Guerra Israel-Hamas completa cem dias sob risco ainda maior de escalada

Soldado israelense durante operação contra o Hamas na Faixa de Gaza

Desde que atacou brutalmente Israel em 7 de outubro do ano passado, o grupo terrorista Hamas contava com a ignição de um conflito de maiores proporções no Oriente Médio a partir da previsível retaliação dura de Tel Aviv contra a Faixa de Gaza, que comandava desde 2007.

Cem dias depois da mais recente guerra entre o Estado judeu e um ente árabe, o objetivo não se confirmou da forma prevista pelo Hamas, mas nem por isso o risco de uma escalada da guerra no âmbito regional está descartado. Ao contrário.

O foco, contudo, não é o Irã, como temiam analistas. O Estado persa, por toda a retórica inflamada e o apoio a prepostos regionais como o Hamas, não parece disposto a ir a vias de fato e enfrentar os Estados Unidos, que viriam em socorro a Israel em caso de um ataque e mostraram os dentes militares para provar isso.

A coisa muda de figura em duas outras frentes. A mais importante, no norte de Israel, onde forças de Binyamin Netanyahu têm enfrentado, diariamente desde o início da guerra em Gaza, o Hezbollah, grupo fundamentalista apoiado por Teerã e aliado dos terroristas palestinos.

A briga é antiga e remonta à invasão israelense do Líbano em 1982, que na prática deu origem à agremiação liderada pelo xeque Hassan Nasrallah. O empate técnico no mais recente embate direto entre os rivais, em 2006, deixou aberta a possibilidade de uma revanche.

Com a nova crise, Israel tem feito ultimatos ao Hezbollah para que deixe a faixa neutra determinada pela ONU no sul do Líbano, retraindo-se para além do rio Litani. Tel Aviv fez esse movimento, respeitando a ainda contestada Linha Azul.

Nasrallah fala grosso, mas na prática tem evitado uma guerra aberta. “O Hezbollah precisa da causa palestina para justificar a recusa em desmantelar sua ala militar”, afirma Hilal Khashan, professor de ciência política da Universidade Americana de Beirute. No Líbano, o grupo também é um importante partido político.

O grupo se apoia no formidável arsenal de mísseis e foguetes, que Khashan estima em até 200 mil, para manter uma posição pública de força. “Mas o arsenal intimida mais em teoria do que na prática”, diz o professor, lembrando que a maioria das armas tem pouca precisão, e as que têm precisam ser retiradas de depósitos secretos e posicionadas em lançadores.

“Isso as expõem a ataques israelenses, já que o Hezbollah não tem uma defesa antiaérea decente”, afirmou Khashan. Isso, somado ao temor de os Estados Unidos fazerem valer suas ameaças de atacar quem interferir na guerra em Gaza, tem mantido os libaneses na defensiva.

O tempo, avalia o acadêmico, “está chegando ao fim”. Ele considera que, com a redução anunciada nas operações ao norte de Gaza por Israel e ações como assassinato de um líder do Hamas em Beirute, o cenário está armado para um tira-teima.

Com uma capacidade de engajamento de Tel Aviv aprimorada ao norte, algo que não era possível com a ação intensa contra o Hamas nos primeiros meses da guerra, é possível que Netanyahu já não tema a abertura de uma nova frente de combate total.

Por outro lado, é incerto o apoio da opinião pública israelense a uma guerra declarada pelo país. Apesar de Netanyahu ter suporte apenas marginal hoje, ele lidera um combate que lhe foi imposto pelo mega-ataque de 7 de outubro, de resto um vexame político e militar debitado de sua conta. Iniciar uma nova ação é outra história.

Já numa terceira frente da guerra, a escalada já é uma realidade. Antes considerado um teatro secundário, o mar Vermelho virou o centro de preocupações mundiais com o apoio dado ao Hamas pelos rebeldes pró-Irã houthis do Iêmen. Via de 15% do comércio marítimo mundial, a região viu o trânsito cair até 40% devido aos ataques a embarcações acusadas de ligação com Israel.

Na sexta (12), os EUA e o Reino Unido deixaram de agir reativamente com sua força-tarefa naval e lançaram ataques contra posições do grupo no país árabe, do qual ele domina uma boa porção no oeste, junto às costas do mar Vermelho. Neste sábado (13), Washington repetiu o feito, ainda que em menor escala.

Os houthis ensaiaram uma reação pontual e prometeram vingança, deixando em aberto a possibilidade de uma escalada ainda maior na violência. O presidente Joe Biden jura que não quer se envolver mais, mas que os bombardeios foram essenciais para deter mais ataques rebeldes.

Parece uma tática de enxugamento de gelo. O arsenal de mísseis houthis, com material antigo chinês e mais moderno do Irã, parece bastante disponível para novas ações. Aqui, menos do que algum risco existencial a Israel, a questão é a aposta dos rebeldes em trazer os EUA para a briga.

Isso pode elevar a animosidade, já grande em países árabes e de maioria muçulmana, como a Turquia, contra Washington. Isso já seria uma vitória estratégica do Irã —sem que o país dos aiatolás tenha de disparar um tiro, mesmo demonstrando limites estratégicos na crise.

Não lateral, há a questão da Cisjordânia, o território parcialmente governado pela Autoridade Nacional Palestina, rival do Hamas. Ali, as mortes e prisões de moradores têm sido diárias, na busca por elementos radicais, e a tensão é a maior em anos.

Concorre para o atoleiro a indefinição pública de Israel acerca de seus objetivos e, na hipótese de desmantelar o Hamas em Gaza, sobre o que ocorrerá com o território obliterado e seus 2,3 milhões de habitantes.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, falou superficialmente sobre devolver o controle político da Faixa aos palestinos, excluindo o Hamas, mas sem deixar claro a quais palestinos ele se referia.

Biden enviou quatro vezes seu secretário de Estado, Antony Blinken, para sinalizar que está preocupado com isso. Até aqui, não recebeu mais do que evasivas israelenses em troca, e esse prolongamento aumenta a fatura que os conflitos subjacentes à destruição de Gaza cobrarão dos EUA.

Gallant havia previsto no início do conflito uma guerra de três meses. Já se passaram dez dias do prazo, e a solução é tão elusiva quanto antes.

Igor Gielow/Folhapress

Vice-prefeito de Itapé é preso por tráfico de drogas

O  vice-prefeito de Itapé, André Jatobá
Alvo de mandados de busca e apreensão no âmbito da Lei Maria da Penha, o vice-prefeito de Itapé, cidade no sul da Bahia, André Jatobá, acabou preso por porte ilegal de armas e tráfico de drogas, na última sexta-feira (12).

De acordo com a Polícia Civil, o objetivo da “Operação Revenge” era apenas fazer buscas em dois endereços dele, no município de Itabuna. A instituição afirma que Jatobá é investigado “por diversos crimes contra a sua ex-companheira”.

Mas, durante o cumprimento das medidas judiciais, os agentes encontraram “um arsenal composto por diversas armas de fogo, munições e explosivos, além de entorpecentes”. Os mandados foram cumpridos pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam/Jequié), com apoio da 9ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Jequié) e da 6ª Coorpin/Itabuna.

Quanto às armas, foram apreendidas:
  • três pistolas
  • duas réplicas de armas de fogo
  • oito carregadores
  • 769 munições
  • 20 cartuchos deflagrados
  • três bananas de dinamites
  • um explosivo artesanal
  • carregadores
  • um porta-carregador
  • dois coldres
As drogas apreendidas foram:
  • 161 comprimidos de ecstasy
  • 30 porções de MDMA
  • uma pedra e um saco com uma porção da mesma droga sintética
  • dois vasilhames com resíduo de ecstasy
  • uma pedra de haxixe
  • um papelote de cocaína
  • três cigarros e cinco vasilhames com maconha
  • uma porção de skunk
  • três recipientes com anabolizantes
  • 14 frascos de lança-perfume
Além disso, os agentes recolheram celulares, notebooks, tablet, DVRs, pendrives, HD externo, CD e cartões de memória. Todo o material foi encaminhado para perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT).

André Jatobá passou por exames de lesões corporais e seguirá preso à disposição da Justiça.

Jatobá foi eleito em 2020, pelo Podemos, na chapa encabeçada pelo prefeito Naeliton. De acordo com o DivulgaCand, portal oficial de informações sobre candidaturas, essa foi a primeira disputa eleitoral do político.

