PT discute fortalecimento de pré-candidaturas a prefeito e vereador do Oeste da Bahia

Região estratégica para o PT Bahia, a Bacia do Rio Grande, um dos territórios do Oeste baiano, sediou neste sábado, 27, o Encontro Territorial da legenda em Barreiras com a presença de 14 dos 15 municípios. O objetivo foi alinhar estratégias, como a criação do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do Território, para fortalecer as pré-candidaturas de prefeitos e prefeitas, vereadores e vereadoras dessas cidades nas eleições de 2024. A reunião também foi importante para organizar ainda mais os Diretórios e intensificar as discussões com os movimentos sociais, sindicatos, a população LBTQIA+ e a juventude, dentre outros, e compreender quais as principais demandas para garantir a melhoria da qualidade de vida dos moradores e o desenvolvimento regional.

Estavam presentes na reunião deste sábado membros da Executiva do PT Bahia – o vice-presidente Gutierres Barbosa, os secretários Liliane Oliveira e Silvio Lacerda -, representantes dos Diretórios Municipais, como a presidente do PT de Barreiras, professora Nilza Martins, o pré-candidato do PT no município, o ex-deputado federal Tito, os deputados estaduais Neusa Cadore e Robinson Almeida, o secretário de Estado Afonso Florence, o suplente de senador, Terence Lessa, o chefe de gabinete do senador Jaques Wagner, Lucas Reis, e Jonas Paulo, ex-presidente do PT estadual e membro do PT nacional.

O encontro foi necessário, ainda, para aprofundar o debate sobre a conjuntura local e fazer um diagnóstico geral da região, acrescentou a presidente do PT de Barreiras, professora Nilza. Na reunião, os diretórios municipais informaram a quantidade de candidaturas próprias que possuem, o número de candidatos a vereador ou vereadora, quais as forças com as quais o partido dialoga em cada cidade e o cenário da Federação PT, PCdoB e PV. “Vamos fazer, pelo menos, um vereador ou vereadora em cada município, mas acredito que vamos ultrapassar isso pelo processo de organização pelo qual estamos passando”, disse a professora durante a mobilização.

Segundo a secretária de Mulheres do PT Bahia, Liliane Oliveira, a grande presença de representantes dos municípios é resultado do processo de mobilização de 2023, quando foram promovidos os Encontros Territoriais do PT Bahia. “Então, por estímulo deles mesmo, por auto-organização do Território construímos esse encontro. É um dos territórios mais importantes, pelo que representa, pela quantidade populacional, mas também uma retomada da nossa organização, das lutas sociais, populares que tem aqui nesse Território, que é tão rico, tão diverso. Para a gente, é uma arena de disputa muito importante e que estamos vindo agora com muita força nesse processo eleitoral”, afirmou Liliane, que ressaltou a força de candidaturas femininas na região.

Para o pré-candidato a prefeito de Barreiras, que também é novo filiado do PT, o encontro na Bacia do Rio Grande é uma excelente oportunidade para dialogar e estabelecer as estratégias eleitorais para o ano de 2024. “Além disso, é uma chance de construir políticas públicas de forma coletiva, visando estabelecer metas para frentes de trabalho que transformem a vida das pessoas. Estamos dedicados e unidos para combater a desinformação e o ódio, promovendo o bem-estar social de nossa comunidade”, disse Tito.

Secretário LBGT do PT Bahia, Silvio Lacerda, por sua vez, destacou a força do Encontro com a participação dos movimentos sociais e sindicais e de representantes da população LGBTQIA+, das mulheres, da população negra, dentre outros, no processo de organização. “Foi uma tarefa de não só de reorganizar e organizar os Diretórios Municipais do Partido dos Trabalhadores, mas também da gente fazer um debate com os movimentos, os sindicatos, as pastorais, com a população LGBTQIA+ da Bacia do Rio Grande, a juventude, o povo preto porque estamos em um momento de reconstrução e vamos precisar de todos esses segmentos e comunidades para que a gente consiga ter a vitória nas eleições de 2024, e por isso o contato e o debate com essas pessoas é tão importante”.

Chuvas causaram a morte de mais de 4.000 pessoas no Brasil em 32 anos

Os 12 mortos na segunda quinzena de janeiro em decorrência das chuvas no Rio de Janeiro evidenciam um histórico de tragédias: o estado registrou, entre 1991 e 2022, o maior número de mortes no país por causa dos efeitos de tempestades.

Dos 4.111 óbitos no Brasil no período —média de 1 a cada 3 dias— por ocorrências de alagamentos, enxurradas, inundações, movimento de massa, tornado, vendavais, ciclones, chuvas intensas e granizo, 1.511 foram no Rio de Janeiro.

O levantamento foi realizado pela Folha com dados do Atlas de Desastres no Brasil, do MDR (Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional). Os dados de 2023 ainda não foram consolidados na base.

Em nota, a gestão Cláudio Castro (PL) afirmou que investe em obras e ações. Desde 2021, o governo do estado já investiu, por meio do PactoRJ, R$ 4,3 bilhões em obras de infraestrutura. A atualização do Plano de Contingência para as Chuvas do verão de 2023/2024 prevê investimentos de mais de R$ 3 bilhões em equipamentos de última geração, tecnologia e treinamento das equipes que atuam em situações de emergência”.

O Sudeste concentra 42% da população residente do país (84,8 milhões), segundo o Censo 2022, e 64,9% de todas as mortes ocorreram na região em toda a série histórica analisada. A segunda posição é do Nordeste, com 15,7%, seguido do Sul 11,9%. O Norte acumulou 5,9%, e o Centro-Oeste, 1,4%.

A explicação para o alto número de mortes no Rio de Janeiro, segundo especialistas, está na combinação da geografia, concentração populacional, ocupação urbana e políticas públicas.

“A serra fluminense tem um solo raso, em cima de um maciço rochoso bastante fraturado, o que faz com que na ocorrência de chuvas intensas esse solo encharque rapidamente e em razão da declividade ocorram os deslizamentos”, afirmou o professor Matheus Martins, especialista em drenagem urbana e professor da Escola Politécnica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

“Já a baixada fluminense está espremida entre a serra e a Baía de Guanabara, de forma que as águas das chuvas acabam descendo rapidamente das encostas até a região e encontrem um terreno plano onde o nível da baía funciona como um freio para os escoamentos, fazendo a região extremamente suscetível a inundações”, acrescentou Martins.

Foi na região serrana do Rio de Janeiro que ocorreu a maior tragédia climática do Brasil, em 2011. Segundo o Atlas, que é abastecido com informações das secretarias municipais e estaduais, foram 870 mortos no Rio, naquele ano. No entanto, o número pode ser bem maior pelo número de desaparecimentos ou óbitos reconhecidos após o período e ainda não incluídos na base de dados.

Estudo do governo federal deste ano apontou que 8,9 milhões de pessoas vivem em área de risco geo-hidrológico. O levantamento mostra que a maior parte delas está no Nordeste e no Sudeste, especialmente em regiões perto do litoral e das áreas de serra.

Vivendo na Fazenda Botafogo, conjunto habitacional próximo do rio Acari, na zona norte, o aposentado José Flávio Barros, 54, diz que seu apartamento sempre costuma inundar quando o rio sobe. “Sou cadeirante e minha esposa também. Na última enchente, fomos resgatados por um vizinho no meio da madrugada, se não tivéssemos saído acho que possivelmente nos afogaríamos”, afirmou.

A cidade do Rio tem sirenes de alerta para possíveis deslizamentos em 103 comunidades. Mas mesmo assim muitos moradores preferem não seguir as recomendações.

Lúcia Maria de Paula Souza, 37, é moradora do morro da Formiga, zona norte do Rio. Ela conta que prefere ficar em casa, mesmo com o toque da sirene. “Nem todos vão para a igreja [ponto de refúgio e apoio nas chuvas]. Se a encosta cair na minha casa, vai cair na igreja também. Prefiro ficar em casa. E, de todas as vezes que saí, não aconteceu nada”, disse.

“É necessário preparar e fortalecer os Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil, para que as comunidades adquiram capacidade operacional durante os eventos críticos, além de estruturar o local com pontos de apoio, rotas de fuga sinalizadas, dispositivos para alarme. Nestas horas, a preparação da própria comunidade faz toda a diferença”, afirmou o professor Leandro Torres, também da politécnica da UFRJ, especialista em desastres.

“A precariedade das políticas sociais e de habitação, associadas à falta de controle da ocupação do espaço urbano, resulta na ocupação desordenada de várzeas e encostas, normalmente pela população de mais baixa renda que, além de mais vulnerável, também acaba sendo exposta mais diretamente às ameaças”, avaliou Torres.

Obras de prevenção muitas vezes são abandonadas. As bombas de sucção do rio Iguaçu, por exemplo, deveriam ter cinco equipamentos do tipo, mas somente duas estão funcionado. Ao todo, no projeto Iguaçu, que realizou o reassentamento de 3.000 famílias e dragagem do rio, foram empregados cerca de R$ 500 milhões, entre verbas federais e contrapartida estadual, dos R$ 2 bilhões previstos. O governo estadual afirma que está em processo de licitação para a compra das bombas ausentes.

