacional ou guerra.

A discussão sobre as alternativas se deu após o PL entrar com ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contestando o resultado das urnas. O partido recebeu da corte uma multa de R$ 22 milhões, e ameaça de de uma multa ainda maior, caso recorressem.

“Eu não esperava o resultado [das eleições]. (…) Se eu não vou recorrer à Justiça Eleitoral, pode ir para onde? Eu conversei com as pessoas, dentro das quatro linhas, que vocês estão cansados de ouvir, o que a gente pode fazer? Daí foi olhado lá, [estado de] sítio, [estado de] defesa, [artigo] 142, intervenção…”, afirmou à Folha.

Ele afirmou ainda que foi as conversas foram “sem profundidade” e que ficaram “no âmbito das palavras”.

O relatório final da PF sobre o caso menciona que a resistência do general Freire Gomes, então comandante do Exército, foi a principal razão para que Bolsonaro não tenha levado a cabo uma tentativa de golpe.

“Não pedi apoio para ninguém. Pergunta para o Freire Gomes se, em algum momento, eu falei golpe. Vai responder que não”, disse. Ele afirmou ainda que, se quisesse dar golpe, era só trocar o ministro da Defesa, comandantes militares por pessoas que topassem empreitada, o que não ocorreu.

Ele também argumenta que ajudou o então futuro ministro da Defesa, José Múcio, a fazer uma transição com as Forças Armadas. Múcio, com quem tinha relação antes de integrar o governo Lula (PT), procurou-o para que fizesse ligação aos comandantes e atendessem-no, o que ocorreu.

O ex-presidente está inelegível até 2030 e pode aumentar a inelegibilidade se for condenado por golpe de estado.
Ele se tornou réu na última quarta-feira (26) pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e de golpe de Estado, além de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em uma organização criminosa. Se condenado, pode pegar penas de mais de 40 anos de prisão.

Folhapress

Jerônimo Rodrigues sanciona Lei de Proteção e Defesa Civil e anuncia edital de Fomento à Pesquisa


Na data em que Salvador celebra seus 476 anos, o Governo do Estado sancionou a Lei de Proteção e Defesa Civil instituindo a Política Estadual de Proteção e Defesa Civil (PEPDEC). O projeto que visa a criação do Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil (SIEPDEC) e o Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDEC), foi aprovado pelo governador Jerônimo Rodrigues, neste sábado (29), durante evento das entregas das encostas no bairro Alto do Cabrito, como parte das celebrações do aniversário da cidade.
 
Durante o ato estiveram presentes também o ministro da Casa Civil, Rui Costa; o secretário da Casa Civil, Afonso Florence; o superintendente de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), Heber Santana e outras autoridades.
“Hoje, no dia em que celebramos o aniversário de Salvador, tenho a honra de sancionar a Lei de Proteção e Defesa Civil, um marco importante para a segurança e o bem-estar de todos os baianos. Com a implementação dessa política, queremos garantir que a Bahia esteja cada vez mais preparada para enfrentar os desafios climáticos, protegendo nossas comunidades e criando soluções sustentáveis para um futuro mais seguro”, declarou o governador.

A nova legislação estabelece um marco importante para a redução dos riscos de desastres naturais no Estado, com foco na segurança e no bem-estar da população baiana. Entre os principais objetivos da PEPDEC, estão a prevenção e o socorro à população em situações de calamidade, a recuperação das áreas afetadas, a produção de alertas antecipados sobre desastres naturais e o estímulo ao ordenamento do uso do solo urbano e rural.
O CEPDEC será composto por um representante dos órgãos e entidades do Governo sendo presidido pela Casa Civil e membros das Secretarias de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Infraestrutura Hídrica (Sihs), Saúde (Sesab), Infraestrutura (Seinfra), Meio Ambiente (Sema), Assitência Social (Seades), Agricultura,Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), Desenvolvimento Rural (SDR), Relações Institucionais (Serin) e Justiça e Direitos Humanos (SJDH), além do diretor superintendente da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), um representante da Polícia Militar e um do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia. O documento deve ser publicado no Diário Oficial na próxima semana.

