Nove pessoas morrem pisoteadas em baile funk de Paraisópolis

Foto: Simon Plestenjak/Folhapress
Ao menos nove pessoas morreram pisoteadas na madrugada deste domingo (1º) em um baile funk na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, segundo informações da Polícia Militar. De acordo com um registro policial, as vítimas foram pisoteadas depois de uma “ação de controle de distúrbios civis” -ou seja, para dispersão do baile- feita pela Polícia Militar usando “munições químicas”.

Segundo a PM, policiais do 16º Batalhão realizavam operação contra pancadões na região, quando dois homens em uma motocicleta teriam atirado contra agentes da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) . O veículo fugiu em direção ao baile funk, supostamente efetuando disparos.
Equipes da Força Tática foram chamadas para dar apoio e teriam sido recebidas com garrafadas e pedradas. Mais cedo, a Secretaria Municipal de Saúde informou que, das dez pessoas envolvidas na situação e atendidas no Pronto-Socorro do Hospital do Campo Limpo, oito morreram.
Outras sete pessoas ficaram feridas e foram socorridas com lesões no AMA Paraisópolis. Dois carros da PM foram depredados.

O caso será registrado no 89º DP (Jardim Taboão). A PM abriu inquérito para apurar circunstâncias do faro. Nas redes sociais, o governador João Doria (PSDB) afirmou lamentar profundamente as mortes e que determinou ao secretário da Segurança Pública, general Campos, apuração “para esclarecer quais foram as circunstâncias e responsabilidades deste triste episódio”.

Recentemente, uma adolescente de 16 anos ficou cega do olho esquerdo após ser atingida por uma bala de borracha durante a dispersão de um baile funk, em Guaianases (zona leste da capital paulista).
Segundo a família da jovem, uma viatura da PM passou ao lado da adolescente e atirou contra a jovem com uma arma de bala de borracha, atingindo-a na região do olho esquerdo. Socorrida, ela foi submetida a uma cirurgia de reconstrução do globo ocular.

Folhapress

Consumo da China eleva preço e deve fazer da carne artigo de luxo no Brasil

Foto: Diego Padgurschi/Folhapress
Em 2010, em um congresso de carnes em Buenos Aires, o então secretário de Agricultura e da Pecuária da Argentina, Lorenzo Basso, afirmou que a proteína se tornaria um “artigo de luxo”. Diante de uma plateia incrédula com suas afirmações, Basso destacou que o aumento de renda em países emergentes, a elevação dos custos de produção e a substituição de espaços da pecuária por novas áreas de grãos elevariam em muito, o preço das carnes.

Ele não contava com novos fatores decisivos nessa escalada de preços: o perigo do avanço de doenças no setor. A previsão de Basso se confirma não tanto pela bovinocultura, mas pela suinocultura. A peste suína africana avança, e a situação ficou mais complicada quando atingiu em cheio a China, maior produtora e consumidora de carne suína no mundo.

Em 2013, apenas cinco países registravam a peste suína. Eles representavam 3,5% da produção de carne de porco no mundo. Neste ano, 31 países foram à OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) comunicar que tiveram focos da doença. Esses países detêm 62% da produção mundial. Sendo a peste suína uma doença devastadora para a produção, quem necessita dessa proteína vai buscar o produto em regiões livres. Na falta dessa carne, os países buscam alternativas em outras proteínas.

É nesse contexto que entra o Brasil, um dos principias produtores e exportadores. Livre da peste suína, e grande fornecedor de carnes, o país passou a ser o centro de procura de proteína animal.
Apesar de não ser um grande fornecedor de carne de porco, o país tem um bom potencial no fornecimento de carnes bovina e de frango, que estão substituindo a suína. O apetite maior vem da China, que aumentou em muito as importações de proteínas. Em 2017, antes de a peste suína chegar a seu território, os chineses compraram 10% das carnes bovina, suína e de frango que foram comercializadas no mundo. Em 2020, devem adquirir 21% do volume total a ser transacionado mundialmente.

Bom para os produtores, que veem o preço atingir patamar recorde. Ruim para os consumidores, que pagarão caro pelo produto. A carne pode passar a ser um “artigo de luxo” também para os consumidores brasileiros, apesar de o país ser um dos principais produtores mundiais.E esse cenário não tem mudanças a curto prazo, apesar de estar ocorrendo em um período de entressafra da pecuária. O ciclo de produção das carnes bovina e suína não é rápido, como o do frango.

Pelo menos por ora, as contas não fecham no Brasil. Comparando os dados de 2017, quando a China ainda tinha participação menor no mercado mundial de carnes -a peste suína chegou ao país asiático em agosto de 2018–, houve um aumento grande da margem entre produção interna e exportação brasileiras. Dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostram que a produção brasileira de carne bovina de 2020 deverá superar em 13% a de 2017. Nesse mesmo período, no entanto, as exportações sobem 40%.
O cenário é complicado também para a carne suína. A produção brasileira deverá subir 12% no período, e as exportações, 34%.

Os dados para o frango indicam uma situação um pouco mais confortável. Os brasileiros elevam a produção de 2020 em 3%, em relação à de 2017, e exportam 5% a mais. A pressão nos preços, já sentida nos últimos meses deste ano, deve continuar. Dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas) mostram que os preços médios da carne bovina subiram 17% na terceira semana deste mês, em relação aos de igual período de outubro.

A alta da carne suína foi de 12%, e o preço do frango, que vinha em queda, supera em 9% o da terceira semana de outubro. Se as estimativas do Usda se concretizarem, o Brasil vai exportar 25% das carnes bovina e suína produzidas no próximo ano. Em 2017, foram 20%. A peste suína africana continua avançando e não respeita fronteiras. Espalha-se pela África, pela Ásia e pela Europa. Neste último continente já atinge a Polônia e está a 50 quilômetros das fronteiras da Alemanha, um dos principias produtores europeus.

Em 2013, a OIE registrou 1.701 casos de peste suína. Neste ano, já foram 424 mil. Os estragos da doença são grandes. A China produziu 55 milhões de toneladas de carne suína em 2017, volume que deverá recuar para 35 milhões em 2020. O país terá um rebanho menor porque antecipou abates de animais neste ano.
Com essa deficiência na produção, chineses devem comprar 25% da carne bovina a ser comercializada no mundo em 2020 e 34% da suína. A participação chinesa no comércio mundial de carne de frango também sobe, mas fica em 6%. O país está investindo muito na produção de aves, um setor cuja produção responde rapidamente.

O Brasil está livre da peste suína africana, mas, devido ao avanço rápido da doença pelo mundo, associações dessa cadeia de produção buscam meios para se proteger. Essas precauções vão desde treinamentos de produtores à importação de cães farejadores, especializados em detectar carnes nos pontos de entrada de mercadorias no país. Parte importante dessa tarefa cabe ao governo, principalmente com a elevação de recursos para o desenvolvimento da defesa animal. Os países buscam desesperadamente uma vacina contra a doença. Enquanto ela não vem, todos correm perigo.

