RJ tem ao menos 40 PMs expulsos em 2023 por crimes como ligação com milícia, homicídio e extorsão
Em quatro anos, 632 foram expulsos da Polícia Militar — Foto: Divulgação
Entre 2018 e 2022, 592 foram exonerados - mais que batalhões da corporação como o Bope, que tem 400 militares. Dados obtidos pelo g1 mostram queda de punição durante o governo Witzel.
Entre 1º de janeiro e 15 de março de 2023, 40 policiais militares do RJ foram expulsos da corporação. Dados obtidos com exclusividade pelo g1 mostram que esses agentes foram excluídos por crimes como envolvimento com a milícia, extorsão, porte ilegal de armas, homicídios, roubo e receptação.
No estado, há hoje cerca de 40 mil PMs. Entre 2018 e 2022, 592 foram desligados. Isso equivale a um batalhão inteiro: o Bope, por exemplo, tem 400 homens.
Mais da metade das expulsões ocorreu somente em 2018, último ano do governo de Francisco Dornelles (Progressistas), quando 312 PMs foram demitidos.
Quando o ex-juiz federal Wilson Witzel (então no PSC) assumiu o Palácio Guanabara, as expulsões caíram significativamente: 49 em 2019, 32 em 2020 e 47 em 2021 (veja o que diz Witzel no fim da reportagem).
O secretário da Polícia Militar de Witzel era o coronel Rogério Figueredo de Lacerda. Ele foi exonerado em agosto de 2021, quando o atual governador, Claudio Castro (PL), assumiu definitivamente o comando do estado do RJ.
Desde então, com o atual secretário, o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, houve aumento no número de PMs excluídos. Em 2022, 152 oficiais ou praças foram expulsos.
Seguranças de Orlando Curicica entre expulsos
Entre os excluídos este ano, até o dia 15 de março, estão o subtenente Marcelo Magno dos Santos Torres, de 48 anos, e o cabo Márcio Vinícios Siqueira Borges, de 35.
As demissões foram publicadas no Boletim Interno da PM no dia 3 de março. Eles são acusados de atuar como seguranças do ex-PM e miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica.
Ambos foram flagrados na casa do paramilitar, em Vargem Pequena, na Zona Oeste, em 27 de outubro de 2017, durante uma operação da Polícia Civil para prender o miliciano. Os dois PMs estavam no quintal da residência quando os policiais civis chegaram.
Na época, contra Orlando havia quatro mandados de prisão em aberto. Os PMs foram levados, junto com o paramilitar, para a delegacia.
Torres tinha 25 anos de carreira, e Borges, 12 anos de corporação. Eles negaram conhecer Orlando Curicica. A dupla disse que Orlando foi apresentado a eles como Celso, que seria ourives. Ambos afirmaram que só descobriram a verdadeira identidade dele no dia da prisão.
Na conclusão do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), a Polícia Militar disse não ser razoável acreditar na “hipotética ingenuidade” dos militares, uma vez que as provas obtidas demonstraram que os dois participavam ativamente da rotina familiar do miliciano, executando várias funções, como levar e buscar os filhos na escola e acompanhamento de passeios de Orlando e sua família.
Ainda segundo o PAD, “é fantasioso” acreditar que dois policiais experientes — um que serviu no 18º BPM (Jacarepaguá), que é da área onde Orlando atuava, e outro no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e em outras unidades operacionais — não teriam levantado informações a respeito da família para a qual faziam segurança.
“Foge ao senso comum que não fosse sabido por estes as atividades escusas conduzidas pelo referido miliciano”, destacou a conclusão do procedimento disciplinar.
Concussão, quando um agente público cobra e recebe propina, levou que 62 PMs fossem expurgados entre 2018 e 2023 — Foto: Divulgação |
Saiba os motivos das expulsões
Entre janeiro de 2018 e março de 2023, 632 policiais militares foram exonerados.
Segundo o relatório da PM, concussão — quando um agente público cobra e recebe propina — levou ao desligamento de 62 PMs.
No mesmo período, 48 foram demitidos por assassinato. Outros 42 foram expulsos por envolvimento com a milícia.
O que dizem os citados
Nota da Polícia Militar: "A Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, infelizmente, estes não são números que gostaríamos de estar comentando. Entretanto, esses dados reforçam que o comando da Corporação não compactua com os desvios apontados e demonstra total compromisso com a Sociedade Fluminense. Nesse contexto, a Corregedoria Geral de Polícia Militar trabalha para identificar eventuais envolvidos, aplicando as punições previstas quando constatados os fatos. Vale ressaltar que a a área correcional da Corporação está ao dispor do cidadão para denúncias através do telefone (21) 2725-9098 ou ainda pelo site https://www.cintpm.rj.gov.br/. O anonimato é garantido".
Ao g1, o ex-governador Wilson Witzel disse: "No meu governo, vários foram os indicadores positivos, inclusive no combate à corrupção, com a implantação do sistema SEI, prisão dos assassinos da vereadora Marielle, criação da Patrulha Maria da Penha, etc. Especificamente sobre a PM, fui o primeiro governador a impedir qualquer interferência política na corporação, todos os comandantes foram escolhidos pelo alto comando da PM. Muitas expulsões envolvem casos de perseguição política, o que desmotiva a tropa e destrói a cadeia de comando piorando os indicadores criminais. A mancha criminal passa a ser ignorada e prevalecem os interesses políticos no uso da corporação. Lamentável".
Evangélicos ainda provocam estragos em avaliação de Lula, indica Datafolha
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não conseguiu reverter até aqui o azedume do meio evangélico com sua figura. Pesquisa Datafolha feita no apagar do seu primeiro trimestre no novo mandato detectou abismos persistentes na forma como os dois maiores blocos religiosos do país, católico e evangélico, veem o petista.
A porção de crentes que define a atual gestão como ótima ou boa é de 28%, bem abaixo dos 45% de seguidores do papa Francisco que a aprovam. A média, na população geral, é de 38%.
Já os evangélicos que acham o governo ruim ou péssimo somam 35%, dez pontos percentuais a mais do que no estrato católico.
A polarização que rachou o eleitorado no ano passado ainda causa estragos na popularidade de Lula nas igrejas evangélicas, com apenas 21% de seus fiéis se dizendo esperançosos de que o presidente cumprirá a maioria das promessas feitas no pleito. A fatia confiante, no catolicismo, é mais generosa: 32%.
A base de apoio a Jair Bolsonaro (PL) nos templos, por outro lado, não minguou. Um exemplo é a reação do segmento à possibilidade de uma ação tornar o ex-presidente inelegível, se condenado por atacar sem provas as urnas eletrônicas.
Metade da população diz que, sim, a Justiça Eleitoral deveria enquadrá-lo. Já os crentes que concordam com isso totalizam 39%, enquanto 58% desejam vê-lo inocentado. Católicos nutrem menos simpatia pela hipótese: 56% querem Bolsonaro vetado nas próximas eleições, contra 39% que preferem sua absolvição.
Também é mais misericordiosa a visão que evangélicos têm da parcela de culpa que cabe ao antecessor de Lula na depredação em Brasília no 8 de janeiro. Não creditam a Bolsonaro qualquer responsabilidade pelos ataques 46% do grupo. Pensam igual 37% dos subordinados ao Vaticano.
Estamos falando dos dois maiores estratos religiosos do Brasil, que juntos correspondem a 73% dos 2.028 entrevistados pelo Datafolha em 126 cidades, nos dias 29 e 30 de março. Evangélicos formam 27% da amostra, e católicos, 46%. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos, no caso dos primeiros, e de três pontos para o segundo bloco.
