Com alta da Selic, renda fixa isenta de IR atrai atenção dos investidores

A sequência de aumentos na taxa Selic iniciada em março de 2021 pelo BC (Banco Central), da mínima histórica de 2% para os atuais 13,25% ao ano, tem aumentado cada vez mais a atratividade dos títulos de renda fixa sob a ótica dos investidores brasileiros. Dentro da classe, uma recomendação que tem se destacado nas conversas dos especialistas de investimento com os clientes diz respeito aos títulos isentos de IR (Imposto de Renda) para o investidor pessoa física.

Com a alta da taxa básica de juros, o mercado tem oferecido aos investidores títulos emitidos por grandes empresas, sem cobrança de impostos, com retorno real, ou seja, acima da inflação, em torno de 6% ao ano. Diretor de investimentos do Santander Private Banking, Christiano Clemente afirma que os papéis de renda fixa que contam com o benefício tributário se dividem em dois grandes grupos.

Um deles é formado pelas letras de crédito emitidas por instituições financeiras —LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), LCAs (Letras de Crédito Agrícola) e LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas). Além de contarem com a isenção do IR, as duas primeiras têm ainda a cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), associação que garante o valor aportado pelo investidor até o limite de R$ 250 mil por CPF e conglomerado financeiro, em caso de eventuais problemas que a instituição emissora venha a sofrer no meio do caminho.

Já a LIG não tem a cobertura do FGC, mas conta com uma dupla garantia: da própria instituição financeira que emitiu os títulos e uma carteira de financiamentos imobiliários, que fica separada do patrimônio do banco. Portanto, caso o banco venha à falência, esse conjunto de créditos imobiliários tem como papel honrar o compromisso de pagamento aos investidores.

Clemente acrescenta que, além das letras financeiras, há os títulos isentos de renda fixa de caráter corporativo —CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e debêntures incentivadas de infraestrutura. Nesses casos, os investimentos não têm a cobertura do FGC ou das instituições financeiras, com o investidor ficando sujeito ao risco de crédito da empresa emissora do título.

Demais aplicações de renda fixa, como CDBs (Certificados de Depósito Bancário), fundos e títulos públicos, têm a incidência do IR pela tabela regressiva, em que as alíquotas de IR diminuem com o tempo —começam em 22,5% e caem até 15%, para prazos que variam de seis meses a dois anos.

Segundo o especialista da área de private banking do Santander, a isenção fiscal, além de beneficiar o investidor de varejo, busca também fomentar setores importantes para a dinâmica econômica do país. “A isenção de imposto gera um custo menor para as empresas terem acesso aos empréstimos, o que, em tese, faz com que a economia gire de maneira mais fluida”, diz Clemente.

VOLUME DE EMISSÃO NO ANO SUPERA MARCAS DE 2021

Dados da B3 mostram que os investimentos isentos de IR têm atraído o interesse de um público crescente desde dezembro de 2020, acompanhando de perto o processo de alta da taxa Selic. “Esses títulos realmente chamam bastante a atenção dos investidores pessoa física, justamente por causa da isenção”, afirma Camilla Dolle, chefe de renda fixa da XP.

A especialista da XP diz que o fato de as letras de crédito oferecerem ao investidor o benefício adicional da cobertura pelo FGC acaba pesando para uma demanda maior dos investidores de varejo por esses ativos. Levantamento da Bolsa brasileira realizado a pedido da Folha indica que o mercado de títulos isentos registrou nos primeiros cinco meses do ano volumes bem acima dos observados em igual período do ano passado.

As LCAs emitidas de janeiro a maio somaram R$ 115,3 bilhões, ante R$ 52,4 bilhões no mesmo intervalo de 2021. Já as LCIs emitidas somaram R$ 70,7 bilhões, ante R$ 33 bilhões no ano passado, enquanto as LIGs somaram R$ 19,8 bilhões, ante R$ 8,2 bilhões em igual período de 2021. “À medida que os juros sobem, naturalmente a renda fixa fica mais atrativa, e a renda variável, menos”, diz Fabio Zenaro, diretor de produto, balcão e novos negócios da B3.

Ele acrescenta que, dentro do grupo de títulos isentos, aqueles voltados ao agronegócio têm se destacado ainda mais que os pares, em um cenário macroeconômico desafiador, no qual o setor agrícola vem demonstrando resiliência diante da demanda pujante em escala global. Entre os títulos corporativos, a tendência se repete —a emissão de CRAs atingiu R$ 11,7 bilhões, de janeiro a maio, ante R$ 8,5 bilhões no mesmo intervalo do ano anterior. No caso dos CRIs, o volume foi de R$ 11,5 bilhões, ante R$ 11,3 bilhões em igual período de 2021.

Os dados da B3 indicam ainda que, entre as debêntures incentivadas de infraestrutura, o estoque total, que era de R$ 136,4 bilhões em maio de 2021, saltou para R$ 192,5 bilhões, em maio deste ano. Estrategista de investimentos do Itaú Unibanco responsável por crédito privado, Vanessa Müller afirma que, pelo fato de as letras de crédito contarem com a garantia do FGC, e, em média, terem prazos de vencimento mais curto, entre um e dois anos, tendo como indexador na maioria dos casos o CDI, elas acabam entrando mais no radar do investidor pessoa física de varejo.

Entre as operações de letras de crédito em CDI, diz a especialista, é comum que as emissões saiam em um percentual em torno de 90% a 95% do CDI, que, com a isenção do IR, corresponde ao equivalente a algo como 110% a 115% do benchmark, considerados investimentos com a taxação tributária.

No caso dos certificados e das debêntures, em que não há a proteção pelo fundo garantidor, e em que os prazos costumam ser mais extensos, com indexação majoritariamente ao IPCA, os investidores pessoa física com maior volume financeiro, dos segmentos de alta renda e private, tendem a ser mais presentes nas ofertas, diz a especialista.

RETORNOS DE IPCA MAIS 6% AO ANO

Executivo responsável pela área de mercado de capitais do UBS BB, Samy Podlubny diz que operações recentemente estruturadas pela casa de empresas de grande porte, como um CRA da Raizen e um CRI da CSN Cimentos, saíram com taxas de retorno ao redor de IPCA mais 6% ao ano.

“Na minha visão, emprestar dinheiro para empresas desse porte e ganhar uma taxa real de 6% livre de IR é um ótimo investimento”, diz Podlubny, acrescentando que o instrumento, por si só, não é o que define o nível de retorno que o investidor vai obter com o negócio, sendo preciso levar em conta principalmente o risco de crédito da empresa que está fazendo a emissão do instrumento.

O executivo do UBS BB assinala que, para empresas de menor porte e não tão conhecidas pelo público geral, a taxa real de retorno pode beirar a marca dos 10% nos títulos corporativos com isenção fiscal. Nesse caso, contudo, se faz necessária uma análise mais minuciosa a respeito da saúde financeira das operações antes de realizar o aporte, afirma.

“Para o investidor menos sofisticado, o ideal é que ele se atenha aos nomes mais conhecidos, das maiores empresas”, diz o especialista. Ele lembra que as emissões contam com ratings atribuídos pelas agências de classificação de risco, sendo essa uma boa métrica de avaliação para o investidor mensurar o nível de risco que deseja assumir.

Podlubny afirma que, além do risco de crédito, o investidor também precisa estar atento ao prazo de vencimento das operações. Segundo ele, as emissões dos títulos, via de regra, têm um horizonte de médio e longo prazo, com prazos que podem variar de dois a cinco anos, mas que, em alguns casos, podem ser ainda mais extensos, chegando aos dez anos até o vencimento final.

Caso queira sair antes, é possível vender os papéis no chamado mercado secundário, em que os detentores dos papéis conseguem se desfazer dos títulos, com a negociação para outros agentes de mercado.

Nesse caso, no entanto, o rendimento contratado no momento da aquisição não é garantido, com a possibilidade de a venda ser feita com algum ganho, ou prejuízo, em relação ao inicialmente previsto, a depender das condições de mercado no momento da venda.

APORTES A PARTIR DE R$ 1.000

Para investir nos títulos isentos, é preciso ter conta em banco ou em corretoras, sendo possível aplicar diretamente por meio da seção de renda fixa dos aplicativos, ou com o assessoramento de especialistas de investimento e gerentes bancários. Confira aqui o passo a passo para abrir uma conta digital nas principais instituições financeiras do mercado.

