Comandante do Exército ameaçou prender Bolsonaro, diz ex-chefe da Aeronáutica

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Júnior afirmou à Polícia Federal que o ex-comandante do Exército Freire Gomes chegou a comunicar que prenderia o então presidente Jair Bolsonaro (PL) caso ele tentasse colocar em prática um golpe de Estado.

A afirmação consta no depoimento de Baptista Júnior, ao qual a Folha teve acesso, no inquérito das milícias digitais, que investiga a tentativa de golpe debatida pelo ex-presidente e seu entorno após o segundo turno das eleições de 2022 para impedir a posse de Lula (PT).

“Depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de alguns institutos previsto na Constituição (GLO ou estado de defesa ou estado de sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”, disse o ex-comandante da FAB.

Baptista Júnior (Aeronáutica) relatou a ameaça de Freire Gomes (Exército) no mesmo contexto em que narrou como ele e o chefe do Exército se posicionaram contra o golpe, enquanto o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, colocou as tropas à disposição ao discutir as minutas apresentadas por Bolsonaro.

Além de indicar que Freire Gomes tentou convencer Bolsonaro a não utilizar as teses jurídicas de GLO (Garantia da Lei e Ordem), estado de sítio e estado de defesa, o então chefe da Aeronáutica disse a PF que ele mesmo avisou o ex-presidente que não apoiaria uma ruptura institucional.

“Em outra reunião dos comandantes das Forças com o então Presidente da República, o depoente deixou evidente a Jair Bolsonaro que não haveria qualquer hipótese do então presidente permanecer no poder após o término do seu mandato. Que deixou claro ao então presidente Jair Bolsonaro que não aceitaria qualquer tentativa de ruptura institucional para mantê-lo no poder”, disse ele.

O ex-chefe da FAB também relatou qual foi a reação de Bolsonaro após ele “deixar claro” sobre sua posição a respeito de GLO, estado de sítio e estado de defesa, debatidas nas minutas colocadas na mesa pelo entorno do ex-presidente. “Que o ex-presidente ficava assustado”, afirmou.

As declarações de Baptista Júnior reforçam as de Freire Gomes, que disse à PF que somente Garnier concordou com as ideias propostas nas versões das minutas golpistas discutidas com Bolsonaro.

Freire Gomes disse em seu depoimento que em todos os momentos ele e o comandante da Aeronáutica se mostraram contrários aos planos golpistas.

“Que ele e Baptista afirmaram de forma contundente suas posições contrárias ao conteúdo exposto. Que não teria suporte jurídico para tomar qualquer atitude. Que acredita, pelo que se recorda, que o almirante Garnier teria se colocado à disposição do presidente da República”, contou Freire Gomes.

Como mostrou a Folha, Freire Gomes também afirmou à PF que a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres é a mesma versão que foi apresentada por Bolsonaro aos chefes das Forças Armadas em reunião em dezembro de 2022.

Procurada, a defesa de Torres preferiu não comentar o teor do depoimento. As defesas de Bolsonaro e de Garnier não se manifestaram.

No depoimento, o general disse que o documento foi apresentado por Bolsonaro em uma segunda reunião entre os chefes militares e o então presidente da República.

“Que confirma que o conteúdo da minuta de decreto apresentada foi exposto ao declarante nas referidas reuniões. Que ressalta que deixou evidenciado a Bolsonaro e ao ministro da Defesa [general Paulo Sérgio Nogueira] que o Exército não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional”, disse o general, segundo o termo de depoimento.

O ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, por exemplo, e é alvo de diferentes outras investigações no STF. Neste momento, ele está inelegível ao menos até 2030.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.

Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados em fevereiro.

Fabio Serapião, Cézar Feitoza e Julia Chaib/Folhapress

Estudo global sobre distúrbios neurológicos inclui complicações da Covid

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O Global Burden Disease (GBD), instituto internacional de métricas em saúde, subiu de 15 para 37 o número de doenças acompanhadas pelo monitoramento mundial de distúrbios neurológicos --entre elas, as complicações pós-Covid-19. O relatório, divulgado nesta quinta-feira (14), traz dados de 204 países.

Publicado na revista The Lacet Neurology, o levantamento "Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study (GBD) 2021" analisa itens como mortalidade, prevalência entre gêneros, anos vividos com incapacidade, anos de vida perdidos e anos de vida ajustados por incapacidade atribuíveis a doenças e condições que causam disfunção no sistema nervoso.

Em 2021, cerca de 3,4 bilhões de indivíduos no mundo foram afetados por distúrbios neurológicos. E, embora as mortes por esses diagnósticos tenham caído 33,6% nos últimos 31 anos, a contagem de incapacitados subiu 18,2% no mesmo período, indicando uma crescente nos custos com equipamentos médicos, cuidados, remédios e tratamento multidisciplinar para essas pessoas.

"Incluímos morbidades e mortes por condições neurológicas, para as quais a perda de saúde é diretamente devida a danos no sistema nervoso central (SNC) ou no sistema nervoso periférico. Também isolamos a perda de saúde neurológica para as quais a morbidade do sistema nervoso é uma consequência, mas não a característica principal", afirma o texto.

As adições englobam condições congênitas (anomalias cromossômicas e defeitos congênitos de nascença), condições neonatais (como icterícia, nascimento prematuro e sepse), doenças infecciosas (Covid-19, equinococose cística, malária, sífilis, zika) e neuropatia diabética.

São investigadas também as carga dos distúrbios neurológicos mais prevalentes, como epilepsia, enxaqueca, distúrbios do movimento, esclerose múltipla, lesões do sistema nervoso e acidente vascular cerebral (AVC). Para os autores, a adição de novas condições traz "um benefício notável, pois fornece uma imagem mais precisa da carga global dos distúrbios neurológicos".

Algumas das condições recentemente incluídas, como o TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e o espectro autista "podem ultrapassar as fronteiras da neurologia e serem abordadas de forma mais adequada noutras especialidades médicas, como a pediatria, a medicina interna, a geriatria ou a psiquiatria, dependendo da situação, região ou país".

O efeito que essas condições podem ter na função neurológica e na saúde geral, entretanto, não deve ser negligenciado ou descartado, segundo o estudo.

Na região das Américas da OMS (Organização Mundial da Saúde), que compreende 51 países e territórios, a principal preocupação apontada pelos pesquisadores é com a falta de preparo para lidar com o envelhecimento da população. Em 2019, o AVC foi a segunda principal causa de morte nessas localidades e a doença de Alzheimer e outras demências foram a terceira.

"Os recursos atribuídos para resolver a situação ficam muito aquém das necessidades. Entre 2020 e 2050, a proporção da população da América Latina e do Caribe com mais de 60 anos quase dobrará, e espera-se que esse envelhecimento da população leve a aumentos substanciais do número de pessoas com problemas neurológicos que exigiriam cuidados coordenados e multidisciplinares", alertam os colaboradores do GBD.

O novo documento toma como base os levantamentos anteriores do instituto e dá continuidade a uma série histórica com registros de 1990 até 2021 --o relatório anterior foi publicado com dados de até 2019.
O relatório conta com financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates e chancela da OMS.

Por: Bahia noticias

Unlabelled

Minuta golpista foi discutida no Ministério da Defesa sob Bolsonaro e teve momento de tensão

Os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Baptista Júnior (Aeronáutica) contaram à Polícia Federal que o ministro da Defesa do governo Jair Bolsonaro (PL), general Paulo Sérgio Nogueira, convocou os chefes militares para apresentar proposta para um golpe de Estado contra a vitória de Lula (PT) nas eleições.

A reunião foi tensa e, segundo os relatos feitos à PF, teve o comandante da Aeronáutica deixando o gabinete do ministro da Defesa antes do término do encontro.

A Folha obteve acesso à íntegra dos depoimentos dos ex-comandantes à Polícia Federal. Eles afirmaram que a reunião ocorreu no dia 14 de dezembro de 2022.

