Homem é encontrado morto no bairro do Uruguai
![]() |
Foto: Reprodução/Alô Juca |
Um homem foi assassinado na madrugada deste domingo (20). O caso ocorreu no bairro do Uruguai, na cidade de Salvador.
Segundo informações, a vítima, que morava no bairro, acabou cercada por 10 homens e foi alvejada com mais de 10 tiros e acabou morrendo no local.
As equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e do Departamento de Polícia Técnica (DPT) foram acionadas após isolamento feito pela 17ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM). Informações do portal Alô Juca.
Jovem de Medeiros Neto é morto em praia de Coroa Vermelha: Vítima pode ter sido confundido com rival por traficantes, diz polícia
Coroa Vermelha: Um jovem foi morto na tarde deste sábado (19) em uma barraca de praia, na faixa de areia de Coroa Vermelha, orla de Santa Cruz Cabrália. Guilherme Rodrigues da Silva, de 21 anos, foi baleado na cabeça. Segundo a polícia, ele consumia bebida alcoólica no momento em que foi morto.
Morador de Medeiros Neto, no extremo sul da Bahia, Guilherme trabalhava como ajudante de caminhão e estava em Coroa Vermelha para uma entrega. O motorista, colega de trabalho, ainda não foi encontrado. Segundo uma pessoa próxima, o veículo foi achado parado perto do local do crime, sem sinais de violação.
A principal suspeita da polícia é que traficantes da região o tenham confundido com integrante de uma facção rival. Ainda não se sabe quantas pessoas participaram do crime.
Durante a perícia, a equipe técnica encontrou dois pinos contendo substância semelhante à cocaína no bolso da bermuda da vítima, além da chave de um caminhão.
Fonte: Radarnews
Fã de Hugo Chávez, Glauber Braga ganhou cargo da mãe e teve atrito com Romário
Em um dos inúmeros embates da ex-prefeita de Nova Friburgo (RJ) Saudade Braga (PSB) com vereadores, seu filho, Glauber Braga, decidiu gravar os pedidos feitos pelos adversários que dificultavam o mandato da mãe.
A exposição pública de rivais gerou investigação e burburinho na cidade e mostra, para Fábio Gripp, assessor do deputado federal do PSOL, como Glauber atua em situações de enfrentamento, expondo o que considera erros de adversários.
Nos últimos anos, Glauber ganhou projeção ao fazer embates públicos com Sergio Moro (União Brasil), Eduardo Cunha (MDB) e Arthur Lira (PP). O estilo se tornou motivo incômodo na Câmara dos Deputados, onde enfrenta processo de cassação por agredir um militante do MBL (Movimento Brasil Livre).
Na última quinta (17), Glauber encerrou greve de fome que durava oito dias contra a abertura do processo de cassação. A decisão foi tomada após o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), suspender o caso por dois meses.
Os enfrentamentos marcaram a nacionalização do perfil de atuação política do deputado, antes mais vinculada à sua origem na Região Serrana fluminense.
Filho de um casal de médicos brizolistas, Glauber acompanhava na juventude a mãe na Câmara Municipal. Assim que foi eleita prefeita, em 2000, Saudade nomeou o filho, aos 18 anos, como assessor em uma subprefeitura da cidade.
“Ele assistia à articulação política e vivia o brizolismo dentro de casa. Foi uma liderança que surgiu domesticamente, mas tão logo iniciou o governo, propiciou essa afirmação trabalhando nos bairros”, disse Gripp, que o acompanha desde os primeiros passos na política.
A primeira candidatura de Glauber para a Câmara, pelo PSB em 2006, foi durante o mandato da mãe. Atraiu quase 40% dos votos da cidade, mas os 51 mil recebidos o deixaram na suplência. Ele assumiu uma cadeira em 2009, após a nomeação do ex-deputado Jorge Bittar (PT) para uma secretaria no Rio de Janeiro.
Assim que chegou ao Congresso, comentou sobre a trajetória ligada à mãe e os cargos na prefeitura, onde foi secretário de Governo entre 2007 e 2008. A prática do nepotismo foi proibida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em agosto de 2008, após as nomeações de Glauber, mas sempre foi criticada pela esquerda.