Folhapress

Se economia não reagir, governo não se sustenta, diz senadora Simone Tebet

Foto: Kleyton Amorim/UOL
Manifestações do presidente Jair Bolsonaro, de integrantes de sua família e de sua equipe indicando ameaça à democracia podem colocar em risco a continuidade do próprio governo. Essa é a avaliação feita pela presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), ao programa de entrevistas da Folha e do UOL em um estúdio em Brasília.

Para a senadora, o país começava a se acostumar com o jeito de governar de Bolsonaro, mas se fiava no equilíbrio de seus ministros técnicos, como o titular da Economia, Paulo Guedes.

Porém, na semana passada, foi Guedes quem disse que não é possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 (Ato Institucional nº 5) diante de uma eventual radicalização de protestos de rua no Brasil.

Marco do período mais duro da ditadura militar brasileira, o AI-5 já havia sido mencionado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, como uma resposta “se a esquerda radicalizar”.

Para Tebet, é difícil entender o que pensa o presidente e sua família. “Se é intencional ou não, está prejudicando a si próprio. Se a economia não reagir até o ano que vem, […] esse governo não consegue se sustentar”, diz a senadora.

AI-5

O que dava segurança para todos nós, investidores, sociedade, democracia, era saber, nas palavras do próprio presidente, que ele é só o técnico e tem 22 jogadores. E que, dentre esses jogadores, temos ministros preparados e técnicos. De repente, a surpresa de ver o ministro da Economia, que é extremamente competente e preparado, se deixar contaminar. Espero que isso tenha sido um lapso dele. É difícil entender o que pensa o presidente da República e sua família. Blefe ou não, isso [esse tipo de declaração] é extremamente grave em um país com uma democracia, embora consolidada, tão nova. A democracia é, dentre os sistemas, mais frágil justamente porque permite esse tipo de manifestação de qualquer pessoa. Mas não de parlamentares que juraram defender a Constituição. Por causa disso, acho que, no caso do deputado Eduardo Bolsonaro, faz bem a Câmara em realmente levá-lo ao Conselho de Ética. Não porque é o filho do presidente, e sim porque é um deputado federal”, avaliou.

EXCLUDENTE DE ILICITUDE

Até pela fala do presidente [“Se o Congresso nos der o que a gente está pedindo, esse protesto vai ser simplesmente impedido de ser feito”, disse Bolsonaro em 25 de novembro], depois corroborada de maneira infeliz pelo ministro da Economia, a sensação do Congresso é de que a intenção do governo é outra. Consequentemente, não é aquela estabelecida pela justificativa do projeto.

A fala infeliz do ministro Paulo Guedes foi ruim para a economia, mas fez muito bem para a política à medida que causou uma reação imediata do Congresso.

Muitos líderes já se pronunciaram: se o objetivo é esse, o excludente de ilicitude não vai passar.

EFEITOS DAS DECLARAÇÕES

Se é intencional ou não [este tipo de manifestação do governo], eu não saberia dizer. É difícil entender a dinâmica e como funciona esse governo.

Só posso dizer que isso contamina e atrapalha o próprio governo. Enquanto a gente avança com a pauta econômica, muitas vezes vem uma fala infeliz ou atravessada do governo e paralisa os trabalhos do Congresso Nacional.

Se a economia não reagir até o ano que vem, se nós continuarmos com esse PIB pífio e não voltarmos a gerar emprego e renda, se continuamos tendo esses números vergonhosos de desemprego, se voltarmos a ver pessoas voltando para as ruas porque não têm um teto para morar, esse governo não consegue se sustentar.

Qualquer tentativa de uma reeleição, por exemplo, fica prejudicada.

PAUTA DE COSTUMES

O governo sabia que não podia atacar todas as frentes neste momento e escolheu aquilo que era prioridade, o que só se resolve com um pacote de medidas econômicas que façam o Brasil voltar a crescer.

Contaminar esta pauta com uma de costumes que divide o Congresso faz com que nenhuma das pautas ande.

O pacote anticrime do ministro Sergio Moro [Justiça] é necessário. Diria que 80% do projeto que o ministro apresentou ao Congresso é positivo.

Se entregarmos 70% do que está sendo colocado ali, teremos conseguido um grande avanço no combate à corrupção, ao crime organizado.

Teremos conseguido garantir que a segurança pública exerça seu papel sem partir para extremos de impedir a ampla defesa, o contraditório e o direito de ir e vir.

A pauta de costumes ligadas a valores entendidos pelo governo como defesa da família e da sociedade, não entendendo a diversidade do país e do mundo, o direito de qualquer um fazer suas escolhas é temerária e, neste momento, não deveria ser discutida.

SEGUNDA INSTÂNCIA

Poderíamos resolver este ano [a pauta da prisão após condenação em segunda instância, que ficará para 2020 por causa de um acordo entre Câmara e Senado].

O problema está na fulanização. Dá-se a sensação de que se quer aprovar o tema para colocar o ex-presidente Lula novamente na cadeia.

A realidade é muito maior que esta. Estamos falando de crimes de corrupção gravíssimos —inclusive no meu partido, o MDB, no estado do Rio de Janeiro—, do crime organizado, de homicidas com três, quatro homicídios dolosos nas costas, dos traficantes que estão sendo soltos.

No Senado, já tem um projeto [que altera o Código de Processo Penal] pronto para ser votado na CCJ, que pode ser encaminhado ainda neste ano para a Câmara.

O problema agora é que entrou nesta discussão que o projeto da Câmara [uma PEC, proposta de emenda à Constituição, de tramitação mais lenta] é melhor que o projeto do Senado [um projeto de lei, com tramitação mais rápida].

Só me ressinto de, pela primeira vez na história do Senado, tentar se fazer um acordo com a Câmara tirando o direito legítimo do Senado de legislar de forma autônoma e independente.

O Senado vai se apequenar se decidir aguardar a decisão da Câmara dos Deputados.

Esta semana vai ser decisiva para esclarecimentos. Afinal, os líderes estão falando pela maioria [ao preferirem abrir mão do projeto do Senado para abraçar a PEC da Câmara] ou está certo o outro grupo [o lavajatista Muda Senado], que diz que tem 40 e poucas assinaturas [a favor da tramitação do projeto de lei]?

AGENDA ECONÔMICA

No ano que vem, vamos discutir o pacote econômico do ministro Guedes. É um pacote que, dos três [projetos], um não tem dificuldade [o que trata da extinção de fundos], mas os demais são delicados [a PEC Emergencial, que prevê medidas para controlar gastos obrigatórios do governo em caso de situação fiscal crítica, e a PEC do Pacto Federativo]. A emergencial é a mais difícil de ser aprovada.

Entre outras coisas, ela trata de questões que podem ser consideradas [perda de] direitos adquiridos pelos tribunais, como a possibilidade de reduzir em 25% o salário do servidor público com jornada de trabalho reduzida em casos em que o município ou estado já tenha 95% dos gastos relacionados à sua receita.

A PEC dos fundos, até fevereiro, entregamos para a Câmara, que pode votar a qualquer momento.