A Política ainda prevê a criação de um Cadastro Estadual de Municípios com áreas suscetíveis à seca e estiagem, além de um esforço concentrado para combater a ocupação de áreas vulneráveis e de risco, promovendo a realocação das populações que residem nessas zonas.

A inscrição no Cadastro se dará por solicitação do município ou mediante indicação dos órgãos e entidades integrantes do SIEPDEC. Também será incentivada a instalação de órgãos municipais para coordenar as ações de proteção e defesa civil em nível local, por meio das Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC) e dos Núcleos de Proteção e Defesa Civil (NUPDEC).

“Essa Lei vai trazer os fundamentos importantes para que essa política se desenvolva, trazendo mais segurança. Ela avança para a definição do papel de cada um, como cada órgão deve participar e contribuir nesse processo. Cria o Conselho para que as decisões sejam tomadas de forma coletiva e faça com que todo o Estado possa estar mobilizado, tanto na fase de atenção e em resposta quando ocorre um desastre”, pontuou o superintendente da Sudec, Heber Santana.

Pesquisa

Além da sanção da lei, o governador autorizou a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) por intermédio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), e em parceria com a Sude, publicar o edital de Apoio à Pesquisas e Inovações para a Proteção da Defesa Civil, n° 14/2025.

O edital tem como objetivo apoiar pesquisas sobre defesa civil, focadas na produção de conhecimento qualificado e/ou tecnologias, para enfrentar desafios existentes, com resultados de impacto imediato e objetivo, gerando benefícios diretos ou indiretos para o Estado da Bahia. O governador acrescentou,:“estamos incentivando a inovação e a busca por novas tecnologias que contribuam para a melhoria contínua da nossa defesa civil. A Bahia, com sua força e solidariedade, está mais forte e unida no enfrentamento dos desafios”.

Caravana do Lazer
Além da visita do governador para autorizações, no bairro Alto do Cabrito, das 8h30 às 12h, crianças e jovens de 7 a 18 anos aproveitaram diversas atividades recreativas da Caravana do Lazer, como camas elásticas, jogos gigantes, futmesa, jogos de salão, oficina de pintura, modelagem com massa e piscina de bolinhas.

A iniciativa é promovida pela Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), autarquia da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), com o apoio de 35 agentes esportivos que atuam no programa Esporte por Toda Parte, presente em 59 núcleos espalhados por Salvador e foi vista de perto pelo governador. A atividade também faz parte das ações preparadas pelo Governo do Estado para marcar a data dos 476 anos da cidade de Salvador.

Repórter: Joci Santava/GOVBA

Mortos enquanto rezavam, torre de aeroporto no chão e desabamento de arranha-céu: o cenário pós-terremoto na Ásia

Terremoto de magnitude 7,7 atingiu Mianmar, Tailândia e China, deixando milhares de mortos e feridos.
O terremoto de magnitude 7,7 que atingiu o Mianmar e seus países vizinhos na última sexta-feira (28) deixou um rastro de destruição.

Segundo informações da mídia estatal, o fenômeno deixou milhares de mortos e feridos. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) chegou a emitir um alerta vermelho na véspera, estimando que os tremores podem ter deixado mais de 10 mil pessoas mortas.

A junta militar que governa Mianmar decretou estado de emergência em seis regiões, incluindo Sagaing, Mandalay e a capital, informou a mídia estatal. O país já sofre com infraestrutura precária e um sistema de saúde debilitado por quatro anos de guerra civil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em viagem a Hanói, no Vietnã. O terremoto foi sentido na região; ministro disse que comitiva brasileira não foi impactada.

Veja o cenário pós-terremoto:

Cenas de destruição em  Mianmar 

Em Mianmar, a mídia estatal relata que duas pontes colapsaram e diversos edifícios foram destruídos em ao menos cinco cidades. Mandalay, antiga capital real e centro do budismo do país, é um dos locais mais afetados pelo terremoto.

