Dom Angélico, que casou Lula, diz que Igreja é contra aborto, mas tem que falar de sexualidade e ‘bumbum’

Casamento do presidente Lula e Janja
Dom Angélico Sândalo Bernardino afirma já ter vivido diversas fases de um mesmo Brasil. Do país predominante rural que tateou reformas ao que repousou sob a penumbra de uma ditadura militar, do que foi palco das greves do ABC paulista ao que se redemocratizava e via, novamente, a sua população ir às ruas e reivindicar melhores condições de vida. De todos eles, o clérigo guarda histórias e a lembrança de preservar um voto de fé. “Eu sempre, teimosamente, tenho esperança”, diz ele.

O bispo emérito de Blumenau (SC) recebeu a reportagem em sua casa no Jardim Primavera, na zona norte da capital paulista, um dia após completar 90 anos de idade —ou 90 anos e nove meses, como se apressa em corrigir. “Somados os nove meses no ventre da dona Catarina, minha mãe querida”, explica.

Ao longo do dia de celebração, conta, não pôde desgrudar do telefone. “Foi gente da Espanha, do povo, de favela, de quando eu morei em Ribeirão Preto, gente branca, gente japonesa, gente negra. Ô, meu Deus do céu”, diz ele, entre um sorriso e um suspiro, ao revisitar as ligações que recebeu na quinta-feira (19).

“Um deles [dos que telefonaram] é meu amigo de quando eu era bispo da Pastoral Operária e ele era do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ficamos amigos. Batizei o filho dele, o neto dele… Quando a segunda esposa estava no hospital —a primeira foi para o céu—, me perguntou: ‘Dom Angélico, o senhor viria aqui benzer a minha esposa?’. ‘É claro’. Quando ela morreu, fui abençoar o corpo. Depois, se casou. ‘Dom Angélico, viria celebrar o casamento?’. ‘É claro’”, emenda, antes de confirmar que o amigo de longa data a quem se refere é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Amigo do petista desde os anos 1970, quando comandava a Pastoral Operária, o bispo esteve ao lado de Lula em momentos de alegria, como o casamento com a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, no ano passado, e de perdas irreparáveis. Um deles foi o sacramento dado a dona Marisa Letícia na véspera de sua morte, ocorrida em 2017.

“Lula estava com as mãos postas, em silêncio, ao lado da cama. O salão [quarto] estava repleto de pessoas. Eu fiz a cerimônia da unção dos enfermos. Ao término, peguei a mão da esposa dele e pus a mão no ombro do Lula. Rezamos o Pai Nosso, que é a oração que Jesus nos ensina”, relembra o bispo.

Nascido em Saltinho, no interior paulista, Dom Angélico cursou filosofia e teologia e atuou como jornalista em publicações como os jornais Diário de Notícias e O São Paulo, ambos de natureza católica. Nesta última profissão não chegou a se graduar, mas guarda até hoje, dentro de sua carteira, o seu registro junto ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

Nesta conversa, o bispo emérito defende que, diante da perda de fiéis no Brasil, o catolicismo atue “corajosamente na evangelização” e lance mão de meios modernos de comunicação, diz rezar constantemente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirma nunca ter visto tanta miséria no país e defende que a Igreja e a sociedade discutam mais sobre sexualidade e alternativas ao aborto.

“Nós precisamos nos aprofundar. Nós não falamos claramente a respeito de pênis, a respeito de vagina, a respeito de bumbum, a respeito do prazer, a respeito da evolução”, afirma.

UM BRASIL DE LUTA

O Brasil do tempo da minha ordenação de padre era um Brasil que estava crescendo. Era um Brasil de muita esperança, de muita luta pacífica. Depois, conhecemos a ditadura —ou melhor, o golpe militar, que foi dado porque havia já movimentos reivindicatórios por condições melhores de vida, de maneira particularmente especial no campo. Eu era jornalista e diretor do jornal Diário de Notícias, da Arquidiocese de Ribeirão Preto. A gente estava ao lado dos trabalhadores rurais.

Já naquele tempo, era um Brasil de luta, mas também um Brasil de sofrimento e de repressão.

Fui nomeado bispo em 1974 pelo grande papa Paulo 6º. Naquela ocasião, eu morava na periferia. Sempre fui um bispo da periferia de São Paulo. Primeiro na Vila Carvalho, depois na Vila Fraternidade, e assim por diante.

Fui nomeado bispo-auxiliar em São Paulo e integrei, meu Deus do céu, a equipe de dom Paulo Evaristo [Arns]. Minha ordenação aconteceu na Catedral da Sé, em 1975. Era o Brasil de muita luta, de muita organização, e dom Paulo me encarregou, então, da Pastoral Operária. Fiquei durante 25 anos nela.

Quantas vezes não saímos da periferia, da praça do Forró lá em São Miguel, e caminhávamos —olhe!—, milhares de pessoas, até a praça da Sé.

Tive contato com o [ex-governador de São Paulo] Mario Covas [do PSDB]. E ele disse: “Vou lá numa assembleia de vocês”. Nós, então, esperamos. Havia muitas pessoas reunidas, reivindicando sarjeta na calçada, creche, saúde e uma porção de coisas de que tinham necessidade. Era o Brasil de então. Vi o povão, mas o Mario Covas não apareceu. Falei: “Ele não veio”. Daqui a pouco, ele chega e fala: “Eu tô aqui” [risos]. Ficamos amigos caminhando juntos.

A BALA ASSASSINA

Foi um tempo de muita luta na Pastoral Operária. Eu tive na equipe, por exemplo, trabalhadores que foram presos. Eles não tinham nada a ver com subversão, e não eram subversivos, apenas reivindicavam trabalho e salário justo para todo trabalhador. E eu cito de maneira especial o Santo Dias [metalúrgico assassinado por um policial militar quando participava de uma das primeiras greves da categoria em São Paulo]. Ele era da minha equipe de Pastoral Operária.

Dom Paulo chegou e falou: “Angélico, o corpo do Santo Dias está lá no Instituto Médico Legal. Vamos até lá?”. Eu falei: “Vamos”. Dom Paulo chegou, foi abrindo caminho, e eu atrás dele. Um dos corpos era do Santo Dias. Nu. E varado o corpo pela bala do repressor.

Tenho dito pelo Brasil afora: nunca vi a imagem de Jesus com o peito varado pela lança como naquele momento vi o corpo do Santo Dias, militante da Pastoral Operária. Varado pela bala assassina.

Era o Brasil de muita luta. E ressalto e insisto: mas luta pacífica. Nunca armados, a não ser alimentados por Jesus, que é o nosso mestre.

MINHA TEIMOSIA

Eu sempre, teimosamente, tenho esperança. Naqueles tempos de luta, dom Paulo sempre dizia o seguinte: “Coragem, vamos avante. De esperança em esperança, na esperança sempre”.

Eu, teimosamente, cultivo o positivo nas pessoas e na sociedade. Vejo erros enormes, mas, de esperança em esperança, vou caminhando.

Agora, o mundo de hoje, que tristeza a guerra da Ucrânia, a maldita guerra da Ucrânia. E depois o mundo dos armamentos militares, inclusive o Brasil entra nisso. O dinheiro que é gasto em armas de destruição no mundo não tem cabimento. Se uma parcela mínima fosse destinada para o pão, para o alimento, para a moradia, saúde, educação, todos os bens que Deus ensinou a todos, e que se acumulam nas mãos de poucos, não haveria miséria no mundo.

