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Lula defende reforma da Unasul como mecanismo de cooperação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o retorno da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) como mecanismo de cooperação entre os países da América do Sul. Lula é o anfitrião de um encontro com mais de dez líderes dos países da região, nesta terça-feira (30), no Palácio Itamaraty, em Brasília.

Os líderes sul-americanos atenderam a um convite feito pelo presidente brasileiro, que busca retomar a cooperação dentro do continente em áreas como saúde, mudança do clima, defesa, combate aos ilícitos transnacionais, infraestrutura e energia, entre outros.
E não é preciso recomeçar do zero. A Unasul é um patrimônio coletivo. Lembremos que ela está em vigor e sete países ainda são membros plenos. É importante retomar seu processo de construção, mas, ao fazê-lo, é essencial avaliar criticamente o que não funcionou e levar em conta essas lições.”

“Precisamos de mecanismos de coordenação flexíveis, que confiram agilidade e eficácia na execução de iniciativas. Nossas decisões só terão legitimidade se tomadas e implementadas democraticamente”, acrescentou o presidente, defendendo ainda que o envolvimento da sociedade civil, sindicatos, empresários, acadêmicos e parlamentares “dará consistência” ao esforço de integração. “Ou os processos são construídos de baixo para cima, ou não são viáveis e estarão fadados ao fracasso”, afirmou.

Participam da reunião, os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela).

A única ausência em nível presidencial é a do Peru, cuja presidente Dina Boluarte está impossibilitada de comparecer por questões constitucionais. O Peru vive uma crise política desde a destituição do agora ex-presidente Pedro Castillo no fim do ano passado. No lugar de Dina Boluarte, virá o presidente do conselho de ministros do país, Alberto Otárola.

Apesar de propor o fortalecimento da Unasul, Lula disse que não há ideias preconcebidas sobre o desenho institucional que poderia ser adotado e que esse encontro servirá para conhecer a opinião de todos.


“Estou, no entanto, pessoalmente convencido da necessidade de um foro que nos permita discutir com fluidez e regularidade e orientar a atuação de nossos países para o fortalecimento da integração em várias de suas dimensões”, disse, defendendo a criação de um grupo de alto nível, a ser integrado por representantes pessoais de cada presidente, “para dar seguimento ao trabalho de reflexão.”

“Com base no que decidamos hoje, esse grupo terá 120 dias para apresentar um mapa do caminho para a integração da América do Sul”, disse.

Os protocolos de recepção no Palácio do Itamaraty começaram às 9h. Na parte da manhã, Lula fez o discurso de abertura, seguido de uma sessão de trabalho com a intervenção de todos os presentes. À tarde, está prevista uma conversa mais informal entre os presidentes, em formato reduzido.

À noite, os chefes de Estado que permanecerem em Brasília devem participar de um jantar oferecido por Lula e pela primeira-dama, Janja Lula da Silva, no Palácio da Alvorada, residência oficial.

Durante seu discurso, o presidente brasileiro avaliou ainda que divergências políticas e ideológicas dificultaram o processo de integração com o continente nos últimos anos. “Abandonamos canais de diálogo e mecanismos de cooperação e, com isso, todos perdemos”, disse. “Tenho a firme convicção de que precisamos reavivar nosso compromisso com a integração sul-americana. Os elementos que nos unem estão acima de divergências de ordem ideológica.”, acrescentou, lembrando que em agosto o Brasil também sediará a Cúpula dos Países Amazônicos.

Mecanismo de cooperação


Não há confirmação se a cúpula divulgará um documento oficial ao término do encontro, previsto para as 18h. Há a expectativa de que os presidentes discutam formas mais concretas de ampliar a integração, incluindo a possibilidade de criação ou reestruturação de um mecanismo sul-americano de cooperação, que reúna todas as nações da região. Atualmente, não existe nenhum bloco com essas características.

A Unasul, criada em 2008, no segundo mandato do presidente Lula, foi se desintegrando ao longo do tempo, em meio a mudanças de governos em diversos países, e agora reúne apenas sete: Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname, Peru, além de Argentina e Brasil que voltaram ao grupo recentemente.

O presidente lembrou que o continente já contou e ainda conta com várias iniciativas voltadas a articular ações em âmbito sub-regional. “A Comunidade Andina de Nações, o Tratado de Cooperação Amazônica e o Mercosul ilustram esse regionalismo de abrangência e propósitos diversos”, afirmou, citando ainda os avanços realizados no âmbito da Unasul.

“Por mais de dez anos, a Unasul permitiu que nos conhecêssemos melhor. Consolidamos nossos laços por meio de amplo diálogo político que acomodava diferenças e permitia identificar denominadores comuns. Implementamos iniciativas de cooperação em áreas como saúde, infraestrutura e defesa. Essa integração também contribuiu para ganhos comerciais importantes. Formamos uma robusta área de livre-comércio, cujas cifras alcançaram valor recorde de US$ 124 bilhões em 2011”, disse.

Lula destacou também a redução de desigualdades e da pobreza, do desmatamento, e o papel do grupo como foro de solução de controvérsias entre países da região. “Foram feitos formidáveis para uma região herdeira do colonialismo e marcada por graves formas de violência, discriminação de gênero e racismo. Não resolvemos todos os nossos problemas, mas nos dispusemos a enfrentá-los, em vez de ignorá-los. E decidimos fazer isso cooperando entre nós”, disse.

O presidente lembrou que o contexto atual do mundo é mais desafiador, com a falta de representatividade dos foros de governança globais , as crises geradas pela pandemia de covid-19, a urgência das questões climáticas, o retrocesso do multilateralismo e a crescente as posturas protecionistas nos países ricos, além de conflitos como a guerra na Ucrânia que afetam as cadeias de suprimento.

“A região parou de crescer, o desemprego aumentou e a inflação subiu. Alguns dos principais avanços sociais logrados na década passada foram perdidos em pouco tempo”, disse. “Nenhum país poderá enfrentar isoladamente as ameaças sistêmicas da atualidade. É apenas atuando unidos que conseguiremos superá-las. Nossa região possui trunfos sólidos para fazer face a esse mundo em transição”, acrescentou.

Lula destacou as potencialidades da América do Sul na transição energética, produção de alimentos, desenvolvimento industrial, promoção da paz e como grande mercado de consumo.

Propostas

Em seu discurso, o presidente brasileiro fez também uma série de propostas para serem discutidas ao longo do dia e consideradas pelos líderes em suas iniciativas:

- colocar a poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social, mobilizando os bancos de fomento como Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), o Banco do Sul e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES);

- aprofundar a identidade sul-americana também na área monetária, mediante mecanismo de compensação mais eficientes e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais;

- implementar iniciativas de convergência regulatória, facilitando trâmites e desburocratizando procedimentos de exportação e importação de bens;

- ampliar os mecanismos de cooperação de última geração, que envolva serviços, investimentos, comércio eletrônico e política de concorrência;

- atualizar a carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan), reforçando a multimodalidade e priorizando os de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira;

- desenvolver ações coordenadas para o enfrentamento da mudança do clima;

- reativar o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, que nos permitirá adotar medidas para ampliar a cobertura vacinal, fortalecer nosso complexo industrial da saúde e expandir o atendimento a populações carentes e povos indígenas;

- lançar a discussão sobre a constituição de um mercado sul-americano de energia, que assegure o suprimento, a eficiência do uso de nossos recursos, a estabilidade jurídica, preços justos e a sustentabilidade social e ambiental;

- criar programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores no ensino superior, algo que foi tão importante na consolidação da União Europeia; e

- retomar a cooperação na área de defesa com vistas a dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria miliar, de doutrina e políticas de defesa.

Encontro bilateral

Ontem (30), o primeiro chefe de governo sul-americano a chegar à capital federal foi o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que fez uma reunião bilateral com o presidente Lula, no Palácio do Planalto. O encontro marcou a retomada das relações entre os dois países; Maduro volta ao Brasil após oito anos. Por divergências políticas e ideológicas, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro cortou relações diplomáticas com a Venezuela, que foram oficialmente retomadas na atual gestão.

Lula avaliou que a reconstrução das relações entre Brasil e Venezuela é plena e, entre outros temas, defendeu que os países da América do Sul recuperem o conselho de defesa da região, dedicado à cooperação para segurança nas fronteiras.