G1/Bahia

Seca histórica no Amazonas custou R$ 1 bi a mais para indústria e reduziu importações

Estiagem de outubro e novembro de 2023 foi a maior da história
A seca histórica no Amazonas, no fim do ano passado, impactou a indústria do Estado e implicou R$ 1,4 bilhão de custos extras às empresas, que diminuíram a produção diante da falta de insumos e da dificuldade para escoar os produtos finais.

A estiagem de outubro e novembro de 2023 foi a maior da história. O rio Negro chegou a atingir 12,7 metros —o menor nível em mais de um século. Segundo dados do ComexStat, plataforma do governo brasileiro sobre exportação e importação, houve uma queda de 83% na importação pelo modal aquaviário do Amazonas em razão da seca.

Essa queda da navegação está diretamente ligada aos custos extras das empresas. A maioria dos produtos que entram e saem de Manaus é transportada por navios. Porém, com o baixo nível dos rios, a indústria teve de optar por modos alternativos de traslados, como aviões, cujos custos são mais altos em comparação ao aquaviário, e o ro-ro caboclo, em que caminhões são transportados por barcaças nos trechos em que não há estrada.

Este último, apesar de ser mais barato do que transportar as cargas através do avião, não consegue atender à mesma demanda da cabotagem e dos navios de longo curso.

“A gente estimou em R$ 1,4 bilhão de cursos excessivos que as indústrias tiveram para enfrentar essa seca”, afirma Augusto César Rocha, coordenador da comissão de logística do Cieam (Centro de Indústria do Estado do Amazonas).

“São custos assustadoramente altos colocados já sobre o custo Brasil e sobre o que chamamos de custo amazônico”, completa o especialista, fazendo menção à despesa adicional que as empresas têm para produzir no país, na comparação com a média dos custos nos membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Segundo o ComexStat, só em outubro, primeiro mês da seca, as importações gerais no Amazonas tiveram uma queda de 49,79%, indo de US$ 1,097 bilhão (R$ 5,32 bilhões) para US$ 604 milhões (R$ 2,9 bilhões). Por via aquaviária, essa redução foi ainda maior, de 73,82%. Em contrapartida, as importações por via aérea, que são mais caras, subiram 9%.

O mês puxou o desempenho da indústria no Amazonas para baixo, representando uma queda de 5,7% em comparação ao mesmo período de 2022, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados nesta sexta-feira (12).

Já em novembro, a produção industrial do Amazonas teve uma queda de 4,2% em relação a outubro, conforme o IBGE. Na comparação anual, esse percentual foi ainda maior, de 10,3%. Ainda não há dados disponíveis do ComexStat sobre as importações no Estado.

De acordo com o coordenador do Cieam, apesar do impacto na indústria, pouco foi sentido no bolso dos consumidores.

“O preço do produto é o mercado que define, é a oferta e demanda. O consumidor pouco percebe o problema. Mas a matriz do que seria a venda da empresa é toda modificada. Por exemplo, em vez de vender uma motocicleta com o maior valor agregado, ela vai vender com o menor valor agregado”, diz Rocha.

O IBGE, no entanto, apontou a seca no Amazonas como um dos fatores que elevaram a inflação de ar-condicionados no final do ano passado. No acumulado de 2023 até novembro, o preço do eletrodoméstico subiu 13,97%, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Apesar de o fim da seca e o início das chuvas já terem aumentado o nível dos rios, o Amazonas ainda não chegou à normalidade. O mais recente boletim de estiagem do Estado, de quarta-feira (10), indicou que os 62 municípios amazonenses continuam em estado de emergência.

Diante do cenário, Rocha afirma que o poder público, principalmente o governo federal, precisa fazer investimentos para evitar que o cenário do final de 2023 se repita neste ano.

“As empresas se planejam todos os anos para a seca e se preparam para enfrentar um cenário extremo. O problema é que a seca foi bem pior do que era esperado. A indústria se planejou para parar por 30 dias, mas parou 60”, diz o especialista.

“A gente não pode ficar dependendo de um santo para que faça chover ou não, é necessário investimento”, afirma, acrescentando que é preciso haver alternativas de rota para os produtos que chegam e saem do Amazonas.

Uma das sugestões é a recuperação da BR-319, que liga Manaus e Porto Velho, em Rondônia. Não há pavimentação em grande parte da rodovia, o que impede o translado de caminhões de carga na região.

“Manaus é como se fosse uma ilha. A cidade está no meio do Amazonas e não é ligada por nenhuma rodovia com o restante sul do Brasil, isto é, o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste. A BR-319 é uma alternativa, mas, para isso, ela deve ser recuperada e monitorada, com centros de controle para a proteção da floresta, para que não se torne um vetor de destruição da Amazônia”, afirma.

Camila Zarur/Folhapress

Garimpo retoma força e desnutrição se incorpora à rotina de yanomamis

Ministros voltam à Terra Indígena Yanomami após reunião com Lula

Vista facilmente por quem cruza os céus do território yanomami, em Roraima, uma pista de pouso e decolagem suspeita de servir ao garimpo ilegal abriga nove aviões de pequeno porte, dispostos lado a lado, bem perto da exploração ilegal de ouro na maior terra indígena do Brasil. A região é de fronteira com a Venezuela, e as coordenadas apontam para a presença da pista 5 km adentro no país vizinho.

No “garimpo do Rangel”, em território brasileiro, embarcações com garimpeiros trafegam sem incômodo pelas águas sujas e barrentas do rio Couto Magalhães. É fim da tarde de quarta-feira (10), e os barcos também circulam tranquilamente pelo rio Mucajaí, que está imundo.

Garimpos e cicatrizes de garimpos parecem engolir malocas, pequenas aldeias e uma pista de pouso que já serviu à saúde indígena, nas regiões de Homoxi e Xitei. Os rios, como o Uraricoera, voltaram a adquirir a aparência pastosa que é característica da exploração predatória e ilegal de ouro.

Tudo é visto de cima, da janela de um dos três aviões de pequeno porte usados pela comitiva de ministros do governo Lula (PT) em visita à região de Auaris, a mais distante da terra yanomami, na fronteira com a Venezuela.

O garimpo retomou a força em pontos estratégicos do território. A 20 minutos de voo do PEF (Pelotão Especial de Fronteira) do Exército em Auaris, onde pousaram os aviões da comitiva de ministros, dois pontos estratégicos para a logística do ouro ilegal estão em pleno funcionamento.

Maurício Ye’kwana, diretor da Hutukara Associação Yanomami, fez um relato detalhado aos ministros Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Silvio Almeida (Direitos Humanos), dentro do espaço central da aldeia Fuduuwaadunha, dos ye’kwanas, que também estão na terra yanomami.

“Há um fluxo grande de aviões e helicópteros nos dois pontos logísticos. São 17 aeronaves, que alimentam garimpos no Parima, no Homoxi, em Xitei”, disse Maurício. Davi Kopenawa, que lidera a Hutukara, resumiu assim a retomada de força do garimpo em seu território, num tom de irritação ao se dirigir aos ministros: “Eles são como cupim. Metade foi embora. Os criminosos ficaram.”

No caso da pista de pouso com nove aviões, o governo brasileiro chegou a planejar a destruição das aeronaves, mas teria constatado que a pista está no lado venezuelano.

A reativação de garimpos é um combustível para a crise humanitária dos yanomamis, com impacto no acesso a alimentos e com sucessivos surtos de malária no território. A desnutrição de crianças yanomamis é tão visível quanto a exploração do ouro, e são diretamente proporcionais.

Auaris é, hoje, um dos principais focos da crise de saúde. O acesso a comunidades se dá por meio de voos com duas horas de duração, o que dificulta atendimentos e remoções; o garimpo vem se estendendo à região, sem repressão por órgãos de fiscalização, de segurança e pelas Forças Armadas; há cooptação de indígenas adultos, o que impacta a produção nas roças.

É comum que crianças estejam desnutridas e com malária, ao mesmo tempo, além da alta incidência de doenças oportunistas da fome: pneumonia, diarreia, anemia, verminoses.

Profissionais de saúde consideram que todos os yanomamis da região de Auaris tenham tido malária ao longo de 2023. São 4.000 indígenas. Até novembro, houve 6.917 casos positivos notificados pelo polo base de saúde, conforme dados do COE (Centro de Operação de Emergências) Yanomami, vinculado ao Ministério da Saúde. Em nenhuma outra região houve tanta malária quanto no local.

