Senadores incham gabinetes e contratam até 82 assessores sem concurso público

Após três mandatos como deputado federal, Eduardo Gomes (PL-TO) começou seu mandato de senador em 2019 com 54 servidores comissionados (sem concurso público). Em quatro anos, aumentou o gabinete para 82 assessores. Gomes emprega tanto quanto uma empresa de porte médio no ramo de serviços. Segundo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), uma empresa média tem de 50 a 99 funcionários. O número de funcionário não corresponde a atuação legislativa: em 2023, o senador apresentou três projetos de lei.

O “inchaço” do gabinete é permitido por “brechas” nas regras do Senado, que possibilitam a multiplicação de cargos. Levantamento do Estadão identificou que outros 12 senadores também tem mais de 50 assessores pagos com dinheiro público. É o caso, por exemplo, de Rogério Carvalho (PT-SE) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), com 77 e 67 comissionados, respectivamente. Os parlamentares dizem que precisam dos funcionários para o trabalho legislativo, mas o fato é que os postos acabam servindo para nomeação de aliados e cabos eleitorais.

O regulamento administrativo do Senado estabelece o limite de 12 comissionados por senador, mas permite um rearranjo que pode levar o gabinete a ter 50 assessores. Se o parlamentar assumir outras funções na Casa, como presidência de comissão, liderança de partido ou cargo na Mesa Diretora tem o direito de fazer mais nomeações e multiplicá-las. O presidente do Senado, por exemplo, pode ter até 260 comissionados, se quiser. Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tem 36 assessores.

A “brecha” no regulamento não obriga que todos os senadores rearranjem a equipe em cargos menores. Caso o parlamentar opte por essa mudança, ele precisa fazer com que o valor total dos salários seja o mesmo, independentemente da quantidade de funcionários. Com isso, ele consegue empregar mais gente, mas com salários menores. Os gastos com vale-alimentação desses novos assessores não são considerados nesse limite, o que resulta em despesa extra para o Senado.

A “microempresa” do senador Eduardo Gomes tem a maioria dos funcionários localizados no gabinete em Brasília. Os outros se dividem entre dois escritórios de apoio em Tocantins: um em Palmas, que abriga 31 assessores, e outro em Araguaína, com quatro. Os salários dos comissionados variam de R$ 1,4 mil (ajudante parlamentar júnior) a R$ 24,3 mil (assessor parlamentar). No quadro empregatício do senador, 27 pessoas ocupam cargos denominados como “júnior”.

Lotada em Palmas, uma das funcionárias de Gomes tem relação com o parlamentar desde a campanha eleitoral de 2018, quando lhe forneceu um carro. Segundo a prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o senador pagou R$ 3 mil na locação de um veículo de Risalva Rodrigues Alvarenga. Ela atua como auxiliar parlamentar sênior no escritório de apoio nº 1 do senador e recebe R$ 11,9 mil por mês.

duardo Gomes apresentou 22 projetos de lei e apenas quatro foram aprovados desde que assumiu o mandato. Em 2023, assinou apenas três propostas. Os temas comportam desde a definição dos requisitos mínimos de segurança para a fabricação de piscinas até a transferência para o domínio de Tocantins das terras pertencentes à União, mas localizadas no Estado.

No final de 2019, o senador foi escolhido pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para substituir a deputada Joice Hasselmann no cargo de líder do governo no Congresso, após crise deflagrada no PSL. Com uma atuação discreta nos bastidores e alinhado às pautas do governo, votou contra a desidratação da Reforma da Previdência e a favor do decreto para flexibilizar o porte de armas.

Questionado sobre as quantidades de servidores à disposição do mandato, Eduardo Gomes não respondeu ao Estadão.

Mais empresas em gabinetes
Outros senadores também têm “empresa média” em seu gabinete na Praça dos Três Poderes. O primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), tem a equipe composta por 77 comissionados.

O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) possui 67 assessores comissionados. Além dos servidores que auxiliam no gabinete, o parlamentar tem direito a mais funcionários por ser líder do governo no Congresso, vice-líder no Senado e líder de bloco partidário.

O gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM) possui 64 servidores comissionados. Ele é presidente da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor e vice-líder do PSD na Casa, o que lhe garante a possibilidade de requisitar mais servidores.

Em nota, Carvalho afirmou que possui 47 servidores comissionados lotados em escritório de apoio e 30 no gabinete e na Primeira-Secretaria. Segundo a assessoria do parlamentar, o cargo na Mesa Diretora “demanda maior número de servidores tanto concursados como comissionados”. A nota também afirma que, mesmo lotados na Primeira-Secretaria, os servidores têm exercício no gabinete devido, principalmente, “por conveniência técnica de acesso a sistemas restritos a cada gabinete”.

O Estadão entrou em contato com todos os parlamentares citados para entender o motivo da elevada quantidade de servidores e quais as funções por eles empenhadas. Os outros senadores não retornaram até a publicação deste texto.

Eficiência do trabalho comprometida

O professor adjunto do Departamento de Gestão Pública da FGV EAESP Cláudio Couto afirma que, a partir do momento que um senador pulveriza os recursos para multiplicar a quantidade de servidores, a eficiência do trabalho diminui. “No fim, o gabinete vai ter muita gente fazendo um trabalho de baixa qualificação, em vez de priorizar o que são funções efetivamente relevantes para o exercício parlamentar”, afirmou.

O “inchaço” nos gabinetes também dificulta o controle do exercício das funções, o que abre margem para a possibilidade de informalidades no uso do dinheiro público, como explica o cientista político Rafael Cortez.

“A gestão de um maior número de pessoas é mais difícil, e mais difícil do que isso é fazer a gestão dos recursos dessa assessoria. Isso não significa necessariamente que há uma prática ilegal, mas é um possível convite a ser mais ineficiente no uso desse recurso. A partir dessa pulverização também se ampliam as estratégias para o parlamentar, eventualmente, fazer uso ilegal dos recursos como já vimos na prática de ‘rachadinhas’, por exemplo.”

‘Brechas’ na lei
Segundo o Regulamento Administrativo do Senado Federal, cada parlamentar tem, a princípio, 12 cargos de comissão para preencher e um teto limite para gastar em contratações – R$ 240.803,04 por mês. Entretanto, o documento permite que os senadores façam rearranjos nessas contratações iniciais para aumentar a quantidade de servidores. Eles precisam seguir duas regras: a soma das remunerações dos cargos derivados não pode exceder o valor mensal e o número máximo de servidores comissionados de cada gabinete parlamentar não deve ultrapassar 50 pessoas.

Os senadores ainda podem expandir os números de assessores à disposição do mandato caso o parlamentar assuma outros cargos na Casa, como uma função na Mesa Diretora, liderança partidária ou presidência de comissão. Por exemplo, o presidente de uma comissão permanente tem direito a ter mais três assessores parlamentares, que pode ser desmembrado em até 30 cargos de menor função. Esses novos servidores são adicionados no quadro de funcionários como uma “quantidade extra”, além daquela citada anteriormente cujo limite é de 50 pessoas.

O cientista político Rafael Cortez explica que a quantidade de servidores de um gabinete pode ajudar a entender como o parlamentar pretende exercer o seu mandato: na produção de política pública ou na representação. “O senador pega o volume de recursos destinados à contratação de pessoal e, ao invés de diminuir o número de pessoas para trazer especialistas de peso para determinadas áreas, o que custa caro, o parlamentar prefere partilhar esse valor entre mais pessoas, com o salário menor, para ampliar essa dimensão política do mandato”, disse.

Assim, o senador amplia os pontos de contato que pode ter com a população por meio, por exemplo, de um assessor em uma cidade de grande colégio eleitoral. “Assim, esse número alto de assessores pode traduzir essa opção do parlamentar de usar o mandato parlamentar como plataforma para construção política eleitoral”, afirmou Cortez.

Ao Estadão, o Senado afirmou que a distribuição de comissionados fica a cargo do parlamentar. “Cabe ressaltar que há fiscalização quanto ao número de servidores comissionados nos gabinetes parlamentares”, disse, por nota.

A Casa ainda afirmou que os recursos provenientes para os pagamentos dos servidores se originam nas dotações orçamentárias anuais autorizadas para o Legislativo no Orçamento da União.

Falta de transparência
O Portal de Transparência do Senado não diferencia quais servidores estão em funções do próprio gabinete e quais prestam serviço a um senador em outra estrutura, como Mesa Diretora ou comissão. Na base de dados dos funcionários da Casa, há apenas duas classificações quanto à lotação: “gabinete” ou “escritório de apoio”.