No Brasil, querido e amado, nós vemos também muita dificuldade, muita miséria. Na minha vida de 90 anos, nunca vi tanta miséria, tanto morador de rua, tanta gente batendo na porta [perguntando] “tem um pãozinho aí? Tem alguma coisa?”. Nunca vi também violência tamanha —contra a mulher, na família, na sociedade.

Por isso, nós gritamos com Jesus. E eu repito com alegria aquilo que o meu amigo pessoal, o arcebispo de Aparecida [dom Orlando Brandes], já disse e por isso foi até desrespeitado: o Brasil precisa de “amai-vos”, e não de “armai-vos”.

Sempre tenho esperança de um mundo e de um Brasil diferente. Mas eu tenho muita esperança no Brasil de agora.

O CATOLICISMO EM BAIXA

Precisamos nos renovar como Igreja. A Igreja, antes de tudo, tem a missão de ser comunidade de Jesus, atenta ao que Jesus manda. E ser uma Igreja em saída, que vá realmente às periferias. Bispos, padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas formando realmente uma comunidade evangelizadora, anunciadora do Reino de Deus, que é feito de justiça, amor e paz.

Diminuiu muito o número das comunidades eclesiais de base. O que aconteceu? Irmãos evangélicos começaram a montar pequenas igrejas de culto na periferia. E em atendimento a que, prioritariamente? Às necessidades básicas do povo.

Eu sempre digo que eu não sou filho da Igreja, eu sou cria, porque eu não me compreendo a não ser na Igreja.

Sempre acho que nós, cristãos, precisamos nos converter constantemente àquilo que Jesus quer de nós. Porque muitas vezes a gente fica mais preocupado com edifícios, com organizações, isso e mais aquilo, quando o templo vivo do Espírito Santo é cada pessoa.

Tenho confiança de que as igrejas cristãs se renovem, e que, inclusive, certas igrejas que se proliferam nas periferias também sejam atentas não a promessas eleitoreiras, simplesmente alienantes, mas que se comprometam como nós, Igreja Católica, com as reais necessidades do povo.

A Igreja precisa entrar corajosamente na evangelização, inclusive se utilizando desses meios moderníssimos de comunicação.

RELAÇÃO COM A POLÍTICA

Eu não tenho nenhum partido político, eu tenho opções quando voto. Isso eu tenho. Tenho amigos de diversos partidos e faço questão de valorizar a política.

Nós não estamos atrelados, como Igreja, a nenhum candidato. Não. Nós somos favoráveis àqueles candidatos que realmente lutam para que haja emprego para todos, salário justo, trabalho para todos, moradia, saúde. Aí nós apoiamos. E é nesse ímpeto que eu caminho também.

Quando me convidam, por exemplo, para a posse política disso e daquilo, eu digo não. Agora, para um ato religioso, eu vou. Preciso fazer essas distinções fundamentais.

Fui batizar o filho do Lula? Fui. O neto, a bisneta? Fui. Por quê? Eu sou ministro. Fui dar unção dos enfermos para a esposa do Lula, fui ao funeral? Fui. Marquei presença. Fui convidado para o casamento? É claro, estou lá, presente, com alegria. Querem que eu benza a casa onde vão morar? Conte comigo.

ABORTO

[Dom Angélico é questionado sobre revogações feitas pelo governo Lula de portarias que dificultavam o acesso ao aborto legal] Eu vi pelos jornais e não aprofundei ainda com a própria CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil]. O que eu faço votos é que esse governo dê muita esperança para esse país. Tenho confiança de que esse governo realmente seja favorável plenamente à vida.

A Igreja —de uma forma, eu digo, até radical— é a favor, e não contra isso ou aquilo. Ela é a favor. E, nesse caso, a Igreja é a favor da vida.

Na questão do aborto também é preciso que nós mudemos. Nós temos que mudar, mudar a educação na família, na escola, nos seminários, nos colégios e assim por diante. A respeito do quê? Da afetividade e da sexualidade.

Nós precisamos nos aprofundar. Nós não falamos claramente a respeito de pênis, a respeito de vagina, a respeito de bumbum, a respeito do prazer, a respeito da evolução. Quando nós ficamos jovens, adolescentes, na puberdade vem a fecundidade. Nós precisamos falar da fecundidade. E qual é a finalidade e a prioridade disso tudo? É a vida.

Como é o funcionamento do sexo num casal? Um celibatário é diferente, como eu, mas como é que funciona a questão sexual? Nós não falamos sobre isto. Nós somos, afetiva e sexualmente, uma sociedade de tabus. Não se conversa. Então só é “eu sou contra aborto, eu sou favorável”. Espera um pouquinho.

Nós também precisamos nos perguntar se alguém que engravidou, se engravidou, muitas vezes, sendo profanada na própria família, aquela menina, aquela jovenzinha… Então engravidou, vai abortar? Não, a gente pode perguntar: não há outros meios de a gente adotar aquela criança e efetivamente apoiar aquela mãe?

A gente precisa se perguntar qual é o amparo que se dá a uma menina que muitas vezes é profanada dentro da própria família e comete um aborto.

LULA E IGREJAS

O Lula realmente é católico, respeita profundamente todas as religiões e tem proclamado que o governo dele respeita o culto religioso. Essa é a posição dele. Vamos separar, não vamos instrumentalizar a religião. Não vamos usar o nome santíssimo de Deus em vão.

Nós precisamos respeitar os Poderes para que não aconteça esse desastre que aconteceu no dia 8 [de janeiro], em que vimos realmente depredações verdadeiramente criminosas. Em nome de quê?

Não é por aí. Temos que respeitar realmente o voto popular, mesmo que seja contra o nosso candidato.

JAIR BOLSONARO

Quando vejo que atacam o Bolsonaro dessa forma ou daquela forma, muitas vezes com desrespeito à pessoa, eu tenho dito: rezo constantemente pela saúde do ex-presidente. Rezo, também, para que ele possa, quem sabe, mudar a maneira de agir. Por quê? Porque eu reconheço, não estando de acordo com as ideias e atitudes dele, que ele é filho de Deus, é meu irmão. Somos todos irmãos, porque somos filhos do mesmo pai.

O Lula é meu irmão, meu amigo. Tem gente que diz: “Ah, mas ele é comunista”. É lamentável.

Nós precisamos, nos seminários, entre nós, bispos, evoluir no conhecimento da doutrina social da Igreja. A Igreja não é a favor do comunismo nem a favor do capitalismo que está aí. A Igreja anuncia uma sociedade numa economia verdadeiramente solidária. Não é possível que a riqueza se acumule vergonhosamente nas mãos de poucos, e multidões não tenham saúde, educação, moradia, não tenham nada.

A Igreja prega isto porque ela é fiel à mensagem de Jesus, de tal forma que aí nós precisamos evoluir no conhecimento e na prática da doutrina social da Igreja.

A ALEGRIA DE CADA DIA

Para mim, é preciso que a gente viva. O que Jesus diz? Ele não diz “se preocupe com o passado” ou “se preocupe com o futuro”. Não. A cada dia, basta o seu peso, basta o seu fardo. Então, o meu empenho é viver diariamente com alegria e com entusiasmo.

Eu tenho dor, “ai”, na perna, e fico muitas vezes “ai, minha coluna”. Agora, quando me perguntam “como vai, dom Angélico?”, a minha resposta é a seguinte: eu vou bem, graças a Deus. Nas mãos de Deus que é Pai, forte e alegre, e vamos para frente.

