Convicção do eleitor enfraquece tese de voto envergonhado na disputa presidencial

Oito de cada dez eleitores disseram ao Datafolha que já decidiram como votarão para presidente quando estiverem diante da urna no dia 2 de outubro, mas pesquisadores influentes desconfiam que um número significativo deles ainda esconde suas preferências.

Na visão desses especialistas, é possível que alguns apoiadores dos dois candidatos que há meses estão na frente da corrida, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), ainda se sintam desconfortáveis para declarar abertamente sua opção aos institutos de pesquisa.

Seria uma manifestação de um fenômeno conhecido nas ciências sociais como “viés de desejabilidade social”, que leva muitas pessoas a se distanciar de comportamentos reprovados em certas situações, ocultando suas preferências para evitar julgamentos desfavoráveis.

Uma das hipóteses é que bolsonaristas esconderiam o voto devido à alta rejeição do presidente, repudiado por mais da metade do eleitorado. Outra sugere que lulistas teriam vergonha de reconhecer a opção nos ambientes em que a rejeição ao petista também é elevada.

Mas até os que consideram essas hipóteses plausíveis reconhecem que faltam evidências sólidas para comprová-las, numa disputa que tem sido marcada por grande convicção do eleitorado e variações muito pequenas nas preferências captadas pelos institutos de pesquisa.

Há uma semana, quando o Ipespe perguntou aos eleitores numa pesquisa telefônica de âmbito nacional se eles falam abertamente sobre seus candidatos em conversas com desconhecidos ou em locais públicos, 38% disseram que evitam declarar seu voto para presidente.

Segundo o instituto, mulheres e pessoas de baixa renda e menor escolaridade optam mais pelo silêncio. “Como Lula tem ampla vantagem nesses segmentos, pode ser um sinal de que bolsonaristas evitam abrir o voto entre eles”, diz o cientista político Antonio Lavareda, do Ipespe.

O único indício de que isso pode estar ocorrendo de fato é fornecido por pesquisas telefônicas, diz Orjan Olsen, ex-diretor do Gallup. Em geral, elas têm apontado números ligeiramente melhores para o presidente do que as feitas com entrevistas presenciais, como a do Datafolha.

Teoricamente, os eleitores se sentiriam mais à vontade para expressar opiniões políticas nas pesquisas telefônicas por não ter contato direto com os entrevistadores. Muitas são conduzidas por sistemas que disparam automaticamente perguntas gravadas, o que ampliaria esse efeito.

Mas pode ser também que os números reflitam diferenças nas amostras dos levantamentos. “As pesquisas telefônicas têm maior dificuldade para alcançar eleitores mais pobres, fatia na qual a vantagem de Lula é maior, e isso pode explicar a diferença pró-Bolsonaro”, afirma Olsen.

Num artigo publicado pela revista Piauí na terça (20), o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, e seu colega Frederico Batista descreveram três experimentos executados pela consultoria nos últimos meses para testar a hipótese das preferências eleitorais ocultas.

Num deles, realizado em junho, 46% dos entrevistados apontaram Lula como seu candidato e 51% disseram conhecer pessoas que votarão nele. O resultado é similar ao obtido pela Quaest e por outros institutos quando perguntam quem os eleitores acham que vencerá a eleição.

Em outro experimento, alguns eleitores foram submetidos a perguntas que buscavam capturar indiretamente suas preferências eleitorais, sem pedir declaração de voto, e outros não. O resultado apontou uma diferença no caso de Lula, mas muito pequena, de um ponto porcentual.

A Quaest também organizou vários grupos em que eleitores lulistas e bolsonaristas podiam discutir presencialmente suas preferências. A conclusão foi que, em geral, os eleitores petistas se retraíam diante dos bolsonaristas quando sua opção política era questionada no grupo.

“O eleitor de Lula é mais silencioso e tem mais medo de se manifestar”, diz Nunes. Numa das pesquisas feitas pela Quaest para a corretora Genial Investimentos neste mês, somente 26% dos bolsonaristas e 20% dos lulistas disseram que pretendiam declarar o voto publicamente.

Outras pesquisas têm captado evidências de que muitos eleitores estão amedrontados. No início deste mês, 9% disseram ao Datafolha que poderão deixar de votar por temer ações violentas no dia do pleito. Entre os lulistas, 10% pensavam assim. Entre os bolsonaristas, 5%.

Se não há dúvida sobre a tensão no ambiente, faltam evidências de que ela afete os resultados das pesquisas. “Muitas pessoas ficam intimidadas diante do chefe ou do vizinho, mas não vemos isso com os pesquisadores em campo”, diz Luciana Chong, diretora do Datafolha.

O número de eleitores que revelam o voto espontaneamente, antes da apresentação dos nomes dos candidatos pelos pesquisadores, nunca foi tão grande. Nesta semana, 83% declararam voto espontaneamente ao Datafolha. Em 2018, 65% faziam isso a essa altura da disputa.

Na primeira etapa da pesquisa, 14% disseram não saber em quem votar e 4% disseram que votarão em branco ou anularão o voto. Na pesquisa estimulada, após a exibição da lista de candidatos, somente 2% disseram não saber em quem votar, de acordo com o Datafolha.

Nunca houve também tanta convicção no eleitorado, que começou a expressá-la mais cedo neste ano. Segundo o Datafolha, somente 18% dizem que ainda podem mudar o voto. Na eleição de 2018, 34% cogitavam mudar a esta altura da disputa, a poucos dias do primeiro turno.

Em outros anos, o engajamento só começou a crescer com a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, e muitos eleitores deixaram a decisão para a última hora. “Não vejo sinal de voto envergonhado nesta eleição”, afirma Chong. “Se existe algo assim, ele é residual.”

Numa tentativa de contornar vieses nas pesquisas estimuladas, os entrevistadores da Quaest são orientados a convidar os próprios eleitores a marcar suas preferências nos tablets do instituto após a apresentação dos nomes dos candidatos, como se estivessem diante da urna.

Nas pesquisas do Datafolha e de outros institutos, são os pesquisadores que marcam as respostas dos entrevistados. Outros cuidados são tomados para evitar inibições, como assegurar que o eleitor esteja sozinho no momento da entrevista, sem outras pessoas ao seu lado.

Nas últimas semanas, em caráter experimental, o Datafolha e o Ipec pediram que os eleitores marcassem, eles mesmos, suas preferências nos tablets ao final da entrevista. Os institutos afirmam não ter encontrado diferenças significativas entre essas respostas e as dadas antes.

Estudos realizados nos Estados Unidos para verificar problemas na metodologia das pesquisas, que subestimaram o eleitorado do republicano Donald Trump nas duas últimas disputas presidenciais, descartaram a hipótese de que seus eleitores tivessem ocultado preferências.

“O mais provável é que Trump tenha atraído eleitores mais jovens, que habitualmente não votavam, e por isso não tiveram suas preferências captadas pelas amostras dos institutos de pesquisa”, diz Clifford Young, do Ipsos. “Há poucas evidências de que o voto oculto exista”.

Ricardo Balthazar/Folhapress

Amazonas vive crise de violência associada a crime ambiental BRASIL

Rota internacional do narcotráfico, fronteira com três países e um território maior que a região Nordeste. Com essas características geográficas, o Amazonas, em quatro anos de governo Bolsonaro (PL), passou do status de estado mais preservado da Amazônia para o epicentro de conflitos socioambientais e um dos líderes em degradação e violência contra populações tradicionais.

Em 2022, a administração do estado é disputada por oito candidatos, entre os quais três já comandaram o estado: o atual governador Wilson Lima (União Brasil) e os ex-governadores Amazonino Mendes (Cidadania) e Eduardo Braga (senador pelo MDB). Nos planos de governo, os gargalos ambientais do estado são ignorados.