Essa ausência de detalhamento impede que o cidadão acompanhe as contratações em gabinete para entender se os senadores estão respeitando, por exemplo, a regra de, no máximo, 50 servidores em cargo de comissão.

Questionado sobre a falta de descrição sobre a divisão dos cargos, o Senado afirmou que “o site da transparência informa os servidores que estão efetivamente trabalhando à disposição de cada gabinete de senador, o que, no entendimento da Casa, traz maior transparência às informações relevantes ao interesse público”.

Natália Santos/Estadão Conteúdo

Lula reserva valor recorde para publicidade oficial em ano eleitoral

O presidente Lula (PT) quer reservar um valor recorde para turbinar a publicidade oficial do governo em 2024. A previsão de despesa nessa área para o próximo ano é de R$ 647 milhões, ante R$ 359 milhões disponíveis em 2023.

O aumento na verba para comunicação institucional foi inserido no projeto de Orçamento do ano que vem, que ainda será votado pelo Congresso Nacional. Se aprovado, coincidirá com o ano de eleições municipais.

A cifra é a maior em comparação feita com informações oficiais do Executivo, incluindo gastos classificados como publicidade institucional da Presidência da República desde 2004. A Folha usou dados corrigidos pela inflação oficial do país, ou seja, o índice IPCA, usado inclusive para o reajuste do teto de gastos públicos, que vigorou nos últimos anos.

Apesar de o dinheiro ser usado para promover ações do governo federal, as campanhas municipais têm impacto na imagem de Lula e do PT. Integrantes da cúpula do partido enxergam o resultado das urnas em 2024 como crucial para o plano político do partido, que viu seu número de prefeituras minguar em 2020.

No último pleito municipal, o partido conquistou o menor número de prefeituras nos últimos 20 anos, amargou uma derrota sem precedentes em São Paulo, onde seu candidato, Jilmar Tatto, ficou em um distante sexto lugar, e não venceu em nenhuma capital do país.

Procurada, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República disse que a verba prevê recursos para promover medidas do governo que atendem à população e também gastos com comunicação interna e o combate a informações falsas.

O órgão não respondeu sobre a possível relação entre a eleição de 2024 e o valor recorde para a comunicação institucional no próximo ano. Questionou, porém, a informação de que o montante seria recorde.

Segundo o governo, se for usada a correção inflacionária pelo IGP-M, o recorde da verba para publicidade oficial seria de 2017, durante a gestão de Michel Temer (MDB). Mas esse índice defendido pela Secom é geralmente usado para os reajustes de aluguéis. O Planalto diz que o IGP-M é mais amplo e, por isso, o mais adequado.

O rol de atividades citado pela Secom é o mesmo dos governos anteriores. A secretaria inclusive prorrogou contratos assinados com agências de comunicação na gestão Jair Bolsonaro (PL).

“O orçamento de 2024 da Secom não contempla apenas a publicidade governamental, utilizada para comunicar programas do governo que beneficiarão à população [sic], como o Novo PAC, o Desenrola e a campanha de combate a fake news. O referido orçamento inclui, por exemplo, comunicação corporativa, pesquisas, nova licitação específica para [a área] digital, para live marketing e eventos”, respondeu o órgão.

Segundo o governo, é necessário fazer investimentos em novas estratégias de comunicação institucional, especialmente diante de “uma realidade que exige o incansável combate à desinformação, um problema social no mundo”.

Apesar de a verba de comunicação oficial não ser recorde em 2023, essa área já tem sido alvo de pressão da oposição. Parlamentares do PL, partido de Bolsonaro, têm apresentado uma série de pedidos de informação sobre os critérios de distribuição dos recursos e contratos firmados.

Em julho, a Secom enviou um ofício à Câmara dos Deputados afirmando não haver critério único para definir a divisão da verba publicitária do governo federal. E informou possuir “contratos com quatro agências de publicidade licitadas para realizar ações de comunicação de caráter institucional e de utilidade pública”.

Lula tem priorizado a televisão na veiculação da propaganda oficial do governo federal, com a destinação nos seis primeiros meses de sua gestão de 73% da verba para esse formato de comunicação. Considerando os quatro anos da administração Bolsonaro, as TVs ficaram com 47% do total, mostram dados da publicidade da Secom e dos ministérios.

A secretaria é hoje comandada por Paulo Pimenta (PT). Em julho, ele se tornou alvo de críticas de parlamentares e integrantes do governo, que o acusaram de cometer gafes e causar ruídos desnecessários em anúncios da gestão Lula.

As reclamações eram de que Pimenta agia por conta própria e acabava por gerar deslizes evitáveis. Os episódios citados foram a antecipação do anúncio de que o economista Marcio Pochmann presidiria o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e declarações desencontradas sobre a saída de Daniela Carneiro (ex-ministra do Turismo) do governo, o que provocou um princípio de crise na articulação política.

Apesar das críticas, petistas apontam que a comunicação dos programas do governo tem sido positiva, o que favorece o alcance de efeitos políticos das medidas do mandatário.

Após oito meses de seu terceiro mandato, Lula tem sua aprovação estável, segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (14). Consideram o petista bom ou ótimo 38%, enquanto 30% o acham regular e 31%, ruim ou péssimo.

Uma melhora na avaliação do governo Lula no próximo ano tende a impulsionar candidatos apoiados por ele nas disputas municipais.

Dirigentes do PT e de outros partidos veem o resultado da eleição do próximo ano como um primeiro passo e um pilar para fortalecer a corrida de 2026 nos estados e para cargos federais. Quem tem mais prefeitos aliados e capilaridade política pode largar na frente na disputa estadual e presidencial.

Thiago Resende/Folhapress

Decisão sobre Odebrecht pode beneficiar bolsonaristas, petista e líder do centrão


A recente decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli envolvendo o acordo de leniência firmado entre a Odebrecht e o Ministério Público Federal pode gerar impacto em uma série de inquéritos e ações judiciais que correm desde 2017 contra políticos de diferentes espectros.

Entre os alvos de investigações e processos relacionados à empreiteira que ainda não foram encerrados, há desde bolsonaristas, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, como ligados ao PT, como o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto.

Há nomes de peso no Congresso Nacional, como o presidente do Republicanos e líder do centrão, deputado Marcos Pereira (SP), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Toffoli, no último dia 6, estabeleceu que as provas e demais dados obtidos a partir do acordo de leniência da empreiteira são imprestáveis “em qualquer âmbito ou grau de jurisdição”. Isso inclui os dados dos sistemas de pagamento da construtora, o Drousys e MyWebDay.

Ainda cabe recurso, mas advogados que atuam na Operação Lava Jato viram a medida do magistrado como “pá de cal” nas polêmicas planilhas da Odebrecht, que de acordo com executivos do grupo empresarial reuniam a lista de políticos (incluindo parlamentares, governadores e ministros, sempre tratados com codinomes) que supostamente recebiam dinheiro para caixa dois de campanha eleitoral ou propinas para atender a interesses da empreiteira.

Veja alguns políticos com casos ainda pendentes relacionados à Odebrecht:

VALDEMAR COSTA NETO
Com base em delações da Odebrecht, o ministro Edson Fachin autorizou a abertura de um inquérito para investigar o atual presidente do PL em 2017. Hoje o caso está nas mãos do ministro Gilmar Mendes –sem oferecimento de denúncia ou proposta de arquivamento.

O último despacho do ministro é de dezembro de 2019, no qual ele pede a manifestação da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre a continuidade das investigações e a competência do STF para abrigar o caso, já que o ex-parlamentar não tem mais mandato eletivo.

O inquérito tem como base declarações prestadas pelos delatores Pedro Augusto Carneiro Leão Neto e João Antônio Pacífico Ferreira, que relatam propina a partir de 2007 ao grupo político de Valdemar para assegurar à Odebrecht a execução de obra da ferrovia Norte-Sul, conduzida pela empresa pública Valec.

Na sexta-feira (15), a reportagem deixou recado no escritório do advogado dele, Marcelo Bessa, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. Também procurada, a assessoria do ex-deputado informou que eventual manifestação partiria apenas da própria equipe jurídica.

CIRO NOGUEIRA
Em 2020, a PGR ofereceu denúncia pelos supostos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra o atual senador. Porém, o pedido ainda não foi analisado pelo STF, que pode acolher ou rejeitar as acusações.

A abertura do inquérito se baseava em declarações prestadas de delatores, que apontavam que o parlamentar, nos anos de 2010 e 2014, pediu dinheiro para sua campanha e também para o PP, via caixa dois.