Os valores mínimos de aporte variam de acordo com a instituição financeira. No caso da Órama, Ricardo Teófilo, chefe de renda fixa da plataforma, diz que os investimentos nos títulos isentos começam a partir de R$ 1.000. Na XP e no Itaú, os aportes mínimos também são de R$ 1.000.

“Os títulos de renda fixa isentos de IR têm apresentado retornos bem interessantes, e entendemos que seja um bom momento para investir neles”, diz o chefe de renda fixa da Órama, acrescentando que os papéis disponibilizados na plataforma passam por uma curadoria prévia dos especialistas da casa.

Lucas Bombana / Folhapress

Desfile do Projeto Mão Amiga abrilhantou o Circuito do São Pedro

 

Com a proposta de quebrar padrões estabelecidos pelo universo dos desfiles de passarela, o Projeto Mão Amiga, através de Thiago Santana, decidiu acolher e dar destaque à beleza da maioria da população brasileira. O Projeto deu a voz e oportunidade para mulheres e homens vivenciarem o mundo da moda, o desfile foi apresentado pela Secretária de Educação Erlândia Souza, mulher negra, bastante inteligente e ativista.

Foto: Divulgação

O desfile Beleza e Negritude abriu portas para população preta nas passarelas. O evento ocorreu no Espaço Álvaro Jardim, e contou com 12 modelos. “Tivemos modelos desfilando de todos os jeitos, desde plus size, até o padrão imposto pela sociedade. Queremos quebrar esse padrão de colocar o negro em uma passarela assimilado à periferia, à pobreza. Nosso intuito enquanto Projeto é mostrar que a população negra pode ocupar o espaço que ela quiser”, ressaltou Mônica Souza Presidente da Associação e Projeto Mão Amiga.

Foto: Divulgação

Com uma estrutura ainda maior esse ano, o desfile realizado na Praça Álvaro Jardim, proporcionou mais conforto e comodidade ao público. Muitas pessoas assistiram o desfile dirigido por Thiago Santana, Amauri organizador de passarela, Rodrigo Afro estilista, Maria Secretária, Ana Margarida e Cleber Lima presidente de mesa.

Corpo de Jurados

A bancada de Jurados foi de muita representatividade e competência, Débora Azevedo Advogada professora de Inglês, Roberta Miranda presidente da Associação AMA de Aiquara, o popular sorriso funcionário do correio, Silvana Rodrigues, Letróloga, Maria Novais letróloga, Gilvando presidente do conselho de Cultura do município de Gandu, Tony Moreno Secretário de Cultura do Município de Aiquara, Neide Pereira locutora.

Os modelos que desfilaram foram: Marilene Cerqueira, Cloves Lajes, Jennifer Santos, Roger Martins, Rafael Andrade, Thamilles Cardoso, Tarcísio Souza, Adriane Freitas, Victoria Ohana, Miguel Souza.

Ganhadores

Foto: Divulgação

1° lugar, Cloves Lajes e Jhenefer Santos.
2° lugar Rafael Andrade e Victoria Ohana
3° Thamilles e Thacisio.

O desfile 2022 surgiu com força e potência de ativismo, com a participação do ACS Gilvando morador de Gandu-Ba, declamando uma linda poesia. Contou também com o grupo de dança enigma dirigido por Edmilson cordeiro, para fechar o evento.

“O Desfile da Beleza Negra veio para trazer essa representatividade, para mostrar que a pessoa negra é linda, além de trabalhar com a autoestima de muitas mulheres e homens”, acrescentou o idealizador do evento.

Estendemos aqui mais uma vez agradecimento a todo comércio de Ipiaú que abraçou o evento, a nossa prefeita Maria por permitir a realização no circuito do S. Pedro, ao Vereador Orlando, aos dois Sites da cidade pelas divulgações, e a nossa grande apresentadora Erlândia Souza.

“Agradecemos aos comerciantes de Ipiaú por ter abraçado essa causa, JR Modas, Ney Modas, Kakos Stillus, Modas Flor, Super Modas, Oliveira Magazine, Condimentos Q’Delicia, Racco, Soneca Multimarcas, Lojas Ana Lia, Oralmed, Flor do Desejo, Garagem Lukase, Eliece Store, Vereador Orlando Santos por ter doado os dois primeiros prêmios em dinheiro”, completou Mônica Souza, presidente do Projeto Mão Amiga./por: Giro Ipiaú.

Rui diz que Roma e Neto são candidatos de Bolsonaro: ‘um assume; o outro é como marido que trai a mulher’


O governador Rui Costa (PT), durante participação no PGP do pré-candidato ao governo pelo PT, Jerônimo Rodrigues, disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem dois candidatos na Bahia: João Roma (PL), da mesma sigla partidária do presidente, e ACM Neto, União Brasil. Rui referiu-se aos dois, respectivamente, como o que “assume” e o que se comporta como “marido que trai a mulher”. O petista ainda se referiu ao presidente da República como “bozo”, maneira como a esquerda se refere ao mandatário.

“Quem vendeu a refinaria da Bahia? Com o apoio de quem? Quem apoiou e ajudou o bozo? Os dois pré-candidatos a governador são aliados dele na Bahia. Um tem coragem de dizer que é; o outro é igual ao cara que tem amante e não tem coragem de sair na rua com ela”, disse Rui, no ato político em Ribeira do Pombal realizado neste domingo (3).

O petista prosseguiu: “Ele [ACM Neto] quer enganar a mulher, não quer que a mulher saiba que ele tem uma amante”. Ainda segundo a fala de Rui, Neto não assumiria o apoio a Bolsonaro devido ao desempenho eleitoral de Lula na Bahia. “Pedir voto para Lula na Bahia já está qusae desnecessário porque o povo da Bahia já decidiu votar no lula”, disse o governador.

Esse é o segundo PGP que tem a participação de Rui – até então, ele só havia ido ao evento na cidade de Itabuna. O senador Jaques Wagner (PT) e o presidente da Assembleia Legislativa, Adolfo Menezes (PSD), também marcaram presença, assim como o senador Otto Alencar (PSD), pré-candidato à reeleição, e Geraldo Júnior (MDB), o vice na chapa de Jerônimo.

No sábado (2), durante sua fala no ato do ex-presidente Lula em Salvador, Rui afirmou que passaria a participar intensamente da pré-campanha de Jerônimo.

Estudo alerta para urgência de novos tratamentos contra verminoses BRASIL

As verminoses, doenças que afetam bilhões de pessoas no mundo, tem poucos avanços em estudos clínicos. Entre os motivos para que isso ocorra, está o fato de que elas atingem populações mais pobres, não atraindo investimentos de farmacêuticas. O alerta está em um estudo publicado na revista Drug Discovery Today por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Guarulhos e que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O trabalho se insere em um contexto no qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, em 2021, um plano de ação para erradicar ou controlar, até 2030, 20 doenças que afetam uma em cada cinco pessoas no mundo e matam cerca de 500 mil por ano. Das 20 doenças, as cinco que mais afetam mais pessoas em números absolutos são verminoses. Uma das estratégias adotadas na busca por novos medicamentos é o reposicionamento farmacológico, estudando medicações já existentes para essas enfermidades negligenciadas.

“Entre as múltiplas metas que foram colocadas no roteiro da OMS, está a busca por novos medicamentos, porque muitas dessas doenças não dispõem de vacina e medicamento considerado de alta eficácia. Embora tenha uma eficácia relativamente boa, mas não o suficiente para controlar a doença, até porque não existe um fármaco 100% eficaz”, afirma Josué de Moraes, que coordena o Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas (NPDN) da Universidade Guarulhos, um dos autores do artigo.

Esquitossomose

Moraes cita, como exemplo, o caso da esquistossomose, que é considerada a principal verminose em termos de morbidade e mortalidade. “Embora a ascaridiose, que é a lombriga, afete uma parcela maior, quase um bilhão de pessoas, a esquistossomose tem mais impacto na saúde”, explica. Há apenas um remédio disponível para a doença, o praziquantel. “Imagina só você ter um medicamento para uma população acima de 200 milhões”, compara. Além disso, o medicamento também não afeta a forma jovem do parasita, impedindo que o tratamento comece no início da infecção.

O pesquisador destaca, entre os impactos da verminoses, o fato de que elas prejudicam o desenvolvimento intelectual de crianças, contribui para a redução na taxa de escolarização e também pode fazer com que a pessoa se afaste do trabalho com licença médica. “Sempre falo que essas doenças não só prevalecem condições de pobreza, mas também representam um forte entrave ao desenvolvimento dos países e, consequentemente, são determinantes na manutenção do quadro de desigualdade”, avalia.

