Ministro insiste em levar bolsonaristas para o governo Lula e irrita petistas

Alexandre Silveira
Os movimentos do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na busca de cargos para ex-membros do governo bolsonarista causam estranhamento e descontentamento entre integrantes e aliados do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Também chama a atenção a sua proximidade com o ex-ministro de sua pasta durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o almirante Bento Albuquerque, que prestigiou a posse de Silveira e já o visitou no ministério. É apontado no setor de energia como uma espécie de conselheiro informal de Silveira.

Mineiro, o ministro é filiado ao PSD de Gilberto Kassab, secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no estado de São Paulo, e aliado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No setor de energia, o que se conta é que ele vem sendo pressionado a ampliar espaço para o PSD e seus aliados no governo, mas tem tido dificuldades.

Na ação mais recente, no final da noite de segunda-feira (27), Silveira impôs a sua lista de indicados para o conselho de administração da Petrobras, gerando críticas dentro da própria empresa e entre os sindicatos aliados do governo. O ministro teria quatro dos oito nomes indicados pela União.

O seu nome para presidir o conselho da companhia é Pietro Mendes, que foi secretário de Bento Albuquerque quando ele era ministro.

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) chegou a divulgar uma dura nota questionando as indicações. No texto, o coordenador-geral da entidade, Deyvid Bacelar, diz que são nomes “ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações”.

Integrante do grupo de transição do novo governo para a área energética, Bacelar questionou em entrevista à Folha a ausência de indicações mais alinhadas com o presidente Lula —seu único nome na lista é o presidente da estatal, Jean Paul Prates.

“Como é que o Lula, o presidente do país, não vai ter nenhum nome no conselho da Petrobras?”, criticou. A elaboração da lista já vinha sendo alvo de embates entre o ministro, petistas e sindicalistas.

A lista gerou desconforto inclusive no entorno de Prates, que se apressou a jogar para o ministro a responsabilidade pelos nomes. Deve ser questionada nos órgãos internos de controle por possíveis conflitos de interesse e pela falta de experiência de alguns dos indicados no setor.

Nesta quarta-feira (1º), o governo reagiu. Anunciou uma mudança na lista de indicados ao conselho e o adiamento da assembleia de acionistas que elegerá o colegiado, sinalizando que fará novas alterações.

Foi incluído na lista o economista Bruno Moretti. Consultor legislativo próximo à bancada petista, ele teve cargos em ministérios durante o governo Dilma Rousseff e assessorou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, na elaboração de projeto de lei.

Tem posição alinhada ao governo em relação à política de preços dos combustíveis da estatal. Em entrevista à Rádio PT em março de 2022, defendeu que uma Petrobras integrada consegue equilibrar perdas e ganhos entre as áreas de exploração de petróleo e refino.

“Esses agentes privados que não são integrados vão praticar preços maiores”, afirmou, referindo-se a empresas privadas que negociavam refinarias da estatal. De fato, o caso do Amazonas mostra que os preços dispararam após a privatização.

Não foi a primeira vez que o ministro causou esse tipo de desconforto, nem que apoiou nomes ligados a Bento Albuquerque.

Silveira quer Bruno Eustáquio para o cargo de secretário-executivo do MME (Ministério de Minas e Energia). Eustáquio é servidor com mais de uma década de experiência na área de infraestrutura, incluindo energia, óleo e gás. No entanto, ganhou projeção na gestão bolsonarista. Foi secretário adjunto da pasta quando o almirante era ministro e depois secretário-executivo do Ministério de Infraestrutura.

O nome foi vetado pela Casa Civil e pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Sobre a questão, Gleisi afirmou à Folha que os aliados precisam ter bom senso na hora de escalar cargos de confiança no atual momento político.

Silveira chegou a recorrer a Lula na tentativa de emplacar o seu escolhido, mas nem assim conseguiu garantir a liberação. Passados dois meses desde o início do novo governo, Silveira ainda não nomeou o seu secretário-executivo. A leitura no setor de energia é que ele mantém o compasso de espera nessa questão enquanto reforça a ofensiva por cargos agora nas estatais.

Chamam a atenção também os movimentos envolvendo Itaipu e, por tabela, a ENBPar, estatal criada para assumir a usina binacional e Eletronuclear no lugar da Eletrobras após a sua privatização. A ainda desconhecida ENBPar comercializa a energia de Itaipu.

Ambas ainda aguardam os novos gestores e são comandadas por integrantes da Marinha. No posto de diretor-geral de Itaipu está o vice-almirante da Marinha, Anatalicio Risden Junior. O vice-almirante Ney Zanella preside a ENBPar,

A escolha do comando de Itaipu é uma prerrogativa do presidente da República. Mas o rito oficial prevê que o nome seja encaminhado pelo MME para a ENBPar, que por sua vez, o envia para a análise do conselho de administração de Itaipu, que pode ser convocado a qualquer momento.

No final de janeiro, Lula escolheu o deputado Ênio Verri para o posto. Mas o trâmite burocrático tem sido mais lento que o normal, segundo fontes do setor. A expectativa é que a posse ocorra apenas na segunda quinzena de março.

Com essa demora, a gestão bolsonarista acabou tendo o privilégio de promover o ato que marcou o pagamento da última parcela da dívida contraída nos anos de 1980 para a construção da usina, que ocorre neste mês. Silveira confirmou presença no evento marcado para terça-feira (28) e convidou Verri para acompanhá-lo. Ficou agendado que ambos viajariam juntos às 7h daquele dia para a celebração.

Pessoas que acompanham a rotina em Itaipu enxergaram o gesto de Silveira como um duplo ato simbólico. Prestigiar Risden, que é ligado a Bento Albuquerque, e mostrar a sua boa vontade para com o novo governo, e, ao mesmo tempo, apresentar Verri para que se iniciasse uma transição cordata no comando.

Ocorre que as reuniões pela reoneração dos combustíveis se prolongaram, e Silveira ficou preso em Brasília. Enviou um vídeo para o evento. Verri decidiu não ir. Segundo a Folha apurou, o futuro diretor-geral considerou no mínimo estranho que a gestão bolsonarista tenha ficado com o privilégio de promover o ato histórico.

O que se conta no setor é que Bento trabalha nos bastidores para manter a influência nessas estatais, particularmente para garantir projetos que considera vitais, como a construção da usina de nuclear de Angra 3, que depende de muitos trâmites e cifras elevadas. Assim, reforçou os laços com Silveira em busca de apoio.

Bento Albuquerque, por exemplo, sugeriu a Silveira, e ele aceitou, a ajuda informal de Marisete Dadald, que foi sua secretária-executiva no MME. Há quem diga que ela é o plano B de Silveira, caso de Eustáquio realmente não seja aceito pelo atual governo.

Marisete foi ao ministério em pessoa prestar a colaboração. Esse apoio incomodou executivos do setor de energia e causou constrangimento aos servidores da pasta por ser qualificada como temerária. Ninguém questiona a sua competência, no entanto, ela trabalhou pela privatização da Eletrobras e hoje está no conselho da empresa. Não poderia ter acesso a informações da pasta, que são estratégicas.

OUTRO LADO

“NÃO EXISTE GOVERNO PURO-SANGUE”, DIZ BENTO ALBUQUERQUE
A assessoria do MME afirmou que a pasta está em sintonia com o governo Lula.

“As nomeações no âmbito do Ministério de Minas e Energia seguem as diretrizes estabelecidas pelo governo e com total alinhamento. Não há qualquer menção a vetos ou obstruções às indicações realizadas para a pasta e suas vinculadas”, afirmou a resposta por escrito.

A assessoria não comentou a relação entre Silveira e Bento Albuquerque e, em relação à colaboração de Marisete, disse que a pasta recebe apoios informais neste início da gestão.

“Por conta do momento de transição, alguns servidores públicos têm colaborado voluntariamente nesse processo em apoio ao Ministério de Minas e Energia”, destacou.

O almirante Bento Albuquerque elogiou a atuação de Silveira, mas afirmou que se trata de “uma inferência, sem base concreta,” dizer que ele busca seu apoio. Contou que conheceu o atual ministro há cerca de dois anos, no ambiente parlamentar.