À agência de notícias Reuters, um morador que não quis ser identificado disse que a destruição se espalhou por toda a cidade. Segundo ele, estradas foram danificadas, linhas telefônicas interrompidas, não há eletricidade e um bairro, Sein Pan, está em chamas.

"Todos nós corremos para fora de casa enquanto tudo começou a tremer. Testemunhei um prédio de cinco andares desabando diante dos meus olhos. Todos na minha cidade estão na rua e ninguém ousa voltar para dentro dos prédios", contou.

Imagens mostram centenas de pessoas em pânico na pista do Aeroporto Internacional de Mandalay, em Mianmar, durante os fortes tremores que atingiram o país nesta sexta-feira (28). Dentro do terminal, passageiros correm para fora do saguão, que ficou destruído.

Segundo a agência de notícias Agence France-Presse (AFP), dezenas de pessoas se preparavam para dormir nas ruas de Mandalay, com medo de que os prédios afetados pelos tremores pudessem desabar.

Arranha-céu desaba na Tailândia após terremoto

De acordo com testemunhas ouvidas pela agência de notícias Associated Press, alarmes soaram por toda Bangkok, gerando pânico entre os moradores, que correram para as ruas e lá permaneceram nos minutos seguintes ao tremor. Outras partes do país também sentiram os tremores.

O pedreiro Khin Aung foi milagrosamente salvo da morte, mas seu irmão ficou preso sob os escombros do arranha-céu em construção que desabou no terremoto em Bangkok.

"Não consigo descrever como me sinto. Tudo aconteceu num piscar de olhos", explica Khin Aung. "Todos os meus amigos e meu irmão estavam lá quando desabou. Estou sem palavras", afirma.

Khin Aung diz que estava saindo da obra quando seu irmão estava entrando. Eles se cruzaram na porta. Pouco depois, o chão começou a tremer, o prédio balançou e havia "poeira por toda parte".

"Eu fiz uma videochamada com meu irmão e meus amigos, mas só um atendeu. Eu não conseguia ver o rosto dele, e conseguia ouvi-lo correndo", ele relembra. "Naquele momento, o prédio inteiro estava tremendo, mas eu ainda estava na ligação com ele. A ligação foi perdida e o prédio desabou", diz.

As autoridades de Bangkok afirmaram que pelo menos 10 mortos foram confirmados até o momento, sendo nove no local do arranha-céu, que estava sendo construído perto do popular mercado Chatuchak, da capital. Além disso, 78 continuavam desaparecidos.

Neste sábado, mais equipamentos foram levados às regiões afetadas para remover as toneladas de escombros, mas a esperança entre amigos e familiares dos desaparecidos estava diminuindo.

"Eu estava rezando para que eles tivessem sobrevivido, mas quando cheguei aqui e vi a ruína — onde eles poderiam estar? Em qual canto? Eles ainda estão vivos? Ainda estou rezando para que todos os seis estejam vivos”, disse Naruemol Thonglek, de 45 anos, que esperava notícias sobre seu parceiro, que é de Mianmar, e cinco amigos que trabalhavam no local.

Waenphet Panta disse que não tinha notícias de sua filha Kanlayanee desde um telefonema cerca de uma hora antes do terremoto. Um amigo disse a ela que Kanlayanee estava trabalhando no alto do prédio na sexta-feira.

“Estou rezando para que minha filha esteja segura, que ela tenha sobrevivido e que ela esteja no hospital”, ela disse, com o pai de Kanlayanee sentado ao seu lado.

Em outro vídeo, a água de uma piscina, que fica no topo de outro arranha-céu na cidade, transborda e cai do prédio durante os tremores. Veja abaixo:

Autoridades tailandesas disseram que o terremoto e os tremores secundários foram sentidos na maioria das províncias do país. Muitos lugares no norte relataram danos a prédios residenciais, hospitais e templos, incluindo em Chiang Mai, mas as únicas vítimas foram relatadas em Bangkok até o momento.