É assim que procuro viver a cada dia. E tendo um companheiro que nunca me abandona, que é o caminho, a verdade e a vida: Jesus. Eu repito e grito a honra que eu tenho na vida. Eu devo tudo, mas tudo, a Ele.

Bianka Vieira/Folhapress

Bahia registra 16 casos de Covid-19 e três óbitos nas últimas 24 horas

Estudos relacionados à Covid-19
Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 16 casos de Covid-19 e três mortes. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), de 1.783.601 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.751.157 são considerados recuperados, 1.091 encontram-se ativos e 31.353 pessoas foram a óbito.

Segundo a Sesab, o boletim epidemiológico deste domingo (22) contabiliza ainda 2.084.088 casos descartados e 374.205 em investigação. Na Bahia, conforme dados da secretaria, 71.784 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

Vacinação

A Sesab ainda informa que o sistema de registro da aplicação de vacinas está em atualização e que os dados estarão disponíveis no endereço eletrônico https://bi.saude.ba.gov.br/vacinacao/.

Regina Duarte diz que regulamentação da Lei Rouanet é ‘deturpada pela esquerda milionária’

A atriz Regina Duarte
Dois dias depois da polêmica envolvendo Claudia Raia, que conseguiu autorização para captar um pouco mais de R$ 5 milhões para um musical através da Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, Regina Duarte se manifestou contra a decisão. A atriz pediu uma regulamentação “menos elitista” e ainda insinuou que só “grandes nomes” conseguem verbas para produzirem “espetáculos com dinheiro público.”

“Eu digo sim a uma Lei Rouanet reformada e muito menos elitista. Nada mais de grandes de empresas deixando de pagar impostos para usar essa grana em publicidade com ‘grandes nomes’. São espetáculos produzidos com dinheiro público. Abaixo a elitista Lei Rouanet, toda deturpada pela esquerda milionária”, reclamou a ex-secretária da Cultura do governo Bolsonaro.

Regina repostou a publicação de um perfil de extrema-direta no qual criticava o fato de que Claudia Raia havia recebido a verba por meio da Lei Rouanet para fazer um musical. Segundo consta no site do Ministério da Cultura, o projeto foi só aprovado mas ainda não teve a captação de recursos iniciada.

Em julho de 2022, a empresa “A Vida é Sonho Produções Artísticas Ltda.”, que tem a atriz como sócia-administrativa, foi condenada a devolver R$ 319,6 mil obtidos por meio do Programa Nacional de Incentivo à Cultura (Pronac), instituído pela Lei Rouanet. As contas do projeto “Coração Bazar”, promovido pela empresa, e que deveria realizar a “montagem e apresentações do espetáculo teatral ‘Ana Jansen’, de autoria de Lenita de Sá, com adaptação de Lauro César Muniz”, foram reprovadas em 2018.

Folhapress

Joaquim Barbosa diz que militares inspiram e toleram insubordinação ao rebater Mourão

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa
O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa teceu críticas aos militares e defendeu a troca de comando do Exército feita por Lula (PT) neste domingo (22) ao rebater críticas feitas pelo ex-vice-presidente da República e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

Lula demitiu o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, em meio a uma crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília. Mourão afirmou que o mandatário quer alimentar a crise com as Forças Armadas e que a decisão seria péssima para o país.

“Ora, ora, senhor Hamilton Mourão. Poupe-nos da sua hipocrisia, do seu reacionarismo, da sua cegueira deliberada e do seu facciosismo político! Fatos são fatos! Mais respeito a todos os brasileiros!”, afirmou Joaquim Barbosa, em publicação nas redes sociais.

“‘Péssimo para o país’ seria a continuação da baderna, da ‘chienlit’ [baderna, em tradução livre] e da insubordinação claramente inspirada e tolerada por vocês, militares. Senhor Mourão, assuma o mandato [de senador] e aproveite a oportunidade para aprender pela primeira vez na vida alguns rudimentos de democracia! Não subestime a inteligência dos brasileiros!”, escreveu ainda o ministro aposentado.

A troca no Exército, a principal das três Forças Armadas, ocorreu em meio a uma crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília.

Segundo auxiliares do presidente, a decisão foi tomada porque o agora ex-comandante Júlio Cesar de Arruda não demonstrou disposição de tomar providências imediatas para reduzir as desconfianças de Lula em relação a militares do Exército após a invasão do Palácio do Planalto e das sedes do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso.

Arruda relutou em expor o Comando Militar do Planalto, que no mínimo falhou no dia 8. Ele também estava no comando da Força quando o Exército impediu que a Polícia Militar realizasse prisões de vândalos ainda no dia 8 de janeiro, no acampamento golpista em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.

De acordo com relatos de aliados de Lula e generais ouvidos pela reportagem, a gota d’água para exoneração foi Arruda ter resistido ao pedido de Múcio para que o tenente-coronel Mauro Cid fosse retirado do comando de um batalhão do Exército em Goiânia (GO).

Cid foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e entrou na mira da Polícia Federal após serem identificadas transações suspeitas no gabinete do mandatário. O militar está nos EUA com o ex-presidente.

“Se o motivo foi tentativa de pedir a cabeça de algum militar, sem que houvesse investigação, mostra que o governo realmente quer alimentar uma crise com as Forças e em particular com o Exército. Isso aí é péssimo para o país”, disse Mourão ao comentar o caso.

Mônica Bergamo/Folhapress

Governo do Estado garante pagamento do piso nacional dos professores

Sala de aula da rede estadual de ensino
Em reunião realizada no Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) garantiu que a Bahia vai pagar o piso nacional dos professores, definido pelo governo federal em R$ 4.420,55. A lei estabelece para 2023 uma correção de 14,95% em relação ao piso anterior.

“Estávamos aguardando a definição do governo federal em relação ao percentual do reajuste e agora estamos nos debruçando sobre o cenário macroeconômico que, os especialistas dizem, será de crise, para garantir o pagamento do piso, conhecendo o impacto no orçamento estadual”, afirmou o governador após a reunião.

Os estudos inicialmente tratarão sobre a previsão orçamentária de 2023, análise das receitas e por fim viabilizar as condições para o atendimento do percentual estabelecido. “Estamos na fase inicial. Vamos dialogar com a categoria assim que a equipe econômica tiver os números. Vamos cumprir nosso compromisso, que é inclusive um compromisso de campanha e alinhado com o governo Lula”, pontuou Jerônimo.

Em 2022, a categoria teve um ganho real de 33,24%. De acordo com a Secretaria da Educação do Estado da Bahia, mais de 33 mil coordenadores pedagógicos e professores, entre concursados e contratados por meio do REDA, foram remunerados com valor superior ao piso nacional do magistério. O salário base referente à carga de 40 horas semanais foi de R$ 3.850. Sobre este valor, são acrescidos ainda 31,18% referentes à regência de classe, ou seja, a remuneração de um professor em início de carreira na rede estadual de ensino, em 2022, já começa com o valor de R$ 5.054,43.

“Temos um governador professor que reconhece a importância de valorizar a categoria. Do outro lado, acredito que os professores e professoras também reconhecem o esforço que está sendo feito pelo governo do Estado para assegurar a adoção do piso nacional. É mais uma conquista para a categoria proporcionada por nosso grupo, porque nós acreditamos no poder transformador da educação e no papel imprescindível dos trabalhadores da educação nesse processo”, explicou a secretária da Educação, Adélia Pinheiro.

Realizado no sábado (21), o encontro contou com as participações de integrantes das secretarias estaduais da Educação (SEC), da Administração (SAEB), da Fazenda (SEFAZ), do Planejamento (Seplan), além da Casa Civil e da Procuradoria Geral do Estado (PGE).