O levantamento também mediu o quão afeita ao petismo ou ao bolsonarismo a pessoa se considera, a partir de uma escala de 1 a 5 —1 sendo bolsonarista, 2, mais próximo do ex-presidente, 3, neutro, 4, mais alinhado ao PT e 5, petista.
No cômputo geral, 30% da população se declara petista, e 22%, bolsonarista. Quando levamos em conta apenas evangélicos, 29% se encontram no bolsonarismo versus 23% que optam pelo petismo —ponderando as margens de erro específicas, um cenário de empate.
Entre católicos fica assim: 19% estão engajados nos valores simbolizados pelo ex-presidente, enquanto 36% se dizem fiéis ao partido de Lula.
O renitente apego a Bolsonaro e tudo o que ele representa é em parte explicado por uma retórica do pânico ainda muito popular nos púlpitos, diz a antropóloga Lívia Reis, do Iser (Instituto de Estudos da Religião).
“Ainda que, logo após as eleições, lideranças religiosas midiáticas tenham prometido orar pelo presidente eleito, isso não significou trégua. Nas igrejas e na internet, acusações de corrupção e perseguição à fé cristã ainda são pauta.”
Aposta-se, portanto, “na mobilização pelo medo e na narrativa que aponta a incompetência de Lula e de quem ele escolheu para compor o governo”.
Para Reis, o pressuposto de que a tradicional família brasileira e o próprio cristianismo estão sob ameaça nos anos Lula revela como a disputa narrativa será conduzida nos próximos anos: no campo da cultura. “Criminalização do funk e críticas ainda mais ferozes à discussão de gênero voltaram a ocupar o centro do debate não só nas redes, mas também no Congresso.”
O deputado federal Mario Frias (PL-SP), ela lembra, protocolou um projeto de lei que, em linha gerais, propõe criminalizar o gênero musical exportado pelas periferias. Na internet, influenciadores religiosos produzem vídeos que associam o funk ao aumento de casos de abuso sexual infantil.
O aborto, claro, não fica de fora das guerras culturais que encorajam embates entre o conservadorismo encarnado na liderança de Bolsonaro e o progressismo arvorado em Lula.
O cientista político Vinicius do Valle, diretor do Observatório Evangélico, destaca ainda o papel das fake news. Quinhão expressivo dos evangélicos, afinal, acostumou-se a se basear “nesse ecossistema informacional bolsonarista”, hábito que não foi embora com as eleições. “Tem uma série de notícias falsas que circulam ali. Muita coisa relacionada à questão da segurança pública, papos sobre Lula soltando bandidos.”
Empesteiam as redes, por exemplo, vídeos de supostos criminosos festejando enquanto fazem o “L”, famosa deferência ao presidente.
Para Valle, o governo não tem conseguido trazer uma pauta direcionada a evangélicos, mas a falta de esforço seria atenuada por um ponto positivo: a tão propalada caça aos cristãos, como a fake news de que Lula fecharia igrejas, não aconteceu.
Se a economia prosperar, melhor ainda para a relação entre PT e evangélicos, uma camada composta sobretudo por mulheres negras e pobres, mais vulneráveis às oscilações econômicas.
Haveria margem, portanto, para uma conciliação com o segmento, que pode vir após o arrefecimento de ânimos eleitorais, afirma o cientista político. Pastores mais belicosos sempre existirão, e Silas Malafaia seria um exemplo pronto disso, mas boa parte dos líderes não é intransigente a Lula, diz.
Mas ainda é cedo. “Uma aproximação muito forte agora seria até estranho de ver, visto que houve campanha forte para que evangélicos demonizassem a esquerda.”
Anna Virginia Balloussier, Folhapress
Dúvida sobre receitas e crítica a juros tumultuam 100 primeiros dias de Haddad
Iniciou o debate da reforma tributária e apresentou as diretrizes da nova regra fiscal, encaminhando dois temas urgentes, mas atuou de forma errática e ainda não alcançou o que o governo mais quer, um cenário estável para o crescimento. É assim que boa parte dos economistas define a condução da política econômica nos cem primeiros dias de Fernando Haddad à frente do Ministério da Fazenda.
Existe a ambição declarada de estabilizar as contas públicas já no ano que vem. A equipe econômica levou a projeção para o resultado primário, a diferença entre despesas e receitas do governo (menos juros), de um déficit de -2% para -0,5% neste ano, com a promessa de zerar em 2024. No entanto, ainda não deixou claro como vai chegar até lá. Haddad, afirmam, começou e terminou o primeiro trimestre preocupado em elevar a arrecadação para garantir os gastos.
Ao mesmo tempo, ele faz coro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para questionar a condução da política de juros do BC (Banco Central) autônomo, presidido por Roberto Campos Neto.
Enfim, são sinais considerados dúbios, que alimentam a incerteza —o pior ambiente para a economia, afirmam os analistas.
“Não tinha dúvidas de que embates ocorreriam, mas para minha surpresa, vieram muito cedo, o que prejudica não apenas o crescimento no curto prazo, mas a expectativa de crescimento futuro”, diz Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
O economista José Júlio Sena, também do FGV Ibre, reforça essa análise. “A simples mudança de governo melhorou a perspectiva em áreas vitais para o crescimento, como a educação, item básico para a produtividade, a volta das relações internacionais, depois de o país ficar isolado, e o resgate da política ambiental, essencial nas trocas econômicas no século 21”, afirma Sena.
“Mas para a economia funcionar redondinha, a gente precisa de estabilidade macroeconômica, e isso deixou a desejar nesse começo de governo, principalmente por causa dos ataques ao Banco Central.”
As divergências, explicam eles, pioraram as projeções da própria inflação, o que retarda a queda dos juros almejada pelo governo para aliviar o arrocho do crédito, que prejudica as empresas e famílias.
No final de setembro, antes do primeiro turno, o relatório Focus, que reúne cenários macroeconômicos, apontava um IPCA, índice oficial de inflação, de 5% em 2023. Em dezembro, após o governo aprovar um pacote que ampliava as despesas, o IPCA projetado para este ano subiu para 5,31%,
No boletim mais recente, divulgado em 3 de abril, a projeção de inflação para o ano havia subido para 5,96%.
Os discursos de Lula e apoiadores sobre rever a meta de inflação, para reduzir os juros mais depressa, também estão afetando expectativas de longo prazo. Para 2025, o mercado já trabalha com uma inflação de 4%, precificando as falas do presidente. Antes da eleição, a projeção para o período era de 3%.
Enquanto isso, o dólar não cede. Fica na casa de R$ 5,25, quando alguns economistas avaliam que já poderia estar em R$ 4,80. A taxa de crescimento se move lentamente e até recua em 2025 (veja infográfico).
Alguns analisam que erros de estratégia da própria Fazenda ajudaram a azedar os humores.
Dentro do próprio PT há quem se pergunte a razão pela demora em indicar os dois diretores do BC a que o governo já tem direito. Os mandatos terminaram em 28 de fevereiro. A Fazenda poderia ter avaliado os nomes antes e agilizado a sabatina no Senado.
Dois novos integrantes no BC não mudariam a política monetária, mas poderiam estabelecer um diálogo mais diverso, acreditam esses interlocutores. Até agora, a troca não ocorreu.
Alguns também acreditam que haveria menos estresse caso a regra fiscal —que é um sinal oficial de compromisso com as contas públicas— tivesse vindo antes. Haddad não priorizou a medida, enviando antes disso iniciativas de reoneração de impostos.
A Emenda Constitucional 126 estabeleceu que o governo dever enviar ao Congresso um novo regime fiscal até 31 de agosto desse ano. Inicialmente, apesar de contar com inúmeras propostas, inclusive uma produzida pelo grupo de transição do próprio governo, o ministro declarou que a regra seria apresentada no primeiro semestre. Depois, mudou para abril.