“Minha relação com o ministro Silveira vem desde quando ele era senador, e essa relação sempre foi muito boa”, disse Bento Albuquerque. “Ele frequentou o Ministério de Minas e Energia inclusive tratando de projetos de lei do nosso interesse e conduzindo a agenda no Senado, e nessa relação ele conheceu Marisete, Bruno e todo mundo.”

O ex-ministro afirma não ter interesses políticos nas estatais e que a Marinha tem um trabalho histórico na área nuclear que vai muito além de pretensões individuais e agenda de curto prazo nessa área.

“Quem faz esse tipo de analogia mostra desconhecimento sobre o programa nuclear brasileiro, que nasceu em 1954 na mão do almirante Álvaro Alberto. São 70 anos. Então, pessoas formadas na Marinha naturalmente vão para empresas como Eletronuclear”, afirmou.

Ele reforça a importância de Angra 3, mas lembra que ela não é uma proposta individual de sua autoria.

“A necessidade por Angra 3 não foi criada na minha gestão, não um desejo meu”, disse. “Ela está para ser concluída há dez anos, e no plano de expansão energético do país é considerada pelos técnicos do setor importante para a segurança energética do Brasil.”

O almirante afirmou ainda que não existem “governos puro-sangue” e que considera natural que apoiadores de um governo derrotado nas urnas possam apoiar o governo vencedor.

“Este não é um governo de coalisão? Vários partidos que fazem parte dessa coalisão estavam de certa forma na base do governo Bolsonaro e agora trabalham para construir o futuro desse governo e do país. Não há problema nisso.”

Em resposta à reportagem, Marisete afirmou que seu apoio ao atual ministro não ocorreu a pedido de qualquer ex-dirigente da pasta e que foi de caráter técnico, sem que tivesse acesso a informações sensíveis.

“Meu apoio ao ministro Alexandre se deu apenas a título de apresentação de informações sobre a estrutura de funcionamento do setor e de acompanhamento na fase de transição, uma vez que atuei na pasta desde o primeiro governo Lula, tendo o histórico das políticas públicas implementadas desde então”, escreveu à Folha.

“Informo ainda que, durante esse período de transição, não tive acesso ou influência em temas que dizem respeito ao setor elétrico.”

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco elogiou o trabalho do ministro neste início de gestão.

“Alexandre Silveira é um quadro muito capacitado e compreende a importância de colaboradores técnicos nas pastas do ministério”, afirmou à Folha. “Não tenho detalhes sobre suas escolhas específicas. Confio que ele fará um bom trabalho e ajudará o governo e o Brasil.”

Alexa Salomão e Nicola Pamplona/Folhapress

Petrobras tem em 2022 o maior lucro da história das empresas brasileiras

Beneficiada pela escalada das cotações internacionais do petróleo, a Petrobras fechou 2022 com o maior lucro anual da história das empresas brasileiras: R$ 188,3 bilhões, alta de 76,6% em relação ao resultado de 2021, que havia sido o maior já anunciado pela estatal.

Com o lucro recorde, a empresa teria que distribuir mais R$ 35,8 bilhões em dividendos, mas a nova gestão propôs a retenção de R$ 6,5 bilhões em uma reserva estatutária, que será avaliada pelos acionistas em assembleia.

A elevada distribuição de dividendos pela companhia, que se tornou a segunda maior pagadora do mundo em 2022, era alvo de fortes críticas do PT e de seus aliados. Mesmo se acatada a retenção, a empresa terá distribuído mais de R$ 200 bilhões pelo resultado do ano.

O lucro divulgado pela Petrobras nesta quarta-feira (1º) supera os R$ 129,1 bilhões anunciados pela Vale em 2021, em valores corrigidos pelo IPCA, até então o maior já registrado por uma companhia brasileira, segundo Einar Rivero, da TradeMap.

No texto que abre o balanço, o diretor Financeiro da companhia, Rodrigo Araújo, diz que anuncia o resultado com “muito orgulho e um forte sentimento de dever cumprido”. Ele foi indicado ainda no governo Jair Bolsonaro e será substituído pela nova gestão petista.

Araújo diz que o lucro recorde resulta “de uma longa trajetória de superação de enormes desafios, gestão eficiente, escolhas estratégicas consistentes que se mostraram acertadas e foco na geração de valor”. A empresa fechou o ano com dívida bruta de US$ 53,8 bilhões, queda de 8,4%.

De acordo com a Petrobras, o desempenho se deve principalmente à alta do preço do petróleo, maiores margens na venda de combustíveis, melhor resultado financeiro e ganhos com acordos de coparticipação em campos do pré-sal, que lhe renderam ressarcimentos por investimentos já feitos.

No ano, a estatal vendeu petróleo ao preço médio de US$ 101,19 por barril, alta de 43,1% em relação ao ano anterior. O preço médio de sua cesta de combustíveis bateu novo recorde, a R$ 632,2 por barril, alta de 51,9% em relação a 2021.

A escalada dos preços dos combustíveis levou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a intervir na estatal, com a troca de dois presidentes durante o ano, e no mercado em geral, com a desoneração de impostos federais e imposição de teto para o ICMS sobre os combustíveis.

A cobrança de impostos foi retomada nesta quarta, em alíquotas menores do que as anteriores, na primeira grande intervenção do governo Lula na empresa, que reduziu o preço da gasolina para compensar parcialmente a alta na carga tributária.

O governo decidiu também taxar as exportações de petróleo por quatro meses, o que terá impacto nos resultados da Petrobras pelos próximos trimestres. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as empresas de petróleo têm lucros “exorbitantes” e que a solução é de transição.

De fato, além da Petrobras, outras petroleiras globais como Shell e BP anunciaram lucros recordes em 2022, impulsionadas pela reação do mercado às sanções impostas à Rússia após o início da Guerra na Ucrânia.

De acordo com levantamento da TradeMap, o lucro anual da Petrobras é o terceiro maior entre as petroleiras globais com ações em Bolsa que já divulgaram balanços, atrás apenas de ExxonMobil e Shell.

Durante o ano, a estatal brasileira teve receita de R$ 641,2 bilhões, alta de 41,7% em relação ao verificado no ano anterior. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, cresceu 45,1%, para R$ 340,5 bilhões. No quarto trimestre, a empresa lucrou R$ 43,3 bilhões, alta de 37,6% em relação ao mesmo período de 2021.

A proposta de retenção de parte dos dividendos já mostra influência da gestão petista, que pretende mudar a estratégia da companhia, ampliando investimentos e retornando a segmentos abandonados pelas gestões anteriores.

Caso a retenção não seja aprovada pelos acionistas, a empresa distribuirá R$ 215,8 bilhões pelo resultado de 2022, segundo o Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

O valor, diz o diretor técnico do Ineep, Mahatma dos Santos, reafirma “estratégia da empresa de seguir transferindo valor gerado a seus acionistas, em detrimento de uma política de investimentos de longo prazo”.

Presidente do PL diz que Bolsonaro e Michelle farão caravanas pelo Brasil


O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta quarta-feira (1º) que o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro deverão participar de caravanas pelo Brasil ainda neste semestre.

A ideia, segundo Valdemar, é que eles façam viagens separadamente pelo país, com Michelle focando a participação de mulheres na política e Bolsonaro o diálogo com prefeitos e lideranças regionais. Ele prevê que essas caravanas possam começar entre maio e junho deste ano.

Valdemar afirmou ainda que isso deve ocorrer já de olho nas eleições municipais de 2024 —o partido tem a pretensão de eleger mil prefeitos.

“Queremos que o Bolsonaro visite as nossas cidades. Nós temos observado isso aí que ele não perdeu prestígio e ele vai ser uma pessoa muito importante nas eleições municipais no ano que vem. Vocês podem ter certeza que vamos ter um crescimento de prefeitos e vereadores brutal”, afirmou Valdemar ao sair de reunião com a bancada do partido da Câmara nesta quarta.

Ele disse ainda que o partido já tem uma pesquisa em andamento para medir a popularidade do ex-chefe do Executivo.

