PGR mira corrupção e PCC ao montar grupo nacional que substitui forças-tarefas


Uma resolução assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, para criar um Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em âmbito nacional deve abrir caminho para uma ação mais efetiva em casos de corrupção, combate a facções como o PCC e investigações de grande repercussão.

A norma deve encerrar uma discussão de mais de dez anos, em que o Ministério Público Federal debateu diferentes formatos para a criação de um grupo nacional.

O novo Gaeco deve apurar casos de corrupção, mas deixaria de fora investigações relacionadas a autoridades com foro especial no STF (Supremo Tribunal Federal), como deputados e senadores. Nesses casos, a atuação continuará sendo apenas do próprio PGR.

Além de casos relacionados à atuação de quadrilhas de tráfico de drogas, também são citados internamente investigações que sejam federalizadas e provoquem comoção nacional, como foram os assassinatos de Marielle Franco e de Bruno Pereira e Dom Phillips.

Dentro da PGR, um dos motivos citados para a criação do Gaeco é prevenir que a atuação de facções criminosas levem o Brasil a ser sancionado internacionalmente, especialmente pelo governo Donald Trump.

A ideia é que o Gaeco, que ainda não tem seus integrantes definidos, seja uma equipe de reforço para o chamado “procurador natural” –o procurador responsável pela investigação— em apurações complexas, relevantes ou que representem algum tipo de risco para o integrante do Ministério Público.

A equipe será coordenada por um subprocurador-geral da República, que é o último nível de carreira de um procurador do MPF, lotado em Brasília. Ele terá um mandato de um ano, que poderá ser renovado e chegar a quatro anos.

Os procuradores de todo o país podem solicitar apoio ao Gaeco nacional e, também, sugerir o auxílio em investigações que considerarem importantes.

Entre as hipóteses em que o grupo poderá ser acionado estão, de acordo com a resolução, crimes contra o Estado democrático de Direito, terrorismo, crimes contra a administração pública, milícias privadas e crimes contra indígenas.

A atuação se dará, sobretudo, a respeito de “atuação difusa de organização criminosa pelo território nacional, notadamente em se tratando de grupos organizados sob a forma de facções criminosas, e crimes praticados a partir de ordens, instruções ou comunicações advindas de presos custodiados em penitenciária federal”.

Ao fim, o Gaeco funciona como uma espécie de força-tarefa, mas de forma definitiva. No modelo das forças-tarefas, os procuradores eram designados para atuar em casos específicos e, depois, esses grupos eram desfeitos. Já o Gaeco é um órgão permanente.

O modelo das forças-tarefas acabou sendo descontinuado durante a gestão de Augusto Aras, que considerava o formato precário e frágil institucionalmente.

Além disso, Aras aproveitou o argumento para desmontar as estruturas que tocavam investigações da Operação Lava Jato, que era alvo de diversas críticas do então procurador-geral.

A partir disso, o Ministério Público Federal começou a instituir Gaecos nos estados e já tem equipes na maioria das Unidades da Federação.

No entanto, desde o início o modelo sofre com queixas de falta de estrutura e de condições adequadas para o trabalho dos procuradores. Alguns Gaecos federais nos estados não são sequer um grupo –contam com apenas um membro em regionais no Acre, Piauí e Tocantins.

A preocupação de integrantes desses Gaecos do MPF é que, com a criação do grupo nacional, as equipes estaduais fiquem ainda mais escanteadas e não tenham os seus pleitos de melhoria de estrutura atendidos.

Durante a gestão Aras, também houve a tentativa de criar um grupo nacional chamado Unac (Unidade Nacional de Combate à Corrupção), que acabou não indo adiante.

Nesse período, foram coletadas sugestões de chefes das extintas forças-tarefas da Lava Jato no Paraná, no Rio e em São Paulo, e da Greenfield no Distrito Federal.