Reduzir o prazo só virou prioridade quando, pouco antes do Carnaval, o discurso contra os juros altos incorporou a ideia de destituir Campos Neto. A Fazenda correu para tentar divulgar a regra antes da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em 21 e 22 de março. Não deu tempo.
A regra veio em 30 de março, apresentada em um PowerPoint. A data de envio do projeto de lei ainda é incerta. Não está garantido que virá na semana seguinte à Páscoa.
“A evolução da agenda foi ruim. O primeiro objetivo dele, desde o início, deveria ter sido a regra fiscal”, diz a economista Elena Landau. “Mas ele colocou a regra fiscal em segundo plano, e o fato de ter feito isso nos fez perder muito tempo. E ele ainda entrou na discussão do Banco Central. Um grande erro.”
O vaivém da Fazenda está frustrando boa parte dos petistas e economistas ditos não liberais.
“A Fazenda está contando que, com a reforma tributária e a nova regra fiscal, vai criar um ambiente para aumentar o investimento privado, e não os gastos do governo. Ou seja, sinaliza a opção por uma política fiscal que, entendo, será contracionista”, diz Simone Deos, pesquisadora Sênior do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais).
Segundo ela, apesar da grita do mercado, Haddad optou por uma estratégia liberal, com algumas pitadas progressistas, mas sem os componentes necessários para o que importa, fomentar o crescimento econômico.
“O investimento só ocorre quando as empresas têm expectativas claras de que vão vender mais e ganhar mais, mas, nesse momento, as empresas estão se desintegrando e não há perspectiva de crescimento”, afirma ela. “O investimento não virá de sinalizações para o mercado financeiro, mas de um plano em que governo e empresas privadas possam investir juntos.”
O economista-sênior da área de Macroeconomia da LCA, Bráulio Borges reforça que o Lula 3 ocorre em um contexto político muito particular, que contribuiu para tensionar o ambiente nesse primeiro momento.
Ainda na transição foi preciso negociar com o Congresso ampliar o Orçamento com uma PEC (proposta de emenda à Constituição). Ali o governo, antes da posse, já se expôs, por entender a necessidade de mudar o patamar de gasto, que subiu de 17,5% do PIB para 19%.
Em janeiro, veio um segundo evento, que mudou Lula, diz o economista. O discurso de inclusão e coalizão se moveu mais à esquerda. “Quando a gente olha o impacto da política sobre a economia, e vice-versa, não tem como não considerar os eventos de 8 de janeiro”, afirma Borges.
“A intentona moldou o discurso público do presidente Lula, e de alguns do entorno dele, e acho que isso pode explicar a subida de tom contra o Banco Central e particularmente contra Campos Neto.”
O economista Felipe Salto afirma que, apesar de todos os percalços, é preciso considerar como positivo o saldo líquido dos 100 dias na Fazenda.
“Temos o arcabouço fiscal antes do prazo, que era um grande obstáculo a ser transporto. Um dos caras que mais entende de reforma tributária, o [secretário da Fazenda] Bernard Appy, já está trabalhando. Haddad acertou uma compensação para os estados na questão dos combustíveis, que era um nó federativo. São avanços”, afirma Salto.
“Vou citar aqui o senador José Serra. Ele lembra que, na matemática, a menor distância entre dois pontos é uma linha reta. Na política, porém, é uma curva senoidal”, brinca.
Alexa Salomão, Folhapress
Lula viaja ao Maranhão para acompanhar socorro a vítimas de chuvas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai sobrevoar, na manhã deste domingo (9), a região de Trizidela do Vale, no Maranhão, a mais atingida pelas fortes chuvas que caíram nos últimos dias. Lula e ministros vão ver de perto a situação dos municípios afetados e se colocar à disposição para dar o apoio federal às ações de resposta e de atendimento à população impactada pelos eventos extremos.
A comitiva presidencial será composta pelos ministros da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino; da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República; Paulo Pimenta; Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Goés; e do Trabalho e Previdência, Luiz Marinho. O sobrevoo do presidente da República será feito na companhia do governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB).
Após o sobrevoo, o presidente Lula falará com a imprensa no aeroporto de Bacabal, no Maranhão.
No fim de março, outra comitiva do Governo Federal sobrevoou áreas atingidas por chuvas intensas no Maranhão.
Agência Brasil
Paulo de Tarso Sanseverino, ministro do STJ e do TSE, morre aos 63 anos
O ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), morreu de câncer neste sábado (8), aos 63 anos, em Porto Alegre. Ele estava internado em um hospital na capital gaúcha.
O ministro integrava o STJ desde 2010, indicado pelo presidente Lula (PT), no último ano do seu segundo mandato. Sanseverino também era ministro substituto do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) desde setembro de 2021 e ajudou nas eleições do ano passado.
O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, lamentou a morte por meio de nota. “A Justiça brasileira é testemunha da competência e grandiosidade do nosso colega Paulo de Tarso Sanseverino”, disse.
“O querido colega, que há mais de 12 anos atuou de forma brilhante no Superior Tribunal de Justiça, compartilhou conosco muitas de suas virtudes, como a retidão, empatia e extremo zelo pelo país”, escreveu Moraes.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também se pronunciou por meio de postagem no seu perfil no Twitter. “Brilhante magistrado, Sanseverino, um exímio estudioso do arcabouço jurídico, deixa um legado que qualificou sobremaneira a prestação jurisdicional da corte”, escreveu.
Com isso, Lula deverá indicar ao todo seis ministros para o STJ neste terceiro mandato. Dois magistrados se aposentaram recentemente e mais dois devem se aposentar até 2026.
Nascido em Porto Alegre em 1959, Sanseverino era magistrado desde 1986 e doutor em direito civil pela UFGRS (Unifersidade Federal do Rio Grande do Sul). Foi indicado ao STJ por Lula em 2010, onde compunha a 2ª Seção e 3ª Turma.
Além do TSE, compunha ainda o Grupo Decisório do Centro de Inteligência do Poder Judiciário do Conselho Nacional de Justiça e Conselho Superior da Enfam (Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados).
Lucas Borges Teixeira e Lucas Marchesini, Folhapress
Aeronave é destruída após fechamento do espaço aéreo em terra Yanomami
Operação de segurança prendeu dois homens em pista de garimpo |
Operação conjunta entre as Forças Armadas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) destruiu uma aeronave em solo e prendeu dois homens em uma pista clandestina de garimpo ilegal, dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, na noite da última quinta-feira (6). Foi a primeira ação de policiamento após o fechamento do espaço aéreo sobre a reserva.
O espaço aéreo na Terra Indígena Yanomami voltou a ser fechado justamente na última quinta-feira. Antes, a previsão para a retomada do fechamento era para 6 de maio, mas a medida foi antecipada para acelerar a saída de garimpeiros ilegais que ainda estão na região.
O espaço aéreo já havia sido inicialmente fechado em 1º de fevereiro, logo após o governo iniciar uma operação humanitária em favor do povo Yanomami, e reaberto no dia 12 do mesmo mês para permitir a saída coordenada e espontânea de garimpeiros que atuam ilegalmente na região. O controle será realizado pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Zona de identificação
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), foi estabelecida uma Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida) no espaço aéreo da terra yanomami, com a proibição do tráfego aéreo, à exceção de aeronaves militares ou a serviço dos órgãos públicos envolvidos na Operação Yanomami, desde que previamente submetidas ao processo de autorização de voo.
As aeronaves que descumprirem as regras estabelecidas nas áreas determinadas pela Força Aérea estão sujeitas às medidas de policiamento do espaço aéreo (MPEA), que vão desde a identificação da aeronave, pedidos de mudança de rota e pouso obrigatório até tiros de advertência e os chamados tiros de detenção, que são disparos com a finalidade de provocar danos e impedir o prosseguimento do voo da aeronave transgressora.
