Falta de imigrantes preocupa agro, hotéis e restaurantes nos EUA, e Trump sugere recuo


O presidente Donald Trump fez um aceno nas últimas semanas ao agro, hotéis e restaurantes dos EUA, setores que, junto com a construção civil, são os que mais dependem do trabalho de imigrantes indocumentados.

Em uma entrevista na noite de terça-feira (15) ao Fox Noticias, programa em espanhol do canal conservador, o republicano sugeriu que pode criar um caminho para que empregadores consigam trazer de volta imigrantes que se autodeportarem.

“Eu também estou facilitando para fazendeiros e hotéis e tudo o mais, porque você tem muitos fazendeiros que não vão conseguir, você sabe, fazer suas produção e colher o milho e todas as coisas que eles fazem incrivelmente bem”, disse, em referência à saída de imigrantes.

O presidente disse que vai lançar um programa de autodeportação em que imigrantes receberão dinheiro e uma passagem de avião para saírem dos EUA voluntariamente. Uma vez de volta ao seu país, poderão pleitear um retorno legal.

“Vamos ser muito compreensivos em termos de talvez deixar esse fazendeiro, você sabe, ele é meio que responsável, e nós vamos fazer com que esse fazendeiro assuma a responsabilidade”, prosseguiu, em uma fala confusa. “No limite, em algum momento, nós queremos que as pessoas saiam e voltem legalmente.”

Em uma reunião de gabinete na semana passada, ele sugeriu estar aberto a abrir uma possibilidade do tipo. Segundo a imprensa americana, a Casa Branca vem sendo pressionada por lobbies empresariais preocupados com a falta de trabalhadores. No mês passado, o grupo Coalização de Imigração de Empresas Americanas, que diz representar mais de 300 lideranças empresariais, fez uma série de reuniões em Washington com congressistas e membros do governo.

Economistas apontam que a rígida política migratória do atual governo vai limitar a oferta de trabalho no país –estrangeiros são seu motor de expansão– e diminuir a demanda por produtos e serviços.

“Não há substituto para imigrantes no setor imobiliário americano”, afirmou o economista Adam Posen, presidente do Instituto Peterson de Economia Internacional (PIIE, na sigla em inglês), em um evento também na terça. “Cerca de 50% dos empregados em pequenas empresas familiares de construção são imigrantes, a maioria indocumentados.”

Segundo dados do Pew Research Center, estrangeiros em situação irregular eram 4,8% da força de trabalho dos EUA em 2022, ou 8,3 milhões de pessoas.

Esse número, porém, é muito maior na construção civil (13,7%), agricultura (12,7%) e hospitalidade, como hotéis e restaurantes (7,1%), aponta levantamento feito pelo Conselho de Imigração Americano, uma organização pró-imigrantes.

Mas mesmo entidades conservadoras, como o American Enterprise Institute, levantaram ressalvas sobre o plano de deportações de Trump.

Fazendo a ressalva de que reduzir a disponibilidade de mão de obra imigrante “vai eventualmente levar a inovações tecnológicas que melhoram a eficiência”, um estudo publicado pela entidade na terça aponta que os efeitos imediatos serão queda na produção doméstica, maior nivel de importações, menos variedade para os consumidores e elevação dos preços de alimentos.

“Uma intensificação rápida das ações de fiscalização da imigração pode levar muitas fazendas à falência, caso não consigam se adaptar com rapidez suficiente”, aponta o relatório. “O setor agrícola dos EUA é inovador e resiliente, mas mudanças drásticas na oferta de mão de obra imigrante provavelmente terão consequências não intencionais.”

Para o Goldman Sachs, a falta de imigrantes “pode ser extremamente disruptiva” para setores como produção agrícola, processamento de alimentos e construção civil. Em análise publicada no final de fevereiro. Antes mesmo do anúncio das tarifas, a instituição apontava a possibilidade de “gargalos temporários na produção, escassez e aumentos de preços”.