O debate sobre a prevenção das chuvas virou tema de uma comissão da OAB-RJ, em 2022. “As chuvas vêm aumentando a cada ano, é fruto das alterações climáticas e ocupação desordenada também. A comissão age na fase anterior, na prevenção e mitigação dos riscos, orientando no plano municipal de redução de desastres”, disse o coordenador Fernando Magalhães, da Comissão dos Desastres e Defesa Civil.

Apesar dos dados de óbitos de 2023 não estarem consolidados, o ano foi marcado por tragédias, como a de fevereiro, quando fortes chuvas, nos dias 18 e 19, atingiram a cidade de São Sebastião, no litoral norte, causando deslizamentos, em especial no bairro Barra do Sahy, e a morte de 64 pessoas.

Bruna Fantti e Natália Santos, Folhapress

Polícia Civil apreende dois fuzis e maconha em condomínio de Itapuã

Equipes do Denarc cumpriram o mandado de busca e apreensão em uma casa alugada pelo alvo das investigações.

O trabalho investigativo da Polícia Civil da Bahia, por meio do Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), resultou na apreensão de dois fuzis calibres 556, modelos M4, carregadores municiados e nove tabletes de maconha, localizados em uma residência, dentro de um condomínio no bairro de Itapuã, nesta sexta-feira (26).

A apreensão aconteceu durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão contra um suspeito de liderar uma organização criminosa, com ramificações em Salvador e Região Metropolitana (RMS). De acordo com as investigações, além do tráfico de drogas, o homem também é envolvido com assaltos a bancos, homicídios e associação criminosa.

Ninguém foi encontrado no imóvel e as investigações continuam, com o objetivo de localizar e prender o criminoso, bem como identificar outras pessoas que tenham envolvimento com o grupo. O cidadão também pode colaborar e fornecer informações à Polícia Civil, de forma anônima, por meio do Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), no 181.

Fonte: Ascom PC

Cipe Mata Atlântica e 7ª CIPM evitam execução de adolescentes em Eunápolis

Guarnições realizavam policiamento na região, quando visualizaram dois adolescentes em estado de pânico.

 
Policiais militares da Cipe Mata Atlântica (Caema) em ação conjunta com a 7ª CIPM evitaram que duas pessoas fossem mortas na noite de quinta-feira (25), no Parque da Renovação, em Eunápolis.
 
As guarnições realizavam policiamento na região, quando visualizaram dois adolescentes em estado de pânico, em uma área de pastagem, no bairro Renovação. As vítimas relataram que tiveram os celulares roubados e seriam mortos em sequência por um grupo de criminosos, caso os agentes não chegassem a tempo.

Rondas foram feitas na localidade, porém os suspeitos conseguiram fugir.

As vítimas foram encaminhadas à Delegacia de Eunápolis, onde foram realizados o registro e o acionamento do Conselho Tutelar local. E após todas as medidas, os PMs escoltaram os menores e os prepostos do Conselho Tutelar às respectivas residências.

Fonte: DCS PM

Rondesp Atlântico intercepta traficante apontado com liderança de facção

O criminoso foi alcançado na Avenida Bonocô, na tarde desta sexta-feira (26). Houve confronto, após tentativa de prisão.

A Rondesp Atlântico encontrou na tarde desta sexta-feira (26), um traficante apontado como liderança de uma facção que atua no bairro do Engenho Velho da Federação. O criminoso foi alcançado na Avenida Bonocô, em Salvador.
Os policiais militares patrulhavam na via, quando perceberam o comportamento suspeito de um homem que dirigia um carro modelo Uno. Na tentativa de abordagem, o suspeito atirou.

Houve confronto e o indivíduo acabou ferido. Ele foi socorrido para o Hospital Geral do Estado, mas não resistiu. Com o criminoso foram apreendidos um revólver calibre 38, munições, um tablete e 22 trouxas de maconha, além de 34 pinos de cocaína.

Texto: Alberto Maraux

Homem é preso em flagrante por tráfico na Estrada das Barrei

Drogas, uma balança, sacos plásticos para a embalagem dos entorpecentes e munições foram apreendidos em um imóvel, em Simões Filho.
Policiais da 12ª Delegacia Territorial (DT) de Itapuã autuaram um homem em flagrante pelos crimes de tráfico de drogas e porte ilegal de munição, na tarde de quinta-feira (25). Ele foi preso na Estrada das Barreiras, em Salvador, com 12 porções de cocaína.
 
Com a prisão do suspeito, localizado após denúncia anônima, a polícia identificou uma casa abandonada na região da Cepel, em Simões Filho, que servia para armazenar matérias do tráfico. Pinos contendo cocaína, várias porções de maconha e pedras crack, uma balança, sacos plásticos para a embalagem dos entorpecentes e 13 munições foram apreendidos no imóvel.

Quando adolescente, o suspeito foi apreendido por ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. Ele passou por exames de corpo de delito e permanece à disposição do Poder Judiciário.

Fonte: Ascom PC

PT fica sem nomes de peso e pode repetir fiasco nas eleições municipais para prefeituras de capital

Lula adotará cautela em cidades com mais de uma candidatura da base governista
O PT aposta no peso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da máquina federal para reverter o fiasco da eleição de 2020, quando não conseguiu eleger prefeitos para nenhuma das 26 capitais brasileiras. O cenário, porém, é desafiador novamente: embora tenha nomes competitivos em algumas cidades, nenhum deles lidera as pesquisas eleitorais ou é favorito no momento, o que reforça a dificuldade que o partido encontra de formar novas lideranças.

Ao mesmo tempo, pré-candidatos apoiados pela sigla, Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Eduardo Paes (PSD-RJ), estão na frente em São Paulo e Rio de Janeiro, os dois maiores colégios eleitorais, mesmo caso de João Campos (PSB-PE) no Recife.

O partido caminha para apoiar Luciano Ducci (PSB-PR) em Curitiba (PR) e Marcus Alexandre (MDB-AC) em Rio Branco (AC) — este último deixou o PT sob o argumento de trabalhar na Justiça Eleitoral, mas meses depois se filiou ao MDB para disputar a eleição. Ambos também lideram nas respectivas cidades, de acordo com dados do agregador de pesquisas produzido pelo Ipespe e divulgado pela CNN Brasil no final do ano passado.

O PT já definiu candidaturas próprias em 11 capitais, número que pode subir para 14 nos próximos meses: ainda não há definições em Florianópolis (SC), Manaus (AM) e Cuiabá (MT). A tendência é que nas demais cidades o apoio seja a candidatos de partidos da base do governo Lula.

A disputa mais acirrada é em Goiânia (GO), onde a deputada federal Adriana Accorsi (PT) teria 15% das intenções de votos contra 23% do senador Vanderlan Cardoso (PSD), conforme o agregador. Ex-delegada-geral da Polícia Civil de Goiás, ela é filha do ex-prefeito Davi Accorsi, que governou a capital goiana nos anos 90.

O cenário eleitoral pode ficar ainda mais favorável à petista, pois ela negocia para Cardoso desistir de se candidatar e o PSD apoiá-la. A exemplo de petistas em outras capitais, Accorsi quer formar uma frente ampla de partidos. “De fato iniciamos um diálogo sobre o processo eleitoral em Goiânia, mas ainda muito inicial. Seguimos com as pré-candidaturas, mas acredito que devemos construir uma frente ampla para cuidar da cidade”, disse ela sobre a possível aliança com o senador.

Coordenador do grupo de trabalho eleitoral do PT, o senador Humberto Costa (PE) afirma que, embora o partido deseje administrar várias capitais, há outros objetivos em jogo, como projetar novos nomes e lideranças na sigla.

Para o cientista político Rodrigo Prando, o PT sempre buscou uma hegemonia no campo da esquerda, mas dessa vez há a leitura que é melhor apoiar outros partidos quando não houver petistas competitivos para não perder espaço para a direita nas prefeituras.

“O PT tem uma enorme dependência de Lula, de seu carisma e força política e eleitoral e isso, de certa forma, atrapalhou o surgimento de novas lideranças no partido. Quando alguém desponta com capacidade de renovar e liderar o partido, há ‘fogo amigo’ de inúmeras alas do PT”, diz o professor do Mackenzie.

O PT prevê que Lula será ativo e estará no palanque dos candidatos, sejam eles petistas ou aliados de outras siglas. A exceção serão as capitais onde partidos da base do governo tenham mais de um candidato. O presidente disse que nestes casos não pode ser “acintoso” no apoio a um dos nomes.

“Eu não vou me jogar para criar conflito. Eu tenho que saber que sou o presidente e que eu tenho que fazer um jogo mais ou menos acertado para que não traga problema depois, quando terminar as eleições, aqui no Congresso Nacional”, disse Lula em entrevista à rádio Metrópole, de Salvador (BA), na terça-feira, 23.

A regra não se aplica a São Paulo, onde o presidente apoia Boulos mesmo com as pré-candidaturas de Tabata Amaral (PSB-SP) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), cujos partidos fazem parte do governo.

Em Belo Horizonte, a candidatura do deputado federal Rogério Correia (PT) divide espaço com a do prefeito Fuad Noman (PSD), que apoiou Lula contra Bolsonaro, e a da também deputada Duda Salabert (PDT), além da federação PSOL-Rede, que também terá candidato.

Segundo pesquisa AtlasIntel realizada entre os dias 25 e 30 de dezembro, o bolsonarista Bruno Engler (PL), atualmente deputado estadual, lidera a corrida na capital mineira com 31,4%, seguido de Correia, com 21%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.