No começo da tarde da última quarta, sete crianças estavam internadas no polo base com desnutrição –quatro casos graves, e três, moderados.

As crianças e as mães ficam num galpão onde existe um redário. Uma suplementação alimentar por seringa é administrada nos pacientes, numa tentativa de ganho de peso pelas crianças, de forma que se tente evitar a remoção aérea para o Hospital da Criança em Boa Vista. Em 2023, foram mais de mil atendimentos na unidade de saúde.

Uma criança que estava internada na unidade de saúde em Auaris, e que teria entre 12 e 13 anos, pesava 10 kg. Os casos graves eram de indígenas sanumás, um subgrupo yanomami presente principalmente em Auaris.

Os profissionais de saúde que fazem o atendimento a esses pacientes dizem que as famílias perderam o hábito da roça. Dependem das cestas básicas distribuídas pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

Nas cestas, há arroz, farinha, leite, charque, sardinha em lata, paçoca de carne e um processado à base de milho, segundo agentes de saúde indígenas. A dieta dos sanumás, antes da dependência às cestas, incluía beiju, banana, peixe e carne de porco do mato, veado e macaco. Segundo um agente de saúde, hoje, quase não há caça nem pesca.

Na Casai (Casa de Saúde Indígena) Yanomami, em Boa Vista, um dos principais fluxos de indígenas é proveniente da região de Auaris. O espaço deveria ser apenas uma casa de acolhimento e passagem, mas faz atendimentos médicos e internações.

Quando o presidente Lula (PT) foi a Boa Vista para anúncio de medidas da emergência em saúde, no primeiro mês de seu terceiro mandato, ele se dirigiu à Casai, e afirmou ser inaceitável a superlotação do lugar. Houve declaração de emergência em saúde na terra yanomami em 20 de janeiro de 2023.

O espaço segue com mais pessoas do que vagas existentes. Até terça (9), havia 276 pacientes e 310 acompanhantes, num total de 586 indígenas. A capacidade da Casai é de 442 redes e 16 leitos. No auge da crise humanitária, quase 900 yanomamis ficavam na Casai, parte deles por meses, sem retornar ao território tradicional.

Galpões são estruturados para abrigar os indígenas, divididos por regiões. O de Auaris era um dos mais lotados na terça, quando a reportagem visitou o lugar.

“O garimpo voltou com tudo e, com isso, a malária voltou com tudo”, afirma a médica ginecologista Ana Paula Pina, que atua no DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) Yanomami. “Há mães desnutridas crônicas. E a maioria das internações é de crianças desnutridas e com malária”.

No polo base em Auaris, profissionais de saúde encontram dificuldades em administrar a suplementação alimentar nos casos de desnutrição. Mesmo assim, as sete crianças com desnutrição não necessitariam de transferência para Boa Vista, segundo o diagnóstico feito no dia da visita dos ministros.

É comum que indígenas do lado venezuelano procurem a unidade de saúde em Auaris, principalmente por causa de malária, conforme o relato de lideranças da região. O fluxo é de 80 a 100 indígenas, segundo as lideranças.

“A gente está muito ciente de que [a crise] está longe de terminar, está longe para se libertar o território”, disse a ministra Sônia Guajajara, na reunião feita com lideranças em Auaris. “Sabemos que há invasores, que o que fica é a parte criminosa”.

Marina Silva afirmou que o governo quer “a transparência e a realidade”, e não o “autoengano”. “O recado do presidente é para resolver a situação.” Silvio Almeida disse algo semelhante: “Temos a plena ciência de que, apesar do trabalho, ainda não foi o suficiente”.

Na terça, após reunião ministerial convocada pelo presidente, o governo federal anunciou a presença de uma “casa de governo” em Roraima para tratar das ações na terra yanomami e a instalação de três bases de vigilância no território, com forças de segurança como PF (Polícia Federal) e Forças Armadas. Os gastos previstos são de R$ 1,2 bilhão.

Lula se mostrou incomodado com os dados de saúde. O relatório mais recente do COE mostra que 308 yanomamis –ou indígenas de outros subgrupos na região– morreram em 2023. Os dados incluem registros até 30 de novembro. Mais da metade dos óbitos foi de crianças de até 4 anos. Entre as causas principais das mortes estão pneumonia, diarreia, malária e desnutrição.

Os alertas de garimpo apontam uma redução de 80% ao longo do ano, mas as imagens de satélite podem camuflar retornos de invasores a áreas que já estavam abertas. E isso vem ocorrendo, segundo agentes de fiscalização.

A estimativa desses agentes é que cerca de 3 mil invasores permanecem na terra indígena, quase um ano após o início de ações de desintrusão –retirada de não indígenas. Eram cerca de 20 mil no auge da crise, estimulados pelo governo de Jair Bolsonaro (PL).

Com a maior presença de equipes de saúde na região, os números são mais próximos da realidade do que os compilados ao longo do governo Bolsonaro, quando havia expressiva subnotificação. Mas equipes seguem sem entrar em comunidades mais próximas de garimpos, em razão de riscos ao trabalho de saúde.

Na região de Kayanaú, o polo de saúde segue fechado. O garimpo se intensificou no lugar. O governo brasileiro não sabe o destino e as condições de saúde de mais de 300 yanomamis que viviam em cinco aldeias da região.

Vinicius Sassine/Lalo de Almeida/Folhapress

Deslizamento de terra em comunidade indígena na Colômbia deixa 33 mortos

Ao menos 33 pessoas morreram e 19 estão feridas após um deslizamento de terra na sexta-feira (12) em uma comunidade indígena no noroeste da Colômbia. Diversos eventos do tipo fecharam a estrada que vai da famosa cidade de Medellín até o município de Quibdó, no departamento colombiano de Chocó.

O número de vítimas foi atualizado neste sábado (13), no X, pela vice-presidente Francia Márquez. Ela também afirmou que a maior parte dos mortos é formada por crianças, mas não especificou quantas.

As fortes chuvas na região causaram vários deslizamentos de terra ao longo da via. O acidente ocorreu após um dos deslizamentos afetar uma casa na qual se abrigavam cerca de 50 pessoas, que foram soterradas, perto do município de Carmen de Atrato.

Chovia havia mais de 24 horas na região próxima ao Pacífico, onde está uma das florestas mais chuvosas do mundo. Imagens compartilhadas nas redes sociais e em canais de televisão mostram carros destruídos no meio da lama e deslizamentos de terra.

Uma funcionária do governo que falou à agência de notícias AFP disse que vários deslizamentos dificultaram o trabalho de socorristas e bombeiros. “Está sendo feito um apelo para que cheguem com helicópteros porque, como há vários deslizamentos, o acesso é difícil.”

No X, a governadora de Chocó, Nubia Carolina Córdoba, lamentou a “grave emergência” que bloqueia a passagem da capital desse departamento para Medellín, a segunda maior cidade do país.

Jaime Herrera, prefeito de Carmen de Atrato, afirmou à TV Caracol que há pessoas muito feridas e várias outras sob a terra.

Apesar de a Colômbia enfrentar uma temporada de seca, o Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais (Ideam) relatou chuvas intensas em alguns departamentos do Pacífico e da Amazônia.

Folhapress

Bombeiros e Polícia Militar retiram corpos de vítimas de acidente de helicóptero em SP

O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar retiraram na manhã deste sábado (13) os corpos das quatro pessoas que morreram na queda do helicóptero modelo Robinson R44, em uma área de mata em Paraibuna, no Vale do Paraíba.

Estavam a bordo o empresário Raphael Torres, 41, a vendedora de roupas Luciana Marley Rodzewics Santos, 46, a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20, e o piloto Cassiano Tete Teodoro.

O trabalho de remoção começou a ser feito ainda no final de sexta-feira (12) e seria todo realizado com helicópteros. Porém, o mau tempo forçou uma mudança nos planos.

Equipes acamparam e passaram a noite na região para preservar o local e retomar as atividades logo cedo neste sábado.

Como a instabilidade meteorológica persiste, diz a Polícia Militar, o deslocamento dos corpos ocorre via terrestre.

Os corpos serão levados para o IML de São José dos Campos.

