Ipiaú: homens foram conduzidos para Delegacia pela Policia Militar depois de brigas generalizada em estabelecimento comercial e desacato.
Por volta das 01h50min deste domingo (17), a guarnição da 55ª CIPM/PETO recebeu informação da Central de Operações de que estaria ocorrendo uma briga generalizada no Espetinho de Bia, localizado na Rua Berlamínio Jaqueira.
A guarnição deslocou até o local para averiguar a denúncia. Ao avistar a viatura, a proprietária do estabelecimento se aproximou acompanhada de uma vítima, alegando que dois indivíduos conhecidos com Du e Kel, haviam as agredido e quebrado algumas cadeiras do estabelecimento.
Foram realizadas rondas, até que foi localizado o indivíduo de vulgo "Du", e ao questionar o mesmo sobre o acontecido, desferiu palavras de calão contra a guarnição, ao ponto da mãe dele tentar controlá-lo, momento em o agressor continuava a resistir a abordagem e desrespeitando a guarnição.
O indivíduo e a vítima da agressão foram conduzidos para a Delegacia de Ipiaú para que fosse tomada as medidas cabíveis.
CONDUZIDO: E. S. de A., Nasc: 19/05/2000.
Informações: Ascom/“55ª CIPM, braço forte da lei e da ordem no Médio Rio das Contas”
Aras pede ao STJ que investigue colapso no sistema de saúde de Manaus
Foto: Isac Nóbrega/PR/ O procurador-geral da República, Augusto Aras |
O procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu um inquérito para investigar “eventual omissão” do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e da Prefeitura de Manaus no colapso dos hospitais que atendem pacientes com Covid-19. As unidades ficaram sem oxigênio hospitalar. Aras decidiu poupar o governo Bolsonaro, que não é parte da investigação do inquérito.
A informação sobre a abertura do inquérito, no âmbito do STJ (Superior Tribunal de Justiça), foi divulgada na noite deste sábado pela assessoria de imprensa da PGR (Procuradoria-Geral da República). O procedimento foi aberto neste sábado.
O foro para a investigação sobre a conduta de um governador é o STJ. Já investigações sobre ministros de Estado e sobre o presidente da República ocorrem em inquéritos abertos no STF (Supremo Tribunal Federal).
Ao abrir um inquérito no STJ, o procurador-geral poupa as autoridades do governo federal. O comunicado da PGR cita o governador do estado, mas não cita o prefeito de Manaus, e sim a prefeitura. O prefeito é David Almeida (Avante), que está no cargo há 16 dias. Seu antecessor foi Arthur Virgílio Neto (PSDB).
Em relação ao governo de Jair Bolsonaro, Aras se limitou a solicitar informações do ministro da Saúde, o general da ativa Eduardo Pazuello, sobre “o cumprimento das medidas que são de competência da pasta”.
“As providências da PGR consideram julgados do STF que afirmaram a competência de municípios, estados e União para atuar conjuntamente no combate à pandemia, cabendo aos primeiros a execução das medidas no âmbito local”, cita o comunicado da PGR sobre a abertura do inquérito.
Segundo a PGR, Aras orientou procuradores-gerais de Justiça –que são os chefes dos Ministérios Públicos dos estados– a adotarem medidas junto a “governantes locais” para a “prevenção da crise sanitária diante da expectativa de agravamento do quadro nos próximos dias”.
A Folha mostrou em reportagem publicada neste sábado que o ministro da Saúde foi alertado com antecedência sobre a situação crítica de escassez de oxigênio nos hospitais de Manaus, inclusive no hospital federal universitário na cidade.
Pazuello foi alertado também sobre os problemas de logística no deslocamento dos insumos. Houve alertas do governo do Amazonas, da empresa fornecedora (a White Martins) e até mesmo dentro de sua casa em Manaus, por meio de uma cunhada que tinha um irmão prestes a ficar sem oxigênio.
O ministro, quatro dias antes do colapso, disse que não havia o que fazer e não tomou as providências necessárias para evitar que pacientes morressem asfixiados nos hospitais.
Ao contrário de Aras, o MPF (Ministério Público Federal) no Amazonas, a DPU (Defensoria Pública da União), o MP do Amazonas e a Defensoria Pública do estado apontaram a União e o estado como responsáveis pelo que ocorre em Manaus.
As quatro instituições apresentaram à Justiça Federal uma ação civil pública pedindo o pronto restabelecimento de oxigênio, com ações a cargo do governo federal.
Aras foi escolhido procurador-geral da República fora da lista tríplice votada por procuradores da República e tradicionalmente levada em conta pelos presidentes da República desde 2003. O procurador-geral alinha-se a Bolsonaro em diferentes frentes de atuação.
Vinicius Sassine/Folhapress
Mulher na política sabe que vai sofrer assédio, deputada
Foto: Maurício Garcia de Souza/Alesp |
A deputada estadual Isa Penna (PSOL), 29, não percorre desacompanhada o caminho da sua sala ao plenário, depois de abordagens de colegas. Para falar de uma rotina parlamentar alterada pelo machismo, ela recebeu o jornal Folha de S.Paulo sozinha e com as portas do gabinete fechadas na quinta-feira (14).