O presidente do PL não confirmou uma data exata para o retorno de Bolsonaro ao Brasil, mas afirmou que há uma expectativa para que isso ocorra até abril.

“Com calma, recebendo o pessoal aqui, fazendo reunião com o pessoal, prestigiando a gente. Se ele vem numa reunião dessas e a gente deixar ele falar por último não saía nenhum deputado daqui. Ele tem prestígio”, continuou.

Bolsonaro viajou aos Estados Unidos nos últimos dias de seu mandato e ainda não retornou, ignorando o rito democrático de transmitir simbolicamente o cargo a seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Já Michelle, presidente nacional do PL Mulher, fará caravanas com o intuito de aumentar a participação de mulheres na política, segundo o dirigente partidário. “Para trazer a mulherada. Você vê que o PT trabalha bem isso, eles fizeram mais mulheres do que a gente. Nós fizemos muito mais deputados e eles fizeram bem mais mulheres do que a gente.”

Valdemar afirmou que Michelle irá se reunir com as presidentes estaduais do PL para tratar das atividades e que a ex-primeira-dama tem potencial de reunir multidões. “Ela tem levado muita gente para os lugares onde foi. Pena que ela entrou tarde na campanha e não deu para ajudar, isso não surtiu tanto efeito porque ela entrou muito tarde. Mas ela vai se organizar com as presidentes estaduais e vamos trabalhar nisso”.

Ao deixar a reunião com a bancada mais cedo nesta quarta, o deputado federal Ricardo Salles reforçou o desejo de concorrer à Prefeitura de São Paulo e se colocou como pré-candidato.

“Hoje houve uma discussão sobre a importância das eleições municipais para o PL e foi praticamente assunto de unanimidade dos presentes e unanimidade da bancada paulista de que, obviamente sendo essa também a decisão do [ex-] presidente Bolsonaro, eu serei o candidato do grupo da direita do PL em São Paulo”, disse o parlamentar.

O presidente da sigla, no entanto, disse ser “muito cedo” para tratar do assunto ao ser questionado se Salles tinha apoio para concorrer.

“Vamos ver. Depende dos deputados federais e estaduais. Nós temos sabe quantos de São Paulo? 19 estaduais e todos têm interesse em São Paulo. E temos 17 federais, todos têm interesse em São Paulo. Nas capitais, o presidente do partido no estado tem que ouvir os deputados federais e estaduais. E é muito cedo ainda para isso”.

Victoria Azevedo/Folhapress

Rússia diz entender condenação do Brasil à guerra e envia chanceler

A Rússia afirmou entender a posição brasileira de condenação da invasão da Ucrânia promovida pelas forças de Vladimir Putin, reafirmada em votação na ONU na semana passada, e quer continuar a discutir a mediação de paz proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Essa foi a principal mensagem do chanceler russo, Serguei Lavrov, a seu colega brasileiro Mauro Vieira durante encontro às margens da reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, o grupo das 20 economias mais desenvolvidas do mundo, em Nova Déli, na Índia.

A reunião ocorreu nesta quarta-feira (1º) e durou 45 minutos, boa parte dedicada à explanação de parte a parte das posições dos países em relação à maior crise de segurança na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, que completou um ano na última sexta-feira (24).

Tanto Lavrov quanto Vieira repassaram pontos conhecidos de ambos os lados: os russos viam uma intrusão ofensiva do Ocidente ao tentar absorver a Ucrânia em suas estruturas, dada a história comum e a fronteira entre os países, e os brasileiros condenam a invasão, mas também são contra o regime de sanções aplicado contra Moscou e defendem uma negociação liderada por países neutros.

Lavrov confirmou que visitará Brasília em abril, o que deverá desagradar os EUA e reafirmar um quadro global em mutação. Países como Brasil, que de todo modo é mais crítico à guerra, e Índia, que não condenou oficialmente a invasão, não querem se ver só como partes na disputa maior do Ocidente contra a Rússia —e, por extensão, contra a China, a rival estratégica dos americanos na Guerra Fria 2.0.

Diplomatas brasileiros dizem que o governo tem consciência de seu papel relativo no conflito e que a proposta de Lula foi algo para sondar disposições —até aqui nenhum lado está disposto a conversar.

Na sexta, os chineses apresentaram um plano de paz esnobado no Ocidente, recebido com apatia em Kiev e com comedido aplauso em Moscou. O texto tenta abarcar vários aspectos da guerra e nada diz sobre as fronteiras de áreas já ocupadas pelos russos. Antes, Lula havia feito uma proposta mais ampla, de negociação, que foi ignorada por americanos e europeus e colheu elogios de russos e ucranianos.

O Brasil tem tentado navegar nesses mares. Na véspera, Vieira esteve com o chanceler indiano, Subrahmanyam Jaishankar, e nesta quarta falou com Lavrov e os representantes de Holanda e Nigéria. Nesta quinta (2), encontra-se com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e com o ministro das Relações Exteriores chinês, Qin Gang, os grandes antagonistas desta edição ministerial do G20.

Ela tem se provado um osso duro diplomático para os anfitriões. Logo ao desembarcar em Déli, Blinken disse a repórteres que não pretende se encontrar com seus rivais porque suas posições são conhecidas.

Trata-se de uma regressão do movimento aberto pelo líder chinês, Xi Jinping, que havia se encontrado com o americano Joe Biden no fim do ano, em Bali. O afastamento se confirmou a partir do abate de um balão suspeito de ser um dispositivo de espionagem chinesa que sobrevoava os EUA, em fevereiro.

De lá para cá, os americanos mantiveram uma posição mais dura ante a China, acusando sem provas Pequim de pretender armar os russos para ajudá-los na guerra, assim como o Ocidente faz com Kiev. Os chineses negam, e a animosidade interessa às alas mais duras da política americana, seja do lado de Biden ou da oposição republicana, com vistas ao pleito presidencial de 2024.

Assim, a Índia, membro do Brics com Brasil, Rússia, China e África do Sul, está suando para equilibrar as veleidades. Um ponto central é a existência ou não de um comunicado final da reunião. No momento, segundo a reportagem ouviu de negociadores, os russos colocaram uma condenação ao suposto ataque terrorista contra seu gasoduto Nord Stream, em setembro, como uma condição para aprovar o texto.

Já os ocidentais querem, evidentemente, uma reprimenda dura a Moscou pela guerra. Nenhum dos dois lados deve ter o que quer, e posições intermediárias estão sendo estudadas, principalmente com a ajuda de nações neutras como a dos anfitriões e do Brasil —que presidirá o G20 em 2024.

Talvez nenhum consenso seja alcançado. No fim de semana, reunião similar de ministros da Fazenda do G20 em Bangalore não chegou a lugar algum devido à insistência na condenação russa. Nesta terça, o chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell, disse que “essa guerra tem de ser condenada”.

A sessão principal ocorrerá nesta quinta, enquanto o jantar de abertura não teve a presença de americanos e chineses, que alegaram problemas de agenda. Em Pequim, Xi Jinping mandou seu sinal nesta quarta, recebendo um dos mais fiéis aliados de Putin, o belarusso Aleksandr Lukachenko.


Igor Gielow/FolhapressMUNDO

Pela 4ª vez seguida Bahia lidera ranking de mortes violentas; líder da oposição denuncia ‘negligência’ do governo

Líder da Oposição na Assembleia Legislativa da Bahia, Alan Sanches (União Brasil)
O deputado estadual Alan Sanches (União Brasil), líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), classificou como “negligente” a postura do governo do Estado na área da segurança pública, o que fez a Bahia aparecer pela quarta vez seguida como líder nacional em número de mortes violentas. Foram 5.153 mortes em 2022, de acordo com dados do Monitor da Violência – realizado pelo portal G1 com a Universidade de São Paulo (USP) -, divulgados nesta quarta-feira (1º).