Apesar de a resolução que institui o Gaeco estar valendo, ainda não houve decisão de Gonet sobre quem será o coordenador da equipe. Caberá ao procurador-geral da República escolher essa pessoa, que será aprovada pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal.

O PGR poderá destituir esse coordenador, também mediante votação do conselho.

Os demais integrantes serão escolhidos após a abertura de um edital que chamará interessados para o posto. Entre os critérios de escolha estarão a experiência em enfrentar crime organizado e “conhecimento teórico, prático e capacidade para o trabalho em equipe”.

José Marques/Folhapress

Deputada propõe que trabalhador consiga sacar todo FGTS em caso de calamidade


A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) apresentou uma emenda para incluir na medida provisória que libera R$ 12 bilhões do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) a possibilidade de que o trabalhador possa sacar 100% dos recursos caso seja afetado por alguma calamidade.

Hoje, o chamado Saque Calamidade tem valor máximo de R$ 6.220 de cada conta de sua titularidade no FGTS, desde que haja saldo disponível. O recurso é liberado por motivo de necessidade pessoal, urgente e grave decorrente de desastre natural que tenha atingido sua residência, após declaração oficial da Defesa Civil do município.

A emenda da deputada altera a lei do FGTS para incluir que o valor máximo que poderá ser sacado em decorrência de desastre natural será integral “caso o trabalhador comprove que os danos sofridos comprometeram sua subsistência ou habitabilidade”.

Na justificativa, a parlamentar cita os frequentes desastres naturais sofridos pelo país, como enchentes, secas, deslizamentos de terra e tempestades, “que causam destruição e prejuízos severos a milhares de trabalhadores e suas famílias.”

Zanatta argumenta que a limitação de valor do saque não atende adequadamente às necessidades urgentes da população afetada. “A liberação total do saldo do FGTS em situações de calamidade permitirá que milhares de brasileiros reconstruam suas casas, adquiram bens essenciais e superem dificuldades financeiras em um momento crítico.”

Danielle Brant/Folhapress

Ações de big techs sobem 57% em 14 meses; veja se vale a pena investir e como fazer


As ações das oito principais empresas de tecnologia se valorizaram em 57% desde o início do ano passado até a última sexta-feira (7). O grupo inclui Apple, Nvidia, Microsoft, Google, Meta, Amazon, Tesla e Netflix.

Como essas companhias já estão supervalorizadas, analistas divergem se é o melhor momento para investir no sucesso delas, mas avaliam que os ativos continuam a ser uma boa aposta no longo prazo.

Os brasileiros têm três principais caminhos para ir às compras de títulos no exterior. Uma é adquirir os chamados BDRs (recibos de depósitos brasileiros) —certificados negociados no Brasil de ações de empresas estrangeiras. Outra é usar uma carteira internacional, como Wise ou Nomad, para negociar os papéis com uma corretora sediada nos Estados Unidos. A última é comprar uma participação em um ETF (fundo negociado em Bolsa), que é um consórcio de investidores ancorado no valor de uma ação ou índice.

O interessado, antes de investir, deve considerar que as ações de empresas de tecnologia são ativos de risco mais elevado. Uma das empresas mais valiosas do mundo, a Nvidia, por exemplo, começou o ano com papéis negociados a US$ 195,95 (R$ 1.126,38), e, na última sexta (7), caiu a US$ 120 —uma desvalorização de 40%, em três meses.

Existem também riscos macroeconômicos na indústria da tecnologia, como os juros em patamar alto para os Estados Unidos e a imprevisibilidade do governo de Donald Trump. “Por enquanto o mercado apenas bonificou os ativos do setor pela expectativa de menos regulação, mas não calculou as perdas de natureza mais protecionista e bélica do presidente americano”, afirma Thomas Monteiro, analista-chefe da plataforma de dados financeiros Investing.com.

Além disso, a Netflix, a Amazon e a Tesla optam por reinvestir seus lucros e não pagam dividendos aos acionistas.

O investidor ainda precisa observar que lidará com câmbio, já que as ações têm seu preço definido em dólar.