Fernanda Perrin/Folhapress

A dia de hoje, Rui seria excluído da chapa de Jerônimo em 2026, por Raul Monteiro*

A mais nova declaração do senador Jaques Wagner (PT) sobre a montagem da chapa governista para 2026 pode ser considerada uma prova de que muita água ainda vai rolar debaixo da ponte até que se decida no PT quem deverá encabeçá-la e quais vão ser os dois candidatos ao Senado pelo grupo. Ao Valor Econômico, um veículo de comunicação nacional, portanto, o petista acaba de dizer que nada está decidido em relação às candidaturas de senador e que pode haver uma escolha entre ele e o colega Angelo Coronel (PSD) que permita acomodar o ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), cujo desejo é o de concorrer a uma das duas vagas.

É uma fala diferente da que ele primeiro fez sobre o projeto de reeleição do grupo, no ano passado, na qual colocava como principal certeza sobre a montagem da chapa a manutenção de seu nome na disputa ao Senado e o do governador Jerônimo Rodrigues (PT) como candidato à reeleição, única hipótese que confirma agora. Um tempo depois, Wagner mesmo lançaria a ideia de uma chapa com ‘três governadores’ – Jerônimo concorrendo à reeleição e ele e Rui ao Senado – aparentemente com o mesmo objetivo de produzir um balão de ensaio para ver como repercutiria entre os aliados e a sociedade, tese que agora, com a nova declaração, parece abandonar.

“(…) eu vou ser candidato para a reeleição e o Rui também quer disputar o Senado. Nós vamos ter esse bom problema”, admitiu Wagner ao Valor, insinuando, pela primeira vez, que o grupo pode ser obrigado a fazer – a depender do cenário a ser enfrentado em 2026, no qual o desempenho nacional do presidente Lula e o estadual do governador terão que ser devidamente sopesados – uma escolha entre ele e Coronel, o que abriria espaço para o lançamento de Rui ao lado de um ou de outro. A amistosa fala de Wagner na direção de Rui poderia ser interpretada como um ato de altruísmo caso ele não pudesse voltar atrás a qualquer momento, como já fez duas vezes.

Mas não só isso. O desejo do senador de eventualmente abrir mão da reeleição para o correligionário não coincide com a busca desenfreada que seu grupo empreende no PT estadual para manter o partido sob seu jugo. Hoje, não dá mais para esconder que Wagner foi surpreendido, assim como todos que o seguem na sigla, pela repentina decisão do presidente estadual petista, Éden Valadares, um ex-assessor seu, de abrir mão de concorrer à reeleição sem apresentar um candidato à própria sucessão. O que poderia ser uma declaração antecipada de derrota, no entanto, converteu-se numa batalha inteligente para manter o PT sob o controle do senador.

Depois de tentar, sem sucesso, buscar um nome para apresentar à militância, o grupo de Wagner passou a atuar diuturnamente para compor com as diversas correntes petistas deixando claro que, em nome do consenso, abre mão de buscar um candidato próprio para apoiar um petista capaz de unir a sigla. A estratégia caminha pari passu com uma outra: a de isolar os candidatos que são ajudados ou buscam o apoio de Rui. Portanto, muito difícil acreditar que todo o esforço para manter o PT em suas mãos sirva para que Wagner, no processo de montagem da chapa, dê demonstração de invejável generosidade e decida entregar sua vaga ao Senado ao chefe da Casa Civil.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*

Brasileira é presa sob acusação de crimes sexuais contra criança nos EUA e deve ser deportada

Uma brasileira foi presa na cidade de Falmouth, Massachusetts (EUA), sob suspeita de exploração sexual infantil.

Identificada como Ilma Leandro de Oliveira, 53, a mulher foi detida no dia 20 de março. Ela responde a sete denúncias de crimes sexuais contra uma mesma criança, no condado de Barnstable, no mesmo estado em que foi encarcerada.

Segundo o serviço de imigração americano, Oliveira está ilegalmente no país. A investigação que levou à detenção da brasileira foi resultado de uma cooperação entre FBI, a polícia federal americana, e o governo Trump.