Os destroços da aeronave foram encontrados na manhã de sexta-feira, por volta das 9h15. O helicóptero desapareceu no dia 31 de dezembro após sair de São Paulo em direção a Ilhabela, no litoral norte, e enfrentar uma densa neblina na altura da Serra do Mar.

A busca pela aeronave durou 11 dias e mobilizou a Polícia Militar, a FAB (Força Aérea Brasileira), o Exército e a Polícia Civil, além de equipes de buscas particulares contratadas pelas famílias das vítimas.

Para acessar o ponto, em área de mata densa, os militares tiveram de descer de rapel.

O helicóptero não tem caixa preta ou equipamento equivalente que armazene as informações de voo, o que dificulta a apuração do acidente.

Francisco Lima Neto/Folhapress

Homem morre em deslizamento de terra e criança em enchente na Grande SP

As fortes chuvas que atingiram São Paulo na noite de sexta-feira (12) voltaram a causar transtornos com alagamentos, transbordamentos de córregos e queda de árvores. Um homem morreu em São Bernardo do Campo e uma criança foi encontrada morta depois de desaparecer em uma enchente em Juquitiba, segundo o Corpo de Bombeiros.

Em Juquitiba, durante a madrugada, houve enchente na estrada das Marrecas, no bairro Justos, e, segundo os bombeiros, moradores da região avisaram que uma criança de seis anos foi levada pela correnteza e desapareceu.

De acordo com os bombeiros, a ocorrência foi por volta das 3h30. A criança estava em uma caminhonete com o avô, que não teve a identidade e idade reveladas, segundo informações da Delegacia de Juquitiba, quando o veículo foi arrastado pela correnteza para um córrego que passa pelo local. A criança ficou presa no veículo.

De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o avô, que dirigia a caminhonete, não percebeu o volume de água cobrindo a estrada e, quando cruzou o local, o veículo foi arrastado para dentro do córrego.

O avô conseguiu abrir a porta e se agarrar às plantas, mas não conseguiu chegar até o neto. Algumas horas depois, ele viu um veículo pela estrada e pediu ajuda. A criança foi retirada da água, e os bombeiros acionados para resgatar o corpo. Os oficiais confirmaram, por volta das 11h40, que a criança havia morrido.

O caso foi registrado como morte suspeita/acidental na delegacia de Juquitiba, que aguarda os laudos do IML (Instituto Médico Legal).

Outra ocorrência com morte foi registrada em São Bernardo do Campo. Houve deslizamento de terra nos fundos de uma residência, na rua Odair Vieira, no bairro Riacho Grande, por volta das 23h, em decorrência da forte chuva. O material atingiu o quarto do fundo onde estava a vítima, que foi soterrada. O homem não teve a identidade divulgada.

Três viaturas dos bombeiros atenderam a ocorrência, e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado e constatou a morte ainda no local.

Após vistoria técnica, diz a Defesa Civil, a residência foi interditada preventivamente, deixando duas pessoas desalojadas. Elas foram abrigadas na casa de parentes.

Uma nova vistoria será feita neste sábado, visto que outras seis residências estão em risco devido ao deslizamento.

Em São Paulo, houve pontos de alagamentos e um foi veículo levado pela enxurrada. Por volta das 2h20, vítimas foram retiradas de dentro do veículo. Os bombeiros dizem ter recebido a informação de que outro carro, com uma pessoa dentro, teria sido atingido pela água. Até o momento, porém, nada localizado, e as buscas continuam.

Os bombeiros contabilizaram, até às 9h deste sábado, 49 chamadas para quedas de árvores em Pirituba, Jaraguá, Osasco, Campo Grande, Jaçanã, e Vila Prudente. Além de 30 solicitações para enchentes em Itapecerica da serra, Carapicuíba, São Lourenço da Serra, Juquitiba, Parelheiros e Grajaú.

Francisco Lima Neto/Folhapress

Lula passa por exames em SP no Hospital Sírio-Libanês

O presidente Lula (PT) passou por exames de rotina em São Paulo neste sábado (13), que não mostraram alterações em seu quadro de saúde, informou o Hospital Sírio Libanês em boletim médico.

Lula, segundo o boletim, foi acompanhado por Roberto Kalil Filho, médico pessoal do presidente, e Ana Helena Germoglio.

O presidente tinha uma agenda no Rio na tarde desta sexta-feira (12), mas cancelou e viajou de Brasília a São Paulo, sem agenda oficial, onde ficará no final de semana.

Em 29 de setembro do ano passado, o presidente foi submetido a uma cirurgia no quadril em Brasília, chamada artroplastia —que é a colocação de uma prótese para tratar sintomas da artrose avançada.

Antes da cirurgia, o presidente vinha se queixando de dores desde o período eleitoral, em 2022. Chegou a afirmar que não realizou o procedimento logo depois de assumir para não demonstrar fragilidade e as pessoas acharem que ele estava “velho”.

A artrose é uma doença associada à perda de cartilagem, uma superfície que recobre as articulações para evitar o atrito entre os ossos.

À época, ele também fez uma blefaropastia, que consiste na retirada de excesso de pele das pálpebras.

Normalmente, se faz para evitar a aparência de um olho cansado, com a parte de cima das pálpebras caída sobre os olhos.

José Marques/Marianna Holanda/Folhapress

Taiwan elege candidato ainda mais anti-China como presidente

Lai Ching-te, 64, do Partido Democrático Progressista (PDP), candidato mais favorável à independência da ilha, venceu as eleições e será o presidente de Taiwan nos próximos quatro anos, após votação neste sábado. A posse só acontece em 20 de maio.

Ele alcançou 40,1% dos votos, contra 33,5% de Hou Yu-ih (Kuomintang, KMT) e 26,5% de Ko Wen-je (Partido do Povo de Taiwan, PPT). Lai é o atual vice-presidente, e sua eleição representa a inédita terceira vitória seguida para um partido na ilha. Em pronunciamentos, Hou e Ko reconheceram sua vitória. Defensores da retomada dos contatos com a China, os dois chegaram a anunciar uma chapa única, mas não conseguiram acordo sobre quem seria o candidato.

O porta-voz do Escritório para Assuntos de Taiwan, Chen Binhua, disse em Pequim que os resultados mostram que o PDP “não pode representar a opinião pública na ilha”. Afirmou que as eleições “não vão impedir a reunificação”, acrescentando: “Nossa determinação é firme como uma pedra”.

Em seu discurso de vitória, com pausas para tradução em inglês, Lai começou saudando a própria eleição. “Nós mostramos ao mundo o quanto valorizamos a nossa democracia”, disse. “Este é o nosso compromisso inabalável”.

Depois acrescentou que foi uma mensagem à “comunidade internacional de que, entre democracia e autoritarismo, ficamos do lado da democracia. A República da China [nome oficial da ilha], Taiwan, vai continuar a caminhar ao lado das democracias ao redor do mundo”.

Especificamente sobre Pequim, afirmou: “Sob a premissa de igualdade e paridade, usaremos intercâmbios para substituir o obstrucionismo, o diálogo para substituir o confronto e buscaremos com confiança intercâmbios e cooperação com a China. Isto fará avançar o bem-estar das pessoas de ambos os lados do Estreito de Taiwan e alcançar o nosso objetivo de paz e prosperidade comum”.

Ressalvou, porém, que, “ao mesmo tempo, estamos também determinados a salvaguardar Taiwan das contínuas ameaças e intimidações por parte da China”.

Lai agradeceu os telefonemas de congratulação dos dois adversários e, citando o desempenho de ambos na eleição para o legislativo, disse esperar “trabalhar juntos”. Ainda sem os números finais, é certo que não haverá partido com maioria, o que deve forçar uma composição para a escolha de primeiro-ministro e parte do gabinete.

“O PDP não manteve uma maioria, isso significa que nós temos que trabalhar duro”, detalhou. “Eu defenderei o espírito de união democrática. Independentemente do partido, devemos escolher as pessoas pelo talento. E priorizaremos questões que sejam consenso entre todos os partidos.”

Em seu pronunciamento aceitando a derrota, Hou havia aconselhado Lai a buscar unidade com os partidos de oposição, diante dos “desafios, a crise no estreito, as relações complicadas entre EUA, China e Taiwan, para que o povo possa viver com segurança”.