Se o governo entender e aceitar que o Congresso faça sua parte e tire os excessos deste pacto, não vejo problema algum. Acho que o governo precisa entender isso. Retirar os excessos não é uma forma de fazer oposição. É uma forma de contribuir.

APROXIMAÇÃO DAVI E RENAN

Não vejo Davi [Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado] se aproximando de Renan [Calheiros (MDB-AL)]. Vejo, sim, ele pegando a presidência num dos momentos mais difíceis do país e do Senado, num grande conflito de interesses, num momento em que o Senado passa por uma renovação muito grande, em que há um embate.

Vejo no Davi qualidades ímpares. Acho ele extremamente humilde, sabe dialogar, tem vontade de acertar e tem uma coisa que não tem preço na política: boa índole. Então, não dá para comparar Davi Alcolumbre neste momento.

RAIO-X

Simone Tebet, 49

Primeira mulher a presidir a CCJ do Senado, é advogada, professora e senadora desde 2015. Filiada ao MDB, já foi deputada estadual em MS, prefeita de Três Lagoas (MS) por duas vezes e vice-governadora

PEC das emendas parlamentares abre brechas para ‘fraudes sistêmicas’, diz MP

Foto: Divulgação / MPF
O Ministério Público Federal emitiu nota técnica questionando proposta de emenda parlamentar (PEC) que retira da União a fiscalização de repasses de verbas federais a Estados e municípios por meio de emendas parlamentares. Segundo a procuradoria, a medida, se aprovada, abre brechas para fraudes por dificultar a identificação de malversação dos recursos.

A PEC 48/2019, que aguarda parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, prevê uma nova forma de repasse de verba por emenda parlamentar: a transferência especial. Neste cenário, o dinheiro é repassado diretamente a Estados e municípios independente da celebração de convênio e se tornarão recurso estadual ou municipal no momento da transferência.

Por isso, a fiscalização da verba deixa de ser de órgãos de controle federal, como o TCU, e passam para as mãos para tribunais de contas estaduais.

“Não obstante as inconsistências contábeis e fiscais que permeiam a atuação dos Tribunais de Contas estaduais, a pulverização da fiscalização de recursos de natureza essencialmente federal entre órgãos de controle estaduais e municipais dificulta a identificação de fraudes sistêmicas”, afirma o MPF.

Segundo a Procuradoria, o modelo de fiscalização discutido pela PEC ‘enfraquece a boa governança de recursos públicos’, visto que o gestor da verba prestará contas a órgãos de controle locais e ‘não estará suscetível à expertise construída pelos órgãos federais’ de fiscalização.

“A limitação de controle aumenta sensivelmente o risco de malversação, desperdício e até mesmo de desvio dos recursos destinados aos estados e municípios por meio da modalidade de ‘transferência especial'”, aponta.

A proposta foi criada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-RS) recebeu parecer favorável do senador Antonio Anastasia (PSDB), que aprovou a admissibilidade da medida na última quarta-feira, 27. O texto aguarda ser colocado em pauta para votação.

Estadão Conteúdo

Defesa de autoritarismo pelo governo Bolsonaro preocupa demais Poderes

Foto: Marcos Corrêa/PR
Os reiterados flertes do governo Jair Bolsonaro com símbolos autoritários ampliaram o clima de desconfiança no Legislativo e no Judiciário e reforçaram a avaliação nesses dois Poderes de que a estabilidade e a segurança jurídica e institucional do país dependem, cada vez mais, do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal) —e menos do Palácio do Planalto.

A reação imediata dos presidentes do Supremo, Dias Toffoli, e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à fala do ministro Paulo Guedes (Economia) sobre o AI-5 teve caráter quase que pedagógico, avaliam congressistas e ministros das cortes superiores.

“O AI-5 é incompatível com a democracia. Não se constrói o futuro com experiências fracassadas do passado”, disse o presidente do Supremo, na terça-feira (26), em Maceió.

No dia seguinte, na quarta (27), em um evento no STJ (Superior Tribunal de Justiça), Toffoli afirmou que “a Justiça Federal é uma das grandes garantidoras do Estado democrático de Direito brasileiro”.

“Se hoje temos uma democracia forte, isso se deve, em grande medida, à atuação do Poder Judiciário no reconhecimento e na reafirmação dos direitos das pessoas”, disse.

“Nunca é demais lembrar que a democracia deve ser diuturnamente defendida e reafirmada por todos nós, como o grande legado das gerações passadas e presentes desse país. Um legado que não admite retrocessos.”

À Folha o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), afirmou que “o Congresso, o Judiciário e a sociedade brasileira jamais faltarão com a democracia”. “Não há mais espaço para regimes autoritários no nosso país. Só quem não tem memória poderia apoiar algo dessa natureza”, disse.

Na terça, Maia disse que o uso recorrente dessas ameaças por integrantes da gestão Bolsonaro gera insegurança sobre o intuito do governo.

“Tem que tomar cuidado, porque se está usando um argumento que não faz sentido do ponto de vista do discurso, e, como não faz sentido, acaba gerando insegurança em todos nós sobre qual é o intuito por trás da utilização de forma recorrente dessa palavra”, afirmou o presidente da Câmara.

A declaração de Guedes, na segunda (25), de que não é possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 diante de uma possível radicalização dos protestos de rua no Brasil foi recebida, de imediato, com certo grau de descrença por integrantes do Congresso.

A primeira reação de muitos deputados e senadores foi a de desconfiar da possibilidade de Guedes ter acenado ao ato editado em 1968, no período mais duro da ditadura militar (1964-1985).

Em seguida, diante da veracidade das falas, até mesmo congressistas alinhados à agenda de Bolsonaro disseram que o chefe da Economia havia pecado por ter extrapolado aquela que seria a sua principal função, a de ficar calado por ofício.

Um deputado da base do governo disse à Folha, em tom de ironia, que Guedes não pode nem escolher se seu café será servido com ou sem açúcar. Seu dever, afirmou, é o de trabalhar pela estabilidade a qualquer custo.

Embora Bolsonaro não tenha comentado a declaração do auxiliar, limitando-se a dizer que o papel de Guedes é o de cuidar da política econômica, o presidente demonstrou contrariedade em conversas reservadas.

De acordo com relatos feitos por aliados, Bolsonaro teria ficado irritado por ter de voltar ao assunto que havia provocado uma crise há menos de um mês, quando seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou que, se a esquerda radicalizasse no Brasil, como ocorria nos protestos no Chile naquele momento, era preciso “ter uma resposta que pode ser via um novo AI-5”.

A versão de que a fala de Guedes desagradou o presidente foi repassada a deputados e senadores que procuravam os parlamentares mais próximos a Bolsonaro.

O líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), disse a colegas no plenário da Casa que o Planalto recebeu muito mal a declaração do ministro da Economia.

Um auxiliar do alto escalão de Bolsonaro afirmou à Folha, na condição de anonimato, que o episódio com Eduardo já havia tirado o presidente do sério. Na ocasião, segundo ele, além de repudiar a fala publicamente, ele teria dado “um pito” no filho.