Agência Brasil
Polícia Civil prende homem que planejava atacar escola em distrito de Porto Velho
A Polícia Civil do Estado de Rondônia deflagrou na manhã desde sábado (08/04) a operação em combate a ameaças de ataques à escola em Extrema, distrito de Porto Velho – RO.
A Delegacia Especializada em Repressão a Defraudações – DEFRAUDE levou 48 horas para esclarecer, identificar e prender o suspeito de arquitetar os ataques.
O inquérito iniciou a partir da denúncia recebida dia 06/04, via serviço Disque denuncia 197. De imediato a equipe do Ciber-LAB da PCRO identificou o suspeito de planejar a ação criminosas.
A autoridade policial representou por dois mandados de busca e apreensão na residência do investigado, que foram deferidos pelo Poder Judiciário.
Na manhã deste sábado (08/04), os policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais – CORE cumpriram as ordens judiciais.
A ação resultou na apreensão de 07 armas de fogo e prisão do suspeito. Ele foi encaminhado ao Sistema Prisional onde permanecerá à disposição da justiça.
O trabalho é fruto da Operação Escola Segura promovida pelo Ministério da Justiça na prevenção a ataques em escolas.
A Polícia Civil está atenta e dará o máximo de prioridade às denúncias que tem recebido pelo disque denúncia para garantir a segurança nas escolas de Rondônia.
Partido português marca cúpula mundial de extrema-direita com participação de Bolsonaro
LISBOA (Reuters) - O partido português Chega realizará em maio uma cúpula mundial em Lisboa com líderes de siglas de extrema direita, incluindo o ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro e o vice primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, disse o presidente do Chega nesta sexta-feira.
Em um comunicado por vídeo, André Ventura afirmou que Bolsonaro e Salvini “já aceitaram o convite para uma cúpula mundial de direita” nos dias 13 e 14 de maio.
“As presenças de Jair Bolsonaro, Matteo Salvini e muitos outros líderes da direita europeia posicionam Lisboa como um dos novos centros mais fortes da direita na Europa e uma das referências mundiais na luta contra o socialismo”, disse.
Em janeiro de 2022, o governista Partido Socialista de Portugal ganhou a maioria absoluta de maneira inesperada, e os sociais-democratas terminaram em segundo lugar, mas o Chega aumentou o seu apoio e se tornou o terceiro maior partido do parlamento.
Em março, Ventura disse a jornalistas que também estava planejando convidar Marine Le Pen, da França, ou Geert Wilders, da Holanda, líderes de partidos de extrema direita em seus países.
(Por Sergio Goncalves and Catarina Demony)
Hospital Português sediará curso “Salvador Sem Sonda”, para tratamento a laser da hiperplasia prostática benigna
O Hospital Português sediará o curso “Salvador Sem Sonda”, entre os dias 08 e 09 de maio. Esse evento faz parte de um projeto humanitário idealizado pelo médico paranaense Thiago Hota, com o objetivo de beneficiar pacientes do SUS com diagnóstico de hiperplasia prostática benigna, através da mais moderna técnica disponível para o tratamento dessa doença: a enucleação prostática a laser.
A hiperplasia prostática afeta cerca de 50% dos homens acima de 50 anos de idade e pode inclusive provocar retenção urinária em situações mais graves, sendo necessário o uso de uma sonda na bexiga nesses casos . O curso será coordenado aqui em Salvador pelos urologistas Maurício Fucs, Paulo Furtado e Thiago Hota e acontecerá no Hospital Português da Bahia
Governo Lula expõe bate-cabeça ao desautorizar ministros 4 vezes antes dos 100 dias
Ao longo dos cem primeiros dias, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protagonizou ao menos quatro episódios públicos de bate-cabeça, em que ministros foram desautorizados pelo próprio presidente ou por integrantes do Palácio do Planalto.
No caso mais recente, Lula desautorizou o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia). Na quinta-feira (6), durante café com jornalistas, o presidente afirmou ter “sido pego de surpresa” pelas declarações do auxiliar de que a Petrobras adotaria uma nova política de preços.
Segundo anúncio feito por Silveira no dia anterior, quarta-feira (5), a estatal passaria a usar o modelo de PCI (preço de competitividade interna), o que levaria à redução do preço do diesel em até R$ 0,25 por litro.
A declaração irritou investidores e a direção da Petrobras, que chegou a divulgar uma nota para dizer que “não recebeu nenhuma proposta do Ministério das Minas e Energia”. Informou ainda que eventuais mudanças na política de preços “serão comunicadas oportunamente ao mercado, e conduzidas pelos mecanismos habituais de governança interna da companhia”.
Lula disse a jornalistas no Palácio do Planalto que haverá mudança no cálculo dos preços, mas que caberá ao presidente pautar a discussão.
“A política de preços da Petrobras será discutida pelo governo no momento em que o presidente da República convocar o governo para discutir a política de preços”, declarou. “Enquanto o presidente da República não convocar o governo para discutir política de preços, a gente não vai mudar o que está funcionando hoje.”
Integrantes do governo dizem que ruídos são naturais no início de gestão e atribuem parte deles ao fato de que alguns ministros estão afastados da administração pública há muito tempo.
Outra hipótese é a de que esses ruídos estariam ocorrendo justamente pelo oposto: excesso de nomes experientes na equipe.
Dos 37 ministros de Lula, 9 são ex-governadores. Ministros palacianos ponderam que este grupo estava acostumado a dar a palavra final nas medidas que implantavam nos respectivos estados e agora precisam se acostumar a aguardar o aval de Lula para tocarem projetos.
Antes da autorização do presidente, a equipe precisa subordinar as ideias de políticas públicas ao ministro Rui Costa (Casa Civil), o que também já foi motivo de desconfortos internos.
Desde a campanha, Lula tem dito em reuniões que entende que todos são “craques” e têm o próprio brilho, mas que no governo é preciso jogar em equipe.
A forma de minimizar os choques públicos que o presidente encontrou e busca colocar em prática é centralizar as decisões e a divulgação de medidas no Palácio do Planalto.
O receio é que anúncios feitos sem estarem em acordo com o núcleo político da gestão gerem desgastes com o mercado e com o Congresso Nacional e passem a impressão de que Lula não tem as rédeas da própria equipe.
Por isso, a ideia é que nenhum ministro anuncie uma proposta antes que ela tenha tido consentimento expresso da Casa Civil e do presidente.
Da mesma maneira, a estratégia de comunicação de cada pasta precisa ser ao menos informada à Secretaria de Comunicação Social, chefiada pelo ministro Paulo Pimenta.
A orientação é que os projetos sejam divulgados como sendo de autoria do governo e de Lula e não de um ministro específico. Em um esforço para evitar novos episódios de bate-cabeça, Lula tem enfatizado essa orientação em reuniões.
Antes de desautorizar publicamente Alexandre Silveira, em 14 de março, o presidente fez uma cobrança a todos os seus ministros em declaração que foi transmitida publicamente durante uma reunião.
Sem citar nomes, pediu que ministros que sejam autores de alguma “genialidade” as apresentassem para que recebam o trâmite adequado.
“Não queremos propostas de ministros. Todas as propostas de ministros deverão ser transformadas em propostas de governo, e só será transformada em proposta de governo quando todo mundo souber o que vai ser decidido”, afirmou o presidente.
A bronca foi um recado velado aos ministros Márcio França (Portos e Aeroportos) e Carlos Lupi (Previdência).
Dois dias antes da reunião, França havia anunciado um programa que funcionaria a partir de acordo com companhias aéreas, de modo que seria possível vender passagens a R$ 200 o trecho a aposentados, estudantes e servidores públicos.
Isso seria viabilizado com a ocupação de assentos ociosos em voos de carreira. A divulgação foi feita em entrevista ao jornal Correio Braziliense.