Ainda não há confirmação se Lula fará reuniões bilaterais com outros líderes sul-americanos.
Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Edição: Maria Claudia

Conselho de ética da Câmara abre processo contra sete deputados

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados abriu nesta terça-feira (30) sete processos para apurar representações de quebra de decoro parlamentar. Na sessão de hoje foram sorteados os relatores dos requerimentos contra os deputados Carla Zambelli (PL-SP), Márcio Jerry (PCdoB-MA), Nikolas Ferreira (PL-MG), José Medeiros (PL-MT), Juliana Cardoso (PT-SP), Talíria Petrone (Psol-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Os relatores dos processos foram sorteados pelo presidente do colegiado, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA). De acordo com o regimento, três nomes são sorteados e, posteriormente, excluídos os deputados pertencentes ao mesmo estado do parlamentar processado, do mesmo partido ou bloco parlamentar.

O relator de cada processo terá dez dias úteis para elaborar parecer preliminar. Os deputados condenados por quebra de decoro podem ter punições que vão desde a censura oral até a perda do mandato.
Processos

Carla Zambelli: segundo a representação do PSB, ela teria quebrado o decoro parlamentar por xingar e constranger o deputado Duarte (PSB-MA) durante audiência com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. O partido pede a deputada perca o mandato. A lista tríplice sorteada é composta por Ricardo Maia (MDB-BA), João Leão (PP-BA) e Washington Quaquá (PT-RJ).

Márcio Jerry: o deputado foi representado pelo PL por quebra de decoro parlamentar. O partido acusa o deputado de importunação sexual contra a deputada Julia Zanatta (PL-SC) também durante audiência com Flávio Dino.

Imagens de câmeras mostram que Jerry se aproxima por trás de Julia, apoia seu corpo contra o da colega e coloca o rosto em meio ao cabelo dela. O deputado afirma que teria agido dessa forma por causa do tumulto. A lista tríplice sorteada é composta por Alexandre Leite (União-SP), Ricardo Maia (MDB-BA) e Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT).

Nikolas Ferreira: as bancadas do PSOL, PT, PDT, PCdoB e PSB protocolaram pedido de cassação do mandato do deputado federal por quebra de decoro parlamentar após fazer discurso considerado transfóbico. A lista tríplice é composta por Bruno Ganem (Pode-SP), Ricardo Maia (MDB-BA) e Alexandre Leite (União-SP).

De acordo com os partidos, o discurso de Nikolas Ferreira foi “flagrantemente discriminatório e transfóbico”. Ao falar na tribuna da Câmara, no dia 8 de março, o deputado vestiu uma peruca amarela e disse que “se sentia uma mulher” no Dia Internacional da Mulher e afirmou que “as mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”.

Nas redes sociais, o deputado Nikolas Ferreira nega ter feito discurso transfóbico. “Defendi o direito das mulheres de não perderem seu espaço nos esportes para trans - visto a diferença biológica - e de não ter um homem no banheiro feminino. Não há transfobia em minha fala. Elucidei o exemplo com uma peruca (chocante). O que passar disso é histeria e narrativa.”

José Medeiros: o processo foi apresentado pelo PT também por quebra de decoro durante a sessão que comemorava o Dia da Mulher. A lista tríplice inclui os deputados Albuquerque (Republicanos-RR), Ricardo Ayres (Republicanos-TO) e Gutembergue Reis (MDB-RJ).

Medeiros é acusado de intimidar a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) e de xingar e agredir o deputado Miguel Ângelo (PT-MG) quando este foi defender a parlamentar paranaense. Comportamentos "que descambam para a violência física e intimidação injustificável não têm e não poderão jamais encontrar guarida na garantia da imunidade parlamentar", afirma o PT.

Juliana Cardoso: a deputada é acusada pelo PP por quebra de decoro após ter chamado de "assassinos" deputados que votaram a favor da urgência para o projeto do marco temporal na demarcação de terras indígenas (PL 490/07).

O PP afirma que os insultos criaram um grave tumulto no plenário, o que levou a sessão a ser encerrada. Os deputados Marcos Pollon (PL-MS), Gabriel Mota (Republicanos-RR) e Luciano Vieira (PL-RJ) compõem a lista tríplice.

Talíria Petrone: processo foi apresentado pelo PL (Representação 6/23) por quebra de decoro durante reunião da CPI do MST. Talíria acusou o relator do colegiado, deputado Ricardo Salles (PL-SP), de fraudar mapas e ter relação com o garimpo. "O senhor é acusado. E olha que eu nem chamei de bandido, nem de marginal", disse a deputada na reunião. A lista tríplice é composta por Rafael Simões (União-MG), Sidney Leite (PSD-AM) e Gabriel Mota (Republicanos-RR).

Eduardo Bolsonaro: o PT acusa o deputado de quebra de decoro por ter intimidado o deputado Marcon (PT-RS) durante reunião da Comissão de Trabalho. Após Marcon ter questionado a facada desferida contra o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2018, Eduardo Bolsonaro levantou, xingou e ameaçou o petista. Compõem a lista tríplice os deputados Albuquerque (Republicanos-RR), Gutembergue Reis (MDB-RJ) e Josenildo (PDT-AP).

No mesmo dia, o presidente Arthur Lira disse que o Conselho de Ética ia analisar as denúncias sobre o comportamento dos parlamentares. "Queria mais uma vez ressaltar que, no dia de hoje, foi eleito o nosso Conselho de Ética e, portanto, pedir a prudência de sempre na atuação de cada parlamentar. Daqui para a frente, teremos o fórum adequado instalado para tratar dos pontos fora da curva desta Casa", disse Lira.

*Com informações da Agência Câmara

Edição: Kelly Oliveira
Por Heloisa Cristaldo - Repórter da Agência Brasil* - Brasília

Origem da Covid: ex-cientista-chefe chinês não descarta escape do vírus de laboratório.

A possibilidade de o vírus causador da Covid-19 ter vazado de um laboratório não deve ser descartada, afirmou à BBC News um ex-cientista que trabalhou no governo chinês.

Como chefe do Centro de Controle de Doenças (CDC) da China, o professor George Gao desempenhou um papel fundamental na resposta à pandemia e nos esforços para rastrear as origens do problema.

O governo da China rejeita qualquer sugestão de que a doença possa ter se originado em um laboratório na cidade de Wuhan.

Mas o professor Gao não descarta essa possibilidade. Em uma entrevista para o podcast Fever: The Hunt for Covid’s Origin (“Febre: a Busca pela Origem da Covid”, em tradução livre), da BBC Radio 4, o professor Gao disse: “Você sempre pode suspeitar de qualquer coisa. Isso é ciência. Não descarte nada.”

Referência mundial em virologia e imunologia, o professor Gao é agora vice-presidente da Fundação Nacional de Ciências Naturais da China, depois de se aposentar do CDC no ano passado.

Em um possível sinal de que o governo chinês pode ter levado a teoria do vazamento de laboratório mais a sério do que as declarações oficiais sugerem, Gao também afirmou à BBC que algum tipo de investigação formal no Instituto de Virologia de Wuhan (IVW) foi realizada.

“O governo organizou algo”, afirma o cientista, que acrescenta não estar envolvido nesse projeto.

A reportagem da BBC News pediu que ele esclarecesse se isso significava que outro ramo do governo realizou uma busca formal no IVW —um dos principais laboratórios nacionais da China, conhecido como referência em estudos sobre os coronavírus.

“Sim”, ele respondeu. “Aquele laboratório foi verificado duas vezes pelos especialistas da área.”

Esse é o primeiro reconhecimento de que algum tipo de investigação oficial ocorreu e, embora o professor Gao diga que não viu o resultado, ele afirma ter ouvido que o laboratório recebeu um atestado sanitário.

“Acho que a conclusão é que eles estão seguindo todos os protocolos. Eles não encontraram [nenhuma] irregularidade.”

AS ORIGENS NA NATUREZA

É quase consenso que o vírus causador da Covid-19 se originou nos morcegos.

Mas como ele passou desses animais para os humanos ainda é uma questão muito controversa —e, desde o início, há duas possibilidades principais.

Uma delas é que o vírus se espalhou naturalmente de morcegos para humanos, talvez por meio de outros animais intermediários. Muitos cientistas dizem que o peso das evidências sugere que esse é o cenário mais provável.

Mas outros pesquisadores dizem que não há elementos suficientes para descartar a principal possibilidade alternativa —a de que o vírus infectou alguém envolvido em uma pesquisa projetada para entender melhor a ameaça de patógenos emergentes da natureza.

Essas duas opções agora se encontram no centro de um impasse geopolítico, uma massa de teorias da conspiração e um dos debates científicos mais politizados e tóxicos de nosso tempo.

O novo podcast da BBC tenta esclarecer essa questão difícil, mas de vital importância, por meio de entrevistas com alguns dos principais cientistas de todos os lados do debate —bem como reportagens em locais importantes para essa história, das ruas de Wuhan ao interior de um laboratório de alta segurança nos Estados Unidos.