Lula não vai perdoar ataques golpistas e investigações vão até o fim, diz Múcio

O ministro da Defesa, José Múcio
Um dia depois de conduzir a troca de comando do Exército, o ministro da Defesa, José Múcio, afirmou neste domingo (22) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não abre mão da punição dos responsáveis pela invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, ocorrida há duas semanas, no dia 8.

Segundo Múcio, não há como impedir as investigações. “Lula não vai perdoar ataques golpistas. Investigações vão até o fim.”

Ao falar dos motivos que levaram à demissão do ex-comandante do Exército, Júlio César de Arruda, Múcio afirmou ter havido quebra de confiança.

“Acabou o clima de confiança e resolvemos mudar o comando”, justifica. Foi escolhido para o posto do atual comandante militar do Sudeste (responsável por São Paulo), general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva.

O general não estaria conseguindo derrubar resistências internas às investigações sobre participação de militares e parentes nos atos antidemocráticos que culminaram com o ataque ao Congresso, Palácio do Planalto e STF (Supremo Tribunal Federal).

Aliados de Lula afirmam que os ataques às sedes dos Três Poderes ofereceram-lhe a oportunidade — talvez única— de reforçar a autoridade sobre as Forças Armadas em meio a um clima de desconfiança e hostilidade mútuas.

O presidente, relatam, não gostaria de viajar à Argentina, neste domingo (22), sem que tivesse efetivado a troca do comando do Exército.

Para esses interlocutores, a omissão de militares diante das depredações de 8 de janeiro e as investigações contra o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, constrangem os bolsonaristas dentro dos quartéis, criando o ambiente propício para que Lula tente debelar a oposição no generalato.

A relutância do então comandante do Exército em reverter a nomeação do ex-ajudante de ordens Bolsonaro para o comando de um batalhão, mesmo sob investigação, permitiu que Lula revisse a escolha do próprio general.

Em dezembro de 2022, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid —ajudante de ordens de Bolsonaro— foi designado para o comando de um Batalhão em Goiânia.

Mas, a Polícia Federal encontrou no telefone dele mensagens que levantaram suspeitas sobre transações financeiras feitas no gabinete da Presidência.

Na sexta-feira (20), quando o portal Metrópoles também noticiou detalhes da investigação, Lula pediu que Cid fosse exonerado. Segundo fontes do Palácio, Arruda se recusou a seguir a orientação —sendo essa a gota d’água para sua demissão.

Na manhã de sábado (21), por volta das 6h40m, Lula telefonou para Múcio solicitando que não fosse concretizada a nomeação de Cid para o comando de um batalhão vizinho a Brasília.

Após ouvir reiteradas queixas de Lula, Múcio disse, segundo relatos, que colocaria um ponto final no problema. O ministro da Defesa telefonou, então, para Arruda para informá-lo da exoneração. Ainda segundo esses relatos, o general avisou que convocaria o Estado-Maior, o que ocorreu horas depois.

A convocação do generalato foi recebida por assessores palacianos como uma tentativa de Arruda de buscar apoio entre seus pares, o que não aconteceu.

Na opinião do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, a permanência de Arruda poderia representar um “recado confuso” para a tropa e para a sociedade civil.

Ainda segundo o ministro, existiria o risco de o problema persistir caso Lula não tomasse uma medida agora. O ministro afirma que Lula fez a opção por Arruda “confiando no que se espera das Forças Armadas” e não pode ter essa dessintonia. “O presidente não pode perder a autoridade, não vai perder a prerrogativa conquistada pelo voto”, disse o ministro.

E justificou: “Se já não é fácil quando está todo mundo na mesma direção, apaixonado, imagine quando tem um puxando para um lado e um para o outro”.

Na noite de sábado, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), afirmou nas redes que Lula atuou com firmeza para garantir a Constituição e as prerrogativas de comandante das Forças Armadas. “O comportamento do ex-comandante do Exército caracterizou insubordinação inadmissível perante ameaças à democracia e de partidarização da Força”, publicou.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que a substituição foi necessária e acertada. Para Siqueira, a escolha do novo comandante, general Tomás Miguel Paiva, igualmente correta, “recaiu sobre um excelente quadro do nosso Exército, que tem a compreensão claríssima do papel de Estado das nossas Forças Armadas”.

Siqueira reconhece a possibilidade de impacto na relação com as Forças Armadas. “Mas não havia outra opção uma vez que a exigência da disciplina é indispensável no exercício do comando das Forças e da vida militar. Nunca é demais lembrar que o Presidente da República é o Comandante em Chefe das Forças Armadas”, ressalta.

Segundo o presidente do PSB, “a disciplina é a pedra angular do bom funcionamento das Forças”.

O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, diz que, em começo de governos, ajustes são absolutamente normais, “uma vez que o presidente da República, por preceitos constitucionais, é o comandante em chefe das Forças Armadas, e sobre ele recai a responsabilidade de qualquer de seus auxiliares”, indo do Ministério da Pesca até o ministro da Defesa”.

Bivar lembra que essas mudanças são feitas em consonância com o titular da pasta. Para aliados de Lula, essa substituição dá ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, a chance de se reabilitar dentro do governo, após ter o desempenho criticado, especialmente em resposta às ameaças golpistas que se concretizaram no domingo (8).

Múcio foi escalado por Lula para anunciar oficialmente a troca de comando do Exército. O chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Marcos Edson Gonçalves Dias, ficou alheio à decisão.

Hoje subordinada ao GSI, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) poderá ser abarcada pela Casa Civil, em um sinal de enfraquecimento de G. Dias (como é chamado), após a invasão do Palácio do Planalto.

Catia Seabra/Cézar Feitoza/Folhapress

Mourão diz que Lula quer alimentar crise com Exército ao demitir comandante

Mourão diz que Lula quer alimentar crise com Exército ao demitir comandante
O ex-vice-presidente da República e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer alimentar a crise com as Forças Armadas e em particular com o Exército ao demitir o comandante da tropa.

Lula demitiu o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, em meio a uma crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília. A decisão foi comunicada ao militar neste sábado (21).

De acordo com relatos de aliados de Lula e generais ouvidos pela reportagem, o principal motivo da exoneração foi Arruda ter resistido ao pedido do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, de que o tenente-coronel Mauro Cid fosse retirado do comando de um batalhão do Exército em Goiânia (GO).

“Se o motivo foi tentativa de pedir a cabeça de algum militar, sem que houvesse investigação, mostra que o governo realmente quer alimentar uma crise com as Forças e em particular com o Exército. Isso aí é péssimo para o país”, disse Mourão à reportagem.

Cid foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e entrou na mira da PF (Polícia Federal) após serem identificadas transações suspeitas no gabinete do mandatário.

Na sexta-feira (20), após o portal Metrópoles também noticiar o caso, Lula ordenou a Múcio que Cid fosse retirado da função de comando. O ministro da Defesa conversou com Arruda durante a noite e ele, segundo relatos, resistiu à ordem.

Pesou ainda na decisão, segundo aliados de Lula, a crise dos acampamentos golpistas em frente ao QG do Exército. O ponto alto foi o veto que Arruda e o comandante Militar do Planalto, general Gustavo Dutra, deram à retirada dos bolsonaristas extremistas no quartel na noite de 8 de janeiro.

O novo chefe da Força é o atual comandante militar do Sudeste (responsável por São Paulo), general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Nesta semana, ele havia feito um discurso incisivo de defesa da institucionalidade, pedindo o respeito ao resultado das eleições e afirmando o Exército como apolítico e apartidário.