Mesmo assim, uma ala do Congresso não comprou a versão de que Guedes estaria desconectado da agenda do Planalto. Para esse grupo, o ministro apenas tornou público um desejo de Bolsonaro.

Para esses congressistas, o governo estaria tentando provocar manifestações nas ruas para, entre outros pontos, subir de patamar no uso da violência e, consequentemente, gerar uma crise institucional.

A tese foi reforçada pelo fato de o presidente ter enviado ao Congresso, dias antes, um projeto de lei para isentar de punição militares e policiais envolvidos em operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) em atos considerados de legítima defesa.

Para outro grupo, Guedes teria se agarrado ao AI-5 para justificar derrotas de sua agenda, como o adiamento da reforma administrativa.

Nesse contexto, líderes de partidos de centro se juntaram à oposição para tentar convocar Guedes a prestar esclarecimentos na Câmara. Venceu, porém, a avaliação de que esticar a corda só traria prejuízos ao país e intensificaria o clima de polarização política.

Uma ala do Congresso atuou para esfriar os ânimos, defendendo que a declaração do ministro foi tirada de contexto e que ele teria recuado. Na terça, Guedes pediu uma “democracia responsável” no país.

Na Câmara, líderes partidários passaram a defender que a resposta às seguidas referências do governo a medidas arbitrárias venha por meio de uma punição a Eduardo no Conselho de Ética da Casa. O colegiado abriu na terça processos contra o deputado.

Frases antidemocráticas têm sido pauta quase constante no governo. O próprio presidente afirmou, em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, em março, que “não houve ditadura no Brasil”. E que, como qualquer casamento, o regime teve alguns “probleminhas”.

Nesse contexto, Bolsonaro tem intensificado a escalada contra veículos da imprensa, entre os quais a Folha.



Folha de S. Paulo

Bolsonaro diz que governo não atuará para baixar o preço da carne

Foto: J Ricardo/Ag Freelancer/Folhapres
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (30) que não vai interferir no preço da carne bovina, que no mercado atacadista teve alta média de 22,9%. Segundo ele, é o mercado quem define o preço do produto. Ele, no entanto, disse acreditar que o preço do produto deve baixar.

“Quero deixar bem claro que esse negócio da carne é a lei da oferta e da procura. Não posso tabelar, inventar. Isso não vai dar certo”, disse o presidente na chegada ao Palácio do Alvorada, após viagem a Resende (RJ), onde participou da inauguração da 8ª cascata de ultracentrífugas, na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN).

“Tivemos uma pequena crise agora [no preço da carne] mas vai melhorar. A carne aqui, internamente, daqui a algum tempo, acho que vai diminuir o preço”, completou, dirigindo-se a um dos populares que o aguardavam no local.

No fechamento de novembro, o aumento nos preços da carne bovina desossada no mercado atacadista foi de 22,9% na média de todos os cortes pesquisados, de acordo com a Scot Consultoria.

Já os preços da carne bovina vendida em supermercados e açougues de São Paulo registraram uma alta de 8%, na média de todos os cortes, segundo a consultoria. No Paraná a alta também foi consistente, 3,5%. Já no Rio de Janeiro e em Minas Gerais as variações foram mais tímidas, de 0,2% e 1%, respectivamente.

Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil Brasília

Senado deve votar isenção de ICMS para igrejas nesta terça

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Templos religiosos e entidades beneficentes de assistência social poderão continuar isentos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) até 31 de dezembro de 2032. A proposta, um projeto de lei complementar (PLP 55/2019) de autoria da deputada Clarissa Garotinho (Pros-RJ), aprovada em maio pelos deputados, pode ter a última votação no plenário do Senado, nesta terça-feira (3), em regime de urgência.

Na última semana a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa aprovou por unanimidade o relatório do senador Irajá (PSD-TO), favorável à prorrogação por mais 15 anos do benefício. Ele explicou que o PLP muda a Lei Complementar 160, de 2017. Ela estabelece prazos de até 15 anos para isenções, sendo o mais curto — de um ano — a regra geral, na qual templos e entidades assistenciais foram enquadrados. O prazo máximo é concedido a atividades agropecuárias e industriais e a investimentos em infraestrutura rodoviária, aquaviária, ferroviária, portuária, aeroportuária e de transporte urbano. “Não há justificativa para que os incentivos voltados para templos e instituições assistenciais tenham sido enquadrados na regra geral, com prazo mais curto”, disse Irajá em seu voto.

O relator esclareceu ainda que o projeto não implica diretamente renúncia de receita, apenas autoriza os estados a firmar convênios sobre incentivos fiscais do ICMS voltados a templos de qualquer culto e a entidades beneficentes de assistência social. Já a deputada Clarissa Garotinho (Pros-RJ) destacou que “não se trata de nova isenção, mas apenas de renovação daquilo com que elas já contavam antes da lei complementar”.

Igrejas já têm imunidade tributária para não pagar outros impostos, como Imposto de Renda, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Se aprovado pelo plenário do Senado, o texto seguirá para sanção presidencial.

Por Karine Melo - Repórter da Agência Brasil Brasília
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Câmara de Turismo da Costa do Cacau realizou assembleia ordinária em Ipiaú

Foto: Giro
A prefeita Maria das Graças, o Secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Helvécio Cardoso e o Diretor de Cultura, Marcelo Batista, além de outros membros do Governo Municipal de Ipiaú, participaram da Assembléia Ordinária da Câmara do Turismo da Costa do Cacau, realizada na tarde dessa sexta-feira, 29, no auditório da Subseção de Ipiaú da Ordem dos Advogados do Brasil. O evento, inédito nesta cidade, também contou com as presenças da Presidente da Governança Costa do Cacau, Maria Aparecida Damacena Aquilar Lima, e da professora Santina Gonçalves que vem trabalhando na elaboração de um plano capaz de apresentar as potencialidades do destino turístico local.

Em pauta estavam as potencialidades do turismo em Ipiaú, as quais foram bem detalhadas pelo secretário Helvécio Cardoso; a questão do derramamento de óleo na Costa do Cacau ; as formas de como agir em relação à empreendimentos não consolidados, além de discussões internas da Câmara de Turismo da Costa do Cacau. Em sua explanação o Secretário Helvécio Cardoso defendeu a formação da rota do turismo neste município e destacou o aquecimento do comercio e hotelaria ipiaúense com a realização da Festa de São Pedro e outros eventos que atraem milhares de visitantes. Tamb&eacu te;m disse de equipamentos como a Praça do Cinquentário e a construção da Praça de Eventos, na área do Parque da Cidade.

A FALA DA PREFEITA

Em seu pronunciamento, na abertura da assembleia, a prefeita Maria das Graças citou que em 2005, o então prefeito José Mendonça criou a Secretaria Municipal de Indústria e Comercio, vislumbrando o quanto o turismo é importante para o desenvolvimento socioeconômico do município. Ela também informou da captação de R$ 370 mil, oriundos do Ministério do Turismo, para a obra de requalificação da Praça do Cinquentenário, o que só foi possível porque a Prefeitura cumpriu todas as exigências do Governo Federal e culminou no enquadramento de Ipiaú na “Categoria C” do Mapa do Turismo Brasileiro .