Entre os motivos que impedem o desenvolvimento de estudos no campo da parasitologia, Moraes cita quatro. “As verminoses são as mais negligenciadas dentre as negligenciadas, principalmente porque é um tipo de doença que está mais associado com a questão da pobreza que as outras”, pontua, como primeiro entrave. Ele aponta ainda o fato de que a doença não enseja um senso de urgência. “Não demonstram, visivelmente, ali para para a população uma necessidade.” Ele lembra que em algumas regiões as verminoses são até vistas como algo comum, do cotidiano.

Outra dificuldade se dá nos laboratórios. “Os vermes são de difícil manutenção. É muito mais difícil você conseguir manter um verme em laboratório, ao contrário de algumas doenças causadas por protozoários como, por exemplo, malária, leishmaniose, doença de Chagas, entre outras”, exemplifica. Isso acaba prejudicando o conhecimento biológico dos vermes. “Quando disponível, você precisa ter o hospedeiro definitivo, geralmente a gente usa um roedor e um hospedeiro intermediário, no caso da esquistossomose, um caramujo.” Moraes destaca ainda o nojo que os vermes despertam nos indivíduos.

O pesquisador é enfático ao lembrar que outras medidas de saúde pública, como diagnóstico, controle dos vetores de transmissão e saneamento básico universal, são fundamentais para lidar com essas doenças. “Nós temos cerca de 30 milhões de brasileiros que vivem sem água tratada. Praticamente metade da população não tem acesso a esgoto. Então isso reforça esse quadro, que eu diria lamentável, em relação às verminoses”, avalia

Agência Brasil

Filho do governador Ronaldo Caiado morre em Goiás.

Ronaldo Caiado Filho, filho do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), morreu na manhã deste domingo (3). A causa da morte ainda não foi divulgada pela família. O governador recebeu a notícia pela manhã quando participava de uma das missas de encerramento da Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade, a cerca de 25 quilômetros da capital Goiânia, onde participava das festividades desde às 5h30.

Ronaldo Filho tinha 40 anos e era o segundo filho do primeiro casamento do governador com Thelma Gomes. O velório será realizado a partir das 16h, deste domingo (3), no Cemitério Vale do Cerrado, em Goiânia. A assessoria de imprensa do governo estadual divulgou uma nota lamentando a morte do filho do governador.

“É com profundo pesar que comunicamos o falecimento de Ronaldo Ramos Caiado Filho, filho do governador Ronaldo Caiado e de Thelma Gomes. Ele morreu neste domingo (03/07), aos 40 anos. A família enlutada pede a todos orações para enfrentar este momento de imensa dor”, afirma nota divulgada pela assessoria do governador.

O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), lamentou a morte de Ronaldo Filho pelas redes sociais. “Poucas notícias podem ser tão tristes quanto a do falecimento de uma pessoa jovem, que tinha uma larga e enriquecedora trajetória pela frente. Eu e minha esposa, Thelma Cruz, somos amigos da família e estaremos sempre ao lado de todos. Nos unimos em oração por Ronaldo Filho e pedimos para que todos os milhares de goianas e goianos façam o mesmo”, escreveu.

O senador Kajuru também se manifestou pela internet. “Estou muito abalado! Eu o adorava, nossos almoços em São Paulo na época de Band e SBT. Ronaldo Filho certamente no colo de Deus”.

Camila Turtelli / Folhapress

Traficantes recorrem a portos do Nordeste para distribuição de cocaína

Santos é considerado um dos principais pontos de distribuição de cocaína, por via marítima, no mundo. Localizado no litoral paulista, o porto aparece em uma lista de quatro locais que se destacam no comércio marítimo global da droga, junto com Buenaventura e Cartagena, na Colômbia, e com Guayaquil, no Equador.

A informação está no relatório global do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC), divulgado nesta semana.

O mesmo documento revela, no entanto, que portos menores, localizados na parte norte do território brasileiro estão assumindo papel cada vez mais importante como entrepostos para o comércio transatlântico de cocaína, principalmente para os carregamentos destinados à Europa.

Alternativa

O relatório não indica quais são esses portos e nem esclarece em que estados do Norte/Nordeste estão localizados, mas informa que os traficantes estão recorrendo a essas alternativas devido ao aumento da fiscalização no porto de Santos.

Para o pesquisador Thiago Moreira de Souza Rodrigues, do Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos de Defesa e Segurança da Universidade Federal Fluminense (PPGEST/UFF), alguns portos do Nordeste têm se destacado como entrepostos.

“O Brasil tem uma projeção atlântica em direção à África e à Europa. Os portos do Norte e principalmente do Nordeste – Recife, Maceió, Fortaleza – têm uma projeção em relação à Europa. O Nordeste é a parte da América do Sul mais próxima da Europa e da África”, afirma o pesquisador.

Em abril deste ano, a Polícia Federal (PF) fez operação contra uma organização criminosa que usava o porto de Salvador para enviar a droga para a Europa. De 2019 a 2021, mais de 3,5 toneladas de cocaína traficadas pelo grupo foram apreendidas.

Em dezembro de 2021, quase meia tonelada de cocaína foi apreendida no porto de Mucuripe, em Fortaleza, pela Receita Federal. A carga, estimada em R$ 250 milhões, tinha como destino o porto de Roterdã, na Holanda.

Em novembro daquele ano, foi encontrada, no porto de Natal (RN), 1,6 tonelada da droga, camuflada em uma carga de gengibre. No mês anterior, no porto de Vila de Conde, em Barcarena (PA), foi apreendida uma tonelada de cocaína, misturada com um carregamento de manganês. Em ambos os casos, o destino era a mesma cidade portuária holandesa.

“O tráfico de drogas é uma economia muito dinâmica. O fato de ela operar na ilegalidade faz com que os canais de distribuição sejam muito flexíveis. Existe algo chamado ‘efeito balão’, ou seja, quando se aperta uma ponta, infla a outra. Se Santos é o principal canal e a repressão opera ali, isso desloca o tráfico de drogas para outras regiões. Se estrangula de um lado, ele vai encontrar vias alternativas”, explica Rodrigues.

O porto de Santos, entretanto, como o próprio relatório destaca, não perdeu sua importância estratégica para o negócio ilícito. Na última quinta-feira (30), por exemplo, a Polícia e a Receita federais apreenderam 500 quilos de cocaína, escondidos em um contêiner, em meio a uma carga lícita de açúcar.

Duas semanas antes, uma tonelada da droga havia sido apreendida no porto paulista, em duas operações.

Mas não são apenas São Paulo e Nordeste. Apreensões semelhantes foram realizadas neste ano em portos como Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), em um terminal privado em Vitória (ES) e em Aracruz (ES).

Exportador

O mesmo relatório mostra que o Brasil é citado como o principal exportador de cocaína para fora do continente americano, ficando à frente até mesmo da Colômbia, um dos três grandes produtores de cocaína do mundo, junto com Bolívia e Peru.

Sem considerar os três países produtores, o Brasil é citado como um dos três países mais importantes no mercado de cocaína mundial, junto com Equador e México.

Brasil, Colômbia e Equador são apontados como os principais pontos de saída da cocaína que chega à Europa.

De 2015 a 2021, 70% da cocaína apreendida na África e 46% dos carregamentos apreendidos na Ásia saíram do continente americano por meio do Brasil. Em 2020 e 2021, o país chegou a responder por 72% da cocaína encontrada pelas autoridades asiáticas.

“O Brasil já se consolidou nessa posição. Já faz mais de dez anos que o relatório tem indicado o Brasil como um ponto fundamental para o tráfico internacional em direção à Europa”, explica Thiago Rodrigues.

Segundo o pesquisador, há várias explicações para o fenômeno. A mais óbvia é a posição geográfica do Brasil. Além de ser o único país que faz fronteira com os três produtores, o país tem uma posição vantajosa no Atlântico Sul, o que permite fácil conexão marítima com a África e a Europa.

Outros pontos apontados por Rodrigues são a presença de organizações criminosas internacionais no Brasil, como a máfia italiana, há vários anos, e a atuação das facções criminosas brasileiras, como aquelas do Rio e de São Paulo, no tráfico intercontinental.