Thaísa Oliveira/Folhapress

Vem ai o novo Mercadão do Bairro, na Rua Walter Hohlenwerger, 184 antiga Rua da Batateira

Esta chegando a hora da grande inauguração do Mercadão do Bairro na Rua Walter Hohlenwerger, 184 antiga Rua da Batateira.
Ipiaú vai ter um bombardeio de preços baixos, o Mercadão do Bairro tem promoção todos os dias, você vai se surpreender!!! INAUGURAÇÃO DIA 01 DE FEVEREIRO 2023, Você não poder perder!!!!
Mercadão do Bairro O preferido das donas de casa!!!1


General demitido reúne Alto Comando e não deixa claro motivo da decisão de Lula

O comandante do Exército, Júlio César de Arruda
O comandante do Exército, Júlio César de Arruda, convocou reunião neste sábado (21) com o Alto Comando da Força para confirmar ao generalato a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de demiti-lo menos de um mês após assumir o cargo.

Três generais que participaram da reunião virtual afirmaram à reportagem que Arruda não deixou claro qual teria sido a principal motivação para sua demissão.

Ele disse, segundo os relatos, que, na sexta-feira (20), passou horas junto com Lula em reunião que foi considerada produtiva sobre investimentos em projetos estratégicos na área da defesa.

Arruda ainda afirmou que, na sexta, não chegou a ser questionado pelo presidente sobre os motivos que poderia ter levado à sua demissão. Ele atribuiu a decisão às críticas que o Exército tem recebido por uma suposta leniência com atos golpistas, que culminaram com o ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.

A reportagem apurou, no entanto, que o principal desconforto de Lula se deu com a notícia de que o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seria investigado por movimentações suspeitas feitas a pedido do mandatário.

O caso foi revelado em setembro. A Polícia Federal encontrou no telefone do principal ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) mensagens que levantaram suspeitas de investigadores sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente da República.

Conversas por escrito, fotos e áudios trocados por Cid com outros funcionários da Presidência sugerem a existência de depósitos fracionados e saques em dinheiro.

Segundo pessoas próximas a Lula, o presidente teria ficado irritado com o fato de Cid ter sido escolhido para comandar um batalhão do Exército em Goiânia.

Arruda, segundo fontes do Palácio, havia se recusado a exonerar Cid do cargo para o qual foi colocado ainda no fim de 2022, quando o general Freire Gomes comandava a Força.

Na noite de sexta-feira, após a reportagem do Metrópoles, Lula teria pedido que o tenente-coronel fosse exonerado. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, chegou a se reunir com Arruda para discutir a situação.

Diante da resistência, Arruda acabou demitido. O general Tomás Paiva, escolhido para assumir o comando do Exército, embarcou rumo a Brasília na tarde deste sábado para se reunir com Múcio.

Generais ouvidos pela reportagem afirmaram que a demissão foi uma surpresa para o Alto Comando do Exército, já que, apesar das insatisfações verbalizadas por Lula após o 8 de janeiro, havia uma impressão de que a crise havia sido revertida por Múcio e os comandantes militares.

Na quarta-feira (18), Arruda havia promovido uma reunião com o Alto Comando da Força para discutir a atual situação do Exército. Foi o primeiro encontro entre todos os generais quatro estrelas após os ataques de 8 de janeiro.

Na conversa, o comandante falou sobre a importância de manter a hierarquia, a disciplina e o controle das tropas. Ele disse que há cobranças para que as Forças Armadas sejam despolitizadas.

Na reunião, a maioria dos generais afirmou que não há politização do Exército, que as tropas seguem controladas e que militares da reserva mancharam a imagem da Força com declarações públicas em tom golpista e contra Lula.

Segundo relatos de generais que participaram da reunião, foi repassada também a ordem para que militares que tivessem participado dos atos de 8 de janeiro fossem identificados e punidos.

Tratava-se de um esforço dos comandos das Forças Armadas para mostrar ao Palácio do Planalto que não haveria complacência com o golpismo entre os militares, no que foi chamado de fim do “precedente Pazuello”.

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Cézar Feitoza/Victoria Azevedo/Catia Seabra/Idiana Tomazelli/Folhapress

Novo comandante do Exército, Tomás Paiva, é visto com maior traquejo político

O novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva
O novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, tem 62 anos e é considerado na capital federal como um militar com maior traquejo político, incluindo a proximidade com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ajudante de ordens, e com o atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).

Atual comandante militar do Sudeste (responsável por São Paulo), ele chegou em 2019 ao posto de general de Exército, o mais alto da carreira, passando a integrar o Alto Comando da Força.

Tomás Paiva está na linha sucessória natural, sendo o mais antigo detentor de quatro estrelas do Alto-Comando, ao lado de Valério Strumpf.

Em 2022, quando havia tentativas de contato com o Exército por parte de petistas, que então lideravam a corrida presidencial com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o nome de Tómaz era citado nos bastidores como uma das possíveis pontes.

Nesta semana, Tomás havia feito um discurso incisivo de defesa da institucionalidade, pedindo o respeito ao resultado das eleições e afirmando o Exército como apolítico e apartidário. Tudo isso em meio ao impacto dos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Tomás, como é chamado, já havia sido cotado para o cargo, mas alguns petistas temiam que sua grande capacidade de articulação o tornasse numa força independente, assim como Eduardo Villas Bôas foi quando escolhido por Dilma Rousseff (PT) no fim de 2014 —o ex-comandante foi o artífice da volta dos fardados à política.

Tomás foi chefe de gabinete de Villas Bôas.

Neste sábado (21), Lula demitiu o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, do posto de comandante do Exército em meio a uma crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília.

Em discurso na quarta-feira (18) durante uma cerimônia no QGI (Quartel-General Integrado), em São Paulo, o novo comandante do Exército disse que o resultado das urnas deve ser respeitado, independentemente do presidente exercendo o mandato.

Sem citar o nome de Lula, o comandante afirmou que “não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito”. Disse também que ainda que houvesse um “turbilhão, terremotos, tsunamis”, continuarão coesos, respeitosos e garantindo a democracia.

Em outro trecho, afirmou: “Quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É isso que se faz. Essa é a convicção que a gente tem que ter. Mesmo que a gente não goste”, afirmou. “Nem sempre a gente gosta. Nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel de quem é instituição de Estado. Instituição que respeita os valores da pátria, como de Estado”.

Entre outras atuações no Exército, Tomás foi também subcomandante da Minustah (Missão de Estabilização da ONU, no Haiti).

Cézar Feitoza/Ranier Bragon/Folhapress

Lula demite comandante do Exército após crise de confiança

O comandante do Exército, Júlio Cesar de Arruda
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, em meio a uma crise de confiança aberta após os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília. A decisão foi comunicada ao militar neste sábado (21).

O novo chefe da Força é o atual comandante militar do Sudeste (responsável por São Paulo), general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Nesta semana, ele havia feito um discurso incisivo de defesa da institucionalidade, pedindo o respeito ao resultado das eleições e afirmando o Exército como apolítico e apartidário.

Tomás, como é chamado, já havia sido cotado para o cargo, mas alguns petistas temiam que sua grande capacidade de articulação o tornassem numa força independente, assim como Eduardo Villas Bôas foi quando escolhido por Dilma Rousseff (PT) no fim de 2014 —o ex-comandante foi o artífice da volta dos fardados à política.