Já Lupi havia determinado, em 13 de março, a redução do teto dos juros do empréstimo consignado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), de 2,14% para 1,7%,
A medida contrariou o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e ainda estava sendo discutida com o Palácio do Planalto.
Na Previdência, o entendimento era de que Rui Costa e o próprio Lula já haviam autorizado a medida, quando, na verdade, o presidente tinha dado aval para que a pasta pudesse ir adiante nos estudos para então ser apresentada posteriormente, no caso de ser viável.
No dia 21 de março, após dar um pito nos ministros, Lula afirmou ser favorável à medida, mas ponderou que ela foi feita de forma equivocada, sem a devida discussão com a Fazenda e o núcleo político do governo.
Esta foi a segunda reprimenda feita a Lupi. Logo no início do governo, o ministro anunciou que mudaria a reforma da Previdência.
No dia seguinte, ele foi desautorizado por Rui Costa, que disse, na ocasião, que qualquer medida daquele tipo passaria pela Casa Civil. Da mesma forma, disse que nenhuma proposta iria adiante sem o aval do presidente da República.
“Não há nenhuma proposta sendo analisada e pensada neste momento para revisão de reforma, seja previdenciária ou outra. Neste momento não tem nada sendo elaborado”, afirmou Costa.
Como a Folha mostrou, o governo Lula 3 chega aos 100 dias de mandato com derrapagens na comunicação, e aliados em busca de fazer ajustes. Além das “genialidades” de ministros e desautorizações públicas, houve falas polêmicas do próprio chefe do Executivo.
Julia Chaib e Marianna Holanda, Folhapress
Governo abre canal para receber denúncias de ataques em escolas
Foto; Reuteres |
De acordo com a pasta, centenas de agentes trabalham de forma integrada no monitoramento de ameaças: 51 chefes de delegacias de investigação, 89 chefes de agências de inteligência (incluindo Polícias Militares e Civis estaduais) e 25 policiais federais. As denúncias são anônimas, não sendo exigida identificação.
Em nota, a SaferNet destacou que o processo de preenchimento do formulário é simples, rápido e seguro. É possível denunciar, por exemplo, sites, blogs, publicações em redes sociais e fóruns, perfis e outros conteúdos suspeitos. Não é exigida a identificação do denunciante. Os links denunciados serão automaticamente cruzadas com a base de dados da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, criada pela SaferNet Brasil e operada em parceria com o Ministério Público Federal (MPF).
Desde 2006, a SaferNet Brasil recebeu e processou 767.938 denúncias anônimas de apologia e incitação a crimes contra a vida envolvendo 143.302 páginas (URLs) distintas, das quais 116.070 foram removidas por violar a lei ou os termos de uso dos serviços e plataformas digitais.
Plataformas
Na próxima segunda-feira (10), está prevista uma reunião entre representantes do Ministério da Justiça e das plataformas digitais, incluindo redes sociais e serviços de mensageria. O objetivo, segundo o governo, é instituir um protocolo de ação em conjunto com órgãos do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). O encontro será conduzido pela assessora especial e coordenadora de Direitos Digitais do MJSP, Estela Aranha.
Edital
Dentro do pacote de ações do Ministério da Justiça para o combate à violência, a pasta deve investir R$ 150 milhões no apoio às rondas escolares ou ações similares. A medida, autorizada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, será feita por meio de um edital, a ser divulgado na próxima semana. Os recursos sairão do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e serão ofertados aos estados e municípios, que detém a competência constitucional para fazer o patrulhamento ostensivo.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) participou, nesta quinta-feira (6), da primeira reunião interministerial do Grupo de Trabalho para discutir ações de prevenção e enfrentamento à violência nas escolas do país. O grupo é liderado pelo Ministério da Educação e foi instituído por meio de decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O primeiro encontro contou com a presença dos ministros da Educação, Camilo Santana; dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida; da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo; do Esporte, Ana Moser; e da Saúde, Nísia Trindade. Estiveram presentes representantes do Ministério da Cultura e da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
O objetivo é construir uma política de prevenção à violência nas escolas, incluindo, também, ações imediatas e concretas nos estabelecimentos de ensino e entorno. A iniciativa é uma resposta aos recentes atos de violência que ocorreram em São Paulo (SP) e em Blumenau (SC).
Edição: Aline Leal
Por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Dirceu defende projeto para 3 governos seguidos e reeleição de Lula em 2026
O ex-ministro José Dirceu (PT), 77, defendeu, em entrevista ao “É Notícia” (Rede TV!), um programa nacional de desenvolvimento que seja implantado em três governos consecutivos e a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição em 2026.
“Eu penso em 12 anos, três governos, para um projeto de desenvolvimento nacional, porque o Brasil precisa fazer em 10 anos 100 em matéria de ciência, tecnologia e educação”, disse Dirceu, homem forte do primeiro governo Lula e que deixou a chefia da Casa Civil em 2005 após denúncia de envolvimento no mensalão.
“Não estou falando isso com patriotismo de partido e pensando em um governo do PT. Estou pensando em um governo de uma frente que pense um projeto para o país, porque são reformas estruturais e políticas de longo prazo que o Brasil precisa”, completou, na entrevista exibida na noite desta quinta-feira (6).
Segundo Dirceu, “quatro anos é pouco”, e Lula tem condições de liderar as próximas eleições “para derrotar o fascismo e implantar um projeto de desenvolvimento nacional”. “Não vejo outro nome hoje, outra liderança que possa ser candidato”, afirmou.
Ao longo da última campanha eleitoral, Lula indicou que não se candidataria à reeleição em 2026 e citou como obstáculo a idade que terá. “Todo mundo sabe que eu tenho quatro anos. Todo mundo sabe que não é possível um cidadão com 81 anos querer a reeleição”, disse.
Após assumir a Presidência, o petista recuou e abriu a possibilidade de concorrer. Disse que precisa “aproveitar a vida” e que por ora não pensa em ser candidato, mas afirmou que isso pode acontecer se houver “uma situação delicada” e ele se sentir com a saúde perfeita.
Na entrevista à Rede TV!, Dirceu defendeu um acordo nacional entre o governo Lula, o empresariado e o Congresso para adotar medidas que possibilitem o desenvolvimento do país.
“Caso contrário vamos nos arrastar e perder oportunidades mundiais”, afirmou ao jornalista Kennedy Alencar. Dirceu atacou a política de juros altos do Banco Central e disse que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, comete “quase um crime de responsabilidade” porque quer governar com taxa de juros recorde.
O ex-ministro citou dificuldades enfrentadas nos primeiros meses do governo para justificar a avaliação otimista que faz dos primeiros 100 dias de Lula.
Ele afirmou que o presidente encontrou a máquina administrativa desorganizada, com ministérios que deixaram de existir e outros devastados. Falou também sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro, o Congresso mais conservador e a situação econômica difícil. “O país praticamente acordou aliviado depois do resultado eleitoral”, disse.
Para ele, tudo o que Lula fez até agora foi conjuntural e, em um segundo momento, terá de trabalhar nas questões estruturais.
Na entrevista, Dirceu indicou que poderá falar sobre arrependimentos em um próximo livro de memórias. Ele afirmou que talvez fosse melhor não ter sido ministro da Casa Civil e sim um articulador político no primeiro governo Lula.
Também disse ver como equívoco a disputa ao Governo de São Paulo em 1994. E, sobre a luta armada contra a ditadura militar (1964-1985), apesar de considerar sua participação uma imposição moral, disse que não faria de novo do jeito que foi feito na época.
“Eu me sinto realizado. Apesar de tudo que aconteceu, sou um homem resolvido”, avaliou.