“A expectativa é que a gente tenha um apoio do presidente Lula, compreendendo isso que ele tem dito (sobre os partidos da base)”, disse o candidato do PT belo-horizontino. “Quem representa o governo Lula e o enfrentamento ao bolsonarismo é a minha candidatura”, acrescentou.

A disputa contra o bolsonarismo também é a tônica da eleição em Porto Alegre (RS) na visão de Maria do Rosário (PT), deputada federal e pré-candidata do PT na cidade. Ela diz que o prefeito Sebastião Melo (MDB) aderiu ao bolsonarismo, assim como o vice-prefeito, Ricardo Gomes (PL) que se filiou ao partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“O presidente vai ajudar, mas quem tem que mostrar competência para ganhar a eleição é quem é candidato”, disse a petista. Ela aparece com 26%, contra 33% de Melo no agregador do Ipespe. Como é tradição na capital gaúcha, a esquerda não está unida, pois Juliana Brizola (PDT) também é candidata.

Diferente de 2023, onde priorizou viagens ao exterior, Lula direcionará o foco para viagens domésticas com o objetivo de divulgar ações de seu governo e tentar impulsionar as candidaturas locais. No primeiro giro, ele focou no Nordeste, onde passou por Bahia e Pernambuco, antes de chegar a Fortaleza (CE).

A capital cearense é um dos poucos locais onde há disputa interna no PT. A deputada Luizianne Lins, que governou a cidade por dois mandatos, disputa a indicação com o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão. Luizianne foi barrada de subir ao palco no evento com Lula, enquanto Leitão esteve ao lado do presidente.

Na pesquisa AtlasIntel, o presidente da Alece está em terceiro lugar, com 14,2%, atrás do prefeito José Sarto (PDT), com 25,6%, e Capitão Wagner (União), que tem 28,6%. A margem é de 3 pontos percentuais. A pesquisa não testou o nome de Luizianne Lins, mas a deputada aparece em segundo lugar no agregador do Ipespe, com 21% contra 33% de Wagner.

“Caso eu não venha a ser o escolhido, eu irei não só empunhar bandeira, mas pedir voto para aquele que for escolhido dentro do meu partido, porque sou uma pessoa que acredito em projeto, não acredito apenas em pessoas”, disse Leitão em entrevista ao jornal O Povo na terça-feira, 23. O Estadão não conseguiu falar com Luizianne Lins em mais de uma ocasião porque, segundo a assessoria, ela cumpria agendas no interior do Ceará.

Pedro Augusto Figueiredo, Estadão Conteúdo

Primeiro líder do MST criado em assentamento vê Lula mais distante e cobra alma

João Paulo Rodrigues, dirigente nacional do MST
Quando tinha dez anos, João Paulo Rodrigues cumpriu sua primeira missão no MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Em 1990, coube a ele e a um primo da mesma idade correr 5 km, atravessar um riacho a nado, reunir as famílias despejadas de um acampamento no Pontal do Paranapanema e repassar as instruções da cúpula do MST sobre o local para onde deveriam rumar —os agentes tentavam dispersá-las e diziam que elas deveriam voltar para suas cidades de origem.

Hoje com 44 anos, Rodrigues é a principal liderança da segunda geração do MST, a primeira a ter sido criada em assentamentos. Os antecessores que fundaram o MST em 1984, em Cascavel (497 km de Curitiba), formaram-se em grupos religiosos, sindicatos e outros movimentos rurais.

No MST, que chega aos 40 anos neste janeiro, ele tem ocupado funções de comando desde a adolescência e atualmente é responsável pela articulação política. Entre os representantes de movimentos sociais, é um dos mais próximos ao presidente Lula (PT).

Essa conjunção de fatores o levou a ocupar a posição de coordenador de mobilização popular da campanha de Lula em 2022, quando ficou encarregado de elaborar estratégias de disseminação do nome do petista para além dos marcos da comunicação oficial.

Hoje, diz à Folha, MST e Lula estão mais distantes. Diferentemente do esperado, o presidente ainda não recebeu o movimento e não visitou assentamentos.

O dirigente camponês afirma que o movimento precisa ter consciência de que não está no governo, apesar de apoiá-lo. Ao mesmo tempo, diz ele, o presidente também tem que compreender as manifestações dos sem-terra, que classificam 2023 como o pior ano em número de assentamentos em quatro décadas. E tem que entender também os protestos e as invasões (chamadas pelos sem-terra de ocupações).

Rodrigues se define como um agricultor. Enquanto membro da segunda geração do MST, foi encorajado a estudar e tem diplomas de técnico agrícola e de ciências sociais.

A cada 20 dias, ele parte para seu terreno no assentamento Gleba 15 de Novembro, no extremo oeste paulista, para “tocar a roça”. No restante do tempo, fica na capital ou viaja para atividades do MST.

“Lá tem pato, ganso, galinha d’angola, pavão, peixe, porco, cavalo. Sou especialista em criação de carneiro e de porco. E o que me dá mais renda é o leite e a mandioca.”

O surgimento da Gleba foi um marco na disputa agrária no estado. Em 1984, o então governador Franco Montoro (PMDB) desapropriou uma área grilada reivindicada pelos sem-terra no Pontal do Paranapanema, um dos epicentros dos conflitos por terra no país, e a estabeleceu como primeiro assentamento de São Paulo.

Após dois anos acampada, a família Rodrigues então foi assentada. João Paulo é filho de Valmir Rodrigues Chaves, mais conhecido como Bill, ex-meeiro da cafeicultura no Paraná e pioneiro do MST na região.

Nessa época, formou-se politicamente no movimento e na convivência com petistas em ascensão –o PT surgiu em 1980, quatro anos antes do que o movimento dos sem-terra.

“Vi o Lula pela primeira vez nessa época, o [Luiz] Gushiken, o [José] Genoino, porque eles iam lá em casa. Com oito anos, eu tinha relação com todos esses papas da política”, rememora. Ele afirma que participou de quase todas as invasões no Pontal nesse período. Com 16 anos, já coordenava ações de repercussão.

Rodrigues afirma que a juventude em assentamentos lhe deu visão privilegiada e desapaixonada da experiência sem-terra. Ele diz que lembra com nitidez da sensação da lona da barraca sobre si quase derretendo no verão e pingando gotas geladas no inverno.

“Não tem glamour. Nossa luta radicalizada não é componente ideológico, é questão de sobrevivência. Quando a gente ocupava terra, fazia saques, fechava rodovia, era para resolver o problema da minha subsistência como sujeito que estava fazendo reforma agrária. A consciência política de que aquilo estava dentro de uma atuação maior vem depois das ocupações”, argumenta.

Nos anos seguintes, Rodrigues ascenderia na burocracia. Em 2002, interrompeu o curso de filosofia na Universidade Metodista para coordenar o escritório do MST em Brasília. Na ocasião, ganhou projeção ao tomar a frente nas negociações da ocupação da fazenda da família do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), localizada em Buritis (MG).

Ele ainda ficaria responsável pela juventude e pelas relações internacionais do MST antes de ser alçado ao posto de articulador político. Em 2014, concluiu o curso de ciências sociais na Uninove (Universidade Nove de Julho), em São Paulo.

Rodrigues já estava entre os principais líderes do MST durante o governo da petista Dilma Rousseff (2011-2016) quando o movimento promoveu uma clivagem em seu projeto.

Diante da desilusão com as administrações petistas, o MST diagnosticou a falência da batalha pela reforma agrária clássica, baseada em tentativa de aliança com os setores industriais mais progressistas, e abraçou um programa de reforma agrária popular, alicerçado no desenvolvimento agroecológico e no enfrentamento do latifúndio e das empresas transnacionais.

Rodrigues é um dos principais entusiastas da reforma agrária popular no MST. Ele diz que os próximos sete anos, contando com uma reeleição do PT, são a janela de oportunidade para que o MST proponha um modelo de agricultura alternativo ao agronegócio para o país. Uma “revolução verde no campo”.

“Nas bases do MST há 10 milhões de hectares. Se conseguirmos ter nessa cadeia produtiva agroindústrias de sementes, parcerias de bancos, e conseguirmos avançar em ter toda a produção agroindustrializada e beneficiada, poderemos ser uma das maiores organizações de produção de alimento do mundo”, afirma Rodrigues.

A ideia é produzir sem agrotóxicos, com o mínimo de participação de máquinas pesadas, no modelo cooperativado, e não somente familiar. O MST possui hoje 185 cooperativas, e de algumas delas saem as produções mais massivas do movimento, como a de arroz orgânico e de leite.

Um desafio para o MST é conseguir dominar toda a cadeia de um produto, da criação à comercialização. No caso do leite, a estimativa é que, dos 7 milhões de litros que o movimento produz por dia, 6 milhões sejam entregues puros para a indústria tradicional, que então concentra o lucro.

Na cadeia do suco de uva, o movimento discute a instalação de uma fábrica de vidro no Rio Grande do Sul para envasar os 3 milhões de litros por safra, além de vinho e geleia. A ideia é buscar apoio do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento).

Mais do que os antecessores, Rodrigues tem uma preocupação própria com o papel do MST nas guerras culturais. É nesse sentido que ele defende a persistência das ocupações. Segundo ele, elas e as greves são “irmãs gêmeas da radicalidade”, às quais camponeses e trabalhadores recorrem pelo contínuo efeito de novidade.