Segundo o relato de Baptista Júnior, o ministro Paulo Sérgio Nogueira afirmou no início da reunião que teria uma minuta que “gostaria de apresentar aos comandantes para conhecimento e revisão”.

Baptista Júnior disse que, logo após ver o documento, questionou Paulo Sérgio: “‘Esse documento prevê a não assunção do cargo pelo novo presidente eleito?”.

“O depoente [Baptista Júnior] entendeu que haveria uma ordem que impediria a posse do novo governo eleito; que, diante disso, o depoente disse ao ministro da Defesa que não admitiria sequer receber esse documento; que a Força Aérea não admitiria tal hipótese (golpe de Estado)”, diz trecho da transcrição do depoimento.

Também contrário a propostas golpistas, Freire Gomes afirmou que a minuta levada por Paulo Sérgio era “mais abrangente” do que a apresentada dias antes pelo ex-presidente Bolsonaro.

O texto também decretava o estado de defesa e criava a Comissão de Regularidade Eleitoral —medidas previstas no texto encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

Segundo o depoimento de Baptista Júnior, após o ministro da Defesa ser questionado sobre as intenções golpistas descritas na minuta, Paulo Sérgio permaneceu calado e nem sequer perguntou qual seria a percepção dos demais chefes militares sobre a proposta.

“O depoente, em seguida, retirou-se da sala; que a minuta estava sobre a mesa do ministro da Defesa Paulo Sérgio de Oliveira; que o almirante Garnier [então comandante da Marinha] não expressou qualquer reação contrária ao conteúdo da minuta, enquanto o depoente esteve na sala”, prossegue o termo do depoimento.

O almirante Almir Garnier e os generais Paulo Sérgio e Braga Netto não têm se pronunciado a respeito das investigações. Em depoimentos marcados em fevereiro, os três ficaram em silêncio.

As revelações do antigos chefes militares colocam em evidência o último ministro da Defesa de Bolsonaro. Paulo Sérgio Nogueira assumiu o comando da pasta em abril de 2022 em sucessão ao general Wálter Braga Netto, escolhido por Bolsonaro para ser seu vice na chapa presidencial.

Paulo Sérgio chegou à Defesa quando o governo Bolsonaro já realizava uma cruzada contra o sistema eleitoral. Foi sob sua responsabilidade que foi criada uma equipe de militares para fiscalizar o processo eleitoral e foi intensificada as críticas a supostas vulnerabilidades das urnas eletrônicas.

Mesmo sem a equipe das Forças Armadas ter identificado qualquer fraude ou suspeita no processo eleitoral, o ex-ministro divulgou nota dizendo que o trabalho dos militares não poderia nem confirmar nem negar a lisura da eleição.

Depois da reunião no Ministério da Defesa, Baptista Júnior disse à PF que passou a ser alvo de ataques nas redes sociais, sendo rotulado de “traidor da pátria” e “melancia” —em acusação de que ele seria um comunista disfarçado.

A versão de Baptista Júnior sobre os ataques sofridos é corroborada pelo relatório da Polícia Federal que embasou a Operação Tempus Veritatis.

Segundo a PF, Braga Netto enviou mensagens ao capitão expulso do Exército Ailton Barros em ataques a Freire Gomes e Baptista Júnior a partir de 14 de dezembro de 2022 —dia da reunião do Ministério da Defesa.

“Meu Amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen Freire Gomes. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, escreveu o general.

“Oferece a cabeça dele. Cagão”, completou. Na sequência, ele enviou uma foto em frente à casa do então comandante do Exército, que fica em região próxima ao acampamento montado por bolsonaristas no Setor Militar Urbano, em Brasília.

No dia seguinte, Braga Netto voltou à conversa com Ailton Barros no WhatsApp para atacar o chefe da Aeronáutica.

“Senta o pau no Batista Junior. Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feita e ele fechado nas mordomias. Negociando favores. Traidor da patria. Dai pra frente. Inferniza a vida dele e da família”, escreveu às 18h55 de 15 de dezembro de 2022.

“Elogia o Garnier e fode o BJ”, completou o general, como uma ordem. Ailton respondeu com uma figurinha que dizia “desce a chibata”.

Na sequência, Braga Netto enviou uma imagem que comparava o brigadeiro Baptista Júnior ao personagem Seu Batista, da Escolinha do Professor Raimundo. O texto dizia: “cala a boca, Batista. Honra a farda, Baptista”.

Após as falas de Braga Netto serem reveladas no relatório da PF, Baptista Júnior escreveu nas redes sociais que, em razão da idade, não se iludia mais nem com as pessoas que considerava amigas.

“‘A ambição derrota o caráter dos fracos. Aliás … revela’. Já tendo passado dos 60 anos, não tenho mais o direito de me iludir com o ser humano, nem mesmo aqueles que julgava amigos e foram derrotados pelas suas ambições”, escreveu o ex-comandante da Aeronáutica.

Braga Netto afirmou a interlocutores que de fato enviou as mensagens injuriosas aos chefes militares. Ele ainda disse que se arrepende do tom usado nos textos e alegou que foi movido pelo momento de tensão que cercou o entorno de Bolsonaro no fim de 2022.

Fabio Serapião, Cézar Feitoza e Julia Chaib/Folhapress

Sesab inicia distribuição de bombas costais para auxiliar combate à Dengue no interior da Bahia

A Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) iniciou, nessa quinta-feira (14), a distribuição de bombas costais que vão auxiliar os agentes de endemias das cidades do interior do estado no combate ao mosquito Aedes aegypti, que é vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya.

Ao todo, 250 equipamentos foram distribuídos entre os nove Núcleos Regionais de Saúde da Bahia, localizados nas regiões Centro-Leste, Centro-Norte, Extremo-Sul, Leste, Nordeste, Norte, Oeste, Sudoeste e Sul. Serão destinadas bombas costais para as regiões de Feira de Santana (43), Jacobina (23), Teixeira de Freitas (13), Salvador (28), Alagoinhas (20), Juazeiro (17), Barreiras (22), Vitória da Conquista (45) e Itabuna (39).

A titular da pasta, Roberta Santana, destaca que a entrega reforça as ações realizadas pelo Governo da Bahia no enfrentamento à Dengue. “Esses equipamentos já começaram a ser retirados e serão distribuídos pelos núcleos aos municípios, tendo como critério a necessidade de cada local. Ao todo, a gestão estadual já investiu mais de R$ 19 milhões no combate à Dengue através da aquisição de novos carros de fumacês, distribuição de aproximadamente 12 mil kits para os agentes de Combate às Endemias, além de apoio para intensificação dos mutirões de limpeza com o auxílio das forças de segurança e emergência e aquisição de medicamentos e insumos”, destaca.

Panorama da Dengue

A Bahia tem 175 municípios em estado de epidemia de Dengue, sendo que outros 67 estão em risco e 18 em alerta. São 45.386 casos prováveis da doença até o dia 9 de março de 2024, marcando um aumento de 307,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

No mesmo período, foram notificados 3.918 casos prováveis de Chikungunya no estado. Em 2023, foram 4.747 casos prováveis da doença, o que representa uma redução de 17,5%. Já os casos de Zika tiveram um incremento de 38,2% em relação ao ano passado, saltando de 335 casos prováveis em 2023 para 463 casos prováveis em 2024.

A Bahia possui um dos menores índices de letalidade por Dengue em todo o país, girando em torno de 1,31%, enquanto a média nacional é de 3,09%. O cálculo é feito com base nos casos notificados que evoluem para a forma grave da doença. Ao todo, 12 óbitos por Dengue foram confirmados pela Câmara Técnica Estadual de Análise de Óbito da Sesab nas cidades de Vitória da Conquista (3), Jacaraci (4), Piripá (1), Irecê (1), Feira de Santana (1), Barra do Choça (1) e Ibiassucê (1). Em 2024, foram registrados dois óbitos por Chikungunya nos municípios de Teixeira de Freitas e Ipiaú. Nenhum óbito por Zika foi confirmado.

