Cidades fazem corrida para alargar praias e projetam usar 12 Maracanãs de areia

Foto: Divulgação/Prefeitura de Santa Catarina

A corrida nos últimos seis anos por obras no litoral no país projeta o uso de uma quantidade de areia equivalente ao volume de 12 Maracanãs para alargamento de praias.

A estratégia é a mais defendida atualmente por parte dos oceanógrafos para mitigar a erosão costeira. Especialistas, porém, criticam seu alto custo de realização e manutenção, bem como apontam a existência de projetos limitados que podem gerar problemas ao longo do litoral no futuro.

Levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo identificou 24 intervenções de grande porte realizadas entre 2018 e 2023 ou projetadas para ocorrer nos próximos anos.

Além das engordas de praia, que ganhou projeção nacional após as obras em Balneário Camboriú (SC) em 2021, há também a construção de espigões, estrutura rígida, geralmente de pedra, perpendicular à praia para reter areia.

As obras têm como objetivo mitigar a erosão costeira, que atinge cerca de 60% do país, segundo o livro “Panorama da Erosão Costeira no Brasil”, publicado em 2018. Miram também a ampliação de áreas de lazer e o desenvolvimento turístico das cidades.

“É uma corrida perigosa dos municípios. Esse tipo de empreendimento tem que ser muito bem estudado e não pode ser uma panaceia. Tem que ver o motivo da erosão e tomar procedimentos técnicos embasados, para não acontecer o que já vimos ocorrer em muitos lugares: gastar um dinheirão com uma engorda e não adiantar nada”, afirma Ana Paula Prates, diretora do Departamento de Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente.

O uso da técnica de engorda de praia é antigo no país. O exemplo mais conhecido é a praia de Copacabana, no Rio, na década de 1970. Ela ganhou força em Santa Catarina no fim da década de 1990. Balneário Piçarras (SC) fez seu primeiro projeto em 1998. Balneário Camboriú realizou um plebiscito em 2001 aprovando a obra, executada 20 anos depois.

O oceanógrafo Antônio Klein, da UFSC, vê como positivo o crescimento do uso da técnica. Ele participou de pesquisas na década de 1990 para identificação de jazidas de areia para os projetos. “Melhor colocar areia na praia do que rocha ou concreto”.

Klein se refere às obras de enrocamento tradicionalmente feitas em casos emergenciais, como ressacas. As estruturas de pedras se espalharam pelo país para proteção da estrutura urbana das orlas, mas foram responsabilizadas por agravar a erosão costeira no médio prazo. Elas ampliam a força do impacto das ondas e, por consequência, aumentam a retirada de areia da praia —o chamado “efeito reflexivo”.

“A alimentação de praia tenta reproduzir o ambiente e assim criando uma zonação morfológica e biológica, resgatando os serviços ecológicos que já não existiam mais”, disse ele.

O professor Paulo Pagliosa, do Núcleo de Estudos do Mar da UFSC, critica o fato das engordas de praia exigirem uma manutenção constante, com novas aplicações de areia ao longo do tempo.

“A ideia do alargamento da praia faz mais sentido para criar mais espaço para o turista consumir e para os políticos se beneficiarem. É uma obra efêmera, que exige manutenção sucessiva e bem cara. Mas há um aquecimento do mercado da engenharia nessa porção. Nossa crítica vem desse aproveitamento empresarial e político dessa solução”, disse ele.

A obra em Balneário Camboriú (SC) custou R$ 66 milhões, custeados por empresários locais. Jaboatão dos Guararapes (PE), que realizou o alargamento de praia em 2013, planeja nova intervenção ao custo estimado de R$ 70 milhões.

Klein afirma que é necessário um programa de monitoramento e planejamento para realimentação da areia. “Estes projetos de monitoramento e realimentação têm de estar no orçamento obrigatoriamente, pois, como toda obra, necessita de manutenção. Funcionam para o tempo planejado”.

Contudo, algumas obras do tipo já realizadas sequer executam seu projeto por inteiro.

Piçarras, por exemplo, fez a engorda com 800 mil m³ de areia em 1999, mas não construiu os espigões previstos para reter os sedimentos. As ondas praticamente acabaram com a alimentação realizada e nova obra foi feita em 2012. As estruturas de pedra foram erguidas e nova engorda foi realizada com apenas metade do volume projetado.

Algo semelhante ocorreu em Natal (RN) no projeto de ampliação da praia de Ponta Negra. O estado projetou realizar a alimentação artificial em 2013, mas, antes, construiu um enrocamento para proteger emergencialmente o calçadão da praia. A engorda acabou não sendo colocada, e a estrutura rígida que consumiu cerca de R$ 5 milhões acabou agravando a erosão.

As duas cidades agora fazem parte da lista de novos projetos a serem executados. Somados aos já realizados desde 2018, as intervenções previstas no país levarão à instalação de, no total, 24,5 milhões de m³ de nova areia na orla do país —o equivalente a 12 vezes o volume do estádio do Maracanã. A estimativa de custo total chega a R$ 1,8 bilhão.

Ainda que viva um “boom” dessas obras, o Brasil movimenta um volume bem menor de sedimentos do que os Estados Unidos, cujo litoral tem o triplo de extensão do brasileiro. Lá foram usados na década de 2010 cerca de 36 milhões de m³ de areia por ano, em média, para ampliar ou manter alargamentos, segundo artigo apresentado na Conferência da Associação para Preservação da Costa e Praia Americana em 2019.

O oceanógrafo Ricardo Haponiuk, coordenador da Anama (Associação Nacional dos Órgãos Municipais de Meio Ambiente), afirma que o governo federal deve ampliar sua participação na confecção dos projetos. Para ele, é importante “entender o contexto regional, ou até mesmo subnacional, para saber de onde está vindo aquele problema”.

Ele cita como exemplo o município de Itapoá (SC), do qual foi secretário de Meio Ambiente. A cidade passou a sofrer com a erosão na praia após a dragagem necessária para a instalação de um porto na cidade vizinha, São Francisco do Sul (SC). A cidade agora tem pronto o maior projeto de engorda do país, utilizando 12 milhões de m³ de areia retirada da baía ao custo de R$ 480 milhões.

“O governo federal deveria assumir esse protagonismo, porque muitos dos problemas que foram causados nas cidades têm dedo de algum ministério que, por alguma razão, fomentou ou patrocinou obras”, afirma Haponiuk.