Desde 2019, no início do segundo mandato do ex-governador Rui Costa (PT), a Bahia se consolidou como a unidade federativa mais violenta do País. “A sensação que a gente tem é que o governo do estado cruzou os braços no que diz respeito à segurança dos baianos. A violência está tão generalizada que o cidadão de bem agora fica trancafiado em casa porque a criminalidade tomou as ruas. Não há um dia sequer que não se ouça falar em troca de tiros e mortes nas comunidades de Salvador por causa da guerra de facções. A população está no fogo cruzado, mas infelizmente a gestão estadual foi negligente e parece ignorar o problema”, criticou o deputado Alan Sanches.

Conforme o levantamento, a Bahia registrou uma média de 427 assassinatos por mês, entre ocorrências de homicídio doloso, latrocínio, feminicídios e lesões corporais seguidas de morte. Os casos contabilizados no Estado representam 12,6% de todas as mortes violentas do Brasil em 2022, que foram 40.804.

“Não é possível que a Bahia fique por tanto tempo nessa posição vergonhosa, nesse ambiente de guerra, sem que o governo reaja. Não tem outra resposta a não ser negligência”, acentuou o líder da oposição, ao pontuar que outros estados conseguiram diminuir índices de violência. Como foi o caso do Amapá, onde houve forte operação contra as facções criminosas e foi possível reverter a alta de 19% nos assassinatos em 2021 para a significativa redução de 28% em 2022.

O Monitor da Violência também apontou que, ao analisar a quantidade de assassinatos por número de habitantes, a Bahia computou média de 34,4 mortes violentas a cada grupo de 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Pernambuco que teve 35,3 mortes nesse mesmo recorte numérico. “O novo governo precisa urgentemente virar esse jogo, não pode continuar tapando o sol com a peneira. A situação da segurança pública na Bahia é grave e acaba comprometendo todas as outras áreas da vida das pessoas”, cobrou Alan Sanches.

Dividendos da Petrobras no ano de 2022 podem superar R$ 200 bi; para Gleisi, distribuição é ‘indecente’

A presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffman
Os dividendos pagos aos acionistas da Petrobras, relativos ao ano de 2022, devem passar da casa dos R$ 200 bilhões, segundo a previsão de analistas. Até o terceiro trimestre, os dividendos pagos já chegavam a quase R$ 180 bilhões. Nesta quarta-feira, 1°, a petroleira vai divulgar os números do seu balanço relativos ao quarto trimestre, e espera-se mais um lucro expressivo, na faixa dos R$ 40 bilhões. Com isso, segundo analistas, os dividendos relativos aos três últimos meses do ano podem chegar aos R$ 30 bilhões. Mas os especialistas dizem que há também uma pequena chance de não haver pagamento de dividendos, por pressões políticas.

A proposta da nova distribuição bilionária de dividendos será discutida hoje, em reunião do conselho de administração da empresa. Mas esse ponto chega em um momento delicado, em que a empresa sofre pressão, principalmente de políticos ligados ao PT, para ampliar investimentos e, assim, ajudar na recuperação econômica do País. “Agora é (hora de) rever a indecente distribuição de dividendos da empresa para ela voltar a investir e fazer o Brasil crescer”, escreveu na terça-feira, 28, no Twitter a presidente do PT, Gleisi Hoffman.

A forte distribuição de dividendos, no entanto, tem como principal beneficiado o próprio governo. A União é dona de uma fatia de 28,67% da companhia, enquanto BNDES e BNDESPar detêm outros 8%. Durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, por exemplo, a empresa injetou nos cofres públicos mais de R$ 500 bilhões, por meio de pagamentos de dividendos e dos impostos e royalties.

Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo no ano passado, o ex-presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, disse que “a contribuição da Petrobras é quando se torna uma empresa saudável e gera recursos, que repassa para a União na forma de tributos”. Segundo ele, a empresa não pode fazer política pública, seu papel é colocar recursos na mão de quem pode fazer – o governo, no caso.

Para o quarto trimestre, os analistas do Credit Suisse disseram acreditar que a companhia deve distribuir uma soma de US$ 5 bilhões, ou cerca de R$ 26 bilhões na cotação atual do dólar. A instituição observa que esse montante previsto seria menor que os resultantes da prática recente de distribuir toda a geração de caixa livre da empresa.

Mas a distribuição de dividendos deverá ser aprovada pela direção da empresa, pelo Conselho de Administração e pelos acionistas na reunião geral anual. “Reconhecemos o risco de que essa distribuição não seja aprovada e que a Petrobras possa eventualmente anunciar pouco ou nenhum dividendo a partir dos resultados do quarto trimestre. Mas este não é o nosso cenário de base”, afirmam.

Para o BTG Pactual, também existem dúvidas em relação à distribuição de proventos relativos ao quarto trimestre – após pagamentos bilionários nos trimestres anteriores. O banco observa que o novo governo já mostrou inclinação para reduzir os proventos.

“O fato de já ter pago o suficiente para cumprir sua política de pagamento atual com base nos resultados de 2022, também pode reduzir a disposição da administração de pagar mais”, afirmaram os analistas do BTG Pedro Soares e Thiago Duarte. Mesmo assim, ele apostam que a atual política será mantida no quarto trimestre e estimam um pagamento em torno dos R$ 30 bilhões.

O Itaú também aguarda o anúncio dos dividendos, estimados em cerca de R$ 30 bilhões, mas destaca que em 2022 a empresa já pagou mais do que o normal, e por isso poderia optar por não pagar qualquer dividendo referente ao último trimestre.

A gestão anterior da Petrobras, que ainda tem diretores na companhia em função da transição, vinha usando como justificativa para os pagamentos os termos de sua política de dividendos previamente definida: em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a companhia pode direcionar aos acionistas até 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (investimentos).

Denise Luna/Gabriel Vasconcelos/Mônica Ciarelli/Estadão

Deputados de partido com três ministérios no governo endossam CPI que Lula não quer

Quase a metade dos 59 deputados do União Brasil assinou o requerimento que pede a abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os ataques golpistas de 8 de janeiro. Somente na bancada do partido foram 28 signatários favoráveis à criação de uma CPMI que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer, sob o argumento de que atrapalhará votações no Congresso. O União Brasil é a terceira maior sigla da Câmara e controla três ministérios, mas, mesmo assim, diz ter posição de “independência” em relação ao governo.

O número de assinaturas apresentadas para a instalação do colegiado não só pelo partido como por outros aliados é um sintoma de que o Palácio do Planalto terá dificuldade em manter o apoio de legendas de centro, caso não negocie no varejo a cada votação no Congresso. Outros parlamentares de partidos que integram a base de sustentação do governo Lula também se posicionaram a favor da abertura de uma CPI mista, formada por deputados e senadores. Na lista estão o MDB e o PSD, com três ministérios cada.

De autoria do deputado André Fernandes (PL-CE), apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pedido de abertura da CPMI foi protocolado na noite de segunda-feira, 27, no Congresso. A Procuradoria-Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que abra inquérito para apurar a participação do próprio Fernandes na incitação dos atos golpistas de 8 de janeiro. Se instalada, a CPMI terá controle da oposição e representará uma derrota para o Planalto.

Fernandes conseguiu reunir 189 assinaturas na Câmara e 33 no Senado, número que ultrapassa o mínimo exigido de 171 deputados e 27 senadores. Alguns dos signatários endossam a tese de bolsonaristas nas redes sociais de que a esquerda pôs “infiltrados” nos atos para manchar a imagem dos apoiadores do ex-presidente. Alegam, ainda, que o governo tinha conhecimento prévio das manifestações, mas preferiu se omitir, sugerindo uma ação orquestrada para prejudicar Bolsonaro e seus seguidores.

O posicionamento do União Brasil foi exposto em reunião na Câmara, na tarde desta terça-feira, 28, e provocou divergências. Uma ala observou que a CPMI não passa de “diversionismo” para ofuscar a discussão de temas prioritários, como a reforma tributária. Outro grupo, porém, disse ser preciso apurar a possível responsabilidade do governo durante a invasão do Planalto, do Congresso e do STF.

“O que se quer é que se apure o que aconteceu. Tem muita gente dizendo que há pessoas presas injustamente”, afirmou o deputado Carlos Henrique Gaguim (União-TO)

Além do União Brasil, 12 congressistas do MDB e 8 do PSD assinaram o requerimento de Fernandes. Diretrizes dos dois partidos permitiram que cada parlamentar expresse suas posições com “independência”.