Política Livre

Carmen Lúcia apoiou a Lava Jato e comentários pejorativos de procuradoras surpreendem, dizem ministros do STF

Os comentários pejorativos feitos especialmente por procuradoras da Lava Jato em relação à ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia em grupos do Telegram chocou e surpreendeu ministros da Corte: a magistrada, por diversos anos, foi considerada uma das maiores apoiadoras da operação, votando quase sempre de acordo com as posições defendidas pelo Ministério Público Federal (MPF).

Em mensagens reveladas pela revista Piauí na quinta (14), as procuradoras Livia Tinoco e Janice Ascari fazem comentários depreciativos sobre a aparência física de Cármen Lúcia. Era o ano de 2015.

Livia chega a dizer que gosta da ministra e que a considera “excelente magistrada”, mas emenda: “Em matéria de cuidados corporais ela é péssima. Parece até anti-higiênica”. Diz que a ministra tem “uns dentes horríveis, amarelos e tortos”, e que já tinha passado “da hora” de ela “fazer um preenchimento e um botox”.

Janice então responde: “Hahahahahahaha”. O procurador Wellington Saraiva questiona, na mesma conversa, se Cármen Lúcia “é casada, já casou”, e se “tem filhos”. Diz que isso não tem “relevância profissional, mas tem”.

Colegas de Cármen no STF lembram que ela teve inclusive um papel decisivo na votação da Corte que permitiu que Lula (PT) fosse preso, em 2018. Na época ela presidia o Supremo.

Outro magistrado afirma que não é a primeira vez que procuradores da Lava Jato são flagrados em mensagens constrangedoras, mas que as referências à ministra Cármen surpreendem justamente por ela quase nunca contrariar o MPF naquele período.

Apenas depois da eleição de Jair Bolsonaro (PL) e dos primeiros anos do governo dele a magistrada teria se alinhado aos ministros que faziam um firme contraponto à Operação, dando voto decisivo para que as condenações de Lula fossem anuladas e ele saísse da prisão.

Mônica Bergamo/Folhapress

Rede Dia fechará 343 lojas no Brasil e manterá mercados apenas no estado de São Paulo

Supermercado Dia
O grupo espanhol de supermercados Dia anunciou nesta quinta-feira (14) que decidiu fechar a maior parte de suas lojas em funcionamento no Brasil e concentrar a operação no estado de São Paulo.

De um total de 587 lojas em funcionamento, 343 serão fechadas. Três armazéns também serão encerrados; ainda não há uma data para o fim das atividades.

As 244 unidades restantes que continuarão funcionando estão no estado de São Paulo.

Segundo o Grupo Dia no Brasil, o plano de ajuste foi necessário para buscar estabilidade da estrutura da companhia após persistentes resultados negativos.

Passado o encerramento das lojas, o grupo diz que iniciará a “análise de alternativas estratégicas para os negócios do Dia Brasil”.

Segundo a empresa, o negócio tem maior rentabilidade nas unidades paulistas e a “concentração de lojas permite capitalizar a rede logística e a redução de custos.”

“Essas medidas possibilitarão destinar os recursos para mercados mais rentáveis e com maior potencial de crescimento para o grupo na Espanha e na Argentina, onde atualmente a companhia conseguiu uma posição relevante com uma estratégia focada na distribuição alimentar de proximidade”, diz o Dia, em nota.

O fechamento das 343 lojas é a medida mais imediata aprovada pelo conselho de administração da rede para a reestruturação no Brasil, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários espanhola e assinado pelo diretor financeiro da Distribuidora Internacional de Alimentación SA, Guillaume Marie Didier Gras.

O grupo teve um prejuízo de 30 milhões de euros em 2023, ante um prejuízo de 124 milhões de euros em 2022. As receitas líquidas foram de 6,7 bilhões de euros, impulsionadas por um crescimento na Espanha, onde a operação teve lucro de 122 milhões de euros.

No Brasil, no entanto, o grupo teve um prejuízo de 154 milhões de euros (cerca de R$ 837 milhões), segundo resultados financeiros divulgados no final de fevereiro. Na Argentina, o resultado foi positivo em 6 milhões de euros.

“O Brasil tem sofrido uma piora de seus resultados financeiros, afetado por um contexto de mercado de forte competitividade, o que levou a [empresa] ter que fazer grandes investimentos promocionais”, afirma a empresa na apresentação.

“Levando em consideração o desempenho do Brasil, o Grupo está analisando diversas alternativas estratégicas, com o objetivo de tomar uma decisão em 2024”.

Em nota, o CEO Global do Grupo Dia, Martín Tolcachir, disse que a empresa tomou decisões corretas para simplificar seu portfólio, o que permitiria uma concentração em mercados nos quais há potencial para crescer.

“Os marcos alcançados na Espanha e Argentina concluem a fase de reestruturação e nos permitem iniciar uma fase de crescimento orgânico focada sempre em oferecer aos nossos clientes uma experiência de alto nível”, disse.

O Dia abriu sua primeira unidade no Brasil em 2001. Em agosto do passado, a rede vendeu quase 500 supermercados em Portugal. À época, a rede disse que concentraria esforços nos seus principais mercados e reduziria seu endividamento.

Fernanda Brigatti/Gustavo Soares/Folhapress

Documento do Cade recomenda que governo volte atrás em decreto sobre equidade salarial

Sede do Cade, em Brasília
A Diretoria de Estudos Econômicos do Cade recomendou o cancelamento dos dispositivos legais que obrigam as empresas a divulgar salários pagos a homens e mulheres.

A determinação decorre de um decreto do Ministério do Trabalho e Emprego que pretende estimular a equidade salarial.

No entanto, a diretoria vê riscos de que essa divulgação exponha a política de remuneração das companhias, abrindo espaço para conluio entre empresas e até formação de cartel.

Empresas e entidades de classe já foram ao Supremo, questionando a constitucionalidade desse ponto específico da lei.

A pedido do presidente do Cade, Alexandre Cordeiro de Macedo, a DEE elaborou um estudo e fez recomendações ao ministério.

Caso o cancelamento dessa medida não seja mantido, o órgão recomenda que o ministério crie mecanismos para impedir que “essa informação se transforme em um instrumento facilitador de comportamentos colusivos, que venham produzir danos à livre concorrência e, também, efeitos negativos no próprio mercado de trabalho”.

Para o Cade, a contratação de profissionais pode constituir uma variável competitiva importante. Divulgá-las coloca em risco a estratégia de muitas companhias, especialmente aquelas cujo negócio se baseia na capacidade intelectual de seus funcionários.

“As informações referentes a valores de várias parcelas que podem compor a remuneração de um determinado trabalhador são concorrencialmente sensíveis e podem facilitar a coordenação entre concorrentes, caso sejam publicadas pelas empresas em seus próprios sites, ou mesmo em relatórios produzidos pelo ministério”, diz o parecer.

Julio Wiziack/Folhapress
Unlabelled

Macron dobra aposta e sugere tropas na Ucrânia: ‘Eu sou presidente da França, eu decido’

O presidente da França, Emmanuel Macron, dobrou a aposta contra o russo Vladimir Putin nesta quinta (14) e disse, ao ser questionado se enviaria soldados seus para ajudar a Ucrânia, que “não haverá linhas vermelhas”.

Macron também afirmou que Putin não irá parar se derrotar a Ucrânia, e que a a União Europeia “será desmoralizada” se isso acontecer.

O francês havia causado furor no mês passado ao dizer que não descartava enviar tropas para ajudar Volodimir Zelenski contra a invasão iniciada pela Rússia há pouco mais de dois anos.