Segundo os relatos, no ano de 2010, o senador teria recebido R$ 300 mil, registrado no sistema Drousys com o codinome “Cerrado”. Em 2014, teria sido repassado R$ 1,3 milhão, em duas parcelas.

Em 2022, a defesa do político, que foi chefe da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro, pediu a rejeição da denúncia “ante a completa falta de provas”. “As acusações ministeriais se fundavam tão somente nas palavras dos colaboradores e nas planilhas unilaterais apresentadas por eles”, diz trecho da defesa.

RENAN CALHEIROS
Em 2017, Edson Fachin acolheu pedido da PGR para abrir inquérito contra o senador Renan e também contra o então senador Romero Jucá (MDB-RR).

A investigação, que continua tramitando, tem como base declarações prestadas pelos colaboradores Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho e José de Carvalho Filho. Conforme os relatos, a Odebrecht teria pagado propina para conseguir aprovar uma medida provisória relativa a benefícios fiscais. Eles narraram o pagamento de R$ 5 milhões, registrado no sistema Drousys.

As defesas de Renan e Jucá apontam que a investigação já ultrapassou cinco anos e, durante o período, não conseguiu obter nenhum indício de participação deles no caso narrado pelos delatores.

MARCOS PEREIRA
A investigação sobre o deputado está na Justiça Eleitoral do DF, sem conclusão. O inquérito foi iniciado tendo como base relatos dos delatores que apontavam repasses para reforçar o caixa dois de aliados da campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, em 2014.

Conforme registro no sistema Drousys, R$ 7 milhões teriam sido entregues diretamente a Marcos Pereira, em favor do Republicanos (então PRB).

No mês passado, a defesa de Marcos Pereira, feita pelo escritório Moraes Pitombo, entrou com uma reclamação no STF contestando a continuidade do inquérito policial, “mesmo diante da declaração da imprestabilidade das provas extraídas do sistema Drousys”.

Segundo sua defesa, o caso se estende “sem que uma única providência investigatória voltada à confirmação da hipótese criminal fosse nem sequer designada, quando muito levada a cabo”. A reclamação ainda não foi analisada pelo relator, Edson Fachin.

EDUARDO CUNHA
Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha ficou mais de três anos preso no Paraná, mas obteve a anulação de sentenças posteriormente.

Uma de suas pendências judiciais é uma ação eleitoral no Rio Grande do Norte que tem relação com a empreiteira, na qual também é acusado outro ex-chefe da Câmara, Henrique Eduardo Alves. A denúncia afirmava que houve pagamento de caixa dois ao MDB em troca de favorecimento à construtora. Um ex-executivo da Odebrecht também é réu.

JOÃO VACCARI NETO
Um dos réus que mais vezes foi processado na Vara Federal de Curitiba, o ex-tesoureiro do PT ainda tem ações pendentes hoje, como um que tramita na Justiça Eleitoral do DF. Conhecido como caso Torre Pituba, essa ação derivada de fase da Lava Jato em 2018, é uma das com maiores quantidades de réus na operação –mais de 40. O caso envolve a Odebrecht e o suposto pagamento de propina na construção da sede da Petrobras na Bahia. Atualmente, está em análise no STF recurso sobre em qual jurisdição deve tramitar.

POLÍTICOS BENEFICIADOS ANTES DA DECISÃO DE TOFFOLI
A decisão de Dias Toffoli foi tomada no julgamento de reclamação protocolada em 2020 pelo hoje presidente Lula (PT). Na época, o petista apontou que a 13ª Vara Federal de Curitiba limitava seu acesso aos documentos do acordo de leniência da Odebrecht. Primeiro relator do caso, o então ministro Ricardo Lewandowski (aposentado em abril) concordou com o petista e assinou decisões para garantir o acesso da defesa aos dados.

Em 2021, Lewandowski decidiu que as provas apresentadas no acordo de leniência da Odebrecht tinham “máculas insanáveis”, e citou diálogos hackeados de procuradores para reforçar sua posição.

A decisão foi confirmada posteriormente por outros ministros e, adiante, uma série de réus em outros processos relacionados à Odebrecht em diferentes braços do Judiciário também pediu o mesmo benefício.

VEJA ALGUNS DOS QUE OBTIVERAM DECISÃO FAVORÁVEL ATÉ O MÊS PASSADO
Sérgio Cabral, ex-governador do Rio
Anthony Garotinho, ex-governador do Rio
Pedro Paulo, deputado federal (PSD-RJ)
Walter Faria, empresário
Paulo Skaf, ex-candidato ao Governo de SP
Eduardo Paes, prefeito do Rio (PSD)
Geraldo Alckmin, vice-presidente (PSB)
Paulo Bernardo Silva, ex-ministro
Beto Richa, deputado federal (PSDB-PR)
Gilberto Kassab, atual secretário estadual (PSD)
Colaborou Felipe Bächtold, de São Paulo

Catarina Scortecci/Folhapress

Incêndio atinge andar do Hospital Sírio-Libanês no Itaim, em São Paulo

Os bombeiros apagaram um incêndio no final da madrugada desta segunda-feira (18) no sétimo andar da unidade do Itaim do Hospital Sírio-Libanês, na zona oeste de São Paulo. Não há registros de feridos. Seis equipes do Corpo de Bombeiros atenderam a ocorrência. A causa do incêndio ainda é desconhecida.

A Defesa Civil foi chamada para apoiar a fase de rescaldo, momento em que os bombeiros combatem possíveis novos focos e deixam o lugar em condições seguras. A unidade do hospital no Itaim conta com serviços especializados em oncologia, medicina diagnóstica e reprodução assistida. No local há também centro cirúrgico, hospital-dia e atendimentos em ortopedia, clínica cirúrgica e clínica médica.

Folhapress

Lira aponta excessos aflorando na PF e critica delações como a de Cid

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), diz em entrevista à Folha que o governo precisa ter “cuidado” com excessos que têm aflorado em investigações da Polícia Federal. Para ele, “tem policiais indo além” do que deveriam.

O deputado ainda critica o instrumento de delações premiadas de presos, como ocorreu com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). “Emitir juízo de valor sobre a questão de mérito, não vou fazer, não conheço o conteúdo da delação. Agora ponto pacífico é que delação de réu preso é impossível.”

O presidente da Câmara também afirma que, após o governo ceder dois ministérios e estatais ao PP e Republicanos, o seu partido faz parte da base de apoio ao petista na Casa. Segundo o deputado, Lula terá cerca de 350 votos na Câmara, o suficiente para aprovação de PECs (propostas de emenda à Constituição).

Lira admite que a Caixa estará sob seu comando e que o banco terá indicações políticas, que passarão pelo seu crivo.

Lula nomeou André Fufuca, que era líder do PP, como ministro do Esporte. Isso significa a entrada do seu partido de vez no governo?
Há uma aproximação de partidos de centro que não faziam parte da base do governo para essa adesão. É claro que, quando um partido indica um ministro que era líder de um partido na Câmara, a tendência natural é que esse partido passe a ser base de apoio ao governo na Câmara dos Deputados, como Republicanos, como outros partidos.

Isso significa que todos os 49 votos do PP serão pró-governo?
Não, porque nenhum partido dá todos os votos. Mas eu acredito em uma base tranquila.

Quantos votos o governo tem hoje?
A gente cristaliza a oposição hoje em torno de 120, 130 votos cristalizados. Então, 350, 340 votos, o governo deve estar numa base resolvida, eu penso. O acordo foi mais amplo, envolve outros partidos, tem parte do PL que quer fazer parte e já vota com o governo.

Qual é a situação da Caixa Econômica?
A Caixa faz parte do acordo com os partidos.

Porteira fechada [com as 12 vice-presidências incluídas]?
Esse foi o acordo.

Quando as trocas serão efetivadas?
Eu tenho uma conversa com o presidente Lula por esses dias. Ainda vou ter que conversar internamente no meu partido. Os nomes serão colocados à disposição do presidente, que fará a escolha.

Essa parte do acordo é tratada diretamente com o sr.?
Ali as coisas têm que ser tratadas com muita transparência e vão ser tratadas com muita clareza. E vão ter, claro, indicações políticas que não serão criminalizadas por isso. A turma terá responsabilidade. A exoneração é o primeiro convite para quem não andar corretamente. A conversa inicial era que ou na cota do PP ou na minha cota isso fosse indicado, mas isso será bem ampliado para todos os partidos que fizeram parte do acordo.