COMO USAR CARTEIRA INTERNACIONAL
Hoje, o mercado de serviços financeiros oferece ferramentas como as carteiras globais que permitem manter depósitos em diversas moedas. Trata-se de um arranjo corporativo com sede no Brasil e em outros países, no qual uma única equipe administra as remessas internacionais sob regulação do Banco Central. Dessa forma, as taxas se barateiam.

Algumas opções disponíveis são as fintechs Avenue, Nomad, Wise, e as carteiras globais do C6 Bank, da XP e do Nubank (montada em cima da infraestrutura da Wise).

Essas carteiras fazem parcerias com corretoras americanas para facilitar o acesso aos ativos financeiros lá disponíveis. “O cliente acessa uma série de produtos listados nos Estados Unidos, como ações, ETFs e também títulos de renda fixa”, afirma Paula Zogbi, gerente de pesquisa da Nomad.

As opções ainda são mais diversas na compra direta com corretoras americanas. O mercado financeiro dos Estados Unidos oferece acesso a cerca de 8.000 ativos, contra 850 BDRs listados na Bovespa.

Além disso, as corretoras americanas vendem recibos similares aos BDRs (os ADRs, american depositary receipt) de empresas listadas em outros países, a exemplo da Volkswagen (listada em Frankfurt na Alemanha) e da Tencent (listada em Hong Kong).

Monteiro, da Investing.com, afirma que a compra direta de uma corretora no exterior é uma forma de proteger o investimento de uma possível desvalorização do real, mesmo que seja necessário pagar algumas taxas como IOF (imposto sobre operações financeiras).

“O movimento natural do real em relação ao dólar ao longo de dez anos é a desvalorização, que a gente pode ver desde o dia que o real foi implementado até hoje, apesar de algumas flutuações de curto prazo”, afirma Monteiro.

A proteção contra essa tendência é chamada, no mercado, de dolarização do patrimônio —converter os ativos de valores em real para valores em dólar.

Tirar os ativos do Brasil também exime o investidor, por ora, do imposto de renda, que varia entre 7,5% e 27% ao ano para os investimentos de valores acima de R$ 1.903,99. Essa fatura, entretanto, será cobrada quando a pessoa trouxer os valores de volta ao país.

QUANDO BDRS PODEM COMPENSAR
A depender da conjuntura, o real pode ganhar força diante do dólar. Nesse caso, o BDR protegeria o investidor brasileiro da desvalorização da moeda americana, diz o analista de renda variável da W1 Capital, Tales Barros.

Quem já investe no Brasil também pode adquirir o BDR mais facilmente. Com poucos cliques, é possível comprar o recibo no site da B3, diz Monteiro, da Investing.

Entre as 850 empresas cujos papéis são negociados de forma indireta no Brasil estão gigantes da tecnologia como Microsoft e Meta. As empresas usam a ferramenta para ampliar a sua presença no Brasil, afirma a B3.

Por outro lado, o mercado de BDRs tem menos circulação de ativos do que a bolsa americana, o que pode dificultar a venda dos recibos.

Além disso, o BDR é um serviço oferecido pela B3 mediante o pagamento de uma taxa que varia entre 3% e 5% dos valores recebidos em dividendos ou negociação de ativos. Cada pagamento de dividendo da ação também será taxado com o imposto de renda americano, com alíquota de 30%, uma vez que terá de haver uma remessa internacional para efetuar o pagamento.

Zogbi, do C6 Bank, argumenta que o BDR foi um mecanismo financeiro para permitir acessibilidade ao mercado de ações internacionais. “Mas agora o cliente pode investir na Bolsa americana completa com poucos cliques, sem precisar abrir uma conta em uma corretora no exterior.”

O QUE SÃO OS ETFS E COMO COMPRÁ-LOS
A outra opção é investir nos ETFs, fundos de investimento organizados para replicar os resultados de um índice (como a performance da Bolsa de tecnologia Nasdaq) ou de uma ação específica.

