Ministro de Lula liga milícia à família Bolsonaro em post com peça publicitária do governo

O ministro Paulo Pimenta
O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, usou seu perfil no X (antigo Twitter) neste domingo, 4, para fazer um post em que associa a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a milícias. Pimenta cita Fabrício Queiroz e nomeações de familiares de “traficante miliciano” no gabinete do então deputado estadual do Rio de Janeiro, o hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e ao caso da suposta “rachadinha”.

O Estadão entrou em contato com a assessoria do senador, que não comentou o caso. O ministro Paulo Pimenta disse à reportagem que já repetiu a afirmação de que “a família Bolsonaro por vários anos teve as contas pessoais pagas pelo Queiroz” em diversas ocasiões. Pimenta afirma que “desafiou” a família a processá-lo, então poderia pedir a quebra do sigilo do Queiroz para provar a afirmação, mas que até o momento isso não ocorreu.

O post traz uma peça gráfica com policiais rodoviários e a frase “Brasil unido contra o crime”, e leva a logomarca do Ministério da Justiça e Segurança Pública. É na legenda da publicação que Pimenta cita indiretamente os adversários políticos. “Acabou o tempo que traficante miliciano tinha mãe e mulher nomeada em gabinete de deputado para depositar o dinheiro na conta do Queiroz para pagar as contas do dia a dia da famiglia.”

O termo italiano “famiglia” é comumente associado a uma máfia que envolve membros de uma mesma família.

No governo

os narcotraficantes e milicianos já perderam mais de 7 bilhões de reais em dinheiro e patrimônio. Na GLO nos portos, estradas e aeroportos mais 1,5 bi. É o Brasil Unido contra o crime. Acabou o tempo que traficante miliciano tinha mãe e mulher nomeada em gabinete de deputado para depositar o dinheiro na conta do Queiroz para pagar as contas do dia a dia da famiglia.
Foto: Divulgação X
Pimenta, ao citar Queiroz e o emprego de familiares de narcotraficantes ligados à milícia, faz alusão as investigações sobre suspeitas da prática de “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo apontou o Ministério Público, o dinheiro da devolução de parte dos salários de comissionados do gabinete seria gerenciado pelo ex-policial militar Fabrício Queiroz, que foi assessor de Flávio na Alerj e é amigo de longa data do ex-presidente. O caso foi arquivado pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) em 2022 porque as provas foram anuladas no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Flávio nega as acusações. Na época, a defesa de Queiroz declarou que as transações seriam “amplamente explicadas” em eventual ação penal.

Em seu gabinete, Raimunda Magalhães e Danielle Mendonça Magalhães da Nóbrega, a mãe e a ex-mulher do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, assassinado em fevereiro de 2020, ocuparam cargos de assessoras entre 2007 e 2018.

O assunto do post, originalmente, é a perda de dinheiro e patrimônio de narcotraficantes e milicianos devido às ações do Governo Federal, como a operação para Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que segundo o ministro chegam a R$ 8,5 bilhões.

“No governo Lula os narcotraficantes e milicianos já perderam mais de 7 bilhões de reais em dinheiro e patrimônio. Na GLO nos portos, estradas e aeroportos mais 1,5 bi. É o Brasil Unido contra o crime”, declara Pimenta na publicação.

Karina Ferreira/Estadão Conteúdo

Bolsonaro enaltece morte de suspeitos pela Rota em resposta a assassinato de soldado

O soldado Samuel Wesley Cosmo, da Rota, da Polícia Militar, foi morto na sexta (2) em Santos, no litoral de SP
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou durante encontro com apoiadores neste sábado (3) projetar que a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, considerada a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo) mate cerca de 40 suspeitos na Baixada Santista em resposta ao assassinato do soldado Samuel Wesley Cosmo durante um patrulhamento de rotina.

Bolsonaro deu a declaração ao receber apoiadores em sua casa de praia na Vila Histórica de Mambucaba, distrito de Angra dos Reis (RJ), encontro que a Folha acompanhou.

Durante a reunião matinal com apoiadores, Bolsonaro atendeu a um telefonema de uma pessoa que ele identificou como sendo da Rota paulista.

“A Rota já começou a operar na Baixada?”, perguntou o ex-presidente ao interlocutor, acrescentando em seguida, em tom sério: “Operou quantos já? Já operou quantos aí?”.

Após terminar a ligação, ele fez um comentário com os apoiadores em que usou de ironia e deixou claro que a palavra operar, nesse caso, significava matar.

“Mataram um soldado da Rota ontem com um tiro no olho. A Rota já desceu para operar. Tem um soldado ferido no braço. Na última vez acho que uns 50 foram operados lá. Problema de pele, micose, todos foram operados, bem tratados”, afirmou, completando mais adiante: “Vão operar mais uns 40 lá, com certeza”.

O soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo morreu após ser baleado na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, no final da tarde de sexta-feira (2).

Batalhões do policiamento de Choque deixaram a capital rumo ao litoral logo em seguida.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo confirmou que uma nova Operação Escudo foi posta em ação após o ataque. Ela deve ser tocada em paralelo a uma outra semelhante que já ocorre na Baixada Santista depois da morte do soldado Marcelo Augusto da Silva em janeiro.

Já na madrugada de sábado uma ação da Rota na Baixada Santista deixou dois mortos e um policial ferido. Também houve a morte de mais quatro suspeitos em supostos confrontos com a PM.

Em julho do ano passado, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) colocou em ação a Operação Escudo em reação ao assassinato do também soldado da Rota Patrick Bastos Reis em Guarujá, no litoral paulista.

Ao menos 28 pessoas foram mortas entre os dias 28 de julho e 5 de setembro em Guarujá e Santos. Na segunda fase da Operação Escudo, entre setembro e outubro, oito pessoas foram mortas após um ataque contra um policial militar aposentando em São Vicente.

Após receber a confirmação da morte e do local e horário do enterro neste sábado, Bolsonaro acionou assessores para providenciar transporte de helicóptero de Angra para São Paulo, além de entrar em contato com a assessoria do governador Tarcísio de Freitas, de quem é aliado.

Sempre falando abertamente na presença de cerca de 50 apoiadores que participavam de um café da manhã na sua casa em Mambucaba, Bolsonaro afirmou a um assessor de Tarcísio que achava melhor o governador cancelar o compromisso de entrega de casas a vítimas das chuvas no litoral norte, em São Sebastião, e também ir ao velório e enterro do soldado.

Tarcísio, porém, manteve a ida ao evento e não compareceu ao enterro.

Em outra ligação para o advogado Fabio Wajngarten, Bolsonaro afirmou que estava pronto para ir ao velório do soldado, bastando apenas ser providenciado o transporte. “A hora que vier [a mensagem] ‘decola daí’, você me avisa que eu boto minha roupa e vou aí.”

O soldado foi sepultado no Mausoléu da Polícia Militar, no cemitério do Araçá, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo.

Bolsonaro esteve no local, acompanhado de Wajngarten, secretário de Comunicação durante seu governo, mas saiu sem falar com a imprensa.

Representaram Tarcísio o subsecretário da Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves, e o delegado-geral Arthur Dian. Eles, assim como Bolsonaro, não se manifestaram.

Ranier Bragon/Folhapress
Unlabelled

Motorista de 42 anos morre em acidente na BR-330, saída de Ipiaú sentido Jitaúna

Um motorista de 42 anos morreu em trágico acidente ocorrido por volta das 14h deste domingo, 4, na BR-330, saída de Ipiaú sentido Jitaúna. O carro modelo Fiat Pálio Weekend era conduzido por Jovenil dos Santos Dias, morador da região do Cajueiro, entre Jitaúna e Jequié. Ele retorna com a esposa e os dois filhos de 04 e 12 anos, quando sofreu o acidente. Jovenil, também conhecido como “Joinho”, não resistiu e morreu no local. A esposa e os dois filhos saíram praticamente ilesos.
 O garoto de 12 anos contou que eles seguiam sentido a casa deles após vender temperos no distrito do Japomirim. Uma caminhonete realizou uma ultrapassagem na mesma direção e forçou Jovenil a jogar o carro para o acostamento, perdendo o controle da direção e em seguida rodando na pista e capotando na outra via. O motorista da caminhonete não foi identficado. A Polícia Militar foi acionada ao local até a chegada do DPT e PRF. De acordo com as informações preliminares, o motorista teria morrido após traumatismo craniano. (Giro Ipiaú)

Unlabelled

Ouvidoria da Câmara de Ipiaú busca parcerias com outras ouvidorias públicas e privad

Na Superintendência de Relações Institucionais da Coelba
O Presidente da Câmara Municipal de Ipiaú, vereador Robson Moreira, e a Ouvidora Publica deste Poder Legislativo, Loana Torres, em recente agenda de trabalho em Salvador, onde mantiveram contato com a Superintende de Relações Institucionais da Coelba, Patrícia Almeida e a Ouvidora, Denise da Costa Fernandes,  assim como com o Ouvidor do Detran, Ítalo David Nunes Souza.