Sem dar detalhes, o ex-ministro admitiu ter cometido erros e disse que a corrupção é um problema grave no país. Mas negou a existência do mensalão, que chamou de ensaio para a Operação Lava Jato, chamada por ele um processo político para inviabilizar o PT e a candidatura de Lula à Presidência da República.
“A Lava Jato virou um instrumento político de consequências trágicas”, disse. “A revisão jurídica está sendo feita e será feita também a histórica.”
Dirceu afirmou que teve pânico e chorou em suas prisões, mas resistiu a aderir à delação premiada. “Eu preferia morrer do que trair minha geração, meus ideias, a construção do PT.”
Disse também que pediu ao ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pela União Brasil-PR, para ser condenado pelos erros que cometeu, não pelos que não tinha responsabilidade afirmou que nunca teve nenhuma relação com a Petrobras.
Após uma cirurgia em Brasília para drenagem de um hematoma subdural, o ex-ministro segue sob supervisão médica, tem restrições para viagens longas e uma agenda com apenas 20% dos compromissos de antes. Mas está otimista. “Acho que tenho saúde para chegar aos 90 anos.”
Em 2012, Dirceu foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), devido ao mensalão, a mais de sete anos de prisão, pena que foi extinta em 2015. Ele ficou um ano na cadeia.
Em agosto de 2015, foi preso preventivamente na Lava Jato. Em 2016, Moro o condenou a 20 anos e 10 meses de prisão e, em 2017, pela segunda vez, a 11 anos e três meses de prisão.
Dois meses depois, o STF concedeu habeas corpus permitindo que Dirceu aguardasse o julgamento dos recursos em liberdade. Em maio de 2018, teve recurso negado e foi preso novamente. Em junho daquele ano, o STF voltou a conceder habeas corpus para que Dirceu aguardasse o julgamento em liberdade.
Em maio de 2019, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu que o petista cumprisse pena de oito anos e dez meses pelo caso de corrupção envolvendo a Petrobras, no âmbito da Lava Jato. Ele foi solto em novembro daquele mesmo ano e aguarda em liberdade o julgamento de recursos.
Cristina Camargo / Folhapress
Barra da Estiva | Polícia faz buscas com cães na casa do vereador por de...
Policiais civis fizeram buscas, com uso de cães farejadores, na casa do vereador Valdnei de Silva Caires, do Podemos, investigado pelo sumiço de Beatriz Pires da Silva Santos, de 26 anos, desaparecida desde 11 de janeiro deste ano. A ação foi feita nesta quinta-feira (6), na cidade de Barra da Estiva, mas a jovem não foi encontrada. Questionada pela TV Sudoeste a Polícia Civil afirmou que não poderia divulgar mais detalhes sobre a ação desta quinta, para não atrapalhar as investigações. Beatriz Pires sumiu quando estava grávida de seis meses e tem um filho de 2 anos.
Ela foi vista pela última vez ao entrar no carro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barra da Estiva. De acordo com a Delegacia de Polícia, o veículo costuma ser usado pelo vereador Valdinei Caires. Após o desaparecimento da filha, a mãe de Beatriz, Célia Pires ficou responsável por cuidar do neto. A criança, de acordo com a mãe de Beatriz, apesar de muita nova, tem apresentado mudanças de comportamento depois que a jovem não foi mais vista. Antes de desaparecer, a jovem teria comentado com a mãe que faria uma viagem com o pai do filho dela. No entanto, a família não sabe quem é o homem, já que a identidade dele nunca foi revelada por Beatriz.
Quando eu perguntava quem era [o pai do filho de 2 anos], ela dizia que não ia complicar ninguém, porque a pessoa tinha muita confiança nela e ela não ia complicar. É tanto que agora, que ela está grávida de seis meses, eu voltei a perguntar e ela disse que não ia complicar”, explicou. “Aí eu falei: ‘Já que você não quer me contar quem é, me diga ao menos se é o mesmo pai?’ E ela disse que sim. Ela tinha comentado antes, que ele queria que ela fizesse um aborto desse segundo bebê, que era menino também”.
Tragédia na BR-116 | acidente com morte em Vitória da Conquista; rodovia fica bloqueada nos dois sentidos
Um acidente na Rodovia Santos Dumont [BR-116], trecho próximo ao Posto Taboleiro da Bahiana, em Vitória da Conquista, deixou uma vítima morta na manhã desta sexta-feira (7). O Resgate da Via Bahia, a Polícia Rodoviária e o Departamento de Polícia Técnica foram acionadas. Os dois sentidos da BR-116 ficaram congestionados. Por/Blog do Anderson
Lula sofre críticas de eleitores ilustres e vê pressão sobre governo crescer
A crítica do escritor Paulo Coelho foi a mais ruidosa até aqui, mas outros eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também vêm expressando insatisfação com o governo, em um movimento negativo que o Planalto e militantes tentam combater com pedidos de paciência.
Ao chamar o novo mandato de patético, Coelho deu vazão a queixas de parcelas dos que votaram no petista, inclusive os que só queriam derrotar Jair Bolsonaro (PL). É o caso de apoiadores ocasionais como o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o ex-presidenciável do Novo João Amoêdo.
Aliados como o ex-governador Roberto Requião (PT-PR) e o senador Cid Gomes (PDT-CE) também foram a público atacar aspectos como a fragilidade do programa de governo e a guerra de Lula contra o Banco Central por causa da taxa de juros.
“Não devia ter me empenhado na campanha”, disse Coelho no desabafo que fez em uma rede social no fim de março. Ele afirmou que seu voto não valeu a pena e demonstrou arrependimento pelas décadas de apoio ao petista, que lhe custaram até o afastamento de leitores, conforme relatou.
O autor do livro “O Alquimista” se mostrou especialmente irritado com o bate-boca de Lula com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), iniciado após o petista lançar a ilação de que a descoberta de um plano de atentado contra o ex-juiz da Operação Lava Jato seria “mais uma armação” de seu algoz.
“Estou achando o governo muito ruim”, afirma à Folha Amoêdo, que surpreendeu muita gente ao votar no petista contra “um mal maior”, Bolsonaro. O ex-banqueiro vê o presidente “preso a erros do passado, com uma equipe descoordenada e sem gestos para colocar o Brasil no rumo do crescimento”.
Amoêdo tem se pronunciado também contra a regra fiscal e a permanência de ministros como Juscelino Filho (Comunicações), exposto em uma série de denúncias. Apesar disso, diz não se arrepender do voto. “Estou seguro porque, sabendo de tudo o que veio à tona, vejo que Bolsonaro precisava mesmo sair. Como discordo muito do PT, nunca tive grandes expectativas, mas nutria algumas esperanças.”
Segundo pesquisa Datafolha, o governo é considerado ótimo ou bom por 38% dos brasileiros, regular por 30% e ruim ou péssimo por 29% (margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos).
Entre os que declaram ter votado em Lula, os percentuais são de, respectivamente, 71%, 24% e 3%.
Lula fez até aqui pelo país menos do que o esperado na visão de 1 em cada 4 pessoas que afirmam ter votado nele (25%). Ele fez o que era previsto na opinião de 37% e superou a expectativa para 34%.
O resultado do Datafolha foi encarado com otimismo por integrantes e aliados do governo, que lembram o fato de o país ter saído dividido da eleição. O petista venceu com a margem de votos mais apertada desde a redemocratização, apenas 1,8 ponto percentual à frente do adversário.
A estratégia governista de culpar os estragos herdados da gestão Bolsonaro pela demora em apresentar resultados em várias áreas, principalmente na economia, é replicada por defensores de Lula.
O ex-senador Aloysio Nunes Ferreira, um dos primeiros integrantes de peso do PSDB a embarcarem na candidatura do petista, faz reparos pontuais —a insinuação sobre Moro foi “um mau passo, embora não comprometa o governo como um todo”—, mas diz confiar no sucesso da gestão.