A violência é um capítulo dos problemas da região e foi exposta nos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, mortos por contrariarem interesses da pesca ilegal no Vale do Javari. A terra indígena fica na região de fronteira com Peru e Colômbia, marcada pela influência do tráfico de cocaína e contrabando de riquezas naturais.

É nessa região que o Amazonas, estado que concentra a maior população indígena do país, tem outra peculiaridade: a maior população de índios em isolamento voluntário do mundo.

“Tem uma coisa que articula todos os problemas: o padrão de desenvolvimento que vem predominando na Amazônia toda e no estado do Amazonas. Uma modernização que se beneficia da exploração de recursos naturais —madeira, terra, minério, águas— e ignora o conhecimento e os modos de vida das populações locais”, avalia Marcelo Seráfico, sociólogo e professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas).

O Amazonas saltou de quarto estado no ranking de desmatamento da Amazônia, em 2020, para o segundo lugar em 2021, mostra o RAD (Relatório Anual de Desmatamento) do MapBiomas. O processo de derrubada de árvores vem na esteira do fortalecimento da chamada Amacro, nova fronteira de expansão do agronegócio na divisa de Amazonas, Acre e Rondônia.

Segundo o MapBiomas, em três anos, o Amazonas apareceu pela primeira vez na frente de Mato Grosso e Maranhão, atingindo assim o segundo lugar na lista de estados que mais desmatam.

Cidades como Humaitá, Lábrea e Apuí tiveram altas de desmatamento que alavancaram o estado no ranking negativo. Os três municípios ficam no sul do Amazonas, na região da Amacro, onde também é preocupante a disparada dos focos de incêndio nos últimos anos.

Dos dez municípios com maior registro de incêndios acumulados entre janeiro e agosto deste ano, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), quatro são do Amazonas: Apuí, Novo Aripuanã, Manicoré e Lábrea.

No primeiro ano do governo Bolsonaro e de seu aliado no Amazonas, Wilson Lima, os registros de focos de incêndio saíram de 3.873, em 2018, para 7.889, em 2019, um aumento de 104%.

Em 2022, embora haja queda de 5% na comparação entre o período de janeiro a agosto deste ano com o mesmo de 2021, os dados continuam altos quando a referência é o ano anterior à posse de Bolsonaro e Lima.

Recentemente um incêndio em 1.800 hectares (o equivalente a 11 parques Ibirapuera) na região do rio Manicoré espalhou fumaça até Manaus. Dois meses antes, o governador havia dito, ao visitar a área em campanha, que iria “até as últimas consequências” para impedir a criação de uma RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) no local.

O Amazonas também lidera há três anos o ranking de homicídios de indígenas, de acordo com relatório do Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Em 2021, foram 38 assassinatos.

O aumento dos crimes ocorre em paralelo a uma fragilização dos órgãos de defesa dessa população, destaca Gersem Baniwa, doutor em antropologia social indígena e professor da UnB (Universidade de Brasília).

“A Funai não serve mais em lugar nenhum do Brasil para defesa ou proteção dos povos indígenas, mas se tornou órgão assessor e de implementação da política do governo federal contrária aos povos indígenas”, diz.

Uma das maiores fontes de pressão sobre os povos originários da floresta é o garimpo ilegal, especialmente na Terra Indígena Yanomami, que vai do Amazonas a Roraima —o maior território demarcado no país.

O governo Bolsonaro, que tem projeto de liberação da mineração em terra indígena, potencializou sua defesa dessa pauta com a Guerra da Ucrânia e a crise de fertilizantes.

A solução proposta no Plano Nacional de Fertilizantes é liberar a exploração de potássio —e uma das maiores jazidas do mundo está no município de Autazes (AM). A exploração do minério, que chegou a receber autorização do órgão estadual Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), é questionada pelo MPF (Ministério Público Federal) por não ter sido feita consulta prévia aos povos que serão impactados.

Segundo o MPF, a obra para exploração da reserva fica a menos de 3 km da Terra Indígena Jauary, a cerca de 6 km da Terra Indígena Paracuhuba e a 12 km da Terra Indígena Guapenu.

O avanço do garimpo no estado do Amazonas também ficou evidente em novembro do ano passado, quando um grupo de garimpeiros ilegais desafiou as forças de segurança do estado e montou uma espécie de cidade flutuante para a exploração do ouro. Naquele período, centenas de balsas e dragas foram instaladas no rio Madeira, a 112 km de Manaus.

A cena não foi uma novidade no Madeira, que sofre degradação pelo garimpo ilegal há décadas. No entanto, nunca havia sido registrada uma ação dessas proporções tão próxima da capital, que concentra as forças de repressão do estado.

“[Os ribeirinhos] encontram uma ocupação [no garimpo ilegal], não melhoram suas condições de vida, ficam expostos à violência e ainda participam de algo que não participavam, que é a própria degradação do meio ambiente por completa ausência de perspectiva”, conclui Seráfico.

Lula lidera em gastos com advogados na atual campanha presidencial

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi a que mais gastou com advogados entre as presidenciais até o momento. Foram R$ 2,9 milhões, destinados a três escritórios.

O de Cristiano Zanin e Valeska Teixeira, que representaram o petista na Operação Lava Jato, ficou com R$ 1,2 milhão, mesmo valor destinado ao que pertence ao ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão. Já o Araujo Recchia Santos, formado por advogadas próximas ao grupo Prerrogativas, recebeu R$ 500 mil.

O arranjo da campanha do ex-presidente contemplou alas jurídicas do lulismo que não se bicam, especialmente as que orbitam em torno de Cristiano Zanin e do Prerrogativas.

O escritório de Tarcísio Vieira de Carvalho, ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), recebeu R$ 1,8 milhão do PL para trabalhar na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A campanha de Soraya Thronicke (União Brasil) foi a segunda que mais gastou com advogados até o momento, R$ 2 milhões, divididos entre quatro escritórios.

Simone Tebet (MDB) também contratou quatro escritórios, mas gastando menos, R$ 1,35 milhão. Ciro Gomes (PDT) foi o mais econômico até agora: R$ 500 mil para um representante.

Fábio Zanini/Folhapress

Quem venceu o debate no SBT?

O segundo dos três debates com candidatos à Presidência das eleições 2022 no primeiro turno aconteceu na noite deste sábado, 24. O evento foi organizado por um pool de veículos de imprensa – Estadão e a Rádio Eldorado em parceria com SBT, CNN, Veja, Terra e a Rádio Nova Brasil FM. O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) foi alvo preferencial dos participantes. A artilharia dos candidatos também esteve voltada contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não compareceu.
Orçamento secreto e casos de corrupção dominaram o encontro. Os ataques ao governo Bolsonaro foram mais constantes e contundentes principalmente por parte das senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). Ciro Gomes (PDT) e Felipe d’Avila (Novo) também questionaram o presidente sobre o assunto, com troca de acusações. Em uma postura mais defensiva, Bolsonaro fez dobradinha com Padre Kelmon (PTB), recebendo elogios do candidato.

Silvio Cascione: Bolsonaro foi bem

Para Silvio Cascione, colunista do Estadão, Lula não se beneficiou da ausência. Ele foi ofuscado pela presença caricata de Padre Kelmon, e os memes gerados pelas várias cotoveladas e direitos de resposta entre os candidatos. Simone e Ciro aproveitaram a oportunidade para chamar a atenção e Bolsonaro teve um bom desempenho em um debate difícil para ele. “Foi disciplinado, dada a quantidade de críticas ao governo. Quando atacado, respondeu com cautela, dentro do ensaiado, e foi o candidato que mais tentou trazer à luz o tema mais importante destas eleições – a economia”, diz.

O problema é que isso é pouco para virar o jogo, segundo Cascione. “Juntando todas as peças do discurso econômico de Bolsonaro, a verdade é que ele não trouxe novidades, e por isso não deve causar impacto”, analisa. A explícita tabelinha com Padre Kelmon também não ajudou - talvez tivesse sido útil se Lula estivesse lá para ser constrangido.