A prefeita destacou a importância de fortalecer as instâncias de governança, melhor divulgar e fomentar o desenvolvimento do turismo territorial sem perder de vista a sustentabilidade. “Reitero que o município de Ipiaú é parceiro da Câmara de Turismo da Costa do Cacau, pois entendemos que isto nos fortalecerá para construirmos propostas turísticas viáveis e socialmente responsáveis”, concluiu a gestora. ( José Américo Castro).

Ministério estima que 135 mil brasileiros vivam com HIV sem saber

© Shutterstock-
O foco da ação será em incentivar pessoas que fizeram sexo sem prevenção a fazer o teste rápido para detecção do vírus
Cerca de 135 mil pessoas vivem com HIV no País e não sabem. A estimativa foi apresentada nesta sexta-feira, 29, pelo Ministério da Saúde durante o lançamento da Campanha de Prevenção ao HIV/aids, parte das ações do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro. O foco da ação será em incentivar pessoas que fizeram sexo sem prevenção a fazer o teste rápido para detecção do vírus.

Segundo balanço da pasta, a taxa de detecção de casos de aids caiu 13,6% entre 2014 e 2018, passando de 20,6 casos por 100 mil habitantes para 17,8. A taxa de mortalidade teve queda de 22,8%, de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes (2014) para 4,4 (2018). A faixa etária de 20 a 34 anos concentra a maior parte dos casos do País com 18,2 mil registros (57,5%) e 34% dos registros foram em homens de 25 a 39 anos.

"Essa população é de uma nova geração onde as estratégias de comunicação têm um acesso diferenciado. Temos mais dificuldade de atingi-los e isso vale para o HIV e para outras doenças. Temos de trabalhar mais mecanismos de mobilização, principalmente em universidades, nos locais de aglomeração para que a gente possa atingi-los na língua que eles entendem", diz o secretário de Vigilância em Saúde no Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira.

De acordo com o ministério, com base em dados de 2018, cerca de 900 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil, das quais 766 foram diagnosticadas. Destas, 594 mil fazem tratamento com antirretroviral. Com o tratamento, 554 mil não transmitem o vírus por estar com a carga viral indetectável. Neste ano, até outubro, 38 mil pessoas começaram tratamento para HIV/aids no País.

Transmissão vertical do HIV

Entre 2014 e 2018, houve aumento na detecção de casos de HIV em gestantes - a taxa passou de 2,6 por 100 mil habitantes para 2,9. "Tal fator foi resultado da ampliação do diagnóstico no pré-natal e, consequentemente, a prevenção da transmissão vertical do HIV se tornou mais eficaz", informa o ministério.

A transmissão vertical ocorre quando a mãe passa para o bebê durante a gravidez, o parto ou a amamentação. Durante o evento, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta destacou que a cidade de São Paulo recebeu, neste ano, a Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical de HIV. Curitiba e Umuarama, no Paraná, também têm o certificado.

"Eu liguei pessoalmente para o prefeito Bruno Covas e o comuniquei. A luta é sempre municipal e estamos falando de um município com 12 milhões de pessoas. É uma cidade complexa."

No Brasil, de 2000 até junho de 2019, foram notificados 125.144 casos em gestantes. De acordo com o ministério, de 2014 a 2018, houve queda de 26,9% na taxa de detecção de aids em crianças menores de 5 anos. O índice passou de 2,6 casos por 100 mil habitantes em 2014 para 1,9 em 2018. "A taxa de detecção de aids em menores de 5 anos tem sido utilizada como indicador para o monitoramento da transmissão vertical do HIV", diz a pasta.

Informalidade bate novo recorde em outubro, diz IBGE

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Com novo recorde de informalidade, a taxa de desemprego ficou estável no trimestre encerrado em outubro, informou nesta sexta-feira (29) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ao todo, 36,3 milhões de brasileiros estavam com trabalho informal no período.

O número considera aqueles que estão empregados no setor privado mas não têm carteira assinada (11,9 milhões) e os que trabalham por conta própria (24,4 milhões).

No trimestre encerrado em outubro, a taxa de desemprego foi de 11,6%, contra 11,8% no trimestre imediatamente anterior e 11,7% no mesmo trimestre de 2018. Para o IBGE, o indicador ficou "estatisticamente estável".Foram 12,4 milhões de brasileiros procuraram emprego no trimestre. Os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar) Contínua.A população subutilizada –que inclui aqueles que procuram emprego, desistiram de procurar ou trabalham menos horas do que gostariam– caiu 3,5%, para 27,1 milhões de pessoas.De acordo com o IBGE, o rendimento médio do trabalhador brasileiro ficou estável, em R$ 2.317, ou 1,1% acima do registrado no trimestre encerrado em julho.

Pães e massas devem ser os primeiros afetados pela alta do dólar

© Pixabay
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A alta de quase 6% na cotação do dólar em novembro deve afetar diversos setores da indústria e do comércio brasileiro. Se o patamar acima de R$ 4,20 da moeda americana persistir - nesta sexta-feira (29), o dólar fechou a R$ 4,24, segundo cotação da CMA -, o consumidor sentirá primeiro por meio de setores mais dependentes de insumos importados e nos quais o giro é maior.

Um deles é o setor de massas, pães, bolos industrializados e biscoitos. Hoje, esse segmento importa mais da metade do trigo necessário a atender a demanda interna.

O produto vem de países do Mercosul, especialmente da Argentina, e também do Canadá e dos Estados Unidos. O preço da farinha de trigo corresponde a mais da metade do custo na maioria dos produtos.

Nas massas alimentícias, corresponde a 70%; vai a 60% no caso de pães e bolos industrializados.

O presidente-executivo da Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados), Cláudio Zanão, afirma, em nota, que o aumento na cotação não tem como ser totalmente absorvido pela indústria. 

"De todo modo, este repasse tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só vez para o consumidor final. Além disso, as indústrias estão com estoque (de dois a três meses, dependendo de cada fabricante) de trigo e produto acabado", diz.

Na produção de vestuário, o efeito da alta do dólar dependerá de quanto tempo a cotação permanecer elevada, segundo Nelson Tranquez Jr, presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) Bom Retiro, polo de produção e venda de roupas na região central de São Paulo.

Para os negócios deste fim de ano, a disparada não deverá afetar os preços. "Com a coleção de Natal, não devemos ter nenhuma intercorrência. As compras foram feitas, o material está estocado", afirma. Ele considera também que o mercado ainda está em recuperação, sem margem para um aumento expressivo nos preços.

Se a moeda seguir em alta por mais um ou dois meses, a situação pode começar a mudar. Atualmente, as confecções começam a preparar as coleções outono/inverno, que serão apresentadas a partir do fim de fevereiro, início de março.

O ciclo de produção, diz Tranquez, dura de 40 a 60 dias, de modo que, se 2020 começar com o dólar alto, a coleção de inverno já pode sentir os efeitos do preço maior.