As ocupações ajudariam, então, nas tarefas que o MST tem de propor o debate sobre o direito à terra e manter vivo o sonho da “sociedade socialista”, de “plantar a semente de que nós vamos ser iguais”, “sem explorado e sem explorador”, diz Rodrigues.

Foi nesse campo da “disputa dos imaginários” que o MST fez uma aposta pela aproximação com a sociedade civil, por meio de ações como doações de alimentos e de sangue, e pelo estreitamento de laços com os grupos LGBTQIA+, negros e indígenas. É o MST que vende milhares de camisetas e bonés por mês.

“Sempre negamos na história do MST ser uma organização identitarista, ongueira, de flertar com setores médios, etc. Mas a crise do movimento clássico, sindical, partidário, nos ‘obrigou’ a ter outros canais com quem está falando com o povo”, diz.

“Não perdemos a irmandade com CUT, PT, PDT, e procuramos novos atores que estão fazendo luta sem nenhum preconceito”, completa. “Para enfrentar um agro que é pop, temos que construir uma luta.”

Nesse aspecto, o governo Lula tem falhado, avalia. Para além de não ter registrado avanços significativos nos programas –”não acho razoável que não se tenha sinalizado qual é o modelo de reforma trabalhista que teremos”–, a gestão petista não tem dado espaço para a participação popular e não tem produzido simbologia no trato da política social, afirma Rodrigues.

“Gosto muito dos eventos que são feitos no Palácio do Planalto, mas não acho simbologia nenhuma (…) Preciso de um Lula mais próximo de atividades populares para ele ouvir, sentir e sinalizar”, cobra.

Rodrigues conta que um ministro lhe disse que o governo vai bem, “mas sem alma”, com o que ele concorda.

“Preciso saber para onde ele está indo para eu convencer outros. Não consigo ver só pelo Lula internacional ou só pela Fazenda. Preciso que este governo nos dê elementos para fazer assembleias e discutir políticas públicas nos acampamentos ou nas pequenas cidades”, conclui.

Guilherme Seto e Nicollas Witzel, Folhapress

STF adia embates duros com Congresso e ‘pauta fria’ tem ação sobre CNH de freiras

O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
O STF (Supremo Tribunal Federal) retoma as atividades em 2024, na quinta-feira (1º), com a perspectiva de lidar com assuntos que, durante o ano passado, alimentaram atritos com o Congresso e puseram a relação entre os Poderes Legislativo e Judiciário em crise.

Até o fim de fevereiro, no entanto, esses temas devem ficar distantes do plenário do Supremo.

A pauta do mês montada pelo presidente da corte, Luís Roberto Barroso, privilegia temas que não têm risco de serem interpretados como tentativas de invasão das responsabilidades do Congresso.

Barroso tem evitado esse tipo de conflito desde que assumiu a presidência do tribunal, em setembro passado —embora tenha o costume de dizer que não tem medo de pautar assuntos espinhosos.

Fevereiro também será um mês em que a corte continuará, na maior parte do tempo, com a composição incompleta. Flávio Dino, indicado pelo presidente Lula (PT) para a vaga aberta com a aposentadoria de Rosa Weber, só deve tomar posse no dia 22.

Outro ponto relevante para a pauta esfriada do Supremo é que não haverá sessão nos dias 14 e 15, período de Carnaval.

Em 1º de fevereiro, quando a corte retoma os trabalhos regulares, ocorrerá a cerimônia de abertura do ano do Judiciário, com um discurso de Barroso.

Em seguida, deve ser iniciada a votação de uma ação que o presidente do Supremo vê como uma oportunidade para passar uma mensagem contra o etarismo.

Será avaliado se é constitucional a separação obrigatória de bens em casamentos de pessoas com mais de 70 anos, e qual é a aplicação das regras para união estáveis.

No ano passado, essa ação inaugurou um novo formato de julgamento no STF, no qual o presidente do Supremo marca uma sessão para que apenas as partes se manifestem no plenário, em frente aos ministros.

Depois, o julgamento é suspenso e retomado após um mês ou mais, para a apresentação de votos dos ministros —que é o que vai acontecer com a ação sobre casamento após os 70.

Barroso tem usado esse novo formato para apresentar temas cujo debate ele considera importante. Na prática, porém, têm tratado de assuntos que não acirram o clima entre os Poderes e nem criam resistência na população à imagem da corte.

Para o dia 8 de fevereiro, por exemplo, o presidente do STF marcou as sustentações orais de uma ação que trata de exceções, em nome da liberdade de religião, a obrigações impostas a todos os cidadãos nos critérios de identificação civil.

A ação que serve como referência trata de freiras de Cascavel (PR) que queriam tirar ou renovar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) usando hábito na foto do documento.

A possibilidade foi aceita pela Justiça em instâncias inferiores, mas a União recorreu ao Supremo para que padronize a possibilidade em todo o país.

Em fevereiro, também podem ser julgados importantes processos previdenciários e trabalhistas.

Um deles é a ação da revisão da vida toda, que discute o direito de o segurado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) incluir no cálculo da aposentadoria os salários mais antigos.

Também pode ser analisado se existe ou não vínculo empregatício entre entregadores e plataformas de delivery.

Durante o mês, ainda deve voltar a ser julgada a chamada “pauta verde” do Supremo. Ela foi paralisada ainda em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), por um pedido de vista (mais tempo para julgamento) do ministro André Mendonça.

À época, a relatora da maioria das ações, ministra Cármen Lúcia, disse que havia um “estado de coisas inconstitucional” na política ambiental do país, instituto que permitiria ao Poder Judiciário estipular e acompanhar medidas aos demais Poderes em relação ao tema.

Mendonça, que foi indicado ao cargo por Bolsonaro, também queria incluir a possibilidade de responsabilizar os estados por essas políticas ambientais.

Os temas que podem causar atrito com o Congresso devem ser julgados ao longo do ano.

O primeiro deles, que deve ser pautado ainda para o primeiro semestre, é o retorno da votação sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.

O STF já tem 5 votos a 1 a favor dessa possibilidade. O único que votou de forma contrária foi o ministro Cristiano Zanin, em uma postura conservadora que surpreendeu aliados de Lula.

Zanin é indicação de Lula para a corte.

Mendonça pediu vista e paralisou a votação, mas o processo já foi liberado e pode voltar a ser julgado. Barroso tem dito que deseja que o caso seja analisado assim que possível.

“O que temos discutido aqui, que também é uma discussão mal compreendida, é qual a quantidade de maconha que distingue o usuário do traficante. Se o Supremo não definir isso, quem fará é o policial no momento do flagrante”, disse Barroso, no fim de 2023.

“Não há solução fácil para lidar com as drogas no mundo inteiro. Esse é um problema que deve ser enfrentado, mas o que posso dizer é que a política pública que praticamos no Brasil não funciona”, declarou.

Também este ano pode voltar a ser discutido no Supremo o marco temporal das terras indígenas, tese que no ano passado o Supremo decidiu que é inconstitucional por ampla margem.

Segundo entendimento barrado pelo STF, só deveriam ser demarcados os territórios considerando a ocupação indígena em 1988, data da promulgação da Constituição.

A tese é criticada por indígenas, ONGs e ativistas e defendida por ruralistas. Como resposta à decisão do STF, o Congresso aprovou uma lei a favor do entendimento. O texto foi vetado por Lula, mas o Congresso derrubou o veto.

Agora, PT, PV, PC do B, Rede, PSOL e PDT ingressaram no Supremo para que a decisão do Congresso seja novamente considerada inconstitucional.

Enquanto isso, PL, PP e Republicanos pediram para o STF validar a lei do marco temporal. Os processos são relatados pelo ministro Gilmar Mendes, que anteriormente votou contra o marco.

José Marques, Folhapress

‘Agronegócio está na iminência de crise, mas governo vai tomar medidas antes’, diz ministro

O agronegócio está na iminência de uma crise devido à quebra na safra de grãos, aos preços baixos das commodities e ao custo ainda elevado de produção. A avaliação é do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. “Esse é o cenário de hoje, que ainda pode melhorar ou até piorar no decorrer da safra, mas 2024 será um ano difícil”, disse Fávaro, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

Apesar disso, para o ministro, a conjuntura não é de “alarmismo”. “Temos experiência com outras crises dessa magnitude e tranquilidade para enfrentá-la. O presidente Lula está sensível para trabalharmos a antecipação das medidas antes que a crise se instale, dentro das possibilidades do governo”, assegurou o ministro.

Essas medidas emergenciais passam por crédito, renegociação das dívidas e apoio à comercialização, adiantou. Já nas políticas agrícolas de médio e longo prazos, Fávaro se diz otimista com a reformulação do modelo de seguro rural brasileiro e com o programa de conversão de pastagens degradadas.

Veja os principais trechos da entrevista:

Ministro, estamos iniciando a colheita da safra de verão 2023/24 com quebra na produção de soja nas principais regiões produtoras, estimada em até 20% em alguns Estados. Como o governo está acompanhando a situação?

É fato que teremos uma quebra na safra brasileira de soja. Vejo números globais apontando para 6% a 7% de redução, mas pontualmente em algumas áreas ou propriedades pode haver quebra de até 30%, 40% a 50%. Temos um cenário de quebra de produção atrelado ao alto custo dos insumos e aos preços achatados das commodities, o que nos coloca na iminência de uma crise. Esse é o cenário de hoje, que ainda pode melhorar ou até piorar no decorrer da safra, em torno de 6% colhida. Mas já é um cenário bem definido de que 2024 será um ano difícil.