A reportagem entrou em contato com o FBI e o serviço de imigração para saber se a mulher apresentou defesa, mas não houve resposta até a publicação.

Ilma Leandro de Oliveira permanecerá sob custódia federal enquanto aguarda os desdobramentos do processo criminal e as audiências relacionadas à sua situação imigratória. O serviço de imigração informou que pretende prosseguir com sua deportação após a resolução dos casos criminais.

A prisão da mulher faz parte de uma série de operações em Massachusetts voltadas para a identificação e detenção de estrangeiros que representem ameaças à segurança pública.

O governo de Donald Trump tem exaltado a prisão de brasileiros nos Estados Unidos suspeitos de terem cometido crimes no país como vitrines de sua política de imigração, que visa fazer uma deportação em massa.

Desde o começo deste ano, o escritório de comunicação da Casa Branca tem exaltado a prisão de imigrantes de várias nacionalidades, incluindo ao menos três brasileiros presos nos últimos 30 dias, em momentos distintos, como exemplo da ação.

A governadora de Massachusetts, Maura Healey, afirmou em novembro que a polícia do estado “absolutamente” não iria cooperar com a política de deportação em massa de Trump e que usaria “todas as ferramentas disponíveis” para proteger seus moradores.

Recentemente, ela teceu críticas a imigrantes em situação irregular que cometem crimes nos EUA, e chegou a afirmar estar indignada com a situação. Ainda assim, apresentou objeções à política de Trump. “Eu ainda me oponho aos esforços para visar grandes parcelas de uma população indocumentada que não fez nada de errado além de estar aqui sem presença legal”, disse ela.

Bruno Lucca/Folhapress

Embaixada dos EUA diz que só reconhece ‘dois sexos imutáveis’ ao responder sobre visto de Erika Hilton

A Embaixada dos Estados Unidos afirmou nesta quarta (16) que o país só reconhece “dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”.

O órgão respondeu a um questionamento feito pela coluna sobre o fato de ter concedido visto para a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que é trans, identificando-a com o gênero masculino.

Os documentos apresentados pela parlamentar ao fazer a solicitação a definem como do gênero feminino. Um visto anterior emitido pela mesma embaixada também a identificava da forma correta.

Na nota, a assessoria da representação diplomática faz referência à norma 14168, baixada no governo de Donald Trump, que reconhece apenas os gêneros feminino e masculino. O texto estabelece que formulários governamentais que solicitam informações sobre sexo devem oferecer somente as duas opções.

“Os registros de visto são confidenciais conforme a lei americana e, por política, não comentamos casos individuais. Ressaltamos também que, de acordo com a Ordem Executiva 14168, é política dos EUA reconhecer dois sexos, masculino e feminino, considerados imutáveis desde o nascimento”, diz a embaixada.

A parlamentar afirma que em nenhum momento preencheu qualquer formulário dando margem para a mudança.

Erika cancelou uma viagem que faria aos EUA neste mês e afirma que acionará o presidente norte-americano, Donald Trump, na ONU (Organização das Nações Unidas) por considerar o caso transfobia e um desrespeito a seus registros civis brasileiros.

Mônica Bergamo, Folhapress

Prefeito e vice de Maragogipe são cassados pela Justiça Eleitoral por abuso de poder

O prefeito de Maragogipe, Valnicio Armede (PP), e seu vice, Adhemar Novaes (PP) tiveram os seus respectivos mandatos cassados pela Justiça Eleitoral. A decisão foi proferida pelo juiz José Ayres de Souza Nascimento Junior, da Comarca de Cachoeira, que acolheu um recurso referente a abuso de poder político e econômico. Com essa sentença, ambos ficam inelegíveis por um período de oito anos. Tanto o prefeito quanto o vice já comunicaram que vão recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA).

A chapa que se reelegeu em 2024 foi objeto de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), que revelou um aumento expressivo no número de servidores municipais contratados entre 2020 e 2024.