Barragens ao longo dos rios também tiram areia das praias. Essa é uma das razões apontadas para a destruição da praia de Atafona, em São João da Barra (RJ), exemplo clássico de erosão costeira no país, afetadas pelas estruturas instaladas no rio Paraíba do Sul.

Outra fragilidade vista é a falta de estudos sobre o impacto das intervenções ao longo da faixa de costa. Caucaia (CE), por exemplo, atribui aos espigões de Fortaleza erguidos na década de 1970 a erosão costeira de seu litoral. Após 30 anos de destruição da praia, a cidade vizinha à capital cearense agora ergueu as próprias estruturas para reter a areia.

“Está todo mundo correndo, cada um para um lado, para tentar sobreviver, mas não existe uma organização nisso. Cada um está tentando ganhar uma sobrevida da sua praia. Mas, no final das contas, é um problema crônico que a gente tem no país”, diz Haponiuk.

Prates, do MMA, diz que a erosão costeira deve integrar o Plano Nacional de Mudança do Clima, em atualização no governo.

Todos os especialistas afirmam que as obras não são capazes de impedir o avanço do mar em caso de elevação significativa dos oceanos em razão do aquecimento global.

“A longo prazo tudo vai por água abaixo. Não tem muito como segurar. Mas enquanto isso as pessoas vão segurando. Uma proteção talvez dê uma garantia de 30, 40 anos. Depois, vamos ver como fica”, disse o geógrafo Dieter Muehe, coordenador do “Panorama da erosão costeira no Brasil”.

SÉRIE MOSTRA EFEITO DE OBRAS EM PRAIAS BRASILEIRAS

A série Praias Alteradas ouviu especialistas e autoridades envolvidas nas dezenas de obras realizadas nos últimos anos no litoral do país. As reportagens mostram quais os motivos que levaram aos investimentos, as falhas nos projetos e possíveis consequências futuras com a alteração da costa brasileira.

Os textos também vão apontar quais os impactos locais das intervenções e como muitas falhas se repetem em diferentes municípios do país, que não contam com uma integração regional ou nacional para combater a erosão costeira.



Italo Nogueira/Folhapress

Lula exclui Forças Armadas de organização da COP-30; logística e segurança preocupam

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Passada a COP-28, em Dubai, e faltando dois anos para organizar um evento com essa magnitude, o governo brasileiro já se mobiliza para os preparativos. Um decreto de junho, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criou o Conselho Nacional para a 30ª Conferência, e nas redes sociais autoridades, como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), comemoraram recentemente a oficialização da escolha do Brasil.


Os preparativos que vão envolver toda a Esplanada e o governo do Pará, até agora, não incluem o Ministério da Defesa e as Forças Armadas. E, o fato tem sido motivo de preocupação entre militares que já participaram da organização de grandes eventos, como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, na década passada. Na opinião desses oficiais seria arriscado excluir as Forças Armadas desde o começo da organização. Procurado, o Ministério da Casa Civil, designado para responder sobre o assunto, não se manifestou.

Eles assinalam que, diferentemente da Olimpíada, que ocorreu no Rio de Janeiro, uma cidade com uma consolidada estrutura para receber turistas, Belém é uma capital menor, está localizada no Norte do País e, não sendo por via aérea, só há uma estrada (a Belém-Brasília) que permite chegar lá.

Embora estejam previstos, por exemplo, muitos investimentos em rede hoteleira, atualmente, existem apenas 5.712 quartos de hotel em todas as categorias em Belém – dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Pará (ABIH-PA) – que, somados a hostels e leitos em áreas mais distantes, devem chegar a aproximadamente 12 mil. Por enquanto, 14 chefes de Estado já foram convidados para a Cúpula da Amazônia.

O ponto do decreto que mais preocupa os militares é o que autoriza a deliberar sobre os procedimentos necessários para a preparação da “infraestrutura e da logística da COP-30″. Oficiais observam que as Forças Armadas têm plenas condições para ajudar nesses pontos, bem como para assumir a organização da área de defesa e segurança, inclusive pela necessidade de tropas especiais de combate ao terrorismo, à guerra química e bacteriológica e outras áreas altamente especializadas.

Até agora, o Conselho Nacional é composto pelos titulares dos seguintes órgãos: Casa Civil da Presidência da República, que fará a coordenação; Ministério das Cidades; Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Ministério do Planejamento e Orçamento; e Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o decreto, eles vão promover a interlocução com os órgãos e as entidades federais, estaduais, distritais e municipais e com a sociedade civil relativas à preparação da República Federativa do Brasil para a realização da COP-30; aprovar plano de atividades para a realização da COP-30; deliberar sobre os procedimentos necessários para a preparação da infraestrutura e da logística da COP-30; e estabelecer a estrutura de governança e de deliberação para a preparação e o acompanhamento da organização da COP-30.

O evento, assim como ocorreu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, deve durar cerca de duas semanas e será fundamental para a ação global contra as mudanças climáticas. Além dos chefes de Estado e de Governo, está prevista a participação de diplomatas de 200 países. Contando com Organizações Não Governamentais (ONGs) e outras entidades, acredita-se que cerca de 70 mil pessoas estejam em Belém durante o período da COP-30.

Monica Gugliano/Estadão

Lira diz que Congresso não legislar não abre espaço para que outros Poderes o façam

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a defender a competência do Congresso Nacional em legislar, diante do embate entre parlamentares e o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre pautas como aborto, descriminalização das drogas ou o marco temporal.

Em entrevista para a TV Câmara publicada nesta terça-feira (2), Lira refutou a ideia de que o Congresso seja omisso —argumento utilizado por quem defende as decisões recentes do STF nestes temas.

“O Congresso Nacional, às vezes, quando decide não legislar, ele está legislando. Não abre espaço para que outros Poderes o façam”, afirmou o presidente da Câmara e líder do bloco do centrão.

“Se você tem um Congresso eleito para aquele período temporal, de quatro anos na Câmara e oito anos no Senado, aqueles são os representantes da população para aquele período. Aqueles receberam a autorização, a procuração popular para representá-los nas suas decisões”, completou.

Nos últimos meses, vem crescendo a tensão entre parlamentares e o STF. O Senado, por exemplo, aprovou no final do ano uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) contra decisões monocráticas da corte.

Também foi apresentada pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), outra proposta para criminalização de todo tipo de droga, em qualquer quantidade.