Leia o texto completo aqui.

Daniel Fernandes: Lula e Bolsonaro sob ataque

Para o editor do Estadão Daniel Fernandes, não houve vencedores, mas muitos perdedores - principalmente Lula, pela ausência. O presidente Jair Bolsonaro (PL) também saiu no prejuízo. “Bolsonaro também foi bastante atacado, sobretudo, pelas candidatas Soraya Thronicke e Simone Tebet, mas também por Ciro Gomes, sobretudo na parte final do debate”, afirma.

Bastidores: Ciro e Bolsonaro trocam sorrisos

Nos bastidores, Ciro e Bolsonaro trocaram sorrisos e cochicharam nos intervalos do debate. Ciro é alvo de um cada vez mais intenso “ataque especulativo” do PT, que assedia os eleitores do pedetista apelando para o “voto útil” em Lula já no primeiro turno. Como resposta, o ex-ministro do governo petista e ex-governador do Ceará tem respondido subindo o tom nas críticas a Lula e seu partido. Essa crescente animosidade ficou explícita no debate deste sábado, 24, e as críticas de Ciro a Lula alcançaram alguns tons acima do tratamento dispensado pelo pedetista a Bolsonaro.

Assim como os demais candidatos, Ciro atacou Lula pela ausência e pela falta de disposição para debater. Ao longo do debate, houve momentos em que ele e Bolsonaro convergiram, como quando aproveitou uma pergunta sobre STF para falar em “intrusão” da Corte em temas da política. Já o presidente reforçou a ideia, destacando que os ministros atrapalham seu governo. Nos intervalos, Ciro e Bolsonaro trocaram sorrisos, e uma imagem viralizou com o pedetista cobrindo a boca, cochichando com o presidente.

Leia o texto completo sobre os bastidores de Beatriz Bulla, Pedro Venceslau e Mariana Carneiro, clique aqui.
Veja o debate na íntegra
https://www.msn.com/pt-br/noticias

Bolsonaro trava embate com Ciro, Tebet e Soraya, e Lula é atacado por ausência em debate

Em debate marcado pela ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PT) se tornou alvo principal das críticas dos adversários e protagonizou embates com Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Substituto do bolsonarista Roberto Jefferson (PTB), impedido de concorrer, Padre Kelmon (PTB) fez dobradinhas com Bolsonaro, em meio a perguntas recheadas de críticas à esquerda sobre aborto e perseguição aos cristãos na Nicarágua.

O debate deste sábado (24) foi organizado em pool por SBT, CNN Brasil, O Estado de S. Paulo, Terra, Veja e as rádios Eldorado e Nova Brasil.

O púlpito reservado a Lula ficou vazio. O petista disse que não poderia comparecer porque já tinha compromissos agendados previamente e porque não haveria tempo para ele se preparar. Ele deve participar do debate da Globo no dia 29.

Enquanto seus adversários debatiam no estúdio, o ex-presidente criticava Bolsonaro em comício na noite deste sábado (24) em Itaquera, na zona leste de São Paulo.

“Todo dia ele fala ‘eu não sou ladrão’. Ele vai ver se é ladrão ou não quando eu tomar posse e acabar com esse sigilo. Qualquer coisinha, ele faz um decreto de sigilo de 100 anos. Vou acabar no primeiro dia com isso, para [a gente] ver o que está escondido”, disse.

A ausência do líder nas pesquisas foi criticada pelos demais candidatos. Bolsonaro disse que essa atitude demonstra falta de compromisso com a população, Ciro chegou a falar que o petista está de salto alto, e Tebet disse que o ex-presidente pede à população um cheque em branco —a expressão tem sido usada diante da falta de detalhes sobre o que pretende fazer se for eleito.

Sem o petista, Bolsonaro protagonizou os embates mais duros com as senadoras Tebet e Thronicke. Na primeira pergunta, Tebet cobrou o presidente sobre o corte de recursos para merenda e creches e indagou por que ele não dá prioridade para as crianças.

Ela lembrou ainda de palavras chulas que o presidente diz.

Na resposta, Bolsonaro insinuou que a emedebista dá apoio velado a Lula e disse que fala sim alguns palavrões, mas não defende ladrão.

Ele acusou tanto Tebet como Thronicke de se beneficiarem com verbas das emendas de relator, o chamado orçamento secreto, gastas com pouca transparência e disse que o Orçamento é feito a quatro mãos, com o Executivo e o Legislativo.

“Eu não sei para onde vai o dinheiro do orçamento secreto”, chegou a afirmar o presidente.

Em suas interações com o presidente, Thronicke fez referências veladas à aquisição de leite condensado, viagra e próteses penianas pelo Exército ao atacar Bolsonaro.

“O que é o que é, não reajusta merenda escolar, mas gasta milhões com leite condensado, tira remédio da farmácia popular, mas mantém a compra de viagra, não compra vacina para Covid, mas distribui prótese peniana para os amigos?”, afirmou a senadora.

Ela disse ainda que o presidente “não deveria cutucar onça com sua vara curta”.

Com alta rejeição entre as mulheres e desgastado após ataque à jornalista Vera Magalhães no debate anterior, o presidente focou suas críticas às duas senadoras principalmente na verba que elas usaram das emendas de relator.

Bolsonaro também ouviu críticas de Ciro Gomes (PDT).

O pedetista, em terceiro lugar, distribuiu os ataques entre Lula e Bolsonaro de forma equivalente e citou mais de uma vez investigações contra os filhos dos dois líderes nas pesquisas.

Em dobradinhas com Bolsonaro, Padre Kelmon (PTB) fez perguntas sobre aborto e perseguição aos cristãos na Nicarágua e indagou se o presidente não fez nada de bom.

Em questões a Ciro e Tebet, o padre cobrou postura contra o aborto. Os dois responderam que são a favor da vida. A senadora chegou a falar que jamais se confessaria com o padre.

“O feminismo no Brasil precisa ser entendido não como uma pauta de esquerda, mas como uma pauta cristã”, afirmou.

Bolsonaro voltou a criticar no debate o STF (Supremo Tribunal Federal) e disse que mudará a corte com as duas nomeações que poderá fazer em um eventual segundo mandato.

“Com quatro pessoas lá dentro pensando em prol do Brasil, o Supremo mudará a forma de agir. Não mais mudará a vida de todos nós”, afirmou, referindo-se à duas nomeações que já fez —os ministros André Mendonça e Nunes Marques.

Antes do evento, ele comentou decisão de Mendonça retirando a censura sobre reportagem do site UOL a respeito de compra de imóveis pelo clã Bolsonaro com dinheiro vivo.

“Viram a decisão do Supremo sobre imóveis ontem? Vamos cumprir a decisão do Supremo. O UOL fez um trabalho sujo. Desde 1990 levantou os imóveis que familiares meu compraram, não levantou o que venderam”, disse o presidente. “Continua valendo decisão do Supremo de ontem, mas quem persistir nos ataques de imóveis meu é da minha família vai responder Civil e criminalmente”.

AUSÊNCIA DE LULA

Após condicionar sua participação em debates à formação de um pool de emissoras, Lula deverá comparecer a somente dois deles no primeiro turno das eleições.

O ex-presidente teve seu desempenho criticado no debate organizado pelo pool da TV Bandeirantes, Folha, UOL e TV Cultura, em agosto, principalmente por não responder diretamente a questionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre corrupção.

A presidente do PT e coordenadora da campanha de Lula, Gleisi Hoffmann, disse que o petista irá ao debate da TV Globo, o último antes do primeiro turno, na próxima quinta-feira (29).

Na noite desta sexta (23), Lula disse que o SBT demorou para formar um pool para o debate, o que a emissora nega.