Marcadamente contrário à China, Lai durante a campanha buscou se afastar de declarações anteriores, em que descrevia a si mesmo como “um trabalhador pragmático pela independência”. Passou a dizer que Taiwan já é independente, como República da China. Mas deslizes na reta final mostraram que sua capacidade de moderação é limitada.

No único debate entre os candidatos, há duas semanas, ele falou que não se pode confiar na Constituição da República da China para negociar com Pequim, indicando que poderia buscar mudanças. Foi uma divergência frontal com a postura histórica da presidente Tsai Ing-wen, também do PDP, mas de ala mais conciliatória.

“Esse tipo de comentário de Lai no mínimo levanta dúvidas quanto à sua capacidade de manter disciplina ao abordar questões sobre o estreito”, avaliou Amanda Hsiao, analista do “think tank” europeu Crisis Group, durante a transmissão da apuração na TV pública de Taiwan. Agora, o presidente eleito pareceu fazer uma correção: “Manter a paz no estreito é uma missão importante para mim. Respeitarei a Constituição da República da China”.

Não à toa, Lai foi contido e falou pausadamente. Para Hsiao, tanto Pequim como Washington vão medir as palavras dele até a posse, “num teste de como Lai se comporta, sobre segurança nacional e outros assuntos”. Ela acredita que o pronunciamento mais significativo, para tanto, será aquele a ser feito no próprio dia 20 de maio.

A eleição foi acompanhada com atenção por China e EUA, inclusive com uma reunião que tratou do tema em Washington, na véspera, entre o chefe do Departamento Internacional do Partido Comunista, Liu Jianchao, e o secretário de Estado, Antony Blinken.

Em Pequim, também um dia antes, a porta-voz do Ministério do Exterior, Mao Ning, afirmou que, “qualquer que seja o resultado, ele não vai mudar o fato básico de que Taiwan faz parte da China e de que só existe uma China”. Foi horas depois de o Ministério da Defesa chinês afirmar que iria “esmagar qualquer plano separatista”.

Nas primeiras horas da votação, que começou às 8h de sábado (21h de sexta em Brasília), a hashtag Eleição em Taiwan chegou ao alto da rede social chinesa Weibo, com mensagens em apoio à reaproximação. Mas ela acabou sendo derrubada, passando a entrar o aviso de que “o conteúdo deste tópico não está sendo exibido, de acordo com as normas”.

As urnas foram fechadas às 16h (5h em Brasília). O comparecimento foi inferior ao da última eleição, 69% contra 75% em 2020. Um dos motivos seria a desmobilização dos jovens taiwaneses, atentos a problemas como moradia, que não tiveram ressonância na campanha.

Ao longo do dia, os candidatos votaram sem incidentes nos seus distritos, Lai em Tainan, cidade no sul da ilha; Hou em Nova Taipé, onde é prefeito, e Ko em Taipé, a capital taiwanesa, onde foi prefeito, cidades no norte. O atual prefeito da capital, Chiang Wan-an, votou ao lado do vice de Hou, Jaw Shaw-kang. Bisneto do ex-líder Chiang Kai-shek, Chiang ganha estatura no KMT, a partir de agora.

Nelson de Sá/Folhapress

Odebrecht segue J&F e também pede a Toffoli suspensão da multa de R$ 6,8 bilhões

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF)
A Odebrecht (atual Novonor) pediu ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), a suspensão do pagamento das parcelas do seu acordo de leniência.

A construtora quer ter acesso ao material da Operação Spoofing, que prendeu os hackers da Lava Jato, e pediu que os compromissos firmados no acordo sejam congelados enquanto analisa os documentos. Procurada pela reportagem, a empresa não comentou a iniciativa. O processo é sigiloso.

Tanto o acesso ao material da investigação sobre os hackers quanto o cronograma de pagamentos da multa estão nas mãos de Toffoli. Ele já atendeu a um pedido semelhante feito pelo grupo J&F. O que a Odebrecht pede é a extensão da decisão.

O STF está de recesso até o final do mês. Nesse período, apenas casos considerados urgentes são analisados. O presidente e o vice-presidente do tribunal se revesam no plantão. Os demais ministros podem ficar sob aviso, desde que comuniquem com antecedência que vão abrir mão do recesso.

Toffoli avisou, em dezembro, que ficaria em atividade apenas para despachar na ação, movida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que levou à anulação das provas obtidas a partir da leniência da Odebrecht. Se considerar que há conexão entre o pedido da construtora e a ação, o ministro pode decidir antes do final do recesso. Caso contrário, a decisão só deve ser tomada após 1º de fevereiro.

O acordo de leniência da Odebrecht foi assinado em 2016. O grupo se comprometeu a pagar R$ 2,72 bilhões ao longo de 20 anos para encerrar investigações da Operação Lava Jato. As autoridades responsáveis pela negociação projetaram que o valor corrigido chegaria a R$ 6,8 bilhões ao final do período.

A reportagem apurou que a empresa estuda pedir a revisão da multa. O argumento é que o valor foi pactuado tomando como base um faturamento que não é mais realidade para o grupo.

Parte das provas do acordo foram anuladas pelo ministro aposentado do STF Ricardo Lewandowski, que assumiu nesta semana o Ministério da Justiça, com base em mensagens da Operação Spoofing. Ele levou em consideração o julgamento que declarou a suspeição do ex-juiz Sergio Moro e considerou que havia “vícios” nas provas. Inicialmente, a decisão beneficiou apenas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o ministro Dias Toffoli, que herdou o processo, estendeu os efeitos ao ex-governador do Rio Sergio Cabral.

Rayssa Motta/Estadão

Pesquisa sobre obrigatoriedade da vacinação infantil contra Covid-19 causa polêmica

Vacina infantil contra a Covid-19

Uma pesquisa lançada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na terça-feira, 9, sobre a obrigatoriedade da vacinação de crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses de idade contra a Covid-19 gerou polêmica e críticas de entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

No texto em que apresenta a pesquisa, em seu site, o CFM afirma ter “o objetivo de conhecer a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação” contra Covid-19 a essa faixa de público infantil. “A opinião dos médicos é fundamental para enriquecer o debate e contribuir para a tomada de decisões futuras”, justifica a entidade. “Os resultados da pesquisa subsidiarão o CFM no desenvolvimento de ações relacionadas ao tema”, conclui o texto, sem dar detalhes sobre o objetivo.

Em nota emitida dois dias depois, na última quinta-feira, 11, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) desaprova a iniciativa e defende a vacinação. “A Covid-19 foi responsável por 5.310 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e 135 mortes entre crianças menores de 5 anos no Brasil em 2023, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que reúne dados até novembro. A incidência e a mortalidade pela doença na faixa-etária vêm aumentando desde 2022″, afirma a SBIm.

“A pasta também informa que foram notificados no país 2.103 casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) – manifestação tardia da Covid-19 – desde o início da pandemia, com 142 mortes. Em 2023, houve 51 casos e uma morte”.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgaram uma carta aberta à população na última sexta, 12, na qual reforçam que “existem claras evidências que apontam os benefícios da vacinação pediátrica na prevenção das formas agudas da doença, reduzindo o risco de hospitalizações, bem como suas complicações em curto e longo prazo na população pediátrica”.

As três entidades ressaltam que as vacinas são seguras e a decisão de incorporação pelo SUS é baseada em evidências científicas robustas. A SBIm aponta ainda que, após a aplicação de 47 milhões de doses em menores de 18 anos entre 18 de janeiro de 2021 e 31 de dezembro de 2022, as reações à vacina foram consideradas leves ou moderadas (cefaleia, febre e outros efeitos esperados). Não houve nenhum óbito relacionado à imunização. Os dados são do último boletim de monitoramento de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação e à Imunização (Esavi), publicado pelo Ministério da Saúde.

Na conclusão da nota, a SBIm observa que “a pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina não trará nenhum benefício à sociedade, uma vez que – ao equiparar crenças pessoais à ciência – pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação”.

Resposta às críticas

Nesta sexta-feira, 12, o CFM divulgou mais uma nota sobre a pesquisa, em que ressalta não ser contrário à vacinação de crianças contra a Covid-19. “Em nenhum momento, o CFM contesta a eficácia ou a decisão do Ministério da Saúde de disponibilizar a vacina contra a Covid-19 para a população infantil. A pesquisa visa unicamente conhecer a percepção do médico brasileiro sobre a obrigação imposta aos pais para que as crianças sejam vacinadas”, diz a nota.