Em janeiro de 2020, o cientista Wang Linfa estava visitando o Instituto de Virologia de Wuhan, onde é professor honorário, no momento em que o surto de coronavírus começou.

Ele disse à BBC que uma colega do IVW estava preocupada com a possibilidade de um vazamento no laboratório, mas ela conseguiu manejar esse risco.

Wang é professor de doenças infecciosas emergentes na Duke-NUS Medical School, em Singapura, e colabora regularmente com a professora Shi Zhengli, que estuda o mesmo assunto no IVW.

Amigos de longa data, ambos estão entre os maiores especialistas do mundo em coronavírus de morcego —e até ganharam os apelidos de Batman e Batwoman.

Segundo o relato de Wang, Shi disse a ele que “perdeu o sono por um dia ou dois” porque se preocupava com a possibilidade de existir “uma amostra em seu laboratório que ela não conhecia, mas com um vírus, que contaminou algo e saiu”.

Wang acrescenta ter ouvido que Shi verificou as amostras e identificou que não continham evidências do vírus que causa a Covid ou de qualquer outro patógeno parecido o suficiente para causar um surto.

Ele também diz que há “chance zero” de que a professora Shi ou qualquer pessoa da equipe dela esteja escondendo o fato de ter encontrado evidências de um vazamento no laboratório porque eles estavam se comportando como se nada tivesse acontecido, incluindo sair para jantar e planejar uma sessão de karaokê.

Os relatórios de inteligência dos Estados Unidos, que foram tornados públicos recentemente, sugerem que vários pesquisadores do IVW ficaram doentes no outono de 2019 com sintomas “consistentes com a Covid-19 e outras doenças sazonais comuns”.

Mas o professor Wang diz à BBC que sugeriu à professora Shi coletar amostras de sangue da equipe para ver se eles tinham anticorpos contra a Covid em janeiro de 2020.

Ele diz que Shi seguiu o conselho e todos os testes deram negativo —um sinal de que a equipe não estava infectada com o coronavírus à época.

O professor Wang faz parte de um grupo de cientistas que acredita nas evidências de que o vírus passou para humanos em um mercado de Wuhan.

O Mercado de Frutos do Mar de Huanan —que vendia muito mais do que o nome sugere, incluindo mamíferos selvagens— está relacionado a muitos dos primeiros casos, que afetaram pessoas que trabalhavam ou faziam compras lá.

Embora a China tenha mostrado uma falta de transparência, esses cientistas dizem que agora há informações suficientes, como os dados sobre os primeiros casos e a amostragem ambiental naquele mercado, para descartar a hipótese de vazamento do laboratório.

Na verdade, tais afirmações existem desde o início, principalmente em um artigo publicado em março de 2020 que se tornou uma das publicações científicas mais lidas e controversas da era da Internet.

Intitulada The Proximal Origin of Sars-Cov-2 (A Origem Proxial do Sars-Cov-2, em tradução livre), foi escrita por alguns dos cientistas mais eminentes no campo da virologia e concluiu: “Não acreditamos que qualquer tipo de cenário baseado em vazamento de laboratório seja plausível.”

O texto ajudou a reforçar a ideia —que rapidamente se tornou predominante em grande parte da cobertura da mídia— de que o vazamento do laboratório era uma teoria da conspiração.

Mas um dos autores do artigo disse ao podcast que agora tem dúvidas sobre a força dessa conclusão anterior.

Ian Lipkin, professor de epidemiologia na Universidade Columbia, nos EUA, tem uma longa experiência no rastreamento de doenças em todo o mundo, inclusive na China, onde estabeleceu fortes contatos.

Ele também foi o consultor científico do filme Contágio, um blockbuster de Hollywood.

O professor Lipkin agora considera que descartar qualquer cenário baseado em vazamento de laboratório no artigo foi algo muito forte.

Embora ele continue a acreditar que o mercado segue como a explicação mais plausível para a origem da Covid e não acredite que o vírus foi deliberadamente projetado, ele não sente que todos os cenários possam ser excluídos.

E ele oferece uma teoria própria, apontando para outro laboratório de Wuhan —administrado pelo Centro de Controle de Doenças da cidade— localizado a apenas algumas centenas de metros do Mercado de Frutos do Mar de Huanan.

Sabia-se que o local estava envolvido na coleta de milhares de amostras de sangue e fezes de morcegos selvagens, um tipo de pesquisa que às vezes era feita sem o uso de equipamento de proteção adequado, segundo reportagens da imprensa chinesa —o que representa um claro risco de infecção.

“As pessoas que trabalham lá podem ter sido infectadas enquanto estavam em uma caverna coletando morcegos”, sugere o professor Lipkin, acrescentando que não conhecia o trabalho deste laboratório quando coescreveu aquele artigo em março de 2020.

Para Lipkin, uma análise mais aprofundada que aponta para o Mercado de Frutos do Mar de Huanan como a origem do vírus —incluindo pesquisas recentes focadas em evidências da presença de cães-guaxinim no mercado— não resolve a questão da origem da pandemia.

O vírus, segundo ele, pode “ter se originado fora do mercado e se amplificado ali”.

CONTROVÉRSIAS E REPERCUSSÕES

Superficialmente, os comentários do professor Gao sobre não descartar um vazamento de laboratório parecem seriamente em desacordo com a posição oficial da China.

“O chamado ‘vazamento de laboratório’ é uma mentira criada pelas forças anti-China. Ela tem motivação política e não possui base científica”, diz um comunicado fornecido pela embaixada chinesa no Reino Unido.

Na propaganda, o governo chinês tem promovido uma estranha e infundada terceira teoria própria.

O vírus, diz a comunicação oficial do país, não veio do laboratório ou do mercado, mas pode ter sido trazido em embalagens de alimentos congelados.

A China diz que exclui tanto as hipóteses do laboratório quanto do mercado —e os comentários do professor Gao podem ser vistos simplesmente como a versão mais científica dessa posição, porque ele não descarta nenhuma das duas hipóteses. Afinal, ambas são baseadas na ideia da falta de evidências.

“Realmente não sabemos de onde veio o vírus… A questão ainda está aberta”, afirma o professor Gao à BBC.

Alguns cientistas contestam —às vezes, com amargor— se a questão da origem da Covid realmente ainda está em aberto.

Mas, pelo menos fora da China, há um amplo consenso sobre uma coisa: o país asiático não fez o suficiente para procurar evidências ou compartilhá-las com a comunidade internacional.

Embora possa parecer uma pergunta simples, ela é bastante complexa: de onde veio a Covid?

Para cada vida perdida, para todos os que sofreram, e para aqueles que continuam a sofrer, essa resposta é muito importante.

Folha de S. Paulo

Câmara abre processos contra Nikolas, Eduardo, Zambelli e mais 4 deputados

O Conselho de Ética da Câmara abriu nesta terça-feira (30) processos disciplinares contra sete deputados federais por quebra do decoro parlamentar, esvaziando a lista de representações que estava engavetada desde o início do ano.

Os alvos dos processos são os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Márcio Jerry (PC do B-MA), Carla Zambelli (PL-SP), José Medeiros (PL-MT), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Juliana Cardoso (PT-SP) e Talíria Petrone (PSOL-RJ).

A abertura dos processos ocorre em meio ao esforço do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de conter manifestações exaltadas e agressões na Casa, após um início de legislatura conturbado.

Os casos mais emblemáticos envolveram os deputados Nikolas Ferreira e Márcio Jerry.

O deputado mineiro é alvo de representação dos partidos PSOL, PT, PDT, PC do B e PSB por ter usado a tribuna da Câmara para vestir uma peruca e fazer declarações transfóbicas no Dia Internacional da Mulher.

Na representação, os partidos de esquerda pedem que Nikolas seja punido com a perda de mandato. “Por suas falas transfóbicas, o Representado abusa de suas prerrogativas constitucionais e, por isso, deve perder o mandato”, diz trecho do documento.

Após a repercussão do caso, Nikolas disse que não havia sido transfóbico no plenário. “Defendi o direito das mulheres de não perderem seu espaço nos esportes para trans —visto a diferença biológica—e de não ter um homem no banheiro feminino. Não há transfobia em minha fala. Elucidei o exemplo com uma peruca (chocante). O que passar disso é histeria e narrativa”, escreveu nas redes sociais

Como a Folha mostrou, a cúpula da Câmara avalia que o deputado do PL merece ser punido pelo discurso transfóbico com uma advertência, censura ou suspensão, sem considerar a possibilidade da cassação.

Já o deputado Jerry é acusado de assédio por ter abordado por trás a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) e ter dito palavras ao pé do ouvido durante bate-boca na audiência com o ministro da Justiça, Flávio Dino, na Comissão de Segurança Pública da Câmara.