“Eu tenho profundo prazer de participar de debate. É bom participar. Lamentavelmente o debate do SBT demorou um pouco. A minha coordenação mandou uma carta para fazer um pool e, quando veio a resposta, eu já tinha agenda no Rio de Janeiro e em São Paulo”, afirmou o petista.

Ele que não poderia desmarcar os atos que já tinha confirmado presença. “Porque faltando uma semana para as eleições, você desmarcar compromissos avisados para o povo é muito delicado”.

Em nota, o SBT afirma que, diferentemente do que foi declarado pelo candidato, a formação do pool ocorreu antes da sugestão feita pela campanha do petista.

“Em 22 de março, os quatro grupos enviaram formalmente email às campanhas presidenciais, comunicando a realização do debate e informando as datas escolhidas para os confrontos do primeiro e do segundo turno”, diz um trecho do texto.

Ainda segundo a nota divulgada pela emissora, “em 28 do mesmo mês, foi realizada a primeira reunião presencial com representantes dos candidatos convidados. A campanha de Lula esteve presente em tal reunião, assim como em todas as demais reuniões convocadas para discutir os detalhes e regras do debate”.

Angela Pinho/Carlos Petrocilo/Folhapress

Família Real divulga foto da lápide da rainha Elizabeth 2ª

O Palácio de Buckingham divulgou neste sábado (24) uma fotografia do local onde foi enterrada a rainha Elizabeth 2ª, na Capela de St. George, no Castelo de Windsor, em Londres.

Esculpida à mão em mármore preto belga, a lápide traz os nomes dos pais da rainha —o rei George 6º e a rainha Elizabeth—, dela e do marido, Philip, morto em abril de 2021. Ao lado de cada nome, aparecem as datas de nascimento e de morte.

Além dos pais e do marido, a irmã de Elizabeth, a princesa Margaret, também está enterrada na capela.

Folhapress

Saúde cadastra laboratórios para diagnóstico de varíola dos macacos

O Ministério da Saúde informou que cadastrou sete novos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) para realizar testes diagnósticos de varíola dos macacos, também conhecida como monkeypox. “A partir de agora, Bahia, Goiás, Santa Catariana, Ceará, Pernambuco, Paraná e Espírito Santo também terão capacidade para fazer a análise das amostras. Com isso, a pasta garante maior celeridade à identificação do vírus, que é monitorado desde que foi detectado pela primeira vez no país, em junho de 2022”, informou a pasta.

Antes da ampliação, os exames já eram realizados pelos Lacens de Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, além dos laboratórios de referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro e no Amazonas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Evandro Chagas, no Pará.

Segundo dados do Ministério da Saúde, até terça-feira (20), pelo menos 7.115 casos da infecção viral já haviam sido registrados em todo o país. A maioria nos estados de São Paulo (3.548), Rio de Janeiro (963), Minas Gerais (446), Goiás (415) e Ceará (247).

O diagnóstico é feito exclusivamente por teste molecular do tipo PCR, mesma tecnologia dos testes de Biomanguinhos, da Fiocruz, aprovados pela Anvisa.

Com relação aos testes de Biomanguinhos, a previsão inicial de aquisição pelo Ministério da Saúde é, inicialmente, de 60 mil kits, quantitativo que pode variar de acordo com a disponibilidade, para distribuição por toda a rede de Lacens e Laboratórios de Referência, considerando a situação epidemiológica de cada estado.

Suspeita

As autoridades de saúde alertam que em caso de suspeita da doença, o teste molecular para diagnóstico laboratorial deve ser realizado em todos os pacientes. Ele é capaz de detectar o material genético do vírus na amostra colhida de cada indivíduo. “Para isso, ela deve ser coletada, preferencialmente, a partir da secreção das lesões purulentas. Quando estas já estão secas, as crostas podem ser retiradas e encaminhadas ao laboratório”, orientou a pasta.

Para quem testou positivo, a conduta recomendada é a manutenção do isolamento até desaparecimento das crostas e a completa cicatrização da pele, sem a necessidade de um novo teste. Os sintomas mais comuns são erupção cutânea ou lesões espalhadas pela pele; adenomegalia/linfonodos inchados, também conhecidos como ínguas; dor de cabeça; calafrios e fraqueza.

Edição: Fernando FragaO Ministério da Saúde informou que cadastrou sete novos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) para realizar testes diagnósticos de varíola dos macacos, também conhecida como monkeypox. “A partir de agora, Bahia, Goiás, Santa Catariana, Ceará, Pernambuco, Paraná e Espírito Santo também terão capacidade para fazer a análise das amostras. Com isso, a pasta garante maior celeridade à identificação do vírus, que é monitorado desde que foi detectado pela primeira vez no país, em junho de 2022”, informou a pasta.

Antes da ampliação, os exames já eram realizados pelos Lacens de Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, além dos laboratórios de referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro e no Amazonas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Evandro Chagas, no Pará.

Segundo dados do Ministério da Saúde, até terça-feira (20), pelo menos 7.115 casos da infecção viral já haviam sido registrados em todo o país. A maioria nos estados de São Paulo (3.548), Rio de Janeiro (963), Minas Gerais (446), Goiás (415) e Ceará (247).

O diagnóstico é feito exclusivamente por teste molecular do tipo PCR, mesma tecnologia dos testes de Biomanguinhos, da Fiocruz, aprovados pela Anvisa.

Com relação aos testes de Biomanguinhos, a previsão inicial de aquisição pelo Ministério da Saúde é, inicialmente, de 60 mil kits, quantitativo que pode variar de acordo com a disponibilidade, para distribuição por toda a rede de Lacens e Laboratórios de Referência, considerando a situação epidemiológica de cada estado.

Suspeita

As autoridades de saúde alertam que em caso de suspeita da doença, o teste molecular para diagnóstico laboratorial deve ser realizado em todos os pacientes. Ele é capaz de detectar o material genético do vírus na amostra colhida de cada indivíduo. “Para isso, ela deve ser coletada, preferencialmente, a partir da secreção das lesões purulentas. Quando estas já estão secas, as crostas podem ser retiradas e encaminhadas ao laboratório”, orientou a pasta.

Para quem testou positivo, a conduta recomendada é a manutenção do isolamento até desaparecimento das crostas e a completa cicatrização da pele, sem a necessidade de um novo teste. Os sintomas mais comuns são erupção cutânea ou lesões espalhadas pela pele; adenomegalia/linfonodos inchados, também conhecidos como ínguas; dor de cabeça; calafrios e fraqueza.

Edição: Fernando Fraga
Por Karine Melo – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Ministro do TSE proíbe realização de lives de campanha no Alvorada

O ministro Benedito Gonçalves do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu que o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, faça lives no Palácio da Alvorada ou no Palácio do Planalto com pronunciamentos de conteúdo eleitoral. Em sua decisão, proferida hoje (24), o ministro entendeu que tais transmissões ferem a isonomia entre os candidatos, uma vez que o presidente usou bens e recursos públicos em uma live de campanha.

“Os elementos presentes nos autos são suficientes para concluir, em análise perfunctória, que o acesso a bens e serviços públicos, assegurado a Jair Messias Bolsonaro por força do cargo de Chefe de Governo, foi utilizado em proveito de sua campanha e de candidatos por ele apoiados”, disse Gonçalves em sua decisão.

A decisão do TSE atendeu um pedido do PDT. Em seu pedido, o partido afirmou que Bolsonaro desvirtuou a finalidade da live, que sempre foi feita para divulgar atos de governo, e usou a estrutura da administração pública federal para servir seus propósitos eleitorais.

Na quarta-feira (21), Bolsonaro fez uma live fugindo do seu hábito de, desde 2019, realizar uma live por semana sempre às quintas-feiras. Nessa transmissão, o candidato à reeleição disse que, com a proximidade das eleições, faria lives diárias e dedicaria parte do tempo para promover candidatos apoiados por ele. Na live do dia 21, ele também pediu votos para outras candidaturas.