“Eles olham pra gente e tem algumas opções de como você chegou até aqui: de quem é filha, de quem você é esposa e, se não for nenhuma dessas opções, você dormiu com alguém”, diz.
Foi a primeira vez que a deputada voltou à Assembleia depois de ter exposto o assédio do deputado estadual Fernando Cury –alvo de um processo de expulsão no Cidadania, de uma representação no Ministério Público por importunação sexual e ameaçado de cassação pelo Conselho de Ética da Casa.
Um mês depois do episódio, Isa afirma que o caso não pode cair no esquecimento. Ela vê no comprometimento político da base governista, da qual Cury faz parte, o principal obstáculo para a cassação e cobra uma manifestação do governador João Doria e do presidente da Casa, Cauê Macris, ambos do PSDB.
Com a atuação política construída em torno do feminismo e como advogada, a deputada afirma que seu caso não é exceção –a exceção é ter sido gravado. Isa relembra seu primeiro assédio e a violência na Câmara Municipal, quando sofreu agressão verbal de um vereador e teve a foto de sua bunda compartilhada por assessores.
Como foi voltar à Assembleia?
Vindo pra cá me dei conta de que estava voltando pela primeira vez e comentei com meu companheiro. Confesso que não é sem esforço, não é sem nenhum sentimento negativo que eu venho para esse lugar. Tive a dimensão do que aconteceu quando eu vi o vídeo. Foi quando eu desabei, mas vi que eu tinha provas.
Esse é um espaço que não me traz segurança. Agora muito menos. O trajeto de ir ao plenário eu sempre faço acompanhada, por já ter sido abordada por outros deputados de uma forma, não sexualmente agressiva, mas situações cilada.
Sentiu olhares de desconfiança após expor o assédio?
Teve um momento em que os deputados estavam falando entre eles que tinha que ver se não era montagem. Mas em seguida eles viram [o vídeo] e acabou. O vídeo foi um gatilho para muita gente, eu recebi mensagens de mulheres abaladas. Eu recebi muita força, uma enxurrada de apoio. Se você é mulher e faz política, você sabe que vai sofrer assédio.
A sra. se lembra da primeira vez que sofreu assédio?
Foi num táxi, estava chovendo muito. Minha mãe, professora, tinha que sair para dar aula. Ela colocou nós três, crianças, num táxi. O taxista já era meio conhecido, ele quebrava esses galhos. Seu Antônio, ele chamava, colocou a mão na minha perna. Eu me lembro da sensação de ficar com a perna paralisada. Eu tinha uns dez anos.
E na política?
Eu trabalhei dois anos como assessora de plenário na Câmara Municipal, eu já tinha sido vereadora por 30 dias. Assessores tiraram foto da minha bunda e ficaram passando pelos grupos. Teve o caso que passei no elevador com o [vereador] Camilo Cristófaro [que a agrediu verbalmente].
Na Assembleia, no dia da votação do dossiê mulher [projeto que ela propôs], um deputado —que não vou falar o nome porque não tenho provas, mas ele sabe— perguntou: “você não vai pedir meu voto?”. Você tem que sair com jogo de cintura, ou começam a falar que você é chata, brava, louca. Ele: “Qual seu preço?”. “Ha-ha-ha [risada em tom de brincadeira], tem coisas que não têm preço.”
Eles olham pra gente e têm algumas opções de como você chegou até aqui: de quem é filha, de quem você é esposa e, se não for nenhuma dessas, você dormiu com alguém. Infelizmente homens criados no poder geralmente são os piores.
O próprio Fernando Cury, eu não o conhecia, não sabia nem o nome. Pesquisei sobre a vida dele, é um agroboy, um ruralista. Só um cara que cresceu em Botucatu, só um filho de um coronel mesmo pra achar que vai fazer isso com uma deputada e que, no dia seguinte, vai conversar e ficar tudo bem. Ele também não sabia quem eu era politicamente. “É a deputada que rebola a bunda no Instagram”, era o que tinha chegado até ele. É a única forma que eu consigo explicar na minha cabeça o que ele fez.
A sra. recebe apoio dentro do PSOL e da esquerda?
Óbvio que, na minha frente, todo mundo é muito solidário, mas há sim uma coisa de “por que ela foi dançar?”. Mesmo dentro da esquerda e do PSOL. Quero crer que tem bem menos, mas tem sim. Quando comecei a militar no PSOL nem setorial de mulheres tinha. Dançar funk não é só dançar funk, é ir contra essa cultura do estupro. Essa noção de que temos que combater as práticas machistas e a lógica que permanece colocando sempre os mesmos sujeitos nas instâncias de decisão interna é muito importante.
Em que momentos enxerga machismo no partido?