Ele afirma que o setor importa tecidos, maquinário e aviamentos. Na produção de jeans, boa parte dos produtos químicos, como corantes, são importados. 

O consumidor que buscar o comércio popular na região da rua 25 de março ainda não deve sentir a alta durante as compras para este fim de ano.

Ondamar Ferreira, gerente da Armarinhos Fernando, rede com 15 lojas na capital, diz que os produtos para a temporada de Natal foram comprados com muita antecedência, pois envolvem trâmites demorados de entrega e desembargo no Porto de Santos.


Caso a elevação continue, reposições e novas compras já deverão ser afetadas. "O que a gente começar a comprar agora já será com preço bem mais alto e aí prejudica bastante", afirma. 

O custo da indústria farmacêutica também deve aumentar.

O presidente-executivo do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos), Nelson Mussolini, diz que o setor é dependente dos insumos importados, que representam 95% da matéria-prima usada pelo setor.

Por isso, a alta recente do dólar, que está bem acima da cotação de R$ 3,70 que o setor projetava para o fim de 2019, eleva substancialmente os custos de produção dos medicamentos. 

"Infelizmente, como único setor da economia brasileira submetido ao controle de preços, a indústria farmacêutica não tem como repassar esses custos ao preço final de seus produtos. Portanto, a alta do dólar afetará o resultado das empresas estabelecidas no país", afirma Mussolini.

O presidente da Abinee (associação da indústria elétrica e eletrônica), Humberto Barbato, afirma que, de janeiro a setembro, a moeda brasileira se desvalorizou 8%, mas o índice de preço dos produtos do setor eletroeletrônico registrou aumento de 2%.

"O setor não tem repassado na totalidade a desvalorização porque não encontrou espaço para isso. O mercado é muito competitivo. Se você promove uma alteração de preço e um concorrente não repassa, você provavelmente vai perder participação de mercado. Isso também depende dos estoques e da política comercial de cada empresa", diz Barbato.


Segundo Joelson Sampaio, coordenador do curso de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a alta do dólar deve pesar no bolso dos brasileiros apenas em 2020. 

"Além de produtos importados, a alta do dólar impacta os insumos importados de produtos brasileiros. O efeito, neste caso, é mais demorado, pois, geralmente, há um estoque maior de insumos e para se ter efeito na ponta é preciso queimar estoque, o que deve levar mais de um mês", diz Sampaio.

Um outro efeito mais rápido é no combustível. Na quarta (27), a Petrobras aumentou o preço da gasolina em 4%, o segundo em oito dias, acompanhando a escalada do dólar frente ao real. O litro nas refinarias da Petrobras atingiu o preço médio de R$ 1,92, o maior valor desde o fim de maio. 

O querosene de aviação também aumenta, pois é comercializado em dólares, o que pode impactar passagens aéreas. Segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), "ainda é cedo para avaliar com mais profundidade o reflexo da escalada da cotação do dólar em relação ao real registrada nos últimos dias".

A associação, no entanto, informa que mais da metade dos custos do setor são indexados ao dólar. Além do querosene, que responde a até 30% do custo, há a manutenção e o arrendamento de aeronaves, que são pagos na moeda americana. 

No caso de agências de viagem, os custos dos pacotes são calculados em dólar e repassados para o consumidor. O que muda é que, em momentos de alta da moeda americana, o brasileiro prefere viagens domésticas. 

"Temos um cenário semelhante aos dos últimos dois anos, com uma procura 60% concentrada nas viagens domésticas e 40% nas internacionais", diz a Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) em nota. 

Segundo representantes do setor, o cliente que já planejava viajar ao exterior tende a não mudar de planos, mas cortará gastos, como estadia em hotéis mais baratos e menos passeios.


A alta do dólar também afeta o preço das bebidas alcoólicas, setor em que, segundo a Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), 40% dos produtos são importados, especialmente vinhos e destilados."Os movimentos pontuais do dólar não se refletem imediatamente no preço dos produtos, apenas quando é alta perene, consolidada. A alta do dólar deste ano se refletiu no preço das bebidas, mas o movimento deste mês mês ainda não", diz Cristiane Foja, presidente da Abrabe.

Segundo Cristiane, o setor enfrenta dificuldades e a alta dos produtos depende do cenário econômico. Ela aponta ainda que as vendas de Natal e Ano Novo não devem ser impactadas.

"Não é só o preço do dólar que impacta o custo dos produtos. A demanda, a concorrência e a margem também contam. As empresas, provavelmente, vão reduzir a margem e não repassar esse aumento, pois correm o risco de não vender se repassarem. Até no trigo o repasse não deve ser integral. A economia não está bombando. Se estivesse, passariam até mais que o aumento do dólar", afirma Sampaio, da FGV.Segundo o boletim Focus do Banco Central, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2019 deve ser de 0,99%, abaixo do registrado em 2017 e 2018, que tiveram crescimento de 1,3% e 1,1%, respectivamente.

DÓLAR SOBE QUASE 6% EM NOVEMBRO

A cotação do dólar encerrou última semana de novembro com alta acumulada de 1%, a R$ 4,24. No mês, a valorização da moeda é de 5,66%, segunda maior alta mensal do ano, atrás de agosto, quando a cotação disparou 8,5%.

No mês, foram quatro semanas de alta do dólar, marcadas por protestos na América Latina, indefinição quanto a um acordo comercial entre China e Estados Unidos, saída de Lula da prisão em Curitiba e de Jair Bolsonaro do PSL. 

O que mais pressionou o real, no entanto, foi o fracasso da cessão onerosa. Apenas Petrobras, em parceria com estatais chinesas, arrematou áreas do pré-sal sem concorrência e com lances mínimos. A expectativa de investidores, no entanto, era de grande participação estrangeira, com forte entrada de dólares no país, o que derrubaria a cotação.


Dentre emergentes, o real foi a segunda moeda que mais se desvalorizou no mês, atrás apenas do peso chileno, que despencou 8,6% em decorrência dos protestos no país.Veja o quanto os investimentos renderam em novembro:

Poupança nova (Depósitos a partir de 4/5/2012) 

Rendimento de 0,3153% no mês.

Poupança antiga (Depósitos até 3/5/2012) 

Rendimento de 0,5% no mês.

Ibovespa: Alta de 0,7% no mês

Dólar: Alta de 5,66% no mês.

Ouro: Alta de 2,4% no mês.
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Rondesps localizam grupo com metralhadora, pistolas e drogas

                                                                                          Foto: Divulgação SSP
Quarteto foi encontrado após denúncia que informou sobre o transporte de armas e entorpecentes para o Nordeste de Amaralina.
Uma metralhadora, duas pistolas calibres 9mm, um revólver calibre 38 e drogas foram apreendidas com um grupo de criminosos na manhã desta sexta-feira (29), por equipes das Rondas Especiais (Rondesp) Baía de Todos os Santos (BTS), Atlântico e Central, na localidade Vila Verde, no bairro de São Cristóvão.