“Se você considerar que nepotismo é empregar parente, foi um caso. Mas se a definição for dar emprego a pessoas que não têm condições de exercer a tarefa, não é nepotismo. Não sou a favor de tirar a possibilidade de pessoas com vocação para fazer essas tarefas”, respondeu ao jornal O Globo, em 2009.
Foi reeleito em 2010, ainda com votação concentrada em Nova Friburgo, e focou o segundo mandato no acompanhamento dos investimentos na Região Serrana após o desastre climático de 2011. Ele foi um dos que tiveram a casa destruída na tragédia que matou mais de mil pessoas.
No segundo mandato, começou a galgar posições dentro do PSB. Foi um dos artífices da intervenção do Diretório Nacional da sigla no Rio de Janeiro. Acusou o então presidente regional, Alexandre Cardoso, de agir “como um laranja” do ex-governador Sérgio Cabral, por indicar nomes para filiação ao PMDB em vez da própria agremiação.
“Glauber sempre foi muito impulsivo”, disse Cardoso.
O deputado assumiu o comando do partido ao lado do então deputado Romário. Atuou na campanha de Eduardo Campos à Presidência e coordenou o desembarque da gestão Cabral. Glauber foi reeleito em 2014 com sua maior votação já registrada (82 mil votos). Em Nova Friburgo, teve mais de 60% dos votos.
No ano seguinte, rompeu com Romário e o PSB. Ficou na sigla até setembro de 2015, quando foi para o PSOL em razão da adesão do antigo partido ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Neste período, ganhou notoriedade ao integrar um grupo contra a atuação de Eduardo Cunha no comando da Câmara. Durante a votação do impeachment, em 2016, o chamou de “gângster”.
O ano de 2016 marcou a virada no perfil político de Glauber. Com visibilidade nacional, o deputado tentou, sem sucesso, a Prefeitura de Nova Friburgo.
“A ida para o PSOL não repercutiu bem no interior, onde a entrada do partido ainda é muito difícil”, afirma Gripp.
Em 2018, seu mapa eleitoral deu os primeiros sinais de mudança. Um terço dos 40 mil votos (metade da eleição anterior) veio da capital fluminense, superando os 10 mil registrados em Nova Friburgo (10% da cidade).
Durante a gestão Jair Bolsonaro (PL), manteve em evidência a verve contra o senador Sergio Moro, a quem chamou de “juiz ladrão” por sua atuação como magistrado na Operação Lava Jato.
Nas eleições de 2022, criticou o PSOL pela aliança com o presidente Lula. Defendeu uma candidatura própria à Presidência e se colocou à disposição para a disputa. Derrotado na sigla, quase dobrou os votos para a Câmara (78 mil), tendo quase metade de sua votação na capital fluminense. Manteve o patamar de 10% do pleito anterior em Nova Friburgo.
Foi no fim da legislatura passada que teve o principal embate com Lira. O ex-presidente da Câmara ameaçou expulsar Glauber do plenário após um bate-boca sobre a privatização da Petrobras. Desde então, os dois se viram como rivais.
O deputado do PSOL chamou Lira de “bandido” ao atribuir a ele o avanço de seu pedido de cassação, o que o ex-presidente da Câmara nega.
A vida pessoal de Glauber no período também sofreu baques. Casado com a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), teve o cunhado morto num quiosque da Barra ao ser confundido com um miliciano, em 2023. O mal de Alzheimer que acometia a mãe se agravou até sua morte, em maio de 2024.
Um mês antes da morte da mãe, Glauber agrediu Gabriel Costenaro, militante do MBL, após ouvir dele que Saudade era corrupta. Assessores do deputado afirmam que o youtuber o perseguia há meses em agendas no Rio e atribuem os chutes e empurrões à ofensa à ex-prefeita, em estado grave da doença.
Nesta legislatura, Glauber também viu crescer o filho Hugo. O nome foi, por parte do pai, uma homenagem a Hugo Chávez, ditador venezuelano morto em 2013. Por parte da mãe, Sâmia Bomfim, uma referência a Hugo Moreno, conhecido como Nahuel Moreno, revolucionário argentino.