O processo destaca que o total de funcionários passou de 1.400 para 3.000, com 978 contratações ocorrendo somente no ano das eleições. Além disso, as contratações teriam se estendido até agosto de 2024, o que infringe a legislação que proíbe nomeações nos três meses que antecedem o pleito.

MRS e governo fecham acordo para renovar concessão de ferrovia, com repasse de R$ 2,8 bilhões

Depois de meses de renegociação, a concessionária MRS Logística e o Ministério dos Transportes chegaram a um novo acordo para renovar a concessão da chamada Malha Regional Sudeste, ferrovia de 1.643 km de extensão, que corta os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Conforme informações obtidas pela Folha, o acordo foi firmado com o compromisso de a empresa pagar uma outorga de R$ 2,8 bilhões à União para administrar a ferrovia por mais 30 anos. A negociação foi firmada por meio da Secex Consenso (Secretaria de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos), do TCU (Tribunal de Contas da União), na segunda-feira (14).

Agora, os termos do acordo serão submetidos ao Ministério Público junto ao TCU para, depois, seguir para votação pelo plenário da corte de contas. A expectativa do governo é que esse processo seja concluído em até 60 dias.

Diferentemente de outras repactuações contratuais realizadas na área de transporte, como as concessões de rodovias e aeroportos, o acordo firmado com a MRS não será submetido a um leilão simplificado, porque não foram feitas grandes mudanças no modelo atual.

A MRS tem cerca de 20 mil vagões e 650 locomotivas, representando aproximadamente 20% da frota ferroviária nacional. Entre todas as ferrovias federais administradas pela iniciativa privada, a malha da MRS é a mais usada, sem conter trechos abandonados, como ocorre na maioria dos casos. Seus trilhos concentram o transporte de cargas de grande volume, como minério de ferro, produtos siderúrgicos, agrícolas, cimento, contêineres e celulose, se conectando aos portos de Santos (SP), Itaguaí (RJ), Guaíba (RJ), Sudeste (RJ) e Rio de Janeiro (RJ).

No início do ano passado, o governo chegou a anunciar um acordo com a concessionária, prevendo o repasse de R$ 2,6 bilhões. Essa transação já era uma revisão de um contrato anterior, fechado ainda na gestão de Jair Bolsonaro (PL), em junho de 2022, que não previa o pagamento de outorga.

A transação proposta no ano passado, porém, não foi aprovada pelo TCU. Agora, com o sinal verde dado pela Secretaria de Consenso, a indicação é que o processo finalmente será concluído.

O Ministério dos Transportes não comentou o assunto. A MRS declarou à Folha que “cumpriu uma etapa relevante junto à Secex Consenso e à área técnica do tribunal”, além da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e do Ministério dos Transportes. “No entanto, ainda haverá uma outra etapa: a de deliberação colegiada do TCU, razão pela qual ainda não há a conclusão do processo”, comentou.

O plano do governo é usar os recursos das outorgas das ferrovias para financiar novos projetos no setor. A previsão do governo é que esses projetos atraiam investimentos na ordem de R$ 100 bilhões. Para garantir a viabilidade de cada operação, o governo pode entrar com uma fatia de recursos públicos equivalente a 20% de cada projeto.

Criada em 1996 a partir da privatização da rede ferroviária federal, a atual concessão da MRS vence no ano que vem. Com a renovação antecipada desse contrato, a empresa seguirá à frente do trecho até 2056.

No ano passado, a concessionária investiu R$ 2,9 bilhões em suas operações, incluindo obras e projetos da renovação contratual, além da compra de 13 locomotivas e 561 vagões.

Em 2024, a companhia alcançou a maior receita líquida e lucro líquido de sua história, com R$ 7 bilhões e R$ 1,4 bilhão, respectivamente. O lucro líquido cresceu 229% nos últimos cinco anos, segundo seu balanço financeiro. A receita líquida quase dobro no mesmo intervalo.
André Borges, Folhapress

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