Foi uma resposta contra a decisão do Supremo, que até agora tem 5 dos 6 votos necessários para descriminalizar porte de drogas para uso pessoal.

Também entram na lista de tensões a possibilidade de julgamento do aborto, além do marco temporal, tese que foi refutada pelo STF, mas que foi aprovada em lei pelo Congresso.

Em 2023, a bancada ruralista e a oposição chegaram a realizar uma obstrução da pauta da Câmara como protesto contra as movimentações do Supremo. Segundo os parlamentares, os ministros da corte tem interferido nas competências do Congresso de legislar.

Na entrevista desta terça-feira, Lira também defende que o Congresso dê atenção para outras reformas e que se volte para mudanças na lei que visem garantir as liberdades individuais e os direitos nas redes sociais e na internet.

“Estamos em busca de outras reformas que são pilares de um Estado que se programa, que tem que estar atento às modificações de uma sociedade que evoluí muito rapidamente”, disse.

“Esse movimento cibernético, de redes sociais, de uma vida paralela que não a analógica, mas uma vida digital muito rápida, vai exigir de nós congressistas que algumas modificações [na lei] aconteçam, para que a Constituição também abrace, também acolha em salvaguarda os direitos individuais de uma vida que muda muito. A realidade virtual é muito diferente da realidade real que a gente vive no nosso dia a dia.”

Lira é um dos fiadores do projeto de lei das fake news, que cria obrigações e responsabilidades para as plataformas digitais. Criticado pelas big techs, a proposta foi um dos principais temas do ano na Câmara, mas acabou não sendo votada, por falta de acordo.

Débora Sabino e João Gabriel, Folhapress

Inflação dos alimentos deve voltar à cena em 2024 sob efeito do El Niño

Após a provável deflação (queda) no acumulado de 2023, os preços dos alimentos consumidos em casa devem subir no Brasil em 2024 sob impacto do fenômeno climático El Niño.

Segundo economistas, a tendência é que a alta não seja tão intensa quanto os aumentos registrados em 2020, 2021 e 2022, mas o avanço pode gerar desconforto para o bolso dos consumidores, principalmente dos mais pobres.

Essa projeção está associada ao fato de que as famílias de menor renda destinam uma fatia maior do orçamento, em termos proporcionais, para a compra de alimentos.

“O cenário do ano que vem tende a ser mais desafiador, porque pintou o El Niño. Ele já vem provocando alterações de clima, e isso é ruim para a agricultura”, afirma o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

“O receio é que o fenômeno possa afetar as safras, atrasando o plantio ou a colheita. O ano que vem não vai refletir o cenário de 2023, e isso vai pesar mais para as famílias de baixa renda. Os alimentos voltam para a cena”, completa.

No acumulado de 12 meses até novembro de 2023, a alimentação no domicílio acumulou queda de 1,14%, conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O resultado fechado do ano será divulgado no dia 11 de janeiro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Braz projeta que a queda da alimentação no domicílio será de 0,93% nos 12 meses até dezembro de 2023. Para o acumulado do próximo ano, a estimativa dele é de alta de 3,9%.

Conforme o economista, além de afetar a produção de culturas de ciclo mais curto, como hortifrúti, a mudança na distribuição de chuvas causada pelo El Niño pode mexer com as cotações de commodities como soja e milho no mercado internacional.

Os grãos servem como base para a fabricação de rações, o que traz risco de reflexos nos preços das carnes. “Se o mercado entende que haverá atrasos nas safras, começa a alterar suas expectativas”, afirma Braz.

Apesar de pressão em dezembro, a alimentação no domicílio acompanhada pelo IPCA-15 fechou 2023 com queda (deflação) de 0,82% no acumulado do ano. É a primeira redução desse subgrupo desde 2017 (-5,18%).

Caso a alimentação no domicílio confirme a queda no acumulado de 2023 também no IPCA, índice oficial de inflação, marcará a primeira deflação em um ano cheio desde 2017. À época, os preços acumularam redução de 4,85%.

Os alimentos subiram nos anos seguintes, com destaques para as variações registradas em 2020 (18,15%), 2021 (8,24%) e 2022 (13,23%).

Nesses três anos, a inflação da comida foi pressionada por uma combinação de fatores que incluiu problemas climáticos e encarecimento de insumos com a pandemia e a Guerra da Ucrânia.

O banco Santander projeta queda de 1,3% para a alimentação no domicílio no acumulado de 2023 e alta de 3,8% neste ano.

“Para o começo de 2024, ainda tem o efeito do El Niño, que, segundo os modelos, deve alcançar o pico em dezembro ou na virada do ano e depois desacelerar. De toda forma, vai continuar impactando a inflação”, diz Adriano Valladão, economista do Santander.

Ele destaca que os preços das carnes, que caíram ao longo de 2023, devem subir em 2024 em razão de uma “virada” no chamado ciclo da pecuária. Em outras palavras, a oferta de produtos tende a ficar menor no ano que vem, o que deve jogar alguma pressão na inflação da proteína animal.

Apesar disso, Valladão considera que o cenário ainda é benigno, já que a alta prevista para os alimentos em 2024 é mais moderada do que os aumentos vistos antes de 2023.

Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, projeta inflação de 4,9% para a alimentação no domicílio neste ano.

De acordo com ele, há preocupação com possíveis efeitos do El Niño em safras como as de milho, soja e trigo, além de potenciais prejuízos à produção de hortifrúti.

Na visão de Vale, a inflação dos alimentos se desenha como o principal vetor de alerta para o BC (Banco Central) em 2024. “Vai ter aumento de preços, mas não deve ser tão brutal como no último ciclo de alta”, pondera.

O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) disse ter elevado um pouco o impacto do El Niño sobre a inflação da comida em suas projeções, conforme ata publicada no dia 19 de dezembro.

De acordo com boletim da OMM (Organização Meteorológica Mundial) divulgado em novembro, há 90% de probabilidade de que o fenômeno climático, associado ao aumento das temperaturas mundiais, persista até abril de 2024.

Em 2023, a ampliação da safra agrícola e a baixa de parte dos custos produtivos ajudaram a frear os preços de alimentos no Brasil. Com essa trégua, a inflação sentida pelas famílias mais pobres cedeu.

No acumulado de 12 meses até novembro, a alta dos preços dos itens consumidos pelos brasileiros com rendimento considerado muito baixo foi de 3,38%, de acordo com indicador divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Trata-se da menor inflação entre as seis faixas de renda analisadas pelo órgão.