Mas essas indicações vão passar pelo sr.?
Penso que sim.

E a Funasa (Fundação Nacional de Saúde)?
Funasa faz parte do acordo com o Republicanos.

Como ficou a relação com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) após a declaração de que a Câmara está com muito poder?
Depois ele mesmo consertou. Isso está ultrapassado. [A relação] Sempre foi boa e vai continuar boa.

O plano de déficit zero é factível?
Se tomarmos as medidas, sim. Tem várias oportunidades de se elevar o caixa do governo sem elevar impostos. O governo, o Ministério da Economia e o Congresso terão de trabalhar juntos na busca de uma alternativa. Porque a [medida] que não terá não é aumento de imposto.

Para 2024, acredita em alguma mudança no modelo das emendas parlamentares, já que o governo ficou com parte da verba e isso tem gerado reclamação?
Penso que nós temos que evoluir, seja com emendas de bancada obrigatórias, emendas de comissão obrigatórias ou as individuais para que a política pública siga para o que ela se destina. Eu sempre defendi emenda parlamentar e continuarei defendendo, porque ninguém conhece mais o Brasil do que o parlamentar.

No passado, investigações mostravam que o loteamento político, muitas vezes, era onde aconteciam casos de corrupção. Por que agora pode ser diferente?
Você não pode criminalizar a política. A indicação política é perigosa por causa disso. Você indica uma pessoa, mas não convive com uma pessoa 24 horas, 48 horas, 72 horas. O que tiver de errado na administração pública tem que ser corrigido.

O repasse das emendas também é alvo de investigações por supostos desvios.
Qualquer recurso tem problema. Ao malfeitor tudo: a CGU (Controladoria-Geral da União), AGU (Advocacia Geral da União), a Polícia Federal, Polícia Civil. A gente só não pode criminalizar a emenda parlamentar. É um erro. É ela que diminui as distorções regionais que nós vivemos.

Um ex-assessor do sr. [Luciano Cavalcante] foi investigado pela PF por conta de supostas fraudes na transferência de emendas para a compra de kit robótica.
Isso é uma alegação. Mais um abuso, um excesso. Não tem nada que foi provado com relação a isso, inclusive toda essa operação foi anulada [pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal] e vocês sabem o porquê. Ao final e ao cabo, quando ela tiver o seu desfecho, as pessoas que fizeram serão todas responsabilizadas.

Eu não estou aqui julgando ninguém, estou dizendo por mim, que fui massacrado durante dois meses: aliados de Lira, parentes de Lira, assessor de Lira. Então, tudo a seu cabo, essa operação que aconteceu, que trata de um assunto depois que foi totalmente desvirtuado, ela foi anulada pelo STF, por vício de iniciativa, perseguição de alvos, direcionamento de investigação. Não teve sorteio de procurador para atuar no caso. Então, ela é eivada de irregularidades. E, ao final, todos serão responsabilizados.

Ela foi anulada a pedido da sua defesa. Havia preocupação de onde a investigação podia chegar?
Não. Foi porque um delegado não pode pegar uma matéria de jornal falsa ou verdadeira e se dirigir para investigar o presidente da Câmara usando terceiros alvos para isso. Então, com muita tranquilidade, eu rebati o tempo todo e disse o tempo todo: o meu CPF não. Não tem nada nas minhas contas, não tem nada na minha vida pessoal, não tem nada nas minhas prefeituras que me desabone ao longo da minha vida. Quem defende a emenda como eu defendo não seria louco de estar na posição que estou e fazer qualquer tipo de coisa errada com relação a isso. Quando a gente perde o limite dos excessos, quando a polícia vira política, a gente tem dificuldades no país.

Quando o sr. fala em responsabilizar, está falando de investigadores?
Eu já entrei com representação no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), vou entrar com representação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), e tomarei as providências com relação a quem fez as investigações de maneira dirigida.

Há desconfiança e reclamações em relação à atuação do ministro Flávio Dino (Justiça), principalmente em relação à PF?
A questão do ministro Flávio Dino, comigo, a relação é muito boa. No Parlamento, ele tem lá suas dificuldades com a oposição, é normal do processo. O que não deve ter é uma polícia política, para nada. Isso é o pior dos mundos. Nem um polícia com autonomia para fazer o que quer. Nós não temos isso. Polícia é órgão de estado para cumprir determinações legais.

Mas as críticas à atuação política da PF existem há vários governos. Há uma atuação mais política neste governo?
O governo tem que ter esse cuidado. O atual governo, eu tenho dito, tem que ter esse cuidado com alguns excessos que estão aflorando. Eles tinham sido resolvidos e estão aflorando de novo com muita particularidade.

Tem exemplo?
Tem vários. Tem o [general Walter] Braga Netto, tem outros aí. Polícia Federal não trabalha nem como promotor de Justiça, nem como juiz. Ela tem que ir até a investigação. Acabou a investigação, acabou o papel. Ela não pode ir além disso. Tem policiais indo além disso.

O que o sr. acha de a PF fechar acordo de delação sem o MPF [Ministério Público Federal?
Ruim. Tem que ter o aval [do MPF]. De qualquer maneira, o Ministério Público é o dono da ação. Se ele não participa, se ele não vê, se ele não discute, na frente, como é que vai andar? Então, acho que quando você começa a extrapolar os seus limites, você começa a desvirtuar o sistema institucional brasileiro.

Bolsonaro e aliados têm sido alvo de investigações. O tenente-coronel Mauro Cid [ex-assessor de Bolsonaro] acabou de fechar uma delação premiada que, especula-se, deve mirar no ex-presidente. O sr. vê excessos de investigadores nesse caso?
Eu sempre condenei, ontem e hoje, delação de réu preso. Todo mundo era contra a delação de réu preso lá atrás. Nós estamos tratando de delação de réu preso hoje de novo, feita pela Polícia Federal. Emitir juízo de valor sobre a questão de mérito, não vou fazer, não conheço o conteúdo da delação. Agora ponto pacífico é que delação de réu preso é impossível.

Como está a sua relação com o ex-presidente Bolsonaro?
Falei com ele na reforma tributária, pedindo o apoio do PL. Não haveria porque aquele posicionamento [contra a reforma].

Ele está morto politicamente?
Nem de longe. Não sou eu que vou averiguar e verificar uma pergunta dessa. Ele foi julgado inelegível, politicamente é muito amplo, ele pode funcionar como cabo eleitoral, ele pode apoiar outro candidato, ele pode reverter uma decisão dessa no Supremo. A gente já viu tantas dificuldades. O presidente Lula é um exemplo vivo disso.

Quem vai herdar os votos do Bolsonaro?
Não tenho a menor ideia. Não falo sobre conjecturas. Ninguém se colocou para isso ainda.

Mas o sr. e o PP veem mais provável uma aliança no futuro com Lula ou com a oposição?
Você não vai querer resolver 2026 em 2023. Então, ninguém na vida até a morte está morto para nada.

E qual o seu futuro? Se um ministério for oferecido, o sr. considera?
Não falo sobre conjecturas.

RAIO-X | ARTHUR LIRA, 54
Deputado federal por Alagoas, está no quarto mandato. Foi eleito presidente da Câmara em fevereiro de 2021 e reeleito em 2023. Antes, foi vereador em Maceió por duas legislaturas e deputado estadual por três. Filiado ao PP desde 2009, passou antes por PFL, PSDB, PTB e PMN.

Julia Chaib, Thiago Resende e Camila Mattoso/Folhapress

Plenárias municipais do PT discutem preparação para eleições, elegem novas direções e apresentam pré-candidaturas

As plenárias municipais do PT, realizadas em mais de 30 cidades neste fim de semana, foram marcadas pela participação de dirigentes estaduais e municipais, lideranças políticas, parlamentares, ex-prefeitos e por militantes para discutir a organização da legenda e estratégias para as eleições 2024, além de eleger novas direções municipais e apresentar pré-candidaturas a prefeito em algumas cidades.

Participaram das atividades o presidente do PT Bahia, Éden Valadares, o deputado estadual Rosemberg Pinto, a secretária de Política para Mulheres do Estado e primeira suplente de deputada federal, Elisângela Araújo, e a presidente estadual da CUT, Maria Madalena Oliveira Firmo, a Leninha, dentre outros.