Quarto-secretário da Câmara, Lucio Mosquini (MDB-RO) postou uma foto ao lado do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos principais bolsonaristas da Casa, e disse que ele é “inspiração” para muitos jovens. “É preciso investigar com equilíbrio erros de todos os lados”, afirmou Mosquini, que assinou o pedido para abertura da CPMI.

‘Não sou palhaça’

Há outro requerimento de CPI para apurar quem financiou os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e os mentores intelectuais da tentativa de golpe. O ofício, porém, não é para a instalação de uma comissão mista como a sugerida por Fernandes, mas, sim, para um colegiado composto apenas por senadores. Ganhou apoio de 40 senadores, até mesmo do PT. O número é superior às 27 assinaturas necessárias, mas, como o pedido foi apresentado pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) na legislatura passada, precisará ser atualizado.

“Estão querendo enrolar. Tudo isso é política”, protestou Soraya. “Será que eles (os governistas) preferem uma CPMI enviesada, controlada por um deputado investigado, que já tem respostas prontas? Que vai ter CPI, não tenham dúvida. O governo está entre a cruz e a espada. Aqui no Senado, a gente tem uma postura mais imparcial”, emendou ela.

Decano do Supremo, o ministro Gilmar Mendes atendeu a mandado de segurança impetrado por Soraya e deu prazo de dez dias para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), explicar por que ainda não leu o ato de criação da CPI na Casa. Soraya repudiou avaliações de que terá de coletar novos apoios ao requerimento porque seu pedido não tem mais validade. “Eu não sou palhaça”, reagiu ela. “O regimento interno não diz isso em caso de CPI. É inaceitável.”

Senadores do PT, como Jaques Wagner (BA), líder do governo, Humberto Costa (PE) e Paulo Paim (RS) chegaram a assinar o requerimento de Soraya para investigar a invasão dos prédios públicos na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Depois disso, no entanto, Lula baixou ordem unida para que o PT fosse contra a CPI, alegando que isso só vai tumultuar o ambiente para votações de interesse do Planalto no Congresso, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária.

O presidente disse, ainda, que todos sabem como começa uma CPI, mas nunca como termina. Diante desse cenário, um colegiado controlado pela oposição acaba virando, no seu diagnóstico, uma “CPI do Fim do Mundo”.

Mesmo assim, convencidos de que a CPI do Senado não será instalada, aliados do governo decidiram manter as assinaturas no pedido de abertura da comissão. Concluíram que retirar os nomes representaria um desgaste desnecessário. E, se o Supremo decidir mandar Pacheco instalar a CPI, ao menos os aliados estarão lá para impedir que o colegiado seja tomado por adversários de Lula.

Entre os deputados que assinaram o requerimento de CPMI protocolado por Fernandes estão Bia Kicis (PL-DF), que disse haver no Brasil mais presos políticos do que “na Venezuela, na Bolívia e no tempo do regime militar”, e seu colega Carlos Jordy (PL-RJ). Conhecido apoiador de Bolsonaro, a exemplo de Kicis, Jordy chamou as prisões de “lulags”, neologismo que funde o nome de Lula com as “gulags”, campos de trabalho forçado dos tempos da União Soviética.

“A preocupação do governo é zero porque as investigações estão correndo e as responsabilidades, apuradas”, resumiu o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que também assinou o requerimento de Soraya como estratégia para impedir o avanço da CPMI proposta por adversários.

Randolfe disse duvidar que a CPMI sugerida por Fernandes saia do papel. “É uma CPMI feita pela oposição em uma ação de sabotagem para barrar as investigações. Tanto é assim que, lá dos Estados Unidos, o principal mandante desses atos disse que tinha 900 inocentes presos”, criticou o senador, numa referência a Bolsonaro.

Levy Teles/Vera Rosa/Estadão

Bolsa Família manterá no Cadastro Único quem conseguir emprego com carteira assinada

A MP (Medida Provisória) do Bolsa Família que será anunciada nesta quinta-feira (2) vai prever um mecanismo para estimular o emprego com carteira assinada e evitar dificuldades de reingresso.

Quem conseguir emprego e obtiver uma renda superior ao limite para permanência no programa não será excluído automaticamente do CadÚnico (Cadastro Único), banco de dados que subsidia o ingresso nos programas sociais do governo federal. O objetivo é permitir o reingresso automático caso a pessoa perca o emprego e tenha queda no rendimento familiar.

O mecanismo é uma resposta a críticas feitas pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que o Bolsa Família desestimulava a entrada no mercado formal. Atualmente, ao conseguir emprego, o beneficiário é excluído do programa e, caso perca, volta para o fim da fila, que era de 3 milhões de pessoas no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bolsonaro chegou a aprovar uma medida provisória que previa bônus de R$ 200 para quem entrasse no mercado de trabalho formal. O benefício, no entanto, nunca foi pago.

Para ter direito ao Bolsa Família, a renda familiar per capita não pode ultrapassar R$ 226 mensais. Já o CadÚnico, que serve como parâmetro para outros programas, como o Água para Todos, por exemplo, tem um corte mais alto, de meio salário mínimo. Com a nova regra, as famílias seguirão inscritas até que dois integrantes consigam emprego com carteira assinada ou que a renda se descole muito do limite.

A expectativa é que a fila para entrada no programa seja zerada a partir do próximo mês. Dos 3 milhões, o pente-fino da pasta identificou que a maioria não atendia aos critérios. O restante, cerca de 700 mil, será incluído já na próxima folha de pagamento a partir do cancelamento de benefícios irregulares.

O novo Bolsa Família será anunciado nesta quinta em cerimônia com a participação do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e Lula. O principal motivo das mudanças é retomar o caráter de política pública integral, e não apenas de transferência de renda, como é visto pelo governo o Auxílio Brasil implementado pela gestão anterior.

Nas primeiras semanas, o governo se dedicou a reconstruir os dois primeiros pilares do Bolsa Família: o combate à fome e à segurança alimentar e o da rede de assistência social. Na terça-feira (28), por exemplo, Lula reinstalou o Consea (Conselho de Segurança Alimentar).

Para complementar esses pilares e dar uma resposta às críticas à falta de uma porta de saída, o ministério está trabalhando em um programa de inclusão social econômica e de empreendedorismo para os cadastrados no CadÚnico. O formato deve ser apresentado a Lula ainda em março, para estar em funcionamento já no primeiro semestre deste ano.

A ideia é fazer um recorte dos inscritos no CadÚnico entre quem tem idade para estar no mercado do trabalho, traçar um perfil de formação e capacidade técnica e cruzar com a demanda de trabalhadores em obras e ações do governo federal. Em um primeiro momento, haverá parceria com empresas da construção civil para capacitação e contratação de trabalhadores.

Mas o ministro Wellington Dias já teve conversas com redes de supermercado como Carrefour, que está com um plano de expansão e pretende contratar este ano. A empresa faria a capacitação já dentro dos seus parâmetros de qualificação para contratar a partir da base de dados do governo. A meta é colocar 1 milhão de pessoas no mercado de trabalho.

Juliana Braga, Folhapress

Senadores definem que vão trabalhar apenas três dias por semana e três semanas por mês em Brasília

Os senadores decidiram que, a partir deste ano, só serão votados projetos às terças, quartas e quintas-feiras. Segundas e sextas terão sessões não deliberativas, o que significa que os parlamentares não precisarão trabalhar nesses dois dias, pois não será considerado falta. A informação é do jornal “O Estado de S.Paulo”.

Ainda de acordo com a publicação, os senadores também instituíram o mês de três semanas: na última semana do mês, o trabalho será remoto e “com pauta tranquila”. Na prática, o senador só precisará trabalhar nove dias em um mês em Brasília.