Leonardo Vieceli, Folhapress

Feriado de ano novo tem queda no índice de mortes nas rodovias

Outro foco da operação foi o combate à mistura álcool e direção - 
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) encerrou, na segunda-feira, 1, a Operação Ano Novo. Desde a última sexta-feira (29), policiais nas cinco regiões do país intensificaram o trabalho de fiscalização, prevenção de acidentes e combate à criminalidade.

Nos quatro dias de atividades, a PRF registrou 725 acidentes. Destes, 193 considerados graves. O número de mortes caiu 25% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Ao todo, 56 pessoas morreram e 903 ficaram feridas no último feriado em acidentes nas rodovias federais.

A fiscalização flagrou 5.479 ultrapassagens em locais proibidos, índice 51% maior que o registrado na mesma operação no ano passado, quando 3.636 motoristas foram autuados por realizar ultrapassagens de forma irregular. No período, a PRF capturou 24.127 imagens de veículos circulando acima do limite de velocidade permitida nas vias.

Outro foco da operação foi o combate à mistura álcool e direção. Ao todo, houve 988 autuações de condutores por recusa ao teste que verifica se o condutor consumiu bebida alcoólica antes de dirigir ou por dirigir veículo sob efeito de álcool.



Lula sanciona Orçamento com vetos a calendário para pagamento de emendas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta terça-feira (2) a Lei de Diretrizes Orçamentárias com regras para execução do Orçamento neste ano.

O mandatário, no entanto, vetou o dispositivo aprovado pelo Congresso que estabelecia um cronograma para liberação do recurso das emendas para as obras e municípios escolhidos pelos parlamentares.

A medida ampliava o poder do Legislativo sobre o tema, uma vez que atualmente não há um calendário definido para execução desta verba.

Historicamente, os governos usam isso como moeda de troca em negociações com o Congresso. É comum haver um grande volume desses repasses às vésperas de votações de interesse do Palácio do Planalto.

Lula também vetou um trecho do texto inserido pela bancada ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que proibia o governo de incentivar e financiar atos como invasão de terra, cirurgias em crianças para mudança de sexo, realização de abortos não previstos em lei e outras ações que mobilizam a base bolsonarista.

Em mais uma vitória do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula sancionou a previsão de déficit zero nas contas públicas em 2024.

Matheus Teixeira/Folhapress

Ministro da Justiça de Israel acusa Suprema Corte de ‘assumir todos os poderes’

Tribunal invalidou disposição-chave de polêmica reforma judicial do governo de Benjamin Netanyahu
O ministro da Justiça de Israel, Yariv Levin, fez uma acusação contra a Suprema Corte nesta segunda-feira, 1. Segundo ele, a entidade “assumir todos os poderes” depois que o tribunal invalidou uma disposição-chave da polêmica reforma judicial do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Em sua decisão, “os juízes tomam para si todos os poderes, que em um sistema democrático são distribuídos de forma equilibrada entre os Três Poderes” do Estado, escreveu Levin, artífice da reforma, no Telegram. “Silencia a voz de milhões de cidadãos”, acrescentou. A mesma lei foi criada pelo atual primeiro-ministro no último ano e causou inúmeros protestos contrários ao governo de Netanyahu. A reforma teria o poder de enfraquecer as decisões do Supremo com o veto do Legislativo, além de impossibilitar anulações do poder em relação a decisões governamentais e ministeriais.

*Com informações da Agência AFP.

Órgão do PT vai criar núcleo para estudar eleitorado religioso

Principal centro de estudos ligado ao PT, a Fundação Perseu Abramo vai criar em 2024 um núcleo dedicado a estudar temas religiosos e a relação do partido com as diversas fés.

Embora todas as religiões sejam objeto de análise do novo núcleo, os evangélicos receberão atenção especial.

Chamados de NAPPs (Núcleos de Acompanhamento de Políticas Públicas), esses grupos se dedicam hoje a temas como economia, segurança, agricultura, educação, saúde e outros.

“Precisamos dar uma atualizada no comportamento dos religiosos no Brasil, refletir sobre o que pensam e como podem se relacionar conosco”, diz o presidente da Fundação, Paulo Okamotto.

Segundo ele, há uma compreensão no partido quanto à Igreja Católica, e não tão boa com relação aos evangélicos. A ideia é produzir estudos e pesquisas e dar sugestões sobre como se relacionar com o segmento. “Existem diversos pentecostais e neopentecostais que simpatizam com o PT e pertencem ao partido”, afirma.

A decisão vem em linha com a diretriz dada pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma conferência eleitoral do partido no começo de dezembro, em Brasília.

Na ocasião, ele recomendou que os petistas se aproximem do eleitorado evangélico, no qual políticos conservadores têm aceitação bem maior.

Fábio Zanini/Folhapress

Avião com quase 400 passageiros pega fogo no Japão

Nesta terça-feira (2), no aeroporto de Haneda, em Tóquio, um avião da Japan Airlines entrou em chamas após um possível incidente com uma aeronave da Guarda Costeira. A companhia confirmou a evacuação bem-sucedida dos 379 passageiros e tripulantes a bordo.

Imagens transmitidas ao vivo pela NHK mostraram o avião em chamas deslizando pela pista, enquanto equipes de bombeiros trabalhavam para conter o incêndio.

A Guarda Costeira está investigando a possibilidade de sua aeronave ter colidido com o avião de passageiros.

Um representante da Japan Airlines informou que o avião, que partiu do aeroporto de Shin-Chitose em Hokkaido, transportava mais de 300 passageiros.

Confira o calendário da Seleção Brasileira em 2024

Em 2024, a Seleção Brasileira tem alguns compromissos definidos nas próximas Datas Fifas. Além de amistosos contra Espanha e Inglaterra, a Canarinha entra em campo para a disputa da Copa América e Eliminatórias da Copa do Mundo 2026.

O Brasil ainda não definiu seus adversários para a segunda Data Fifa de 2024, que vai de 3 a 11 de junho. É o período que precede a Copa América, que tem início marcado para o dia 24 de junho para a Seleção pentacampeã do mundo.