Italo Nogueira, Folhapress
Emendas parlamentares chegam ao exterior e pagam até ONU e psicólogos nos EUA
Emendas parlamentares têm sido usadas até para pagar taxas obrigatórias do Brasil à ONU (Organização das Nações Unidas) e financiar colaboradores de consulados do país no exterior, incluindo psicólogos e advogados que atendem principalmente imigrantes brasileiras em cidades como Miami, Nova York e Boston.
Com uma parcela do Orçamento cada vez maior na mão do Congresso, o Itamaraty e o Ministério do Planejamento e Orçamento —responsável pelos pagamentos a organizações internacionais— também têm buscado verbas do Legislativo para ações fora do país.
Desde 2020, deputados e senadores destinaram R$ 19 milhões a essas ações, considerando os valores já pagos e corrigidos pela inflação, segundo dados da plataforma Central das Emendas. Elas foram executadas tanto na gestão de Jair Bolsonaro (PL) quanto na de Lula (PT).
A Folha analisou esses repasses, cuja existência surpreendeu pesquisadores, técnicos e assessores parlamentares consultados que lidam diariamente com emendas. Normalmente, os congressistas costumam mandar os recursos para obras e projetos em suas bases eleitorais.
Especialistas criticam, de forma geral, a dimensão que as emendas tomaram na última década com mudanças na Constituição feitas pelo Congresso, o que gerou uma alocação fragmentada e por vezes sem critérios dos recursos federais.
As emendas usadas no exterior são uma parte pequena do total de R$ 118 bilhões pago nos últimos cinco anos, mas também quintuplicaram na comparação entre 2020 e 2024. Nesse caso, os valores são orçados em dólares, por isso a quantia paga às vezes é maior do que o previsto (empenhado).
Quase metade do montante que terminou fora do país veio das comissões de relações exteriores do Congresso. A pedido do governo, em 2023, o grupo do Senado dividiu cerca de R$ 9 milhões entre a ONU e o Tribunal Penal Internacional, enquanto o da Câmara destinou seus R$ 333 mil à Organização Internacional do Café (OIC).
Segundo o Itamaraty, os repasses se referiram à “quitação das obrigações brasileiras junto a organismos internacionais, […] que é fundamental para a atuação diplomática do Brasil no cenário internacional, evitando que o país sofra constrangimentos e sanções, entre elas a perda do direito de voto”.
O Ministério do Planejamento também afirmou que “tais contribuições são classificadas como despesas obrigatórias de caráter continuado”, mas não respondeu por que precisou de emendas para quitá-las naquele ano.
Já a outra metade das emendas usadas no exterior é individual, de 26 congressistas. Sete dos dez nomes que fizeram as maiores indicações são do partido Republicanos, estando no topo da lista os deputados Maria Rosas (SP), Rosangela Gomes (RJ, licenciada) e Gilberto Abramo (MG), líder da sigla na Câmara.
A legenda diz que recebeu uma proposta do Itamaraty para colaborar com ações no exterior e que a acatou, pedindo que parlamentares atendessem à solicitação do ministério: “Desde 2020, é graças às emendas parlamentares dos deputados do Republicanos que muitas iniciativas no exterior se mantêm”, afirma.
Entre os 309 beneficiários das emendas aplicadas em outros países, além de organizações internacionais, entidades e empresas, a reportagem identificou 75 nomes próprios de prestadores de serviços que receberam R$ 2,3 milhões no período, por meio de pessoa física ou jurídica.
Segundo o Itamaraty e o Republicanos, a maior parte desses profissionais atua nos Espaços da Mulher Brasileira, projeto que surgiu em 2017 e hoje existe em nove consulados, nos EUA, na Europa e na Argentina. Na prática, são consultoras contratadas para auxiliar imigrantes brasileiras em situação de vulnerabilidade.
Além delas, as emendas ajudam a bancar ainda psicólogos e advogados das unidades, que também atendem essas mulheres. Os profissionais passam por processo seletivo local, têm contratos temporários e recebem em dólares, por horas trabalhadas. A maioria também demonstra atuar de forma privada.