Diante dessa crise iminente, que medidas emergenciais podem ser adotadas pelo governo para socorro aos produtores?

Já estamos tomando algumas providências, fazendo estudos e diálogos. Na terça-feira, falei por telefone com o presidente Lula e ele me pediu para, até no máximo terça-feira (30), apresentar presencialmente para ele o cenário e algumas alternativas que estamos construindo. Agendamos uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã do mesmo dia para falar desse cenário e estaremos com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, no Rio de Janeiro, em 2 de fevereiro para encaminhamentos e anúncio de medidas. Eu disse ao presidente Lula que temos experiência de enfrentar uma crise dessa magnitude, de quebra de safra e preços achatados. A diferença que propomos é que não precisamos deixar a crise se instalar para que as medidas sejam tomadas. O governo já mostrou que é sensível e já saneou uma crise semelhante em 2008, quando editou a medida provisória da repactuação das dívidas e concedeu crédito aos produtores. Então, por que não nos antecipamos? Se não fizermos nada, virá a inadimplência, virão recuperações judiciais e crescimento da dívida. Por que não pensar em um plano para manter os produtores adimplentes para passarmos por este ano de 2024 de dificuldade sem inadimplência? O presidente gostou da ideia. Temos a experiência e vamos nos antecipar.

Isso passa pela prorrogação dos financiamentos para a safra 2023/24, pedida pelo setor produtivo?

Essa é uma alternativa que está no radar. Temos que ver o custo dessa medida e, por isso, teremos uma longa reunião com o ministro Haddad. Estamos em discussões de déficit zero, orçamento curto e não posso, somente pela boa vontade, dizer que vamos prorrogar. A boa vontade existe, mas agora vamos achar os mecanismos e a forma para que possa ser feita uma prorrogação das dívidas. Temos que ter a cautela necessária, porque o orçamento público não é abundante. Precisamos de fato ver as regiões e produtores que precisam. Não pode ser e não será generalizado, assim como fizemos no ano passado com a resolução da crise pela seca no Rio Grande do Sul, com a criação de uma linha de crédito específica. É dessa forma que isso será tratado, com responsabilidade com o orçamento público.

Outra alternativa possível, neste momento em que o Brasil retomou a credibilidade para captação de recursos internacionais, são linhas de créditos ao produtor para que ele possa acessar e zere o passivo pagando parceladamente. São propostas que estão sendo construídas para dar mais tranquilidade ao produtor, para mantê-lo adimplente, com juros compatíveis ao setor e nos antecipando a um cenário de negativação, incertezas ou recuperação judicial. O presidente Lula está sensível para trabalharmos a antecipação das medidas, dentro das possibilidades do governo.

A equipe de política agrícola do ministério cita a ideia de criação de uma linha dolarizada para capital de giro para revendas refinanciarem o custeio do produtor. Como está andando essa proposta junto ao BNDES?

Estamos propondo uma linha dolarizada e também uma linha em reais para uma parcela de produtores. A maior parte possui hedge natural em dólar por exportar commodities. Neste caso, a eventual criação de uma linha é mais fácil porque não há equalização do Tesouro, os juros são mais acessíveis e é uma alternativa mais rápida, evitando que o produtor fique inadimplente. O produtor que ver que não conseguirá pagar as parcelas de seu financiamento, antes mesmo de terminar a safra, ele já capta os recursos. Estudamos as possibilidades junto ao BNDES.

Nesta semana a soja atingiu o menor valor desde agosto de 2020 (R$ 116,29 por saca), ainda acima do mínimo de R$ 86,54, mas já abaixo de R$ 100 em contratos a termo e em queda contínua. Eventuais medidas de apoio à comercialização de soja estão no radar do governo, ministro?

Em apenas duas vezes na história o (governo do) Brasil precisou apoiar a comercialização de soja para garantia do preço mínimo. A primeira foi no governo (de José) Sarney e a segunda no governo Lula. Em ambos os casos foram crises gravíssimas, com a mais recente, de 2006, resultando na medida de repactuação de R$ 87 bilhões. Estamos muito próximos disso. Quero apresentar esse cenário ao presidente. Não vejo como uma catástrofe e sim com tranquilidade de que temos experiência adquirida para agir se for necessário em momento de crise. Ainda há uma distância para isso e não significa que se ficar pouco abaixo do preço mínimo o produtor vai querer apoio à comercialização. Mas é um cenário sendo estudado também e com recursos para apoiar a comercialização.

Em contrapartida aos grãos, o arroz já subiu mais de 40% e o feijão também registrou aumento de preços. São produtos com peso na cesta básica e, consequentemente, com impacto na inflação dos alimentos. O governo espera uma contribuição negativa do agro neste ano para a inflação, com maior pressão inflacionária?

O presidente Lula está muito atento a esses movimentos. Ele me ligou em um domingo de manhã para perguntar sobre o aumento do preço do arroz. Neste momento, o governo precisava ter um estoque mínimo de arroz para oferecer ao mercado, garantir o equilíbrio e a estabilidade ao consumidor, porque é um produto da cesta básica. Parte do que estamos vivendo é consequência de um governo passado que foi desatento e desestruturou essas políticas públicas. No ano passado, iniciamos a retomada da formação de estoques com milho, uma medida acertada, que agora serviu de apoio aos produtores do norte de Minas e da Bahia para enfrentar a falta de cereal para suas criações. Estamos tomando medidas de estímulo ao aumento da produção de arroz, feijão e mandioca. Apesar da dificuldade deste momento, vimos que a área plantada de arroz voltou a crescer e seguiremos trabalhando para o incentivo ao aumento ainda maior da produção de arroz. Vamos incentivar o plantio e, quando houver uma oferta mais abundante do cereal, o governo vai recompor seus estoques para minimizar o impacto dessas oscilações que não devem ocorrer nos produtos da cesta básica.

Apesar da quebra de safra de grãos e do aumento do arroz, a perspectiva é de que a cesta básica não seja afetada pela inflação neste ano. Os preços do óleo de soja e dos derivados de milho tendem a não subir. Nas carnes, se houver reação, será pequena. Na fruticultura e em leguminosas, há questões sazonais de safra que impulsionam o preço, mas a recuperação da produção é rápida com um estímulo natural do mercado. Portanto, o agro não será impulsionador da inflação no Brasil neste ano.

O senhor vem discutindo a reformulação do seguro rural. Os modelos de outros países estudados, como o do México, se mostram passíveis de serem adaptados ao Brasil? Quando essa reestruturação entrará em vigor?

Os modelos estão sendo avaliados. Acho que o mais próximo é o modelo mexicano porque já está instalado no Brasil (por seguradoras privadas) com as tecnologias disponíveis para que possa ser ofertado no mercado. A equipe técnica do ministério está trabalhando nessa reformulação para simular o modelo. Basicamente, esse modelo mexicano, em um sistema de inteligência artificial, cruza as informações meteorológicas com as boas práticas, como o melhor momento de plantio, variedades e tecnologias utilizadas em cada região para os menores riscos. Com base nisso, é possível conceder uma receita agronômica e meteorológica ao produtor atrelado ao seguro. Isso barateia o custo da apólice, dá segurança ao produtor e dá estabilidade na produção. É um processo que está dando certo em vários países. Queremos muito que este modelo esteja pronto para ser oferecido no Plano Safra 2024/25. Para a safra atual, temos um modelo em vigor e orçamento para subvenção. Um orçamento que deveria ser maior, porém as intempéries mais constantes e o aumento do custo de produção fizeram o preço das apólices subir. A alternativa que temos é a modernização do seguro para torná-lo mais eficiente e mais barato. Queremos lançar instrumentos mais eficientes para o seguro no Brasil junto ao Plano Safra 2024/25.

O senhor citou que o orçamento tem cobertor curto. Há espaço para um reajuste do orçamento do seguro rural, de R$ 964 milhões, ainda para este ano?

O orçamento foi mantido em torno do valor histórico que vinha sendo registrado nos últimos anos, de R$ 1 bilhão por ano. O aumento dos recursos é pedido ano a ano. Há espaço para discussão a partir de março, a depender muito da performance da arrecadação e do crescimento da economia. Sempre há espaço para negociação, mas não queremos ficar apenas com essa alternativa para o seguro rural e sim nos voltarmos para a modernização do modelo.

Sobre os novos programas do governo, qual é a sua expectativa com o plano de conversão de pastagens degradadas? O comitê gestor foi instituído para traçar as diretrizes e tem hoje sua primeira reunião. O projeto pode entrar em vigor ainda neste semestre?

As práticas públicas e privadas já vêm acontecendo. Queremos que o aumento de produção do País ocorra sobre pastagens e não sobre áreas de florestas. Não precisamos de novos desmatamentos para aumentar a nossa produção agrícola. Agora, este comitê vai agrupar todas as ações sob o mesmo ordenamento e dar um direcionamento para que possamos quantificar essas práticas com uma certificação, rastreabilidade e aferições atestadas pela Embrapa para que isso se converta em oportunidades comerciais e até possivelmente de renda adicional para o produtor. Não se trata apenas de crescimento de produção. Esse programa está alicerçado na sustentabilidade, nas boas práticas trabalhistas, sociais, de sequestro de carbono. Dentro do Plano Safra 2023/24, já temos uma linha de crédito para a recuperação de pastagens com juros de 7% ao ano. O coordenador do comitê, Carlos Ernesto Augustin, estabelecerá um prazo de 45 dias para que o grupo alinhe o arcabouço do programa e esteja efetivamente estruturado para ser formalizado oficialmente.