O pesquisador lembra ainda que o Brasil é um importante mercado consumidor de cocaína, algo que também é apontado no relatório das Nações Unidas. Entre 2016 e 2021, foram apreendidas 416 toneladas de cocaína em todo o país, segundo dados da PF.
Fiscalização
Por meio de nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que mantém cerca de mil profissionais de segurança em permanente vigilância nos 16,9 mil quilômetros de fronteira terrestre do país, através da Operação Hórus.

O Ministério informou ainda que está investindo na capacitação e na aquisição de vários tipos de embarcações para evitar a entrada de drogas através dos rios.

“Com a atuação integrada de forças de segurança estaduais e federais, de maio de 2019 a maio de 2022, foi possível evitar um rombo de R$ R$ 801,2 milhões aos cofres públicos e desfalcar as organizações criminosas em R$ 6 bilhões com a apreensão de drogas (1.515 toneladas), armas (4,4 mil), veículos (8,7 mil), embarcações (659), produtos contrabandeados e prisão de 15,3 mil pessoas”, informa a nota.

Edição: Aline Leal
Por Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

“Uma decisão de Deus”, diz Trump sobre revogação do direito ao aborto nos EUA

Após quase meio século, a Suprema Corte dos Estados Unidos (EUA) restaurou a constitucionalidade sobre a interrupção da gravidez no país, revogando uma lei federal que regulamentava a prática do aborto. Para o ex-presidente Donald Trump, esta foi uma “decisão de Deus”.

Trump comentou sobre a derrubada da lei conhecida como “Roe vs Wade”, instalada na década de 1970 em seu país. O ex-presidente lembrou que ele fez indicações de três ministros para a Suprema Corte americana, sendo eles conservadores, durante a sua gestão.

“A decisão de hoje, que é a maior vitória desta geração a favor da vida, só foi possível porque fiz tudo como tinha prometido, incluindo nomear três constitucionalistas altamente respeitados no Supremo Tribunal dos EUA”, disse Trump em comunicado.

Em sua decisão histórica, a Suprema Corte dos EUA ressaltou que “a Constituição não confere direito ao aborto; Roe e Casey são anulados; e a autoridade para regular o aborto é devolvida ao povo e seus representantes eleitos.”

Em outras palavras, cada estado americano poderá, agora, regulamentar por conta própria se autoriza ou não o aborto. Antes, por causa da lei federal, todas as federações eram obrigadas a autorizar a prática em algum nível. Na prática, se trata de uma vitória dos governos conservadores.

Por causa dessa decisão, contudo, grupos pró-escolha do aborto iniciaram uma onda de revolta, incluindo ataques a igrejas e aos símbolos cristãos. Antes mesmo da decisão ter sido anunciada, ministros da Suprema Corte já haviam passado a ser alvo de ameaças.

Para Trump, não há duvida de que a revogação do aborto como direito federal foi um acerto de contas com a história dos Estados Unidos. “Estamos seguindo a Constituição e a dar, de volta, direitos que deviam ter sido dados há muito tempo”, declarou o ex-presidente, segundo informações do Diário de Notícias.

Prefeito de Pombal reafirma apoio a Jerônimo e compromisso com continuidade do projeto que transformou a Bahia

O prefeito de Ribeira do Pombal, Eriksson Silva (PSD), reforçou seu apoio ao pré-candidato a governador do Estado pelo PT, Jerônimo Rodrigues, durante encontro com o postulante petista na cidade que administra, na noite desta sábado (2). Além do gestor pombalense, os prefeitos de Heliópolis, José Mendonça (PL); de Fátima, Binho de Alfredo (PT); e de Cipó, Marquinhos do Itapicuru (PDT), administradores dos municípios que integram o Território de Identidade do Semiárido Nordeste 2, também marcaram presença no encontro em Pombal com Jerônimo.

“Rui Costa foi o governador que mais investiu na história de Ribeira do Pombal. Foram mais de R$ 60 milhões investidos nos últimos anos. Tenho certeza que Jerônimo dará continuidade a esse grande projeto, de uma gestão sensível, que gosta de gente, que gosta de olhar nos olhos, de estar próximo das pessoas”, afirmou Eriksson.

Após participar das comemorações ao 2 de Julho, em Salvador, ao lado de Lula, Rui, Wagner, Otto e Geraldo Júnior, Jerônimo e a Caravana Mais Bahia seguiram para Ribeira do Pombal, onde retomam o Programa de Governo Participativo (PGP), após pausa por conta dos festejos juninos na Bahia. O PGP deste domingo (3) será realizado no Hotel A Kascata , a partir das 9h, com a presença do governador Rui Costa (PT), dos senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD), e do pré-candidato a vice-governador Geraldo Júnior (MDB).

Rodrigo e Tarcísio fazem campanhas paralelas com ataques mútuos em SP

A avaliação de que só resta uma vaga na disputa ao segundo turno pelo Governo de São Paulo levou Rodrigo Garcia (PSDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) a se engajarem em campanhas paralelas, com convergência de temas e ataques mútuos. As equipes avaliam que a ida ao segundo turno de Fernando Haddad (PT), que hoje lidera as pesquisas, está consolidada. Com a expectativa de que Márcio França (PSB) abandone a corrida para concorrer ao Senado, o lugar restante na disputa, avaliam, ficará com Tarcísio ou Rodrigo.

Pesquisa Datafolha publicada na quinta-feira (30) mostra ambos empatados com 13%, enquanto Haddad lidera com 34%. O diagnóstico faz com que Rodrigo dê acenos mais à direita e Tarcísio mais ao centro, em busca do eleitorado do adversário. Mirando conservadores e bolsonaristas, Rodrigo tem adotado discurso duro na segurança e demonstrações de proximidade com as forças policiais.

Já Tarcísio, por sua vez, embora tenha tom ainda conservador, se mantém mais moderado do que de seu padrinho político, o presidente Jair Bolsonaro (PL), com direito a posicionamento favorável às urnas eletrônicas e defesa da vacinação. Nas últimas semanas, a temperatura da disputa subiu e ambos os pré-candidatos trocam ataques com frequência.

Para se contrapor ao ex-ministro, o governador tem baseado sua campanha em seu conhecimento do estado e no fato de ser um “paulista raiz”, já que o adversário é carioca, e tem investido em obras de pavimentação, dado que o rival tem fama de asfaltar. Enquanto isso, Tarcísio tem batido forte nos problemas de segurança no estado.

Um exemplo dessa dinâmica aconteceu com a ida de Tarcísio ao programa Pânico, da Jovem Pan. Instado a deixar uma pergunta a Rodrigo, o ex-ministro da Infraestrutura questionou se o governador anda livremente com o celular na mão —uma indireta sobre a alta incidência desse tipo de crime no estado.

Rodrigo, então, voltou a bater na tecla da origem de Tarcísio —conforme a Folha revelou, ele não mora no apartamento que indicou à Justiça eleitoral, em São José dos Campos, no interior paulista, assunto investigado pela Promotoria. “Se ao menos ele morasse aqui, pagasse imposto aqui e ajudasse SP a crescer… mas nem isso. Ele ataca SP, eu defendo SP. Ele critica SP, eu me orgulho de SP”, rebateu o governador.

Aliados dos dois candidatos argumentam que eles só rebatem ataques um do outro e acreditam que pelo perfil de ambos o bate-boca não deve passar muito disso. Para chegar ao segundo turno, as campanhas apostam em teses opostas. Na visão da equipe de Rodrigo, a polarização entre petismo e bolsonarismo não deve se repetir no estado.

Por esse raciocínio, agora livre da impopularidade de João Doria (PSDB), hoje fora das eleições, e com boas vitrines para mostrar, a máquina deve pesar a favor do governador —que já está crescendo nas pesquisas. Já do lado de Tarcísio a aposta é que a disputa nacional vai se impor também em São Paulo, impedindo que Rodrigo cresça. Aliados apontam ainda que, no interior, eleitores descontentes com o PSDB e com o ex-governador Doria têm se juntado ao ex-ministro.

O discurso do tucano sobre conhecer São Paulo e ser paulista, argumentam ainda aliados de Tarcísio, pegou mal em um estado composto e construído por migrantes e imigrantes. O ex-ministro tem estudado as questões paulistas e já é considerado mais preparado que Rodrigo entre os seus.

O núcleo de Rodrigo, porém, sustenta que os paulistas não votarão em alguém que caiu de paraquedas no estado e ainda o teria prejudicado quando esteve no governo, travando obras de infraestrutura. O poder da máquina do Palácio dos Bandeirantes não é subestimado entre os apoiadores de Tarcísio, que preferem não encarar Rodrigo no segundo turno. No entanto, há dúvidas se o tucano terá tempo suficiente até a primeira rodada das eleições para colher os louros de seus investimentos nas cidades.