Além disso, o general está na linha sucessória natural, sendo o mais antigo detentor de quatro estrelas do Alto-Comando, ao lado de Valério Strumpf.

Arruda tinha sido nomeado para o comando da Força em 28 de dezembro, antes da posse de Lula como presidente. Ele havia sido escolhido por critério de antiguidade pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.

Segundo auxiliares do presidente, a decisão foi tomada porque Arruda não demonstrou disposição de tomar providências imediatas para reduzir as desconfianças de Lula em relação a militares do Exército após a invasão do Palácio do Planalto e das sedes do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso.

A demissão tem potencial para agravar as tensões entre Lula e o comando das Forças Armadas. Os governistas afirmam, no entanto, que a saída de Arruda é necessária para que Lula exercesse sua autoridade como presidente.

Depois dos ataques à praça dos Três Poderes, Lula manifestou publicamente sua desconfiança em relação às Forças Armadas, em críticas direcionadas especificamente ao Exército.

No dia 12, ele afirmou que “muita gente das Forças Armadas” dentro do Palácio do Planalto foi conivente com a invasão. “Estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não vi a porta de entrada quebrada”, disse. As declarações de Lula provocaram reações negativas dentro da Força.

O Alto-Comando do Exército, formado pelos generais do topo de carreira, se reuniu neste sábado para discutir a demissão.

Lula cumpre agenda neste sábado em Roraima para anunciar ações contra uma crise de saúde em terras yanomamis. Ele deve retornar a Brasília no fim do dia.

Na sexta-feira (20), o presidente se reuniu com Arruda e os comandantes da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno. O encontro foi articulado por Múcio como uma maneira de reduzir as tensões deste início de governo.

A reunião, no entanto, não foi suficiente para “virar a página” na relação, como pretendia o ministro da Defesa. A conversa se concentrou em projetos estratégicos e planos de investimentos das Forças Armadas. Dirigentes da Federação das Indústrias do Estado do de São Paulo foram chamados por Lula para participar do encontro.

Nos dias que antecederam a reunião, Lula disse a auxiliares que esperava uma providência enérgica contra os militares que teriam sido coniventes com o ataque à praça dos Três Poderes, no dia 8. A sinalização incluiria uma punição aplicada a esses indivíduos pelas próprias Forças Armadas.

Um dos focos mais vivos de tensão era a chefia do Batalhão da Guarda Presidencial, responsável pela segurança do Palácio do Planalto. Lula exigiu a troca do comandante da tropa, mas o Exército defendeu afastá-lo só depois de uma investigação que pudesse comprovar que ele teria facilitado a invasão do prédio.

O governo também exige uma mudança clara de posição dos militares diante de eventuais ameaças de protestos em frente aos quartéis. Neste ponto, há sinais de convergência: a determinação dos militares é impedir novas ocupações.

Aliados de Lula que fazem uma ponte com os militares afirmam que o novo governo conseguiu melhorar as relações com a Marinha e a Aeronáutica. O Exército, por outro lado, era visto como um problema —o que ficou marcado com a demissão de Arruda.

Bruno Boghossian/Igor Gielow/Folhapress

Justiça amplia a R$ 18,5 mi bloqueio de bens de suspeitos de atos golpistas no DF

Estragos dos ataques golpistas aos prédios dos três Poderes
A Justiça Federal ampliou para R$ 18,5 milhões o valor para bloqueio de bens de suspeitos de patrocinar atos golpistas em 8 de janeiro.

A decisão assinada na sexta-feira (20) atende a pedido da AGU (Advocacia-Geral da União) e considera novos cálculos sobre os danos causados pelos bolsonaristas em prédios públicos da Praça dos Três Poderes, em Brasília.

A Justiça havia bloqueado R$ 6,5 milhões, no último dia 12, em bens e direitos de pessoas, entidades e empresas que teriam envolvimento com os ataques golpistas. A medida é uma forma de tentar garantir recursos para reformar os prédios do Congresso, Planalto e STF (Supremo Tribunal Federal).

A primeira decisão era baseada em estimativa de prejuízo aos prédios da Câmara e do Senado.

O cálculo sobre o dano total ainda está sendo afinado, mas a AGU citou agora que a Câmara aponta um valor de R$ 1,1 milhão em estragos, ainda sem considerar o custo para restaurar obras de arte.

No Planalto, são estimados danos de R$ 7,9 milhões.

Já no STF, a ação dos bolsonaristas causou prejuízo de ao menos R$ 5,92 milhões. Ao pedir a ampliação do bloqueio, a AGU afirmou que a estimativa de dano aos prédios públicos está subdimensionada.

Na decisão de sexta-feira (20), o juiz federal Francisco Alexandre Ribeiro afirmou que os bloqueios tem como objetivo “assegurar o ressarcimento dos milionários danos patrimoniais causados ao erário público”.

Alguns dos réus que tiveram bens bloqueados teriam financiado o transporte de bolsonaristas a Brasília.

“Os réus tiveram papel decisivo no desenrolar fático ocorrido no último dia 8 de janeiro de 2023 e, portanto, devem responder pelos danos causados ao patrimônio público federal e derivados desses atos”, afirmou a AGU no primeiro pedido feito à Justiça para bloqueio dos bens.

“A gravidade dos fatos praticados e nos quais os réus se envolveram, que, mais que lesar o patrimônio público federal, implicaram ameaça real ao regime democrático brasileiro, impõe uma resposta célere e efetiva”, acrescentou.

Mateus Vargas/Folhapress
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Lula testa limites em relação inédita com BC autônomo

O incômodo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus ministros com o patamar elevado dos juros no Brasil tem levado a nova administração a elevar a pressão sobre o Banco Central. Os limites da relação são testados no inédito cenário de uma autoridade monetária comandada por nomes não indicados pelo novo governo, e com autonomia para suas funções.

Do outro lado, o BC tem alertado para problemas que a expansão de gastos pode gerar sobre a inflação, especialmente diante das maiores despesas em 2023 e da elevada incerteza sobre a regra que substituirá o teto de gastos –a qual será proposta até abril, de acordo com a previsão do governo.

A troca de recados entre Lula, os integrantes do primeiro escalão e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ganhou temperatura na última semana e explicitou as divergências.

O presidente veio a público nos últimos dias criticar a atuação da autoridade monetária, dizer que a autonomia da autarquia é uma bobagem e classificar a atual meta de inflação como exagerada.

“É uma bobagem achar que o presidente de um BC independente vai fazer mais do que fez o BC quando o presidente [da República] era quem indicava”, afirmou. “Por que, com o BC independente, a inflação está do jeito que está e o juro está do jeito que está?”.

A tensão ocorre porque esta é a primeira vez que a autonomia do BC é testada em face de um governo que não indicou os diretores. Até 2024, Lula terá de conviver com o titular da autarquia indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Campos Neto, que está no comando do BC desde 2019, se comprometeu a ficar no cargo até o fim do mandato e antecipou que não tem interesse em um segundo.

Em vigor desde fevereiro de 2021, no governo Bolsonaro, a lei de autonomia determina mandatos fixos de quatro anos ao presidente e aos diretores do BC, que podem ser renovados apenas uma vez e não são coincidentes com o do presidente da República. A medida busca reduzir a ingerência política sobre a instituição.

“Vamos vivenciar pela primeira vez um ano em que teremos um novo governo junto com um presidente de BC indicado pelo anterior. Então, teremos um período de adaptação no qual qualquer movimentação pode querer ser sinalizada como algum tipo de recado ou divergência”, diz Carla Beni, professora de MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas).