Enxergo machismo no PSOL quando escuto que o feminismo é uma pauta de costumes. Como se fosse uma pauta que está numa outra camada de importância. A mudança de cultura política interna dentro dos partidos é um processo. A gente teve casos de expulsão dentro do PSOL, inclusive eu atuei ativamente para barrar algumas candidaturas de homens que eu sei que são assediadores.
A sra. comentou que Cury estava bêbado.
Era uma confraternização de fim de ano. Me falaram que estava rolando whisky. Mas odeio esse moralismo hipócrita. Não gosto de colocar a culpa na bebida. Se ele fez isso comigo, naquelas circunstâncias em que ele estava alterado, sóbrio geralmente se pode fazer até pior.
Ele jogou a carreira dele fora?
Eu acho. Não fico feliz em dizer isso. Esse caso virou importante e é importante levar até o final, menos por mim, por ele, mas pela sociedade. A minha intenção é que os milhares de homens que têm essa mesma prática parem. Eu quero que eles me escutem. Eu quero falar com eles. Ele sempre vai ser o deputado assediador, isso é intransponível.
Há divisão de gênero ou ideologia entre os deputados que te apoiaram ou apoiaram ele?
Ninguém teve coragem de dizer que está ao lado do Cury. Muitas deputadas de direita assinaram o pedido de convocação da sessão extraordinária. Muitos deputados da bancada evangélica. O Cury parece que é uma base importante lá em Botucatu, ainda não fui olhar a fundo, mas tem uma base econômica do Doria. Parece que quem ficou quieto até agora foi a base do governo.
O apoio entre as outras 17 deputadas foi unânime?
Ainda não. Carla Morando [PSDB] não se pronunciou, Damaris Moura [PSDB] não se pronunciou, Valéria Bolsonaro [PSL]. As deputadas da bancada evangélica não se pronunciaram. Mas não se posicionaram a favor dele. [Cassar Cury] É cassar o mandato de um pequeno feudo eleitoral do governador. Aí o jogo vai para outro patamar e o governo começa a exercer pressão sobre a sua base: “abafe esse caso”.
Por que cobra posicionamento de Cauê Macris e Doria?
O presidente tem o dever de garantir uma mínima conduta ética entre os deputados. Sinto muito se o presidente, que é pai de uma menina, não consegue se sensibilizar a ponto de se sentir responsável pela segurança das deputadas. Se o governador acha que não [deve] se pronunciar num caso de assédio que marcou tanto as mulheres, acho desrespeitoso. Não preciso de nada do Doria, mas ele precisa mostrar que isso importa para as mulheres.
Com 19 de 48 assinaturas até agora para que o caso seja analisado no plenário, a sra. tem fé de ter 48 votos para a cassação dele?
Super tenho fé. Conhecendo os deputados, acho que estão se aproveitando do recesso para não se posicionar, mas todos vão ser obrigados a se posicionar.
Acelerar o caso não pode abrir brecha para que a Justiça invalide?
Isso é um dos meus medos. Ficar abrindo muita exceção no jogo político e ele usar isso no jogo jurídico para invalidar. Por ora estou mais focada em construir uma rede para que esse caso não caia no esquecimento.
A defesa do deputado diz que irá fazer perícia no vídeo e que não houve apalpação de seio.
Não vou sequer comentar. Eu falei que eu fui assediada. Não falei que meu seio foi apalpado. Aí quem vir o vídeo pode tirar suas próprias conclusões.
Na tribuna, a sra. falou que foi tocada.
Sim, e fui. A gente vai entrar nessa discussão? Acho que é o que ele está querendo. Eu fui assediada.
Como a sra. relaciona o vídeo em que dança funk e o assédio?
Você chega num lugar, e as pessoas estão comentando sobre o seu corpo, aí começa a bebedeira. As pessoas veem que uma mulher jovem que dança funk jamais pode ser também uma advogada e deputada. É justamente o que quero questionar quando danço.
Há a crítica de que a esquerda silencia quando a vítima do assédio é de direita. Concorda?
De forma nenhuma. É que a maioria das mulheres de direita não denunciam e as de esquerda denunciam.
A sra. já se manifestou publicamente contra machismo sofrido por mulher de direita?
Teve um caso com a deputada Janaína Paschoal (PSL), em que falaram pra ela ir sentar no colo de não sei quem [deputado Ênio Tatto, do PT, falou que Janaina havia sentado no colo do governador]. Falei diretamente com a deputada.
A deputada Joice Hasselmann (PSL) postou uma foto de biquíni e foi criticada. O que acha disso?
A gente quer ser livre, pelo amor de Deus. Minha solidariedade, inclusive, com a deputada Joice. E com tantas mulheres que são figuras públicas, como a Dani Calabresa. São tantos casos. Em rede social já me ameaçaram até de estupro coletivo. Eu tenho tudo salvo.
Quando a sra. acha que não é possível deixar passar e é preciso denunciar?
Se eu for pegar cada fake e cada babaquinha que tirou o dia para ficar me mandando “piranha”, eu não faço mais nada. Eu denuncio quando tenho prova. Sempre orientei minhas clientes: começou a sentir que vai ser assediada, baixa um aplicativo de gravador.