CONFIRA O CALENDÁRIO DA SELEÇÃO BRASILEIRA EM 2024:

Brasil x Espanha - Sem data definida - Data Fifa (18 a 26 de março) - Amistoso

Brasil x Inglaterra - 23 de março - Amistoso

Brasil x Costa Rica ou Honduras - 24 de junho - Copa América

Brasil x Paraguai - 28 de junho - Copa América

Brasil x Colômbia - 2 de julho - Copa América

Brasil x Equador - 5 de setembro - Eliminatórias da Copa do Mundo

Paraguai x Brasil - 10 de setembro - Eliminatórias da Copa do Mundo

Chile x Brasil - 10 de outubro - Eliminatórias da Copa do Mundo

Brasil x Peru - 15 de outubro - Eliminatórias da Copa do Mundo

Venezuela x Brasil - 14 de novembro - Eliminatórias da Copa do Mundo

Brasil x Uruguai - 19 de novembro - Eliminatória da Copa do Mundo
Fonte: MSN

Terremoto de magnitude 4,1 atinge sul da Califórnia

Um terremoto de magnitude 4,1 foi responsável por sacudir o sul da Califórnia nas primeiras horas do dia 1º de janeiro de 2024. De acordo com o departamento de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos (USGS), o epicentro foi cerca de 19 quilômetros ao sul de Ranchos Palos Verdes, em uma profundidade de cerca de 11 quilômetros. A supervisora do condado de Los Angeles, Janice Hahn, postou no X (antigo Twitter), que ainda não havia ameaça de tsunami devido ao terremoto. De acordo com o USGS, há “baixa probabilidade de vítimas e danos” como resultado do terremoto. Estima-se que cerca de 17.621 pessoas sentiram um Tremor “fraco” naquele momento. O primeiro dia de 2024 começou com susto também do outro lado do mundo. No Japão, um terremoto de magnitude 7,6 na escala Richter atingiu a costa oeste do país e forçou um alerta de tsunami em grande parte do arquipélago.

*Com informações do Estadão Conteúdo.


Ministro Cristiano Zanin é relator de recurso sobre inelegibilidade de Bolsonaro

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi sorteado relator do recurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível por oito anos.

A inelegibilidade foi decidida em junho. À época, o TSE entendeu que o ex-presidente praticou abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, por causa dos ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral do país.

A condenação se baseou em uma reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, na qual levantou dúvidas sobre as urnas eletrônicas.

Política Livre

Dívida global bate recorde e cria trava para Brasil baixar juros e crescer mais

Com níveis alarmantes no endividamento público nas principais economias do mundo, a dívida global fechou 2023 no maior patamar da história, em quase US$ 310 trilhões.

O recorde foi puxado por governos que gastam mais do que arrecadam em impostos, como Estados Unidos, China, Japão, França e Brasil. Juntos, os governos em todo o mundo devem atualmente US$ 88,1 trilhões.

Dívida global bate recorde histórico (em US$ tri)

Governos: 88,1
Empresas não financeiras: 91,1
Setor financeiro: 70,3
Famílias: 67,9
Total: 307,4

Em economias muito endividadas como a brasileira, isso significará custo crescente para os governos se financiarem e dificuldades adicionais para os bancos centrais baixarem juros – podendo levar a um ciclo de juros altos, baixo crescimento e mais endividamento.

Nas dez maiores economias do mundo, a maioria viu saltar nas últimas duas décadas a dívida pública como proporção do PIB, principal medida de solvência dos países. Olhando adiante, não há perspectiva de interrupção dessa trajetória.

Ao contrário. Países como Estados Unidos, China e Japão devem continuar gastando mais do que arrecadam, persistindo no caminho de déficits primários elevados, sem arrecadação extra para conter a alta do endividamento ou baixá-lo

Esses déficits, mais a necessidade crescente de os países se endividarem, sobretudo os EUA, obrigarão governos a pagar juros mais altos para atrair compradores de seus títulos. Quanto mais os juros de referência nos EUA subirem, maior será a taxa de outros países para seduzir investidores a financiar suas próprias dívidas, o que eleva o endividamento.

No Brasil, a dívida pública federal somava R$ 6,2 trilhões em outubro. O custo médio (juros) nos últimos 12 meses para financiá-la aumentou de 10,6% ao ano, em setembro, para 10,9% em outubro, segundo o Tesouro Nacional.

Em um ano, o Brasil adicionou cerca de R$ 660 bilhões à dívida pública. O valor equivale a quase quatro vezes o Bolsa Família, que atende 21 milhões de famílias, com benefícios médios de R$ 690 ao mês.

Segundo o IIF (International Institute of Finance, que reúne 400 instituições financeiras em 60 países), os déficits orçamentários dos países ricos fecharão 2023 acima dos níveis pré-pandemia, quando houve gastos emergenciais. A médio prazo, a tendência é que haja crescimento de US$ 5,3 trilhões todos os anos, de 2024 a 2027, no estoque da dívida pública global.

Outros dados, do FMI (Fundo Monetário Internacional), projetam que a maioria das economias não fará superávits primários (para pagar juros da dívida) entre 2024 e 2028. Nos EUA, considerado piso para o cálculo das taxas de juro da maioria dos países (que pagam um “prêmio” a investidores acima da taxa americana para atraí-los), o déficit primário seguirá maior que 3% do PIB no período.

“Embora seja provável que os juros caíam dos níveis atuais a partir de 2024, num contexto de queda da inflação, não esperamos o retorno ao ambiente de taxas zero. Há fatores estruturais que mantêm os juros elevados, como os gastos gerados pelo envelhecimento da população e os custos com segurança social”, afirma Emre Tiftik, diretor de Sustentabilidade do IIF.

Nesse cenário de juros mais altos, sobretudo nos EUA, o financiamento da dívida global recorde ficaria mais caro, alimentando o endividamento. Questionado se investidores podem ficar mais condescendentes com dívidas elevadas e exigir menos juros em um contexto de dívida global alta para todos, Tiftik afirma: “No geral, não”.

Na prática, países têm duas saídas para diminuir o endividamento e, assim, pagar juros menores a investidores: crescer mais (pois a dívida é calculada como proporção do PIB); e fazer superávits primários para abater a dívida.

Do lado dos superávits, não deve haver aumento a médio prazo. Ao contrário. Embora haja expectativa de diminuição gradual dos déficits, eles continuarão elevados na maioria dos países.

Já o crescimento deve manter-se relativamente baixo pelos próximos anos, segundo previsões do FMI para o período 2024-2028: 1,9% em média nos EUA, 1,8% no Canadá, 1,6% no Reino Unido e na França, 1,4% na Alemanha, 0,9% na Itália e 0,6% no Japão —taxas módicas em relação aos juros pagos hoje nestes países.