Isadora Duarte/Estadão

Petrobras encontra petróleo na margem equatorial, mas não sabe se exploração é viável

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro
A Petrobras informou nesta sexta-feira (26) que encontrou indícios de petróleo em poço perfurado na costa do Rio Grande do Norte, na chamada margem equatorial brasileira. A empresa afirma, porém, que ainda não foi possível concluir que a produção é viável.

O poço foi perfurado em um projeto chamado Pitu Oeste, na bacia Potiguar. Foi o primeiro em águas profundas na região após o embate iniciado com a negativa do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) para poço na bacia da Foz do Amazonas.

A estatal diz que “dará continuidade à pesquisa exploratória na região e planeja para fevereiro a segunda perfuração na Bacia Potiguar, no poço Anhangá”, que fica próximo a Pitu Oeste.

“A partir de estudos complementares, a companhia pretende obter mais informações geológicas da área para avaliar o potencial dos reservatórios e direcionar as próximas atividades exploratórias na área”, informou a empresa.

A estatal planejava começar a campanha exploratória na margem equatorial pela bacia da Foz do Amazonas, na costa do Amapá, que voltou a atrair o interesse das petroleiras após descobertas bilionárias de petróleo na Guiana.

Apesar da pressão da área energética do governo, porém, o Ibama negou a licença ambiental. A Petrobras recorre da decisão e ainda espera explorar o litoral amapaense em 2024, embora o MMA (Ministério do Meio Ambiente) defenda a realização de estudos mais detalhados sobre os impactos.

A sonda de perfuração que iria para o Amapá acabou sendo descolada para o litoral potiguar. A área já tem produção de petróleo em águas rasas e, por isso, obteve licenciamento mais fácil junto ao órgão ambiental.

Tem infraestrutura de apoio e resposta a emergências que o Ibama entende faltar no Amapá, onde ainda não há atividade petrolífera.

A estatal disse nesta sexta que a perfuração “foi concluída com total segurança, dentro dos mais rigorosos protocolos de operação em águas profundas, o que reafirma que a Petrobras está preparada para realizar com total responsabilidade atividades na margem equatorial”.

A Petrobras informou ainda que adicionou 1,5 bilhão de barris de óleo equivalente às suas reservas provadas em 2023. Em 31 de dezembro, afirmou a empresa, suas reservas somavam 10,9 bilhões de barris, segundo o critério da SEC, o xerife do mercado de ações dos Estados Unidos.

Deste volume, 84% são de óleo e 16% de gás natural. A adição de reservas ocorreu, principalmente, nos campos de Búzios, Tupi e Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos, e da declaração de comercialidade dos campos não operados de Raia Manta e Raia Pintada, na Bacia de Campos.

Considerando o volume de produção atual, as reservas provadas garantem à Petrobras 12,2 anos de produção. “É essencial seguir investindo em maximização do fator de recuperação e principalmente em exploração de novas fronteiras, para repor as reservas de petróleo e gás”, defendeu a estatal.

Nicola Pamplona/Folhapress

STF ‘estica a corda’, e Congresso vai reagir contra ele, afirma líder da bancada do agro

Presidente da maior bancada do Congresso, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) afirmou que, quanto mais o Supremo Tribunal Federal (STF) “estica a corda”, mais avança a tese propagada no Legislativo para conter o poder dos ministros da Corte. “Ao que me parece eles estão dobrando a aposta”, disse o parlamentar, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de São Paulo.

Lupion afirmou que o início deste ano já tem sido “atribulado” com as recentes decisões do STF. Ele cita, como exemplo, a autorização de busca e apreensão no gabinete do líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), e nos endereços ligados ao ex-diretor da Abin, deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

“Vai haver provavelmente, imagino que deve haver algum posicionamento ou alguma reação do presidente (do Senado, Rodrigo) Pacheco e do presidente (da Câmara) Arthur Lira em relação a isso, mas obviamente que isso acirra os ânimos e incentiva avançar (no Congresso) com essas pautas de limitação aí dessas atitudes”, avaliou o deputado.

O parlamentar disse que, até o ano passado, não via disposição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em apoiar propostas que confrontassem o poder dos ministros da Corte. “Pode ser que com essas atitudes do Supremo (este ano), isso tenha mudado”, ponderou. Lupion avalia que, diante da relação ruim entre os Poderes, em algum momento Lira terá que se posicionar sobre o assunto. Sem o apoio do alagoano, dificilmente a agenda avança na Casa, disse.

No ano passado, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu o avanço da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), aprovada na Casa, que limita decisões monocráticas de ministros do STF. O movimento foi visto com um aceno à oposição, orquestrado com o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que trabalha para sucedê-lo no comando da Casa. Segundo Lupion, essa agenda também pode ser determinante na disputa pela sucessão de Lira.

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista:

Vimos no ano passado, especialmente no Senado, o avanço na discussão sobre contenção de poder do STF, com a aprovação da PEC que limita decisões individuais de ministros. Também existe a discussão em torno da PEC que estabelece mandatos aos magistrados. Essa agenda pode avançar este ano na Câmara?

Eu acho que quanto mais eles esticam a corda, mais essa tese avança. Nós estamos tendo um começo de ano bem atribulado. Teve operação contra o deputado (Carlos) Jordy, hoje (quinta-feira, 25) operação contra o (Alexandre) Ramagem. Ao que me parece eles estão dobrando a aposta. Vai haver provavelmente, imagino que deve haver algum posicionamento ou alguma reação do presidente (do Senado, Rodrigo) Pacheco e do presidente (da Câmara) Arthur Lira em relação a isso, mas obviamente que isso acirra os ânimos e incentiva avançar com essas pautas de limitação aí dessas atitudes.

E como a FPA vai se posicionar?

A gente tem sempre defendido que essa interferência excessiva do Judiciário no Legislativo é muito negativa e a gente vai continuar com essa tese, dizendo que a gente precisa defender o artigo 49 da Constituição que fala que cabe ao Congresso Nacional zelar por suas atribuições. E é isso que a gente tem feito. Chegamos ao ponto no ano passado que eram tantos os ataques ao Poder Legislativo e a interferência no Poder Legislativo que acabamos convergindo diversas frentes em atuar unidas em relação a isso. E esse grupo está unido. São mais de 20 tantas frentes parlamentares prezando pelo Poder Legislativo e vamos continuar nisso.

Vocês vão defender alguma proposta em específico?

Eu, particularmente, como deputado e não como FPA, sou favorável à PEC 8 (aprovada no Senado, que limita decisões monocráticas), eu sou favorável à limitação de Poderes, sou favorável a impedir decisões monocráticas. Óbvio que eu não posso ser irresponsável em falar por toda a bancada. Mas existem situações como essa decisão monocrática do Fachin em relação às demarcações (em Guaíra, no Paraná) que se a gente tivesse já avançado com esse projeto não teria acontecido. Então tem pontos convergentes que a gente pode acabar trabalhando.

O senhor vê disposição do Lira em avançar nesta agenda que confronta o STF?

Eu não via até esse começo de ano pesado como está tendo. Pode ser que com essas atitudes do Supremo, isso tenha mudado.

O senhor já viu alguma sinalização de mudança?

Não, não falei com ele. O presidente Arthur tem sido bastante parceiro nas pautas do agro, ele sempre tem pautado nossos temas, cumprido o que combina conosco em relação ao calendário de votações. Agora existem pautas que aí é o presidente da Câmara, relação com outro Poder, coisa que não é especificamente sobre a temática do agro que a gente às vezes pode discordar, mas sempre com muito diálogo, com muita transparência. Então acho que ele tem essa capacidade. Eu chamo ele de primeiro-ministro, porque acho que ele está definindo as pautas do Brasil. Então a gente consegue ter essa capacidade de diálogo com ele para avançar nessas pautas importantes.

Haveria espaço na Casa para a proposta contra o STF avançar, mesmo sem o apoio do Lira?

Não. Ele tem que estar junto.

No Senado, nós vimos o Pacheco colaborando no avanço dessas pautas até como fortalecimento junto à oposição de olho na sucessão do seu cargo pelo comando da Casa. Isso pode acontecer na Câmara? Essa pauta pode ser determinante na disputa pela sucessão do Lira?

Pode, claro que pode.

Então Lira vai ter atuar mais firmemente?

Eu acho que sim. Em algum momento ele vai ter que falar. Eu tenho às vezes conversado com ele sobre isso, sobre essa questão do Jordy, nós conversamos um pouco, hoje (ontem) sobre o Ramagem não falei com ele, mas realmente hoje está uma relação muito ruim dos Poderes, ele vai ter que, em dado momento, se posicionar.

O que ele falou sobre o caso Jordy?

Ele falou que estava analisando o que tinha ocorrido, que precisa ter acesso aos autos, mas que iria se posicionar.

O presidente Lula disse nesta semana que vetou parcialmente o projeto do marco temporal das terras indígenas por uma “questão política” e que, com a derrubada do veto pelo Congresso Nacional, restará a decisão do STF sobre o tema. Foi um veto puramente para não desagradar a base, sem cálculo político?