“Resta comprovado que nas dependências da Câmara dos Deputados, durante Sessão da Comissão de Segurança Pública no plenário, a Deputada Julia Zanatta foi abordada pelo Representado com comportamento inadequado e inaceitável para um parlamentar, em ato claro e incontestável de natureza abusivo com contornos de importunação sexual e ainda violência política contra a mulher”, diz o PL na representação ao pedir a perda de mandato do parlamentar.

Após as acusações, Jerry negou que tivesse assediado a colega e disse ser vítima de fake news. “Eu estou juntando todas as publicações que foram feitas porque, a essa altura, opera-se um mecanismo que já é usual. Planta-se uma fake news e, na onda dessa divulgação, uma horda vai atrás dessa fake news para atacar a vítima, que no caso sou eu. Eu sou vítima de fake news”, disse.

A deputada Juliana Cardoso foi alvo de uma representação do PP, partido de Arthur Lira, por ter afirmado que os parlamentares que votaram favoráveis à urgência do projeto de lei do marco temporal na demarcação das terras indígenas eram “assassinos”.

“[Juliana] Adotou procedimento incompatível com o decoro parlamentar, tendo, de forma clara e inequívoca, descumprido e desrespeitado a Constituição, as Leis e as normas internas desta Casa de Leis e do Congresso Nacional, ao abusar de suas prerrogativas parlamentares para perturbar a ordem das sessões, infringir regras de boa conduta e insultar outros Parlamentares e o Presidente desta Câmara dos Deputados”, escreveu o PP.

Eduardo Bolsonaro responderá por ter insultado o deputado Marcon (PT-RS), que questionou a facada sofrida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A correligionária Carla Zambelli se defenderá pelos xingamentos proferidos contra o deputado Duarte Jr (PSB-MA).

A deputada Talíria Petrone foi alvo de representação por ter ofendido o deputado Ricardo Salles (PL-SP) durante sessão da CPI do MST; José Medeiros responde por intimidar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Cézar Feitoza / Folha de São Paulo

Secretaria de Saúde de Ipiaú participa de Audiência Publica em Jequié que visa realizar tratamento oncológico para o municipio e região

A Secretaria de Saúde de Ipiaú participou juntamente com representantes de cidades circunvizinhas, de uma audiência pública regional, nesta segunda-feira (29), na Câmara de vereadores de Jequié, para credenciamento na UNICON (Unidade de alta complexidade para tratamento de câncer) pelo SUS, oportunizando os pacientes diagnosticados gratuitamente à realização desses benefícios, a exemplo de UTI, quimioterapia, cirurgias, assistência multiprofissional humanizada, internamento, cuidados paliativos entre outros.
“O nosso objetivo é trazer esse tratamento para que a nossa população não necessite ir em busca em outros lugares mais distantes, e Ipiaú também será beneficiada em prol dos pacientes que tanto precisam. Muito em breve os tratamentos iniciarão e será muito benéfico para todos”, disse a Secretária de Saúde Laryssa Dias.
O Projeto aguarda a aprovação do Ministério da Saúde e governo do Estado para iniciar.

Dani Muniz: Fonte: DECOM/ Prefeitura de Ipiaú

"Não joga mais"; Sampaoli se enfurece e afasta grande nome do Flamengo após discussão; atleta foi multado pela diretoria

                          Sampaoli afastou o jogador após discussão no treinamento
A fase do Flamengo não é nada boa. Comandado por Jorge Sampaoli, o time ainda não conseguiu entregar o seu melhor futebol e tem sofrido em partidas teoricamente fáceis.

Diante disto, uma grande reformulação no elenco flamenguista é esperada para julho, com alguns nomes tendo sido descartados pela comissão técnica.

E, dentre os jogadores descartados, está o atacante Marinho, que desde os tempos de Vítor Pereira, não vem rendendo o esperado.

O atleta de 33 anos foi colocado na lista de transferências para a próxima janela, mas ainda vinha sendo utilizado, algo que não deve mais acontecer.


 

Isso porque, na manhã de hoje (29), durante treinamento no CT Ninho do Urubu, Marinho se envolveu em discussão com um membro da comissão técnica, o que acabou enfurecendo o treinador argentino.

A informação é do jornalista Venê Casagrande, que revela a remoção total de Marinho das atividades do elenco profissional, além é claro, de uma multa.

Além disso, Marinho passará a treinar em período alternativo e não deve mais ser aproveitado pelo Mais Querido, já tendo sido removido da relação da partida contra o Fluminense.

A informação foi confirmada pelo Globo Esporte, que ‘cravou’ que as medidas terão início imediato.

Marinho possui contrato até dezembro deste ano, mas deve deixar o clube já em julho.

No Mais Querido, Marinho recebe R$ 800 mil mensais e é visto como um ‘investimento errado’ pela diretoria.

Vale ressaltar, que nos últimos meses, o atacante recebeu sondagens de Bahia e Fortaleza, além de ter se oferecido ao Corinthians.

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Fonte: msn.com

 

Atacado por Lula, Guaidó diz que presidente legitima ditadura da Venezuela

O líder opositor venezuelano Juan Guaidó, 39, diz ao Painel que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca “blanquear” (legitimar) a ditadura de Nicolás Maduro ao recebê-lo com honras de chefe de Estado em Brasília.

“Lula o que faz é legitimar um ditador na prática. Pior ainda, revitimiza toda a sociedade venezuelana”, afirmou ele, que se proclamou presidente interino e chegou a ser reconhecido por dezenas de países, inclusive o Brasil sob Jair Bolsonaro (PL).

Chamado de impostor por Lula, Guaidó afirmou que o ataque não se restringe a ele.

“Lula o que faz ao atacar-me é relativizar a tragédia que sofre a Venezuela”, declarou, falando desde os EUA, onde se baseou após deixar o país citando razões de segurança.

Como o sr. viu a visita de Maduro ao Brasil e o encontro com o presidente Lula?

E não houve menção à Amazônia, que tanto o presidente Lula citou durante sua campanha, ou à presença de AK-47, certamente russos, na fronteira com Roraima. Nem ao tráfico de ouro, entre outras coisas, na fronteira, ou à presença de milhares de venezuelanos que são produto do deslocamento forçado.

Ele se dedicou a atacar-me, e não foi um ataque a Juan Guaidó, mas um ataque à luta por democracia, por eleições livres, por respeito às vítimas de violação de direitos humanos.

O presidente chamou o sr. de impostor.

Lula me chamou de impostor para evitar falar da necessidade de eleições livres na Venezuela, ou de que Maduro comete crimes de lesa-humanidade. Lula revitimiza a toda a sociedade venezuelana. Michelle Bachelet [ex-comissária da ONU para direitos humanos] disse que havia violações sistemáticas de direitos humanos na Venezuela. A Human Rights Watch falou dos deslocados. Essa não é portanto uma opinião de Juan Guaidó. Lula o que faz ao atacar-me é relativizar a tragédia que sofre Venezuela, legitimar uma ditadura, lamentavelmente.

A presença de Maduro na reunião com presidentes da América do Sul mostra que ele não está mais isolado?

Mostra que o convite que recebeu por parte de Lula marca uma agenda geopolítica do Brasil muito clara, que não faz parte da democracia. Mas além da pretensão que tenha o gesto, é muito preocupante para 7,5 milhões de refugiados, para dezenas de milhares de vítimas da repressão de Maduro. Isso não é apenas estender a mão a um ditador, mas desestabilizar a região. A Operação Acolhida recebeu centenas de milhares de venezuelanos deslocados pela tragédia da Venezuela. Essa não é uma narrativa como disse o presidente Lula, não é um invento. Não é relativizável. É um fato.

O sr. espera que os presidentes da América do Sul cobrem Maduro pela situação de direitos humanos na cúpula?

O mínimo que esperamos é que falem das vítimas e dos direitos dos presos políticos, dos migrantes venezuelanos e da solução do conflito, que passa por eleições livres e justas. Não queremos nenhum presente, apenas isso.O presidente Lula toma suas decisões, e sua prioridade é a agenda internacional. Lamento que a aproximação com Maduro e com a Venezuela não seja de uma busca das soluções do conflito. Há ainda uma possibilidade de acordo mediado pelo México.

Como essa visita impacta as negociações para a transição política? Maduro se fortalece?

Temos que seguir lutando por eleições livres na Venezuela, para sair de uma ditadura, entendendo que o presidente do Brasil é sem dúvida uma referência na região. Hoje ele está do lado da repressão, das violações dos direitos humanos e não das vítimas e das pessoas que estão lutando no terreno pela democracia. Pergunto a Lula se, além de receber o ditador e atacar a mim, vai falar de democracia, de soluções para o conflito na Venezuela.