A sra. quer criar projetos de formação que discutam assédio. No Legislativo, a participação de acusados por assédio deveria ser compulsória?
A gente não tem nenhuma espécie de espaço na Assembleia sobre machismo e precisamos urgentemente que os servidores públicos sejam formados sobre racismo, machismo. Estamos começando a rascunhar um programa estadual de combate ao assédio. Eu tenho um problema com obrigar alguém a se educar. É muito difícil. O fundamental é ir disputando a hegemonia da sociedade no sentido de “é errado assediar”. E os assediadores vão ficar isolados.
O PSOL vai ter candidatura própria para a eleição da Mesa?
Vamos. Eu apoio a Erica Malunguinho. Mas tem coisas na vida da Erica aqui dentro que a gente nem dimensiona. Esse povo bolsonarista que fica dormindo aqui na frente grita para ela: “vai cair, vai cair a deputada travesti”.
A sra. é cogitada?
Os dois nomes colocados são o meu e o da Erica. Vou ser líder de bancada. Depende da Erica, se ela quiser, é ela.
Negociações sobre cassar Cury estão na pauta da campanha para a Mesa?
Não sei quão forte ele é. Por mais que os deputados tenham acordo político com Cury, acho difícil eles construírem isso sem serem publicamente repudiados.
Géssica Brandino/Carolina Linhares/Folhapress
Governo da Bahia ingressa no STF para compra de vacina com certificação internacional
Foto: Diulgação |
O Governo da Bahia requereu ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de sábado (16), uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) para que seja permitido à Bahia e aos demais Estados a possibilidade de importar e distribuir vacinas contra Covid sem registro na Anvisa, desde que registradas perante uma Agência Reguladora Regional de Referência, bem como de iniciar a vacinação em seu território, independentemente do início da vacinação nacional.
A Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE) alegou haver inconstitucionalidade parcial do art. 16 da Medida Provisória nº 1.026/2021, postulando que seja atribuído, de acordo com a Constituição, um caráter puramente exemplificativo ao rol das agências sanitárias ali citadas para admitir a importação e distribuição de vacina que ainda não tenha sido registrada na Anvisa e se houver registro por agência regional de referência certificada pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS). Solicitou, ainda, medida cautelar até a decisão final da ADIN.
Com isso, caso alguma vacina contra Covid tenha sido registrada por agência sanitária certificada pela OPAS, como a vacina Sputnik V, utilizada na Rússia e Argentina, torna-se dispensável o registro da Anvisa, que deverá autorizar a importação e distribuição. Assim, a desarticulação das ações no âmbito federal não pode impedir que os Estados adotem os meios possíveis para proteger a saúde dos seus cidadãos mediante o fornecimento de vacinas cuja eficácia e segurança estejam adequadamente caracterizadas, conforme critérios científicos e técnicos.
A Bahia já tem um contrato de prioridade para recebimento de até 50 milhões de doses da vacina Sputnik V, que recentemente apresentou índice de eficácia superior a 90% segundo os testes realizados.
Secom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da Bahia
Fundo Russo diz que enviará 'em breve' à Anvisa dados adicionais para pedido de uso emergencial da Sputnik V
O Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês), informou que que irá enviar "em breve" à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dados adicionais sobre a Sputnik V para buscar a aprovação do uso emergencial da vacina russa contra a Covid-19 no Brasil.
Em nota, o fundo russo disse que solicitações de informações de dados adicionais por parte dos reguladores são um procedimento padrão e "não significam que uma oferta de registro foi rejeitada".
A Anvisa anunciou neste sábado (16) que devolveu a documentação referente ao pedido de uso emergencial da Sputnik V ao laboratório União Química. O grupo farmacêutico foi quem protocolou em conjunto com o RDIF o pedido de uso emergencial no Brasil de 10 milhões de doses da Sputnik V.
A agência informou, em nota, que a devolução aconteceu porque a documentação não apresenta "requisitos mínimos para submissão e análise."
"O pedido foi restituído à empresa por não atender os critérios mínimos, especialmente pela falta de autorização para a condução dos ensaios clínicos fase 3, a condução em andamento no país e questões relativas às boas práticas de fabricação", disse a Anvisa.
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ANVISA devolve pedido de uso emergencial da vacina russaDe acordo com a Anvisa, "não basta o pedido de autorização de estudo clínico de fase 3 estar protocolado para pedir uso emergencial" pois "é necessário que tais estudos estejam em andamento no país, além de outras medidas condicionantes já previstas."
Vacina já é aplicada na Argentina e em Belarus
A Sputnik V é a mesma vacina que começou a ser aplicada na Argentina e em Belarus e foi a primeira a ser registrada no mundo contra a Covid-19, em agosto. Segundo a empresa, a vacina foi aprovada para uso emergencial em outros países, entre os quais Argentina, Bolívia, Argélia, Sérvia e Palestina, Venezuela e Paraguai.
Em dezembro, a Rússia divulgou dados com o resultado final da eficácia da vacina, que ficou em cerca de 91%. Os detalhes dos estudos, no entanto, não foram publicados e revisados por outros cientistas.