“A decisão decorre de inúmeros pleitos encaminhados à autarquia buscando conhecer o posicionamento do CFM sobre esse tema, pois a bula da vacina disponibilizada pelo fabricante condiciona sua venda à prescrição médica”, segue o texto, que conclui defendendo a vacinação contra outras doenças.

A SBI e a SBP acreditam que a defesa da autonomia médica não justifica uma pesquisa como essa. “Teria algum sentido um médico, por acreditar em sua autonomia, por exemplo, deixar de prescrever tratamento para um paciente com tuberculose ativa?”, questionam. As entidades frisam que a vacinação infantil contra a Covid-19 é uma decisão estabelecida por órgãos públicos especializados e competentes e deve ser seguida por médicos ligados ao CRM e ao CFM.

Fabio Grellet/Estadão

SP: Suplicy lança vereadora para disputar com Marta indicação do PT para vice de Boulos

O deputado estadual por São Paulo Eduardo Suplicy (PT) e a vereadora paulistana Luna Zarattini (PT)

O deputado estadual Eduardo Suplicy vai convidar a vereadora Luna Zarattini para disputar no PT a indicação para ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de SP.

O partido selou aliança com o PSOL para indicar o vice de Boulos. O presidente Lula (PT) articula para que Marta Suplicy volte ao partido e seja a candidata.

Suplicy, no entanto, defende que a tradição do PT seja mantida e que a escolha seja feita por meio de prévias partidárias, em que todos os filiados votam.

“As prévias são o instrumento, por excelência, de aperfeiçoamento da democracia”, diz ele. Uma pré-candidatura de Luna, segue ele, estimularia o debate sobre a cidade e “a participação dos jovens no processo”.

A Luna abraça alguns dos temas mais importantes da cidadania: como resolver o problema da população de rua, da cracolândia, de moradia. Presidimos as comissões de direitos humanos — ela da Câmara Municipal, eu da Assembleia Legislativa—, e trabalhamos sempre juntos. Temos uma afinidade exemplar”, afirma ele.

A parlamentar é também, diz ele, uma defensora da renda básica de cidadania. Suplicy afirma que vai marcar um encontro com Luna para apresentar a ideia a ela. E, na próxima terça (16), levará a proposta ao diretório municipal do PT.

“Tenho o maior respeito pela opinião do presidente Lula, e por Marta. Mas penso que a ampliação do debate é bem-vinda e fortalece o partido e a escolha que será feita”.

Suplicy diz também que não pretende ele mesmo disputar as prévias com Marta “porque é muito importante manter a união da família”. Ele e Marta têm três filhos e sete netos.

Mônica Bergamo/Folhapress

Elon Musk acorda todo dia pensando no risco da IA, diz biógrafo

Dá para entender a tentação de fazer uma biografia de Elon Musk. É um personagem rico em diversos aspectos, inclusive no óbvio: sua fortuna é hoje a maior do mundo.

O sul-africano foi responsável por uma guinada tecnológica que afetou o futuro da exploração do espaço pela humanidade, a mobilidade sustentável com os carros elétricos da Tesla e o panorama das mídias sociais com a compra do antigo Twitter, hoje X.

Mas é uma tentação que vem com espinhos. Musk é um homem volátil, marcado por vaidade aguda e propensão à fanfarronice, e sua carreira ainda está longe de ter um desfecho —na verdade, ele parece estar no auge de seu poder agora mesmo. Nessas condições, é mais difícil escrever um livro coerente e distanciado.

Mas a isca foi mordida por um dos biógrafos mais célebres do mundo, o americano Walter Isaacson. Já responsável por perfilar símbolos da inovação como Leonardo da Vinci, Steve Jobs e Jennifer Doudna, o jornalista acompanhou Musk por anos a fio, com acesso a reuniões privadas e a horas de entrevistas.

O livro “Elon Musk”, de mais de 600 páginas, teve lançamento mundial em setembro, inclusive no Brasil. E algumas armadilhas já morderam o pé do biógrafo.

Por exemplo, Isaacson teve que admitir que errou em um trecho do livro que afirmava que Musk desligou, intencionalmente, o sistema de comunicação Starlink, usado pela Ucrânia na guerra contra a Rússia, para evitar um ataque de drones. O biógrafo afirmou ter entendido mal as informações e que o sistema já estava desativado.

E o dono do X continuou se envolvendo em polêmicas, como quando endossou, recentemente, uma postagem vista como antissemita que afirmava que a comunidade judaica incitava ódio contra pessoas brancas. “O livro diz quem é Elon Musk. Tudo o que ele fez desde então vem de sua personalidade, que está explicada ali”, afirma Isaacson em entrevista por vídeo ao jornal Folha de S.Paulo.

O biógrafo discute ainda a atração de Musk pelo risco, suas opiniões sobre a cultura “woke” e a inteligência artificial e as razões de biografar um homem cuja vida ainda não terminou.

Elon Musk se envolveu há pouco em mais uma crise disparada por algo que postou no X e fez anunciantes fugirem da plataforma. Não é a primeira vez que acontece algo assim. Qual a relação entre a inclinação de Musk ao risco, como homem de negócios, e seu comportamento nas mídias sociais?

Musk toma uma quantidade enorme de risco. Ele é muito impulsivo, não se contém e tuíta coisas horríveis às vezes, mas também é o homem que lança foguetes em órbita.

Ao tentar entender uma pessoa complicada, podemos pensar como seria legal se ela tivesse um botão de autocontrole, mas talvez essa outra pessoa não nos levasse à era dos veículos elétricos ou das viagens espaciais. É tudo parte do mesmo tecido.

Há uma certa mitologia em torno dos fundadores de empresas de tecnologia como empreendedores brilhantes que são também pessoas arrogantes e impiedosas com seus funcionários e parceiros. Esse retrato não acaba perdoando seus comportamentos?

Cada pessoa tem que decidir o que perdoar ou não. Eu tento é explicar. Bill Gates, quando começou a Microsoft, era brutal com as pessoas, a mesma coisa serve para Jeff Bezos quando criou a Amazon. Mas Jennifer Doudna [biografada por Isaacson em “A Decodificadora”] era bem gentil com as pessoas.

Muito se fala sobre como Musk era um chefe durão, como demitiu 85% das pessoas ao comprar o Twitter. É uma boa questão pensar se ele absolutamente precisa ser assim. Eu não acho. Mas meu objetivo é entender o que ele faz, não desculpar.

Livros como o seu podem corroborar a ideia de que algumas pessoas fazem a história com as próprias mãos, mas sabemos que contextos históricos e estruturas sociais ajudam a produzir as pessoas que lemos nas biografias. O sr. acredita que de fato há indivíduos excepcionais?

A história sempre teve um equilíbrio de ideias como a de Thomas Carlyle, que acreditava que grandes pessoas influenciam a história, e a de Liev Tolstói, que dizia que grandes forças moviam a história. Claro, a resposta é que os dois estão certos.

Eu escrevi um livro chamado “Os Inovadores”, sobre como o trabalho em equipe nos anos 1960 e 1970 produziu a revolução dos computadores. Contrasta com minha biografia de Steve Jobs, que é sobre como ele e Steve Wozniak fizeram a Apple numa garagem. Não é uma questão de “ou isso ou aquilo”, mas até que ponto certas pessoas influenciam a história.

Eu testemunhei na minha carreira pessoas que fizeram a diferença. Computadores pessoais tinham uma série de problemas de comando e Jobs, só pela força de sua personalidade, fez um computador amigável que você tirava da caixa, plugava na tomada e começava a ver ícones na tela.

E isso serve para Musk. Não havia forças históricas nos empurrando de volta para a corrida espacial. Foi sua personalidade que nos trouxe a isso.

Não é a primeira vez que o sr. biografa uma pessoa enquanto ela ainda está viva. Há um grande biógrafo brasileiro, Ruy Castro, que alerta contra isso. Diz que o livro ficará inevitavelmente incompleto e que os entrevistados falam de maneira diferente sobre o biografado. São problemas relevantes?

Bom, então quem vai ao chão de fábrica com Elon Musk? Daqui a 50 anos, haverá outros biógrafos escrevendo sobre essas pessoas, mas nenhum deles vai conseguir estar ao lado de Jennifer Doudna no laboratório descobrindo como editar a célula humana.