As duas audiências objetivaram estabelecer parcerias e encaminhar as demandas apresentadas pela comunidade ipiauense para as respectivas ouvidorias dos órgãos visitados, os quais poderão contribuir com possíveis soluções aos pedidos formulados.

No encontro com a Superintendente  de Relações Institucionais da Coelba foi tratado de recorrentes problemas no  posto de atendimento da empresa em Ipiaú. Os usuários reclamam da morosidade no atendimento, da falta de solução em algumas demandas e da ausência de um Escritório local, o que obriga deslocamentos até Jequié, distante cerca de 50 Km, para a solicitação de serviços.

As reclamações se estendem  às constantes quedas de energia e até mesmo à falta prolongada do fornecimento de energia em algumas regiões do município.


Durante o encontro a  Superintendente   Patrícia Almeida  se comprometeu em agendar  uma  visita do coordenador  regional da empresa  a  Ipiaú no intuito de estabelecer vinculo direto com a Ouvidoria da Câmara e desse modo viabilizar com mais rapidez as respostas às demandas da comunidade.

Com o Ouvidor Publico do Detran
Na  sede do Detran em reunião com o Ouvidor Ítalo David Nunes Souza, foram apresentadas reclamações da população de Ipiaú referentes ao transito de veículos e mobilidade urbana. O ouvidor passou contatos que podem facilitar o atendimento no órgão e se colocou à disposição da Ouvidoria da Câmara  para o que fosse necessário no sentido de celeridade nos processos e consequentemente respostas imediatas  às solicitações encaminhadas pela Ouvidoria da Câmara.
(José Américo Castro/ASCOM-Câmara Municipal de Ipiaú)

Indústrias do fumo e armas receberam benefícios fiscais de R$ 180 milhões

Empresas dos setores de fumo e de armas receberam benefícios fiscais de mais de R$ 180 milhões em 2021.

As informações referem-se a valores que deixaram de ser arrecadados em tributos federais e de incentivos relacionados a programas governamentais. Os dados foram incluídos em janeiro para consulta no Portal da Transparência.

Um grupo de nove empresas da indústria bélica recebeu benefícios de R$ 133,8 milhões no mesmo ano. A maior renúncia, de R$ 95,4 milhões, foi concedida para a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos). Em seguida, a Taurus foi beneficiada em R$ 30,3 milhões.

Entre as empresas ligadas à produção de cigarros, as maiores renúncias são da Tobacco House e Philip Morris, fabricante do Marlboro, com cerca de R$ 9 milhões em benefícios para cada. No total, o setor conseguiu reduzir pagamentos de tributos de R$ 47,4 milhões.

O Congresso Nacional chegou a avaliar a cobrança de Imposto Seletivo sobre armas na reforma tributária aprovada em 2023. Na reta final da discussão na Câmara dos Deputados, um destaque apresentado pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, derrubou o plano.

A reforma prevê este imposto para bens e serviços considerados prejudiciais à saúde, como cigarros e bebidas, o que ainda será regulamentado em lei complementar.

A Taurus disse que os valores das renúncias são de atos concessionários vigentes há décadas no Brasil, “Absolutamente legais do ponto de vista da legislação tributária e que contemplam empresas exportadoras de todos os segmentos industriais, não apenas de armas”, afirmou a companhia.

A empresa declarou que os benefícios se referem ao drawback, ou seja, desoneração de produtos usados na fabricação de mercadorias de exportação. A Taurus também disse que utiliza a Lei Rouanet, na qual “a empresa doou em incentivo à cultura brasileira e abateu valor do imposto, em pleno acordo com o previsto na legislação tributária brasileira”.

Em nota, a Philip Morris afirmou que os valores de renúncia também estão ligados à suspensão ou eliminação de tributos para produtos que serão exportados. “São posteriormente revertidos em divisas para o Brasil, a partir do incentivo à exportação de itens de maior valor agregado (no caso, tabaco é comprado aqui, transformado em cigarros e exportado, gerando divisas)”, disse a empresa.

A JTI afirmou que “está em total conformidade com a legislação vigente” ao se tornar beneficiária dos programas de renúncia fiscal. A empresa também afirmou ser positiva a transparência dada aos dados de benefícios.

Já a BAT Brasil (antiga Souza Cruz) disse que os benefícios são relacionados a programas como o Empresa Cidadã e Programa de Alimentação do Trabalhador. “A empresa ressalta que segue toda a legislação pertinente ao tema nos mercados em que atua.”

Procuradas, as demais empresas citadas na reportagem não se manifestaram.

A Receita Federal passou a divulgar, em maio de 2023, os dados sobre parte das renúncias de 2021. O recorte soma R$ 215 bilhões.

A CGU (Controladoria-Geral da União) organizou as mesmas informações no Portal da Transparência, que já apresenta as despesas do governo, pagamentos de servidores e valores de emendas parlamentares, entre outros números.

Além de apontar o valor de renúncia por tributo, como Imposto de Importação, PIS/Cofins-Importação e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o portal mostra o tipo de incentivo governamental relacionado ao benefício.

A CBC, fabricante de cartuchos, obteve renúncias de R$ 33,5 milhões em Cofins. A companhia ainda conseguiu benefícios de R$ 1,4 milhão com o PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), em que empresas subsidiam a refeição do funcionário.

Os dados da CGU também mostram as empresas inscritas em regimes especiais de tributação. A CBC participa do Retid, que é voltado à indústria da defesa.

Pesquisa Datafolha, encomendada pela ACT Promoção da Saúde, divulgada em agosto de 2023, apontou que maioria da população (57%) é contrária aos incentivos fiscais a setores que produzem produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, enquanto 41% são favoráveis.

O levantamento ouviu 2.005 pessoas a partir de 16 anos em todo o país, entre os dias 10 e 14 de julho de 2023. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O Ministério da Saúde apoia a proposta de elevar a tributação sobre estes produtos. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que o Brasil gasta R$ 125,1 bilhões anualmente para combater doenças relacionadas ao tabaco, entre custos médicos diretos, despesas de cuidados de familiares e pessoas próximas e com a perda de produtividade.

O FNCP (Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade) afirma que ampliar o valor dos cigarros pode favorecer o contrabando.

Mateus Vargas/Folhapress

Revisão do CadÚnico tira 1,7 milhão de famílias unipessoais do Bolsa Família economia

A revisão do Cadastro Único tirou 1,7 milhão de famílias compostas por um único integrante (chamadas de “unipessoais”) do rol de beneficiários do Bolsa Família em um ano.

São pessoas que estavam recebendo o benefício irregularmente ou integravam uma família maior, mas fizeram a opção indevida pela divisão do cadastro —não raro, induzidos pelo próprio desenho do programa social, com um valor mínimo garantido independentemente do número de membros.

Após a regularização, cerca de 400 mil continuam recebendo o benefício como dependentes em uma família maior.

O governo considera este um dado relevante para atestar que o objetivo final da revisão não é cortar benefícios, mas sim manter informações fidedignas em uma base que serve de referência para mais de 30 políticas sociais no Brasil.

Outro dado usado para sustentar esse argumento é o número de pessoas beneficiárias, que contabiliza todos os integrantes dos domicílios contemplados. O patamar se mantém estável entre 55 milhões e 56 milhões de indivíduos.

A explosão de famílias unipessoais no Bolsa Família foi o principal fator que levou a equipe de transição a classificar a situação do CadÚnico como uma “calamidade”.

A quantidade dessas famílias saiu de 1,84 milhão em dezembro de 2018 para um pico de 5,88 milhões em dezembro de 2022 —alta de 220%. No mesmo período, o número das demais famílias teve uma expansão de 28%.

Um ano depois da força-tarefa criada para regularizar o cadastro, o número de unipessoais dentro do Bolsa Família caiu a 4,15 milhões em dezembro do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

O processo de correção não tem sido simples. O governo enfrentou dificuldades, desinformação sobre as regras do programa e precisou endurecer as normas para o cadastro de famílias unipessoais até começar a ver resultados mais consistentes.

O novo protocolo envolve a assinatura de um termo de responsabilidade pelo beneficiário, registro de cópia digitalizada dos documentos e visita de agentes da prefeitura para ver se aquela pessoa realmente vive sozinha.

Em agosto, o governo fixou um limite de 16% para famílias unipessoais na folha de pagamento do programa. A verificação do percentual é feita município a município, e quem está acima precisa rever o cadastro.