Na nota divulgada após a decisão da Anvisa, o fundo russo destaca ainda que está em análise no Senado brasileiro projeto de lei para permitir o uso de vacinas aprovadas por vários outros países, incluindo a Rússia.
Neste domingo (17), a diretoria da Anvisa se reunirá para decidir sobre pedidos de uso emergencial da vacina CoronaVac, do Instituto Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, e do imunizante desenvolvido em parceria entra a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca.
Fonte: G1
Após festas de final de ano, crescem surtos de Covid-19 entre familiares
Foto: Taba Benedicto/Estadão |
Após quase um ano de quarentena rigorosa, em que só filhos e netos saíram para as compras essenciais, o casal Enrico Miotto, de 81 anos, e Vincenzina Miotto, de 79, achou que seria seguro reunir a família no sítio em Socorro, interior de São Paulo, para o Natal. Afinal, o lugar é amplo e espaçoso, todo mundo de máscara. Foram 14 pessoas. No dia 26, a matriarca começou a tossir. Em seguida, outras pessoas se queixaram de gripe. Todos que celebraram juntos o Natal contraíram a Covid-19.
Cinco parentes foram hospitalizados. O casal octogenário foi parar na UTI do Hospital Santa Catarina, na região da Avenida Paulista. Desde 4 de janeiro, ficaram em leitos próximos, um ao lado do outro numa luta compartilhada. Foi duro. Covid e, em seguida, pneumonia. No dia 7, dona Vincenzina saiu da UTI. Fez questão de ver o marido, o que emocionou o time do hospital. Um ajudou o outro. Enrico deixou a unidade de internação intensiva no dia 10 de janeiro. Todos sobreviveram. Hoje, estão bem, mas o retorno com o pneumologista será dentro de 15 dias.
O drama dos Miotto se repete na pandemia. Médicos, porém, viram nas últimas semanas alta de surtos familiares, em que um parente transmite para outros. A covid não está só nas estatísticas: está dentro de casa. “O aumento do surto entre familiares e amigos nas últimas duas semanas é evidente”, diz a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital Emílio Ribas. “Houve aumento sensível em relação a semanas anteriores. Inúmeros casos de pai, mãe e filho contaminados”, afirma a cardiologista Nicolle Queiroz, que atende casos de Covid nos hospitais São Luiz e São Camilo.
A influência desses casos no crescimento geral da pandemia ainda será observada nas próximas semanas, observa Márcio Bittencourt, mestre em Saúde Pública e médico do Hospital Universitário da USP. “A evolução da transmissão depende do contato interpessoal. Se os níveis atuais se mantiverem, a projeção é de persistência de transmissão comunitária intensa”.
De acordo com o Comitê de Contingenciamento da Covid de São Paulo, ligado ao governo paulista, o Estado deve chegar a um pico de internações em uma semana, mesma previsão de Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. “Na semana que vem, vários municípios vão observar a saturação no sistema de saúde em São Paulo, Rio, Mato Grosso do Sul e no Sul. Até o fim de janeiro, os números serão indecentes”, diz Alves. O colapso dos hospitais de Manaus, que ficaram horas sem oxigênio na quinta, põe médicos em alerta.
“Festas de final de ano, feriados e até aglomerações familiares, dentro de casa, no Natal e réveillon, acabaram colaborando para que a transmissão fosse maior”, afirma Dania Abdel Rahman, infectologista do Hospital Albert Sabin de São Paulo. “Muitas pessoas não sabem que estão com o vírus porque não têm sintomas, e acabam transmitindo o vírus para outros”.
Foi o que aconteceu com um universitário de 23 anos. No fim do ano, ele viajou com a namorada para Florianópolis, onde mora o restante da família. Lá, participou de uma festa com primos e a irmã. Na volta, visitou uma tia paterna, de 55 anos. Quando começou a sentir os primeiros sintomas, fez o teste. Positivo. Foram 16 a 18 pessoas contaminadas. Hoje, ele e a namorada estão em isolamento; a tia foi diagnosticada com pneumonia e se trata em casa. “Estão muito sem graça com o que houve”, conta a mãe do jovem, a publicitária Cristina Pereira, que prefere preservar o nome do filho. “Estou chateada e preocupada. Acho que existem muitos mais casos parecidos com esse. Jovens, de maneira geral, vão se conscientizar um pouco mais. Estavam subestimando demais a doença. A mensagem para os jovens é: fiquem em casa”.
Novo perfil da pandemia
Isso significa que a conta das festas de final de ano está só começando a chegar. No Estado, as internações subiram 19% de 29 de dezembro a 12 de janeiro, mas faltam dados de surtos familiares, por problemas de testagem e rastreamento. Esses surtos integram uma mudança no comportamento da pandemia no País nos últimos meses, aponta Rodrigo Stabeli, pesquisador da Fiocruz. “Houve mudança no perfil epidemiológico da doença. A curva de casos mudou da faixa dos 40 a 60 para a fase dos 20 a 45 anos. Alguns trabalhos mostram que a aglomeração de jovens tem levado a doença para dentro de casa. Já aconteceu na Espanha e na Alemanha”
No Reino Unido, o rastreamento da contaminação familiar foi decisivo para decretar lockdown, o terceiro do país, em vigor desde o dia 5. Hoje, a maior parte dos países da Europa mapeia os contatos dos infectados para prevenir as hospitalizações nas semanas seguintes.