Conforme a Folha vem mostrando, o governador tem feito investimento recorde em asfalto às vésperas da eleição, além de distribuição de veículos e repasses a prefeituras. Aliado a isso, Rodrigo tem feito um discurso que visa a pescar eleitores de Tarcísio. Na quarta (29), durante entrega de 27 mil pistolas, disse que “não é para que policial faça cafuné na cabeça de bandido” e que quem reagir “vai levar bala sim”.

Nessa área, em que o bolsonarismo tem grande apelo, Tarcísio investe em crítica às câmeras corporais dos policiais militares –medida bem-sucedida que, segundo especialistas, ajudou a fazer desabar tanto a letalidade policial quanto as mortes de agentes. Apesar dos dados positivos, o ex-ministro tem dito que o policial não pode ser tratado como suspeito, mas sim os criminosos.

Os ataques do pré-candidato do Republicanos chegaram até a balançar Rodrigo sobre o assunto, que sinalizou que poderia haver mudanças na medida, mas depois recuou. A campanha de Tarcísio busca um equilíbrio entre acenar para a base ideológica de Bolsonaro e tentar furar a bolha em direção ao centro. O principal movimento de abrangência é a participação de políticos do PSD, como Guilherme Afif e Cezinha de Madureira, entre os coordenadores da campanha.

O próprio PSD, de Gilberto Kassab, negocia eventual apoio a Tarcísio. No entanto, a saída de José Luiz Datena (PSC) da disputa ao Senado na chapa do ex-ministro torna a negociação mais incerta. Rodrigo, por sua vez, tenta se apegar a questões práticas da vida da população, fugindo do rótulo de esquerda ou direita.

Em algumas peças de divulgação, as pré-campanhas de Rodrigo e Tarcísio chegam a convergir —os dois se mostram descontraídos e respondem a comentários de pessoas nas redes sociais. Rodrigo com frequência usa seu Fusca nas peças e tem um quadro fixo chamado “Raizômetro”, no qual responde a perguntas sobre o estado. O material é uma indireta em relação a Tarcísio, que reagiu com um vídeo lembrando que o estado é construído por imigrantes.

Artur Rodrigues e Carolina Linhares / Folhapress

Lula e Bolsonaro vão definir xadrez eleitoral de disputas para o Senado pelo país

As articulações do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para formação dos palanques nos estados devem impactar a escolha de candidatos ao Senado nos maiores colégios eleitorais do país. Faltando menos de três semanas para o início do prazo para as convenções partidárias, que ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto, a construção das chapas nos estados entra na reta final com uma série de arestas para serem aparadas.

Dos dez maiores colégios eleitorais do país, nove ainda enfrentam pendências, seja pela falta do candidato ao Senado, seja pela postulação de mais de um nome ao único cargo em disputa. Apenas na Bahia já foram definidos os candidatos ao Senado das quatro principais chapas. Nos principais estados, essa definição deve passar pela estratégia nacional dos partidos para contemplar aliados e ampliar os palanques locais com a adesão de siglas que não estarão na coligação federal.

A eleição para o Senado é uma das prioridades tanto de Lula quanto de Bolsonaro. No caso do petista, o objetivo é ter uma bancada legislativa mais alinhada à esquerda que o deixe menos refém de negociações com partidos fisiológicos no Congresso Nacional. Para Bolsonaro, também pesa o fato de o Senado ser a Casa legislativa que decide sobre temas mais delicados, caso do impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, uma das armas de pressão do presidente em sua escalada de ataques à democracia.

No campo da esquerda, as indefinições passam principalmente pelos embates entre o PT e o PSB, os dois maiores partidos da coligação de Lula. Em São Paulo, os dois partidos enfrentam um impasse com as candidaturas próprias a governador de Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) —ambos seguem sem pré-candidatos ao Senado.

França admitiu na segunda-feira (27) em reunião com a cúpula do seu partido que pode desistir da candidatura ao Palácio dos Bandeirantes e aderir a Haddad. O PT ofereceu a ele a vaga ao Senado na coligação. O imbróglio entre PT e PSB também se estende a Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de estados menores como Espírito Santo, Paraíba e Acre.

No Rio, a disputa se dá em torno da vaga para o Senado: o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano (PT), e o deputado federal Alessandro Molon (PSB) disputam a indicação para concorrer na chapa liderada pelo pré-candidato a governador Marcelo Freixo (PSB). Uma das possibilidades é a de candidatura dupla ao Senado na mesma chapa, mesmo com apenas uma cadeira em disputa. Ceciliano, contudo, exige ser o único candidato da coligação e mantém conversas em aberto com Felipe Santa Cruz (PSD), nome ao governo apoiado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes.

A alternativa de mais de uma candidatura ao Senado ancoradas na mesma coligação ao governo foi considerada legal pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que deliberou sobre o tema em junho. A disputa gaúcha é outra onde a definição do candidato a senador da esquerda ainda depende de um armistício entre PT e PSB. Os petistas lançaram o deputado estadual Edegar Pretto ao governo e os pessebistas querem que o ex-deputado Beto Albuquerque (PSB) encabece a chapa.

A indefinição ainda inclui o PSOL, que nacionalmente também apoia Lula, e mantém a pré-candidatura ao governo do vereador Pedro Ruas. O PT segue sem um nome para o Senado e tenta chegar a um consenso com PSB e PSOL. Em Santa Catarina, o ex-deputado Décio Lima (PT) e o senador Dario Berger (PSB), que eram adversários e agora estão alinhados, disputam quem vai encabeçar a chapa ao governo e também seguem sem definição de candidatura ao Senado.

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou na terça-feira (28) que a definição da formação das chapas não será discutida isoladamente. “As pendências nas negociações estaduais entre PT e PSB serão feitas em bloco, de uma única vez, seja em relação a pré-candidaturas a governos ou Senado. Não haverá nenhuma decisão pontual”.

No campo bolsonarista, há um engarrafamento de pré-candidatos ao Senado em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Em São Paulo, por exemplo, há pontas soltas na definição da chapa do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), com três postulantes ao Senado que o apoiam.

O principal nome para o cargo era o apresentador José Luiz Datena (PSC), mas ele anunciou na quinta-feira (30) que não vai disputar as eleições. Ele trocou o governador tucano Rodrigo Garcia por Tarcísio nas vésperas do fim da janela partidária, mas enfrentava resistências das alas mais radicais do bolsonarismo. Com a saída de Datena da disputa, outras opções seriam o empresário Paulo Skaf (Republicanos), a deputada estadual Janaína Paschoal (PRTB) e a médica Nise Yamagushi (Pros).

O governador Rodrigo Garcia (PSDB) é outro que ainda não tem candidato a senador, mas viu ao menos quatro de seus aliados se lançarem ao cargo. O que teria maior densidade nas urnas, o ex-juiz Sergio Moro, teve a sua transferência de domicílio eleitoral para São Paulo barrada pela Justiça. Também se lançaram o ex-senador José Aníbal (PSDB), o dirigente partidário Fernando Alfredo (PSDB) e o deputado estadual Heni Ozi Cukier (Podemos).

O vereador Milton Leite (União Brasil) era outro nome cotado na base, mas o seu partido se afastou de Garcia e pode se aliar a Tarcísio de Freitas ou até a Haddad. No Rio, o senador Romário (PL) trabalha para concorrer à reeleição na chapa liderada pelo governador Cláudio Castro (PL), mas é rechaçado por bolsonaristas que veem no ex-jogador um nome pouco alinhado às pautas conservadoras.

Os mais radicais querem o deputado federal Daniel Silveira (PTB), mas ele está inelegível após ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal por ameaças e incitação à violência contra ministros da corte. Outro nome que corre na mesma raia é o do ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella (Republicanos). Em Santa Catarina, o campo bolsonarista voltou a ficar aberto após a desistência do empresário Luciano Hang em concorrer ao Senado.

Mas a tendência é de pulverização, já que três candidatos ao governo —Carlos Moisés (Republicanos), Jorginho Mello (PL) e Esperidião Amin (PP) apoiam o presidente. No Rio Grande do Sul, os palanques de Bolsonaro estarão divididos: o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) concorre ao Senado na chapa de Onyx Lorenzoni (PL). Em outra chapa, Luís Carlos Heinze (PP) terá a vereadora Comandante Nádia (PP) como candidata a senadora.