Neste domingo, 17, as atividades ocorreram em Planalto, Iramaia, Apuarema, Cairu, Cansanção, Coribe, Jitaúna, Nova Viçosa, Riachão do Jacuípe, Senhor do Bonfim, Gongogi, Itororó e São Francisco do Conde. Já no sábado, 16, em Boninal, Eunápolis, Iraquara, Ipiaú, Tucano, Macajuba, Botuporã, Piraí do Norte, Rio do Pires, Itacaré, Itapicuru, Lajedinho, Sobradinho, Ibiassucê, Valente, Abaré, Caetité, Dias D´Avila, Glória e Caturama. Até o dia 29 de outubro, as plenárias serão realizadas em mais de 350 municípios, incluindo o Processo Extraordinário de Eleições Diretas (PEDEX) em 153 cidades.

Na avaliação do presidente estadual do partido, Éden Valadares, as plenárias destes dois dias demonstraram a “vitalidade” da legenda e o “empenho” dos seus dirigentes e filiados em participar ativamente dos debates, para consolidar um projeto partidário comprometido com a justiça social, os valores democráticos e a melhoria da qualidade de vida dos baianos. “Balanço muito positivo. Assim como foram os encontros territoriais, as plenárias municipais mostram o enraizamento e a força do PT em todos os cantos da Bahia. Além de renovar nosso caráter democrático e de massas do nosso partido”.

Além das plenárias, o PT também realizou o PEDEX em algumas cidades. “São Francisco do Conde deu uma importante demonstração de força e unidade do PT, elegendo nova direção municipal e apresentando a pré-candidatura do companheiro Marivaldo do Amaral. Dirigente partidário, secretário de governo em várias pastas, vereador mais votado da história da cidade, Marivaldo reúne todas as condições para liderar a volta do PT para a prefeitura de São Francisco do Conde”, afirmou Éden Valadares. Já em Dias D´Ávila, o encontro referendou a pré-candidatura a prefeita de Rose Requião.

Secretário de Organização do PT Bahia, Osmar Galdino, informou que nas reuniões foram discutidas a importância da organização partidária, a criação dos Comitês de Luta, a construção de chapas fortes de vereadores e vereadoras e também de candidaturas competitivas para prefeitos e prefeitas. “O partido sai dos encontros deste sábado e domingo mais mobilizado, unificado e preparado para vencer as eleições municipais”, afirmou Jojó.

Rui Costa e Jaques Wagner racham e duelam em guerra fria no governo Lula

Aliados há mais de quatro décadas, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), tomaram caminhos distintos e protagonizam uma espécie de guerra fria com disputas de bastidores na Bahia e no núcleo duro do governo Lula (PT).

O racha ficou explícito no início do ano, quando Wagner criticou abertamente a indicação da esposa de Rui para uma vaga no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. Enquanto aliados confirmam a briga interna, ambos afirmam em público que seguem afinados e com boas relações.

“Não tem briga nenhuma. Em algumas coisas podemos pensar diferente e isso não é problema. Isso só mostra que é um grupo arejado, que defende as liberdades. Mas não apostem em nenhuma divisão que é uma bobagem”, disse Wagner em agosto em entrevista a jornalistas na Bahia.

As disputas internas no governo, no entanto, explicitam o racha, e a falta de sintonia entre os dois fica clara, por exemplo, em debates sobre escolhas de nomes para cargos importantes.

Na corrida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Rui é um defensor da indicação do presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas, enquanto Wagner prefere o advogado-geral da União, Jorge Messias, que foi seu assessor no Senado.

Na briga pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), a divisão entre os dois chegou a ser apontada como um dos motivos para que nenhum dos baianos conseguissem compor a lista eleita pelo tribunal para ser enviada ao Executivo.

Rui apoiou nos bastidores a indicação de Roberto Frank, e Wagner fez campanha por Maurício Kertzman. Ambos são desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia e nenhum conseguiu os votos suficientes para compor a relação encaminhada ao Palácio do Planalto.

Jaques Wagner e Rui Costa são amigos há mais de 40 anos e despontaram como líderes do antigo Sindicato dos Químicos e Petroleiros, uma das entidades sindicais mais fortes do Polo Industrial de Camaçari.

Em 2007, quando Wagner tomou posse como governador, Costa passou a integrar o núcleo duro do governo, primeiro como secretário de Relações Institucionais, depois como chefe da Casa Civil.

No cargo, se cacifou para a sucessão e foi indicado por Wagner como candidato a governador em 2014. Na escolha, Wagner contrariou Lula, que preferia o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli para a disputa.

Importantes petistas da Bahia afirmam, porém, que o processo de distanciamento se iniciou ainda no primeiro mandato de Rui, inclusive, por iniciativa de Wagner, que preferiu dar liberdade para seu sucessor tomar as decisões no governo.

O afastamento se transformou em atrito na sucessão de 2022. Rui Costa se movimentava para renunciar ao governo e concorrer ao Senado, deixando o governo nas mãos do vice João Leão (PP).

Além disso, trabalhava nos bastidores para lançar sua esposa, Aline Peixoto, para deputada federal, o que só seria possível, segundo a lei, caso o marido não estivesse à frente do Executivo local.

Wagner, por sua vez, sempre defendeu que o PT tivesse um nome na disputa. Chegou a se colocar como candidato, mas acabou desistindo no início de 2022. Nos bastidores, afirmou que só aceitaria disputar o pleito se fosse candidato de consenso, o que não seria possível devido à resistência de Rui.

No entanto, como tem maior influência interna, manteve a tese da candidatura própria e derrotou internamente a articulação do então governador, o que resultou no rompimento do PP de Leão, que almejava um mandato de governador-tampão.

Dias depois, no lançamento da chapa liderada por Jerônimo Rodrigues (PT), Rui Costa chorou ao falar da amizade com Jaques Wagner, falou em gratidão e disse que havia uma tentativa de “plantar intrigas” entre os dois.

Após as eleições que deram vitória a Jerônimo, Rui e Wagner voltaram a medir forças na formação do secretariado do novo governador, trabalhando para emplacar aliados em postos-chave da administração.

Mas os embates escalaram após a indicação de Peixoto para disputar uma vaga no Tribunal de Contas dos Municípios, cargo vitalício com salário de R$ 42 mil.

Wagner criticou a indicação a aliados, mas evitou dar declarações públicas sobre a disputa. O cenário mudou em fevereiro, quando o petista disse em entrevista ao portal “Metro1” que não concordava com a indicação da esposa do aliado.

Semanas depois, Aline Peixoto foi escolhida para o cargo com maioria na Assembleia Legislativa e Wagner não voltou a falar sobre o assunto. Mas, desde então, cada qual corre em sua própria raia.

Ambos voltaram a discordar sobre a sucessão para a Prefeitura de Salvador. Rui Costa tentou emplacar José Trindade (PSB), que acabou desistindo de concorrer à prefeitura. Wagner, por sua vez, defende que o PT concorra com o deputado estadual Robinson Almeida ou apoie o vice-governador Geraldo Júnior (MDB).

A divisão entre os dois criou um cenário de indefinição que promete se arrastar pelos próximos meses, sob desconfianças e críticas de aliados. A decisão final caberá ao governador Jerônimo Rodrigues, que se equilibra para não melindrar seus dois principais padrinhos políticos.

No cenário político da Bahia, Rui Costa tem maior influência entre partidos aliados do governador e se movimentou para dar musculatura ao Avante, partido que cresceu na esteira do rompimento com o PP. Jaques Wagner, por sua vez, tem maior influência dentro do PT, onde prevalece nas disputas internas.

Entre aliados de Wagner, existe uma visão de que o ministro da Casa Civil quer se manter como protagonista, faz sombra ao governador Jerônimo e não desapega de questões paroquiais da Bahia. Políticos mais próximos a Rui afirmam o contrário e apontam que Wagner quer reafirmar sua liderança.

Os embates já têm como pano de fundo as eleições de 2026, quando ambos planejam concorrer ao Senado. Serão duas vagas em disputa por estado, mas partidos aliados reivindicam ao menos uma das vagas e rejeitam uma chapa 100% petista.

Também pleiteiam uma vaga na chapa o senador Angelo Coronel, que quer concorrer à reeleição, e o ex-deputado federal Ronaldo Carletto, cuja influência política cresceu após assumir a presidência estadual do Avante.

Mesmo com as tensões, aliados descartam um possível rompimento entre Rui e Wagner. Consideram que seria um movimento prejudicial para ambos e criaria instabilidade na base de Jerônimo Rodrigues.

Também lembram que o grupo político adversário foi derrotado em 2006 justamente quando houve uma divisão interna entre aliados do então governador Paulo Souto e do então senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007).

Procurados, nenhum dos dois quis comentar.