Além de proibir novas lives de cunho eleitoral em instalações da administração pública, o ministro do TSE também determinou a remoção da live do dia 21 de setembro das redes sociais. “Faz-se necessário tanto determinar a remoção do material potencialmente irregular quando vedar que seja reiterada a conduta – especialmente em razão do anúncio de que as lives poderão ser veiculadas diariamente até a véspera do pleito”, decidiu o ministro.

Edição: Fábio
Por Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Ipiaú: kits recebidos trará fortalecimento na produção de leite e cacau


A Prefeitura de Ipiaú, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Ipiaú, em parceria com o Consórcio Intermunicipal do Médio Rio das Contas-CIMURC- e o Governo do Estado, realiza mais uma importante ação em favor dos agricultores familiares do município. Desta vez é pelo fortalecimento das cadeias produtivas do leite e cacau.

Nada menos que 80 pequenos produtores serão beneficiados com kits produtivos que envolvem insumos e outros equipamentos fundamentais para o desenvolvimento da nova ação do Programa Bahia Produtiva, vinculado ao projeto Parceria Mais Forte, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) /Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR).

Em ato realizado na última segunda-feira, 19, na sede do Cimurc, em Jequié, o secretário municipal da Agricultura e meio Ambiente, Poleandro Silva, recebeu do titular da SDR, Jeandro Ribeiro, o kit contendo insumos e equipamentos que, brevemente, serão repassados para os os pequenos produtores e agricultoras familiares de Ipiaú.

São dois tanques de resfriamento de leite, cada um com capacidade para dois mil litros, 60 sacos de calcário, Kit forrageira para cuidar bem da pastagem, além de dois tablets e duas motocicletas para os assistentes técnicos que atenderão as associações dos agricultores e produtores familiares. Tem ainda kits galinha poedeira, com local apropriado para armazenamento de ovos.

O secretário Poleandro Silva comentou que essa parceria possibilitará que os produtores imprimam mais dinamização e produtividade no serviço do campo, visando o fortalecimento dos negócios e da renda no segmento.
José Américo / DIRCOM Prefeitura Ipiaú

Entidades mobilizam ‘QG’ para reagir a tentativas de tumultuar dia da eleição

Um conjunto de entidades da sociedade civil se mobiliza para reagir a eventuais tentativas de tumultuar a votação no próximo dia 2.

Reunidos em encontros quinzenais desde julho, e semanais desde a semana passada, os representantes das organizações têm feito um mapeamento dos principais riscos de ocorrências e distribuído tarefas entre seus integrantes.

As ações já executadas até aqui, em conjunto ou individualmente por cada grupo, vão desde gestões para que as prefeituras garantam transporte público às zonas eleitorais até reuniões com representantes de outros países para garantir um reconhecimento rápido do resultado da votação.

A ideia é que, no dia da votação, as entidades estejam reunidas em um lugar físico ainda a definir, que funcionará como uma espécie de “sala de situação” para reagir a eventuais problemas, diz Flávia Pellegrino, coordenadora executiva do Pacto pela Democracia, que integra o grupo.

Entre as outras entidades que têm participado dos preparativos para a data estão Comissão Arns, Conectas, Direitos Já!, Fundação Tide Setubal, Transparência Internacional, Rede Liberdade e Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), entre outras.

A “vigília cívica” também terá um papel simbólico, diz Pellegrino, de mostrar que a sociedade civil está engajada em defender a integridade do processo eleitoral.

Trata-se de uma reação à série de ataques ao sistema eleitoral brasileiro feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Além de fazer uma série de afirmações falsas e já desmentidas sobre o sistema eletrônico de votação, Bolsonaro em mais de uma ocasião colocou em dúvida sua postura diante do resultado da escolha popular.

No ano passado, chegou a falar que só sairia da Presidência morto ou com vitória e, neste, colocou como condição para aceitar o resultado considerar que as eleições foram “limpas”, o que em diversas ocasiões ele já colocou em dúvida.

O trabalho das entidades, explica a coordenadora, se dá em três eixos: a qualificação do processo eleitoral, com estímulo à participação dos cidadãos no pleito; a defesa do processo eleitoral, com ações para mitigar eventuais constrangimentos a quem for votar; e a defesa do resultado da escolha popular.

A ideia é que diferentes frentes atuem para atingir esses objetivos. Parte do trabalho se dará no domingo da eleição, mas boa parte já começou.

Nesta sexta-feira (23), por exemplo, a Raps enviou aos vereadores que compõem a sua rede sugestão para que enviem ao Poder Executivo do município onde atuam um requerimento perguntando qual o plano para garantir transporte público aos cidadãos na eleição.

Aos prefeitos e vices foram feitas sugestões com o mesmo objetivo.

Outros grupos estão trabalhando na frente das redes sociais, atuação que será mantida e eventualmente reforçada no domingo. O objetivo é detectar a disseminação de desinformação sobre o processo e reagir com celeridade.

Os representantes da vigília também estarão em contato com plataformas digitais para tentar obter respostas rápidas durante a votação.

Na frente da segurança pública, já foram feitos os contatos com Ministérios Públicos estaduais de todo o país e mesmo com alguns governadores para que as polícias sejam orientadas sobre como reagir a eventuais tentativas de tumultuar o processo.

Em outra linha de ação, diz Pellegrino, também já foram efetuados contatos com mais de duas dezenas de embaixadas em busca de um reconhecimento rápido do resultado da votação, seja ele qual for.

Essa gestão junto a atores internacionais é a continuidade de um trabalho que já vem sendo feito há meses por entidades como o próprio Pacto pela Democracia e o Washington Brazil Office.

Representantes dessas organizações, entre outras, já foram ao Capitólio, ao Departamento de Estado dos EUA e ao Parlamento Europeu neste ano para alertar sobre as ameaças ao sistema eleitoral no Brasil e pedir aos interlocutores que se manifestem reconhecendo a validade do resultado da eleição.

No dia 2, integrantes da “vigília cívica” estarão em contato direto também com observadores do pleito no Brasil.

Na avaliação da coordenadora, qualquer ocorrência pontual na votação no país pode gerar ruídos e escalar para todo o país. Por isso, afirma, a ideia é que a ação tenha abrangência nacional.

Não está descartado eventual acompanhamento da totalização dos votos. A iniciativa seria uma forma de não deixar as Forças Armadas sozinhas na iniciativa.

Militares devem ser enviados para tirar fotos de boletins de urna e conferir se os dados são os mesmos que chegam ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A atuação conjunta da sociedade civil em defesa do processo eleitoral ecoa iniciativas feitas em outros países como os Estados Unidos e Filipinas, em que as entidades se reuniram para reagir a tentativas de seus mandatários de desacreditar o sistema.

A vigília não tem exatamente os mesmos atores que articularam a leitura das cartas pela democracia no dia 11 de agosto, mas todos eles apoiaram o ato realizado na Faculdade de Direito da USP.

Angela Pinho/Folhapress

Chanceleres de EUA e China se reúnem em meio a tensões por Taiwan

Os chefes da diplomacia de Estados Unidos e China, Antony Blinken e Wang Yi, respectivamente, reuniram-se nesta sexta-feira (23) em Nova York, em meio a tensões bilaterais sobre Taiwan.

Blinken e Yi apertaram as mãos e trocaram cumprimentos diante das câmeras, antes de iniciarem sua reunião de cerca de 90 minutos, à margem da Assembleia Geral anual da ONU.

Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, o secretário Antony Blinken "enfatizou que preservar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan é fundamental para a segurança e a prosperidade regional e mundial".

O chefe da diplomacia americana também advertiu seu homólogo chinês sobre as consequências do apoio de Pequim à “invasão russa de um país soberano”, acrescentou Price.