Em resposta, Putin admoestou Macron e lembrou que uma guerra nuclear entre as forças russas e as da Otan (aliança militar ocidental, da qual a França faz parte), seria inevitável neste caso. A lógica é reverter o artigo 5 da carta do clube liderado pelos Estados Unidos, segundo qual o ataque a um membro equivale a uma ação contra todos.

O presidente francês ficou sozinho em sua retórica belicista na Otan, que visa pressionar a vizinha e copatrocinadora do projeto europeu Alemanha a ser mais incisiva em seu apoio a Kiev.

Berlim é o segundo maior doador militar dos ucranianos, atrás dos EUA, mas nesta mesma quinta o Parlamento recusou um pedido da oposição para o envio de mísseis de cruzeiro a Zelenski. O premiê Olaf Scholz diz que as armas indicam uma escalada indesejada, que coloca o país em risco de conflito com Moscou.

É isso que Macron aparentemente quer colocar em dúvida agora. “Se a Rússia vencer essa guerra, a credibilidade da Europa será reduzida a zero”, disse. Questionado sobre as tropas, afirmou: “Nós negociamos o quanto pudemos, mas não há nada para falar com ele [Putin]. A Ucrânia precisa vencer, não pode haver linhas vermelhas. Eu sou o presidente da França e eu decido”, disse.

Ele não detalhou o que fará. “Não tenho motivos para ser preciso”, afirmou. “Mas se nós decidirmos ser fracos, seria escolher a derrota. Eu não quero isso, nossa segurança está em jogo na Ucrânia.”

Ele falava a uma entrevista às TVs França 1 e França 2. O tom duro contrasta com a fama de molenga que Macron sempre teve em sua política externa, e é certo que sua nova declaração irá ser respondida nesta sexta de início de eleição presidencial (15) em Moscou, onde já eram 22h (16h em Brasília) quando ele começou a falar.

A França é uma potência nuclear, mas não se compara com a Rússia. Paris tem 290 ogivas nucleares, que podem ser empregadas por aviões ou por mísseis lançados por submarinos. Já Moscou conta com 5.889 bombas, cerca de 1.600 delas prontas para uso.

Os franceses não estão entre os principais doadores de ajuda militar a Kiev, mas ao lado dos britânicos forneceram dezenas de mísseis de cruzeiro Scalp-EG, de enorme valia para as forças ucranianas.

Alguém pode apontar interesses comerciais no anabolizado discurso de Macron: segundo o Instituto para Estudos da Paz de Estocolmo (Suécia), a França passou a Rússia e ocupa a vice-liderança do ranking mundial de transferências de armamentos no período de 2019 a 2023.

A retórica churchilliana, por assim dizer, também destaca o presidente não só entre os líderes europeus, mas também ante Joe Biden. O presidente americano não conseguiu aprovar até hoje a ajuda de R$ 300 bilhões à Ucrânia devido ao clima da disputa eleitoral com o seu antecessor, Donald Trump.

Contrário a apoiar Kiev, o republicano conta com o controle de seu partido na Câmara dos Representantes dos EUA para barrar a liberação do apoio.

Nesta quinta, o chanceler da União Europeia, o espanhol Josep Borrell, advertiu numa palestra a americanos que a Ucrânia está sob risco existencial devido à falta de munição. Alerta semelhante foi feito em Bruxelas pelo norueguês Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan.

Relatos da frente de batalha ucraniana pintam um quadro desolador, com tripulações de tanque ficando sem balas com apenas cinco minutos de combate. No leste, a proporção de disparos de artilharia russos é de 5 para 1, em comparação com os rivais.

Outra explicação para a agressividade de Macron passa por sua baixa popularidade: apenas 30% dos franceses o apoiam, segundo o agregador de pesquisas do site Politico. Ele tem mandato até 2027, quando não poderá concorrer a mais uma reeleição.

Até o começo da guerra, o francês era um dos líderes que mais buscava interlocução com Putin. Ficou famosa a imagem dele na ponta de uma mesa gigantesca no Kremlin pouco antes do conflito, e vazamentos de sua equipe mostraram que ele e seu time se sentiram enganados e humilhados.

Igor Gielow/Folhapress

Procuro solidariedade, afirma embaixador de Israel no Brasil sobre crise com governo Lula

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, disse ao jornal Folha de S.Paulo estar “procurando” solidariedade do governo brasileiro com o seu país. Solidariedade que, segundo o embaixador, ele vê em parlamentares, pessoas em altos cargos e no povo brasileiro.

Durante viagem à Etiópia em fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou a ofensiva militar israelense em Gaza à decisão de Adolf Hitler de “matar os judeus” —numa referência ao Holocausto nazista, apesar de o presidente ter destacado que não usou esse termo em sua frase. A fala desencadeou uma crise diplomática entre Brasil e Israel. No mais recente episódio, o governo de Binyamin Netanyahu convidou governadores oposicionistas e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para uma visita a Israel.

Zonshine contesta o termo “genocídio” utilizado por Lula para definir a ação de Israel contra palestinos. Afirma ainda que não há “espaço na realidade” para paralelo com o Holocausto. O diplomata disse ainda que quer terminar a crise e normalizar as relações o mais rápido o possível. “Estou aqui para continuar, não para romper”, afirmou.

O embaixador recebeu a Folha na missão diplomática em Brasília para falar sobre relatório da ONU que, no início de março, apontou evidências de violência sexual tanto no ataque a Israel promovido pelo Hamas como a mulheres na condição de reféns da facção na Faixa de Gaza. Zonshine também respondeu a perguntas sobre a recente crise diplomática.

A ONU fez um relatório sobre violência sexual no conflito e diz que há informações convincentes de estupros, torturas sexuais e práticas cruéis, entre outras coisas. O que o sr espera de resposta da comunidade internacional a esse relatório?

A nossa expectativa é que a comunidade internacional, formadores de opinião e tomadores de decisão entendam o que aconteceu lá no dia 7 de outubro [quando ocorreram os ataques terroristas do Hamas]. Porque a narrativa é que tem um lado sofrendo e um lado agressivo. O que nós tentamos fazer é evitar a repetição disso [aponta para o relatório], do ataque. E talvez [o relatório mostre] um pouco sobre a natureza de quem temos de enfrentar. O que nós encontramos lá foi crueldade pura. E tem declarações de líderes do Hamas no sentido de que, se tiverem oportunidade, vão fazer novamente. Para nós é importante que o mundo entenda isso.

O sr. fala da brutalidade dos ataques do dia 7. Cinco meses depois, temos um cenário de 31 mil pessoas mortas em Gaza. O sr. considera que isso justifica a ação em Gaza?

Se você tem uma ideia do que é uma ação proporcional para isso, me avisa. Porque eu não sei.

Não considera a ação israelense em Gaza brutal?

O que acontece na Faixa de Gaza, desde o início da entrada de Israel, é uma luta para garantir que o Hamas não vá voltar. Agora, ele [Hamas] escolheu o lugar desse confronto e a maneira. Porque eles não lutam contra as forças israelenses, estão atrás dos cidadãos [como escudo], embaixo da terra. Tentamos evitar vítimas entre os civis. Não vou falar sobre os números, porque não tenho certeza de que os números do Ministério da Saúde do Hamas são precisos. Tentam aumentar o número, porque de certa maneira está servindo à narrativa deles. Mais civis mortos, mais denúncias contra Israel, maior pressão internacional por um cessar-fogo. Uma coisa que ninguém menciona é que, no nosso entendimento, ao menos 12 mil pessoas [que morreram] são do Hamas, que lutaram contra Israel. Mais 1.000 que estiveram nas batalhas contra forças israelenses em 7 de outubro.

As imagens em Gaza e o expressivo número de vítimas não impressionam?

Eu sei que a opinião pública mundial, os números e as imagens de Gaza não ajudam nossa posição. Mas estamos lá não só para imagens e narrativas.

São pessoas…

A intenção de Israel não é matar pessoas que não são do Hamas. Lamentamos. A morte deles não serve aos valores israelenses. Só que também é difícil evitar totalmente quando o Hamas está atrás dos civis.