Onde o sr. está agora?

Estou, precisamente por perseguição da ditadura de Maduro, nos EUA.

Quais são seus próximos passos?

A ideia é voltar à Venezuela quando seja seguro, mas hoje lamentavelmente não é. Estaremos em um giro internacional exigindo os direitos que merecem os venezuelanos desde 2018 [data da última eleição de Maduro, amplamente considerada fraudulenta pela comunidade internacional].

Folha de S. Paulo

Gasolina deve subir em 22 estados e no Distrito Federal com novo ICMS

Após duas semanas de queda, o preço da gasolina volta a ser pressionado no início de junho com a mudança no modelo de cobrança do ICMS, que passa a ter alíquota única em reais por litro em todos os estados.

A nova alíquota de R$ 1,22 por litro, é R$ 0,20 superior à média cobrada atualmente, segundo contas do consultor Dietmar Schupp, especializado em tributação de combustíveis. Os consumidores, porém, sentirão efeitos diferentes, dependendo do estado.

Isso acontece porque alguns estados praticavam alíquota maior do que os R$ 1,22 por litro e, portanto, devem observar queda no preço do combustível. Segundo Schupp, enquadram-se nesse caso Amazonas, Piauí e Alagoas. Em Roraima, não há variação.

No restante do país, a pressão será por reajustes. O estado com maior expectativa de alta é Mato Grosso do Sul (R$ 0,30 por litro), o que representaria elevação de 6% sobre o preço médio nos postos locais, de R$ 4,94 por litro.

Em outros dez estados, a alta esperada é superior à média nacional, situando-se entre R$ 0,25 e R$ 0,29 por litro. Em São Paulo, a nova alíquota é R$ 0,26 por litro superior à cobrada atualmente. No Rio de Janeiro, a diferença é de R$ 0,11 por litro.

O novo modelo de cobrança do ICMS foi aprovado pelo Congresso em março de 2022, com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do setor de combustíveis, que via margem para fraudes no modelo anterior, em que cada estado praticava sua própria alíquota.

Além de estabelecer um valor único em todo o país, o imposto passa a ser cobrado apenas de produtores e importadores, e não mais de toda a cadeia, incluindo distribuidores e revendedores.

Nos casos de diesel e gás de cozinha, a mudança foi implementada em maio. O preço do botijão também foi pressionado pelo novo ICMS, cuja alíquota média, neste caso, é R$ 7,50 superior à cobrada anteriormente.

A mudança do ICMS deve interromper o recente ciclo de baixa no preço da gasolina, reflexo de corte promovido pela Petrobras em suas refinarias, e comemorado pelo governo como um fator adicional de pressão pela redução nas taxas de juros.

Desde o corte nas refinarias, anunciado no dia 16 de maio, o preço médio do combustível caiu 4,2%, ou R$ 0,23 por litro, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). A queda acumulada é um pouco menor do que a prevista pela Petrobras, de R$ 0,26 por litro.

Os efeitos do novo ICMS, porém, não devem ser captados na pesquisa semanal de preços da ANP desta semana, já que a coleta de dados costuma ocorrer nos primeiros dias.

Além dos impostos estaduais, o preço da gasolina será novamente pressionado no início de julho, quando o governo federal deve voltar a praticar alíquotas integrais de PIS/Cofins, que haviam sido zeradas por Bolsonaro e retomadas parcialmente por Lula em março.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a dizer que a Petrobras havia segurado parte do corte para compensar o aumento de impostos, mas voltou atrás após negativa da estatal. O mercado, porém, espera que a empresa contribua para compensar a alta.

Atualmente, o espaço é pequeno: de acordo com a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), a gasolina vendida nas refinarias da Petrobras estava R$ 0,34 por litro abaixo da paridade de importação na abertura do mercado desta segunda-feira (29).

Em sua nova política de preços, a Petrobras abandonou esse conceito, que simula os custos de importação dos combustíveis, mas a elevada defasagem indica que a estatal vem praticando margens mais reduzidas na venda do produto.

Nicola Pamplona / Folha de São Paulo

Planalto teme recado do centrão e atua para manter MP apesar de retórica do governo Lula

Diante do receio de que a MP (medida provisória) que reestrutura a Esplanada dos Ministérios seja alterada ou, na pior das hipóteses, perca validade, articuladores políticos do governo Lula (PT) atuam para manter inalterado o texto aprovado na semana passada em uma comissão mista no Congresso.

Embora os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) tenham afirmado na última sexta-feira (26) que atuariam no Parlamento para devolver funções aos Ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, esvaziados na comissão, a avaliação de aliados é que qualquer tentativa de modificar a MP aumentaria o risco de ela perder a validade.

Isso porque o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), considera que a proposta foi amplamente debatida e não está disposto a ceder em alterações.

Deputados da oposição e do centrão enviaram recados ao Palácio do Planalto de que há insatisfação e que podem usar a votação da MP para emparedar o governo. Eles reclamam principalmente da demora na liberação de emendas, além da lentidão nas nomeações em cargos regionais.

O texto será apreciado no plenário da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (30) e ainda precisará passar pelo Senado —a MP perde a validade na quinta (1º).

Padilha e Lira se reuniram nesta segunda (29) para alinhar as perspectivas para a votação da proposta. Segundo relatos de aliados, desde a semana passada o presidente da Câmara tem passado a mensagem ao Planalto de que a MP corre o risco de não ser votada e perder efeito caso o governo insista em tentar alterar dispositivos já aprovados na comissão.

Na última quinta (25), Lula minimizou a atuação do Legislativo e disse que “começou um jogo, vamos jogar, vamos conversar”.

Outras reuniões para tratar da votação do texto na Câmara ainda deverão ocorrer ao longo desta terça. Até poucos momentos antes de a MP ser apreciada em sessão da comissão mista, na semana passada, aliados do governo se reuniram com o relator, deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB), para afinar ajustes.

O presidente da Câmara e o governo agora trabalham para evitar que integrantes do centrão e mesmo deputados governistas tumultuem a votação. Apesar disso, um possível foco de atrito poderá partir de alguns partidos de esquerda e de aliados das ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas).

A cúpula da bancada ruralista, uma das mais poderosas do Congresso, não pretendia até esta segunda tentar alterar o texto, apesar da pressão para impor novas derrotas ao governo.

Mesmo com a previsão de líderes partidários de que a medida provisória seja aprovada sem sobressaltos, o Palácio do Planalto não minimiza o risco de sofrer novas derrotas. Membros do governo afirmam que já poderá ser considerada uma “vitória” se o texto aprovado na Câmara for igual ao apreciado na comissão mista.

Chegaram aos articuladores políticos do governo os recados de que a MP pode caducar ou ser alterada a ponto de o governo ficar sem margem de manobra para recompor as funções dos ministérios via decretos ou portarias.

Na própria sexta, como mostrou a Folha, Lula admitiu na reunião com Marina e Guajajara que está sem força no Congresso e, por isso, precisava buscar alternativas por meio de regras internas do governo para recompor os ministérios.

Marina Silva já vinha sendo alvo de embates dentro do governo com a disputa entre Ibama e Petrobras devido ao plano de exploração de petróleo na foz do Amazonas.

No mesmo dia da votação da proposta na comissão, Marina sofreu novas derrotas na Câmara. Deputados votaram uma MP editada no final do governo Jair Bolsonaro (PL) e retomaram trechos que afrouxam as regras de proteção da mata atlântica —itens que tinham sido retirados pelo Senado.

A Câmara ainda aprovou um pedido de urgência (para acelerar a tramitação) para um projeto do Marco Temporal, que limita a demarcação de terras indígenas aos territórios ocupados até a promulgação da Constituição de 1988 —a expectativa é que o mérito seja votado nesta terça.

Líder do PSD na Câmara, o deputado Antonio Brito (BA) disse à Folha que trabalhará junto à bancada para que a MP não caduque. “A posição do PSD é cumprir o texto acordado com o governo e irei trabalhar para que ela seja votada”, afirmou.

O relatório da medida provisória retira do Ministério do Meio Ambiente o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e a ANA (Agência Nacional de Águas), além de uma série de sistemas.

O primeiro instrumento vai para a Gestão (da ministra Esther Dweck) e o segundo para o Desenvolvimento Regional (de Waldez Góes); o Sinisa (Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico), o Sinir (Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos) e o Singreh (Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos) vão para o Ministério das Cidades (de Jader Filho).

Já o reconhecimento e a demarcação de terras indígenas, hoje no Ministério dos Povos Indígenas, vão para a pasta da Justiça.

Essas mudanças geraram uma série de críticas ao governo, que foi acusado de abandonar a pauta ambiental. As queixas levaram o próprio Lula a entrar em campo.