Com as medidas, a proporção dessas famílias recebendo Bolsa Família caiu a 19,7% em dezembro de 2023, após atingir o pico de 27,2% um ano antes.

“O ano de 2023 foi de reconstrução. O cenário de desinformação era devastador, mas melhorou bastante”, afirma à Folha a secretária de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único, Letícia Bartholo. Pela primeira vez na história, o CadÚnico contou com uma campanha de utilidade pública que mobilizou cadeias de rádio e TV, além das redes sociais.

Desde março, quando o Bolsa Família foi relançado sob novo desenho, 3,4 milhões de famílias deixaram de receber o benefício até dezembro, não só por irregularidades, mas também por incremento na renda ou fim do prazo da regra de proteção (que garante metade do benefício por até dois anos a quem passa a ganhar até meio salário mínimo).

Os cancelamentos abriram espaço no orçamento do programa para incluir outros 2,9 milhões.

“[O problema envolvendo] A inclusão de unipessoal deu uma melhorada muito boa. Mas não é porque melhorou muito que o trabalho está completo. Não existe etapa vencida, a ação precisa ser contínua”, diz Bartholo.

Em 2024, além da continuidade da averiguação dos unipessoais, o ministério vai promover uma revisão cadastral, com o objetivo de atualizar registros antigos. A meta é alcançar ao menos 4,7 milhões de registros, dos quais 1,7 milhão de beneficiários do Bolsa Família.

A regularização, porém, é vista como o tratamento imediato para um problema classificado como uma “parada cardiorrespiratória”: o risco de transformação do CadÚnico em um cadastro de indivíduos. Agora, Bartholo diz que o desafio é cuidar também da “doença crônica”, que envolve a substituição de uma tecnologia já obsoleta.

Está em curso uma parceria com o Ministério da Gestão e Inovação para modernizar o CadÚnico e torná-lo interoperável —jargão técnico para classificar um tipo de sistema que consegue conversar com outras bases de dados.

Um primeiro passo foi dado em 2023, com a integração com o Cnis (Cadastro Nacional de Informações Sociais), base para benefícios da Previdência Social, que permitiu a atualização automática da renda de 18,5 milhões de pessoas e poupou R$ 7,8 bilhões em pagamentos que não eram mais devidos pelos critérios do programa.

O desafio agora é replicar o modelo com outros sistemas. Um exemplo prático ilustra o problema. Enquanto o Cnis consegue puxar automaticamente registros civis de nascimento e óbito, o agente social precisa analisar as certidões e pedir a exclusão de falecidos manualmente.

“Vamos mudar isso ao longo de 2024. Fazer sistema não é uma coisa simples, tem que validar a base de dados, criar regras para o uso e testar”, diz Bartholo.

Outro projeto para 2024 é georreferenciar os dados do CadÚnico por setor censitário. Assim como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou lugares onde ninguém mora no Brasil, o MDS quer visualizar onde estão erros, acertos e os “vazios de proteção social”.

“Onde tem mais crianças fora da escola e qual é a distância do equipamento público mais próxima?”, exemplifica a secretária.

Segundo ela, o uso dos dados do IBGE vai permitir identificar em quais regiões há maior proporção de cadastros desatualizados ou um percentual atípico de beneficiários unipessoais do Bolsa Família. O diagnóstico será uma ferramenta poderosa para direcionar as ações da política pública.

Apesar dos avanços na consistência do cadastro, a economista Laura Muller Machado, ex-secretária de Desenvolvimento Social do Governo de São Paulo e colunista da Folha, diz que a estratégia do MDS para corrigir o problema dos unipessoais pode ser aprimorada.

“Não entendi o parâmetro para chegar nesses 16% [de limite]. Me parece bem-vindo ter um parâmetro de referência para controlar, mas pode ser que tenha diferença entre territórios. Melhor do que ter um parâmetro normativo nacional é garantir que tenha um cadastro de qualidade”, afirma.

Machado destaca que há um fenômeno mundial de expansão das famílias unipessoais, cujas raízes os cientistas sociais ainda buscam compreender. Por isso, ela avalia que o teto pode se mostrar inadequado em algumas regiões.

Além disso, a economista observa que, embora um contingente relevante de unipessoais tenha sido excluído do Bolsa Família, há ainda um número expressivo dessas famílias no CadÚnico. Em dezembro passado, eram 15,46 milhões, 5,4% a mais do que em igual mês de 2022.

“Isso mostra que precisa tomar bastante cuidado. Ainda não há uma conclusão dos cientistas sociais sobre o crescimento dos unipessoais. Também me preocupa o programa seguir incentivando a quebra do núcleo, a declaração incorreta”, afirma Machado.

Segundo ela, o fato de o governo Lula manter um valor mínimo de R$ 600 por família faz com que algumas distorções se perpetuem. “Mesmo no atual desenho, dois adultos recebem R$ 600, mas uma família de uma pessoa só também. Se um casal se declarar unipessoal, vai receber o dobro”, diz.

“O que corrigiria automaticamente é ter um programa com valor per capita”, acrescenta. Para a economista, esse modelo também evitaria o gasto com o esforço de identificar, com precisão, quem de fato é unipessoal e quem está burlando o cadastro.

VEJA AS REGRAS DO CADASTRO ÚNICO
O que é o CadÚnico?

É uma base de dados que mantém registro de quem são, onde moram, como vivem e do que necessitam as famílias de baixa renda no Brasil. Elas precisam se cadastrar para acessar programas sociais como o Bolsa Família, o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e a tarifa social de energia, entre outros. São mais de 30 políticas federais que usam o CadÚnico como referência, sem falar em programas estaduais e municipais

Quem pode se registrar no CadÚnico?

Famílias que vivem com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa (equivalente hoje a R$ 706). Acima desse valor, só é possível se cadastrar para programas ou serviços específicos

Qual é o conceito de família do CadÚnico?

Pessoas que vivem na mesma casa e compartilham a mesma renda ou despesa, independentemente do grau de parentesco

Como fazer o cadastro?

O responsável familiar, maior de 16 anos e preferencialmente do sexo feminino, presta as informações por meio de entrevista, no centro de assistência ou durante visita do agente municipal. Ele precisa apresentar documentos de todos os integrantes da família, principalmente o CPF

Há um protocolo específico para famílias unipessoais?

Sim. Os municípios devem cobrar a assinatura de um termo de responsabilidade e anexar no sistema do CadÚnico versões digitalizadas dos documentos do beneficiário. Além disso, são realizadas visitas domiciliares para verificar se a pessoa vive sozinha de fato

O que é a atualização cadastral?

As famílias devem atualizar seus dados num prazo máximo de 24 meses a partir da última entrevista, ou antes disso quando houver alteração na composição familiar, no endereço ou na renda da família

VEJA AS REGRAS DO NOVO BOLSA FAMÍLIA
Quem tem direito?

Famílias com renda familiar por pessoa de até R$ 218 inscritas no CadÚnico. A renda familiar por pessoa é a soma de todas as rendas do lar, dividida pelo número de membros

Como o benefício é calculado?

Há um benefício básico por pessoa. Cada integrante da família recebe R$ 142 mensais. Há ainda a garantia de um pagamento mínimo de R$ 600 por família, ou seja, se a soma dos benefícios não for suficiente, o governo fará o repasse de um valor complementar para assegurar esse piso.

O programa também prevê um adicional de R$ 150 por criança de 0 a 6 anos, e outro de R$ 50 para crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos incompletos, bem como para gestantes e nutrizes

A concessão é automática para quem faz o cadastro?

Não. O governo realiza um protocolo de habilitação, que consiste em processar as informações, verificar os requisitos e identificar públicos prioritários (indígenas e quilombolas, por exemplo). Caso a família se enquadre nas regras do programa, ela é habilitada. A concessão do benefício depende de espaço no orçamento

Arranjei um emprego com carteira assinada, vou perder o benefício do Bolsa Família?

Não necessariamente. Se, ao incorporar o salário do novo emprego, a renda familiar por pessoa ficar entre R$ 218 e R$ 706, o beneficiário entrará na regra de proteção, recebendo metade do benefício por até dois anos.

Se a renda familiar por pessoa ultrapassar os R$ 706, o beneficiário pode solicitar o desligamento do Bolsa, com direito ao chamado “retorno garantido” caso perca o emprego ou outra fonte de renda. O retorno garantido só vale para quem tiver saído de forma voluntária do programa

Idiana Tomazelli/Folhapress

Investigação da ‘Abin paralela’ tem indícios contra suspeitos e série de lacunas

Sede da Abin em Brasília
As decisões de Alexandre de Moraes, do STF, sobre a atuação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no governo de Jair Bolsonaro (PL) trazem até o momento indícios de irregularidades, mas deixam ainda lacunas sobre como se deu na prática a atuação da “Abin paralela”.