A psicóloga Virna Moretti, por exemplo, foi a sétima maior beneficiada pelas emendas no exterior.
Ela recebeu R$ 280 mil no último ano, uma média de R$ 23 mil por mês, pelo Consulado-Geral do Brasil em Miami, onde a carga horária máxima é de 40 horas semanais. Com a variação cambial, o pagamento por um mês de trabalho passou de R$ 19 mil em fevereiro de 2024 para R$ 28 mil em dezembro.
Procurada, ela afirmou que tem formação nos dois países e que costuma atender casos delicados envolvendo tráfico humano, violência doméstica e outros crimes, “trabalho de extrema responsabilidade e sensibilidade”. “O valor pago por tais serviços, ao longo desse período, se manteve nitidamente abaixo da remuneração média correspondente nos EUA”, disse.
Em Nova York, as brasileiras Danielly Ortiz e Stephanie Mulcock receberam R$ 217 mil e R$ 191 mil desde junho de 2022, respectivamente, por “serviços de consultoria para o Espaço da Mulher Brasileira”. Em Boston, a empresária de marketing Juliana Ávila Lobo recebeu R$ 180 mil por “serviços de apoio administrativo, técnico e operacional”.
Um funcionário consular que não quis se identificar diz que o orçamento disponível para a política externa brasileira é insuficiente e classifica o uso de emendas como um “puxadinho”. Para ele, porém, nesse caso o dinheiro está sendo bem utilizado.
Marina Atoji, da ONG Transparência Brasil, afirma ser “surpreendente que representações consulares não tenham recursos suficientes” e também tenham que contar com emendas. “Tem se tornado comum algumas ações ou programas ficarem dependentes de emendas”, diz.
Questionado sobre por que teve que recorrer a essas verbas, o Itamaraty respondeu que as emendas apenas “reforçam a dotação orçamentária ‘assistência a brasileiros no exterior’ e permitem a ampliação e diversificação do apoio prestado às brasileiras no exterior por profissionais especializados”.
As duas deputadas que mais enviaram recursos também defendem a importância do projeto e dizem que a verba está em linha com sua atuação em defesa das mulheres.
Maria Rosas é 1ª Procuradora Adjunta da Mulher na Câmara e Rosangela Gomes, hoje secretária estadual de Assistência Social no RJ, foi presidente do grupo parlamentar de amizade Brasil-EUA e da rede de mulheres da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Júlia Barbon, Folhapress
Liderança de assentamento criado após morte de Dorothy Stang é assassinado em Anapu, no PA
Agricultor era uma das principais lideranças locais ligadas à luta pela reforma agrária na região. Polícia Civil investiga o caso. Ninguém foi preso.
![]() |
Ronilson de Jesus Santos era uma das principais lideranças locais ligadas à luta pela reforma agrária na região |
O agricultor Ronilson de Jesus Santos foi morto a tiros na sexta-feira (18), no quintal de casa, no município de Anapu, no sudoeste do Pará. A vítima era uma das principais lideranças locais ligadas à luta pela reforma agrária na região.
Ronilson também era dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Contraf Brasil) e atuava na gestão do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola Jatobá - assentamento criado após o assassinato da missionária Dorothy Stang, em 2005.
Segundo a Polícia Civil, o caso está sendo investigado. Até última atualização desta reportagem, ninguém havia sido preso.
Em nota publicada nas redes sociais, a Contraf Brasil repudiou o crime e prestou solidariedade à família de Ronilson.
A confederação disse que "tem o compromisso de denunciar esse crime bárbaro" e que "vai tomar providências para exigir a apuração rigorosa dos fatos e a punição dos responsáveis".
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse em nota que a região onde o crime ocorreu "é palco de conflito entre agricultores e madeireiros".
O ministro disse também que está tomando providências para que o crime não fique impune, e informou que conversou com o secretário de Segurança Pública do Pará (Segup) para pedir a investigação do caso e a proteção aos demais agricultores.
Teixeira também solicitou à ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, que o assentamento Virola Jatobá e o acampamento no Vale do Paracuru sejam incluídos no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.
A Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) informou, em nota, que equipes especializadas da Polícia Civil foram deslocadas para o município de Anapu para reforçar o policiamento e agilizar a investigação do caso.
Ainda segundo a secretaria, agentes das Policias Militar e Civil seguem em diligências na região para identificar e responsabilizar os autores do crime.
A Segup informou ainda que a Ronilson não integrava o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) e que, também, não havia pedido para a inclusão.
O corpo de Ronilson foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Altamira, onde passou por perícia e deve ser liberado para a família ainda neste domingo.
Por g1 Pará — Belém
Governo Lula acomoda em estatais petistas e auxiliares sem formação compatível
O governo Lula tem acomodado em conselhos de administração de estatais pessoas vinculadas ao PT e membros da gestão que não têm formação relacionada à área de atuação das empresas. A lei exige educação acadêmica compatível, além de experiência e reputação ilibada.
Os conselhos têm como função direcionar os rumos das companhias e fiscalizá-las. O governo ocupa cadeiras nos colegiados, e cabe ao ministro responsável pela área nomear seus representantes, que são remunerados com os chamados jetons.
Alguns conselheiros recebem os honorários todos os meses. Em outros casos, o pagamento é esporádico, pela participação em reuniões. Dados do Ministério da Gestão mostram que a gratificação paga pelas estatais varia de R$ 1.733,33 no caso de participação no conselho da empresa Termobahia (subsidiária da Petrobras) a R$ 13.813,97 mensais pela presença no colegiado da petroleira.
A Folha coletou diferentes exemplos de integrantes de conselhos com formação distante da prevista nas normas. Em alguns casos, eles ocupam cadeiras por aparente influência política. As indicações do governo são feitas em geral tanto pelo ministério ao qual a empresa é vinculada como pela pasta da Gestão (que tem direito de indicar um nome por companhia).
Um dos casos é o de Ana Estela Haddad, 58, conselheira da Dataprev (estatal responsável por armazenar e processar dados, principalmente sobre benefícios sociais). Ela é secretária no Ministério da Saúde e graduada em odontologia, além de mestre e doutora em ciências odontológicas. Também é esposa do ministro Fernando Haddad (Fazenda). A remuneração é de R$ 4.188,89 mensais.
O Ministério da Gestão afirma que todas as pessoas escolhidas respeitam requisitos de experiência profissional e de formação acadêmica. A pasta não apontou os elementos nos currículos de cada conselheiro que atendem a essas demandas.
“A compatibilidade entre a formação acadêmica, a experiência profissional e o cargo é verificada no momento da submissão da candidatura ao comitê de elegibilidade de cada empresa estatal, a quem cabe atestar que o conhecimento acadêmico do indicado o torna apto e capaz de exercer adequadamente as atribuições do cargo”, afirmou a pasta.
Procurado, o Ministério da Saúde orientou que a Dataprev fosse consultada. A estatal, por sua vez, enviou um posicionamento similar ao do Ministério da Gestão.
Outro caso é o de Emir Simão Sader, 81, que integra desde 2023 o conselho de administração da Ativos S.A., securitizadora de créditos financeiros do Banco do Brasil. A companhia atua na gestão da cobrança de dívidas para instituições e empresas.
Com formação em filosofia e ciência política, o professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo) e autor de livros como “Estado e política em Marx” e “Lula e a esquerda do século 21” é filiado ao PT e construiu sua trajetória em vinculação com o partido. Sader foi escolhido para o conselho numa das vagas selecionadas pela própria empresa.
Em nota, o Banco do Brasil afirma que as indicações submetem-se a procedimento interno no qual são avaliados requisitos e vedações legais. A estatal também ressalta “a importância da diversidade de conhecimentos” para a empresa. O valor do jetom pago pela Ativos não foi informado à reportagem.
Situação similar é a de Swedenberger do Nascimento Barbosa, conselheiro na Companhia Docas do Rio Grande do Norte. Ele é formado em odontologia, além de mestre e doutor em ciências da saúde. Foi braço-direito do então ministro José Dirceu no primeiro governo Lula e secretário-executivo do Ministério da Saúde até a saída de Nísia Trindade do comando da pasta, em março.