A contaminação dos familiares, na mesma casa, mostra outra face da pandemia: como cuidar de si próprio e do outro. As irmãs Fátima, de 63 anos, Eliete, 67, e Elita, 75, fizeram tudo certinho na quarentena. Sair de casa só mesmo para compras essenciais. No Natal, receberam mais quatro parentes para um churrasco no quintal da casa onde moram em Cangaíba, zona leste de São Paulo. O vírus se espalhou entre os familiares e cinco se contaminaram. Felizmente, ninguém precisou de internação.
“Como somos três irmãs, uma cuida da outra com os remédios e a parte emocional”, conta Fátima Lopes. No 10.º dia de diagnóstico de Covid, ela ainda tosse na hora de falar. Reclama de dores nas costas e da falta de olfato e de paladar. Curiosamente, a irmã mais velha, Elita, que tem problemas respiratórios e uma deficiência na coluna, não ficou tão debilitada quanto a irmã mais nova.
Stabeli, da Fiocruz, recomenda atenção aos sintomas na família. “Além da síndrome gripal, é preciso observar dores no corpo, febre leve, tosse, dor no fundo dos olhos, diarreia e dores nas extremidades”, diz. “Se morar com outra pessoa com sintomas, é recomendável cumprir o distanciamento de 2 metros e usar máscara por 10 dias”.
Bancário perde pai, mãe e irmão gêmeo em 45 dias
A pandemia impôs o desafio da adoção de medidas de prevenção dentro de casa desde o primeiro caso, no mês de março. Em um apartamento de classe média do Paraíso, zona sul de São Paulo, os seis moradores contraíram o novo coronavírus. Em uma semana, a família ficou pela metade, pois o pai e dois filhos não resistiram. Um deles era um porteiro aposentado de 62 anos que se tornou a primeira vítima da doença no Brasil no dia 16. Hoje, a mãe, de 84 anos, e os dois filhos restantes, com média de 60 anos, estão recuperados da doença e tentam recomeçar a vida.
A experiência do bancário Sérgio Ricardo Santos Silva, de 49 anos, foi igualmente traumática. Em novembro, ele perdeu o pai, Cícero, que tinha 80 anos, e o irmão gêmeo, Sidney. Semanas antes, sua mãe, Onorina, já havia falecido por acidente vascular cerebral. Todas as três perdas aconteceram dentro de 45 dias. “É uma dor que nunca vai passar. Foi uma perda depois da outra. A cabeça vai a mil. Estou falando, mas meu coração está numa angústia”, conta.
Paralelamente, ele teve de conviver com a contaminação dos sogros, da irmã, Sandra, que também foi hospitalizada. Na sua própria casa, a mulher, Andrea, e a filha também se contaminaram. Ele próprio chegou a ser internado por cinco dias, mas escapou. Falar sobre a sucessão de perdas é uma forma de homenagear os parentes que se foram.
Durante a conversa com o Estadão, na tarde de um sábado, Sérgio recebeu um telefonema. Sua mulher atendeu. Ele ficou paralisado. Imaginou que era o anúncio da morte de um primo que sofre de câncer. Não era. Depois de tantas perdas, uma notícia boa: a alta médica da irmã.
Estadão Conteúdo
Jequié registra 62 novos casos de covid-19 nas últimas 24h; ocupação de leitos de UTI/adulto é de 90%
Boletim Epidemiológico do Covid-19 em #Jequié, atualizado pela Secretaria Municipal de Saúde registra neste sábado (16), 62 novos casos nas últimas nas 24 horas, perfazendo um total de 8.767 pessoas confirmadas com a doença, até agora. 7.556 pacientes encontram-se recuperados e não apresentam mais os sintomas da doença. Conforme os dados repassados pelo HGPV e pelo Hospital São Vicente, a taxa de ocupação geral dos leitos de UTI/adulto é de 90%. Destes, 16 leitos estão ocupados por residentes de Jequié e 10 leitos ocupados por pessoas de outros municípios.
Anvisa decide neste domingo se aprova uso emergencial de vacinas
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realiza, neste domingo (16), em Brasília, reunião extraordinária de sua diretoria colegiada, formada por cinco integrantes, para analisar os pedidos de autorização temporária de uso emergencial de duas vacinas contra a covid-19.
A reunião começa às 10h, tem previsão de cinco horas de duração e será transmitida ao vivo pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e pelos canais digitais da agência.
Estão na pauta da Anvisa os processos do imunizante Coronavac, fabricado e desenvolvido pelo Instituto Butantan, em conjunto com a farmacêutica chinesa Sinovac; e o da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desenvolvida pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, em parceria com o laboratório AstraZeneca.