Segundo José Júlio Senna, ex-diretor da Dívida Pública e Mercado Aberto do Banco Central, além do envelhecimento populacional, EUA, países europeus e até Japão estão ampliando gastos militares, o que demandará mais endividamento. Pelo lado da receita nesses países, que poderia ajudar a financiar os gastos, Senna não enxerga muito espaço para aumento.

Um ponto crucial é a combinação de mais gastos (sobretudo nos EUA), déficits, dívida e juros altos pagos a investidores para que os governos se financiem deve aumentar o chamado juro de equilíbrio (que não acelera nem desacelera a inflação).

“Para um país como o Brasil, com muita dívida e fatores de risco elevados, na medida em que o juro de equilíbrio sobe lá fora, o Banco Central terá que trabalhar também com juros mais elevados aqui, com impactos na dívida, que aumenta, e no crescimento econômico, que fica mais difícil”, afirma Senna.

Pelo conceito do Banco Central, a dívida bruta brasileira equivalia a 74,4% do PIB em agosto. Pelos critérios do FMI (que inclui títulos públicos na carteira do BC), ela chegará a 88,1% ao fim de 2023 (acima dos 66,3% da média dos emergentes). Com tendência de alta, podendo atingir 96% do PIB em 2028.

Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV e professor da UFRJ, estima que cerca de 60% das finanças mundiais envolvam de alguma forma os EUA. “O que acontece lá tem repercussão global, e a questão do alto endividamento americano é muito relevante para a estabilidade financeira internacional”, diz.

Em pouco mais de uma década, a dívida pública dos EUA saltou quase 30 pontos, para 123,3% como proporção do PIB. A taxa básica de juros no país varia hoje de 5,25% a 5,50% ao ano e subiu a esse patamar, alto para os padrões do país, em um esforço do Fed (o banco central americano) para controlar a inflação.

Embora haja perspectiva de recuo para a taxa básica a médio prazo, juros pagos em títulos de dez anos do Tesouro americano estão hoje próximos a 4% —patamar acima da média dos últimos anos.

Entre as causas para o aumento dos juros de longo prazo no país está o fato de o déficit primário americano ter saltado de -1,3% do PIB em 2022 para -5,5% em 2023, uma enormidade considerando o tamanho e a influência dos EUA no mundo.

“Não é trivial. Os democratas não querem cortar gastos, e os republicanos querem cortar impostos. Nenhum dos dois partidos nos Estados Unidos está indo na direção de um ajuste”, afirma Castelar.

Nesse cenário, a China, grande compradora de títulos da dívida americana, vem diminuindo sua exposição nos EUA. Os japoneses, que também financiam gastos americanos comprando seus títulos, estão subindo internamente seus juros; e muito do dinheiro que financiava os EUA está voltando para o Japão.

Segundo o FMI, bancos, fundos de pensão e seguradoras japonesas reduziriam a posse de títulos americanos de US$ 840 bilhões para US$ 550 bilhões nos últimos dois anos. “Quem vai comprar toda essa dívida americana?”, diz Castelar.

Nesse contexto, os EUA endividados, sem perspectiva de superávits fiscais, devem manter juros mais altos para atrair investidores. Isso deve forçar o resto do mundo a fazer o mesmo, com impactos negativos na dívida pública, que crescerá mais, e no crescimento, que tende a ser menor.

“A única forma de quebrar essa tendência é através do crescimento. São necessárias reformas estruturais para isso, o que aumentaria as receitas do governo e reduziria a parcela das despesas com juros”, recomenda Tiftik, diretor do IIF, a países como o Brasil.
Fernando Canzian/Folha de S. Paulo

Novo limite para juros do cartão de crédito começa a valer quarta-feira (3)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que a partir de quarta-feira (3), os juros acumulados em casos de atraso no pagamento da fatura do cartão de crédito não poderão ultrapassar 100% do valor original da dívida. A decisão foi tomada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em reunião realizada nesta quinta-feira (21/12).

O teto para os juros do rotativo do cartão de crédito já estava previsto na Lei do Desenrola, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro. O ministro salientou que a medida é um passo significativo para corrigir distorções no sistema bancário brasileiro, onde muitas pessoas acabam com dívidas até dez vezes superiores ao valor original em função dos altos juros acumulados.

Segundo Haddad, a Lei do Desenrola foi criada para resolver esse problema, oferecendo grandes descontos de até 95% em dívidas. Esse passo ajudou muito as pessoas endividadas, tornando o que antes era uma dívida grande em algo mais fácil de pagar, o que demonstra que os juros acumulados eram tão altos que, mesmo com descontos significativos, ainda compensava para os bancos receberem o valor.

“O Desenrola demonstrou que esse [juros abusivos] é um dos grandes problemas do país. As pessoas estão com uma dívida às vezes 10 vezes o valor do crédito original. A pessoa devia R$ 1.000 no cartão, dali a x meses estava em R$10 mil, e não conseguia mais pagar. O Desenrola mostrou o quê? Que os descontos chegavam às vezes a 95%, 97%, por quê? Porque os juros acumulados eram de tal ordem que, mesmo dando esse desconto, compensava para o banco receber”, explicou o ministro.

Haddad resumiu a nova política de juros destacando a sua eficácia em limitar o acúmulo de dívidas. “Independentemente dos juros mensais, ao bater em 100%, ele (total de juros cobrados) para ali”, esclarecendo o funcionamento do novo teto do rotativo do cartão de crédito. A decisão do CMN, disse Haddad, ocorre uma vez que não houve autoregulação do setor conforme determinava a lei do Desenrola. Essa falta de consenso levou à aplicação direta da regra estabelecida na legislação, explicou o ministro da Fazenda.

Política Livre

Salário mínimo de R$ 1.412 entra em vigor nesta segunda-feira

A partir desta segunda-feira (1º), o salário mínimo oficial será de R$ 1.412. O valor, que será pago a partir de fevereiro referente à folha de janeiro, é 6,97% maior que o salário de R$ 1.320, que vigorou de maio a dezembro de 2023.

Aprovado no Orçamento Geral da União de 2024, o valor de R$ 1.412 corresponde à inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado nos 12 meses terminados em novembro, que totalizou 3,85%, mais o crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. Enviada pelo governo em maio, a medida provisória com a nova política de valorização do salário mínimo foi aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em agosto.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o reajuste do salário mínimo beneficiará 59,3 milhões de trabalhadores e resultará em um incremento da renda anual no montante de R$ 69,9 bilhões. A entidade estima que o governo – União, estados e municípios – arrecadará R$ 37,7 bilhões a mais por causa do aumento do consumo atrelado ao salário mínimo maior.