“O Lula vai fazer um bom governo, apesar de ter enfrentado uma transição tumultuada. Mesmo com o golpismo do 8 de janeiro, o descaso com os yanomamis e os estragos das chuvas, para citar alguns exemplos, ele está se saindo muito bem. Está arrumando a casa”, afirma Aloysio à Folha.
O tucano aprovou o arcabouço fiscal e considerou o ministro Fernando Haddad (Fazenda) habilidoso na articulação política do substituto do teto de gastos.
Aloysio, que foi ministro das Relações Exteriores de Michel Temer (MDB), também concordou com a decisão do Brasil de não assinar a declaração final da Cúpula da Democracia, que embutia críticas à Rússia pela invasão da Ucrânia. “Foi uma posição correta. O fórum para tratar desse tema é a ONU”, diz.
“O eleitor é sempre impaciente, quer o resultado. Ao governo cabe agir com calma e tomar atitudes com solidez”, opina o ex-chanceler.
O problema é que “o sentimento benévolo em relação ao governo, aquela torcida sincera para que dê certo, está arrefecendo”, afirma o sociólogo e investidor Zeca Martins, integrante do Derrubando Muros. O grupo formado por empresários e profissionais de diferentes áreas buscou uma terceira via em 2022, mas por fim acabou se aproximando de Lula, que foi a opção de grande parte dos membros.
“Sou parte da ala que votou nele pela primeira vez para afastar o risco Bolsonaro. O rigor com o atual governo, mesmo daqueles lulistas convictos, está baixo. Noto ainda uma complacência em função da tortura que foi conviver com um governo fascista, mas essa fase está se esgotando.”
Martins diz que as críticas de Coelho e Tasso encontram eco no grupo, que se ressente do esvaziamento da ideia de frente ampla e da ausência de programa. “Além do básico, que é garantir três refeições por dia para todos, não sabemos qual é o projeto de longo prazo para o Brasil”, afirma.
A empresária e ativista Rosângela Lyra, que começou a angariar apoios de antipetistas a Lula meses antes das eleições, discorda. Com trânsito na elite paulistana, ela diz ver eleitores do presidente maduros para entenderem que o governo mal começou e ainda “enfrenta ecos ruins do passado recente”.
“Paulo Coelho foi, no mínimo, infeliz”, diz Rosângela, que preside o Política Viva, um grupo de discussões sobre os rumos do país com tendência progressista. Para ela, nem deu tempo de se frustrar, e uma avaliação mais justa só pode ser feita após seis meses.
“Estão cobrando desse governo coisas que nunca cobraram de outros. Só de termos um governo com visão humanista e que está recuperando programas sociais importantes, já é muito”, afirma.
Lula tem feito apelos parecidos aos eleitores mais ávidos. “Vamos dar um tempo aí, porque também as coisas não podem acontecer do dia para a noite”, discursou em evento no último dia 16, após uma criança na plateia questioná-lo sobre a queda no preço da picanha prometida durante a campanha.
O tom já tinha sido usado na mensagem do presidente ao completar o primeiro mês de mandato. “A nossa vida vai melhorar. É só esperar um pouco, que vocês vão ver as coisas começarem a acontecer no nosso querido Brasil”, disse, pedindo “um pouco de paciência”.
Procurada, a Secom (Secretaria de Comunicação) evitou comentar críticas específicas e reforçou, em nota, que a atual gestão está completando 100 dias de um mandato total de quatro anos.
“Ouvimos, respeitamos, dialogamos e não ofendemos discordâncias pontuais, eventuais ou mais gerais, porque defendemos a democracia, a livre expressão e o debate público respeitoso, com liberdade e troca de ideias”, disse.
O QUE DISSERAM OS DESCONTENTES COM O GOVERNO
“Décadas apoiando Lula, noto que seu novo mandato está patético. Cair na trampa de ex-juiz desqualificado, incapacidade de resolver problema do BC, etc. Não devia ter me empenhado na campanha. Perdi leitores (faz parte) mas não estou vendo meu voto ter valido a pena”
Paulo Coelho, escritor, no Twitter, em 26.mar
“Estou muito surpreso. Eu não esperava que o Lula e sua equipe viessem nessa linha radical de política econômica. Não é radical só pelo fato de ser de esquerda, que tem propostas boas, mas pelas ideias ultrapassadas, vencidas e que já foram testadas. É radical também pelo tom da agressividade. Esse embate com o Banco Central é inteiramente desnecessário”
Tasso Jereissati (PSDB-CE), ex-senador, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 6.mar
“Estou achando o governo muito ruim. Lula está preso a erros do passado, com uma equipe descoordenada e sem gestos para colocar o Brasil no rumo do crescimento. Propõe uma regra fiscal que não ataca o problema das despesas, prega retrocessos em temas como o marco do saneamento e a privatização da Eletrobras, perde tempo com temas menores e continua com postura de candidato, não de estadista. Ele está queimando o voto de paciência que se deve dar a quem acabou de assumir”
João Amoêdo, ex-presidenciável do Novo, em entrevista à Folha, na terça-feira (4)
“Eu não fui nem convidado para participar do grupo de transição. Fui ignorado. A minha experiência poderia ter servido pelo menos para levantar aquele debate. Não fui nem convidado para a posse, tive que ir em Brasília e garimpar um convite com influencers. Esqueceram que o Roberto Requião existia. […] E eu faria isso tudo de novo, fiz ideologicamente. Só não posso dizer que estou contente com o que está acontecendo. Acho que estamos cometendo um erro, nós devíamos ter um programa mínimo de governo”
Roberto Requião (PT-PR), ex-governador, em entrevista ao portal UOL, em 16.mar
“Uma preocupação que eu tenho é esse conformismo com o status quo, o centrão, a Câmara. O [Arthur] Lira é só mais um e vai ser mudado. […] O Brasil não vai mudar só porque tirou o Bolsonaro e botou o Lula. É o centrão, é o mesmo povo, com a conivência e o entusiasmo do [ministro das Relações Institucionais] Alexandre Padilha, que é o articulador político do governo”
Cid Gomes (PDT-CE), senador, em entrevista ao jornal O Globo, em 23.mar
O QUE DISSERAM OS DEFENSORES DO GOVERNO
“Calma, Paulo. Assim como você e eu, Lula é humano, tem suas feridas. E nem sempre se pode se safar das armadilhas e disparos de uma classe dominante predatória, egoísta e invejosa. Tenha mais paciência, querido. O mandato está no início”
Jean Wyllys, ex-deputado federal pelo PSOL-RJ, em resposta a Paulo Coelho, no Twitter, em 26.mar
“Outro que entrou na falácia da mídia. Menos, Paulo. Se não fosse o Lula, você estaria sob domínio de Bolsonaro. O governo nem começou…”
José de Abreu, ator, em resposta a Paulo Coelho, no Twitter, em 26.mar
“Paulo, não são nem 90 dias. BC é uma situação ingrata. Erros serão cometidos, devemos criticar e apontar, como também tenho feito, mas não dá pra se arrepender de ter ajudado a derrotar aquele monstro. Lula ainda vai errar muito, mas não se esqueça que o outro era Bolsonaro”
Felipe Neto, influenciador digital, em resposta a Paulo Coelho, no Twitter, em 26.mar
“O Lula vai fazer um bom governo, apesar de ter enfrentado uma transição tumultuada. Mesmo com o golpismo do 8 de janeiro, o descaso com os yanomamis e os estragos das chuvas, para citar alguns exemplos, ele está se saindo muito bem. Está arrumando a casa. O eleitor é sempre impaciente, quer o resultado. Ao governo cabe agir com calma e tomar atitudes com solidez”
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), ex-senador e ex-ministro das Relações Exteriores (governo Temer), em entrevista à Folha, na segunda-feira (3)
“Paulo Coelho foi, no mínimo, infeliz. Estão cobrando desse governo coisas que nunca cobraram de outros. Atribuo essa má vontade ao vício antipetista ou pró-lavajatista que está impregnado após todos esses anos de viés. Vejo pessoas comuns à minha volta repetindo falácias, sem embasamento. Só de termos um governo com visão humanista e que está recuperando programas sociais importantes, já é muito”
Rosângela Lyra, empresária e presidente do Instituto Política Viva, em entrevista à Folha, na segunda-feira (3)
Joelmir Tavares / Folhapress
Desmatamento no 1º trimestre de Lula bate recorde no cerrado e tem segundo pior índice na Amazônia
O primeiro trimestre do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve números de alertas de desmatamento equiparáveis aos piores índices do governo de Jair Bolsonaro (PL), que desmontou políticas ambientais e enfraqueceu a fiscalização ao longo dos quatro anos de mandato.