O presidente convocou Marina e Guajajara para uma reunião na última semana. Após o encontro, o ministro da Casa Civil afirmou que o texto da MP da reestruturação da Esplanada dos Ministérios está “desalinhado” com a visão do governo; e que trabalharia para reverter as mudanças nas votações na Câmara dos Deputados e no Senado.

Durante o encontro, Lula discutiu com os ministros a possibilidade de realizar, por exemplo, uma gestão compartilhada tanto da demarcação de terras indígenas como do CAR.

A MP original foi editada por Lula logo no início do governo com a nova organização da Esplanada. Foi ela que ampliou, por exemplo, o número de ministérios de 23 para os atuais 37.

Julia Chaib, Victoria Azevedo e Thiago Resende / Folha de São Paulo

Sem domínio no Congresso, Lula monta sua base de apoio no Judiciário

Nas últimas conversas com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Lula indicou que não vai ceder a pressões de políticos por indicações no Judiciário. As únicas opiniões que levará em conta são de ministros do STF com quem tem diálogo mais assíduo.

Sem domínio na Câmara e no Senado, Lula optou por montar sua base entre os magistrados. O jogo da política tem se judicializado cada vez mais. E Lula sabe que decisões contrárias ao governo, articuladas por Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Congresso, podem ser revertidas no Supremo.

Em jogo estão medidas para endurecer as regras de funcionamento das big techs no Brasil, como Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, WhatsApp, Telegram e Google. Em outras frentes, os ministros ainda agem em temas como a Lei das Estatais, as chamadas sobras partidárias, que definem a distribuição de cadeiras de deputados federais, estaduais e vereadores, e a correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O STF também tem revertido decisões da Lava Jato. O próprio Lula foi beneficiado. Nesta segunda-feira (29), Eduardo Cunha também conseguiu derrubar a condenação a quase 16 anos de prisão.

Além de duas escolhas para o Supremo este ano, Lula acaba de nomear dois ministros para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e tem duas vagas para preencher no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Roseann Kennedy/Estadão

Oposição ataca Lula e cita ‘vergonha’ com visita de Maduro; base fala em protagonismo internacional

Parlamentares da oposição lançaram uma série de críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter recebido nesta segunda-feira (29) o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.

As críticas partiram principalmente de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que lembraram, em tom de ironia, decisão do Tribunal Superior Eleitoral, no ano passado, que impediu peças de campanha que relacionassem Lula a Maduro.

Um dos poucos governistas a defender a visita, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a visita representa que o “Brasil volta ao cenário internacional com protagonismo”.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse por sua vez que Lula tem razão ao dizer que há muito “preconceito” em relação à Venezuela. “A Venezuela é um grande país. Foram solidários conosco quando Bolsonaro negou oxigênio para hospitais de Manaus. Querem retomar o comércio e a integração sul-americana. Sofrem mais de 900 sanções dos EUA num momento em que até a oposição de lá demitiu o falso ‘presidente’ [Juan] Guaidó, reconheceu o processo eleitoral e disputará o governo em 2024. Lula, que já encontrou chefes de estado de 31 países dos mais variados regimes políticos, tem razão: há muito preconceito em relação à Venezuela”, escreveu Gleisi.

Lula recebeu Maduro para uma visita oficial. Ao contrário das demais visitas de chefes de Estado, o encontro com o venezuelano só foi incluído na agenda do brasileiro no mesmo dia em que ocorreria.

Maduro também participa nesta terça-feira (30) de reunião que Lula promove com 11 presidentes da América do Sul, para tentar lançar uma nova forma de integração na região.

Durante fala conjunta à imprensa, Lula chamou o encontro de “momento histórico”. Também disse que eram “equívocos” as decisões que barraram a vinda de Maduro ao Brasil, em particular a proibição imposta pelo governo Bolsonaro a altas autoridades venezuelanas.

Parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro aproveitaram para criticar o governo Lula por ter recebido um ditador em visita oficial ao Brasil. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil na gestão Bolsonaro, ironizou o slogan “o Brasil voltou”, usado frequentemente por petistas. “Voltou a paparicar ditadores da América Latina e a tratá-los como ‘chefes de Estado’. Democracia para o PT é uma palavra no dicionário”, escreveu Ciro, que já foi aliado de Lula, em suas redes sociais.

O filho mais velho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), afirmou que Lula não tem compromisso com a democracia por ter recebido o venezuelano. “Lula demonstra, mais uma vez, a sua falta de compromisso com a democracia ao receber o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, acusado de crimes contra a humanidade, como assassinatos, tortura, agressões, violência sexual e desaparecimentos”, afirmou.

O ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que a visita de Maduro era uma “vergonha para os brasileiros” e um “desrespeito com o povo venezuelano”. “Na campanha de 2022, o TSE determinou a retirada de inserções que associavam Lula a ditadores como Maduro e [Daniel] Ortega, [da Nicarágua]. Maduro é acusado de torturas, desaparecimentos, agressões e crimes contra a humanidade. Lula, ao receber Maduro, mostra que não tem compromisso com a democracia e nossos valores!”, escreveu o senador.

Outros bolsonaristas adotaram uma estratégia diferente, enviando ofícios para a embaixada dos Estados Unidos para que tome providências e prenda Maduro. O ex-ministro do Turismo e deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) foi um dos que acionaram o posto americano. “Enviei um ofício para a embaixada dos EUA, comunicando que Nicolás Maduro, foragido do governo americano, se encontra em território brasileiro, sendo recebido por Luiz Inácio Lula da Silva. Solicitei que o governo americano se manifeste pela prisão de Maduro pela justiça do Brasil”, escreveu.

Foram poucos os governistas e petistas que saíram em defesa da visita oficial de Nicolás Maduro. O deputado André Janones (Avante-MG) partiu para o enfrentamento com bolsonaristas. Em suas redes sociais, ele ironizou ao escrever “ain, mas Bolsonaro odeia ditadores”, em uma postagem que mostrava falas de Bolsonaro louvando personagens, como o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner.

“Não quero discutir mérito sobre Maduro. O fato é que, ele foi indiciado pelos EUA, mas não foi acusado formalmente, nem condenado. Toda ação dos deputados de direita, pedindo providência dos EUA é engodo para gado. São despreparados e desesperados por like; para isso, enganam os próprios apoiadores”, escreveu.

Renato Machado/Folhapress

Avião da Igreja Quadrangular é flagrado com 290 quilos de maconha no Pará; PF investiga

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã do último sábado, 27, uma pessoa que estava prestes a transportar 290 quilos de skunk, um tipo de maconha concentrada, em um avião monomotor pertencente à Igreja do Evangelho Quadrangular. Pouco antes da decolagem, agentes realizaram a abordagem em um hangar de voos particulares do aeroporto internacional de Belém, no Pará.

O homem foi autuado em flagrante por tráfico interestadual de drogas. Já o piloto não foi preso, pois não foi verificada participação dele no crime, de acordo com a PF. A aeronave foi apreendida, assim como o celular do indivíduo preso.

Por meio de um comunicado oficial enviado nesta segunda-feira, 29, a Igreja do Evangelho Quadrangular veio a público assumir a propriedade do avião apreendido. “A Igreja do Evangelho Quadrangular recebeu com surpresa a notícia do envolvimento do monomotor Bonanza, de sua propriedade, com carga não autorizada. Ao tomar conhecimento, imediatamente, a Igreja do Evangelho Quadrangular do Estado do Pará acionou a Polícia Federal”, disse em nota. Veja abaixo o posicionamento na íntegra.

Segundo a PF, a partir de informações de inteligência, o órgão soube que havia um carregamento de entorpecente com plano de voo para Petrolina, em Pernambuco. “Minutos antes da decolagem, prevista para 7h30, o responsável pela droga foi abordado, enquanto caminhava do pátio à aeronave. Ao ver a polícia, correu para fora do aeroporto, mas foi alcançado”, disse a polícia.

Com relação ao indivíduo que foi preso, a igreja informa que trata-se de um funcionário que sempre prestou serviço dentro do aeroporto. Ainda está sendo investigado pela PF como ele teve acesso ao avião da igreja. A identidade dele não foi divulgada.

Igreja do Evangelho Quadrangular

Fundada em 1951 no Brasil, a igreja está presente em todos os Estados brasileiros, onde possui pouco mais de 1,8 milhão de membros, conforme a última informação do Censo de 2010. “Nossa perspectiva em 2023 é de reunir aproximadamente três milhões de membros pelo Brasil”, acrescentou a Igreja do Evangelho Quadrangular.

A sede mundial da igreja, inaugurada em 1923, está localizada em Los Angeles, na Califórnia, nos Estados Unidos, onde está ocorrendo nesta segunda-feira, a comemoração de seu centenário.