As declarações recentes do petista representaram uma escalada no tom contra o BC, geraram estresse ao pressionar os juros negociados pelo mercado e obrigaram o próprio governo a vir a público ajustar o discurso. Coube ao ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) dizer que o presidente não vai agir contra a autonomia da autoridade monetária.

A postura de Lula, no entanto, não é isolada no governo, e o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tem feito pressão sobre a autarquia com queixas ao patamar dos juros. Para ele, o país vive uma “situação anômala”, com “uma inflação comparativamente baixa e uma taxa de juro real fora de propósito para uma economia que já vem se desacelerando”.

Em entrevista a jornalistas no último dia 12, acrescentou que esse é um “jogo” que o governo está “aprendendo a fazer”. “Antigamente não existia independência do BC, agora existe, precisamos entender”, afirmou Haddad após apresentar um pacote de medidas para melhorar as contas públicas, que classificou como uma “carta para o BC”.

“Vamos [Ministério da Fazenda e BC] trocando cartas até o dia em que a gente celebra um entendimento maior”, disse. O comentário foi feito poucos dias após o BC enviar uma carta a Haddad justificando o estouro da meta de inflação e dizendo que acompanha com especial atenção a política do governo para a área fiscal.

Apesar do tom, o titular da pasta destacou que respeita a independência da autarquia. “Eu não tenho de estar satisfeito ou insatisfeito com o BC, tenho de respeitar a institucionalidade, respeitar a independência que foi aprovada e buscar os caminhos para harmonizar as políticas”, afirmou.

Para Marcos Mendes, pesquisador associado do Insper e colunista da Folha de S.Paulo, Haddad está “ultrapassando o limite de suas prerrogativas e, repetidas vezes, buscando, por meio de falas públicas, intimidar o Banco Central de forma a induzir decisões relativas à política monetária”.

Ele destaca que “cabe ao ministro da Fazenda cuidar das questões fiscais sem criar ruídos ou conflitos políticos com o BC”, que, na visão dele, está atuando dentro de suas competências. “Não vejo o presidente ou os diretores do BC se pronunciando fora dos documentos oficiais sobre política fiscal ou qualquer outra coisa fora de sua alçada”.

Já Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC, vê uma convergência de interesses depois de Haddad ter declarado que as políticas fiscal e monetária precisam atuar em harmonia. “Tem muitas coisas em aberto, mas não me parece que tenha um curto-circuito”, diz.

O presidente do conselho da Jive Investments ressalta que o ministro iniciou sua gestão em uma situação de fragilidade diante das declarações de Lula sobre a existência de um conflito entre responsabilidade fiscal e social, recebidas de forma negativa pelo mercado.

“Haddad tem de falar e fazer coisas que tragam sensação de estabilidade à frente. Ele está fazendo corretamente, é melhor falar mais do que falar menos, mas não adianta falar para um lado e fazer para outro”, afirma.

Ex-diretor do BC, Tony Volpon pondera que o ideal seria o ministro da Fazenda não entrar em discussões sobre nível de juros, citando os Estados Unidos como exemplo. No entanto, reconhece que, no caso brasileiro, há um trabalho de adaptação por parte “de um governo de esquerda à ideia de ter um Banco Central independente”.

Para o economista, a tensão entre governo e BC pode se acirrar nos próximos meses se houver frustração com relação ao nível de atividade econômica. Se o cenário de desaceleração esperado pelo mercado se confirmar, ele projeta como alternativa “boa” o governo rever suas perspectivas e trabalhar para dar ao BC condições de reduzir os juros de forma responsável.

Já a alternativa “ruim”, na opinião dele, seria o governo culpabilizar a autoridade monetária, falar em mudar a meta de inflação e “querer mexer na política monetária em função de uma frustração com o crescimento econômico e o resultado da sua política fiscal”.

“Acredito que isso foi grande parte do desastre do governo Dilma [Rousseff] na área econômica. A Dilma se frustrou com o crescimento em 2011 e começou a mexer em um monte de coisas, inclusive fez uma interferência velada no Banco Central em 2012. A partir daí teve toda a sequência de eventos que levou à recessão de 2014 a 2016”, afirma.

Apesar da conjectura, ele não vê isso como uma “briga contratada”. “Por enquanto dá para ficar nesse jogo mais amigável”, acrescenta.

Na quinta-feira (19), Campos Neto relativizou as críticas feitas por Lula à autonomia formal do BC, argumentando que informações são retiradas de contexto em algumas entrevistas e colocando as declarações do presidente em perspectiva.

“Acho que ele [Lula] quis dizer ‘eu não acho que precisamos ter a independência na lei, pode ter a independência sem a lei e fazer as coisas funcionarem’”, disse o presidente do BC em evento na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles).

“Mas quando você pensa no que está acontecendo no Brasil e quão difícil foi o processo da eleição no Brasil, acho que o mercado estaria bem mais volátil se o BC não tivesse a autonomia na lei. Seria outro elemento de incerteza”.

Nathalia Garcia/Folhapress

Baterias antiaéreas no centro de Moscou assustam moradores

Bateria antiaérea Pantsir-S1 usada para proteger o estádio de São Petersburgo na Copa de 2018
Desde a quinta-feira (19), as redes sociais moscovitas só falam de uma coisa: a instalação de sistemas de defesa antiaérea em prédios governamentais no centro da cidade, um sinal evidente de que o governo de Vladimir Putin está preocupado com a possibilidade de ser atacado em sua própria capital pela Ucrânia que invadiu em 2022.

Tudo começou com a circulação de uma fotografia de uma bateria de curto alcance Pantsir-S1 em cima do enorme prédio do Ministério da Defesa, que fica a 3,5 km a sudoeste do Kremlin, na margem oposta do rio Moscou ao famoso parque Górki.

Depois, um vídeo captou outro Pantsir sendo içado para o topo de um prédio do Ministério da Educação a cerca de 5 km a leste, no distrito de Taganski. A partir daí, pululam imagens do sistema de armas em outros pontos em torno de Moscou, como a cerca de 10 km da residência oficial de Putin, em Novo-Ogariovo.

“Dá medo, isso me lembra as histórias da minha avó na Segunda Guerra Mundial, quando havia baterias nos telhados”, disse por WhatsApp o jornalista Mikhail, que pediu para não ter o sobrenome divulgado. Ele mora perto de Taganski, e sua formação militar o faz especular que a posição daquela bateria em especial visa cobrir a aproximação a leste do Kremlin.

De fato, olhando o raio de alcance das duas baterias, a sede do governo russo fica na intersecção das áreas de coberturas dos Pantsir.

“Ninguém fala nada, isso é mau sinal, ainda mais depois do que aconteceu em Engels”, continuou, em referência aos ataques com drones de longa distância de origem soviética que Kiev promoveu contra a base aérea homônima, a 800 km da fronteira ucraniana. Houve também um ataque a meros 180 km de Moscou, que por sua vez fica a 450 km do país vizinho, dentro do raio de alcance das antigas armas ucranianas (1.000 km).

Na sexta (20), o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, foi instado por repórteres a explicar o que estava acontecendo. Não o fez, dizendo que assuntos de defesa deveriam ser discutidos com o ministério, que por sua vez não fez comentários.

Os Pantsir-S1 são sistemas de curto alcance e baixo altitude, a última das três camadas do sistema de defesa antiaérea russo: na longa distância estão o S-300, o S-400 e o novo S-500, enquanto na intermediária são empregadas baterias como a Tor-M1 e a Buk, entre outros modelos.