‘Governos do PT fracassaram no combate ao crime organizado’, diz Paulo Azi sobre liderança da Bahia em mortes violentas

O deputado federal Paulo Azi, presidente estadual do União Brasil, disse nesta quarta-feira (1º), que os governos petistas na Bahia fracassaram no combate ao crime organizado. No Twitter, o parlamentar comentou os dados do Monitor da Violência, do G1, que apontam que o estado voltou a liderar o ranking de mortes violentas no país em 2022, com 5.124 casos.

Sozinha, a Bahia tem 12,5% de todas as mortes violentas no Brasil, superando estados mais populosos, como São Paulo e Rio de Janeiro, de acordo com o levantamento. O estado ainda registrou mais de 1.700 mortes a mais em relação a Pernambuco, que aparece na segunda posição com 3.420 casos. Ou seja: a Bahia tem quase 50% mais mortes do que o segundo colocado.

“São números alarmantes que refletem a política fracassada de segurança pública adotada pelos governos petistas nos últimos anos. Faltam investimentos no fortalecimento e valorização das polícias, além de uma política efetiva de combate ao crime organizado. Esse fracasso tem custado milhares de vidas baianas”, disse o deputado.

O deputado destacou que o número de 2022 foi ainda maior do que o registrado no ano anterior, quando o estado computou 5.099 mortes. Ele enfatizou que a onda de violência é sentida pela população tanto nas grandes como nas médias e pequenas cidades do estado.

“Infelizmente, a onda de violência na Bahia está interligada aos outros índices negativos que temos. Líder do ranking de homicídios, nosso estado ocupa os últimos lugares na educação e os primeiros em desemprego, além de ter o maior número de pessoas extremamente pobres”, salientou.

A prefeitura Municipal de Ipiaú, realizou na manhã de terça-feira, 28 de fevereiro, no Salão do Plenário da Câmara de Vereadores,

A prefeitura Municipal de Ipiaú, realizou na manhã de terça-feira, 28 de fevereiro, no Salão do Plenário da Câmara de Vereadores, uma Audiência Pública para demonstração e avaliação do cumprimento das metas fiscais referente ao Terceiro Quadrimestre do exercício financeiro de 2022. Os números foram apresentados pelo Controlador Interno do Município, economista Rondinelle Ribeiro, que destacou a solidez das contas públicas do Município.

A audiência foi transmitida ao vivo pelo portal de notícias Giro Ipiaú e pelo facebook da Prefeitura. Dentre outros participantes o evento contou com a presença do secretário municipal de Planejamento e Administração, Sandro Gomes. Os resultados obtidos no terceiro quadrimestre de 2022 indicam o cumprimento dos requisitos da Lei de Responsabilidade Fiscal, principalmente em relação ao limite fixado para dívida consolidada líquida como proporção da receita corrente líquida, investimentos mínimo em educação e saúde.

De acordo com o relatório apresentado ao final do terceiro quadrimestre do exercício financeiro de 2022, os gastos com pessoal, com base em um período de 12 (doze) meses, apresentou uma despesa com pessoal no montante de R$ 82.387.080,56 (oitenta e dois milhões, trezentos e oitenta e sete mil, oitenta reais e cinquenta e seis centavos), representando 50,10% da Receita Corrente Líquida do Município, abaixo dos Limites Legal e Prudencial estabelecidos.

Com relação ao investimento em Educação, até o mês de dezembro de 2022, com recursos próprios resultantes de impostos e transferências foi aplicada em manutenção e desenvolvimento da educação básica a quantia de R$38.128.017,32 (trinta e oito milhões, cento e vinte e oito mil, dezessete reais e trinta e dois centavos), representando 26,79% da arrecadação mensal da receita de impostos e transferências constitucionais de que trata a EC 14/96.

O Resultado Nominal (acima da linha) foi superavitário em R$ 29.989.450,06 (vinte e nove milhões, novecentos e oitenta e nove mil, quatrocentos e cinquenta reais e seis centavos). A relação da Dívida Fiscal Líquida com a Receita Corrente Líquida encerrando o quadrimestre abaixo do limite definido na Resolução 40/2001 do Senado Federal que é de 120% da RCL. Registrou também a aplicação de 77,36% dos recursos originários do FUNDEB na remuneração dos profissionais da educação básica em efetivo exercício, observando o artigo 26o da Lei no 14.113, de 25/12/2021.

Na área da Saude o município manteve o alto investimento realizado nos últimos anos, e foram aplicados em ações e serviços públicos de saúde R$ 15.691.601,88 (quinze milhões, seiscentos e noventa e um mil, seiscentos e um reais e oitenta e oito centavos), representando 20,51% da arrecadação mensal da receita de impostos e transferências constitucionais de que trata a EC 29/00.

Segundo o Controlador Interno “ Os resultados demostram o alto comprometimento da gestão na aplicação dos recursos e na eficiência do gastos público. A administração Maria das Graças tem um zelo em manter o equilíbrio das contas públicas, mas privilegia os investimentos em áreas essenciais como saúde e educação”.

Fonte: José Américo Castro- DECOM Prefeitura de Ipiaú

Edione Agostinone: Da diáspora às tranças que ecoam por liberdade em mais de 6 milhões de visualizações.

No dia 20 de janeiro de 2023 um vídeo postado nas redes sociais da prefeita em exercício do município de Jaguaquara/BA, no Vale do Jiquiriçá, a aproximadamente 365 Km da capital baiana, se tornou viral no Instagram de Elise Liz, alcançando mais de 6 milhões de visualizações.

As cenas do vídeo demonstram uma criança da Comunidade Quilombola Ocrídio Pereira dos Santos trançando os cabelos da prefeita, enquanto ela realizava um diálogo com os funcionários e responsáveis pela obra que estava sendo anunciada durante a visita a comunidade, onde seria construídas 20 casas para as famílias quilombolas.

A comunidade remanescente de quilombo da cidade de Jaguaquara por muitos anos passou invisibilizada por parte da população local. As dificuldades enfrentadas e a busca por melhores condições de vida para os negros tem raízes históricas de negação dos direitos, reforçadas na formação social da mente da população brasileira. Desde a “libertação” dos escravos, o povo preto foi deixado a mercê. Atualmente muitas dessas comunidades são amparadas pelo assistencialismo de grupos religiosos, trabalhos voluntários e das ações dos setores de desenvolvimento social, pois vivemos a escassez de políticas públicas para população negra, destacando neste cenário as comunidades tradicionais e remanescentes. Tais fatores, os tornaram resistentes, pois tiveram suas identidades violentadas pelas dores da escravidão. Em nosso cotidiano há um reforço gritante das desigualdades sociais entre negros e brancos, expondo-os a situações de vulnerabilidade social, exclusão e enfrentamentos cotidianos pela subsistência, vivendo uma constante violação a dignidade humana em nosso país.

A aproximação da atual gestora com a comunidade veio de muito antes da sua atuação em frente a pasta municipal, se deu desde sua estadia na função de Secretária de Desenvolvimento Social na gestão anterior, na qual acolheu essa comunidade, projetando melhoria da qualidade de vida daquelas famílias como ideal a ser alcançado enquanto Assistente Social. Edione Agostinone, mulher de fibra, coragem e idealizadora das políticas de assistência aos grupos minoritários, tornou-se após 100 anos de emancipação política a primeira mulher a ocupar o Executivo Municipal, comprometeu-se com a comunidade que mudaria aquela dura e triste realidade.

Há alguns meses as barreiras de aproximação com a comunidade vem sendo quebrada, nas ruas, que antes eram de difícil acesso, foram realizadas pequenos reparos para facilitar o acesso dentro da comunidade. Mas o sonho de melhorar a vida das famílias estava apenas começando. Como marco divisor de águas de sua gestão, após uma busca incansável por recursos, a egrégia prefeita municipal deu início a obra de construção das novas casas em fevereiro de 2023 para as famílias que ali residem.

O que chama atenção de muitos no vídeo que viralizou nas redes sociais é a agilidade da criança ao tecer a trança, o afeto e afago. Porém, para além do ato, está os saberes e fazeres ancestrais ali demonstrados. Para os povos remanescentes de quilombo, na cultura do povo preto as tranças têm todo um significado subjetivo, simboliza literalmente a fuga para liberdade durante o período de escravidão. Mais do que manusear o cabelo, dando uma forma, as tranças são símbolos de poder, luta, resistência ostensiva, desejo pela liberdade.