As equipes chegaram até o quarteto com ajuda de uma denúncia anônima sobre o transporte de armas e entorpecentes para o bairro Nordeste de Amaralina. Além dos materiais béicos, dois tabletes de maconha, 335 trouxas da mesma droga, 105 pinos de cocaína, 33 pedras de crack, uma balança, três balaclavas, uma roupa do Exército e R$ 463 foram também apreendidos. 

De acordo com as equipes que participaram da ação, as guarnições foram recebidas a tiros por indivíduos que faziam a segurança do local onde os armamentos eram guardados. No revide, quatro deles foram atingidos, socorridos para o Hospital Menandro de Faria, mas não resistiram. O caso foi registrado na Corregedoria da Polícia Militar.

"Infelizmente essa quadrilha preferiu o combate. Respondemos dentro da lei e retiramos das ruas armamentos, que seriam utilizados em crimes contra a vida (homicídios) e patrimônios (roubos), além de drogas que gerariam lucro para os criminosos", disse o comandante de Operações da PM, coronel Humberto Sturaro.

Fonte: Ascom/Silvânia Nascimento

Operação conjunta captura dois traficantes em Ilhéus

Foto: Divulgação SSP
Uma ação conjunta das polícias Civil e Militar, na cidade de Ilhéus, resultou nas prisões de dois traficantes de drogas integrantes de uma organização criminosa e apreensões de entorpecentes. Deflagrada na manhã desta sexta-feira (29), a operação teve como principal objetivo combater a atuação da quadrilha em, pelo menos, dois bairros daquele município.

Durante cumprimentos de mandados de busca e apreensão, na Rua Genésio Santos, bairro Teotônio Vilela, as equipes prenderam em flagrante Eron Rodrigues Santos. Com ele foram encontradas 600 porções de cocaína. Ainda na mesma localidade, na Avenida Esperança, mais 164 porções do mesmo entorpecente foram achadas com Humberto Santana dos Santos. Ele também acabou capturado.

No bairro São Miguel, outra área mapeada pela polícia, um homem xingou as guarnições e foi detido. Na Delegacia Territorial de Ilhéus ele foi autuado por desacato. Participaram da ação integrada policiais da 7ª Coorpin, DRFR, 1ª DT, Núcleo de Homicídios, DPA, da 70ª CIPM e da CIPA.

Fonte: Ascom: Alberto Maraux

Faroeste: Desembargadora presa teria feito pedido a Rui Costa em favor de falso Cônsul

Foto: Reprodução/Desembargadora Maria do Socorro Santiago
Na decisão em que o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Og Fernandes, torna preventiva a prisão do advogado Márcio Duarte Miranda, genro apontado pela Faroeste como operador da desembargadora Maria do Socorro Santiago, afastada do Tribunal de Justiça do Estado na mesma Operação, os investigadores relatam a descoberta de um “pedido manuscrito” dirigido por ela ao governador Rui Costa (PT). 

“Pedir ao governador nos atender para ele fale com o Julio Ribas da Embraba Vancy do Aeroporto para atender o pessoal da Addey Taxi Aéreo, Yeda Muricy Guimarães”, diz o documento. Segundo a operação, em diligência realizada no hangar da Addey Taxi Aéreo foi encontrada uma aeronave com a bandeira da Guiné Bissau e uma porta com os dizeres “Embaixada da Guiné Bissau”.

De acordo com a diligência, em outro manuscrito, Maria do Socorro registra um número do processo vinculado a um juiz federal em Brasília e afirma: “julgar favorável Addey Taxi Aéreo Ltda”. Os investigadores deduzem que, caso a empresa de transportes aéreos esteja vinculada à Guiné Bissau e a Adailton Maturino, que se apresentada como Cônsul daquele país e também está preso na mesma operação, a magistrada teria pedido favor ao governador e ao juiz em favor do investigado.

Por: Politica Livre

Faroeste: Laudo de jóia avaliada em mais de R$ 4 mi pode ter servido para ocultar patrimônio de genro de Socorro

Foto: Divulgação/Arquivo
No documento em que transmutou a prisão do advogado Márcio Duarte Miranda para preventiva, o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça, se refere a afirmações do Ministério Público Federal de que o genro da desembargadora Maria do Socorro Santiago, presa hoje pela Operação Faroeste, atua “em várias frentes criminosas”, funcionando como criador dos provimentos judiciais que adquire.

Os investigadores alegam ter descoberto movimentação milionária de Miranda no valor de R$ 4,5 milhões, além da existência de cessão de créditos de R$ 112,5 milhões e um laudo pericial de pedra preciosa, com gema de 2,31 kg, com certificado de autenticidade, avaliada em US$ 970,2 mil, que pode estar em seu poder e servir para ocultar ativos do crime.

O Ministério Público Federal também assegura que, do valor movimentado pelo genro da desembargadora, R$ 1,350 mi não tem origem nem destino destacado, a “refletir sistema de blindagem patrimonial para lavar seus ativos criminosos”. Também afirmam que, apesar de ele gravitar em torno de empresas como a Agropecuária Rio Bonito, Ita Assessoria e Empreendimentos, M&V Patrimonial e Olympio Assessoria, só foram encontrados em suas contas bancárias para bloqueio R$ 181,35.

Cotado para a disputa em Jequié, Antonio Brito confirma desejo de servir a população e estar muito animado

Foto: Raiane Veríssimo/Política Livre
Cotado para disputar a Prefeitura de Jequié em 2020 pelo PSD, o deputado federal Antonio Brito não apenas reforçou que o seu título permanece no município, onde obteve 36 mil votos válidos na última eleição, como confirmou seu desejo de servir a população.

“Meu título continua em Jequié e até março o senador [Otto Alencar] é quem diz qual rumo devo tomar, mas posso dizer que tenho desejo de servir a população e estou muito animado”, não negou em conversa com a imprensa na tarde desta sexta-feira (29), durante a posse do deputado federal Nelson Pelegrino na Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur).

Raiane Veríssimo e Fernanda Chagas

Ludmilla é acusada de apologia ao tráfico em nova música; ouça

Foto: Instagram/ Arquivo Pessoal
Publicado em 29/11/2019 às 12h28.

Ludmilla é acusada de apologia ao tráfico em nova música; ouça

Os internautas criticaram a artista por falar sobre plantar e vender a erva

Redação
Foto: Instagram/ Arquivo Pessoal
Foto: Instagram/ Arquivo Pessoal
A cantora Ludmilla tem uma nova polêmica para chamar de sua. O lançamento da música ‘Verdinha’ movimentou as redes sociais por conta do seu conteúdo.

A composição é mais uma da carioca a fazer referência a maconha, só que dessa vez a artista foi mais explícita em suas palavras, o que gerou um debate nas redes sociais.

Eu fiz um pé lá no meu quintal/ Tô vendendo a grama da verdinha a um real/ Minha mãe já perguntou, o meu pai já perguntou/ A minha vó já perguntou: “que planta é essa, meu amor?/ Caralho, eu tô vendo tudo girando/ Sou porra louca, mas também sou dedicada/ Em casa não falta nada, trabalho pra estudar/ Eu tenho alma de pipa avoada/ Minha vizinha fala, fala e não consegue acompanhar/ Um dia eu vou poder falar toda a verdade/ A máscara que vai cair diante da sociedade/ Bang, bang, não me perturba/ Vou tacar fogo em mais um só pra não ficar maluca
Os internautas criticaram a artista por falar sobre plantar e vender a erva, e associaram a funkeira ao tráfico de drogas.