Matheus Teixeira/João Pedro Pitombo/Folhapress

Vídeo: Audiência Pública discutiu viabilidade de um banco de sangue em Ipiaú

Foto: Divulgação

Na noite da última sexta-feira, 15 de setembro, uma importante audiência pública foi realizada em Ipiaú para discutir a necessidade e viabilidade da instalação de um banco de sangue na cidade. O evento, promovido pelo Grupo Parceiros do Bem, reuniu dezenas de pessoas no salão da Câmara Municipal.

A audiência pública teve como objetivo principal conscientizar a população sobre a importância de um banco de sangue local, que seria responsável por suprir as demandas transfusionais do município e região. Durante o encontro, foram abordados diversos aspectos relacionados à doação de sangue e os benefícios que a instalação de um banco de sangue traria para a comunidade.

Foto: Divulgação

Várias personalidades da área de saúde de Ipiaú e região estiveram presentes, incluindo médicos, enfermeiros, representantes de hospitais e clínicas. Eles compartilharam suas experiências e conhecimentos, enfatizando a importância de ter um banco de sangue local para atender emergências, cirurgias, tratamentos de doenças crônicas e acidentes.

O Grupo Parceiros do Bem, responsável pela organização do evento, buscou sensibilizar as autoridades e a população em geral para a necessidade de investimentos e parcerias que possibilitem a criação de um banco de sangue em Ipiaú.

A audiência pública foi considerada um momento importante para mobilizar a sociedade em prol dessa causa, despertando o interesse e a participação de todos os envolvidos. Após o evento, espera-se que as discussões e propostas apresentadas possam ser levadas adiante, resultando na efetivação do banco de sangue no município, proporcionando um atendimento mais ágil e salvando vidas. (Giro Ipiaú)


Seleção de Ipiaú vence Jequié por 3 a 1 e garante classificação no Intermunicipal

Foto: Romário Henderson

Neste domingo (17), a seleção de Ipiaú conquistou uma importante vitória em casa, no estádio Pedro Caetano, pelo placar de 3 a 1 contra a equipe de Jequié. Com esse resultado, Ipiaú garantiu sua classificação para a próxima fase do Campeonato Intermunicipal e enfrentará São José da Vitória.

Os gols que garantiram a vitória para a seleção ipiauense foram marcados por Gilvani, Jefinho e Breno, demonstrando a diversidade de talentos e a efetividade do time em campo. Vale ressaltar que essa não foi a primeira vitória de Ipiaú sobre Jequié, já que na primeira partida entre as equipes, a seleção ipiauense havia vencido por 1 a 0, lá em Jequié.

Antes do confronto decisivo, a semana foi marcada por polêmicas envolvendo a Liga Desportiva de Ipiaú e os atletas, o que gerou incertezas sobre a preparação da equipe para o jogo. No entanto, parece que as questões foram resolvidas e a seleção de Ipiaú mostrou-se focada e determinada a continuar sua boa campanha no campeonato.

A vitória e a classificação no Intermunicipal representam um marco importante para o futebol local, celebrando o talento e o esforço dos jogadores que representam a cidade de Ipiaú nessa competição regional. (Romário Henderson/Giro Ipiaú)

Médico e dono de pousada estão entre as 14 vítimas do acidente aéreo no AM; veja lista

O Governo do Amazonas recebeu a lista com os nomes de 12 passageiros que estavam no avião de pequeno porte se acidentou neste sábado (16) no município de Barcelos (a cerca de 400 km de Manaus). A lista completa foi repassada pela Manaus Aerotáxi, empresa responsável pela aeronave.

O acidente, sem registro de sobreviventes, deixou 14 mortos, sendo 12 passageiros e dois tripulantes. O nome completo dos dois tripulantes não foi divulgado: o piloto foi identificado pelo sobrenome Souza e o copiloto como Galvão.

Os passageiros eram, segundo a empresa:Euri Paulo dos Santos
Fabio Campos Assis
Fabio Ribeiro
Gilcresio Salvador Medeiros
Guilherme Boaventura Rabelo
Hamilton Alves Reis
Heudes Freitas
Luiz Carlos Cavalcante Garcia
Marcos de Castro Zica
Renato Souza de Assis
Roland Montenegro Costa
Witter Ferreira de Faria

Gilcresio Salvador Medeiros, 74, era empresário e teve sua morte confirmada pela Pousada Serra da Mesa, em Niquelândia (GO), da qual era dono. Roland Montenegro Costa era médico de Brasília. A confirmação de que ele estava na aeronave foi feita pelo Sindicato dos Médicos do Distrito Federal.

O avião se deslocava de Manaus para o município do interior. Barcelos é um destino que costuma atrair visitantes interessados na pesca esportiva.

Informações iniciais divulgadas pelo governo estadual dão conta de que o grupo que sofreu o acidente estaria em busca desse tipo de lazer na região.

Neste domingo (17), o Governo do Amazonas enviou equipes para auxiliar no transporte dos corpos das vítimas do acidente aéreo. A operação acontece de maneira integrada com a Força Aérea Brasileira.

As equipes contam com um efetivo de dez pessoas do Departamento de Polícia Técnico-Científica, Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas e Polícia Civil do Amazonas e investigadores do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

Os corpos serão levados para Manaus, onde serão periciados pelo Instituto Médico Legal para a identificação e posterior liberação às famílias.

AERONAVE NÃO TINHA PISTA SUFICIENTE PARA FREAR, INDICA APURAÇÃO
Em entrevista coletiva na noite de sábado (16), o secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Vinícius Almeida, afirmou que todos os passageiros seriam turistas brasileiros. Ele disse que ainda não há detalhes conclusivos sobre as causas da ocorrência.

“O momento do acidente era de chuva muito intensa. Teve a informação de que duas aeronaves que estavam antes desse voo optaram por regressar a Manaus em virtude de a segurança no local não permitir o pouso”, afirmou o secretário.

“Não temos detalhes que possam ser conclusivos. Temos alguns relatos. Quero aqui não contaminar a investigação. O que tem de relatos é que a aeronave teria pousado no meio da pista e não teve pista suficiente para frear”, disse em outro momento.

Em nota, a FAB (Força Aérea Brasileira) informou que investigadores do Seripa VII (Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) foram acionados para realizar o atendimento inicial da ocorrência.

Segundo a corporação, o acidente envolveu a aeronave de matrícula PT-SOG. Registros da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) indicam que o avião era da Manaus Aerotáxi, com operação permitida para táxi aéreo.

A empresa lamentou o ocorrido em uma nota divulgada nas redes sociais. No mesmo comunicado, declarou que a segurança é a sua prioridade e que a aeronave e a tripulação atendiam a todas as exigências da aviação civil.

“Contamos com o respeito à privacidade dos envolvidos neste momento difícil e estaremos disponíveis para prestar todas as informações necessárias e atualizações à medida que a investigação avançar”, afirmou a empresa.

João Pedro Pitombo/Folhapress

Deputada do RS é agredida com bala de borracha e spray de pimenta em Porto Alegre

A deputada estadual Laura Sito (PT), presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, foi agredida por guardas municipais com spray de pimenta e balas de borracha em uma manifestação neste sábado, 17, no cruzamento das ruas Senhor dos Passos e dos Andrada, centro histórico da capital gaúcha.

No local há um prédio da Prefeitura de Porto Alegre que é reivindicado por movimentos sociais. O Movimento Nacional de Luta pela Moradia da cidade diz que o imóvel foi cedido para a Prefeitura “com fins culturais” pela Caixa Econômica Federal (CEF). O grupo afirma que “o local foi esvaziado com a promessa de que seria reformado e retornariam. A promessa não foi cumprida e o prédio está na lista de imóveis do município que serão leiloados”.

A Prefeitura de Porto Alegre diz que o prédio foi invadido na madrugada de sábado, quando a notícia do leilão veio a público. O episódio deu início a uma “rodada inicial de negociações com o grupo invasor a fim de recuperar o imóvel”.

A nota divulgada pela administração diz que, diante da repercussão do caso, o prefeito Sebastião Melo (MDB) desistiu de vender o prédio e concordou em destiná-lo para programas sociais de habitação. “Ficou acordado que não haverá ingresso de novos manifestantes, estão asseguradas entregas de alimentação em horários previamente combinados e o prédio permanecerá isolado e monitorado pela Guarda Municipal e Brigada Militar”, diz a Prefeitura.