Oficialmente neutra, a China é, com frequência, acusada por lideranças ocidentais de ser muito conciliadora com a Rússia. Autoridades americanas manifestaram, no entanto, esperanças moderadas, após as declarações de Pequim esta semana na ONU.

Em Nova York, o chanceler chinês também se reuniu com o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, a quem garantiu que Pequim pediu que se respeite "a integridade territorial de todos os países".

A reunião entre Blinken e Wang foi "extremamente franca, construtiva e minuciosa", resumiu um funcionário americano, que pediu para não ser identificado.

Este é seu primeiro encontro desde julho passado, em Bali, quando se mostraram dispostos a retomar o diálogo bilateral.

Um mês depois, a presidente da Câmara de Representantes (Deputados) dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, viajou para Taiwan, provocando a ira de Pequim e renovando as tensões entre as duas grandes potências.

Em uma entrevista no domingo (18), o presidente americano, Joe Biden, disse estar pronto para intervir militarmente, caso Pequim ataque Taiwan.

Na reunião com Blinken, Wang acusou os Estados Unidos de "enviarem sinais muito ruins e perigosos", que estimulam Taiwan à independência, de acordo com um comunicado do Ministério chinês das Relações Exteriores.

Wang disse a Blinken que a China deseja uma "reunificação pacífica com Taiwan e que, "quanto mais atividades pela independência de Taiwan" foram realizada, haverá menos possibilidades de uma "solução pacífica", frisou a Chancelaria chinesa.

Em um aparente sinal de uma leve redução das tensões entre ambas as potências, o ministro chinês se reuniu em Nova York com o enviado americano para o clima, o ex-secretário de Estado John Kerry, embora Pequim tenha suspendido a cooperação com Washington nesta matéria, em retaliação à visita de Pelosi a Taiwan.

Em um discurso na quinta-feira (22), Wang voltou a expressar o profundo mal-estar de Pequim pelo apoio dos EUA à ilha de Taiwan.

"A questão de Taiwan está-se tornando o ponto de tensão mais arriscado nas relações EUA-China", disse ele.

"Se mal administrada, pode devastar as relações bilaterais", alertou, em conferência no "think tank" Asia Society. "Assim como os Estados Unidos não permitem a saída do Havaí, a China tem o direito de defender a unificação do país", acrescentou.

Wang declarou ainda que ambos os países querem que o relacionamento bilateral "funcione" sem confronto e observou que Washington está jogando em várias frentes ao mesmo tempo.

O Congresso americano é um forte defensor do aprofundamento dos laços com Taiwan. Um projeto de lei que contempla a primeira ajuda militar direta dos Estados Unidos à ilha asiática superou, recentemente, uma etapa fundamental no Senado.

Vídeo relacionado: China acusa EUA de ataque cibernético contra universidade

Um mês depois, a presidente da Câmara de Representantes (Deputados) dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, viajou para Taiwan, provocando a ira de Pequim e renovando as tensões entre as duas grandes potências. 

Em uma entrevista no domingo (18), o presidente americano, Joe Biden, disse estar pronto para intervir militarmente, caso Pequim ataque Taiwan. 

Na reunião com Blinken, Wang acusou os Estados Unidos de "enviarem sinais muito ruins e perigosos", que estimulam Taiwan à independência, de acordo com um comunicado do Ministério chinês das Relações Exteriores.

Wang disse a Blinken que a China deseja uma "reunificação pacífica com Taiwan e que, "quanto mais atividades pela independência de Taiwan" foram realizada, haverá menos possibilidades de uma "solução pacífica", frisou a Chancelaria chinesa.

Em um aparente sinal de uma leve redução das tensões entre ambas as potências, o ministro chinês se reuniu em Nova York com o enviado americano para o clima, o ex-secretário de Estado John Kerry, embora Pequim tenha suspendido a cooperação com Washington nesta matéria, em retaliação à visita de Pelosi a Taiwan. 

Em um discurso na quinta-feira (22), Wang voltou a expressar o profundo mal-estar de Pequim pelo apoio dos EUA à ilha de Taiwan. 

"A questão de Taiwan está-se tornando o ponto de tensão mais arriscado nas relações EUA-China", disse ele. sct-lb/nr/kar/dg/ad/tt

"Se mal administrada, pode devastar as relações bilaterais", alertou, em conferência no "think tank" Asia Society.  contempla a primeira ajuda militar direta dos Estados Unidos à ilha asiática superou, recentemente, uma etapa 

sct-lb/nr/kar/dg/ad/tt

INSS fará pente-fino nos benefícios e cortará auxílio, aposentadoria e BPC; veja como será

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério do Trabalho e Previdência Social prepara um novo pente-fino nos benefícios por incapacidade pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o que inclui auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.

A revisão, que consta em portaria publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira (22), poderá ser feita também nas demais aposentadorias e no BPC (Benefício de Prestação Continuada), além de outros benefícios previdenciários, assistenciais, trabalhistas e até tributários, embora o documento não detalhe quais são eles.

Devem ser revisados auxílios e aposentadorias por invalidez que não passam por perícia há mais de seis meses, não têm alta programada nem indicação de reabilitação ao segurado. No caso do BPC, o pente-fino vai se concentrar nos que não são revisados há mais de dois anos.

O BPC é pago a idosos e pessoas com deficiência carentes, com renda mínima por pessoa da família de até um quarto do salário-mínimo (R$ 303 hoje). Para receber, é preciso estar inscrito no CadÚnico (Cadastro Único).

A idade do segurado e o tempo em que está recebendo o benefício também serão considerados para a convocação. Quanto mais novo for o beneficiário, mais chances tem de ser chamado. No caso do tempo de manutenção, quanto mais antigo for o benefício, mas chances há de passar por revisão.

O programa de revisão terá validade de até 180 dias (cerca de seis meses).

Não foi informado como os segurados serão convocados, mas quem recebe o aviso do INSS para passar por revisão deve agendar a perícia. Caso não faça isso no prazo estipulado, tem o benefício cortado.

Atualmente, a fila da perícia médica do instituto está em cerca de 1 milhão de agendamentos. O acúmulo se deve à pandemia, quando as agências ficaram fechadas por sete meses, a greves de servidores e peritos médicos e falta de servidores.

Os peritos que optarem por participar do programa poderão receber cerca de R$ 62 por perícia, segundo a ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos). Será possível fazer até 15 perícias extras por dia de trabalho, além dos exames já agendados e que fazem parte da rotina do profissional.

Quando houver mutirão, no entanto, o médico poderá realizar até 30 perícias de revisão em um único dia, o que pode lhe render um acréscimo de R$ 1.860 no salário. A participação no programa de revisão, no entanto, é facultativa. A Previdência tem hoje cerca de 3.500 peritos.

Segundo o vice-presidente da ANMP, a categoria está de acordo com o pente-fino, especialmente porque trata-se de um programa em que se pode optar por participar ou não. "A gente está de acordo porque, agora, ele será optativo. O perito que se achar apto a fazer o pente-fino vai se cadastrar e realizar", afirma.

O QUE FAZER SE FOR CONVOCADO PARA O PENTE-FINO

A Previdência e o INSS ainda não definiram como será a convocação dos segurados para a revisão de benefícios. No entanto, o beneficiário que for convocado deverá apresentar documentos que comprovem o direito à renda.

Além dos documentos pessoais, é preciso ter laudos médicos e exames que provem a doença, acidente ou incapacidade. O laudo médico deve ser assinado por profissional com registro no CRM (Conselho Regional de Medicina).

Caso a doença tenha se agravado, é necessário levar exames, receitas e laudos comprovando o avanço, para que o benefício não seja cortado.

O advogado Rômulo Saraiva, especialista em Previdência e colunista da Folha, afirma que os seguradores precisam ficar atentos, por se tratar de um pente-fino muito abrangente, cujas regras ainda não estão tão claras. Para ele, é necessário que se esclareça quais são os benefícios trabalhistas e tributários que entram mira da Previdência.