Na semana passada, o premiê espanhol, Pedro Sánchez, esteve com Lula e disse que Israel não está cumprindo o direito internacional humanitário. Joe Biden também declarou recentemente que Netanyahu mais prejudica do que ajuda. Israel está ficando isolado internacionalmente?

Sei que a situação agora é diferente do que foi no início da guerra, quando o choque do 7 de outubro foi mais vívido. Mas Israel está tentando completar as missões de um lado, liberar os reféns e destruir o poder do Hamas militarmente. Ao mesmo tempo, diminuir os danos para a imagem de Israel no mundo. Acho que a primeira obrigação do governo de Israel é com os cidadãos israelenses. As pressões internacionais já aconteceram algumas vezes no passado, quando fomos atacados, tivemos uma razão para reagir e, depois que reagimos, a opinião pública mundial se virou contra Israel. Não sei se tem outro país no mundo que tenha que enfrentar esse tipo de atrocidade e guerra como nós. Não queremos competir no jogo de quem está sofrendo mais.

O presidente Lula já comparou a ofensiva em Gaza com o Holocausto e chama de genocídio a ofensiva em Gaza. Como vê essas falas?

Podemos ver isso de mais de uma maneira. A definição de genocídio é a intenção de matar um grupo de pessoas, raça ou etnia. Isso não é a intenção de Israel, isso não aconteceu. De outro lado, aconteceu, no dia 7 de outubro, quando Hamas, infelizmente, conseguiu matar israelenses porque eram israelenses. Genocídio tem um significado muito profundo e esse elemento de intenção não existe na parte de Israel. Agora, lamentamos que pessoas morrem lá, pessoas não envolvidas. Mas dizer que isso é genocídio não é o caso, não é intenção e não é o que acontece lá. Lamentamos que muitas pessoas paguem o preço da estratégia e a tática do Hamas para usar escudos humanos. [Quanto à fala de Lula sobre Hitler,] Não há lugar para fazer esse tipo de comparação, porque o Holocausto é uma coisa única na história do mundo. Esse tipo de comparação não tem espaço na realidade.

O sr. já defendeu distensionar o ambiente político com o Brasil. Mas o governo de Israel tem feito gestos de aproximação com opositores ao presidente Lula. Isso não é uma forma de provocação?

Acho que não. No povo brasileiro temos amigos, seja entre pessoas de cargos altos, seja no Parlamento, pessoas que mostram solidariedade com Israel. Se tem pessoas do governo que querem visitar e mostrar a solidariedade delas, serão bem-vindos.

Mas não houve convite ao governo Lula, como houve uma carta do Netanyahu para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Falta solidariedade do lado do governo brasileiro?

Não sei… Você ouviu o que está lá nas falas públicas. Estou procurando a solidariedade.

Qual o objetivo do governo em convidar Bolsonaro e os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Ronaldo Caiado (Goiás)?

Eu teria que perguntar ao primeiro-ministro, que convidou. Eles se conhecem da época em que [Bolsonaro] era presidente.

O objetivo do senhor ainda é distensionar?

Nós, aqui na embaixada, acho que no ministério de Relações Exteriores, com o Itamaraty… a ideia é voltar para relações mais produtivas e normais e terminar essa crise o mais rápido possível.

Há hoje risco de rompimento das relações?

Acho que não. Há bastantes valores e interesses comuns. Tivemos no passado desentendimentos e espero que não vamos ter no futuro. Estou aqui para continuar, não para romper.

O acordo de Cooperação Militar Israel-Brasil está no Congresso. Ainda tem chance de sair do papel?

Acho que é de interesse brasileiro e nosso. Esse acordo que foi assinado há cinco anos tem que ser olhado de forma pragmática. Nem sempre é fácil, mas acho que se está olhando para o médio e longo prazo. Isso pode e deve servir para os dois lados. Espero que a lógica vá vencer nesse caso, e não outros sentimentos ou coisas que são menos relevantes.

Marianna Holanda/Folhapress

Trump recebe Eduardo Bolsonaro e Mario Frias na Flórida

Eduardo Bolsonaro, Donald Trump e Mario Frias durante encontro na Flórida
O ex-presidente americano Donald Trump recebeu na noite desta quarta-feira (13) o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida.

O político brasileiro foi aos Estados Unidos junto com aliados bolsonaristas em uma campanha de denúncia de supostas perseguição política e censura sofridas no Brasil.

Os dois jantaram, segundo postagem de Bolsonaro em seu perfil no Instagram. Mario Frias acompanhou os dois. Ainda de acordo com o deputado brasileiro, ao final do jantar ele fez uma chamada de vídeo para conectar Trump e o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

“Não só os EUA, mas todo o mundo anseia pelo retorno de Trump, para que tempos de paz e normalidade sejam resgatados. Que Deus abençoe sua vida”, escreveu Eduardo.

O encontro acontece logo após Trump ser declarado o candidato presumido do Partido Republicano à Presidência, o que significa que ele alcançou o número de delegados para ser nomeado para a disputa, mas só será oficializado na convenção nacional da agremiação, em julho.

Pesquisas de intenção de voto apontam o empresário à frente do atual mandatário, Joe Biden, apesar dos quatro processos criminais que acumula na Justiça.

Essa não é a primeira vez que Trump e o deputado brasileiro se encontram. O político americano e a família Bolsonaro há anos cultivam uma relação. O primeiro encontro entre o republicano e o ex-presidente brasileiro ocorreu em 2019.

Fernanda Perrin/Folhapress

PF faz prisão em flagrante por crime de moeda falsa

A pena prevista para esse delito é de reclusão de três a 12 anos e pagamento de multa

Vitória/ES. Na manhã desta quinta-feira (14/3), policiais federais realizaram a prisão em flagrante de um homem em Vitória, imediatamente após o recebimento de uma encomenda de cédulas falsas pelos Correios.

No envelope, havia duas cédulas falsas de valor nominal de R$ 50,00, uma de R$ 100,00 e quatro de R$ 200,00, totalizando R$ 1.000,00 em cédulas falsas adquiridas pela Internet.

O preso foi conduzido para formalização do auto de prisão e apreensão em flagrante na sede da Polícia Federal, em Vila Velha/ES, e ficará à disposição da Justiça.

É a segunda prisão por aquisição de moeda falsa adquirida pela internet realizada pela Polícia Federal no Espírito Santo, com o apoio do Setor de Segurança dos Correios, no ano, tendo sido apreendidos R$ 2 mil em cédulas falsas. Comunicação Social da Polícia Federal no Espírito Santo

‘Operação Olossá’: PMs investigados teriam exigido mais de R$ 200 mil de integrante de facção criminosa

Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta quinta-feira, dia 14, durante a deflagração da Operação Olossá, que investiga dois policiais militares e um ex-PM por crimes de extorsão e tráfico de drogas praticados em Salvador. Eles são investigados pela prática de sequestro e extorsão de um integrante de facção criminosa com atuação na capital baiana, e teriam exigido o pagamento de mais R$ 200 mil para soltura da vítima.

A operação foi realizada pela Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), e pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), por meio da Força Correcional Especial Integrada da SSP (Force) e da Corregedoria da Polícia Militar da Bahia.

Três celulares foram apreendidos nas buscas realizadas em endereços residenciais, em Salvador e Lauro de Freitas, e nas sedes do 12º Batalhão PM de Camaçari e da 58ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) de Cosme de Farias. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara de Tóxicos da Comarca de Salvador.

O procedimento investigatório criminal teve início após a Polícia Federal ter investigado e analisado, no ano de 2020, dados oriundos de telefones celulares, apreendidos em posse de integrantes de uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas. Dessa forma, a partir do compartilhamento de dados e informações entre a Polícia Federal, o Gaeco e a Force foi possível a deflagração da operação.

O material apreendido será submetido a conferência e análise pelo Gaeco e Force e, posteriormente, encaminhado aos órgãos competentes para adoção das medidas cabíveis.