Na formação identitária da população negra, a trança, tem um importante papel social e cultural. Para Lody (2004) cuidar dos cabelos é antes de tudo, cuidar da cabeça, um espaço profundamente simbólico. É, por extensão, cuidar da pessoa. Pentear os cabelos é um momento ritualizado de vivenciar tudo que a cabeça representa para a pessoa e para seu grupo. O ato de cuidar da cabeça do outro é proteção, é zelar pelo ori (cabeça em iorubá), o que governa o corpo.

Assim, a demonstração de afeto exercida pela criança está impregnada de identidade e ancestralidade, Hall (2003), ao pensar a identidade cultural, estabelece um entendimento em que os valores culturais são mantidos como elementos permeáveis às mudanças empreendidas pelas migrações territoriais. É um grito de liberdade, as representações de luta ancestral pelo fim da escravidão, da invisibilidade. Ele não falou, ele ecoou liberdade. Edione Agostinone se torna sinônimo de força, promessa de liberdade para aquele povo e esperança de mudanças em uma quebra de paradigmas sociais.
Evanilda Teles dos Santos Pedrosa Mestra em Relações Étnicas e Contemporaneidade PPGREC/UESBEspecialista em Políticas Públicas da Educação

REFERÊNCIAS

HALL, Stuart. Da Diáspora: Identidade e Mediações Culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

LODY, Raul. Cabelos de Axé: Identidade e Resistência. Rio de Janeiro: Editora SENAC Nacional, 2004.

Prefeitura de Ipiaú realiza segunda convocação de aprovados no Processo Seletivo

A Prefeitura Municipal de Ipiaú, por meio da Secretaria de Educação publicou no Diário Oficial do Município, a segunda convocação de candidatos classificados no Processo Seletivo Simplificado para contratação emergencial temporária de profissionais da área de educação, para atuar nesta cidade.

Os candidatos aprovados e listados no Diário Oficial deverão comparecer na Secretaria Municipal de Educação, situada na Rua Borges de Barros, nº 05, Centro, Ipiaú – Bahia, entre os dias 01 e 02 DE MARÇO DE 2023, no horário compreendido entre as 8h às 12h e das 14h às 17:00h, munidos de fotocópia dos documentos solicitados abaixo, acompanhados dos originais, para efetivação do processo pré-admissional, conforme disposições contidas no Edital n.º 001/2023.

Decom- José Américo Castro

Adolescente aplica golpe do PIX no Centro de Ipiaú e é apreendida por policiais militares

Por volta das 11h30min, dessa terça-feira (28/02/23), a guarnição da 55ª CIPM/PETO, após denúncia via 190, deslocou até a Rua Juracy Magalhães, Centro de Ipiaú, num imóvel onde funciona um escritório de contabilidade, manteve contato com uma adolescente com um bebê de colo pedindo ajuda, alegando que existia um casal que estava tentando lhe fazer mal.

Diante disso, a guarnição deslocou à loja comercial do suposto casal, onde manteve contato com a proprietária da referida loja, que informou que a moça havia feito compras na loja e aplicado um "pix falso". A jovem confessou o delito e também informou que havia encaminhado as compras em uma Topic para a cidade de Dario Meira.
A guarnição da 55ª CIPM/Dário Meira interceptou o veículo e recuperou o material.
Os envolvidos foram conduzidos à delegacia de Ipiaú.

Autora: I. B. O. (Feminino), End: Rua Salomão Amaral, Dario Meira. Nasc: 25/04/2005; Vitima: A. dos S. C. (Feminino)
Informações: 55ª CIPM PMBA, uma Força a serviço do cidadão!

Governo divulga resultado provisório da primeira etapa do concurso para PM e Bombeiros

O Governo da Bahia, através da Secretaria da Administração (Saeb), publicou na edição desta quarta-feira (1°) do Diário Oficial do Estado (DOE) o resultado provisório da primeira etapa do concurso (SAEB/05/2022) para duas mil vagas de soldados da Polícia Militar e outros 500 do Corpo de Bombeiros.
Clique aqui e confira.

A relação dos aprovados, por ordem de classificação, está disponível no DOE, além de publicada no Portal do RH Bahia (www.rhbahia.ba.gov.br) e no site da organizadora do certame (www.concursosfcc.com.br).

O prazo para os candidatos ingressarem com recursos em relação ao resultado provisório da 1ª etapa (Provas Objetivas) será entre os dias 2 e 3 de março.

Cronograma

O resultado definitivo da 1ª etapa será divulgado no dia 29 de março, no Diário Oficial do Estado, no site da Fundação Carlos Chagas e no Portal RH Bahia. Na mesma data também sairá o resultado provisório da segunda etapa (Prova Discursiva). O resultado definitivo desta 2ª etapa sairá no dia 11 de maio.

Os candidatos devem acompanhar o cronograma do certame por intermédio das publicações legais no DOE e pelo site RH Bahia, clicando no link Concursos, no menu situado na parte superior. Outra opção para ter acesso às informações do concurso é acessar o site da Fundação Carlos Chagas.

Sobre o concurso

As provas do concurso foram realizadas no dia 22 de janeiro deste ano e contaram com a participação de mais de 70 mil candidatos, disputando uma das 2.500 vagas de soldado (2 mil para PM e 500 Corpo de Bombeiros).

As provas foram realizadas em Salvador e em 12 cidades do interior do estado (Feira Alagoinhas, Barreiras, Feira de Santana, Ilhéus, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Juazeiro, Santo Antônio de Jesus, Serrinha e Vitória da Conquista).

ACM Neto confidencia a aliados que não fará oposição dura a Lula, diz jornal

Apesar dos integrantes do União Brasil quererem que ACM Neto tenha uma postura combativa em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-prefeito de Salvador tem descartado essa possibilidade em conversas reservadas com os próprios correligionários. A informação foi publicada nesta quarta-feira (1º) pelo jornal Tribuna da Bahia.

Correligionários de ACM Neto ouvidos pelo impresso relataram que o ex-prefeito não pretende ter “nenhuma aproximação com o governo federal”, mas também avalia que não é “inteligente fazer uma oposição dura” a Lula neste momento.

Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, os parlamentares do União Brasil reclamam que o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar, se uniu ao senador Davi Alcolumbre para negociar os cargos com Lula à revelia da bancada. Eles pressionam para que ACM Neto assuma uma postura combativa contra o que chamam de “adesismo” da sigla.

De acordo com o ex-senador José Agripino, vice-presidente do União Brasil, Bivar negociou com o Planalto sem aprovação de ACM Neto, que submergiu após ser derrotado na disputa pelo governo baiano.

“A maioria do União Brasil é centrista e não vai fazer parte de forma aderente ao governo. A participação nos três ministérios não determina que o partido esteja na base do Lula”, disse Agripino. Procurado pelo Estadão, Bivar não se manifestou.

Política Livre

PEC altera tempo de mandato dos Ministros do STF e coloca a Câmara Federal no processo de indicação dos Magistrados

PEC altera tempo de mandato dos Ministros do STF e coloca a Câmara Federal no processo de indicação dos Magistrados

Nesta segunda feira, 27 de fevereiro, primeiro dia dos trabalhos legislativos após o carnaval, o deputado federal Thiago Flores (MDB) protocolou na Câmara Federal a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera os artigos 49, 51, 84 e 101, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, para estabelecer novos critérios na escolha dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O texto prevê a alteração no tempo de mandato dos ministros, vedando a recondução, na forma de indicação e também de aprovação dos nomes apresentados.

"Em cenários de Executivo Federal forte, qualquer nome por ele encaminhado é praticamente laureado na sabatina perante a CCJ do Senado, o que demonstra a fragilidade desse arranjo institucional. Até hoje, apenas cinco indicações do Presidente da República foram derrubadas pelos senadores. Todas as rejeições ocorreram em 1894, no governo do Marechal Floriano Peixoto. Além disso, os critérios de escolha são excessivamente genéricos, podendo ser escolhidos desde um professor altamente gabaritado de alguma das melhores faculdades de Direito do país, passando por um advogado de confiança do Presidente da República, ou até algum de seus correligionários políticos", relatou o parlamentar de Rondônia.