Segundo dados do Deter, sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que reúne informações para o combate ao desmate quase em tempo real, entre janeiro e março a destruição do cerrado foi recorde, chegando a 1.375,3 km², e a da Amazônia foi a segunda mais alta da série histórica, com 844,6 km².
Os registros do Deter para o cerrado começaram em maio de 2018 e em agosto de 2015 para a Amazônia.
A área destruída nos dois biomas em 2023 equivale a quase duas vezes a cidade do Rio de Janeiro (1.200 km²).
Até então, o número mais alto para o cerrado no período tinha sido registrado em 2022, quando a área perdida ultrapassou 1.288 km². O recorde da floresta amazônica também é do ano passado, com mais de 941 km².
Procurado, o Ministério do Meio Ambiente disse que, na Amazônia, houve aumento de 219% das multas por desmatamento e outras infrações contra a flora no trimestre em comparação com a média do período nos quatro anos anteriores. Em todo o Brasil, esse número ficou em 78%.
Na Amazônia Legal, também cresceram as apreensões (133%) e os termos de destruição (192%) de bens e produtos relacionados às infrações ambientais, além dos embargos de propriedades (93%).
“São medidas que descapitalizam os infratores e impedem que obtenham financiamento, além de restringir o comércio de produtos ilegais”, afirma a pasta, em nota.
O Deter mapeia e emite alertas de desmate com o objetivo de orientar ações do Ibama e outros órgãos de fiscalização. Os resultados representam um alerta precoce, mas não são o dado fechado do desmatamento.
Os números oficiais são de outro sistema do Inpe, o Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), e são divulgados duas vezes ao ano.
No cerrado, o desmatamento neste ano tem se concentrado na Bahia (568 km²), no Piauí (215 km²), no Tocantins (152 km²) e no Maranhão (138 km²). Já na Amazônia, os números mais altos estão no Mato Grosso (311 km²), Amazonas (187 km²) e Pará (161 km²).
O presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Agostinho, diz que vários fatores que explicam os índices altos.
“A gente está com cinturão de desmatamento da ordem de milhares de quilômetros. São milhares de quilômetros de pessoas com trator de esteira derrubando floresta”. Esse cinturão, diz ele, vai do Acre ao Tocantins, passando por outros estados, como Amazonas, Mato Grosso, Pará, Maranhão e Tocantins.
“O segundo ponto é que algumas das algumas das ferramentas que o Ibama utilizava e vem utilizando, como por exemplo, as multas passaram por um processo de descrédito”, afirma.
Segundo ele, entre as medidas já tomadas pelo órgão estão o fortalecimento institucional do Ibama, o embargo de áreas de desmate ilegal para que os proprietários não consigam financiamento e reestruturação da equipe.
“Nós acreditamos que estamos no caminho certo. Mas todas essas ações de fato ainda são insuficientes. Enquanto isso tudo não ganhar escala, ainda é insuficiente”, afirma.
Um dos pontos que dificulta a expansão das atividades de fiscalização é a falta de pessoal. Agostinho explica que hoje o Ibama só tem cerca de 300 fiscais em campo —mais 400 trabalham em escritório. “Nós já tivemos, no país, quase 2.000 fiscais”, afirma.
Os profissionais que vão a campo precisam fiscalizar não só o desmate, mas também outros crimes ambientais, como a pesca ilegal e o contrabando de agrotóxicos na fronteira.
“O número de fiscais do Ibama teria mais do que dobrar. É muito importante e urgente o governo providenciar um concurso público para isso porque, no caso da fiscalização, a equipe selecionada ainda tem que ser treinada [após a admissão]”, analisa Suely Araújo, especialista em políticas públicas do Observatório do Clima.
Ela afirma que as ações de fiscalização foram retomadas e aponta outras medidas do governo que auxiliam no combate ao desmatamento, como o reestabelecimento do PPDCDam (Plano de Ação para a Prevenção e Combate ao Desmatamento da Amazônia) e dos conselhos deliberativos do Fundo Amazônia.
A especialista cita também a alteração de decretos da gestão Bolsonaro que facilitavam o atraso nos processos e a prescrição de multas ambientais.
Araújo aponta, ainda, que a reversão da explosão do desmatamento no governo anterior é uma missão demorada. “O que ocorreu foi a elevação do patamar [de destruição] e o aumento do desmate em todos os biomas”, diz.
“Isso gera um ciclo de expansão que não termina de um dia para o outro. Não seria nos primeiros três meses de governo que [essa reversão] seria evidenciada porque você tinha todas as forças caminhando para impulsionar o desmatamento, não para controlar”.
Por causa da chuva, que dificulta o desmate, o início do ano geralmente tem índices mais baixos do que os outros meses.
“Os próximos meses são decisivos para o desmatamento e para as queimadas, já que o que define as queimadas é também o quanto de área desmatada ocorreu”, explica Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e coordenadora das áreas de Cerrado e Fogo da rede Mapbiomas.
As informações do Deter são colhidas por satélite e o sistema detecta apenas alterações na cobertura florestal maiores do que três hectares. Devido à cobertura de nuvens —maior em períodos chuvosos—, nem todas as cicatrizes de desmate são identificadas.
No cerrado, a cobertura de nuvens no primeiro trimestre deste ano ficou na média de 31%, a maior já registrada no bioma. Já na Amazônia o índice ficou em 26%, em média, abaixo do registrado em 2021 (43%), 2018 (41%) e 2022 (36%).
Alencar explica que duas diferenças são importantes na comparação entre os dois biomas acompanhados pelo Deter: o tamanho de cada área com alerta de desmatamento, que é maior no cerrado, e a porcentagem de desmate permitido pelo código florestal em cada um deles.
Enquanto em regiões de floresta amazônica só é possível desmatar legalmente 20% da propriedade, no cerrado esse número sobe para 80% (ou 65%, se estiver dentro de algum estado da Amazônia Legal).
A destruição do cerrado tem um impacto na hidrologia de todo o país, já que ele abastece seis das oito grandes bacias hidrográficas do Brasil.
Está previsto para segunda-feira (10), o lançamento da nova versão do PPCDAm para consulta pública, marcando os primeiros 100 dias de governo Lula.
O PPCDam é o principal plano do governo para combater o desmate e seu restabelecimento foi anunciado pelo presidente no dia da posse, depois de sua implementação ter sido abandonada por Bolsonaro. Na sequência, devem ser criados planos de combate à destruição para outros biomas brasileiros.
A iniciativa é da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que foi a responsável pela criação da primeira versão do PPCDam, em 2004. O projeto foi considerado a primeira política nacional a impactar as emissões de gases de efeito estufa, que, no Brasil, vêm na maior parte do desmatamento.
Jéssica Maes / Folhapress
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