Texto: Alberto Maraux

Ministro de Relações Exteriores reitera críticas a Israel na CRE.

Mauro Vieira e o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Renan Calheiros
A Comissão de Relações Exteriores (CRE) ouviu, nesta quarta-feira (14), o ministro de Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira. Ele foi convidado para prestar informações sobre as ações da pasta e esclareceu a posição do Brasil com relação à guerra na Ucrânia e na Faixa de Gaza, na Palestina. Em resposta ao presidente do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), que comandou a reunião, Vieira afirmou que o Brasil condenou o ataque terrorista do Hamas a Israel em outubro de 2023, assim como condena a reação militar israelense em Gaza, que considera desproporcional.

— Nossa mensagem foi sempre isso: apoio à operação de retirada de brasileiros que desejam retornar; apoio a todas as iniciativas para que não faltasse água, luz, remédios e hospitais em Gaza; apelo por corredor humanitário, pelo cessar fogo, pela retomada das negociações e pela liberação dos reféns. É preciso condenar e repudiar a atrocidade do ataque terrorista sofrido por Israel no dia 7 de outubro. Sim, Israel tem o direito de defender sua população, mas isso tem de ser feito dentro de regras do direito internacional. A cada dia que passa, no entanto, resta claro que a reação de Israel ao ataque sofrido tem sido extremamente desproporcional e não tem como alvo somente aqueles responsáveis pelo ataque, mas todo o povo palestino — disse o ministro.

Mauro Vieira foi convidado a falar na Comissão de Relações Exteriores
Em janeiro deste ano, o Itamaraty apoiou denúncia da África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ) de que Israel estaria praticando genocídio. Segundo Vieira, os juízes reconheceram a “plausibilidade de um genocídio em curso”

Ajuda humanitária

O ministro também afirmou que Israel retém e bloqueia unilateralmente doações humanitárias aos palestinos.

— Sem sombra de dúvida, o bloqueio consiste em uma violação do direito internacional. A estimativa é que mais de 15 mil toneladas de suprimentos de ajuda humanitária internacional ainda aguardavam aprovação de Israel para entrar em Gaza. A maior parte enviada diretamente pelo Brasil foi devidamente entregue.

Vieira também deu explicações sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em fevereiro, ao comparar a resposta militar de Israel em Gaza com o Holocausto nazista. Como reação, Israel considerou o presidente persona non grata no país e repreendeu o embaixador brasileiro, Frederico Meyer. Segundo Vieira, a fala foi uma expressão da inconformidade de Lula com as mortes causadas pela guerra.

— Hoje já são 32 mil mortos e 73 mil feridos em gaza, 70% dos quais mulheres e crianças. Do lado israelense, além dos 1.112 mortos do ataque terrorista do Hamas em outubro, já morreram 251 soldados. Quantas vidas mais serão perdidas até que todos atuem para impedir o morticínio em curso? É nesse contexto de profunda indignação que se inserem as declarações do presidente Lula, são palavras que expressam a sinceridade de quem busca preservar e valorizar o valor supremo que é a vida humana.

Desde a criação do Estado de Israel em 1948 a região vive conflitos de divisão territorial. À época, foi firmado na ONU acordo de divisão de um país judeu e um país árabe. Atualmente, o Estado da Palestina é reconhecido como país por mais de 139 nações, entre elas o Brasil, mas não na ONU. Os palestinos estão divididos em duas regiões distintas. A Cisjordânia, onde atua a Autoridade Nacional Palestina, é controlada pelo partido Fatah. Já a Faixa de Gaza, onde ocorre o conflito, é controlada pelo Hamas.

Democracias

Os senadores Sergio Moro (União-PR) e Eduardo Girão (Novo-CE) acusaram o governo brasileiro de não ter o mesmo empenho na relação com outros países. Girão questionou a posição de Lula com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, acusado na ONU de infração aos direitos à liberdade religiosa e de expressão. Já Moro indagou falas de do presidente da República favoráveis à eleição na Venezuela em julho, pois, segundo ele, a oposição tem candidatos inabilitados arbitrariamente pelo governo vizinho.

Já o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que o mundo pode ver uma mudança no centro do poder global diante do crescimento de países orientais.

— Surge um grupo onde está China, Rússia, Irã, e outro grupo que são as democracias ocidentais. Onde o Brasil vai se situar nesta nova ordem mundial?

Em resposta aos senadores, Vieira afirmou que o país deve se pautar pela relação com todos os países e sem interferir em questões internas de cada nação.

— Em um mundo multipolar, nós temos que ter relações e estar em contato com todos os países (…). A questão toda é que não devemos interferir internamente, não ensinamos a ninguém o que deve fazer — disse o ministro, que destacou a participação da pasta em acordo firmado entre o regime venezuelano e candidatos da oposição para a participação nas eleições.

Ucrânia

Em resposta a Renan, Vieira disse que a posição do Brasil sobre a invasão russa na Ucrânia desde 2022 é a de buscar diplomacia.

— Condenamos a violação da integridade territorial ucraniana tanto no Conselho de Segurança quanto na Assembleia Geral da ONU. É hora de o Conselho de Segurança agir. Ao mesmo tempo, nos posicionamos em favor da paz, do diálogo e da diplomacia. O fim do conflito se impõe pelo risco crescente, se considerarmos as declarações recentes de altas lideranças de uma escalada, inclusive com possibilidade de uso de armamento nuclear. O prolongamento do conflito afetará a todos. Levou o mundo a uma escalada inflacionária com forte impacto de segurança alimentar e energética — afirmou.

Moro cobrou “clareza da posição brasileira” na guerra. Para ele, a resolução do conflito precisa levar à retirada das tropas russas. O senador Jaques Wagner (PT-BA) criticou acusações contra a diplomacia brasileira, que para ele são ideológicas.

— [No caso da Rússia] o governo brasileiro está acusado de estar do lado dos invasores. Aí agora [na guerra em Gaza] estamos sendo tachados como a favor dos invadidos. Não podemos usar o crivo ideológico para ter uma posição. Vamos sempre condenar aqueles que invadem território que está previamente demarcado pela história e pelas Nações Unidas.

Ações da pasta

Vieira expôs outros trabalhos do Ministério, como o retorno do Brasil à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que gera intercâmbio comercial na casa dos US$ 140 bilhões. O convidado também disse esperar que o Mercosul conclua acordo com a União Europeia no segundo semestre deste ano.

Vieira anunciou que em novembro deste ano o presidente da China, Xi Jinping, deve visitar o país. E lembrou que o Brasil ocupa a presidência do G20 — grupo das 20 maiores economias do mundo.

— O governo brasileiro definiu as seguintes prioridades na presidência do G20: inclusão social e combate a fome e pobreza; transição energética e promoção do desenvolvimento sustentável; e reforma de instituições de governança global.

Fonte: Agência Senado

Projetos do vereador Cristiano Santos serão lidos na sessão que a Câmara realiza hoje

Os projetos de Cristiano se voltam aos contabilistas
A Leitura do Projeto de Lei N.º 03/2024, que institui o Dia do Profissional da Contabilidade no calendário oficial do município., e do Projeto de Lei N.º 04/2024 que dispõe sobre o atendimento preferencial aos profissionais da contabilidade nas empresas públicas, órgãos da administração municipal e repartições publicas do município, são os destaques da pauta da 5ª Sessão Ordinária  que a Câmara Municipal de Ipiaú realiza na noite desta quinta –feira, 14 de março.
 
As duas matérias, originárias do Poder Legislativo, são da autoria do vereador Cristiano Santos. Ainda nesta sessão a Tribuna Livre será ocupada pela Capelã do Projeto Campuri , da Igreja Adventista do  Sétimo Dia, Miriam Cardoso Santos. No Pequeno Expediente  ocorrerão as leituras  de ofícios , indicações e requerimentos  dos vereadores. Não haverá Ordem do Dia.