A B3 vende cotas em parte desses fundos. Há, porém, uma variedade maior de produtos à venda na Bolsa americana, em que o acesso pode ser feito com carteiras globais.

Embora os ETFs sejam desenhados para reproduzir os resultados de uma ação ou índice, na prática, os resultados ficam ligeiramente abaixo, seja por razões de liquidez no mercado financeiro ou pelos custos administrativos do fundo (em geral, mais baixos do que os de um fundo normal que procura oportunidades diversas de ganho).

A vantagem dos ETFs em relação à compra de ações é o preço menor da cota em relação ao papel individual da empresa, o que abre mais possibilidades de diluir riscos, diversificando os ativos.

Uma ação da Meta, por exemplo, custa, hoje, mais de R$ 3.700, enquanto há cotas em ETF sendo vendidas por cerca de R$ 100.

Na comparação com os fundos tradicionais de investimento, além do menor custo de administração, os ETFs oferecem mais transparência, por terem de reportar resultados, com mais frequência, aos reguladores (no Brasil, a CVM).

Pedro S. Teixeira/Folhapress

Filiações em massa no PT geram questionamento e pedidos de impugnação

Uma corrida do PT por novos filiados, que poderão votar nas eleições para escolha das novas direções da legenda no meio do ano, vem gerando questionamento internos e suspeitas de inchaço artificial.

O prazo para fazer parte do colégio eleitoral encerrou-se em 28 de fevereiro, com saldo de 341.315 novos filiados, ou aumento de 13%. São agora 2,94 milhões de petistas registrados.

Quase 10 mil destas novas filiações, no entanto, já foram contestadas internamente em diversos municípios. O número deve subir até o prazo final para os pedidos de impugnação, em 15 de março.

A decisão sobre validar ou não essas filiações cabe aos diretórios estaduais, com possível recurso ao diretório nacional.

Um dos que têm externado as críticas é Valter Pomar, da corrente interna Articulação de Esquerda. Ele aponta crescimento suspeito de filiados em diversas cidades, incluindo locais em que o PT registrou resultados eleitorais fracos no ano passado e tem pouca força política.

“É muito comum que se filie com um único objetivo: que os novos filiados compareçam para votar na eleição das novas direções partidárias”, afirma ele, em texto distribuído por ele dentro e fora do partido. Pomar diz que apresentará novos pedidos de impugnação até o final do prazo.

Integrantes da Construindo um Novo Brasil, corrente majoritária da legenda, também admitiram reservadamente ao Painel desconforto com sinais de inchaço artificial.

Em algumas cidades, houve uma explosão na proporção de filiados. A recordista é Pedra Branca (CE), com crescimento de 298%. Outros saltos expressivos ocorreram em Viseu-PA (277%), Icó-CE (270%), Maceió (160%) e Maricá-RJ (111%).

A própria fixação do prazo de filiação para o final de fevereiro, seis meses antes da eleição, gerou polêmica. O período mínimo estabelecido pelo estatuto do PT era de um ano, mas isso foi modificado por reunião do diretório nacional em dezembro.

Novo presidente interino do partido, o senador Humberto Costa (PE) afirma que o número de filiações e de pedidos de impugnação está “dentro do razoável”, e que o PT tem instâncias para apurar todos os casos.

“Questionamentos podem ser feitos normalmente, e o partido fará a análise dos casos objeto de impugnação. É importante lembrar que não existe impugnação coletiva, cada caso tem de ser justificado”, afirma Costa. Segundo ele, cerca de 30% das filiações questionadas até agora estão em Alagoas.

“Há casos em que o partido recebeu muitos filiados numa cidade porque venceu a eleição para prefeito no ano passado, então isso passou a ser um atrativo”, afirma.

O senador diz ainda que a redução do prazo de filiação para seis meses para novos integrantes votarem foi uma forma de adequar as regras internas à legislação eleitoral. Este é o período exigido para que novos filiados possam se candidatar em um pleito.