Também há indefinição na chapa do ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que concorre a um novo mandato. Ele mantém conversas com ex-senadora Ana Amélia (PSD) e o senador Lasier Martins (Podemos), que concorre à reeleição. No Paraná e Minas Gerais, há uma aproximação dos governadores com Bolsonaro, mas os bolsonaristas caminham para ter seus próprios palanques localmente

Em Minas, o governador Romeu Zema (Novo) ainda não definiu seus candidatos ao Senado. A escolha também passa pela definição do nome do vice, posto oferecido a Eduardo Costa (Cidadania), jornalista que nunca cumpriu mandatos eletivos. Caso a parceria se concretize, o que depende do PSDB de Aécio Neves, o nome para o Senado será o deputado federal Marcelo Aro (PP) ou o ex-secretário Mateus Simões (Novo). A base de Zema ainda deve ter uma candidatura avulsa a senador do deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC).

O Paraná vive cenário semelhante: o governador Ratinho Júnior (PSD) tem em sua base o pré-candidato a senador Guto Silva (PP), mas mantém conversas com o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PL), que busca amarrar o governador ao palanque de Bolsonaro. Completa o cenário de indefinição a pré-candidatura ao Senado pelo estado de Sergio Moro (União Brasil), cujo partido também faz costuras com o governador. Caso leve adiante a candidatura, ele teria que bater de frente com o seu antigo padrinho político, o senador Álvaro Dias (Podemos).

João Pedro Pitombo / Folhapress

Por que a Bahia comemora a independência em 2 de julho?

Embora praticamente desconhecida em outras regiões do país, festa de 2 de julho é a segunda maior da Bahia, apenas atrás do carnaval.

Um turista desavisado que desembarque em Salvador no dia 2 de julho pode pensar que fez uma viagem no tempo e chegou à cidade em pleno Carnaval, alguns meses antes de ter partido. Mas não, ele desembarcou na data certa. A festa é outra.

Embora praticamente desconhecida em outras regiões do país, é uma das maiores da Bahia. Nela, os baianos comemoram a expulsão das tropas portuguesas e a independência do Estado, ocorrida no mesmo dia de 1823, depois de um ano e cinco meses de uma guerra sangrenta, que envolveu de 10 a 15 mil soldados de cada lado e causou mais de duas mil mortes em combate.

A festa remete à chegada a Salvador, em 2 de julho de 1823, do exército — se é que a palavra se aplica a uma tropa maltrapilha — libertador brasileiro, que havia expulsado os portugueses. Os primeiros soldados começaram a chegar pela manhã. Não pareciam fazer parte de um exército vitorioso. Estavam descalços, quase nus, fracos e cansados.

Situação bem diferente da cena do quadro Entrada do Exército Libertador, do artista Presciliano Silva, pintado em 1930 e hoje exposto no Memorial da Câmara Municipal de Salvador. Ele mostra o comandante brasileiro, o então coronel Joaquim de Lima e Silva, tio de Luiz Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, montado num belíssimo cavalo alazão, seguido por um exército de homens muito contentes, alegres e saudáveis.
De acordo com o escritor, historiador e autor de vários livros sobre a história da Bahia, Luiz Henrique Dias Tavares (1926-2020), em entrevista publicada pela revista Pesquisa Fapesp, em janeiro de 2006, a obra "não representa a verdade". Segundo Laurentino Gomes, em seu livro 1822, os moradores, que já sabiam que os portugueses haviam partido de madrugada, receberam os soldados com festa naquele dia. "E com festa ainda são lembrados todos os anos no dia 2 de julho."

Festa popular
Diferentemente das comemorações de 7 de setembro, que têm caráter mais militar em todo o Brasil — e na própria Bahia — os festejos de 2 julho têm maior participação popular, com desfiles pelas ruas e festas nas casas de Salvador, que duram o dia todo.

A data marca o fim de uma guerra que começou em 1822.

"A Guerra de Independência na Bahia começou dois meses e meio antes do Grito do Ipiranga, quando a câmara da cidade de Cachoeira aclamou D. Pedro como príncipe regente, desligando-se das Cortes de Lisboa", conta o historiador e escritor Paulo Rezzutti, autor do livro Independência, a história não contada: a construção do Brasil de 1500 a 1825.
Os portugueses não gostaram dessa decisão e, com o auxílio de um navio, atacaram pessoas que estavam saindo de uma missa em celebração, mas a população e os soldados reagiram, até que a embarcação se rendesse.

Mas antes disso, houve vários eventos que levaram a esse combate. De acordo com o historiador Francisco Eduardo Torres Cancela, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), a guerra no Estado aconteceu num contexto geral de grandes transformações, a chamada era das revoluções.

"Em agosto de 1820, eclodiu na cidade do Porto uma revolução liberal que, entre outras coisas, defendia o retorno do rei d. João 6º para Portugal e a elaboração de uma constituição para o país", explica.

Segundo Cancela, a recepção dos ideais constitucionalistas na Bahia alimentou uma expectativa de mudança, ainda que sem uma perspectiva de ruptura imediata com o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, levando a uma rápida adesão da província às Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, que era uma espécie de parlamento na época.

"No entanto, as medidas delas referentes ao Brasil começaram a restringir a autonomia anteriormente conquistada, gerando tensões entre diferentes grupos e alterando o jogo de equilíbrio de poder", explica Cancela.

"Foi nessa conjuntura que as divergências sobre a autoridade política acabaram se transformando em conflito armado na Bahia."

Do ponto de vista factual, os antecedentes da guerra começaram em 10 de fevereiro de 1821, quando houve um levante contra o governador local, que levou à criação de uma junta de governo provisória.

"Por meio de decretos, com o intuito de desarticular qualquer iniciativa de implantação de um poder executivo no Brasil, em setembro de 1821, o governo português alterou o comando militar do Brasil subordinando-o a Lisboa", conta o historiador Walter Silva, diretor do Centro de Memória da Bahia (CMB), unidade gerida pela Fundação Pedro Calmon (FPC) da Secretaria de Cultura da Bahia. "Além disso, determinaram o retorno do príncipe d. Pedro para Portugal."
Segundo Rezzutti, a junta provisória, que obedecia diretamente a Lisboa, e não ao príncipe regente no Rio de Janeiro, passou a ter brasileiros em altos postos, entre os quais o militar Manuel Pedro de Freitas Guimarães, que assumiu o comando de armas da província.

As Cortes Constitucionais de Lisboa não gostaram da situação. Por isso, determinaram eleições para uma nova junta de governo em janeiro de 1822, que tomou posse em 2 de fevereiro e parecia mais propensa a aceitar a liderança de d. Pedro, em vez da de Lisboa.

Essa junta confirmou Guimarães como comandante de armas, no entanto, o que gerou conflito com os militares portugueses, especialmente a partir de 11 de fevereiro, quando chegou de Portugal a nomeação, por meio de um decreto de 9 de dezembro de 1821, do militar português Inácio Luís Madeira de Melo para o posto.

E foi aí que a guerra começou de fato. Veterano das guerras de Portugal contra Napoleão Bonaparte, semianalfabeto e autoritário, o general Madeira de Melo tentou subjugar a Bahia pelas armas. Como não poderia deixar de acontecer naquele contexto, houve reação. No dia 19 de fevereiro daquele ano, logo de manhã, militares brasileiros se rebelaram contra a decisão das Cortes, no forte de São Pedro, onde ainda hoje funciona uma unidade militar, e nos quartéis da Palma e da Mouraria.
Madeira de Melo exigiu a rendição dos rebelados, mas eles não o atenderam. Então ele mandou bombardear o forte e os quartéis. Sem condições de resistir, no dia seguinte os brasileiros abandonaram as instalações e foram para a cidade. De acordo com o historiador Johny Santana de Araújo, a partir desse dia, tropas portuguesa e forças baianas passaram a lutar abertamente nas ruas de Salvador.

"Foi ficando cada vez mais evidente que havia dois partidos com interesses antagônicos, um português e um brasileiro, o que acabou criando uma tensão cada vez maior e levando a província a uma guerra civil", diz.

Saques e tumultos

Os combates duraram quatro dias. De acordo com Gomes, em seu livro 1822, saques, tumultos e quebra-quebras tomaram conta da cidade, nos quais de 200 a 300 pessoas foram mortas. Entre elas, estava a primeira mártir da guerra, Joana Angélica de Jesus, superiora do Convento da Lapa, em Salvador. Ela foi assassinada com por soldados portugueses, que queriam invadir o local em busca de munição e dos nativistas contrários ao general Madeira de Melo.