Ganho real

Ao descontar a inflação pelo INPC, o salário mínimo terá ganho real de 5,77% em relação a maio de 2023, quando passou a vigorar o mínimo de R$ 1.320. Se considerar o salário mínimo de R$ 1.302, que vigorou de janeiro a abril, o ganho seria menor, de 4,69%. Isso porque o INPC, índice que mede a inflação das famílias de menor renda (até cinco salários mínimos), estava mais alto no início de 2023.

De 2007 a 2019, vigorava a política semelhante à atual, em que o salário mínimo era corrigido pelo INPC do ano anterior mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Caso o PIB encolha, havia a reposição apenas pela inflação. De 2020 a 2022, o salário mínimo passou a ser corrigido apenas pelo INPC, sem ganhos reais.

o ano passado, houve dois aumentos. De janeiro a maio, o salário mínimo foi reajustado para R$ 1.302, com ganho real de 1,41%. A partir de maio, quando o governo editou a medida provisória retomando a política salarial anterior, o salário passou para R$ 1.320, com valorização real de 2,8% em relação ao mínimo de 2022.

Orçamento

O projeto de lei do Orçamento de 2024 estimava salário mínimo de R$ 1.421. No entanto, com a queda do INPC ao longo do segundo semestre, o valor final ficou em R$ 1.412, conforme a lei orçamentária aprovada pelo Congresso Nacional em 22 de dezembro.

Por causa dos benefícios da Previdência Social atrelados ao salário mínimo, o novo valor, de R$ 1.412, aumentará os gastos da União em R$ 35 bilhões neste ano. Segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), cada R$ 1 a mais no salário mínimo eleva as despesas do governo em R$ 389 milhões. Os cálculos, no entanto, não consideram os ganhos de arrecadação decorrentes do aumento do consumo.

Agência Brasil

Japão emite alerta de tsunami e esvazia áreas após terremoto

Onda de cinco metros é esperada em primeiro alarme desse porte desde o desastre de Fukushima, em 2011

Um terremoto que em alguns pontos pode ter registrado magnitude de 7,6 segundo avaliações preliminares atingiu o centro-norte do Japão nesta segunda-feira (1º), motivando um alerta de tsunami e ordens para que moradores esvaziem as áreas que podem ser afetadas e se preparem para possíveis novos sismos.

Um tsunami de cerca de um metro de altura atingiu partes da costa oeste ao longo do mar do Japão, com uma onda maior, de até cinco metros, sendo esperada, informou a emissora pública NHK. Os municípios de Ishikawa, Niigata e Toyama podem ser atingidos, segundo a agência meteorológica do país.

O porta-voz do governo, Hayashi Yoshimasa, disse em um encontro com jornalistas de emergência que as autoridades ainda estavam verificando a extensão dos danos e pediu aos habitantes que se preparem para possíveis terremotos adicionais.

Imagens exibidas pela NHK pareciam mostrar prédios desabando em Ishikawa, e tremores abalaram prédios em Tóquio, na costa oposta. Mais de 36 mil residências ficaram sem energia em Ishikawa e Toyama.

A Autoridade de Regulação Nuclear do Japão disse que nenhuma irregularidade foi confirmada nas usinas nucleares localizadas próximas ao mar do Japão, incluindo cinco reatores ativos nas plantas de Ohi e Takahama, na província de Fukui.

Ainda de acordo com o órgão, a usina de Shika, em Ishikawa, que estava localizada mais próxima do epicentro do terremoto, já havia interrompido seus dois reatores antes do terremoto para inspeção regular e não foi afetada pelo sismo.

Países próximos também se mobilizam para um possível tsunami. O Ministério de Emergências da Rússia informou que está retirando moradores de partes da costa oeste da ilha de Sacalina, no oceano Pacífico, que podem ser atingidas, disse a agência de notícias estatal Tass. Alertas também foram emitidos nas cidades de Vladivostok e de Nakhodka, no extremo leste do país.

Enquanto isso, a Coreia do Sul orientou moradores da costa leste do país a buscarem abrigo em regiões altas.

Um enorme tsunami atingiu o nordeste do Japão em 11 de março de 2011, matando quase 20 mil pessoas, devastando cidades e desencadeando fusões nucleares em Fukushima.

Folha de S. Paulo, com informações da AFP e Reuters

Em discurso de Ano-Novo, Putin ignora Ucrânia; Zelenski fala em destruir Exército russo

Presidente da Rússia tem eleições pela frente em março, marcadas por forças de oposição e dissidências silenciadas
Com uma eleição pela frente em março, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez apenas uma referência velada à Ucrânia em seu discurso de Ano-Novo neste domingo (31). Já Volodimir Zelenski, líder ucraniano, falou em “destruir” o Exército russo.

“No ano que vem, o inimigo vai sofrer os estragos causados por nossos recursos domésticos”, afirmou Zelenski, em referência ao arsenal do país, que em 2024 será de um milhão de drones.

Já a fala de Vladimir Putin chamou atenção por contrastar com o tom empregado no ano passado, quando o russo apareceu ao lado de soldados mencionando a luta pela sobrevivência do país. Neste ano, porém, a mensagem gravada foi marcada por um discurso sobre união. Ela foi transmitida pouco antes da meia-noite em cada um dos 11 fusos da Rússia.

“Para todos que estão em um posto de combate, na linha de frente da luta pela verdade e justiça: vocês são nossos heróis, nossos corações estão com vocês. Temos orgulho de vocês, admiramos a coragem de vocês”, disse Putin, desta vez com o pano de fundo mais tradicional das paredes do Kremlin.

A Ucrânia não foi mencionada pelo nome, nem a operação militar especial, termo usado por Putin para se referir à guerra à qual deu início em fevereiro de 2022. Ele deu mais atenção à economia e à inflação, questões que têm ligações diretas com os eleitores.

Com forças de oposição e dissidências silenciadas, Putin deve, aos 71 anos, vencer mais uma eleição e se estender por 24 anos no poder.

“Já provamos mais de uma vez que podemos resolver os problemas mais difíceis e nunca recuaremos, porque não há força que possa nos dividir”, disse ele.