Fábio Zanini/Folhapress

Raiva contra Musk provoca onda de ataques a lojas da Tesla, com coquetéis molotov, tiros e tinta


A mulher com o moletom preto entrou no estacionamento de carros da Tesla preparada para causar danos. Ela trouxe quatro garrafas de Smirnoff Ice cheias de gasolina, jogou-as nos veículos elétricos estacionados ao redor da concessionária e observou enquanto eles queimavam.

Ao longo de 13 dias, começando em 29 de janeiro, segundo registros judiciais, Lucy Grace Nelson fez várias visitas a pátios de carros da Tesla em Loveland, Colorado. Em uma delas, ela pichou a palavra “Nazi” em preto sob a placa de entrada da concessionária, segundo documentos do tribunal, e em outra, ela acendeu um coquetel molotov perto de uma Tesla Cybertruck. Ela também teria usado spray vermelho para escrever uma mensagem nas portas de entrada da concessionária: “F— Musk”. O advogado de Nelson se recusou a comentar sobre o caso.

Desde a posse do presidente Donald Trump, mais de uma dúzia de atos violentos ou destrutivos foram direcionados às instalações da Tesla, segundo documentos judiciais, fotografias de vigilância, registros policiais e reportagens da mídia local analisadas pelo The Washington Post. Os incidentes ocorrem enquanto Elon Musk ascendeu à proeminência como o apoiador mais conhecido de Trump e como um provocador conservador por si mesmo. A ira dirigida ao bilionário da tecnologia online tem se derramado cada vez mais para a vida real, com vandalismo direcionado às vitrines da Tesla, estações de recarga e veículos.

Em março, vários supercarregadores da Tesla em um centro comercial em Littleton, Massachusetts, foram incendiados. Vândalos em Maryland também picharam “No Musk” em um prédio da Tesla, ao lado de um símbolo semelhante a uma suástica. Em fevereiro, um homem armado com uma arma semiautomática estilo AR disparou contra uma vitrine da Tesla em Salem, Oregon. Apenas algumas semanas antes, investigadores dizem que o mesmo homem atacou a mesma concessionária, jogando coquetéis molotov nos carros da Tesla e pela janela da loja. Ele causou danos estimados em 500 mil dólares, segundo documentos judiciais.

A destruição agrava os problemas de uma montadora já em dificuldades. Suas ações caíram mais de 35% desde a posse de Trump, e no ano passado, a empresa sofreu sua primeira queda nas vendas anuais em mais de uma década. Na Alemanha, as vendas de carros da Tesla despencaram 76% em fevereiro em comparação com o ano anterior, de acordo com números divulgados na quarta-feira. E alguns proprietários expressaram arrependimento por ter comprado um carro que agora consideram um símbolo da política de extrema direita, um afastamento radical da consciência ambiental que ele um dia representou.

Ross Gerber, um investidor de longa data da Tesla e crítico de Musk, disse que os relatos de destruição contra vitrines, carros e supercarregadores da Tesla podem criar um “efeito de intimidação”. Os clientes “podem não querer se associar… com Elon e lidar com o vandalismo”, disse ele.

A empresa do bilionário não é estranha à ira pública. No ano passado, a fábrica da Tesla perto de Berlim ficou sem energia depois que um grupo ambientalista de esquerda, o Volcano Group, assumiu a responsabilidade por incendiar um poste de eletricidade perto da planta. Meses depois, cerca de 800 ativistas ambientais tentaram invadir a mesma fábrica. Alguns funcionários e investidores começaram a falar sobre Musk, preocupados que sua aliança com Trump esteja prejudicando irreparavelmente a reputação e a missão da empresa de construir um futuro mais sustentável.

Mas a posição política de Musk desde que Trump assumiu o cargo aumentou as visões polarizadas sobre ele. Ele forjou relacionamentos com políticos de extrema direita na Europa e fez um gesto semelhante a uma saudação nazista. Manifestantes se reuniram em frente às vitrines da Tesla em todo os Estados Unidos para protestar contra os cortes dramáticos que Musk fez no governo federal através do serviço U.S. DOGE.