De acordo com o que Laura Sito divulgou nas suas redes sociais, o conflito do sábado começou porque apoiadores do movimento tentaram ingressar no prédio com alimentos, mas foram barrados por guardas municipais. Nos vídeos publicados pela parlamentar, é possível ver as agressões com spray de pimenta. Ela registrou boletim de ocorrência e divulgou imagens da sua perna atingida por balas de borracha.

A deputada afirma que, quando estava registrando Boletim de Ocorrência, recebeu uma ligação de Melo comunicando a desistência da venda do prédio. Em 2020, o prefeito ganhou as eleições no segundo turno contra a ex-presidenciável Manuela D’Ávila (PCdoB).

A Prefeitura também disse que abrirá um procedimento administrativo para investigar a ação da Guarda Municipal no caso e o comandante do órgão, Marcelo Nascimento, disse que a abordagem deste sábado “foge à normalidade das ações da corporação”.

A cidade de Porto Alegre recentemente foi parar nas manchetes nacionais por causa da criação do feriado do Dia do Patriota, cuja data escolhida foi o 8 de janeiro – quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Diante da repercussão negativa, os vereadores se uniram e revogaram o feriado.

Isabella Alonso Panho/Estadão

Queda de avião deixa 14 mortos no interior do Amazonas

Um acidente com um avião de pequeno porte deixou 14 mortos na tarde deste sábado (16) no município de Barcelos (a cerca de 400 km de Manaus), no interior do Amazonas.

A relação de vítimas inclui 12 passageiros e dois tripulantes, segundo o governo estadual. Não há registros de sobreviventes.

Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram os destroços do avião próximos a uma estrada de terra batida. Chovia no momento do acidente, que ocorreu durante a tentativa de pouso no aeroporto de Barcelos, conforme o governo estadual.

Duas das 14 vítimas foram identificadas por familiares e amigos.

Uma delas é o empresário Gilcresio Salvador Medeiros, de 74 anos. A notificação de que ele é uma das vítimas foi feita pelo perfil da Pousada Serra da Mesa, em Niquelândia (GO), que pertence a Medeiros – e é umas das maiores pousadas do país no segmento da pesca esportiva.

Já a segunda vítima identificada trata-se do médico brasiliense Roland Montenegro Costa. A confirmação de que ele estava na aeronave foi feita pelo Sindicato dos Médicos do DF.

As outras 12 vítimas ainda não tiveram os nomes confirmados pelas autoridades e familiares.

O avião se deslocava de Manaus para o município do interior. Barcelos é um destino que costuma atrair visitantes interessados na pesca esportiva.

Informações iniciais divulgadas pelo governo estadual dão conta de que o grupo que sofreu o acidente estaria em busca desse tipo de lazer na região.

Em entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Vinícius Almeida, afirmou que todos os passageiros seriam turistas brasileiros. Ele disse que ainda não há detalhes conclusivos sobre as causas da ocorrência.

“O momento do acidente era de chuva muito intensa. Teve a informação de que duas aeronaves que estavam antes desse voo optaram por regressar a Manaus em virtude de a segurança no local não permitir o pouso”, afirmou o secretário.

“Não temos detalhes que possam ser conclusivos. Temos alguns relatos. Quero aqui não contaminar a investigação. O que tem de relatos é que a aeronave teria pousado no meio da pista e não teve pista suficiente para frear”, disse em outro momento.

Em nota, a FAB (Força Aérea Brasileira) informou que investigadores do Seripa VII (Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) foram acionados para realizar o atendimento inicial da ocorrência.

Segundo a corporação, o acidente envolveu a aeronave de matrícula PT-SOG. Registros da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) indicam que o avião era da Manaus Aerotáxi, com operação permitida para táxi aéreo.

A empresa lamentou o ocorrido em uma nota divulgada nas redes sociais. No mesmo comunicado, declarou que a segurança é a sua prioridade e que a aeronave e a tripulação atendiam a todas as exigências da aviação civil.

“Contamos com o respeito à privacidade dos envolvidos neste momento difícil e estaremos disponíveis para prestar todas as informações necessárias e atualizações à medida que a investigação avançar”, afirmou a empresa.

Segundo o governo estadual, os corpos das vítimas foram removidos para uma escola, onde ficarão acondicionados durante a noite.

A expectativa é que o translado para Manaus ocorra neste domingo (17). Após os trâmites necessários no IML (Instituto Médico Legal), os corpos devem ser liberados para as famílias.

Nas redes sociais, o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), disse lamentar profundamente a morte dos 12 passageiros e dos dois tripulantes.

“Nossas equipes estão atuando, desde o primeiro momento, para prestar o apoio necessário. Aos familiares e amigos, minha solidariedade e orações”, declarou.

O Governo do Amazonas não confirmou a identidade das vítimas na entrevista coletiva realizada neste sábado.

Leonardo Vieceli/Luis Eduardo de Sousa/Folhapress

Decisão sobre Odebrecht consolida ofensiva de Lula, STF e PGR contra Lava Jato

A decisão do ministro Dias Toffoli de declarar imprestáveis as provas da Odebrecht contra políticos atingidos pela Lava Jato e de determinar a investigação criminal de procuradores que firmaram o acordo de leniência com a empreiteira consolida a ofensiva de uma ala do Judiciário, da PGR (Procuradoria-Geral da República) e do governo Lula (PT) contra integrantes da operação.

O Executivo petista trata a história da Lava Jato como uma armação para apear o partido do poder. Por um lado, o discurso foca abusos cometidos pela operação mas, por outro, minimiza crimes confessados e verbas bilionárias recuperadas.

Além da decisão de Toffoli, diversas outras medidas foram tomadas para enfraquecer as investigações. A maioria delas se refere a fatos que são de conhecimento público há muito tempo, mas que só agora, no governo Lula, despertaram interesse de serem punidas por autoridades.

A avaliação de integrantes de tribunais superiores é que o clima contra a Lava Jato facilita a reparação de abusos cometidos pela operação. Eles também pontuam que as decisões anti-Lava Jato servem para fazer gestos a Lula, responsável por nomear os cargos vagos nas mais importantes cortes do país.

A operação já sofria um processo de esvaziamento desde a saída de Sergio Moro da magistratura para assumir o Ministério da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL). Isso foi ampliado com a ascensão de Augusto Aras ao posto de procurador-geral da República e com o fim do apoio à operação por parte de Bolsonaro, após ele tomar posse como presidente.

Agora, o movimento ganhou ainda mais força e mira nos agentes que foram responsáveis pelas investigações.

Nem mesmo o foro privilegiado conferido a parlamentares tem sido suficiente para blindar integrantes da operação. O ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal), Deltan Dallagnol, teve o mandato de deputado federal cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com base na lei que veta procuradores com processos administrativos pendentes de disputar eleição.

Lula, por sua vez, chegou a lembrar publicamente, já como presidente, que durante a prisão costumava afirmar que só iria “ficar bem quando foder com o Moro”.

O governo aproveitou a decisão de Toffoli para reforçar a ofensiva contra lava-jatistas.

No mesmo dia da ordem judicial de Toffoli, a AGU (Advocacia-Geral da União) criou uma força-tarefa para verificar se foram cometidas irregularidades na operação; o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), prometeu pedir à Polícia Federal para investigar o acordo de leniência da Odebrecht; e a CGU (Controladoria-Geral da União) afirmou que já analisava a decisão do magistrado antes mesmo de ser notificada sobre a ordem judicial.

Dino é um dos responsáveis por enfraquecer a operação também dentro da PF, que por anos foi um dos sustentáculos da Lava Jato. Isso ficou claro no início de setembro, durante cerimônia de formatura de novos servidores da corporação.

“Eu quero garantir ao senhor, presidente Lula, que essa Polícia Federal hoje, toda ela, está a serviço de uma única causa, que é a sua causa, a causa do Brasil. Nós abolimos tentações satânicas, de espetacularizações, de abusos, de forças-tarefas ilegais. Tudo isso ficou no passado. Hoje temos uma polícia dedicada a servir a população”, declarou Dino, na ocasião.

Toffoli também mandou em sua decisão o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), o TCU (Tribunal de Contas da União) e a PGR apurarem a atuação da Lava Jato no acordo de leniência com a Odebrecht.

Parte desses órgãos, aliás, já havia iniciado uma ofensiva contra a operação.

A Corregedoria do CNJ, por exemplo, anunciou em maio a realização de uma correição extraordinária na 13ª Vara de Curitiba, onde teve início a Lava Jato, e na 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), responsável em segunda instância pelas apurações.