Somados, os pedidos se referem a seis milhões de doses da Coronavac e outros dois milhões de doses da vacina da Astrazeneca/Oxford.
Segundo comunicado da Anvisa, os pedidos serão analisados de forma separada e a decisão de aprovar o uso emergencial ou não será tomada por maioria simples, ou seja, de cinco diretores, três votos a favor ou contra definirão o resultado.
Apresentação
Após a abertura da reunião, três áreas técnicas da Anvisa farão uma apresentação: área de medicamentos, que avalia os estudos clínicos e de eficácia e segurança; a área de certificação de boas práticas de fabricação, que verifica se os locais de fabricação da vacina têm condições adequadas; e a área de monitoramento de eventos adversos, que monitora e investiga depois da vacinação se as pessoas tiveram alguma reação à vacina.
De acordo com o painel da Anvisa que atualiza o andamento dos pedidos, atualizado por volta das 16h deste sábado (16), a Coronavac tinha 62,12% da documentação analisada, restando 37,86%. Já a vacina da AastraZeneca/Oxford, em parceria com a Friocruz, aparecia com 85,12% de análise concluída, restando ainda 14,88% de documentação a ser examinada.
Terminada a apresentação das áreas técnicas, a diretora-relatora dos dois processos, Meiruze Freitas, passará a ler o voto. Em seguida, cada um dos demais diretores vota concordando ou discordando do voto da relatora. São eles: Antonio Barra (diretor-presidente), Cristiane Jourdan, Romison Mota e Alex Campos.
Resultado da votação
Na sequência, o resultado da votação é anunciado pelo diretor-presidente da Anvisa. A decisão passa a valer a partir do momento em que houver comunicação oficial aos laboratórios que fizeram o pedido. O resultado também é publicado no portal da Anvisa e não precisa de publicação no Diário Oficial da União para entrar em vigor.
Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, informaram que a vacinação deve ter início ainda em janeiro, para um público prioritário formado por profissionais de saúde que atuam na linha de frente da pandemia, idosos e indígenas. A data, no entanto, ainda não foi definida, e dependerá da logística prévia de distribuição dos imunizantes para centros de vacinação em todo o país, o que levará alguns dias, além do detalhamento sobre o público-alvo nesta primeira fase.
O governo dispõe, neste momento, de seis milhões de doses da Coronavac, armazenadas no Instituto Butantan, em São Paulo. Outros dois milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford, que podem ser importadas da Índia nos próximos dias, terão a entrega atrasada, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores.
Edição: Kleber Sampaio
Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Sandro Régis endossa declarações de Nilo: “Vamos intensificar nossas cobranças já que Rui só atende quem critica”
Foto: Divulgação |
O deputado estadual Sandro Régis (Democratas), líder da Oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), endossou neste sábado (16) as declarações dadas pelo deputado federal Marcelo Nilo (PSB) contra o governador Rui Costa (PT). Segundo Régis, o bloco oposicionista vai endurecer o discurso contra os problemas do Estado, uma vez que “tá claro que o governador só atende quem critica”, conforme afirmou Nilo.
“Vamos intensificar ainda mais nossas cobranças e críticas aos graves problemas que a Bahia enfrenta, nas mais diversas áreas, porque, como disse o deputado Marcelo Nilo, parece que o governador só funciona na pressão. Temos um Estado paralisado, anestesiado, com muitas dificuldades. Vamos pressionar mais e, quem sabe assim, o governador trabalha para solucionar os problemas da Bahia”, disse o democrata.
Régis recorda que a Bahia ocupa as últimas posições em diversas áreas. Na educação, tem o terceiro pior Ideb do Brasil no ensino médio. Na segurança pública, segue amargando o posto de Estado com maior número de homicídios do país. Na área social, é o Estado com maior número absoluto de pessoas extremamente pobres.
“Sem falar que o Estado segue no topo do ranking de desemprego, mesmo antes da pandemia da Covid-19. Nós, da oposição, já estamos apontando estes problemas, mas agora vamos intensificar e pressionar ainda mais para ver se o governador consegue encontrar soluções, já que a sua própria base reconhece que ele só atende quem critica”, reforça o parlamentar.
A Secretaria de Saúde de Ipiaú informa que hoje, 16 de janeiro, tivemos cinco (05) novos casos de coronavirus
A Secretaria de Saúde de Ipiaú informa que hoje, 16 de janeiro, tivemos 8.079 casos registrados como suspeitos, sendo 2.308 casos confirmados, dentre estes, são 2.243 pessoas RECUPERADAS, 17 estão em isolamento social, 03 estão internadas e 39 foram a óbito. 5.754 casos foram descartados e 41 pessoas aguardam resultado de exame. Nesse momento, temos 20 casos ativos.
Obs: Dados da testagem dos profissionais e alunos das Escolas Estaduais foram contabilizados neste boletim em 03/07.
O uso da máscara é indispensável, evite aglomerações, deixe disponível no local álcool 70% e higienize as mãos com água e sabão sempre que puder .