Escritores podem ter o luxo de dizer que só fazem biografias de quem está morto, mas não sei se eles teriam fontes materiais se não houvesse quem reportasse sobre essas pessoas enquanto elas estão vivas.

Musk parecia ter uma visão anárquica da política até adotar um discurso anti-woke muito vocal nas redes sociais. Como foi o desenvolvimento de Musk de alguém distante da política para alguém que quer interferir no debate público?

Nos últimos três anos ou algo assim, Musk foi de um democrata centrista que apoiou Obama, Hillary e que votou em Joe Biden em direção à direita populista.

No Brasil, na Argentina, por exemplo, houve o crescimento de um populismo que é reação a muita coisa, incluindo a esse sentimento “woke”. É difícil de definir, mas Musk sabe bem o que quer dizer quando fala disso. É uma ideologia progressista contra a qual ele se insurgiu.

Entre as muitas razões para esse posicionamento anti-establishment há seu rompimento com o Partido Democrata, depois que Biden o atacou, e a transição de sua própria filha, que mudou de sobrenome e se tornou uma marxista que odeia os capitalistas. Há explicações pessoais e políticas para essa mudança.

Ele parece consciente do papel que as mídias sociais cumpriram no avanço do populismo. Acredita que ele sente essa responsabilidade em suas próprias mãos?

Acho que política não é a dele. Suas relações com governos hoje em dia têm muito mais a ver com inteligência artificial. E mesmo que seja contra regulação em geral, Musk realmente acha que deveria haver uma agência regulatória para lidar com robótica.

Na inteligência artificial, os intelectuais parecem se dividir entre os que querem apertar o acelerador para ver onde essa tecnologia pode nos levar e os que querem apertar o freio, preocupados com os danos que ela pode trazer à humanidade. Onde está Musk nesse espectro?

Sabe, quando Musk era criança, ele era muito esquisito socialmente, não tinha amigos. Ele ficava sentado o dia todo lendo ficção científica, como os livros de Isaac Asimov sobre a possibilidade de os robôs se voltarem contra nós. Então ele se convenceu de que uma de suas grandes missões era fazer com que robôs fossem seguros.

Ele acorda todo dia pensando no risco de construirmos tecnologia que vai prejudicar a humanidade. Quando ele anda nas fábricas que constroem robôs, ele costuma perguntar, “como fazemos um botão de parar tudo?”. Ou seja, um jeito de tornar os robôs menos intimidadores para nós. Isso é algo que está imbricado na sua missão.

O episódio do erro envolvendo a Starlink na Ucrânia fez com que o sr. visse Musk como uma fonte menos confiável do que pensava?

Ah, não, Elon foi totalmente confiável. Ele tinha enviado a Starlink para a Ucrânia e, naquela noite, eles iriam usá-la para um ataque na Crimeia. Ele me disse que não permitiu que aquele ataque acontecesse, então escrevi que ele desligou o Starlink, mas na verdade o sistema não estava habilitado [e Musk manteve assim].

Não muda em nada a essência da história, que é: naquela noite ele decidiu se a Ucrânia atacaria a Crimeia ou não. Será que uma pessoa sozinha devia ter tanto poder? Eu devia ter explicado melhor o que aconteceu, então mudei [em futuras edições do livro].

O Wall Street Journal noticiou há pouco que o uso de drogas ilícitas por Musk vinha se tornando motivo de preocupação para diretores de suas empresas como Tesla e SpaceX. Como é a relação dele com essas substâncias? Esse assunto surgiu com alguma relevância na sua pesquisa?

Elon Musk falou sobre usar cetamina e outras drogas recreativas e prescritas, mas, como mostra o livro, drogas ilegais não eram parte de seu estilo de vida e não explicavam suas mudanças de humor ou de comportamento no trabalho.

O sr. trabalhou por muito tempo como editor na revista Time e chefiando a CNN nos Estados Unidos. Como está hoje a relação entre a mídia tradicional e as mídias sociais?

Olha, eu sou a encarnação da imprensa tradicional, e nós éramos “gatekeepers”, ou seja, todo dia decidíamos o que iria para a capa da Time ou qual seria a principal reportagem da CNN. Era uma elite da mídia da qual tive sorte de ser parte.

As redes sociais vieram para tirar o poder de pessoas como eu, os editores de revistas, jornais e canais de televisão. Todo mundo podia veicular suas opiniões por aí. É uma coisa ótima, democratizante, empodera os indivíduos e garante que pessoas como eu não possam mais controlar as informações que as pessoas recebem.

E, como toda coisa boa, trouxe junto um monte de bagunça. Quando Gutenberg inventou a imprensa, democratizou como a informação circulava na época, o que colaborou com a Reforma Protestante, com guerras religiosas, com o Renascimento. Então foi disruptivo para aquele equilíbrio.

Temos que reconhecer que nós, que comandávamos a mídia tradicional, cometemos erros às vezes. Agora há muita desinformação por aí, mas eu não voltaria a um sistema em que uma ou duas centenas de pessoas controlavam a informação no mundo.

É um ponto de vista humilde.

Benjamin Franklin disse que basta ficar um pouco mais velho para perceber que, às vezes, você estava errado.

Walter Porto/Folhapress

Corinthians supera Guarani nos pênaltis e segue vivo na Copinha

Foto: Rodrigo Gazzanet/Agência Brasil
Não teve facilidade, mas o Corinthians superou o Guarani por 5 a 4 na disputa de pênaltis (após empate por 2 a 2 no tempo regulamentar), nesta sexta-feira (12) no estádio Bento de Abreu, em Marília, para avançar para a 3ª fase da Copa São Paulo de Futebol Júnio

Após um primeiro tempo sem gols, o Timão abriu o placar aos 9 minutos da etapa final com um belo gol de Higor, um chute de fora da área que morreu no ângulo do gol adversário. Mas o Guarani conseguiu igualar dois minutos depois com Rafael em jogada de contra-ataque.

Mesmo com a ducha de água fria o Corinthians não desanimou e conseguiu voltar a ficar em vantagem, graças a Pedrinho aos 18 minutos. Porém, aos 45 minutos Bruninho arrancou o empate para o Bugre, forçando a disputa de pênaltis.

Nas penalidades o Timão foi perfeito, com Léo Mana, Breno Bidon, Thomas Lisboa, Bahia e João Pedro Tchoca. Além disso, o goleiro Felipe Longo defendeu uma penalidade e garantiu a classificação.

O Timão, que é o maior campeão da história da competição (com dez títulos), mede forças na próxima etapa da competição com o Atlético-GO, que goleou o Marília por 5 a 1 para avançar.

Queda do Fluminense

Se o maior vencedor da Copinha segue vivo, o Fluminense, o segundo maior vencedor da competição ao lado do Internacional (com cinco títulos cada), perdeu de 3 a 2 para o Ituano e foi desclassificado.

Outros resultados:

Grêmio 4 x 1 Mirassol
Botafogo 0 x 2 Novorizontino
Atlético-GO 5 x 1 Marília
Tanabi 1 (1) x 1 (4) Athletico-PR
Desportivo Brasil 2 (3) x 2 (5) América-MG
Chapecoense 4 (4) x 4 (5) Tiradentes-PI
Fortaleza 4 x 0 Internacional
Capital-DF 4 x 0 Capivariano
Coimbra 1 (3) x 1 (2) Figueirense
Ferroviária 3 x 2 Gama
Criciúma 2 x 1 São-Carlense
XV de Jaú 0 (2) x 0 (3) CRB
Catanduva 1 (4) x 1 (5) Ponte Preta
Ceará 1 (2) x 1 (4) São Paulo

Edição: Fábio Lisboa
Por Agência Brasil - Rio de Janeiro

Helicóptero da Marinha tomba em treinamento em Manaus

Um helicóptero da Marinha caiu na manhã desta sexta-feira (12) na Base Aérea de Manaus. Não houve feridos graves e as causas do acidente não foram informadas.

Segundo a Marinha, a aeronave 7055, do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Noroeste (EsqdHU-91), sofreu o acidente durante um voo de adestramento.

Os tripulantes da aeronave foram atendidos no Hospital de Aeronáutica de Manaus e passam bem.

Questionada, a Marinha não informou quantas pessoas estavam no helicóptero. “As causas e circunstâncias do acidente estão sendo apuradas”, disse em nota.