(José Américo Castro/ASCOM-Câmara Municipal de Ipiaú).

Wagner diz que PEC das drogas é ‘enganação’ e que deve orientar base para votar contra

Nesta quarta-feira (15), o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), anunciou que planeja orientar a base governista a votar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das drogas, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa no mesmo dia. “Vou orientar o que vier da orientação (do Palácio do Planalto), provavelmente contra. É uma enganação”, disse. A informação é do jornal “O Globo”.
 
O texto foi aprovado por meio de votação simbólica, sem registro nominal dos votantes, pela CCJ do Senado. Apesar da ausência de votação nominal, os que se opuseram à proposta manifestaram sua posição. Wagner, junto com os senadores Fabiano Contarato (PT-ES), Humberto Costa (PT-PE) e Marcelo Castro (MDB-PI), foram contrários à iniciativa

Piloto morre após queda de avião em São Sebastião do Passé

Na manhã desta quinta-feira (14), um piloto morreu após a queda de um avião de pequeno porte na zona rural de São Sebastião do Passé, cidade do interior da Bahia. A prefeitura do município confirmou a ocorrência do acidente. A informação é do G1 Bahia.

Até o momento, não há informações sobre outras vítimas envolvidas no incidente, que ocorreu na localidade da Sereia, próxima a uma fábrica de velas. O nome do piloto ainda não foi divulgado pelas autoridades municipais.

A assessoria do Corpo de Bombeiros relatou que equipes foram acionadas e estão a caminho do local para prestar assistência.

Investigadores da 9ª Coorpin cumprem mandado de suspeito de homicídio em Jequié

Ele está à disposição da Justiça, aguardando transferência para o sistema prisional.
Um homem apontado como autor de um homicídio em Jequié teve o mandado de prisão preventiva cumprido, na terça-feira (12), naquela cidade, por uma equipe da Coordenação de Apoio Técnico à Investigação (CATI/Central) da 9ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin).

As investigações apontaram que ele matou a facadas Nelinelton Eden de Souza, de 44 anos, no mês de fevereiro. “A vítima foi lesionada no dia 4, após um desentendimento banal com o autor, ficando ainda dois dias internado em um hospital da cidade”, explicou o coordenador regional de Jequié, delegado Roberto Leal.

O suspeito foi conduzido para a Delegacia Territorial (DT) de Jequié, passou por exame de corpo de delito no Departamento de Polícia Técnica (DPT) e está à disposição da Justiça.

Texto: Ascom PC

Operação é deflagrada contra policiais investigados por crimes de extorsão e tráfico de drogas em Salvador

São cumpridos mandados de busca e apreensão na capital baiana e em Lauro de Freitas.

O Ministério Público estadual, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), por meio da Força Correcional Especial Integrada da SSP (Force) e da Corregedoria da Polícia Militar do Estado da Bahia, deflagraram na manhã desta quinta-feira, dia 14, a ‘Operação Olossá’.

Os alvos são policiais investigados por crimes de extorsão e tráfico de drogas em Salvador. Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão nos municípios de Salvador e Lauro de Freitas.

A operação decorre de procedimento investigatório criminal do MP que teve início após a Polícia Federal ter investigado e analisado, no ano de 2020, dados oriundos de telefones celulares, apreendidos em posse de integrantes de uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas.

Petrobras, Vale e BC: como as constantes interferências de Lula podem afetar a economia

Um ano após assumir o comando do País pela terceira vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dado sinais contraditórios na condução da economia e indicado que pode adotar uma postura mais intervencionista. Nas últimas semanas, a mão pesada do governo ficou evidente na governança de Petrobras e Vale, duas gigantes nacionais.

Analistas com experiência no setor público dizem que as falas de Lula provocam um custo elevado para a economia brasileira porque aumentam a incerteza para o investimento das companhias, o que pode dificultar um crescimento mais robusto do País nos próximos anos.

“Uma coisa é inequívoca: existe um custo de incerteza e de sinal de caminho errado — rejeitado pela imensa maioria dos agentes econômicos — que influenciam negativamente uma das nossas maiores dificuldades hoje, que é baixa taxa de investimento”, afirma José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados e ex-secretário de Política Econômica.

“Mesmo que sejam tentativas (de intervenção) não totalmente consumadas, elas afetam negativamente as expectativas. É um custo que está dado. Elas representam uma parte do governo com ideias de anteontem”, afirma.

Procurada, a Secretaria de Comunicação do governo Lula afirma que a valorização das ações na Bolsa, desde que o presidente assumiu, mostra outro quadro. Desde o início de 2023, o Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira) se valorizou em 16,65%.

Os economistas também apontam que o presidente retoma um discurso velho, que colocou o País numa recessão entre 2014 e 2016. E pior: joga fora a oportunidade de capitalizar um bom momento da economia brasileira.

Em 2023, o PIB cresceu 2,9%, acima do esperado, o Banco Central deu início ao ciclo de corte da taxa básica de juros (Selic), a inflação ficou no intervalo da meta e o mercado de trabalho se mostrou bastante forte.

“Tudo isso (discurso intervencionista) causa uma tremenda insegurança jurídica. Cria-se um ambiente negativo para o investimento”, afirma Marcos Mendes, pesquisador associado do Insper e ex-chefe da Assessoria Especial do Ministério da Fazenda de 2016 a 2018. “Quem vai investir num País em que você olha e o governo bota o dedo em tudo”, questiona.

Se o País quiser mais sem gerar desequilíbrios, é fundamental aumentar o patamar dos investimentos. No ano passado, a formação bruta de capital fixo recuou e correspondeu a apenas 16,5% do Produto Interno Bruto (PIB), um patamar historicamente baixo e inferior ao de outras economias emergentes.

Governo dividido
Desde o início do terceiro mandato, sempre pairou uma dúvida sobre qual seria o comportamento do governo na condução da política econômica. O grande nó é que o governo se equilibra em duas correntes. Existe, de um lado, uma pressão da ala política para que o governo tente turbinar a economia por meio do aumento de gastos e, de outro, a equipe liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que mira o controle da situação fiscal do País.

Nesse contexto, Lula e parte dos seus ministros sempre encontraram espaço para um discurso mais intervencionista na economia. As críticas alcançaram a autonomia do Banco Central e a atuação de Roberto de Campos Neto no comando da instituição, a reforma trabalhista, a privatização da Eletrobras, e o patamar da meta de inflação.

Apesar de todas as polêmicas criadas em 2023, a disputa acabou pendendo na maioria das vezes para a Fazenda. No controle das contas públicas, por exemplo, o arcabouço fiscal não é considerado ideal, mas conseguiu dar uma previsibilidade para o endividamento do Brasil caso ele seja devidamente cumprido. Houve a aprovação da tão aguardada reforma tributária e a meta de inflação permaneceu em 3% para os próximos anos.

“Algumas coisas o Haddad tem conseguido segurar. No Ministério do Planejamento, também tem algumas mudanças importantes. Temos algumas coisas funcionando”, diz a economista Elena Landau, com passagem pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo de Fernando Henrique Cardoso. “Por enquanto, a gente está confiando que o Haddad consegue segurar dentro de algum limite.”

“O problema é que a gente não sabe como vai ser se o Lula continuar perdendo apoio nas pesquisas, se ele vai fazer o que fez depois do Mensalão. Até o Mensalão, o Lula se comportou. O negócio começou a ficar feio depois. E a Dilma entrou para arrasar”, acrescenta.

Em 2023, o governo, no entanto, emplacou algumas políticas consideradas controversas, como o Nova Indústria Brasil, um pacote que reedita políticas de antigas gestões petistas ao prever R$ 300 bilhões em financiamentos e subsídios ao setor, até 2026, além de uma política de obras e compras públicas, com incentivo ao conteúdo local (exigência de compra de fornecedores brasileiros).