Soror Angélica tentou impedir que os soldados entrassem no claustro, que era vedado para os homens, e acabou sendo morta com golpes de baioneta. O capelão Daniel Nunes da Silva também foi ferido no ataque, mas não morreu.
Segundo Araújo, entre maio e junho de 1822, nas câmaras municipais da região do Recôncavo, começaram a se fazer conclamações a d. Pedro para se tornar defensor perpétuo do Brasil, título oferecido em 13 de maio ao príncipe pelo Senado da Câmara do Rio de Janeiro. "Essas ações eram abertamente contrárias às vontades das Cortes de Lisboa, de levar o príncipe regente de volta a Portugal, e acabaram provocando a reação das tropas portuguesas estacionadas em Salvador", acrescenta.

Rezzutti lembra que, na época, as vilas do Recôncavo, que sustentavam a economia da Bahia, cada vez mais se voltavam para o Rio de Janeiro. Os baianos passaram a considerar a ideia de um Brasil unido ao redor do príncipe regente, como a única maneira de evitar a recolonização do país. "Em 25 de junho, a Câmara da Vila de Cachoeira, com a presença de oficiais brasileiros, do clero e do povo, aclamou D. Pedro como regente do Reino do Brasil, e os cidadãos decidiram não obedecer mais a Madeira de Melo", conta.

Eles pagaram um preço por isso, no entanto. Os portugueses, a bordo de uma canhoneira ancorado do Rio Paraguaçu, que banha a cidade, abriram fogo contra a vila em festa. "Após a aclamação, seguiu-se um cortejo para uma missa, que foi atacado a partir do rio, assim como a vizinha cidade de São Félix", conta Araújo. "Esse ataque marca oficialmente o início da Guerra da Independência na Bahia."

Mas os brasileiros de Cachoeira reagiram e reverteram a situação. Gomes relata que no amanhecer do dia seguinte, uma improvisada flotilha de canoas e pequenos barcos de pesca cercou a canhoneira de todos os lados.

"Na falta de equipamentos mais modernos, os brasileiros usavam espingardas de caça e um canhão antiquíssimo, exibido até então como relíquia na praça da cidade. Sem comida e munição, na tarde do dia 28 o comandante português e seus 26 marinheiros finalmente se renderam. Foi a mais singela, e talvez a mais heroica, de todas as batalhas navais da independência brasileira."
De acordo com Silva, instaurado o conflito e eclodida a guerra, a população em sua grande parte composta por homens negros escravizados, vislumbrando a possibilidade de garantir sua liberdade aderiu à causa. "É fundamental reafirmar a importância da participação do povo (o índio, o caboclo, o negro africano escravizado, o livre) em busca de sua liberdade", diz.

"Porque foi em nome da liberdade que o povo majoritariamente das vilas da região do Recôncavo baiano, munido de armamento improvisado (facão, foice, enxada e outros) foi para o front, para as trincheiras, formando diversos batalhões patrióticos."

Entre eles, Silva cita o dos Voluntários do Príncipe Dom Pedro, que ficou conhecido dos Periquitos, por causa da cor da farda, os Voluntários da Vila de São Francisco e a Companhia dos Caçadores de Santo Amaro, por exemplo.

"Num segundo momento, esses batalhões formaram o Exército Pacificador, comandado pelo general francês Pierre Labatut", acrescenta Silva. "Hoje, o povo que é representado nas comemorações em diversos municípios da Bahia pelas figuras da Cabocla e do Caboclo."
Veterano como Madeira de Melo das guerras napoleônicos, só que pelo lado francês, Labatut foi contratado por d. Pedro para organizar as forças brasileiras na Bahia em um exército regular. Em 3 de julho de 1822, ele foi nomeado pelo príncipe regente como comandante das forças brasileiras, o chamado Exército Pacificador, que combateu as forças de Madeira de Melo. Em 17 de julho ele partiu do Rio de Janeiro para Salvador, levando armas, munições e cerca de 300 homens, entre soldados e oficiais.

Ele deveria desembarcar na capital, mas foi impedido por navios de guerra lusos, que patrulhavas as águas ao largo. Sua esquadra rumou até Maceió, onde ele e suas tropas desembarcaram, em 21 de agosto. Dali, ele foi por terra até o Recife e de lá iniciou a marcha de volta a Salvador, alistando combatentes pelo caminho, numa difícil viagem de três meses.

Neste ínterim, os portugueses receberam reforços na capital baiana. "Em agosto, chegaram 620 soldados enviados pelas Cortes e, em outubro, 10 navios de guerra, levando o total de tropas portuguesas na Bahia a 15 mil homens", conta Rezzutti.

A maior e mais decisiva batalha entre os dois exércitos aconteceu no mês seguinte. "Madeira de Melo começou a tentar furar o bloqueio feito pelos brasileiros em torno de Salvador e avançar para o norte, enquanto as tropas de Labatut marchavam para o sul, na direção da cidade", diz Rezzutti.

"Os dois exércitos se encontraram em 8 de novembro em Pirajá, na periferia de Salvador." Durante 10 horas, cerca de 10 mil soldados combateram com ferocidade.

Esse combate consagrou uma heroína e deu origem a um mito. A primeira é Maria Quitéria de Jesus, então com 30 anos. Nascida em Feira de Santana, em 27 de julho de 1792, ela foi a primeira mulher nas forças armadas brasileiras. Mas para isso, se disfarçou de homem - cortou, amarrou os seios e vestiu roupas masculinas - e se alistou como soldado Medeiros. Pouco depois o pai dela descobriu o estratagema e foi até o quartel para levá-la de volta para casa.
Não conseguiu. Os colegas, impressionados com sua pontaria, coragem e habilidade nos combates, pediram para Maria Quitéria ficar. O comandante concordou, mas exigiu que a partir dali ela usasse um saiote. "Maria Quitéria esteve envolvida em vários combates, juntamente com a sua unidade o Batalhão de Voluntários do Príncipe, do qual fazia parte", conta Araújo.


Em fins de outubro de 1822, ela já estava ativamente participando da defesa da ilha de Maré e na sequência seguiu para as localidades de Conceição, Pituba, e a cidade de Itapuã. Neste caso, ela foi citada na ordem do dia por sua valentia em atacara uma trincheira inimiga, fazendo vários prisioneiros.


"Em abril, avançando com água até os seios, impediu o desembarque de tropas inimigas na barra do Paraguaçu", diz Rezzutti. "Foi recebida em júbilo em Salvador, junto com o exército que libertou a cidade dos portugueses, em 2 de julho de 1823."


No dia 20 de agosto, ela foi recebida no Rio de Janeiro pelo já então imperador d. Pedro I, que pessoalmente a condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul. Também lhe foi concedida, pelo resto da vida, uma pensão militar, pela sua bravura em combate. "Maria Quitéria teria, na ocasião, pedido ao imperador que escrevesse ao seu pai para perdoá-la", revela Rezzutti.


O mito é a história do corneteiro Luís Lopes. Os brasileiros estavam em menor número e começaram em desvantagem, tanto que o comandante das tropas decidiu dar ordem de retirada. Mas Lopes, ao invés de dar esse toque, se confundiu e deu o de "cavalaria, avançar e degolar". Os portugueses se assustaram, porque não estavam vendo cavalaria nenhuma, e recuaram em pânico.


Na verdade, não havia cavalaria mesmo. Isso deu espaço aos brasileiros para avançar e derrotar o inimigo. Alguns dizem que a história, outros que não. O certo é que não há documentação sobre ela.
A segunda e última tentativa de os portugueses de furar o cerco de Salvador pelos brasileiros ocorreu em 7 de janeiro de 1823. Segundo Gomes, foi um ataque cerrado à ilha de Itaparica, com "40 barcas, dois brigues de guerra e lanchas canhoneiras contra a fortaleza de São Lourenço e o povoado". Mas os baianos resistiram heroicamente e depois de três dias de combates, derrotaram os inimigos, que tiveram cerca de 500 mortes. A batalha era decisiva, pois se eles vencessem teriam rompido o bloqueio brasileiro.

Mesmo cercado e com escassez de alimentos e de tudo, Madeira de Melo se recusou a se render. Em vez disso, embarcou suas tropas, num total de cerca de 10 a 12 mil, e zarpou rumo a Portugal, 300 anos depois da chegada de Pedro Álvares Cabral.