Embora a revisão esteja aprovada, ainda deverá haver a publicação de instrução normativa com orientações aos segurados.

Em 2019, logo após assumir a Presidência, o governo Bolsonaro publicou medida provisória implantando pente-fino nos benefícios por incapacidade e no BPC. O foco, na época, era cortar R$ 9,8 bilhões em benefícios pagos de forma indevida.

Estavam na mira 5,5 milhões de aposentadoria e auxílios e 2,5 milhões de BPCs.
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Lewandowski diz que urnas são tão seguras quanto Pix e máquinas de calcular

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski fez uma defesa veemente da democracia, do sistema eleitoral e da confiabilidade das urnas eletrônicas numa palestra para empresários em São Paulo na sexta (23). Em sua fala, ele disse que os próprios ouvintes, que comandam grandes negócios, confiam em sistemas muito mais complexos para fazer a transferência de valores bilionários, em escala muitas vezes mundial.

O sistema que dá suporte às urnas eletrônicas, afirmou ele, é muito menos complicado, e igualmente seguro.

O magistrado contou que há poucos meses conversou sobre ele com o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Eu falei: ‘O senhor que é economista, que transmite ou transfere enormes somas de dinheiro, o senhor alguma vez duvidou do sistema [financeiro], uma caixa preta, digamos assim, muito mais complexo do que a urna eletrônica?’”, relatou Lewandowski aos empresários reunidos pelo grupo Esfera Brasil.

Segundo o magistrado, as urnas são “maquinhas muito simples”, que podem ser comparadas às que comerciantes usam em seus pontos de venda. “Não têm segredo nenhum. Quando vamos a uma loja, vemos o lojista calculando o valor, e nunca duvidamos daquela somatória. Por que haveríamos de duvidar dessa maquininha [a urna eletrônica] de calcular, que no momento de sua operação está totalmente desvinculada da internet?”, questionou.

“As urnas somam quantos votos cada candidato teve, e fazem a soma”, seguiu o magistrado. Ele dá outro exemplo de sistema extremamente sofisticado nos quais as pessoas confiam: o do Pix, por meio do qual milhões de transações financeiras são feitas diariamente no Brasil.

As urnas, disse ele ainda, são “muito modernas”, testadas há mais de 25 anos e “objetos de desejo” de muitos países. “Podem tomar sol, chuva, cair de uma altura de quatro metros sem sofrer qualquer dano. Podem ser transportadas de barco, de caminhão e de helicóptero aos mais longínquos rincões do país”.

Mônica Bergamo/Folhapress

Luiz Eduardo Magalhães participa de evento ao lado de ACM Neto em Itamaraju

Bisneto do ex-senador ACM, Luiz Eduardo Magalhães participou na última quinta-feira (22) de um ato político na cidade de Itamaraju, extremo sul baiano. Ele também é neto do ex-presidente da Câmara dos Deputados Luís Eduardo Magalhães, que faleceu em 1998.

Luiz Eduardo esteve presente em um grande movimento político ao lado do candidato ao governo da Bahia pelo União Brasil, ACM Neto, que é seu primo. Chamou atenção a grande semelhança física dele com o avô, além de carregar também o nome do ex-deputado Luís Eduardo.

Candidatos da Universal omitem Bolsonaro enquanto igreja reforça apoio

(FOLHAPRESS) - A ideia de que a Igreja Universal do Reino de Deus possa sentir o gosto inédito do que é estar na oposição a um presidente parece estranha para quem conhece sua trajetória. Caso Jair Bolsonaro (PL) não consiga se reeleger, em tese é o que aconteceria com o império religioso do bispo Edir Macedo.

A igreja vem emitindo fortes sinais de que está inflexível em sua aversão ao PT, partido que já demonizou e endossou no passado, ao sabor dos ventos eleitorais. Ao mesmo tempo, há nas coxias políticas certo ceticismo sobre se a Universal realmente vai bater de frente com um eventual governo petista.

Santinhos de candidatos ligados à igreja corroboram essa desconfiança. Ao menos parte do material de campanha de quadros importantes da Universal, como a deputada estadual Edna Macedo e o deputado federal Marcos Pereira, foi impressa deixando em branco os cargos de senador, governador e presidente.

Ela é irmã de Edir Macedo, e ele, presidente do partido de ambos, o Republicanos, costela da igreja.

É comum que esse tipo de propaganda forneça uma "colinha" ao eleitor: na frente, o candidato a parlamentar, e, no verso, os números de aliados. Outros candidatos da igreja também omitiram Bolsonaro, como Gilberto Abramo, bispo da Universal em Minas que busca uma vaga na Câmara.

Em seu perfil no Instagram, Edna promoveu sua campanha destacando ela mesma, Pereira e Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro que concorre ao Governo de São Paulo pelo Republicanos. Já Pereira usou a rede para compartilhar uma imagem com o presidente pela última vez há dois meses.

Procurado, Pereira não quis comentar. Antes de ser confrontado sobre os santinhos, havia encaminhado por WhatsApp postagens definindo como fake news qualquer abalo na relação da igreja com Bolsonaro.

A ausência do nome do presidente nos panfletos eleitorais, contudo, foi lida como um indício de que parte da denominação está reticente no apoio incondicional a ele. Afinal, o Republicanos integra a coligação do candidato à reeleição. Se Bolsonaro afundar, valeria partir para o abraço dos afogados?

Ao mesmo tempo, em várias outras instâncias a Universal dobra a aposta no bolsonarismo.

Em editorial publicado no domingo (18), a Folha Universal, jornal distribuído na porta dos templos, afirma que a esquerda pode "chorar copiosamente" à vontade: as "manifestações cívicas" galvanizadas pelo presidente no 7 de Setembro deixaram claro que "o líder supremo da esquerda no Brasil não terá vida fácil".

O jornalista Gilberto Nascimento, autor de "O Reino - A História de Edir Macedo e uma Biografia da Igreja Universal", foi quem passou à reportagem os santinhos sem indicação de voto para chefe do Executivo.

Ele enfureceu a igreja na semana passada, ao publicar extensa reportagem no site The Intercept Brasil sobre a possibilidade de Edir Macedo desembarcar da candidatura bolsonarista.

A reação foi fulminante. A Universal logo repeliu a hipótese e acusou o repórter de ter criado "a fantasia de que a igreja pretende apoiar" Lula. Chamou os rumores "mentirosos" e os associou "a uma tentativa do PT de confundir os evangélicos, que já acordaram para o fato de que é impossível ser cristão e de esquerda".

Nascimento, que investiga a Universal há décadas, aponta uma divisão interna. "Quem manda hoje é o Macedo, mas o bispo está menos presente do que sempre foi. Já vem entregando a igreja na mão do Renato", diz. Renato, no caso, é o bispo Renato Cardoso, casado com a primogênita do fundador.

Bispos mais antigos na hierarquia da Universal, contudo, seriam menos entusiastas da defesa intransigente de Bolsonaro, algo que o provável sucessor de Macedo abraça.

Na visão dessa velha guarda, Renato seria menos hábil politicamente, segundo Nascimento. Mas ele, reforça o autor, não faria nada sem aval do líder da igreja. "Só que o próprio Macedo não atacaria Lula com virulência."

Nascimento não descarta que a Universal leve seu apoio a Bolsonaro às últimas consequências e, caso o presidente não vença, fique distante do poder pela primeira vez.

A igreja-farol do neopentecostalismo brasileiro ladeou com todos os governos desde que chamou Lula de demônio ao fazer campanha para Fernando Collor em 1989. Também se aproximaria de Lula quando a hora dele na Presidência chegou.