“É um modelo anos 1960 e que não funcionou. O mundo inteiro já abandonou e a gente insiste. E isso vai desde conteúdo nacional e compras do governo direcionadas a empresas locais”, afirma Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e presidente do Conselho de Administração da Jive Investments. “São coisas que ganharam um verniz de modernidade, mas que não deram certo no passado.”

“No final, é um tratamento de Estado para uma economia que é capitalista. O governo acha que ele pode colocar a mão onde ele quiser”, afirma Figueiredo.

Haddad volta a campo
Nesta semana, o ministro da Fazenda teve de entrar novamente em campo para apaziguar os ânimos envolvendo a Petrobras. A decisão da companhia de não distribuir dividendos extraordinários partiu do governo, frustrou os investidores e fez com que a empresa perdesse bilhões em valor de mercado.

“Isso vai minando a confiança do investidor, pela ideia de uso político-ideológico das grandes empresas brasileiras”, afirma Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro.

Em entrevista concedida ao SBT, Lula afirmou que a Petrobras não deve apenas “pensar nos acionistas”, mas precisa “pensar em 200 milhões de brasileiros que são donos dessa empresa ou são sócios dessa empresa”. Na mesma fala, disse que os bancos públicos podem baixar as taxas de juros de seus financiamentos para forçar os demais atores do mercado a reduzir também.

A equipe econômica era favorável ao pagamento dos dividendos. Depois de um encontro que reuniu o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o presidente Lula, Haddad disse que a distribuição de dividendos será avaliada conforme o conselho da Petrobras for munido com mais informações. A Fazenda ainda ganhou um assento no conselho da Petrobras.

A mão pesada do governo também apareceu na Vale, ao tentar emplacar o ex-ministro Guido Mantega no comando da companhia no lugar de Eduardo Bartolomeo, atual CEO da empresa. Em mais falas polêmicas, Lula afirmou, em entrevista concedida para a RedeTV, que a companhia “não pode pensar que é dona do Brasil” e que “as empresas brasileiras precisam estar de acordo com o entendimento de desenvolvimento do governo brasileiro.”

Privatizada na gestão de Fernando Henrique Cardoso, o processo de sucessão tumultuado também já custou bilhões em valor de mercado para a empresa. Na sexta-feira, 8, o conselho de administração da Vale decidiu renovar o mandato de Bartolomeo até 31 de dezembro. Ele deveria sair em maio. A mineradora contratou uma companhia de recursos humanos para ajudar na sucessão.

Na segunda-feira, 11, José Luciano Duarte Penido, ao renunciar ao cargo de conselheiro independente da Vale, escreveu em uma carta que a sucessão na mineradora “vem sendo conduzida de forma manipulada, não atende ao melhor interesse da empresa, e sofre evidente e nefasta influência política”. A Vale divulgou um comunicado afirmando que segue rigorosamente seu estatuto.

“O grande impacto dos equívocos da política do Lula podem não aparecer necessariamente nesse mandato. Foi exatamente isso o que aconteceu no passado. Os equívocos começam em 2009 e 2010, se aprofundaram em 2013 e 2014 e a recessão apareceu em 2015 e 2016″, afirma Landau. “Essas coisas levam tempo para dar o erro. E aí é o perigo. O impacto pode vir em 2026, em plena eleição, e o Lula dobrar a aposta do populismo.”/Colaborou Mariana Carneiro

Luiz Guilherme Gerbelli/Estadão Conteúdo 

Prates diz que orientação para reter dividendos da Petrobras veio do governo

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou na noite desta quarta-feira (13) que a orientação para reter os dividendos extraordinários da companhia veio do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ele disse ainda não considerar o episódio como “intervenção na Petrobras”, mas o “exercício soberano” dos representantes do controle da empresa —no caso, o Estado brasileiro.

Desde quinta-feira (7), quando a companhia anunciou que não faria o pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas, as ações caíram com o receio de que o governo petista vinha intervindo na empresa.

Em publicação na rede social X (antigo Twitter) na noite desta quarta, Prates afirmou que a decisão de reter os dividendos extraordinários veio do presidente Lula e de seus ministros.

“É legítimo que o CA [conselho de administração] se posicione orientado pelo presidente da República e pelos seus auxiliares diretos que são os ministros. Foi exatamente isso o que ocorreu em relação à decisão sobre os dividendos extraordinários”, afirmou.

Desde a campanha eleitoral que o levou ao terceiro mandato, Lula defende que a Petrobras reduza a distribuição de dividendos, liberando mais recursos para investimentos, estratégia oposta à adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que priorizou a remuneração dos acionistas.

A direção da Petrobras queria transferir ao acionista metade do lucro excedente de R$ 43 bilhões no ano, mas prevaleceu o entendimento dos ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil sobre a necessidade de poupar recursos para investimentos. Na reunião do conselho, Prates se absteve.

A proposta de retenção foi levada ao conselho por Pietro Mendes, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério das Minas e Energia.

Reportagem da Folha mostrou que a medida foi vista com surpresa por conselheiros ligados a acionistas minoritários, que questionaram a falta de detalhes.

Fontes próximas ao processo relataram que a confusão sobre a destinação dos dividendos desagradou Lula, que preferiu adiar a decisão sobre o valor a ser distribuído liberando os representantes da União no conselho a votar contra os dividendos extraordinários na reunião da quinta passada.

No X, Prates afirmou que “a decisão foi meramente de adiamento [dos pagamentos] e reserva [dos recursos]”, e que por isso o “mercado ficou nervoso”.

“Falar em ‘intervenção na Petrobras’ é querer criar dissidências, especulação e desinformação. É preciso de uma vez por todas compreender que a Petrobras é uma corporação de capital misto controlada pelo Estado brasileiro, e que este controle é exercido legitimamente pela maioria do seu Conselho de Administração. Isso não pode ser apontado como intervenção! É o exercício soberano dos representantes do controle da empresa”, escreveu.

“Somente quem não compreende (ou propositalmente não quer compreender) a natureza, os objetivos e o funcionamento de uma companhia aberta de capital misto com controle estatal pode pretender ver nisso uma intervenção indevida”, afirmou Prates.

“Vamos voltar à razão e trabalhar para executar, eficaz e eficientemente, o plano de investimentos de meio trilhão de reais que temos pelos próximos cinco anos à frente, gerar empregos, renda, pesquisa, impostos e também lucro e dividendos compatíveis com os nossos resultados e ambições.”

A repercussão negativa já levou o governo a ensaiar um recuo.

Na segunda-feira (11), os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) disseram que a empresa pode rever a decisão caso comprove que tem condições financeiras de bancar seu plano de investimentos.

Thiago Amâncio e Nicola Pamplona/Folhapress

Aconteceu nesta terça-feira (12.03), a solenidade de abertura oficial do Programa Integração AABB.

Comunidade de Ipiaú BA, no salão de eventos do clube AABB, com a apresentação da música do Programa, cantada pelos educandos.
Estiveram presentes os pais/responsáveis, representando a Prefeita Maria das Graças, a Secretária de Saúde, Laryssa Dias, representando a Secretaria de Educação, a supervisora Eliane Machado, o Gerente Geral da agência do Banco do Brasil de Ipiaú, Naelton Aparecido, a Secretária de Assistência Social, Rebeca Câncio, o Presidente do Clube AABB, Rodrigo Burity, e o colaborador Josenaldo Jesus. 
Na oportunidade tivemos a valiosa fala da Coordenadora do Projeto Mão Amiga, a senhora Monica, a quem agradecemos pela belíssima explanação. 
A professora a Malu falou sobre as diretrizes do programa. Aconteceu a eleição dos representantes dos pais para compor o Conselho Deliberativo Participativo do Programa por dois anos e foi entregue orientações necessárias aos responsáveis, para que tenhamos um ano letivo produtivo e harmonioso. Agradecemos a presença de todos.
Equipe AABB Comunidade de Ipiaú BA

Destaques