Nesta semana, divulgou um relatório em que afirma ter encontrado “uma gestão caótica” e “possível conluio” no controle de valores oriundos entre acordos de delação premiada e leniência firmados com a força-tarefa da operação em Curitiba e homologados pela vara que estava sob responsabilidade de Moro.

Antes disso, o CNJ havia imposto revés a outro importante integrante da Lava Jato. Em fevereiro, o conselho abriu processos disciplinares e afastou do cargo o juiz Marcelo Bretas, responsável pela operação no Rio de Janeiro.

Na ocasião, foram analisadas três reclamações contra Bretas. Uma delas foi do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que o acusou de tê-lo prejudicado intencionalmente nas eleições para governador em 2018, devido à divulgação de uma delação premiada que atingia o político.

O caso só foi analisado neste ano. Outros dois processos também levaram ao afastamento de Bretas, em julgamento sigiloso em fevereiro.

Trata-se de uma representação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) com base em denúncias de um advogado contra o juiz afastado, e de outro processo da Corregedoria do CNJ iniciado após fiscalização apontar “deficiências graves” na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

O STJ (Superior Tribunal de Justiça), que no passado respaldou decisões da Lava Jato, inclusive a condenação de Lula, também passou a impor derrotas à operação nos últimos meses.

O tribunal, por exemplo, mandou Deltan pagar R$ 75 mil de indenização a Lula em razão da entrevista coletiva em que expôs um PowerPoint contra o petista para explicar a denúncia apresentada contra o líder do PT em 2016.

Assim como Deltan, Moro, que foi o principal juiz da operação, tem o seu mandato parlamentar ameaçado. Ele é réu em uma ação de investigação eleitoral sob suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha de 2022. Atualmente busca construir pontes com o Judiciário para manter seu mandato.

No dia seguinte à cassação de Deltan, Moro se reuniu com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

Moro também esteve em audiências com os ministros do STF Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.

Em gestos considerados como acenos aos ministros, Moro não assinou o pedido de impeachment de Barroso e criticou a hostilidade a Moraes no aeroporto internacional de Roma. Também quis deixar claro que não era contra a indicação de Cristiano Zanin ao Supremo por Lula —seu adversário nos tempos de Lava Jato—, por questões pessoais.

Matheus Teixeira/Folhapress

Blogueiro bolsonarista diz que polícia paraguaia tentou prendê-lo e pede doações via Pix

A Polícia Nacional do Paraguai realizou uma nova tentativa de prender o influenciador bolsonarista Oswaldo Eustáquio na manhã de sábado (16). Agentes estiveram no apartamento onde ele vive em Assunção, segundo ele próprio disse à reportagem. Nas redes sociais, o blogueiro pede doações em Pix. Segundo ele, o recurso serviria para a alimentação dos filhos, que estão no Brasil.

Eustáquio teve a prisão decretada em 26 de dezembro de 2022 pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Segundo o ministro, Eustáquio descumpriu medidas cautelares impostas a ele depois de sair da prisão, em 2021, e organizou manifestações que pediam um golpe militar no Brasil – o que é inconstitucional.

Moraes determinou a inclusão do nome do blogueiro na Difusão Vermelha, lista dos mais procurados da Interpol. Em março deste ano, Eustáquio chegou a ser preso pelas autoridades paraguaias, mas não foi deportado porque há um pedido de asilo feito por ele e pendente de julgamento pelo país vizinho.

“Levaram um serralheiro para entrar (no apartamento), mas eu estava na fisioterapia. Soube apenas quando cheguei”, disse ele por meio de mensagem de texto. Segundo ele, a tentativa de prisão aconteceu em parceria com o Comando Tripartite, um mecanismo de cooperação entre Brasil, Paraguai e Argentina.

Na última quinta-feira (15), três bolsonaristas que estavam no Paraguai foram presos e deportados para o Brasil. Um deles, o blogueiro Wellington Macedo de Souza, foi condenado a seis anos de prisão pela tentativa de explodir uma bomba em um caminhão no Aeroporto de Brasília, na noite da véspera de Natal de 2022.

Os outros dois são a empresária paulista Rieny Munhoz e o radialista capixaba Maxcione de Abreu, também conhecido como Max Pitangui. Ambos são acusados de participar de atos antidemocráticos. Os dois e Wellington Macedo já chegaram ao Brasil e foram encaminhados ao presídio da Papuda, em Brasília.

Segundo Eustáquio, vários militantes bolsonaristas com pedido de asilo no Paraguai foram convocados a comparecer nos escritórios da Conare (a Comissão Nacional de Apátridas e Refugiados) paraguaia na manhã de quinta-feira. Lá chegando, receberam a notícia de que seus pedidos de asilo tinham sido negados e foram presos em seguida.

Para Eustáquio, trata-se de uma violação do direito internacional. “Saíram correndo com a Rieny, não deixaram ela nem parar para fazer um lanche. Em três horas ela estava no Brasil”, disse ele.

André Shalders/Estadão

Curaçá recebe Centro Educacional em tempo integral, com investimento de R$ 23,8 milhões do governo do Estado

Com recursos que ultrapassam R$ 23,8 milhões investidos em obras para as áreas de educação, segurança pública e agricultura familiar, o governador Jerônimo Rodrigues visitou o município de Curaçá, na manhã deste sábado (16), para realizar inaugurações de quatro importantes equipamentos. Ele inaugurou o Centro Territorial de Educação Profissional em Tempo Integral Maria Almeida Araújo, a nova sede da Delegacia Territorial e deu por entregue obras realizadas em duas unidades de beneficiamento, uma de leite de cabra e outra de frutas e mandioca.
A obra do Centro Territorial de Educação Profissional em Tempo Integral Maria de Almeida Araújo é resultado de parceria entre a Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC) e a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), representando um investimento de mais de R$ 21,7 milhões. A nova unidade de ensino da rede estadual conta com 14 salas de aula, biblioteca, três laboratórios para atividades de Biologia/Química, Física/Matemática e Informática, sala de dança, teatro com capacidade para 200 espectadores, e restaurante estudantil, com 200 lugares. O equipamento ainda dispõe de vestiários, quadra poliesportiva coberta, campo de futebol society com pista de atletismo, além de horta escolar.
Jerônimo destacou o potencial de transformação que a escola inaugurada possibilita a crianças e jovens de Curaçá. “Essa entrega de hoje tem uma marca muito forte do que nós estamos vivendo e tratando diariamente. Entregamos uma escola de tempo integral, educação profissional. Um espaço de aprendizagem, mas, ao mesmo tempo, de acolhimento. É ali que os nossos estudantes são recebidos, bem tratados e educados”, salientou o governador.
Hevylly Rannyelly tem 16 anos e é aluna do 1° ano do Centro Territorial de Educação Profissional, em Curaçá, destaca a emoção que a entrega da nova escola trouxe. “Pode ajudar com o desenvolvimento e incentivar mais a evoluir. Hoje, sinto mais animação do que antigamente. De estudar mais, de querer um futuro”. Ainda para a educação de crianças e jovens de Curaçá, o governador também entregou um ônibus escolar, uma iniciativa que melhora a mobilidade dos estudantes e promove a igualdade de oportunidades educacionais, com recursos de R$ 237 mil.

Durante a visita do governador, foi inaugurada ainda a Delegacia Territorial, parte de um amplo projeto de modernização das estruturas físicas da Secretaria de Segurança Pública, em toda a Bahia. Essa iniciativa fortalece a presença policial na região, garantindo maior segurança à população de Curaçá e municípios vizinhos. Esta nova estrutura, resultado de um investimento de R$ 1,3 milhão, engloba a construção do prédio, aquisição de mobiliário e de equipamentos de informática.

“Essa é a 45ª unidade desse programa revolucionário. São mais de 200 unidades entre construção e reforma, um investimento de quase R$ 200 milhões. Nessa unidade, investimos para fazer um local acolhedor, digno para os nossos policiais civis e com atendimento individualizado. Isso traduz o respeito e o reconhecimento do Governo com a Polícia Civil, e nós vamos continuar trabalhando firme para proteger, cuidar e servir a população baiana”, afirmou a Delegada-Geral Heloísa Brito.

A Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), coordenou a obra de reforma e ampliação da Unidade de Beneficiamento de Frutas e Mandioca, juntamente com a requalificação da Unidade de Beneficiamento de Leite de Cabra na comunidade de Poço de Fora. O investimento total para os dois equipamentos foi de R$ 600 mil e colabora para a promoção da produção agrícola sustentável e impulsiona a geração de renda para os agricultores da região.


Secom - Secretaria de Comunicação Social - Governo da Bahia

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