Prefeitura de Ipiaú/Dircom
Envio de oxigênio por Maduro causa espanto entre venezuelanos em Manaus
Foto: Fábio Rodrigues/Agência Brasil |
Venezuelanos que vivem em Manaus ficaram chocados quando souberam que o seu país, liderado pelo ditador Nicolás Maduro, enviará remessas de gás hospitalar para socorrer a capital do estado do Amazonas.
Ao menos dois caminhões-tanque com o insumo já estão a caminho de Manaus. Novas remessas estão previstas, segundo acordo firmado com o governo do Amazonas.
Manaus vive uma crise sem precedentes em seu sistema de saúde devido à falta de oxigênio hospitalar, um insumo fundamental na manutenção de pacientes internados com ou sem Covid-19 em leitos de UTI.
Sem o oxigênio disponível, dispararam as hospitalizações e as mortes em unidades públicas e privadas da cidade. Nesta sexta-feira (15), Manaus registrou o maior número de enterros en um único dia desde o início da pandemia, com 213 ocorrências.
Entre as causas das mortes, 102 foram provocadas pela Covid-19, outros 7 ainda são suspeitos de terem ocorrido por complicações da doença, segundo dados da prefeitura.
A reportagem conversou com um grupo de venezuelanos que vivem num acampamento da “Operação Acolhida”, montado pela prefeitura em parceria com a ONU (Organização das Nações Unidas) sob um viaduto ao lado do terminal rodoviário da cidade.
Todos ali integram o grupo de 6 milhões de pessoas que deixaram a Venezuela quando o país entrou em colapso. Muitos deles caminharam até a fronteira com o Brasil, na cidade de Pacaraima, em Roraima, em busca de ajuda humanitária.
No acampamento, composto por imensas barracas de lona branca, as famílias venezuelanas conseguem dormir à noite em segurança. Durante o dia, saem pelas ruas para fazer bicos ou pedir dinheiro nos semáforos da capital.
Se antes da pandemia a luta pela inserção social na cidade já era grande, agora, a situação piorou, diz Claritza Magdalena Suarez, 39.
Suarez organizava suas roupas espalhadas sobre um colchão quando a reportagem visitou o espaço na sexta.
Ali, a maioria dos venezuelanos abrigados são indígenas. Poucos foram vistos usando máscara de proteção no rosto, apesar de o item estar visível entre os seus pertences.
Suarez ainda não sabia da parceria entre o seu país e o Brasil. Informada pela reportagem, ficou espantada. “Estou em choque porque o meu país está quebrado e, por isso, eu estou aqui nestas condições”.
O marido dela, que não quis se identificar, também esboçou a mesma surpresa. “Não acredito nisso”.
Mesmo tendo sido quase que obrigados a deixar a sua terra natal quando não tinham nem o que comer no auge da crise venezuelana, o casal ainda foi capaz de soltar uma pista. “Será que o Nicolás mandou essa ajuda porque sabe que muitos venezuelanos estão aqui?”, disse Suarez.
Com um currículo que inclui serviços prestados no setor petrolífero e funções que vão de camareira a auxiliar administrativa, Suarez sonha com um emprego. “Mas ficou difícil de arrumar algo nesta pandemia”, diz.
Como seus compatriotas, ela também vai até o semáforo para pedir dinheiro. Cada centavo conquistado faz diferença. “Aqui eu ganho comida, banho e roupas. Esse dinheiro é para trazer os meus seis filhos que ficaram na Venezuela”, afirma.
CRÍTICAS
O envio de oxigênio venezuelano para Manaus gerou, porém, uma onda de críticas entre os opositores do regime de Nicolás Maduro.
A principal voz do movimento e que está ao lado de Juan Guaidó, autoproclamado presidente da Venezuela, é a do deputado Julio Borges.
Ele afirmou que há venezuelanos morrendo sem oxigênio, usado agora por Maduro para buscar apoio político e se portar como um líder generoso, não como o ditador e violador de direitos humanos que é, em suas palavras.
À reportagem, Borges disse que “a situação sanitária é verdadeiramente trágica. As pessoas fogem para o Brasil, Colômbia, Panamá, porque não há nada, os hospitais estão em caos. Sem eletricidade, sem água, remédios mínimos. Por isso as pessoas fogem para o Amazonas”, afirmou.
De acordo com a universidade americana Johns Hopkins, que monitora o avanço da doença pelo mundo, 1.095 pessoas morreram na Venezuela vítimas da Covid-19, e houve 118.856 casos confirmados.
Enviar oxigênio a um país com governo hostil a ele, como o do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), significa tentar reverter a imagem que tem por aqui e no mundo todo, disse Borges.
“Quer se mostrar como o líder dos pobres, dos necessitados, dos infectados com coronavírus, quando na verdade é um ditador, violador de direitos humanos, corrupto, e que conseguiu destroçar a Venezuela, um dos países mais prósperos da América, o transformou no país mais pobre da América pela corrupção e pelo crime organizado”.
Dhiego Maia/Folhapress
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