“Seja politicamente motivado ou não, o incêndio criminoso e a destruição de propriedade não são a maneira de expressar seu ponto de vista”, disse Matthew Pinard, chefe de polícia de Littleton, onde vários carregadores da Tesla foram incendiados nesta semana.

Musk e a Tesla não retornaram os pedidos de comentário. Em resposta a uma foto postada nas redes sociais de um supercarregador pichado com a palavra “Nazi” no mês passado, uma conta oficial da Tesla nas redes sociais disse que a empresa “processará por vandalismo nos Superchargers”.

TESLA QUEIMADO

Adam Choi e sua esposa estavam saindo da igreja na manhã de domingo em Brookline, Massachusetts, quando notaram que seu Tesla havia sido vandalizado com um adesivo de Musk em sua agora notória pose de braço erguido. Choi, de 37 anos, avistou o suspeito de vandalismo do outro lado do estacionamento e tirou seu celular.

“Por que você acha que tem o direito de fazer isso?” disse Choi no vídeo, compartilhado com o Post.

“É a minha liberdade de expressão”, disse o homem antes de sair andando de bicicleta. Choi chamou o Departamento de Polícia de Brookline, que desde então identificou o homem, mas ainda não fez uma prisão.

Em resposta ao vídeo de Choi, compartilhado pela polícia de Brookline no X, Musk comentou: “Danificar a propriedade dos outros, ou seja, vandalismo, não é liberdade de expressão”, escreveu ele.

Cerca de 30 milhas de distância, em Littleton, na manhã seguinte, uma estação de supercarregador da Tesla em um centro comercial ao ar livre foi coberta com um acelerante e incendiada, disseram policiais. O incidente está sendo investigado como um ato de incêndio criminoso, mas nenhum suspeito foi identificado.

Em outros lugares do país, o vandalismo às vezes tomou um rumo aterrorizante.

Nas primeiras horas do Dia da Posse, um motorista da Tesla que estava carregando seu veículo perto de uma concessionária em Salem, Oregon, viu um homem vestido de preto brandindo o que parecia ser um rifle estilo AR. Ele viu o homem acender um objeto em fogo e jogá-lo em um SUV Tesla vermelho, segundo uma queixa federal.

Enquanto o homem – depois identificado pela polícia como Adam Matthew Lansky – continuava a lançar o que pareciam ser coquetéis molotov em outros veículos estacionados da Tesla, o motorista rapidamente desconectou seu veículo e começou a sair. Segundo a queixa, Lansky deixou cair um coquetel molotov aceso e apontou sua arma para o homem dentro do Tesla.

Em seguida, Lansky jogou uma pedra que quebrou a janela da vitrine e lançou um dispositivo incendiado na loja antes de jogar coquetéis molotov em dois outros veículos e sair, segundo a polícia. Fotos dos danos fornecidas nos documentos judiciais mostram um Tesla queimado, desfeito pelo fogo, e uma janela da loja quebrada. Sete veículos da Tesla sofreram danos com o ataque, sendo um destruído, segundo a queixa.

Algumas semanas depois, Lansky supostamente voltou à mesma concessionária e disparou contra a vitrine e um veículo estacionado dentro da loja. Balas foram recuperadas dentro da loja, em uma área “que seria ocupada por clientes e funcionários durante o expediente”. Lansky foi preso na terça-feira e preso aguardando as acusações e a audiência. O advogado dele não respondeu a um pedido de comentário.

PREOCUPAÇÕES COM A MARCA

Os atos violentos acontecem enquanto Musk atrai controvérsia no cenário nacional. O bilionário costumava ficar longe da política, mais focado em sua missão de criar um futuro mais sustentável com a Tesla e enviar foguetes para o espaço com sua outra empresa, SpaceX. Mas Musk rapidamente ascendeu ao círculo íntimo de Trump neste verão, quando canalizou pelo menos 288 milhões de dólares para ajudar a elegê-lo e outros candidatos republicanos, tornando-se o maior doador político do ciclo.