Uma foto que circula nas redes sociais mostra o helicóptero tombado no chão.

Esse é o quarto acidente com helicóptero no país em menos de duas semanas.

Nesta sexta, foi encontrado um helicóptero que decolou no último dia 31 do aeroporto Campo de Marte, na zona norte de São Paulo. Os destroços da aeronave foram achados em uma área de mata fechada em Paraibuna (SP). Quatro pessoas morreram.

Na terça-feira (2), um helicóptero com quatro pessoas caiu em área do lago de Furnas, no município de Capitólio (a 279 km de Belo Horizonte), em Minas Gerais.

Um dos tripulantes morreu no acidente. A vítima foi um homem de 44 anos que trabalhava como piloto de lancha na região, segundo a polícia. A corporação não divulgou o nome dele.

As outras três pessoas que estavam no voo foram resgatadas com vida e encaminhadas para atendimento médico. As circunstâncias do acidente são investigadas.

No mesmo dia, a queda de um helicóptero matou um homem de 43 anos em Santa Luzia (MA) —a 294 km de São Luís. A vítima, identificada como José Rondinelle da Encarnação Rodrigues, estava sozinha e morreu na hora.

No sábado passado (6), o advogado Sérgio Roberto Alonso, 74, morreu na queda de um planador em uma área de plantação de cana-de-açúcar às margens do km 298 da rodovia Marechal Rondon, em Lençóis Paulista (SP).

Fábio Pescarini/Folhapress

Papa interrompe discurso e diz que está de novo com bronquite

Papa Francisco discursa em audiência geral no Vaticano
O papa Francisco não conseguiu terminar um discurso nesta sexta-feira (12), reclamando de “um pouco de bronquite”. Ele falava no Vaticano para um grupo de especialistas franceses em comunicação religiosa.

O pontífice de 87 anos sofreu uma infecção pulmonar aguda em novembro, o que o levou a cancelar uma viagem a Dubai para a cúpula climática COP28, e a pedir que seus auxiliares lessem seus discursos por semanas.

Francisco estava reunido com os participantes de um simpósio organizado pela Conferência Episcopal Francesa, quando teve de interromper a mensagem de boas-vindas. “Eu gostaria de ler todo o discurso, mas há um problema. Estou com um pouco de bronquite”, disse ele com a voz rouca.

O papa já havia feito outros discursos nesta sexta em reuniões com jovens profissionais e representantes de um comitê que promove as relações entre as igrejas Católica, Ortodoxa e Oriental. Em compromisso posterior, o pontífice não leu seu discurso para os membros de um órgão científico católico. Eles receberam o discurso por escrito, segundo o Vaticano.

A saúde de Francisco deteriorou-se nos últimos anos, forçando-o a viajar em uma cadeira de rodas, enquanto continuam as especulações sobre a sua possível renúncia do cargo. Em 2021, o chefe da Igreja Católica foi submetido a uma cirurgia no cólon e, no ano passado, foi hospitalizado duas vezes este ano, uma delas para uma operação no abdômen.

A cirurgia foi para reparar uma laparocele, tipo de hérnia que se forma pela falha da cicatrização de uma operação anterior. No caso do papa, um procedimento para tratar de diverticulite, feito em 2021, é apontado como o provável fator que levou ao quadro.

Em março do ano passado, o papa recebeu o diagnóstico de bronquite e ficou cinco dias internado —o pontífice está mais suscetível a doenças respiratórias por ter retirado parte de um dos pulmões quando tinha por volta de 20 anos. Em várias ocasiões, Francisco relatou dificuldade para respirar.

Folhapress

Justiça anula multa de R$ 370 mil de Bolsonaro por não usar máscara

A Justiça de São Paulo arquivou uma das ações judiciais que cobrava do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) uma multa por desrespeitar normas sobre o uso de máscara durante a pandemia de coronavírus. Com a anulação, publicada nesta quinta-feira, 11, a execução fiscal de pouco mais de R$ 370 mil fica extinta.

Mais um pedido para anular outra multa de Bolsonaro pelo mesmo motivo, essa no valor de R$ 376 mil, está aguardando decisão no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

A decisão foi baseada em uma lei estadual, proposta pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e sancionada por ele em novembro deste ano, que anistia multas aplicadas durante a pandemia.

Apesar do afago que favoreceu Bolsonaro, a relação dos dois aliados passa por atritos desde o final do ano passado. Bolsonaro, ao elogiar Tarcísio chamando-o de um “baita de um gestor”, acrescentou que o governador “dá suas escorregadas” politicamente. Tarcísio foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e se elegeu governador como candidato do ex-presidente.

Ao perdoar as multas, o governo de São Paulo vai deixar de arrecadar R$ 72,1 milhões. Bolsonaro, sozinho, era responsável por mais de R$ 1 milhão, soma referente às cinco execuções penais as quais responde por não usar máscara.

Para pagar por suas irregularidades, o ex-presidente recebeu ajuda milionária no valor de R$ 17,1 milhões em suas contas por meio de transferências bancárias realizadas por Pix. O valor foi recebido de apoiadores ao longo dos primeiros seis meses de 2023, que fizeram uma “vaquinha” para pagar multas processuais do ídolo, incluindo aquelas por não usar máscara.

Bolsonaro chegou a ter mais de meio milhão de reais bloqueados de suas contas bancárias em junho deste ano, para o pagamento das multas por não usar máscara em São Paulo. Elas foram aplicadas pelo descumprimento da lei sanitária nos municípios de Itapeva e Miracatu em meio à pandemia da covid-19.

Com a decisão do TJSP, que extingue a dívida, o valor já pago deverá ser devolvido a Bolsonaro.

Um levantamento do jornal O Estado de São Paulo, publicado em junho de 2021, mostrou que o ex-presidente descumpriu a lei sanitária a maior parte do tempo em que esteve cumprindo agenda. Até a data, ele não usou máscara em sete a cada dez eventos de sua agenda, ou 73% dos casos.

Karina Ferreira/Estadão

Preços da gasolina e do etanol voltam a subir após semanas de queda, diz ANP

Após semanas de queda, os preços da gasolina e do etanol hidratado voltaram a subir no país, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). O preço do diesel também subiu, ainda que em menor intensidade.

De acordo com a ANP, a gasolina foi vendida, em média, a R$ 5,58 pelos postos brasileiros nesta semana, alta de R$ 0,02 por litro em relação à semana anterior. Foi o primeiro aumento após cinco semanas de baixa.

O preço do etanol hidratado, principal concorrente da gasolina, subiu R$ 0,04, para R$ 3,43 por litro, mesmo com queda na cotação do produto nas usinas de São Paulo.

Já o preço do diesel teve ligeira alta, ainda como reflexo da retomada da cobrança de impostos federais no início do ano. O diesel S-10 foi vendido, em média, a R$ 5,98 por litro, acréscimo de R$ 0,01 em relação à semana anterior.

Em duas semanas, a alta acumulada é de R$ 0,04 por litro, segundo a ANP. O aumento da carga tributária, de R$ 0,32 por litro, foi parcialmente compensado por corte do preço do produto nas refinarias da Petrobras após o Natal.

Em fevereiro, diesel e gasolina voltarão ser pressionados pelo aumento do ICMS. A alíquota do imposto estadual sobre a gasolina subirá R$ 0,15, para R$ 1,37 por litro. No diesel, a alta será de R$ 0,12, para R$ 1,06 por litro.

No cenário internacional, o recrudescimento dos conflitos no Oriente Médio deve reduzir as chances de novos cortes nas refinarias. Nesta sexta-feira (12), por exemplo, a cotação do petróleo Brent subiu 0,92%, para US$ 72,68 por barril.

A alta reflete incertezas geradas após ataque pelos Estados Unidos, nesta sexta, a uma série de instalações dos rebeldes houthis no Iêmen, escalando a guerra iniciada em 7 de outubro entre Hamas e Israel.

Na abertura do pregão, o preço do diesel nas refinarias brasileiras estava R$ 0,20 por litro mais barato do que a paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis), o dobro do valor de quinta (11).

Já a gasolina, que vinha sendo vendida pelas refinarias brasileiras com prêmio em relação às cotações internacionais, estava praticamente alinhada à paridade de importação calculada pela Abicom.

Nicola Pamplona/Folhapress

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