A droga, colocada em caixas de papelão, ocupava todo o espaço que sobrava na aeronave, além dos assentos para um passageiro e o piloto. “Detalhes da circunstância do crime serão investigados a partir de inquérito aberto”, acrescentou a PF.

Veja o posicionamento na íntegra:

A Igreja do Evangelho Quadrangular recebeu com surpresa a notícia do envolvimento do monomotor Bonanza, de sua propriedade, com carga não autorizada.

Ao tomar conhecimento, imediatamente, a Igreja do Evangelho Quadrangular do Estado do Pará acionou a Polícia Federal, que efetuou a prisão de uma pessoa e apreendeu a carga.

É interesse da Igreja que tudo seja esclarecido e, portanto, reafirma o seu compromisso de colaborar com as investigações.

Atenciosamente, Igreja do Evangelho Quadrangular.

Renata Okumura/Estadão

Pivô do escândalo das apostas esportivas é banido do esporte

Em decisão unânime, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) decidiu nesta segunda-feira (29) banir do futebol o volante Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário. O ex-jogador do Vila Nova é apontado como suspeito na primeira ação da Operação Penalidade Máxima, do MP-GO (Ministério Público de Goiás), que investiga esquemas de manipulação de resultados no futebol brasileiro.

Além de ser banido, o atleta de 21 anos terá de pagar uma multa de R$ 25 mil. O julgamento, que foi conduzido pela 1ª Comissão Disciplinar do Tribunal, teve Miguel Ângelo Cançado como auditor-relator.

Julgado no mesmo processo, o também ex-volante do Vila Nova Gabriel Domingos foi suspenso por 720 dias e multado em R$ 15 mil. Ambos os jogadores tiveram os seus contratos rompidos pelo clube goiano.

De acordo com Miguel Cançado, assim como as punições esportivas, as penas financeiras impostas pelo STJD são de cumprimento obrigatório depois de transitadas em julgado.

“Caso o atleta não pague, o assunto deveria migrar para o judiciário a fim de iniciar-se a cobrança civil da dívida”, explica Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo.

Os dois atletas ainda podem recorrer da decisão após a publicação do acórdão, o que deve ocorrer nesta terça-feira (30).

“A pena do jogador Romário foi maior porque, além de aceitar participar do esquema, ele tentou envolver outros atletas, como o próprio Gabriel Domingos”, disse à reportagem o auditor da 1ª Comissão Disciplinar do Tribunal.

Romário foi condenado pelos artigos 242, 191, 243 e 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Já Gabriel Domingos foi enquadrado no artigo 243-A.

À reportagem, o presidente do Vila Nova, o major Hugo Jorge Bravo, da Polícia Militar de Goiás, disse que o caso merecia uma punição “dura e exemplar”, mas questiona se o banimento é o melhor caminho.

“Eu compreendo a gravidade do assunto, mas em um país onde até o presidente da república teve uma segunda chance, não sei se banir o atleta seria a medida mais correta”, disse o cartola. “Penso que uma punição de anos fora do futebol seria uma alternativa, mais justa. Porém, não posso deixar de ressaltar que pela importância do futebol, pela gravidade do tema é preciso de algo duro e exemplar”, acrescentou.

R$ 150 MIL POR UM PÊNALTI

A operação Penalidade Máxima teve início em novembro de 2022, após o Ministério Público ser procurado pelo presidente do Vila Nova, que queria denunciar um dos casos.

A primeira fase foi deflagrada em fevereiro, e a segunda, em abril. Foi constatado que o grupo que aliciava atletas atuou em partidas de estaduais de 2023 e no Campeonato Brasileiro de 2022, inclusive na primeira divisão. Até agora, não há evidências que indiquem que a elite do nacional deste ano tenha sido alvo.

À reportagem, o mandatário do time goiano disse que, ao saber que o volante Romário havia recebido oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti em partida da Série B de 2022, começou a reunir provas.

A experiência de 13 anos como policial lhe serviu nesse momento. Quando juntou elementos que julgou suficientes, apresentou denúncia no Ministério Público. Foi o que detonou a primeira fase da operação.

“Fica um sentimento de decepção. O cara pode ganhar bem e fazer isso. Caráter não está associado a sexo, raça, condição social. Caráter é algo que você tem ou não tem. É algo que coloca em xeque o trabalho de muita gente do clube, desde o dirigente até o porteiro, a cozinheira…”, analisa.

Em recente entrevista ao site GE.com, Romário confirmou ter recebido oferta de apostadores.

“Meu erro foi ter aceitado o dinheiro deles. A todo momento eu falava para eles que não iria fazer, até porque eu não poderia jogar. Continuaram insistindo e mandaram eu passar contatos de outros jogadores do Vila. Essa foi minha participação”, disse ele.

Nos autos do processo, mais de 50 jogadores foram citados. Dos 15 denunciados, quatro admitiram culpa e fizeram acordo de não persecução penal com o Ministério Público.

Luciano Trindade/Alex Sabino/Folhapress

Prefeitura de Ipiaú em parceria com o Senai promove mais uma edição cursos de formação profissional

Se encontram abertas as inscrições para os cursos gratuitos na área de alimentos que o SENAI- Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial-, em parceria com a FIEB estará oferecendo, a partir da próxima quinta-feira, 1.º de junho, em Ipiaú. O treinamento integra a 5ª edição do programa “Qualifica Ipiaú”, desenvolvido pela Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Ação e Desenvolvimento Social.

Serão ofertados cursos de Confeitaria Básica, Fabricação de Pizzas, Produção de Salgados Folhados e Produção de Doces Finos. Todos correrão na unidade móvel do SENAI que se encontra estacionada na Praça Salvador da Matta. Nutricionistas e profissionais do ramo estarão ministrando as aulas com conteúdo teórico e dinâmica prática. Cada turma será composta por número limitado de alunos.

Para realizar a inscrição, na sede da Secretaria de Ação Social e Desenvolvimento, localizada na Rua Jaldo Reis, o interessado deve apresentar o RG, CPF, comprovante de residência e folha de resumo do Cadastro Único. A secretária de Ação Social e Desenvolvimento, Rebeca Câncio, destaca que o objetivo do “Qualifica Ipiaú é ampliar a geração de emprego e renda, ajudando a somar novas habilidades e conhecimentos, com um conteúdo atualizado.

Os cursos de Fabricação de Pizzas e de produção de Salgados e Folheados terão início nesta quinta-feira, estendendo-se, respectivamente até os dias 13 e 16 de junho, enquanto o curso de Confeitaria Básica acontecerá no período de 14 de junho a 04 de julho. Já o curso de Produção de Doces Finos, será de 16 de junho a 29 de junho. No final de cada curso será oferecido um certificado de qualificação profissional a cada participante.

A realização da 5ª edição do programa “Qualifica Ipiaú”, vem sendo comemorada pela prefeita Maria das Graças que a exemplo das edições anteriores estará visitando as modernas instalações da carreta e degustando os produtos fabricados durante as aulas.

José Américo Castro/Decom Prefeitura de Ipiaú.

Lula brinca sobre o STF: ‘É uma coisa tão minha que não quero repartir com ninguém’

O presidente Lula (PT) adotou tom de brincadeira para responder se pretende fazer nesta semana a indicação para o assento que está vago no STF (Supremo Tribunal Federal).

“É uma coisa tão minha que não quero repartir com ninguém”, afirmou. O favorito para o posto é Cristiano Zanin, amigo e advogado criminal de Lula.

Esta será a primeira escolha de Lula para o Supremo no seu terceiro mandato à frente do Executivo federal. Nas outras duas vezes em que foi presidente, ele foi mais rápido ao fazer a indicação, que durava em média duas semanas entre o assento ficar vago e ele definir o sucessor.

A cadeira foi aberta em 11 de abril com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski. O tempo já supera os 42 dias para a escolha da ministra Cármen Lúcia, em 2006, após a aposentadoria de Nelson Jobim. Até então, essa havia sido a escolha mais demorada do petista.

Matheus Teixeira/Folhapress

Assaltante de banco é localizado pelo DHPP e pela COE

Saulo da Cruz Sacramento, 27 anos, que possuía mandado de prisão em aberto por roubo à instituição financeira e homicídio, foi localizado na manhã desta segunda-feira (29), por policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Coordenação de Operações Especiais (COE), na Ilha de Maré. Na ação, o homem atirou contra os policiais e, no revide, foi alvejado e não resistiu aos ferimentos.

A ação faz parte da Operação Terra Viva. A equipe estava em incursão na localidade quando deparou com um grupo armado. Com o suspeito, foram encontrados explosivos, uma pistola e munições. Ele é apontado por participação nos roubos a instituições financeiras ocorridos nos bairros de Periperi e Cabula.