Essa é a terceira música de Ludmilla a falar sobre o assunto. Em 2018 a cantora lançou a música ‘Não Encosta’, que em sua versão sem censura diz “não encosta no meu baseado”, e neste ano trabalhou a canção ‘Onda Diferente’, em parceria com Anitta e Snoop Dogg.

Alguns fãs da artista acusaram os internautas de racismo, já que a canção com Anitta falava sobre o mesmo assunto e não teve tanta repercussão negativa assim.

MEC vai liberar R$ 125 milhões adicionais para universidades

Valter Campanato/Agência Brasil
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou hoje (29) que o governo vai disponibilizar R$ 125 milhões em recursos extras para as universidades federais. De acordo com o ministro, 65% dos recursos serão destinados para a aquisição de painéis solares e o restante para a conclusão de obras paradas ou em andamento.

“Estamos liberando recursos para investimentos em energia fotovoltaica renovável e isso vai liberar orçamento na veia para as universidades”, disse o ministro.

Os recursos, advindos de remanejamento do orçamento da Secretária de Educação Superior (Sesu), serão distribuídos para todas as 63 universidades federais, que em média receberão cerca de R$ 2,5 milhões. Mas, segundo o secretário de Ensino Superior, Arnaldo Lima, terão acesso a um volume maior de recursos as universidades que estiverem melhor classificadas em um ranking do ministério que avalia a qualidade e desempenho e que tenham o menor custo por aluno.

Para tanto, as universidades foram classificadas em cinco faixas. Quanto maior for a pontuação no ranking, maior será o volume de recursos recebidos.

De acordo com a assessoria do ministério, o objetivo é beneficiar as universidades que possuem menores condições orçamentárias de realizar esse tipo de investimento. A estimativa do Ministério da Educação é que após a implantação dos painéis haja uma redução média nas contas de luz das universidades de até 25,5 milhões por ano.
Mercosul

Durante a coletiva de imprensa para anunciar a liberação dos recursos, o ministro disse ainda que o Brasil não vai mais participar das reuniões do Mercosul, grupo que reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, que tratam de educação.

Segundo o ministro a decisão foi motivada por não haver “resultados concretos” das reuniões. O ministro também afirmou que, na prática, a decisão não muda a relação do Brasil com o Mercosul.

“Depois de 28 anos que o Brasil está participando na área educacional do Mercosul, a decisão do governo é a partir de hoje começar a discutir apenas relacionamentos bilaterais com Argentina, Paraguai e Uruguai”, disse Weintraub. “Tudo que tiver de iniciativa na área de educação vai ser mantida a única coisa é que essas reuniões não vão acontecer mais com a presença do Brasil”, afirmou.

Para Weintraub, a realização de reuniões bilaterais são mais efetivas. “Numa conversa bilateral conseguimos avançar muito mais rapidamente. Na reunião [do grupo] que tivemos hoje apenas o ministro [da Educação] do Paraguai veio, a Argentina mandou alguém da Embaixada e o Uruguai não mandou ninguém”, disse.

Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil Brasília

Preço da carne não vai baixar, diz ministra

© Reuters
O preço da arroba do boi gordo, que em São Paulo teve aumento real de 35% em um mês, não vai mais retornar ao patamar anterior. A afirmação é da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ela disse que a alta das exportações para a China teve forte impacto na valorização da carne. O que também ajudou a puxar o aumento, segundo ela, teria sido a falta de reajuste nos preços nos últimos três anos.

O presidente Jair Bolsonaro, em transmissão pela internet, declarou que a ministra garantiu que, daqui a três ou quatro meses, o preço da carne voltaria à normalidade.

Algumas redes de supermercados têm afirmado que a exportação de carne está limitando a oferta da proteína no País, além de inflacionar o produto. A rede paraense Líder colocou cartazes em suas 20 lojas de supermercados alertando os consumidores sobre problemas com o abastecimento de carne bovina, a alta dos preços e a falta dos produtos nas lojas.

Nos avisos, é informado que os frigoríficos sobem os preços diariamente alegando aumento nas exportações. "Recebíamos tabelas de preços dos fornecedores duas vezes por mês", diz Oscar Rodrigues, diretor do Grupo Líder. "Agora, elas chegam de dois em dois dias, com a carne sempre mais cara."

Segundo ele, o grupo abateu todas as cabeças de gado de suas fazendas para minimizar o impacto da alta do preço. Havia cerca de 1.000 cabeças que estavam em condições de abate. "Nossas margens estão bastante reduzidas e fizemos o informativo em respeito ao cliente que, quando perceber o aumento, pode se sentir enganado", diz Rodrigues. "Nosso cliente é muito fiel e prezamos pela transparência."

A ministra nega falta de oferta para o mercado nacional. "Não é verdade. Primeiro, o Brasil tem 215 milhões de cabeças de gado. Então, não é um rebanho para acabar amanhã. Segundo, realmente o mercado chinês mexeu com as exportações, e não só da carne brasileira, mas da carne argentina, paraguaia, uruguaia. É muito grande a necessidade da China."

"Além de o Brasil abrir as exportações, temos de lembrar que o boi tinha um preço represado há três anos. O pecuarista estava tendo prejuízo nesse período", declarou a ministra. "Antes, o produtor vendia uma arroba por R$ 140, em média. O que aconteceu é que, nesse primeiro momento de abertura, com a China pagando um preço muito bom, houve esse momento, digamos, de euforia. Em São Paulo, uma arroba está sendo vendida a R$ 231."

Em menos de três meses, o contrafilé registrou índices de aumento acima de 50% e o coxão mole, de 46%, no preço de custo que acaba sendo repassado ao consumidor, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

O Ministério da Agricultura afirmou que está acompanhando de perto a situação e acredita que o mercado "vai encontrar o equilíbrio". "Não é papel do Ministério intervir nas relações de mercado. Os preços são regidos pela oferta e procura. Neste momento, o mercado está sinalizando que os preços da carne bovina, que estavam deprimidos, mudaram de patamar", afirmou, em nota.

Questionada se continua a consumir carne vermelha, Tereza Cristina respondeu em tom de brincadeira: "Estou comendo frango. Agora, é só frango".

Inflação

Na avaliação de economistas, a alta não só da carne bovina como de outras mercadorias agrícolas - como feijão (de 38,1%, no atacado, até a metade de novembro), café (5,6%) e frango (3,2%) - deve colaborar para uma aceleração da inflação nos próximos meses. "Deve haver alguma pressão na inflação", diz Fabio Silveira, da Macro Sector. Ele estima que as altas dos preços dos alimentos, somadas aos dos combustíveis e energia elétrica, devem fazer com que 2020 comece com uma inflação de 4% a 4,2%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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