Terremoto faz mesquitas desabarem e deixa mortos

Várias mesquitas em Mandalay também sentiram os impactos dos tremores. Segundo o Governo de Unidade Nacional, mais de 50 mesquitas sofreram danos.

Htet Min Oo estava realizando abluções rituais — ritos religiosos de purificação que consiste na lavagem do corpo ou de parte do corpo — antes das orações do Ramadã em uma mesquita próxima à sua casa em Mandalay.

Sua casa desabou junto com parte da mesquita, prendendo metade de seu corpo com os escombros de um muro que enterrou duas de suas tias. Moradores correram para resgatar as tias, ele disse, mas apenas uma sobreviveu.

Htet Min Oo, 25, disse que dois tios e sua avó também ficaram presos sob pilhas de concreto. Sem equipamento pesado disponível, ele tentou desesperadamente tirar os escombros com as mãos, mas não conseguiu movê-los.

"Não sei se eles ainda estão vivos sob os escombros. Depois de tanto tempo, não acho que haja esperança", disse ele na sexta-feira. "Há muitos escombros e nenhuma equipe de resgate veio nos ajudar", acrescentou.
Um morador de 39 anos da região de Mandalay descreveu cenas angustiantes enquanto tentava salvar um homem preso sob os escombros de uma mesquita que desabou na vila de Sule Kone, mas teve que fugir devido a fortes tremores secundários.

"Tive que deixá-lo para trás... Entrei uma segunda vez para tentar salvá-lo", disse ele à agência Reuters, sem querer ser identificado. "Recuperei quatro pessoas com minhas próprias mãos. Mas, infelizmente, três já estavam mortas e uma morreu em meus braços."

Ele disse que 10 pessoas foram mortas lá, e que elas estavam entre as 23 que morreram em três mesquitas que foram destruídas na vila. Restrições do governo impediram que elas fossem modernizadas, ele disse.

Torre de controle de aeroporto desaba

Uma torre de controle de tráfego aéreo colapsou após o terremoto no Aeroporto Internacional de Naypyitaw, em Mianmar. A imagem foi analisada pela agência de notícias Associated Press (AP), por meio de fotos de satélite do Planet Labs PBC.

As fotos, tiradas neste sábado, mostram que a torre tombou para o lado. Destroços do topo da torre também eram vistos espalhados pelo chão.
Segundo a AP, não estava imediatamente claro se o colapso deixou mortos ou feridos, embora houvesse funcionários dentro da torre no momento do terremoto, na sexta-feira.
Por Redação g1 — São Paulo

Prisão é o fim da minha vida, estou com 70 anos, diz Bolsonaro


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se tornou réu nesta semana no STF (Supremo Tribunal Federal) acusado de liderar uma trama golpista, admitiu à reportagem ter conversado com auxiliares sobre estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal em 2022, mas diz que essas possibilidades foram descartadas “logo de cara”.

As medidas estão previstas na Constituição para serem usadas para manter a ordem pública e a paz social ameaçadas por “grave e iminente instabilidade institucional”, comoção grave de repercussão nacional ou guerra.

Ele também citou o recurso ao artigo 142 da Constituição, que, na interpretação repetida por bolsonaristas, autorizaria as Forças Armadas a atuarem como uma espécie de poder moderador -essa visão já foi descartada pelo STF.

Bolsonaro é acusado de cinco crimes, cujas penas somadas superam 40 anos. Questionado se uma eventual prisão significaria o fim da sua carreira política, disse: “É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”. Ele recebeu a reportagem para uma entrevista na sede do PL na qual também falou da delação de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.

PERGUNTA – A Procuradoria-Geral da República pediu arquivamento da investigação contra o senhor por fraude no cartão de vacina. O Cid disse à PF que o sr. pediu para ele isso. Por que acha que ele falou isso? E o que acha da decisão da PGR?