Saulo, que também liderava o tráfico de drogas em Portão, é suspeito ainda de executar um homem no Centro de Lauro de Freitas. Ele chegou a ser socorrido para o hospital, mas não resistiu. As unidades seguem em campo para localizar e prender os outros envolvidos no crime. O material apreendido foi encaminhado para o Departamento de Polícia Técnica (DPT), para perícia.

Fonte: Ascom PC

STF anula condenação de Eduardo Cunha na Lava Jato a 16 anos de prisão



A Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, por 3 votos a 2, anular uma condenação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, na Lava Jato.
A decisão determina que os autos sejam encaminhados à Justiça Eleitoral, onde será analisado se o caso será reiniciado ou se a condenação pode ser restabelecida.


O ex-deputado foi condenado em 2020 pelo juiz Luiz Antônio Bonat, que à época era o titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, a 15 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.


Segundo a decisão, ele havia recebido R$ 1,5 milhão em vantagens indevidas decorrentes dos contratos de fornecimento de navios-sonda da Petrobras.


Sua defesa questionou ao Supremo a determinação decisão do juiz, sob o argumento de que o caso deveria ser julgado pela Justiça Eleitoral, e não pela Federal, já que envolvia dinheiro para campanha.


O relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin, votou no ano passado em plenário virtual contra o pedido e foi seguido pelo ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou neste ano.


O ministro Kassio Nunes Marques divergiu e votou a favor do envio do processo à Justiça Eleitoral.


“A sentença condenatória proferida nos presentes autos é de 09/09/2020, em momento posterior à orientação firmada pelo Plenário desta Suprema Corte”, disse o ministro, em referência ao julgamento de 2019 que definiu que crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, quando investigados junto com caixa dois, devem ser processados na Justiça Eleitoral, e não na Federal.


Kassio foi acompanhado pelo ministro André Mendonça na divergência. Depois de pedir vista (mais tempo para análise), o ministro Gilmar Mendes acompanhou na última semana o voto de Kassio e de Mendonça.


Esta não é a primeira vitória de Cunha na Lava Jato e em seus desdobramentos. Em 2021, o ex-deputado, pivô do impeachment de Dilma Rousseff em 2016, teve outras duas sentenças anuladas —uma expedida pelo ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pela União Brasil-PR, e outra pela Justiça Federal em Brasília.


O ex-deputado ficou preso em regime fechado de outubro de 2016 até abril de 2021. No ano passado, lançou candidatura pelo PTB-SP e conseguiu suspender sua inelegibilidade, mas obteve apenas 5.000 votos e não se elegeu.


Em nota, seus advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e Délio Lins e Silva disseram que “a decisão do Supremo fez justiça e confirma aquilo que a defesa sustenta desde o início do processo e que agora está ficando claro para todo o país: Eduardo Cunha, assim como outros inúmeros réus, foi vítima de um processo de perseguição abusivo, parcial e ilegal e julgado por uma instância manifestamente incompetente”.


José Marques, Folhapress

Lula chama encontro com Maduro de momento histórico que revive política externa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda (29) que a visita do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, é um momento histórico e que “reflete uma política externa séria”.

“Queria dizer a alegria desse momento histórico que estamos vivendo. Depois de oito anos, o presidente Maduro volta a visitar o Brasil, e nós recuperamos o direito de fazer política de relações internacionais com a seriedade que sempre fizemos sobretudo com os países que fazem fronteira com o Brasil”, afirmou.

Lula deu uma declaração à imprensa ao lado de Maduro. O venezuelano realiza visita ao oficial ao Brasil, anunciada de última hora pelo governo brasileiro.

Ele ainda participa na terça-feira (30) de encontro proposto por Lula com presidentes da América do Sul, na tentativa de criar uma nova integração na região.

A visita oficial de Maduro, como chefe de Estado, só entrou na agenda de Lula na manhã desta segunda-feira, poucas horas antes do início dos ritos. Vindas de chefes de Estado costumam ser divulgadas com muita antecedência

O governo nem mesmo confirmava um encontro bilateral entre os dois chefes de Estado, à margem do encontro com presidentes sul-americanos. A informação, no entanto, já circulava nos corredores do Palácio do Planalto.

Maduro chegou no meio da manhã ao Palácio do Planalto, sendo recebido por Lula na rampa presidencial. Os dois, então, tiveram um encontro reservado, seguido de uma reunião ampliada, com a participação de assessores e ministros.

Renato Machado e Ricardo Della Coletta, Folhapress

Alcolumbre ironiza permanência de Marina no governo: ‘É bom ela ficar para inaugurar o poço com a gente’

O senador Davi Alcolumbre (União-AP) articula um movimento para isolar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e forçá-la a deixar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a crise envolvendo a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas.

A estratégia é abrir espaço para seu grupo político e conquistar mais um ministério na Esplanada. O União Brasil já abocanhou as pastas das Comunicações, do Desenvolvimento Regional e do Turismo.

O cerco a Marina aumentou após o Ibama negar a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas pela Petrobras. A decisão contrariou interesses diretos de Alcolumbre no Amapá, seu reduto eleitoral. O senador saiu em defesa da exploração alegando ganhos econômicos para a população da região, que teria um “novo pré-sal”. Outro fator que desgastou a ministra foi a decisão do Congresso de esvaziar a pasta do Meio Ambiente com a mudança de uma medida provisória de Lula.

Em conversa com a reportagem, Alcolumbre foi irônico ao falar de Marina e da permanência dela no governo. “Ela é gente boa. É bom ela ficar para ir lá com a gente inaugurar o poço”, afirmou.

Todos juntos

Para colocar seu projeto em prática, o senador uniu líderes do Congresso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), e até mesmo adversários políticos locais em defesa da exploração. O governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade), aliado do senador, diz que vai recorrer à Justiça se o Ibama não rever a decisão.

Nesse grupo, ninguém acredita que Lula vai demitir Marina neste momento, mas apostam em um desgaste total da ministra a ponto de sua permanência ficar insustentável no governo e ela pedir para sair. Se isso acontecer, já existe até candidato para assumir o ministério: o ex-senador, Jorge Viana, aliado de Alcolumbre e Randolfe.

Viana chegou a ser afastado do comando da Apex o jornal Estado de Sãi Paulo revelar que ele não é fluente em inglês e ter alterado o regulamento interno da agência para revogar o domínio da língua como requisito para ocupar o cargo. Na quinta-feira, 25, o TRF-1 manteve Viana à frente do órgão em decisão liminar.

O próximo passo do grupo de Alcolumbre é retomar o debate de abertura da Reserva Nacional do Cobre e seus Associados (Renca), uma área preservada entre o Amapá e o Pará. O governo de Michel Temer tentou abrir a área para exploradores, mas recuou diante de pressão de entidades e celebridades internacionais.

Marina subiu o tom em reação à pressão do grupo de Alcolumbre. Ela disse que “decisão técnica em um governo democrático é cumprida e respeitada” e criticou o esvaziamento do ministério pelo Congresso. O presidente Lula sinalizou alinhamento com o interesse da Petrobras, mas pediu uma saída negociada entre os integrantes do governo, o que ainda não ocorreu.

Alcolumbre e Randolfe ficaram do mesmo lado na disputa mesmo após os dois terem se afastado em função de interesses eleitorais no Amapá. No passado, Randolfe já fez manifestações contra a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. Agora, está do outro lado. Após decisão do Ibama, ele defendeu a exploração e deixou a Rede Sustentabilidade, partido fundado pela ministra.

Mesmo antes da polêmica proposta, o líder do governo já havia comunicado a dirigentes da Rede que sairia da legenda. Para aliados de Marina, o anúncio serviu como estratégia do senador para forçar a demissão da ministra.

Esvaziamento

Após a decisão do Ibama, Alcolumbre comandou uma votação que esvaziou o Ministério do Meio Ambiente. O interesse do senador é transformar a pasta num mero “cartão de visita” para a imagem de Lula no exterior, dizem aliados. Na última quarta, a comissão do Congresso que analisa a primeira medida provisória de Lula tirou o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a Agência Nacional de Águas (ANA) do guarda-chuva da ministra.

Sem base política no Congresso, Marina conquistou mais uma oposição: a do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “O petróleo é explorado no Rio de Janeiro, é explorado em tantos outros Estados brasileiros, e eu quero crer que o Amapá tem o mesmo direito a essa exploração”, disse Pacheco em entrevista ao portal UOL. O parlamentar foi eleito e reeleito para presidir o Senado em articulações de Alcolumbre.

Daniel Weterman/Estadão

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