Com base em três decisões de Moraes no inquérito conduzido pela Polícia Federal, veja abaixo o que se sabe até agora e alguns pontos não detalhados pelo ministro nos despachos.

Os documentos mostram que, após a primeira fase, a investigação ampliou seu foco: antes era o uso ilegal do FirstMile, e depois passou a mirar relatórios e informações produzidos supostamente a pedido do que a PF batizou de “núcleo político”, cujo único nome apontado até agora é Carlos Bolsonaro (Republicanos).

Como as decisões de Moraes incluem apenas trechos dos pedidos da PF, outros elementos de prova e indícios podem estar nos apensos e nas representações do delegado do caso, ainda mantidos em sigilo.

O que está sendo investigado?

A compra e o uso do software FirstMile, que fornecia, segundo a PF, dados de localização de pessoas de forma ilegal, sem autorização judicial;

Elaboração de supostos relatórios de inteligência contra adversários políticos de Bolsonaro por parte de servidores da agência;

Uso da agência para fins pessoais da família do ex-presidente da República;

Suposta tentativa da atual cúpula da agência de atrapalhar as investigações.

Como o FirstMile funciona?

O FirstMile utiliza uma brecha no protocolo internacional das telecomunicações, chamado de SS7 (Sistema de Sinalização nº 7). O protocolo atua quando uma pessoa liga para o celular de outra e as redes precisam saber em qual antena o interlocutor está.

Ele é instantâneo, e a conexão entre os dois celulares é estabelecida quando uma informa à outra a localização com base na antena mais próxima. Empresas de inteligência usam uma brecha e criam empresas de telecomunicação de fachada para pedir às operadoras reais a localização de celulares. Assim, quem compra a ferramenta pode incluir o telefone de qualquer pessoa na plataforma e fazer o monitoramento.

Ele invade a rede de telefonia?

A PF afirma que ele invade a rede de telefonia e cita como indício uma troca de email entre representantes da empresa vendedora do software e um servidor da Abin. Em janeiro de 2020, a funcionária da Cognyte afirma que estava “pesquisando e testando novos métodos para acessar” a rede da Tim porque havia sido barrada pela operadora.

Qual teria sido o impacto do uso da ferramenta?

A PF, mostra a decisão, afirmou que a análise preliminar do banco de dados do programa indicou a existência de 60.734 pesquisas, com retorno com a geolocalização em 21.309 buscas. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou em entrevista que 30 mil pessoas foram alvo do software.

Qual foi o critério de escolha dos números para serem localizados?

Ainda não foi divulgado pela PF e por Moraes a lista de pessoas que teriam sido monitoradas. Pelas decisões do ministro, não há contexto dos motivos das pesquisas. A Abin teria utilizado a ferramenta entre fevereiro de 2019 e abril de 2021.

O que o processo de demissão de dois servidores tem a ver com o caso todo?

A PF diz que esses servidores estavam respondendo processo disciplinar por terem participado ilegalmente de uma licitação e ameaçavam denunciar o uso do FirstMile se isso acontecesse. De acordo com o inquérito, Alexandre Ramagem agiu para livrar os servidores de punição e, assim, evitar a divulgação da ferramenta.

O que teria sido a corrupção praticada por Ramagem? Qual teria sido a forma de corromper?

A Procuradoria-Geral da República afirma que Ramagem teria se corrompido ao anular a apuração interna contra os dois agentes.

Quem teria sido responsável por pedir e por incluir os números na ferramenta?

Na primeira decisão de Moraes, há um trecho em que a PF indica o “núcleo de pesquisas” na Abin. São 12 servidores identificados até outubro de 2023 como os responsáveis por executar a inclusão dos números na ferramenta. Não há detalhes, no entanto, de quem seria o responsável por cada pedido e se os oficiais da Abin sabiam de irregularidades. A polícia indica indiretamente Ramagem como solicitante em um caso, mas não mostra como chegou a essa conclusão. A PF também fala de policiais federais que estavam em um setor chamado CIN (Centro de Inteligência Nacional), mas não é possível saber o motivo.

O que era a chamada Abin paralela?

A primeira decisão não cita, mas nos despachos em que autorizou buscas contra Ramagem e Carlos Bolsonaro, Moraes aponta para existência de uma “estrutura paralela infiltrada na Abin” durante o governo Bolsonaro.

A estrutura seria formada majoritariamente por policiais federais lotados no CIN e na direção-geral, ocupada por Ramagem.

Eles seriam os responsáveis por utilizar o FirstMile “para monitoramento de alvos e autoridades públicas, bem como para serviço de contrainteligência e criação de relatórios apócrifos que seriam divulgados com o fim de criar narrativas falsas.”

Além do uso do FirstMile, o que as decisões apontam sobre o que a Abin paralela fazia?

As decisões mostram que a Abin paralela é suspeita de produzir relatórios de inteligência e levantavam informações de interesse do chamado núcleo político. Há uma suspeita sobre a produção de relatório de inteligência na tentativa de atrelar os ministros Gilmar Mendes e Moraes ao PCC. No caso do assassinato de Marielle Franco, a decisão cita que a CGU (Controladoria-Geral da União) identificou com servidor da Abin a impressão do resumo do currículo da promotora responsável pelo setor onde está a apuração no Ministério Público do Rio. O despacho não detalha quem realizou a impressão.

Como os relatórios e monitoramentos foram usados?

As decisões não detalham como teriam sido utilizados por Ramagem e pelo governo. Em caso envolvendo o ex-deputado Rodrigo Maia, trecho do despacho fala que a ideia era acompanhar o encontro com um advogado para posterior divulgação apócrifa, mas não há nenhuma informação de como isso teria acontecido, de onde veio o pedido e como o ex-Abin teria se envolvido nisso.

Uma das decisões também cita que a “identificação de informações sigilosas impressas” por Ramagem “possivelmente para entregar aos destinatários do núcleo político”, sem detalhar como nem quem. No caso de Carlos, também, não são citados os motivos do interesse do pedido de informações a Ramagem e para que os dados teriam sido utilizados.

Quais indícios existem do caso Jair Renan e quem são os envolvidos?

No caso de Jair Renan, filho do ex-presidente, a Abin teria atuado para ajudá-lo, já que ele era alvo de investigação da PF sobre as relações com empresas que tinham interesse em contratos com o governo federal. Agentes da Abin tentaram atrapalhar a investigação e coletar informações com o objetivo de evitar “riscos à imagem” de Bolsonaro. Há três policiais federais citados, sendo um deles apontado como responsável por ter feito um monitoramento do caso. Não há informações sobre o que os outros dois teriam feito. Há ainda menção de que o pedido teria partido do GSI, comandado à época por General Heleno. Não é possível saber como a solicitação teria sido feita, nem que indício existe sobre isso.

Quais indícios existem no caso Flávio Bolsonaro?

A decisão diz que o caso do senador estava sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto de chefe do CIN.

Não há dados dos elementos de prova obtidos na investigação e somente cita uma reportagem do The Intercept que fala da participação do policial federal Marcelo Bormevet no episódio.

Como descobriram os relatórios citados nas decisões?

Alguns relatórios foram descobertos durante a busca e apreensão na Abin. No caso de documentos impressos, como na impressão do currículo da promotora do caso Marielle, foi a CGU (Controladoria-geral da União) que conseguiu mapear, por meio dos logs.

Por que Carlos Bolsonaro também foi alvo?

A PF encontrou um print de uma troca de mensagens em que Carlos pede informações a Ramagem, por meio de assessora, sobre investigações em andamento. O filho de Bolsonaro é apontado como integrante do núcleo político da organização criminosa, por ser destinatário de informações produzidas pela Abin durante a gestão de Ramagem. Como mostrou a Folha, o pedido é de quando Ramagem já não estava mais na Abin.

Quais são os elementos apontados pela PF para afirmar que houve tentativa de obstrução da atual cúpula da Abin?

Moraes cita em sua decisão trecho do relatório da PF sobre uma reunião realizada em março de 2023 pelo atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e Alessandro Moretti, seu ainda número 2, com servidores posteriormente alvos da operação Última Milha.

Moretti teria dito na reunião que a apuração sobre o caso tinha “fundo político e iria passar”. Moretti é delegado da PF. Não há na decisão, o detalhamento de como a PF soube da reunião e se as informações do encontro foram relatadas em depoimentos.

Qual é a briga existente entre Abin e PF atualmente?