Esse veto foi feito estritamente para jogar para a bolha deles, para torcida deles, para o grupo deles, para fazer com que efetivamente eles estivessem avaliação positiva com a bolha que apoia o governo. Então surpresa zero. É justamente o que a gente sempre dizia que ele tinha feito.

Na entrevista, Lula também disse que pediu ao ministro Paulo Teixeira uma “prateleira de propriedades improdutivas no País” para que não seja necessário discutir mais ocupações ou invasões de terra. É uma saída?

Eu vi essa fala, não entendi o objetivo. A gente entende que se quiser fazer reforma agrária, tem mais de 120 milhões de hectares que estão nas mãos do governo, e poderia fazer demarcação agrária com isso. O que a gente precisa é ter claro que sejam terras que sejam da União e não haja desapropriações.

Agora a grande dúvida é sobre qual tese passa a valer, já que de um lado temos a decisão do STF e do outro a derrubada do veto do marco temporal pelo Congresso. Podem avançar em alguma PEC que trata do tema?

Nós aprovamos a lei, a lei foi promulgada dia 3 de janeiro pelo (presidente do Senado) Rodrigo Pacheco, ela está vigente sem os vetos. A lei está valendo. Enquanto não houver um julgamento em relação ao cancelamento da lei no STF, ela continua vigente. O STF chegou a uma maioria de votos na tese do (ministro Dias) Toffoli sobre a indenização, mas ainda não publicou este acórdão. Então o que está valendo é o que está na lei. Nós vamos trabalhar nas PECs (Propostas de Emenda à Constituição) que já estamos trabalhando. O que não pode, o que nos causou muita estranheza foi a decisão do ministro (Edson) Fachin, monocrática, num período que ele assumiu interinamente a presidência, mandar, no caso de Guaíra, no Paraná, suspender as liminares vigentes lá que impediam a demarcação e mandar dar seguimento à demarcação sendo que o próprio entendimento do Supremo Tribunal Federal é da indenização prévia e a lei que nós aprovamos está vigente. Então realmente foi um excesso, um equívoco e sem dúvida, a gente tem que contestar isso. (Estamos) esperando voltar o recesso do Judiciário para poder contestar. (É) total uma insegurança jurídica e gera uma insegurança no campo muito grande. Isso motiva invasores, incentiva invasões, nosso povo está todo nervoso, está vendo suas terras serem invadidas e infelizmente o STF não contribui para a paz social no campo, pelo contrário.

E como o senhor avalia a estratégia do governo de obter decisões favoráveis via STF?

O governo (Lula) desde o começo decidiu governar com o STF e não com o Congresso. A partir do momento que o governo fica buscando através do Supremo inviabilizar leis e projetos aprovados no Congresso, veta pautas importantes, inclusive pautas de acordo de votação que os próprios parlamentares do PT participaram também, isso tudo buscando suplantar o Poder Legislativo. Infelizmente é aquela briga que nós tivemos já desde o ano passado de cada um estar no seu quadrado, cada um ter a sua função. Essas pautas todas que se referem ao comportamento da sociedade, a participação das pessoas, isso cabe aos que são diretamente eleitos pela população para representá-los, não é o STF que tem que tomar essas decisões. Então é extremamente lamentável e o governo obviamente que se aproveita disso.

A bancada ruralista conseguiu influenciar em vários projetos no ano passado, como na reforma tributária. O que esperar da agenda da FPA neste ano?

Nós temos as pautas prioritárias que a gente precisa avançar, dentro dessas pautas está uma grande preocupação nossa com os projetos de lei complementar em relação à reforma tributária, principalmente essa questão dos produtos da cesta básica, essa questão do imposto seletivo, tributação de produção, isso tudo que a gente vai ter que se organizar muito bem para não deixar prejudicar o nosso setor. Pesticidas nós tivemos uma vitória importante no Congresso e houve o veto, vamos ter que derrubar esses vetos. A questão do licenciamento ambiental está avançando, tem o (projeto de lei) do Combustível do Futuro. Lembrando que esse ano é ano complicado, porque tem eleições (municipais).

Há alguma pauta no radar da FPA este ano que possa trazer dificuldades e constrangimentos ao governo?

Existem projetos que nós estamos tramitando que tem às vezes posicionamento favorável, às vezes posicionamento contrário, mas a gente defende por exemplo que haja a reforma administrativa que o governo não está querendo. Tem que haver um controle de gastos, não é possível R$ 250 bilhões de déficit nas contas públicas, a gente precisa se posicionar também em relação a isso. E eu acho que essa questão agrária, fundiária, vai gerar bastante debate, essa questão de direito de propriedade que está muito tenso.

Na LDO, as bancadas ruralista, evangélica e da bala se uniram para aprovar um destaque que proibia o financiamento de ações da pauta de costumes defendida pela esquerda. Pela força e tamanho que cada bancada tem, é representativa essa junção em algumas pautas. Há convergência de agenda entre essas bancadas que poderá se opor a decisões do governo, por exemplo?

A gente quando tem convergência nas ideias e no objetivo final a gente não tem problema nenhum de se juntar, óbvio que tem que pensar que a grande maioria dos membros, eu por exemplo sou das três bancadas, então a maioria dos membros se confunde entre uma e outra. Onde a gente puder se juntar a gente vai se juntar. Não é uma questão de oposição, é uma questão de pauta temática que a gente precisa se organizar. A pauta do STF é uma pauta que nos une e dá bastante força.

Lula vetou o trecho da LDO que blindava os recursos destinados ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) de contingenciamentos. Como está a articulação da FPA?

Nós vamos trabalhar para derrubar o veto. Mas a gente está falando de um ano que a gente não teve seguro rural praticamente, foram só R$ 500 milhões, ainda tiveram mais alguns milhões para outros fins. O que nos foi prometido de mais R$ 1 bilhão não aconteceu. Vamos ter que arrumar esse dinheiro. Lembrando que nós estamos com uma previsão de safra horrível. Vamos ter uma quebra de safra grande, Mato Grosso está falando já em 40%. Isso nos preocupa bastante. Então a gente precisa ter acesso ao seguro, senão a coisa não vai funcionar. Mas ainda não houve diálogo com o governo. Voltando a Brasília nós vamos conversar sobre isso.


Giordanna Neves/Estadão

Minas Gerais tem explosão de casos de dengue no início do ano e vai decretar emergência

Foto: Divulgação
O governo de Minas Gerais vai decretar emergência de saúde após explosão no número de casos de dengue no início deste ano.

Boletim publicado pela secretaria estadual da saúde aponta 11.490 casos da doença até 22 de janeiro. Em 2023, foram 1.523 casos registrados nos primeiros 23 dias do ano, segundo documento divulgado pela pasta.

Uma pessoa morreu em decorrência da doença neste ano e outros 14 óbitos estão sob investigação. Segundo o secretário de estado de saúde, Fábio Baccheretti, o decreto de emergência será publicado neste sábado (27) no diário oficial.

Nesta quinta (25), o Ministério da Saúde anunciou que 22 municípios do estado estão entre os escolhidos para receber doses da vacina contra dengue. De acordo com a pasta, as regiões selecionadas atendem a critérios como ter ao menos um município com mais de 100 mil habitantes, alta transmissão da doença e circulação do sorotipo 2.

As cidades ficam nas regiões de saúde de Belo Horizonte e Coronel Fabriciano. Regiões de saúde são conjuntos de cidades próximas que partilham características semelhantes. É uma medida usada para melhor organizar o planejamento e a execução de ações e serviços na área.

Os municípios de Minas que vão receber as doses são Belo Horizonte, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia, Nova Lima, Caeté, Rio Acima, Jaboticatubas, Raposos, Belo Vale, Moeda, Nova União, Taquaraçu de Minas, Coronel Fabriciano, Timóteo, Pingo d’Água, Antônio Dias, Marliéria, Santa Maria de Itabira, Jaguaraçu Dionísio e Córrego Novo.

O imunizante será destinado a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que responde pela maior parte das internações pela doença no país. A expectativa é de que a campanha de vacinação seja iniciada em fevereiro.

O primeiro lote com 750 mil doses de vacina a serem oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) chegou ao Brasil no sábado (20). A entrega faz parte de um total de 1,32 milhão de doses da vacina que foram fornecidas sem custos ao governo brasileiro pela farmacêutica Takeda. O Ministério da Saúde informou que adquiriu todas as 5,2 milhões de doses do imunizante —chamado Qdenga— disponíveis pelo fabricante para este ano. Elas serão entregues por etapas até o mês de novembro.

A chegada das primeiras doses ocorre em meio a uma escalada de dengue no país.

O secretário Baccheretti avalia que dois motivos foram responsáveis pela alta nos casos de dengue em 2024: as altas temperaturas registradas no estado, o que ajuda na reprodução do Aedes aegypti, e o relaxamento da população em relação aos cuidados para evitar a proliferação do mosquito, deixando, por exemplo, pratos e vasos de plantas com água.

“Por algum motivo houve relaxamento nos cuidados. Se tem dengue é porque tem mosquito. Se tem mosquito, tem criadouro. E 90% dos criadouros estão dentro das residências”, diz o secretário.

Baccheretti afirma que, com o decreto de emergência, será possível facilitar procedimentos para compra de medicamentos e equipamentos para estabelecimentos públicos de saúde do estado. Ele projeta o pico nos casos de dengue em Minas para o final de fevereiro.