A relação entre o petista e o bispo teve altos e baixos. Ao contrário da maioria dos pares políticos, Lula fez um desagravo público quando Macedo foi preso em 1992, acusado de práticas como charlatanismo. "Se não tomarmos cuidado, daqui a pouco a polícia está na sua casa, prendendo sem critério", disse à época.

Nem por isso a Universal deixou de bater nele. Em 1994, Lula sofreu vários ataques do jornal da igreja. Numa edição, aparecia em foto com a bandeira nacional. A manchete: "Sem ordem e sem progresso".

Os dois fizeram as pazes quando o PT entrou no Palácio do Planalto. O então vice de Lula, José Alencar, era do PL, partido que concentrava nomes da Universal, e depois migrou para o PRB (atual Republicanos), arquitetado pela igreja em 2003. Em 2018, Macedo a princípio respaldou Geraldo Alckmin. A adesão ao bolsonarismo aconteceu de última hora, quando estava claro que o então tucano não tinha chances.

A pecha do fisiologismo acompanha há décadas não só a Universal, mas outras igrejas evangélicas de grande porte. Em geral, esses pastores estão onde o poder está.

Não à toa vários deles que criticaram Lula por anos tiveram, quando ele virou presidente, uma aparente revelação de que ele não era de todo ruim. A rapidez com que muitos subiram em seu palanque foi a mesma com que o abandonaram.

A dúvida que se impõe, agora, é se a ruptura entre PT e essa elite pastoral foi violenta demais em 2018, a ponto de não haver clima para reconciliação. Os anos de distanciamento coincidem com o fortalecimento de pautas identitárias, como as feministas e LGBTQIA+, agenda indigesta para muitas igrejas.

O bispo Eduardo Bravo, presidente da Unigrejas, braço da Universal, defende a participação evangélica na política. "Durante muito tempo havia a ideia de que o cristão não deveria se envolver. Contudo, sabemos que as decisões políticas influenciam diretamente a vida de toda a população", afirma à reportagem.

Bravo recomenda que o segmento escolha candidatos preocupados com "as pautas conservadoras e a família tradicional" e finaliza dizendo que, "no cenário atual de polarização política, atualmente a direita é representada por Bolsonaro".

Na sexta (16), o próprio Macedo respondeu numa rede social a um seguidor que questionou quem ele preferia ver na Presidência. "Eu continuo com o Bolsonaro e o Tarcísio", disse.

Até quando é a pergunta que alguns líderes da própria igreja se fazem.

Roma diz que comércio baiano sofre com elevada cobrança de impostos pelo Estado

O candidato a governador da Bahia João Roma (PL) apontou nesta sexta-feira (23), em Livramento, que o setor do comércio na Bahia sofre com a cobrança elevada de impostos e, por isso, perde competitividade para outros estados.

“Quem é do setor de comércio de alimentos, de bebidas, do que for, está perdendo competitividade porque vem empresa de outros estados que cobram menos impostos e, assim, fica difícil para o baiano competir. A pessoa chega numa mercearia e vê produtos que vêm de Goiás, de Minas Gerais, do Espírito Santo; ou seja, são outras empresas ocupando esse espaço e gerando emprego em outros estados”, apontou Roma, ao lado da candidata ao Senado Dra. Raíssa (PL), em Livramento, nesta sexta-feira (23).

O ex-ministro da Cidadania salientou que é preciso observar toda a cadeia produtiva na Bahia, desde os grandes investimentos como a Ferrovia de Integração Oeste Leste que está sendo concluída pelo governo do presidente Jair Bolsonaro até os pequenos investimentos e negócios. Ele diz que a lógica da atual gestão estadual não é a de auxiliar o produtor, mas armar “pegadinhas”. “É pegadinha na hora de cobrar multa, é pegadinha na hora de prestar um serviço ao cidadão. Se o camarada paga um imposto antecipado e vai querer ver lá um crédito, vira um adversário do Estado, é penalizado por causa disso”, exemplificou João Roma.

O candidato a governador apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro disse que essa lógica precisa mudar. “Além de muitos impostos cobrados na Bahia, também tem esses meandros burocráticos muito complicados que dificultam abrir uma linha de transmissão para levar energia, ou com a aplicação de regras ambientais muito complexas e que transferem a responsabilidade para o setor privado solucionar”, comentou Roma.

O ex-ministro da Cidadania ainda criticou a briga “infantil” do governo do Estado com a gestão Bolsonaro, que acaba impedindo a chegada de mais investimentos à Bahia. “Tem essa lógica de ficar numa queda de braço infantil com o governo federal. Quando Bolsonaro rescinde um convênio com o governo para duplicação da estrada de Ilhéus-Itabuna e inicia as obras, ao invés de agradecer que a via está sendo alargada, o governador manda rasgar uma avenida paralela que vai dar no mesmo local”, exemplificou Roma o que ele chamou de “desperdício de dinheiro pela gestão petista”.

Mendonça derruba censura e autoriza UOL a publicar reportagem sobre imóveis dos Bolsonaros

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberou a publicação pelo UOL de reportagem sobre transações imobiliárias da família Bolsonaro em dinheiro vivo.

Com a decisão, Mendonça derrubou censura imposta pelo desembargador Demetrius Gomes Cavalcanti, do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), que havia determinado o conteúdo fosse retirado do ar e das redes sociais.

"No Estado Democrático de Direito, deve ser assegurado aos brasileiros de todos os espectros político-ideológicos o amplo exercício da liberdade de expressão", disse o ministro em sua decisão.

"Assim, o cerceamento a esse livre exercício, sob a modalidade de censura, a qualquer pretexto ou por melhores que sejam as intenções, máxime se tal restrição partir do Poder Judiciário, protetor último dos direito e garantias fundamentais, não encontra guarida na Carta Republicana de 1988."

Ele lembra que em 2009 o Supremo derrubou a Lei de Imprensa, criada no regime militar.

"No referido julgamento, reiterou-se a plena liberdade de imprensa como categoria jurídica proibitiva de qualquer tipo de censura, bem assim, a imposição, ao Poder Judiciário, do dever de dotar de efetividade os direitos fundamentais de imprensa e de informação", afirmou Mendonça.

"Tomada em relação de mútua causalidade com a democracia, a liberdade de imprensa foi considerada 'patrimônio imaterial que corresponde ao mais eloquente atestado de evolução político-cultural de todo um povo'", acrescentou.

A decisão de Demetrius havia sido a pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O magistrado havia concedido liminar (determinação provisória e urgente) nesta quinta (22), após os advogados de Flávio recorrerem de decisão da 4ª Vara Criminal de Brasília contrária aos pedidos do filho do presidente.

O UOL cumpriu a decisão e entrou com uma ação no STF. O ministro André Mendonça, indicado por Bolsonaro para a corte, foi sorteado relator do caso.

Segundo a advogada Taís Borja Gasparian, que assina a peça, a censura era inconstitucional.

As reportagens do UOL sobre o tema, publicadas a partir do último dia 30, afirmam que desde os anos 1990 o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais ao menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com o uso de dinheiro vivo. O valor gasto desta forma foi, segundo a apuração, de R$ 13,5 milhões.

Com isso, uso de dinheiro vivo em condições suspeitas voltou a atingir o presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral à Presidência.

Transações em espécie não são crime, mas podem ter como objetivo dificultar o rastreio de valores de fontes ilegais. Dados obtidos por órgãos de investigação e imprensa mostraram que a família Bolsonaro, em especial o senador Flávio Bolsonaro, movimentou R$ 3 milhões em dinheiro vivo.

Para o Ministério Público do RJ, o filho do presidente utilizou recursos provenientes do suposto esquema da "rachadinha" em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa para comprar imóveis e pagar despesas pessoais.

Dados da investigação mostraram que Bolsonaro também teve, quando deputado federal, transações e práticas semelhantes às que levantaram suspeita contra seu filho mais velho.
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