As cúpulas das duas instituições estão em atrito desde o início do governo Lula (PT). Quando chegou, Corrêa escolheu como números 2 e 3 Moretti e Paulo Maurício Fortunato, respectivamente.

Essas indicações foram usadas pela PF para tentar desgastar a direção da Abin, nos bastidores, com o argumento de que Corrêa estaria levando para a gestão Lula pessoas que exerceram papel relevante sob as ordens de Bolsonaro.

Moretti foi o número dois de Anderson Torres na Secretaria de Segurança do Distrito Federal, entre 2018 e 2021, e comandou a diretoria de inteligência da PF em 2022 quando Torres era ministro da Justiça.

O delegado não tem boa relação com o Andrei desde a eleição presidencial. Chefe da segurança de Lula, Andrei reclamava que Moretti dificultava o trabalho da sua equipe durante a campanha. Moretti chegou a ser indicado para adido da PF na França, mas Andrei barrou a nomeação assim que assumiu o cargo.

A crise aumentou quando o número três escolhido por Côrrea foi alvo e afastado do cargo na primeira fase da investigação sobre a Abin paralela e depois com a citação de Moretti e Côrrea no pedido de busca contra Ramagem em um contexto de tentativa de obstrução da apuração.

Por que esse caso está no Supremo?

Nas decisões acessadas, o ministro Alexandre de Moraes não justifica o motivo do caso estar sob sua relatoria e no STF. O magistrado apenas cita que foi “autuada por prevenção” ao inquérito 4.781/DF, conhecido como inquérito das fake news.

O que Ramagem diz sobre isso?

O deputado federal afirma que o FirstMile foi adquirido no governo de Michel Temer e que o contrato não foi renovado na sua gestão. Segundo ele, partiu dele pedido para realização de correição para apurar o uso da ferramenta. Ele afirma que o software ficava na Diretoria de Operações de Inteligência e que demitiu o chefe do setor. Ele diz que nunca utilizou o sistema ou solicitou o uso.

Ramagem também nega ter repassado informações sigilosas para a família Bolsonaro.

Quais são os crimes investigados?

Segundo a PF, são investigados os crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Folhapress

AGU sugere barrar canal de TV do PT para evitar desequilíbrio eleitoral

Advocacia-Geral da União
A AGU (Advocacia-Geral da União) recomendou ao Ministério das Comunicações negar o pedido do PT para ter canais de TV e rádio para “evitar desequilíbrio nas disputas eleitorais”.

O PT pediu ao governo autorização para concessão para de canais de TV e rádio abertos em junho do ano passado. O pedido foi negado no último dia 26 pelo Ministério das Comunicações, comandado por Juscelino Filho.

A pasta se baseou em um parecer da AGU que recomenda a vedação. O documento, ao qual a reportagem do UOL teve acesso, cita decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) contrárias à liberação e pontua que uma rede de comunicação desnivelaria a disputa eleitoral.

O propósito da proibição parece ser o de evitar um desequilíbrio nas disputas eleitorais ou ainda o de garantir mais pluralidade de visões políticas na programação das emissoras de rádio ou televisão. Esses dois objetivos restariam frustrados caso se permitisse o deferimento de outorga de radiodifusão a uma fundação vinculada a um partido político.

Em nota técnica, o ministério argumenta que “o serviço [de comunicação] só pode ser executado por fundações e associações comunitárias, sem fins lucrativos”.

“É expressamente vedado que a entidade prestadora do serviço de Radcom [radiodifusão comunitária] se subordine ou se sujeite à gerência, à administração, ao domínio, ao comando ou à orientação de qualquer outra entidade, mediante compromissos ou relações político partidários”, diz o texto.

O PT diz querer um canal de comunicação para “difundir ideias e propostas de militância”. No pedido, o partido mencionava a intenção de construir conteúdos com “pedagogia de participação político-partidária” que iriam “para além do ato de votar” e argumentava que havia 49 canais vagos pelo país com possibilidade de concessão.

À imprensa a pasta afirmou que “não houve nenhum tipo de pressão política”. “A decisão foi estritamente técnica, com base nos critérios da legislação vigente”, disse o ministério, por meio de nota.

O partido deve recorrer. Em declaração à CNN Brasil, o secretário de Comunicação do PT, deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), criticou a decisão e o ministro Juscelino Filho: “É o que dá colocar bolsonarista como diretor do Ministério das Comunicações”, afirmou.

Como mostrou a Folha na época, o pedido dos espaços de radiodifusão foi assinado pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e por Tatto. No documento, a legenda solicita que lhe sejam alocadas concessões que estejam vagas, ou seja, já existentes, mas não utilizadas no momento.

Caso o ministério atenda ao pedido, o PT será o primeiro partido brasileiro a contar com seus próprios canais de rádio e TV.

O partido argumentou, em ofício enviado a Juscelino Filho, que as razões principais para fazer a reivindicação são aumentar a prestação de contas de suas atividades para a população e ajudar na difusão da participação política.

“Um canal de comunicação próprio do Partido dos Trabalhadores possibilitaria o cumprimento de um dever constitucional, legal e estatutário, oportunizando uma participação política para além do simples ato de votar, adotando-se uma verdadeira pedagogia de participação político-partidária”, afirmou o pedido.

O documento lista 49 canais em diversos estados que estavam vagos e poderiam ser disponibilizados pelo ministério.

Concessões de canais de rádio e TV são atos da Presidência da República, segundo a Constituição, mediante uma série de critérios, como publicação de edital e ter 70% do capital nas mãos de brasileiros.

O PT argumenta que não há nada na legislação que impeça um partido político de pleitear um canal. “Observa-se que a concessão de serviços de telecomunicações de rádio/TV a partidos políticos não encontra óbice legislativo expresso”, diz.

O PT tem já uma estrutura expressiva de comunicação baseada em meios digitais, que cresceu nos últimos anos, além de ter direito a propaganda na TV, de acordo com a lei. O partido diz, no entanto, que esses meios são insuficientes.

“A comunicação por canal partidário específico possibilitaria a justa prestação de informação uma vez que os partidos políticos são indissociavelmente vinculados à educação política, ao incentivo da participação política e à contínua comunicação com os cidadãos”, afirma.

Lucas Borges Teixeira/Folhapress

Raridade no Exército, general negro assume comando de região militar

Ogeneral André Luiz Aguiar Ribeiro, na cerimônia em que assumiu o comando da 6º Região Militar, em Salvador
Em dezembro passado, o general André Luiz Aguiar Ribeiro assumiu o comando da 6ª Região Militar (RM), responsável por tropas e atividades do Exército nos Estados da Bahia e de Sergipe.

Foi uma cena rara. Militares da pele preta como ele existem em profusão nos estratos inferiores das Forças Armadas. À medida que a patente aumenta, o embranquecimento também.

Segundo o pesquisador e jornalista Sionei Leão, autor do livro “Kamba’Race – Afrodescendências no Exército Brasileiro”, Ribeiro é apenas o terceiro negro a atingir o segundo degrau da patente mais importante da força terrestre —general de Divisão, três estrelas.

Como passou a liderar uma organização militar de relevância (e como não há outro com essa cor e essa patente entre os oficiais-generais da ativa), o novo comandante da 6ª RM em tese tem chances de atingir o degrau mais alto da carreira militar, general de Exército (quatro estrelas) —algo que nenhum negro alcançou em mais de 200 anos de história do Exército.

Sionei Leão, que é negro e ex-militar, dedicou duas décadas de pesquisa ao tema de seu livro, inicialmente uma monografia de conclusão de pós-graduação. Seu trabalho mostra que o Exército Brasileiro teve somente 11 generais negros em sua história, a maioria no primeiro degrau da patente, general de Brigada (duas estrelas).

Como aponta Leão em “Kamba’Race”, para além das baixas patentes, há também presença significativa de negros na condição de oficiais de carreira na corporação. Mas o quadro muda mesmo quando se chega ao generalato.

O autor lembra que os coronéis concorrentes a generais de Brigada são escolhidos mediante análise do Alto Comando, composto por todos os generais de Exército da ativa.

“Os critérios são de responsabilidade absoluta desse mesmo Alto Comando, que submete a escolha ao presidente da República. Isso significa que, embora os méritos profissionais e intelectuais de cada concorrente à nova patente sejam levados em conta no momento de composição da lista, nenhum dos candidatos tem a absoluta certeza de que seus dotes lhes garantirão o acesso”, afirma Leão.

“Em suma, essa etapa, diferente das demais, reveste-se de caráter político e não somente técnico.”