A lei das estatais, sancionada em 2016, durante a gestão de Michel Temer, exige que todo membro de conselho de administração tenha reputação ilibada, experiência profissional e “formação acadêmica compatível com o cargo para o qual foi indicado”.
Um decreto posterior, também de 2016, trouxe uma lista não taxativa de cursos ligados ao cargo de conselheiro. De acordo com o texto, seria considerada compatível a formação “preferencialmente” em administração, ciências atuariais, ciências econômicas, comércio internacional, contabilidade ou auditoria, direito, engenharia, estatística, finanças e matemática. Além disso, é possível ser considerada a formação na área de atuação da empresa (saúde, por exemplo).
Um outro caso levantado é o de Luiz Antonio Correia de Carvalho, 71 —conselheiro da Companhia Docas do Rio de Janeiro (PortosRio), com jetom de R$ 3.741,37 mensal. Ele é jornalista e concluiu graduação em filosofia pela Universidade de Paris X em 1975. Foi fundador do PT, coordenador de instituições de ensino superior e assessor do Ministério do Meio Ambiente de 2008 a 2016.
O comitê de pessoas da empresa aprovou sua indicação após avaliar que, ainda que a formação acadêmica de Carvalho não fosse compatível em interpretação literal da lei, a graduação em filosofia desenvolveu habilidades “que são relevantes para liderança e estratégia empresarial” e que foram complementadas pelo conhecimento de gestão que adquiriu em sua carreira no setor público.
No conselho do Grupo Hospitalar Conceição, rede pública em Porto Alegre, está Flavio Koutzii, 82. Formado em sociologia na França, ele também está no conselho da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). É ex-vereador, ex-deputado estadual no Rio Grande do Sul e ex-secretário do governo Olívio Dutra (PT-RS). O valor do jetom não foi informado.
O Ministério da Saúde diz que a indicação cumpre todos os parâmetros estabelecidos pela lei das estatais e que o nome de Koutzii foi “aprovado por todas as instâncias de avaliação”. A Conab afirma que o caso do conselheiro está de acordo com as regras. O grupo Conceição afirma que a lei “estabelece o requisito como sendo formação acadêmica compatível, sem especificar área de atuação”.
Também chamam atenção assessores de ministérios indicados para conselhos sem relação com suas pastas ou históricos de formação.
Marcio Tavares dos Santos, 39, secretário-executivo do Ministério da Cultura e curador de arte, recebe R$ 3.521,04 por mês como conselheiro do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, instituição vinculada ao Ministério da Educação.
Ele tem mestrado em história e doutorado em arte e foi secretário nacional de Cultura do PT. Também compõe o conselho da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), cuja atividade tem relação com a sua formação.
Procurado, o gabinete de Santos direcionou as questões à assessoria de imprensa do Ministério da Cultura. A pasta não se manifestou sobre a formação acadêmica, mas afirmou que a ocupação atual e a atuação em funções de gestão oferecem a ele repertório e conhecimentos técnicos para o cargo.
A jornalista Hemeline Camata, 39, chefe da assessoria especial do Ministério de Minas e Energia, sob o comando de Alexandre Silveira, foi indicada pela pasta para o conselho da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Ela não tem formação na área de geologia e recebe R$ 3.005,81 mensais para compor o órgão.
Segundo a empresa, o nome atende à legislação. A pasta afirma que a indicação cumpriu os requisitos legais e foi analisada pelo comitê de pessoas, elegibilidade, sucessão e remuneração da companhia.
O processo de indicação dos conselheiros começa nos ministérios, que devem fazer uma análise prévia de atendimento aos requisitos. Os nomes são submetidos à Casa Civil. Depois, seguem para análise da estatal e, em caso de aval, são apreciados geralmente em assembleia geral.
Fábio Pupo e Guilherme Seto, Folhapress
Assinar:
Postagens (Atom)
Destaques
Siga-nos
Total de visualizações de página
Ouça aqui: Web Radio Gospel Ipiaú
Web Rádio Gospel de Ipiaú
Mercadinho Deus te Ama
Faça seu pedido: (73) 98108-8375
Publicidade
Publicidade

Publicidade
Publicidade