“O decreto é fundamental para o tempo de resposta para a doença”, argumenta o secretário. “Será possível comprar insumos como soro de reidratação e equipamentos para atendimento em postos de saúde e hospitais”, diz.

Leonardo Augusto/Folhapress

Corte de Haia não determina cessar-fogo imediato a Israel e frustra palestinos MUNDO

Foto: Divulgação/ONU
A Corte Internacional de Justiça (CIJ), mais conhecida como Corte de Haia, ordenou nesta sexta-feira (26) que Israel tome medidas para evitar atos de genocídio na guerra contra o Hamas, mas não determinou um cessar-fogo imediato, o que frustrou os palestinos.

“O Estado de Israel deverá (…) tomar todas as medidas ao seu alcance para impedir a prática de todos os atos no âmbito do artigo 2 da Convenção do Genocídio”, declarou o tribunal.

A corte foi provocada pela África do Sul, que, no início de janeiro, pediu medidas de emergência contra Israel em um caso em que acusa o Estado judeu de motivação genocida —alegação sobre a qual os juízes não se manifestaram nesta sexta (26) e que pode levar anos para ser julgada.

A CIJ —que, ao contrário do TPI (Tribunal Penal Internacional), julga Estados, não indivíduos— ouviu as alegações iniciais de ambos os lados no início de janeiro. As decisões do principal órgão judicial da ONU têm caráter vinculante, mas o tribunal tem poucos meios de fazê-las valer na prática.

A corte determinou ainda que, em um primeiro momento, tem jurisdição para julgar Israel, o que desagradou Tel Aviv —o Estado judeu havia classificado as alegações da África do Sul de falsas e “gravemente distorcidas”, e pedira que Haia rejeitasse totalmente o caso, dizendo que respeita o direito internacional e tem o direito de se defender. O país deverá informar sobre as medidas que está tomando dentro de um mês, segundo a corte.

A Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, promulgada em 1948 após o assassinato em massa de judeus no Holocausto nazista, define o crime como “atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.

Na decisão, 15 dos 17 juízes da corte votaram a favor de medidas urgentes que contemplaram a maior parte do que a África do Sul pediu, com exceção da ordem para Tel Aviv suspender as operações militares em Gaza, em um cessar-fogo. A possibilidade de uma trégua era aguardada com grandes expectativas pelos palestinos.

Apesar disso, o país africano saudou o que considerou uma “vitória decisiva” para o direito internacional. Na saída do tribunal, a ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, disse que Israel precisará fazer uma trégua para cumprir as medidas. “Para acatar a decisão, teria que haver um cessar-fogo”, disse ela. “Sem isso, o pedido realmente não funciona”.

Sami Abu Zuhri, alto funcionário do Hamas, disse que a decisão contribui para isolar Israel. “Pedimos que a ocupação seja forçada a implementar as decisões do tribunal”, afirmou ele à agência de notícias Reuters.

Após o veredito, que não é passível de recursos, o vice-presidente da África do Sul, Paul Mashatile, e o ministro da Justiça, Ronald Lamola, foram vistos dando aplausos numa reunião do CNA (Congresso Nacional Africano), partido governista ao qual Nelson Mandela (1918-2013) era filiado.

Países como Estados Unidos, Qatar e Arábia Saudita, além da União Europeia, também receberam positivamente a decisão.

Em comunicado, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que a acusação de genocídio era “ultrajante” e que faria tudo o que fosse necessário para se defender. “A tentativa vil de negar a Israel este direito fundamental é uma discriminação flagrante contra o Estado judeu”, afirmou.

O tribunal declarou estar “gravemente preocupado” com o destino dos reféns em Gaza e apelou ao Hamas e a outros grupos armados para os libertarem imediatamente e sem condicionantes. Calcula-se que cerca de 130 pessoas permanecem sob poder do grupo terrorista desde o dia 7 de outubro, quando membros do Hamas atacaram o sul de Israel.

Somavam mais de 200 os sequestrados quando a guerra começou, mas o número diminuiu no fim de novembro, quando um acordo intermediado por EUA, Qatar e Egito libertou mais de 100 reféns em troca de palestinos que estavam nas prisões israelenses.

Os palestinos esperavam ansiosos a decisão do CIJ nesta sexta. “O que acontece se depois do julgamento Israel continuar seus massacres? O mundo parecerá uma piada”, disse à agência de notícias Reuters Tamer, 55, empresário e pai de quatro filhos, antes da audiência. O palestino estava deslocado em Rafah, onde mais da metade da população do território está agora aglomerada, a maioria em tendas improvisadas ou prédios públicos.

“Estamos cansados, nossos filhos estão exaustos, eles estão privados de sono e comida”, disse ele, em referência à restrição de ajuda humanitária que Israel impôs após o início do conflito. “Todos aguardam sua vez de morrer por bombas israelenses se isso não acabar”.

Milhares de pessoas chegaram nos últimos dias à cidade no extremo sul de Gaza, que faz fronteira com o Egito. O fluxo agravou a busca por mantimentos e por um lugar para acampar no frio chuvoso do inverno.

A comida é escassa na região, e a situação é ainda pior no norte e no centro de Gaza, onde as agências de ajuda dizem que milhares de pessoas passam fome, especialmente crianças pequenas, que são mais vulneráveis à desnutrição. “Todo mundo com quem conversamos implora por comida”, diz Sean Casey, representante da OMS (Organização Mundial da Saúde) em Gaza.

Os adultos podem lidar com a fome, “mas nossas crianças não podem”, afirma Abu Abdallah Humeid, um morador de Jabalia, no norte de Gaza. Sem farinha, as pessoas têm moído milho e cevada para fazer pão seco.

Enquanto a audiência ocorria em Haia, na Holanda, as forças israelenses continuavam a bombardear a principal cidade do sul de Gaza, Khan Yunis, que abriga centenas de milhares de civis deslocados. Os palestinos dizem que Israel bloqueou hospitais, tornando impossível para os socorristas alcançarem os mortos e feridos. O número de vítimas na Faixa de Gaza chegou a 26.083 nesta sexta (26), de acordo com a facção terrorista.

Tel Aviv nega as alegações, mas diz que a ação militar próxima a centros de saúde é necessária porque os combatentes do Hamas operam de lá, o que trabalhadores médicos negam.

O conflito deve continuar, apesar da manifestação da Corte de Haia. A limitação do órgão também ficou evidente em março de 2022, um mês depois da invasão da Ucrânia pela Rússia. Na ocasião, a corte exigiu que as tropas de Vladimir Putin deixassem o território ucraniano imediatamente. A decisão foi contestada pela Rússia e por sua aliada China, que argumentaram que a entidade não tinha jurisdição sobre o caso —e nada foi feito acerca do conflito, que no próximo mês completará dois anos.

Ação de milícias leva TRE a transferir 50 seções eleitorais na zona oeste do Rio de Janeiro

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Pelo menos 50 locais de votação em regiões controladas pela milícia na zona oeste do Rio vão ser alterados pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral). A mudança é uma tentativa de garantir que as eleições municipais deste ano aconteçam sem a influência de milicianos. A informação foi confirmada à reportagem nesta sexta-feira (26).

Os novos locais ainda não foram divulgados. Mas, segundo o TRE, as regras para alocar os eleitores vão seguir as mesmas, como, por exemplo, a proximidade da área de abrangência onde o eleitor está inscrito.

As alterações são baseadas em dados de inteligência das polícias federal, rodoviária, civil e militar, além da Guarda Municipal e dos Ministérios Públicos federal e estadual.

Um grupo criado pelo TRE na eleição de 2022 fez um levantamento preliminar que mapeou 50 pontos onde há interferência de milicianos que agem no sentido de coagir eleitores a votarem em candidatos pré-definidos. Identificaram ainda que, em alguns casos, criminosos chegaram a agir pessoalmente nas sessões em pleitos passados. O gabinete de inteligência foi reativado e, agora, estuda mais regiões.

Para evitar este tipo de atuação criminosa, juízes de diversas áreas também vão atuar pessoalmente nas zonas eleitorais, numa tentativa de organizar e garantir a segurança do processo eleitoral.

Além disso, o grupo de inteligência do TRE também analisa medidas contra fake news e trabalha no monitoramento de candidatos com ficha suja.

Um estudo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) divulgado em novembro apontou a forte influência das milícias nas eleições de 2022 no Rio. Segundo o levantamento, 14,8% dos eleitores estavam cadastrados para votar em locais de votação situados em territórios controlados por milicianos.

O estudo indica um “efeito milícia” sobre os resultados eleitorais, o que mostra que as áreas controladas por esses grupos apresentaram certas tendências políticas diferenciando do restante da região metropolitana do Rio.

Há mais de um ano, comunidades da zona oeste da capital fluminense vivem cenários de guerra por conta da disputa pelo controle da região. Os confrontos se intensificaram depois que o miliciano Luis Antonio da Silva Braga, conhecido como Zinho, se entregou à Polícia Federal em dezembro passado.

Segundo informações da polícia, a região tem sofrido invasões do Comando Vermelho, que pretendem expandir pontos de venda de drogas pela cidade. Recentemente, integrantes do Terceiro Comando Puro se juntaram com os milicianos para expulsar bandidos da outra facção, que conseguiram invadir partes desses locais.

Aléxia Sousa/Folhapress

Destaques