Um levantamento feito em 2021 pelo jornal O Globo mostrou que, entre os 400 oficiais-generais das três Forças Armadas então na ativa, havia somente 7 pretos (1,75% do total). O Exército tinha (e tem) a cúpula mais branca entre as Forças: o único oficial-general preto da corporação verde-oliva era (e continua sendo) André Luiz Ribeiro.

Apesar de o debate sobre a pouca diversidade étnico-racial em posições de poder no Brasil ter cada vez mais espaço na sociedade, o tema continua a representar um tabu para o Exército. Procurado, o general Ribeiro informou que não daria entrevista por não se sentir confortável com a pauta —no pedido, a reportagem mencionou que a questão da diversidade seria um dos tópicos de interesse.

O Exército também silenciou. Solicitou que enviasse questões, mas, instado a comentar a trajetória do general Ribeiro na força terrestre, os desafios dele no Comando da 6ª RM e a relação entre a cor de pele e promoção na corporação, não respondeu.

A Sionei Leão —que baseou sua pesquisa em documentos históricos, fotografias e entrevistas— o Exército negou em duas ocasiões possuir dados sobre cor/raça na corporação. Numa delas, respondeu: “A promoção aos postos previstos na carreira é baseada no desempenho profissional e na competência do militar, não sendo levados em consideração outros aspectos como, por exemplo, o citado no questionamento em tela”.

Leão conta que, durante a pesquisa para o capítulo sobre generais negros em “Kamba’Race”, alguns entrevistados evitaram falar por considerarem que ele pretendia tratar de cotas ou políticas afirmativas. “Eles não querem de forma alguma serem conhecidos como militares que ingressaram nesse patamar por serem negros. Isso é uma postura, um pilar, e uma questão de honra, no modo de pensar na caserna”, diz o autor.

Para Leão, a questão racial deveria ser colocada de outra forma. “Por que raramente se verifica um general afrodescendente no Exército Brasileiro? Uma instituição que se reconhece como popular e costuma fazer apologia da contribuição dos negros em vários momentos, a começar com o mito de Guararapes [da Batalha dos Guararapes, tida como marco da formação do Exército]. O Exército para esse assunto de racialidade é bem conservador e até refratário, chega a ser contraditório.”

Carioca, torcedor do Botafogo e casado com uma soteropolitana, o general Ribeiro, 56, é filho de pai e mãe com poucas posses, também cariocas. Ele comentou sua origem “muito humilde” em entrevista ao jornal baiano A Tarde, na qual não foi abordada a sua afrodescendência.

“A minha educação, apesar da simplicidade dos meus pais, foi uma educação cartesiana, eivada de princípios, que só veio encontrar uma total união com os valores, os princípios e a ética militar.”

Formado aspirante em infantaria em 1989 na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), fez o curso Joint Senior Command Staff Program (JSCSP) no South African National War College em 2010. Antes de assumir a 6ª RM, foi assessor especial no Ministério da Defesa e, antes disso, comandante da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, no Recife.

A 6ª Região Militar possui quatro batalhões, sendo dois em Salvador, um em Feira de Santana (BA) e outro em Aracaju, além de unidades de combate e de apoio e tiros de guerra. É subordinada ao Comando Militar do Nordeste, com sede no Recife. Segundo o Exército, a 6ª RM é a região militar mais antiga do Brasil e o primeiro grande comando criado na corporação.

A 6ª RM já foi comandada pelo general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Lula, que caiu após o 8 de Janeiro. Na 6ª RM, GDias, como é conhecido, foi exonerado depois de críticas por confraternizar com PMs que faziam greve, em 2012.

No fim de 2023, dias após assumir o cargo na Bahia, o general Ribeiro se reuniu com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e com o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner. A conversa teve um tom institucional, mas houve promessas de lado a lado para uma atuação em sintonia entre governo e Exército.

O governo baiano tem apostado em ações integradas de combate à violência com instituições federais como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. A parceria com o Exército é mais tímida, focada sobretudo no compartilhamento de informações.

A Bahia enfrenta um cenário de crise na segurança nos últimos anos, sendo o estado com maior número absoluto de mortes violentas e maior letalidade policial. O número de mortos em ações da polícia cresceu 15% entre 2022 e 2023, saindo de 1.468 para 1.689 casos.

Apesar da disposição do Exército e do Ministério da Defesa em voltar a realizar operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), usando militares em crises de segurança pública, na cúpula do governo baiano a avaliação é que não há indicativo de uma possível ação do tipo no estado.

Outro desafio do general à frente da 6ª Região Militar é garantir a efetividade da Operação Carro-Pipa, com a distribuição de água por meio de caminhões em localidades da zona rural.

A Bahia enfrentou no ano passado uma seca mais severa e prolongada do que o comum. Ao todo, 195 dos 417 municípios do estado tiveram emergência decretada por conta da estiagem.

Fabio Victor e João Pedro Pitombo/Folhapress

Integração entre as Polícias da Bahia, CE, PE e SE impede planejamento para ataque a carro-forte

Traficantes, proprietários de roças de maconha, passaram os últimos 15 dias na divisa entre a Bahia e Sergipe analisando as rotas dos valores.

O compartilhamento de informações entre as Polícias dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Ceará interrompeu o planejamento de ataques contra a carro-forte, no sertão nordestino. Dois traficantes, que analisavam as rotas dos valores foram alcançados na tarde de sexta-feira (2).

Equipes da Bahia (PM e FICCO), de SE (PM), de Pernambuco (PM) e do CE (FICCO) receberam a denúncia da presença de dois traficantes na região da cidade baiana de Paulo Afonso.

A dupla, que possuía plantações de maconha na cidade de Triunfo (Pernambuco), passou os últimos 15 dias na divisa da Bahia com Sergipe, avaliando as rotas utilizadas por transportadoras de valores.

Durante campana, os traficantes foram avistados na BA-210, na região de Paulo Afonso. Na tentativa de prisão houve confronto e os criminosos acabaram feridos. Eles foram socorridos, mas não resistiram.
Com eles foram apreendidos dois revólveres calibre 38 e munições. As Forças de Segurança seguem na região procurando comparsas da dupla.

Foto e texto: Alberto Maraux

Crystal Palace de Itagibá avança à semifinal da Copa Jean Carlos de Futsal com uma vitória de 13 a 3.


Na noite da última sexta-feira (03), o Clube Crystal Palace, representando a cidade de Itagibá, entrou em quadra na Copa Jean Carlos de Futsal, no município de Dário Meira. Em uma exibição magistral de talento e determinação, a equipe local não apenas venceu, mas dominou seu oponente, Dário Meira, Louco Sonhador, com um placar impressionante de 13 a 3.
 A partida foi um verdadeiro espetáculo de habilidade e estratégia, onde os jogadores do Crystal Palace demonstraram um desempenho excepcional, deixando claro que estavam determinados a alcançar a vitória. Desde os primeiros minutos, a equipe mostrou sua superioridade em quadra, marcando gols com precisão cirúrgica e defendendo com ferocidade cada investida adversária.
O resultado avassalador é uma recompensa merecida para o trabalho árduo e a dedicação incansável dos atletas e da comissão técnica, que se empenham dia após dia para alcançar o sucesso. A torcida presente na quadra vibrou a cada lance, reconhecendo o esforço e o talento da equipe.

 Com essa vitória impressionante, o Clube Crystal Palace assegurou seu lugar na semifinal da Copa Jean Carlos de Futsal, onde enfrentará novos desafios em sua busca pelo título. O time agora aguarda com entusiasmo a próxima etapa da competição, confiante em seu potencial e determinado a escrever mais um capítulo glorioso em sua história.

Grupos culturais, charangas e fanfarras do Fuzuê fazem a festa dos foliões na abertura do pré-Carnaval

Grupos culturais, charangas e fanfarras do Fuzuê fazem a festa dos foliões na abertura do pré-Carnaval
Com mais de 40 atrações para o público, o Fuzuê abriu oficialmente o pré-Carnaval de Salvador neste sábado (3) no Circuito Orlando Tapajós, desde o Clube Espanhol até o Farol da Barra. Grupos culturais, fanfarras e charangas animam o público de todas as idades que desde cedo chegou à região da Barra/ Ondina para acompanhar as apresentações.

Para este ano, a Prefeitura montou uma mega estrutura para garantir o atendimento à população, desde as operações especiais de trânsito e transporte até a estrutura de saúde. Para o Fuzuê, 36 ônibus da frota reguladora estão à disposição na Estação da Lapa. Já os os módulos de saúde estão de prontidão no circuito Dodô (Barra/Ondina), no Morro do Gato e no Farol da Barra.