A política polarizadora de Musk e o vandalismo anti-Tesla estão tendo um efeito negativo sobre a marca, disse Gerber, o investidor da Tesla. “Tudo isso poderia ser facilmente resolvido,” disse ele, “se alguém mais assumisse e comandasse a Tesla.”

Alguns dizem que a grande aposta de Musk em Trump acabará valendo a pena, apesar da atual reação contra a Tesla. Investidores e analistas esperam que a empresa de veículos elétricos se beneficie significativamente da regulamentação simplificada sobre direção autônoma, algo que Musk disse ser crucial para o futuro da empresa.

Dan Ives, chefe global de pesquisa tecnológica da Wedbush Securities, disse que, embora o relacionamento de Musk com Trump tenha criado “grandes preocupações com a marca da Tesla,” no final das contas, isso beneficiará a empresa.

“Algumas dessas questões de distração desaparecerão,” disse ele na quinta-feira em uma nota aos investidores. “A melhor coisa que já aconteceu a Musk e à Tesla foi Trump na Casa Branca, pois isso criará um ambiente de desregulamentação com um roteiro federal autônomo central para a visão estratégica de ouro da Tesla.”

No entanto, autoridades locais de aplicação da lei estão preocupadas que seja uma questão de tempo até que alguém se machuque seriamente devido à violência contra os Teslas. Nelson, que também é listado nos documentos judiciais como Justin Thomas Nelson, é estimado ter causado pelo menos 5 mil dólares em danos na concessionária do Colorado, mostram os documentos.

“Se você gosta ou não de Musk, esta não é a maneira certa de fazer isso,” disse Paul Campbell, superintendente-adjunto do Departamento de Polícia de Brookline. “Todos nós somos adultos e aprendemos desde muito cedo a não mexer em coisas que não nos pertencem.”

Choi, o proprietário do Tesla em Brookline cujo carro foi vandalizado, disse que votou em Trump e é “neutro” em relação ao trabalho de Musk no DOGE. Embora entenda a animosidade contra Musk devido às mudanças agressivas que ele fez no serviço federal, disse que ainda foi “chocante e perturbador” ter seu carro vandalizado em frente à sua igreja.

Ele disse que ama seu Tesla, considerando-o a melhor – e mais barata – opção para um veículo elétrico de qualidade nos Estados Unidos. Mas o incidente no estacionamento da igreja o deixou receoso de dirigir seu carro agora, com medo de que ele seja atacado novamente.

“Eu acho que a motivação do [suspeito] era mandar uma mensagem para Elon.

Folhapress

‘Quem paga essa p… sou eu’: Prefeito do interior baiano expulsa banda por ser impedido de falar em palco em apresentação


O prefeito de Pindobaçu, Davi Menezes (PSD), protagonizou o maior “papelão” durante um show que celebrava o aniversário do município, realizado na noite deste sábado (8), na sede.

Alcoolizado, ele tentou interromper a apresentação da dupla de forró Iguinho e Lulinha. Ao ser contido por um segurança, rasgou a camisa do profissional contratado pela banda, que parou de tocar até que a situação se acalmasse, mas, na sequência, acabou expulsa por Davi Menezes.

Segundo informações que chegaram ao site, o prefeito disse, usando um palavrão, que quem estava pagando o show era ele, e que, por isso, tinha o direito a subir ao palco e usar da palavra.

No final, o locutor do evento, a serviço da Prefeitura, afirmou que a equipe de Iguinho e Lulinha haviam agredido o prefeito, mas um vídeo que circula nas redes sociais revela que aconteceu justamente o oposto.

O Política Livre procurou Davi Menezes em busca de um posicionamento oficial, mas não obteve resposta.

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