Não houve menção em seu discurso aos centenas de milhares de soldados russos que, estima-se, foram mortos e feridos, nem aos ataques que a Ucrânia realizou em território russo –como a incursão à cidade de Belgorod, a 34 km da fronteira, neste sábado (30).

A revolta liderada em junho por Ievguêni Prigojin, líder do grupo de mercenários Wagner que morreu em uma queda de avião, também foi ignorada no discurso.

Em vez disso, Putin procurou retratar a Rússia como um povo como unido, solidário e “firme na defesa de interesses nacionais, da liberdade e segurança, de nossos valores”.

“Trabalhar pelo bem comum uniu a sociedade”, disse ele. “Estamos unidos em pensamentos, trabalho e batalha, nos dias úteis e nas férias.”

Folha de S. Paulo, com informações da AFP e Reuters

Reoneração integral do diesel retorna nesta segunda-feira

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A partir desta segunda-feira (1º), o governo federal retoma a cobrança integral do PIS/Cofins sobre o diesel. O imposto estava zerado desde 2021, mas parte do recolhimento foi antecipada já em setembro deste ano. A partir de janeiro de 2024, a arrecadação volta a ser integral: cerca de R$ 0,35 por litro de diesel.

No último dia 26, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a reoneração não deve encarecer o produto para os consumidores que pagam pelo litro nos postos de abastecimento. Segundo ele, o aumento da carga tributária que incide sobre o diesel será amenizado pelas reduções de preço já anunciadas pela Petrobras.

“Esta reoneração do diesel vai ser feita, mas o impacto [esperado] é de pouco mais de R$ 0,30”, disse. Poucas horas antes, a Petrobras havia anunciado um corte de R$ 0,30 no preço do litro do diesel vendido às distribuidoras de combustível. Segundo a empresa, no ano, a redução do preço para as distribuidoras chega a 22,5%.

“[Essa redução] mais que compensa a reoneração [que entrará em vigor em] 1º de janeiro”, assegurou Haddad, garantindo não haver razões para alta do preço com a volta da cobrança dos impostos federais. “Pelo contrário: deveria haver uma pequena redução [do preço final].”

“É para todo mundo ficar atento: quando vier um argumento de aumento de preço, não tem nada a ver. Estamos em um país de livre-mercado; os preços não são tabelados. Mas, no que diz respeito aos preços da Petrobras, neste mês de dezembro, o preço [do diesel] caiu mais que a reoneração de 1º janeiro.”

Agência Brasil

Xi Jinping exalta êxitos da China em 2023 e reitera a reunificação com Taiwan como ‘inevitável’

EFE/EPA/ATHIT PERAWONGMETHA / POOL
O presidente da China, Xi Jinping, pronunciou neste domingo, 31, um discurso de fim de ano em que fez um balanço das conquistas e desafios do país asiático em 2023, ao mesmo tempo que definiu a “reunificação” com Taiwan como uma “inevitabilidade histórica”. Xi reiterou que a “reunificação” com Taiwan, ilha cuja soberania Pequim reivindica, é uma “inevitabilidade histórica”, depois de um ano em que se registrou um aumento das tensões no Estreito de Formosa e a poucos dias da realização das eleições presidenciais no território insular. O mandatário chinês enfatizou também a necessidade de “manter a prosperidade e a estabilidade a longo prazo” e a “melhor integração no grande plano de desenvolvimento nacional” das regiões semiautônomas de Hong Kong e Macau. “O controle da pandemia estabilizou”, lembrou Xi em sua única referência ao desmantelamento da política de ‘zero covid’ no início deste ano, depois de quase três anos de rigorosas restrições.

Em seu discurso, o mandatário garantiu que “a economia chinesa continua se recuperando e melhorando”, ao mesmo tempo que apontou um “dinamismo de desenvolvimento transbordante” no gigante asiático, que foi exemplificado na força das vendas de telefones celulares fabricados internamente. e o progresso da segunda maior economia do mundo na fabricação de veículos elétricos. Entre os destaques do ano, Xi mencionou o primeiro voo comercial da aeronave C919 de fabricação chinesa e as missões espaciais Shenzhou, que transportaram astronautas para a estação espacial chinesa Tiangong. Por outro lado, o líder do gigante asiático se referiu às “pessoas que enfrentam dificuldades no emprego e na vida” e às zonas do país que sofreram catástrofes naturais como inundações ou terremotos este ano e declarou “ter isso em mente”.

A nível internacional, Xi observou que “ainda há lugares no mundo em plena guerra” e que o povo chinês “está muito consciente do valor da paz”, razão pela qual assegurou que o seu país está “disposto a trabalhar com a comunidade internacional para promover a construção de uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade”. Depois de um ano em que recuperou a atividade diplomática após dois anos e meio de isolamento devido à política ‘zero covid’ e em que se reuniu com líderes de países como Estados Unidos, França, União Europeia, Espanha, Colômbia e Brasil, Xi garantiu que “a China não apenas se desenvolve, mas também abraça o mundo e assume a responsabilidade de uma grande potência”. O líder chinês lembrou que o próximo ano marcará o 75º aniversário da fundação da República Popular da China e apelou ao “aprofundamento da reforma e abertura em todos os aspectos”, “aumentar ainda mais a confiança no desenvolvimento” e “reforçar a vitalidade econômica” no próximo ano.
*Com informações da agência EFE

Casal que planejava ‘sacrificar’ filho de cinco anos é detido na Espanha

MIGUEL RIOPA / AFP
Um casal francês foi detido no final de dezembro na Espanha por planejar “sacrificar” seu filho de cinco anos no Saara africano, acreditando que ele estava “possuído”, anunciaram as autoridades espanholas neste sábado, 30. A Guarda Civil deteve um “casal de origem francesa” que tinha a intenção de “viajar ao Saara para sacrificar seu filho com a crença de que ele estava possuído”, segundo um comunicado. A detenção ocorreu em 21 de dezembro no porto de Algeciras, no sul da Espanha, quando a família estava prestes a embarcar em uma balsa com destino a Tânger, no Marrocos. Sobre o casal, que “tinha antecedentes psiquiátricos“, pesava “uma ordem europeia de detenção” por “sequestro de menor”, acrescentou a Guarda Civil espanhola. Os dois foram colocados em prisão preventiva. A criança está em boas condições e foi transferida para um centro de menores para receber cuidados, enquanto aguarda o seu retorno para a França.

*Com informações da agência AFP

Destaques