JAIR BOLSONARO – Eu jamais faria um pedido desse para alguém, me desmoralizaria politicamente, porque sempre fui contra a vacina, que até hoje é experimento [o imunizante foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)]. Um delator, para seguir a regra, tem que ser espontâneo, falar a verdade e ter prova. Tanto é que o senhor [procurador-geral da República Paulo] Gonet chegou à conclusão que não tinha indícios mínimos de eu ter mandado falsificar o cartão. Esse pedido de arquivamento, se fosse a Lava Jato, já tinha anulado tudo. Mas como eu não sou tão poderoso assim…

P – O sr. acha que pode ser uma sinalização para os outros processos, como o das joias?

JB – Mais que uma sinalização, uma luz vermelha contra o processo. Porque você não pode investigar o cartão de vacina, olhar do lado ali e ah, apareceu presentes, apareceu estado de sítio, não pode fazer isso aí. Até porque nunca vi um juiz começar um processo sem ser provocado. Uma vez provocado, ele analisa, se investiga. Por que eu sou diferente dos outros?

P – O sr. falou que conversou já com auxiliares sobre alternativas, mas não sobre ruptura. Quais foram essas alternativas?

JB – Eu não esperava o resultado [das eleições]. Nós entramos com a petição e, no dia seguinte, o senhor Alexandre Moraes mandou arquivar e nos deu uma multa de R$ 22 milhões. Se a gente recorresse, podia passar para R$ 200 milhões. Se eu não vou recorrer à Justiça Eleitoral, pode ir para onde? Eu conversei com as pessoas, dentro das quatro linhas, que vocês estão cansados de ouvir, o que a gente pode fazer? Daí foi olhado lá, [estado de] sítio, [estado de] defesa, [artigo] 142, intervenção…

P – Essas foram as possibilidades discutidas na época?

JB – É, não foi decisão. Reuni duas vezes com os comandantes militares, com umas outras pessoas perdidas por ali. Mas nada com muita profundidade, porque quando você perde a eleição, você fica um peixe fora d’água. Metade do seu ministério, você tem que tomar cuidado para conversar com os caras, né? E também eles querem voltar à normalidade da vida deles, você não pode botar pressão em cima deles. E daí, no depoimento do comandante do Exército, ele fala que foi discutida possibilidade de dispositivos constitucionais. Qual o problema? Nenhum. O PGR falou de estado de defesa ou sítio. Primeiro passo é convocar os conselhos da República e da Defesa. Isso não foi convocado, não houve nem cogitação de nada.

P – Em 7 de setembro de 2021, o sr. chegou a mencionar que chamaria o Conselho da República. Isso já era uma coisa que estava na cabeça do senhor desde 2021?

JB – Eu quero saber quando eu falei isso, não estou lembrado… Mas, se falei, não tem crime nenhum nisso aí.

P – Por que o sr. discutiu essas alternativas com os militares?

JB – Tem que discutir com várias pessoas. Eu tenho muita confiança nos militares. Não tem problema nenhum conversar. Conversa primeiro com o ministro da Defesa. Depois, na segunda reunião que apareceu os caras lá. Existe algo fundamentado, concretamente, para gente buscar uma alternativa? Chegou à conclusão que, mesmo que tivesse, não vai prosseguir. Então esquece.

P – Discutir uma alternativa com os militares que fosse para impedir o presidente Lula de assumir o mandato não seria uma tentativa de golpe de Estado?

JB – Golpe não tem Constituição. Um golpe, a história nos mostra, você não resolve em meses. Anos. E, para você dar um golpe, ao arrepio das leis, você tem que buscar como é que está a imprensa, quem vai ser nosso porta-voz, empresarial, núcleos religiosos, Parlamento, fora do Brasil. O “after day”, como é que fica? Então foi descartado logo de cara.

P – Foi descartado porque o Freire Gomes [então comandante do Exército] não deu apoio a essa iniciativa?