TEXTO DA PEC

A PEC propõe alterações desde a indicação dos nomes até a regra de transição para aposentadoria, a fim de que, os atuais Ministros do Supremo Tribunal Federal possam seguir seu curso natural e as indicações sejam feitas de forma a se manter uma proporcionalidade e uma aderência ao princípio republicano.

Resumindo, o tempo de mandato dos magistrados será reduzido para 10 anos e vedada a recondução. Os Ministros do STF continuarão sendo nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha por maioria absoluta em sessão do Congresso Nacional, através de voto secreto, e a composição terá a lista de indicação, conforme forem surgindo as vagas, da seguinte forma: dois cidadãos indicados pela Câmara dos Deputados, dois cidadãos indicados pelo Senado Federal, dois cidadãos indicados pelo Presidente da República, dois membros oriundos da advocacia e do Ministério Público e três Ministros oriundos do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior do Trabalho.

O novo texto ainda prevê que as listas tríplices serão enviadas ao Presidente da República para escolha de um de seus integrantes e as indicações serão feitas respeitando a isonomia e a proporcionalidade na composição do Supremo Tribunal Federal.

O autor da proposta, deputado federal Thiago Flores, destaca que o modelo atual de escolha de Ministros da Suprema Corte possui inspiração na Constituição dos Estados Unidos e vem sendo adotado em todas as Cartas republicanas desde 1891. "É preciso aperfeiçoar esse modelo, em ordem a insular o Supremo Tribunal Federal de ingerências políticas canhestras e antirrepublicanas, o que somente ocorrerá mediante o substancial redesenho do procedimento de escolha de seus Ministros", completou o parlamentar.

TRAMITAÇÃO DA PROPOSTA

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pode ser apresentada pelo presidente da República, por um terço dos deputados federais ou dos senadores ou por mais da metade das assembleias legislativas, desde que cada uma delas se manifeste pela maioria relativa de seus componentes. Não podem ser apresentadas PECs para suprimir as chamadas cláusulas pétreas da Constituição (forma federativa de Estado; voto direto, secreto, universal e periódico; separação dos poderes e direitos e garantias individuais).

Neste caso, apresentada por um deputado federal, a proposta precisa da assinatura de 1/3 dos parlamentares para seguir os trâmites tradicionais dentro do Congresso Nacional. Atingido esse quórum, ela é discutida e votada em dois turnos, tanto na Câmara dos Deputados, como no Senado Federal, e será aprovada se receber três quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49) nos dois turnos.
Por: https://www.msn.com/

Novo Bolsa Família terá cálculo por pessoa, além de extra por criança, adolescente e gestante

O desenho do novo Bolsa Família, a ser anunciado pelo governo nesta quinta-feira (2), prevê que o benefício será calculado com base no número de integrantes da família.

Esse valor per capita será o principal componente da renda a ser recebida pela família e não poderá ser menor que R$ 600 –como prometeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governo ainda faz as contas para que esse valor por membro da família seja fixado. A tendência é que esse patamar fique próximo de R$ 220 ou R$ 250 por pessoa, pois, em média, as famílias do programa são compostas por menos de três integrantes.

Mas o número do benefício básico ainda será decidido até quinta. Haverá um complemento para que famílias de uma ou duas pessoas continuem recebendo R$ 600.

No caso das famílias mais numerosas, a previsão é que ultrapassem esse benefício mínimo, e não haverá um limite na transferência de renda.

Além desse cálculo por pessoa, o programa deverá ter um adicional para crianças de até seis anos, para gestantes e para jovens entre sete e 18 anos.

O valor extra de R$ 150 por criança de até seis anos é outra promessa de campanha de Lula.

Para não haver uma forte queda na renda da família, o governo prevê um adicional para crianças e adolescentes entre seis e 18 anos. Esse valor deve ser próximo de R$ 50 por mês e por integrante dessa faixa etária.

As famílias com gestantes e mulheres que estejam amamentando também deverão ter um benefício extra –no mesmo valor, próximo de R$ 50.

Segundo técnicos do governo, o modelo de cálculo do benefício com base no número de membros da família tem o objetivo de erradicar a extrema pobreza, pois não haverá como o valor ficar abaixo de R$ 105 per capita –linha da extrema pobreza.

Atualmente, o Cadastro Único considera em extrema pobreza pessoas com renda mensal de até R$ 105 por membro da família. Rendimentos entre R$ 105,01 e R$ 210 são classificados como situação de pobreza –e também têm direito a entrar no programa de transferência de renda.

No antigo Bolsa Família, o valor transferido dependia do número de filhos e faixa de renda de cada pessoa.

Uma das principais críticas de especialistas ao Auxílio Brasil, programa criado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), é a forma de cálculo do benefício às famílias pobres.

O argumento é que, entre as 21,8 milhões de famílias que estão no programa, há quem precise de mais dinheiro do que outras.

Por isso, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social quer ampliar o valor do benefício para famílias com mais membros.

Outro aspecto do novo Bolsa Família é a volta das chamadas condicionalidades, exigências que o governo faz às famílias para que elas continuem recebendo a renda.

De acordo com técnicos que participam das discussões do programa, as famílias serão cobradas pela frequência escolar e cartão de vacinação em dia –como forma de continuar recebendo a transferência de renda.

As mudanças no cálculo dos benefícios deverão ampliar os gastos do novo Bolsa Família.

Integrantes do governo dizem que isso será compensado com a retirada de cadastros irregulares do programa.

Segundo o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), a previsão é que 2,5 milhões de benefícios possam ser cortados.

Já em março, a previsão é que 1,55 milhão de beneficiários irregulares sejam excluídos do Bolsa Família. Isso abre também espaço para a inclusão de 700 mil famílias que estavam na fila de espera.

“O programa vai constar o compromisso do presidente do pagamento mínimo de R$ 600, um acréscimo de R$ 150 por criança e ele terá também uma regra que leva em conta um per capita, a proporção, o tamanho de cada família para que a gente tenha mais justiça nessa transferência de renda. Além disso, também, a volta das condicionalidades, a integração do Bolsa Família com outros 32 programas voltados para a qualidade de vida”, afirmou o ministro Wellington Dias nesta terça.

Técnicos que trabalham nos estudos e ouvidos pela reportagem dizem que a nova versão deverá prever critérios mais rígidos para famílias unipessoais –compostas por um único integrante.

Ainda na transição de governo, um dos problemas encontrados pela equipe de Lula foi a explosão de cadastros de famílias solo após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter instituído um valor mínimo a ser pago independentemente do tamanho da família.

Muitas dessas famílias foram motivadas a se dividir para receber um valor maior.

Por isso, o número de famílias unipessoais saltou de 2,2 milhões em outubro de 2021, antes do lançamento do Auxílio Brasil, para 5,8 milhões no fim do mandato de Bolsonaro.

Segundo dados do governo, atualmente há 5,9 milhões de famílias com dois integrantes. São 5,2 milhões de beneficiários com três membros no lar.

As famílias com quatro integrantes somam 2,9 milhões, enquanto a parcela das que têm cinco membros cai para 1,2 milhão. As famílias com seis integrantes são menos de 500 mil.

Principais pontos do novo Bolsa Família:
  • Benefício principal será calculado pelo número de membros da família
  • Esse valor básico não poderá ser menor que R$ 600
  • Benefício básico poderá ficar perto de R$ 250 por integrante
  • Em média, famílias beneficiárias têm menos de três membros
  • Programa terá valores extras, que serão adicionados ao benefício básico
  • Adicional por criança de zero a seis anos será de R$ 150
  • Adicional por pessoa de sete a 18 anos deve ficar perto de R$ 50
  • Adicional por gestante e mulheres que estejam amamentando também deve ser de cerca de R$ 50
  • Programa retoma exigências, como cartão de vacina em dia e frequência escolar
Thiago Resende/Folhapress

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