Segundo o historiador Pablo Antonio Iglesias Magalhães, da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), a expulsão dos militares portugueses da cidade do Salvador impediu que Portugal mantivesse um porto estratégico no Atlântico sul. "Além disso, possibilitou, nos anos seguintes, a formação do território sob uma unidade constitucional", diz. "Um enclave militar português na segunda maior cidade do Brasil poderia ser um fator de instabilidade."

Para Araújo, a vitória brasileira consolidou a derrota política e militar dos portugueses na Bahia. "Isso contribuiriam para a independência da Bahia, considerada por muitos pesquisadores e comentadores como marco para a efetiva e prática independência do Brasil", diz.

Seja como for, os baianos estão comemorando até hoje. "As comemorações pela Independência do Brasil na Bahia, popularmente conhecida como 2 de Julho, teve início poucos anos depois da data magna do 2 de julho de 1823", diz Silva. "Ela é marcada por um desfile que remonta a entrada do Exército Pacificador na cidade de Salvador, após a fuga dos português vencidos por uma estratégia, que lhes cercou dentro da cidade restringindo o acesso aos mantimentos necessários no front."
As comemorações começam em Cachoeira, de onde sai a tocha simbólica em direção a Pirajá, em Salvador. Além disso, é realizado o Te Deum, cerimônia religiosa em uma igreja de grande relevância da capital (este ano, na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no dia 1º de julho,), uma homenagem da Câmara Municipal aos heróis da Independência e uma cerimônia cívica do 2º Distrito Naval.

O desfile realizado no dia 2 de julho tem percurso entre a Lapinha e o Campo Grande, e conta com a presença do Caboclo e da Cabocla, símbolos da guerra pela independência baiana e da cultura local. "No caminho, grupamentos militares, fanfarras e grupos culturais fazem um lindo cortejo nos turnos da manhã e da tarde que mostra a diversidade presente na Bahia", orgulha-se Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos, órgão municipal responsável pelas festividades do 2 de Julho, em Salvador. "Ao final do desfile, a tocha é acesa por um atleta de destaque no estado, em cerimônia no Campo Grande, com a presença das forças armadas e autoridades públicas."

Festa rica e emblemática

Para ele, a festa do 2 de Julho é a comemoração mais rica e emblemática da cidade. "Ela une espírito cívico, religiosidade e viés profano", explica. "O caboclo e a cabocla voltam às ruas, podendo ser reverenciados e marcarem seu espaço no nosso território. O 2 de julho precisa da rua e do povo para ser comemorado e reverenciado. Muita alegria com essa volta à normalidade, depois da pandemia, e a ocupação de nosso território e nosso espaço."

Apesar de sua grandeza, poucas pessoas de outras regiões conhecem ou já ouviram falar na guerra da independência na Bahia e nas comemorações de 2 de julho na Bahia. "A História do Brasil é feita na perspectiva do Centro sul do país, notadamente instituições no Rio de Janeiro e São Paulo", diz o historiador Pablo Antonio Iglesias Magalhães, da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). "A busca do projeto de unidade constitucional conduziu a um pagamento da história de forças políticas provinciais, sendo que muitos personagens foram absorvidos pelos gabinetes políticos de D. Pedro 1º."

Segundo ele, com exceção dos estudos de Braz do Amaral e de Luís Henrique Dias Tavares, muitos elementos foram omitidos, proposital ou por ignorância, da guerra de independência do Brasil na Bahia. Mas aos isso começa a mudar, no entanto. "Hoje, as universidades do interior do estado da Bahia, por meio dos seus professores e programas de pós-graduação, começam a desempenhar papel estratégico na recuperação dessa história", explica. "E fazem mesmo com poucos recursos para pesquisas sérias."

Lula divulga foto com apoiadores duplicados e vira alvo nas redes

A pré-campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou em redes sociais uma foto de uma passeata realizada neste sábado (2) em Salvador na qual pessoas aparecem duplicadas, o que levou a acusações de adversários sobre uma suposta montagem para aumentar o público da agenda do candidato.

A equipe de Lula admitiu que a foto contém imagens repetidas, mas diz que isso ocorreu em razão de um efeito no modo de registro panorâmico do drone utilizado para fazer a foto.

A campanha enviou à reportagem uma foto e um vídeo em estilo convencional para defender que a passeata contou com um grande público. Imagens feitas por profissionais de imprensa mostram que a agenda foi acompanhada por um grande número de apoiadores.

A foto com as pessoas duplicadas virou alvo de congressistas bolsonaristas nas redes sociais.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, escreveu: “Eu tô achando que foi uma passeata de gêmeos!”. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) publicou um vídeo da agenda de Jair Bolsonaro (PL) em Salvador com os dizeres “Aqui não tem Photoshop!”.

Folhapress

Bahia registra 3.480 casos de Covid-19 e mais 5 óbitos

Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 3.480 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,22%), 2.029 recuperados (+0,13%) e 5 óbitos. Dos 1.584.287 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.540.832 já são considerados recuperados, 13.410 encontram-se ativos e 30.045 tiveram óbito confirmado. Os dados ainda podem sofrer alterações.

O boletim epidemiológico deste sábado (02) contabiliza ainda 1911502 casos descartados e 345522 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica em Saúde da Bahia (Divep-BA), em conjunto com as vigilâncias municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até às 17 horas deste sábado. Na Bahia, 65.112 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

Vacinação

Até o momento a Bahia contabiliza 11.614.886 pessoas vacinadas com a primeira dose, 10.694.821 com a segunda dose ou dose única, 6.320.978 com a dose de reforço e 751.261 com o segundo reforço. Do público de 5 a 11 anos, 972.437 crianças já foram imunizadas com a primeira dose e 556.749 já tomaram também a segunda dose.

Elon Musk rompe silêncio no Twitter e posta foto com o papa

Elon Musk quebrou na sexta-feira (1º) à noite seu silêncio de nove dias no Twitter, a plataforma de mídia social que ele está tentando comprar por US$ 44 bilhões (R$ 233,7 bilhões), postando uma foto de seu encontro com o papa Francisco que aconteceu na quinta-feira (2).

O homem mais rico do mundo postou uma foto em que estava ao lado do papa, com a legenda: “Honrado em conhecer @pontifex ontem”.Elon Musk quebrou na sexta-feira (1º) à noite seu silêncio de nove dias no Twitter, a plataforma de mídia social que ele está tentando comprar por US$ 44 bilhões (R$ 233,7 bilhões), postando uma foto de seu encontro com o papa Francisco que aconteceu na quinta-feira (2).

O homem mais rico do mundo postou uma foto em que estava ao lado do papa, com a legenda: “Honrado em conhecer @pontifex ontem”.

Os quatro filhos adolescentes de Musk também estão na foto, mas não sua filha transgênero, 18, que, em 20 de junho, tentou mudar de nome e romper os laços com ele. O CEO da Tesla tem oito filhos no total.

O bilionário não especificou o local ou os detalhes da reunião, e o Vaticano não informou esta visita privada do papa.

No mês passado, Musk disse que “ainda havia alguns assuntos não resolvidos” na negociação para comprar o Twitter, incluindo o número de usuários spam no sistema e o resultado da parte da dívida do acordo.

Rachna Dhanrajani / Folhapress

‘Ao lado de ACM, vamos fazer a Bahia cada dia mais independente’, diz Professora Dayane Pimentel.

A deputada federal Professora Dayane Pimentel (União Brasil) disse neste sábado (02), durante as comemorações da Independência da Bahia em Salvador, que o ex-prefeito da capital baiana, ACM Neto, é o político mais competente para a administrar o Estado.

“ACM Neto vai colocar a Bahia no mesmo patamar que colocou Salvador. Além de ser um dos melhores políticos do Brasil em quesito de gestão, é o mais querido pelo povo baiano”, ressaltou Dayane.

A deputada também comentou sobre a polarização política nas eleições a nível nacional e estadual: “Buscamos acabar com essa ideia de que só temos a extrema esquerda ou extrema direita como opções. Somos aquilo que a Bahia carrega em seu hino: ‘com tiranos não combinam brasileiros corações’. Ao lado de ACM Neto, que é o nosso líder, vamos fazer a Bahia cada dia mais independente”, disse a parlamentar.

A deputada chegou na comitiva de ACM Neto e se uniu às suas lideranças de Salvador e Feira de Santana que a aguardavam no local.

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