Como já é tradição, o Bike Fuzuê e a Banda da Guarda Civil Municipal abriram os trabalhos e iniciaram as apresentações. O evento é marcado pela variedade de manifestações culturais, com baianas, fanfarras, grupos de forró que celebram a cultura nordestina, caretas, entre outros tantos que encantam o público. E também há uma variedade musical, com atrações que vão dos sons das caretas com triângulos e metais até as marchinhas de antigos carnavais.

A costureira Maria Célia Ferreira, moradora da Boca do Rio, foi trabalhar e também curtir o Fuzuê. Enquanto vende adereços de Carnaval de sua marca, a Maria Fiapo, ela acompanha a passagem dos grupos culturais. “A gente trabalha e curte ao mesmo tempo. Eu gosto de tudo, gosto de muvuca. Gosto de muvuca, pagode, eu amo arrocha. Arrocha é meu forte”, contou.

Ela diz que curte o Carnaval há mais de 30 anos e diz que, após o Fuzuê, vai trabalhar no Pelourinho durante o Carnaval. “A expectativa das vendas é boa. A gente vai trabalhando e curtindo. Vou aproveitando a vida, porque a vida é curta”, disse, ressaltando ainda que já trabalhou em outras edições do Fuzuê.

Moradora de Veracruz, Gil Baiana, 58 anos, faz parte do grupo multicultural Maré de Março e veio à capital para acompanhar o Fuzuê pela primeira vez. Baiana de acarajé e baiana de receptivo, ela participou da festa em um bloquinho e celebrou a diversidade de atrações. “Eu amo o Carnaval e pra mim é regozijante estar aqui, nesse momento, curtindo, no meio desse grupo, valorizando nossa cultura”, disse.

O grupo Maré de Março tem, além de baianas, capoeiristas e dançarinos de Bumba Meu Boi. “Isso é importante porque faz parte da cultura da Bahia e do Brasil. E a gente tem que preservar e salvaguardar. Graças a Deus que o Carnaval tem esse espaço para a cultura. Eu tenho 58 anos, desde os meus 17 anos que já pulava na pipoca”, revelou.

Moradora do São Caetano, a ciclista Ana Cortial, 44 anos, foi curtir o Fuzuê pela primeira vez de bike. “Eu gosto do Fuzuê e sempre vim sem bike, mas esse ano resolvi vir com a bicicleta. O ciclismo é um esporte que te leva a conhecer outros lugares, outras pessoas, e juntando isso com o Carnaval, está tudo certo”, revelou, ao seguir com a bike pela orla da Barra.

Campanha – A secretária de Políticas para as Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), Fernanda Lordêlo, acompanhou as apresentações do Fuzuê e destacou a campanha desenvolvida pela Prefeitura de Salvador para combater a exploração infantil durante o Carnaval. “A proposta é que efetivamente as pessoas tenham plena conscientização de que Carnaval é diversão, mas as crianças e adolescentes precisam estar protegidos”, salientou.

Ela destacou que a ideia é levar a mensagem de que o Carnaval é diversão e proteção. “(As crianças e adolescentes) Não podem beber bebida alcoólica, não podem estar expostas a substâncias psicoativas, nem a nenhum outro tipo de violação. É preciso ter cuidado também com a exposição ao Sol”, acrescentou.

Fernanda Lordêlo ressaltou ainda que a Prefeitura oferta, ao longo do Carnaval, cerca de 600 vagas nos centros de acolhimento para crianças e adolescentes de até 17 anos. O serviço já vem de outros anos e tem sido cada vez mais reforçado pela gestão municipal.

Calendário – Com o início do Fuzuê, a folia na capital baiana só termina na Quarta-Feira de Cinzas, quando o Carnaval será encerrado. Até lá, a festa continua neste domingo (4) com o Furdunço, a Melhor Segunda-Feira do Mundo com Xanddy Harmonia, o Pipoco com Léo Santana na terça (6) e o circuito de fanfarras Sérgio Bezerra na quarta (7). O Carnaval será oficialmente aberto na quinta-feira (8) na Praça Castro Alves.

Voto de Marta por impeachment de Dilma é ‘constrangimento’ e ex-prefeita deverá ser cobrada, dizem deputados

A ex-prefeita Marta Suplicy voltou para o PT
Na ocasião que marcou sua reintegração ao PT nesta sexta-feira (02), a ex-prefeita Marta Suplicy escolheu não fazer qualquer autocrítica em relação à sua saída tumultuada do partido, que incluiu acusações de corrupção, e ao seu notável voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Entretanto, membros do PT e PSOL admitiram que o histórico de Marta causa “constrangimento” e que ela será solicitada a prestar esclarecimentos. A reportagem é do jornal “O Globo”.

Ao ser questionado se o retorno de Marta provoca desconforto no PT devido ao seu voto favorável ao impeachment, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que o “constrangimento” e a “contradição” são responsabilidade da ex-prefeita. “Se ela vem pra agregar, ela precisa realmente fazer um balanço da trajetória dela”, disse o deputado federal, acrescentando que, neste momento, o “inimigo principal” é o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Arlindo Chinaglia, deputado federal do PT por São Paulo, foi na mesma linha: “É evidente que a votação dela (pelo impeachment ), as palavras dela na época, não agradam. Mas isso ela tem que estar preparada para explicar, não é o PT, não é a nossa federação”, afirmou o parlamentar petista.

PT fará campanha para mostrar que Lula não fechou igr

O Partido dos Trabalhadores (PT) está organizando uma campanha nas redes sociais para combater as notícias falsas direcionadas principalmente aos evangélicos. O objetivo das mensagens é desmistificar a ideia de que o presidente Lula teria fechado igrejas após retornar ao Palácio do Planalto para seu terceiro mandato. A reportagem é de Bela Megale, do jornal “O Globo”.

Durante a eleição de 2022, a campanha petista enfrentou a propagação de falsas notícias que afirmavam que Lula planejava fechar igrejas evangélicas e católicas se ganhasse a disputa. Outra informação incorreta era a de que padres e pastores que se recusassem a celebrar uniões de casais LGBTs seriam presos e suas igrejas fechadas por crime de homofobia.

A campanha foi lançada para impedir a ressurgência dessas fake news no ano das eleições. A estratégia do partido não visa entrar no debate de pautas conservadoras, mas sim destacar que Lula não concretizou as ameaças propagadas por seus adversários. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, tem enfatizado aos aliados que a disputa pelo voto evangélico se concentrará na esfera econômica, evidenciando melhorias relacionadas a essa área.

Unlabelled

Deputados batem recorde de gasto com propaganda em 2023

O uso de verba pública pelos deputados federais para divulgação da própria atividade parlamentar bateu recorde em 2023.

No total, os parlamentares gastaram R$ 84,1 milhões com essa finalidade, o que representa 38,3% do total da chamada Ceap (Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar).

Conhecido como “cotão”, a verba banca ou reembolsa deputados por gastos que incluem aluguel de escritório, combustível, alimentação, passagens aéreas e hospedagem, entre outros.

O percentual para divulgação do mandato é o maior de toda a história do cotão, cujo atual formato foi instituído em 2009.

Naquele ano, a divulgação do mandato consumiu apenas 19% do cotão, mostram os dados coletados e organizados pela Folha por meio do site de transparência da Câmara dos Deputados.

O ano em que a divulgação havia consumido a maior fatia da verba até então havia sido 2020, com 34,4%.

Em geral, o gasto dos deputados com essa rubrica engloba produção de conteúdo e manutenção de redes sociais, impressão de jornais e panfletos, além de propaganda ou patrocínio a sites e blogs alinhados nos estados.

O campeão do uso da verba para divulgação do mandato no ano passado foi Eunício Oliveira (MDB-CE), ex-presidente do Senado e hoje deputado federal, que usou R$ 494 mil nos 12 meses de 2023.

Para efeito de comparação, a média entre todos os parlamentares foi de um gasto de R$ 162 mil durante todo o ano.

A justificativa que Eunício deu para o gasto foi a produção e edição de vídeos para a internet e a alimentação de seus perfis no Facebook, Instagram, Twitter e TikTok, além do seu WhatsApp profissional.

Em suas redes sociais, Eunício mistura a divulgação de seu trabalho parlamentar com alguns registros da vida pessoal e até homenagens, como a mais recente delas, para o tetracampeão mundial Mário Lobo Zagallo, que morreu no último dia 5.

A Carnaúba Assessoria de Comunicação e Publicidade Ltda foi a destinatária da verba em quase todos os meses, com valores de R$ 20 mil a R$ 40 mil, mas em dezembro houve um salto, com cobrança de R$ 125 mil.

Pelas regras da Câmara, a verba mensal não usada pelos parlamentares se acumula para os meses seguintes até dezembro, ocasião em que se não for usada volta aos cofres públicos.