JB – Não pedi apoio para ninguém. Pergunta para o Freire Gomes se, em algum momento, eu falei golpe. Vai responder que não. Se você quer dar golpe, troca o ministro da Defesa, troca o comandante de Força, bota um pessoal disposto a sair fora das quatro linhas. Mas isso não passou pela cabeça. Você não dá golpe à luz do dia. Você vai criando um fato, uma oportunidade, como o Lula diz, né? Então estão construindo narrativa. Porque, obviamente, a não eleição nossa nos pegou de surpresa. O TSE, é bom você publicar, tomou providências contra Jair Bolsonaro, o candidato.

P – O sr. se arrepende de não ter reconhecido firmemente o resultado das urnas em 2022?

JB – Não me arrependo. Eu tinha meus questionamentos. Todo candidato faz isso quando ele vislumbra qualquer possibilidade. E eu jamais passaria faixa para ele [Lula] também, mesmo que tivesse dúvidas de nada.

P – E o sr. se arrepende de ter discutido essas alternativas que o levam hoje a ser julgado pela trama golpista?

JB – É uma história contada por aquela parte da Polícia Federal vinculada ao senhor Alexandre de Moraes. Aqui [Constituição] é a minha Bíblia. Tenho um problema, recorro a isso aqui. Agora, se não se pode falar estado defesa, de sítio, se revoga isso aqui. Pronto. Agora, não pode quando alguém fala sobre esse assunto e outra pessoa tem opinião contrária, passa a ser golpe.

P – E o sr. apoiaria um projeto de anistia que não o contemplasse?

JB – Olha só, quando começou a tramitar, eu falei não quero saber de anistia envolvendo meu nome. Como é que eu podia imaginar que me colocariam no [processo do] 8 de janeiro, se eu estava lá nos Estados Unidos? Não acharam nada a meu respeito. Olha só, anistia, você tem que fazer, não é para… Quando é individual, chama-se graça.

P – O sr. teme que, se for efetuada uma prisão, possa ser o fim da sua carreira política?

JB – É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos.

P – Como seria uma prisão para o sr.?

JB – Completamente injusta uma possível prisão. Cadê meu crime? Onde eu quebrei alguma coisa? Cadê a prova de um possível golpe? A não ser discutir dispositivos constitucionais que não saíram do âmbito de palavras.

P – O sr. cogita se juntar ao Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, pedir asilo político? Já chegou a conversar sobre isso com algum chefe de Estado?

JB – Zero, zero, zero. Eu acho que eu estou com uma cara boa aqui. Tenho 70 anos, me sinto bem. Eu quero o bem do meu país.

Marianna Holanda / Folhapress

Contas de mais nove câmaras são julgadas regulares

Os conselheiros que compõem as 1ª e 2ª Câmaras do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, nas sessões desta quarta-feira (26/03), julgaram regulares as contas de mais nove câmaras de vereadores baianas. Todas essas contas são relativas ao exercício de 2023.

No turno da manhã, os conselheiros da 1ª Câmara julgaram regulares, na íntegra, as contas do Legislativo de Anagé, sob responsabilidade de Altemar Silveira Nogueira; de Feira da Mata, na gestão de Elisvaldo Baliza Fernandes; e de Ibirataia, da responsabilidade de Antônio Carlos dos Santos Gomes.

E julgaram regulares com ressalvas as contas da Câmara de Capim Grosso, na gestão de Jefferson Ferreira da Silva, e de Guajeru, que teve como presidente o vereador Manoel Prates da Silva. Apesar das ressalvas, o conselheiro Mário Negromonte, relator dos votos, não imputou multa aos gestores.

Já no turno da tarde, foram julgadas regulares, sem indicação de quaisquer ressalvas, as contas da Câmara de Almadina, do vereador José Lindomar Ferreira Santos; de Castro Alves, na gestão de Josemir de Oliveira Mota; de Ibitiara, sob responsabilidade de Sivaldo José Amorim de Macedo; e de Lajedão, que teve como gestor Emetério Neto Alves Mendes.

Cabe recurso das decisões.

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