Moscou já era protegida por sistemas de longa distância, segundo analistas militares, mas a introdução dessas baterias, que protegeram estádios na Copa-2018, sugere a preocupação justamente com drones, menores e de mais difícil interceptação. O Pantsir-S1 teve um desempenho sofrível contra drones suicidas na guerra civil da Síria, mas desde então foram atualizados com novos radares e parecem ter sucesso na Ucrânia, onde estão sendo operados.

Eles atacam seus alvos com mísseis que têm alcance de 18 km de distância e 15 km, de altitude. Caso um drone ou míssil de cruzeiro escape, ele ainda conta com dois canhões de curtíssimo alcance para tentar abatê-los.

Alguns observadores pró-Kremlin parecem conformados com o sinal de insucesso militar que as baterias implicam. “Isso significa que [o governo] entende perfeitamente os riscos e entende que ataques contra Moscou e outras regiões são uma questão de tempo”, escreveu o jornalista especializado em assuntos militares Alexander Kots, alinhado a Putin. “É bom começar a planejar antes do que depois de um primeiro ataque”.

Seu colega de profissão Mikhail vê de outra forma a questão. “Se a guerra chegar a Moscou, será um enorme fracasso para Putin, ficará difícil de esconder o problema”, afirma. No fim de outubro, haviam pouquíssimas referências ao conflito iniciado em fevereiro passado pelas ruas da cidade, uma política deliberada do Kremlin.

Igor Gielow/Folhapress

PF prende homem que ameaçou Lula em redes sociais

A Polícia Federal de Roraima prendeu um homem em flagrante na noite de sexta-feira (20), em Boa Vista, suspeito de incentivar a violência contra o presidente da República. O homem teria comentado em uma publicação sobre a visita de Lula ao estado de Roraima, neste sábado (21), que ‘seria a hora de colocar a bala na cabeça dele’.

Segundo nota divulgada pela PF-RR o suspeito foi encaminhado ao sistema prisional onde ficará à disposição da Justiça.

O presidente Lula (PT) divulgou, na tarde de sexta-feira (20) em suas redes sociais, que viaja a Roraima (no sábado) para oferecer o suporte do governo federal e dos ministros, para pela garantia da vida de crianças Yanomami. No post, o presidente diz que recebeu informações sobre “a absurda situação de desnutrição das crianças Yanomami em Roraima”.
Bernadete Druzian/Folhapress

Governo do Estado prevê entrega de mais 104 mercados municipais requalificados ou construídos

Mercado muncipal
O governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), vai entregar, até agosto de 2023, mais 104 mercados construídos ou requalificados em todas as regiões do Estado. A ação também proporciona um maior ordenamento e permite a comercialização dos produtos da agricultura familiar de forma segura e higiênica.

Os mercados municipais, centros comerciais e feiras livres são importantes pontos de comercialização da produção rural. Lá, estão reunidos comerciantes e produtores das sedes dos municípios, comunidades rurais e povoados.

Nos últimos anos, a CAR celebrou convênios com associações, cooperativas, consórcios e prefeituras como forma de incentivo e fomento à agricultura familiar, gerando renda em diversos municípios do interior da Bahia.

Para o diretor-presidente da CAR, Jeandro Ribeiro, os mercados municipais são, de fato, locais onde a agricultura familiar e a população da cidade se encontram. “É um momento em que a agricultura familiar consegue comercializar seus produtos, mas também onde os consumidores adquirem o produto sabendo sua origem. Entendendo que essa é uma ação estruturante, o Governo da Bahia, por meio da CAR, vem requalificando os mercados, onde estamos oportunizando a esses públicos um espaço de identidade, com condições sanitárias. É o shopping aberto dos pequenos municípios”.

Em Poções, por exemplo, o Centro Comercial Monsenhor Honorato, entregue em outubro de 2022, é motivo de orgulho para as 40 famílias de feirantes que vendem alimentos, roupas, utensílios de casa, eletrônicos, entre outros. O espaço atende à população do município estimada em 46.900 habitantes.

Os próximos municípios que irão contar com mercados novos ou requalificados são Amargosa, Andorinha, Camacã, Caldeirão Grande, Cristópolis, Guarantinga, Rafael Jambeiro, Gandu, Retirolândia e Várzea da Roça, entre outros.

Fila para tirar visto americano em São Paulo cresce e supera 500 dias

Passaporte
O tempo de espera para agendar uma entrevista para a primeira emissão do visto americano de turismo ou negócios em São Paulo chegou a 511 dias nesta sexta-feira (20). Já quem precisa renovar o documento —ou seja, tem um visto vencido há menos de quatro anos— deve entrar numa fila de 43 dias.

Os números representam uma pequena variação, para cima, em relação ao que era observado no final de dezembro, quando brasileiros em São Paulo precisavam esperar 491 dias para emitir os papéis pela primeira vez e um mês para renová-los.

É possível consultar o tempo de espera para vários tipos de visto, nos diferentes consulados dos EUA no país, no site do Departamento de Estado. Os de turismo são os B1/B2.

O escritório em São Paulo é o que tem as filas mais longas no Brasil atualmente. Em Brasília, os que querem tirar visto pela primeira vez devem esperar 434 dias e os que precisam de renovação, 20 dias. No Rio de Janeiro, são 429 e 20 dias, respectivamente; no Recife, 361 e 3. O consulado em Porto Alegre tem o menor tempo de espera para a primeira emissão: 301 dias; para renovação, 22.

Esse tempo de agendamento começou a aumentar de forma mais acentuada como efeito direto da Covid-19, que impactou o funcionamento das missões diplomáticas. No período de restrições mais severas, os EUA deixaram de emitir autorizações de entrada não emergenciais para estrangeiros.

“Desde a retomada pós-pandemia do processamento regular de vistos, a embaixada e os consulados no Brasil têm trabalhado ativamente para contratar e treinar funcionários adicionais”, afirmou o Departamento de Estado, em nota.

O órgão aumentou o número de horas e dias de atendimentos para dar conta da demanda represada, além de ter ampliado o prazo de renovação para 48 meses. Nesses casos, o solicitante que tem um visto vencido há menos de quatro anos não precisa fazer uma nova entrevista.

Por isso o prazo para a renovação é mais rápido, com o agendamento marcado para a entrega dos documentos no Centro de Atendimento ao Solicitante de Visto (Casv). A devolução do passaporte com o documento após o trâmite, porém, pode levar algumas semanas —então, é preciso se programar antes de marcar a viagem.

“Como resultado, em novembro de 2022, a embaixada e os consulados dos EUA emitiram em todo o país 66% mais vistos de turistas e negócios do que no mesmo período pré-pandemia. A embaixada e os consulados no Brasil estão em segundo lugar entre os países que mais receberam solicitações de visto no mundo em 2022”.

Apesar do longo tempo de espera, a entidade diz que esses números são dinâmicos e que muitos turistas conseguem adiantar a data das entrevistas, sem custo adicional, devido a cancelamentos de outros solicitantes e a abertura de novos horários de atendimento.

Além disso, é possível pedir a antecipação da entrevista em casos emergenciais, como morte de parentes imediatos e tratamentos médicos. Para fazer esse tipo de solicitação é preciso agendar para a data mais próxima disponível, clicar em “Continuar” e, em seguida, em “Request Expedite”.

A partir do momento em que as taxas são pagas, o cidadão tem até 365 dias para agendar uma entrevista —que não precisa ocorrer nesse prazo de um ano. Uma vez agendada, o pagamento permanecerá válido até a data da entrevista.

Daniela Arcanjo/Folhapress

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