A Folha mostrou, por exemplo, que em dezembro de 2020, em plena pandemia da Covid-19, a Câmara patrocinou um gasto recorde da cota distribuída aos parlamentares.

Em um mês de Congresso Nacional esvaziado, com apenas três semanas de trabalho formal e ainda afetado pelo distanciamento social, os deputados ganharam reembolso de R$ 26 milhões, 95% a mais do que a média verificada nos 11 meses anteriores (R$ 13,4 milhões), um recorde.

Mais da metade do total do dinheiro foi usado, naquela época, também sob a justificativa de “divulgação da atividade parlamentar” e contratação de consultorias e pesquisas.

Eunício afirmou apenas, por meio de sua assessoria, que “os gastos estão de acordo com as normas da Câmara, ato da Mesa 40/2012, sobre divulgação da atividade parlamentar”.

A Folha não conseguiu contato com a empresa ou representante.

O cotão distribui a cada um dos 513 deputados valores mensais que vão de R$ 36,5 mil a R$ 49,5 mil, a depender do estado de origem.

A Câmara se limita a conferir se as notas apresentadas se relacionam aos gastos permitidos pelas normas internas. Não há checagem sobre se o dinheiro foi efetivamente desembolsado e se os preços cobrados são compatíveis com os de mercado, por exemplo.

Primeira-dama da cidade de Ananindeua (17 km de Belém), a deputada federal de primeiro mandato Alessandra Haber (MDB-PA) foi a mais votada em todo o estado e a 15ª em todo o Brasil, mesmo nunca tendo ocupado uma cadeira na Câmara anteriormente.

Ela ocupa o segundo lugar na lista de parlamentares que mais utilizaram o cotão para divulgação da atividade parlamentar.

“As despesas com a cota estão dentro dos limites legais estabelecidos pela Câmara dos Deputados. Parte refere-se à divulgação dos trabalhos da Subcomissão Especial das Pessoas com Transtorno Espectro Autista, presidida por mim e que de temporária se tornou permanente”, afirmou ela.

Também disse: “Os recursos da cota são fundamentais para o exercício do mandato, um dever e um direito, no sentido de prestar contas do trabalho exercido à população.”

A verba foi utilizada na contratação de uma empresa individual para produção de conteúdo das redes sociais do mandato, além de confecção de informativos, banners e até outdoors de propaganda, no Pará.

Na lista dos deputados que mais usaram a verba nesse item, também estão Sonize Barbosa (PL-AP) e Pastor Gil (PL-MA).

Além do cotão, os deputados têm outras verbas a seu dispor, como R$ 118 mil mensais para contratação de 5 a 25 assessores para Brasília e o estado, e R$ 4.253 a título de auxílio-moradia (para os que não usam os apartamentos funcionais na capital federal).

No ano passado, pouco antes da eleição para o comando da Casa, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em campanha para ser reconduzido, concedeu benefícios, como o aumento do valor disponível para reembolso com combustível e a elevação da quantidade de viagens possíveis feitas com a cota parlamentar. Foi autorizada ainda viagem para outros locais do país, desde que próximo a alguma residência do parlamentar.

Ranier Bragon e João Gabriel/Folhapress

Ala do PT pede impugnação de filiação de Marta Suplicy ao partido; entenda

Valter Pomar, dirigente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), publicou na manhã deste sábado, 3, um manifesto em que pede a impugnação da filiação de Marta Suplicy ao partido, confirmada em cerimônia na última sexta-feira, 2. Pomar é líder da tendência Articulação de Esquerda (AE), conhecida por posições contrárias às alas majoritárias do PT, e baseou seu pedido em declarações e posições da ex-prefeita que foram contra o interesse da sigla nos últimos oito anos.

Pomar já havia se posicionado contra o retorno de Marta desde os primeiros sinais de reaproximação da ex-prefeita com o PT, partido em que ela esteve durante mais de três décadas e da qual estava afastada desde 2015. O processo de aproximação foi mediado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca a nomeação de Marta como vice na chapa do pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo.

Pedido tende a não seguir adiante

As chances do pedido ser levado adiante são mínimas. O retorno de Marta, confirmado na sexta, já havia sido aprovado pelo Diretório Municipal do PT por 12 votos a 1. A terceira vice-presidente do PT paulistano, Barbara Corrales, foi a única que se opôs à medida. “A refiliação de Marta Suplicy, sem qualquer balanço de seu passado pregresso, é um elemento de desmoralização não dela, mas do partido”, afirmou Barbara, que integra a corrente interna O Trabalho, em nota enviada ao Estadão.

Por outro lado, o presidente do PT paulistano, Laércio Ribeiro, saudou a volta de Marta. “O Diretório Municipal recebe com bom grado e dará as boas-vindas ao retorno da Marta Suplicy”, justificou Ribeiro. No mesmo sentido, a tônica do evento de ontem foi de elogios à volta da ex-prefeita.

Na cerimônia, Lula disse que insistiu na volta de Marta para o PT porque considerava que ela seria importante na pré-candidatura de Boulos, projeto apoiado pelo presidente na capital paulista. O deputado se destaca, no momento, como principal adversário nas urnas do prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “O Boulos, que é um jovem talento, precisa de alguém como a Marta que tem a marca de uma boa gestão”, afirmou Lula.

‘Duro de explicar e de engolir’, diz Pomar
A carta divulgada por Pomar na manhã deste sábado elenca, como argumentos, quatro declarações públicas de Marta Suplicy no período após o rompimento com o PT. Essas falas, segundo o dirigente, “são fatos inquestionáveis, duros de explicar e de engolir”. As citações envolvem tópicos sensíveis ao PT e nos quais Marta se posicionou de forma contrária aos interesses do partido, tais como o impeachment de Dilma Rousseff, a reforma trabalhista de 2017 e os escândalos de corrupção envolvendo petistas.

Para Pomar, é irônico que os dirigentes adeptos do retorno da ex-prefeita ao PT ignorem o posicionamento de Marta durante os oito anos em que ela esteve fora do partido. “Como se a partir de 2015 ela tivesse saído em viagem interestelar, regressando só agora”, satirizou Pomar no documento.

Dirigente critica ‘aconchego’ de Marta
Na noite de sexta-feira, Marta – que já foi ministra de Estado em governos do PT – discursou na solenidade em que confirmou a filiação. “Eu estou de volta ao meu aconchego, à minha raiz”, disse na ocasião.

Pomar respondeu diretamente a esse discurso em seu manifesto. “Chega a ser desrespeitoso, depois de tudo o que aconteceu, sem que se faça um mínimo balanço sobre o que ocorreu desde 2015, falar em voltar ao ‘aconchego’ do partido”, criticou o dirigente, que cobra de Marta “alguma versão, alguma explicação, alguma interpretação, alguma justificativa” sobre os posicionamentos que adotou desde então.

O que são as tendências do PT?
Como explicou o Estadão, o Partido dos Trabalhadores possui 14 tendências internas com representação no seu Diretório Nacional. Organizados no âmbito interno do PT, esses grupos podem divergir entre si, como ocorre no caso da concordância ou não em refiliar Marta Suplicy. Gleisi Hoffmann, presidente nacional da sigla, representa a corrente interna de maior influência dentro do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB).

O direito de tendência é reconhecido pela Justiça Eleitoral como uma forma a abrigar a liberdade de pensamento dentro dos partidos políticos, mas Gleisi é acusada por correligionários de impor suas decisões às demais correntes da sigla de maneira unilateral. Pomar, da AE, foi derrotado por Gleisi na última disputa à presidência do PT, em novembro de 2019.

Juliano Galisi/Estadão Conteúdo

Câmara aprova mais um projeto do Poder Executivo

Em Sessão Extraordinária, presidida pelo vereador Robson Moreira, a Câmara Municipal de Ipiaú aprovou, na manhã dessa sexta-feira, 02 de fevereiro, o Projeto de Lei N° 01/2024, originário do Poder Executivo, que altera o art. 2° da Lei Municipal nº 2.553, de 27 de dezembro de 2023, a qual  o Legislativo  autorizou o Poder Executivo a contratar operação de crédito com o Banco do Brasil , com garantia da União.

Buscando atender uma nova Resolução Federal, editada em 11/01/24, o Poder Executivo precisou promover esse pequeno acréscimo na Lei ora aprovada.  “De acordo com artigo 2° do  PL 01/2024, o Poder Executivo  de Ipiaú fica autorizado a vincular, como contragarantia à garantia da União, à operação de crédito de que trata esta lei, em caráter irrevogável e irretratável”. Em síntese, trata-se de um “acréscimo de garantia” a operação de crédito aprovada no mês de dezembro de 2023.
José Américo Castro (ASCON-Câmara Municipal de Ipiaú)

Destaques