Obras contra enchente se arrastam por até 15 anos em pelo menos 6 estados; Bahia está na lista

 
Os recentes anúncios de verbas emergenciais por parte dos governos federal e estaduais visando o atendimento às vítimas de desastres naturais e a reconstrução de áreas afetadas não oferecem garantias suficientes de segurança para os moradores das regiões atingidas. Obras de prevenção contra enchentes, em pelo menos seis estados brasileiros, arrastam-se por até 15 anos, com um montante prometido de gastos que chega a R$ 7,3 bilhões (valores corrigidos). Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, estados frequentemente impactados por fortes eventos climáticos, possuem projetos de obras destinadas a mitigar os efeitos desses fenômenos naturais, porém, essas iniciativas ainda não se materializaram. A reportagem é do jornal “O Globo”.

A Bahia, por exemplo, que enfrentou graves inundações no final de 2021, também enfrenta atrasos em obras essenciais. Embora tenha sido anunciada a liberação de R$ 136 milhões (corrigidos) para auxiliar as cidades afetadas, cerca de 190 localidades foram prejudicadas e 30 pessoas perderam suas vidas. No entanto, desde 2013, existem ações em andamento para prevenir enchentes. Em Salvador, por exemplo, estão em andamento 120 obras de contenção de encostas, com um orçamento de R$ 282,2 milhões (corrigidos), iniciadas em 2014. Outras obras, datadas de 2013, no valor de R$ 44,8 milhões (corrigidos), foram paralisadas com 89% do projeto executado. Tanto Itabuna quanto Ilhéus concentram esforços em obras de prevenção de enchentes, totalizando um investimento de R$ 7,6 milhões (corrigidos). Em Itabuna, destaca-se a macrodrenagem iniciada em 2010, enquanto em Ilhéus, há a recuperação de encostas, datada de 2016.

Tebet ataca temas caros ao PT e vira alvo de insatisfação no governo

Algumas vezes criticada por seus pares pela tepidez, a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), saiu da penumbra ao defender publicamente a desvinculação do valor das aposentadorias ao salário mínimo, mas acabou entrando na mira da esquerda ao escolher atacar um tema caro ao PT.

A ministra acabou ficando isolada em seu posicionamento, que não teve respaldo nem sequer do ministro Fernando Haddad (Fazenda). O episódio colocou na vitrine a dissonância que há meses já vinha se manifestando nos bastidores do governo.

A conduta de Tebet chegou a ser apontada como um exemplo de desgoverno durante um jantar do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) com a coordenação da bancada do PT na Câmara, na noite de terça-feira (7).

O fato de Tebet ter suscitado uma pauta negativa no mesmo momento em que as ações do governo no Rio Grande do Sul ganham visibilidade foi usado por petistas como uma demonstração de desafinamento dentro da equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Padilha, porém, minimizou o problema, recomendando que os parlamentares não dedicassem energia a um tema que nem sequer consta da agenda do governo.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada na segunda-feira (6), a ministra pregou a desvinculação dos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), como aposentadorias, pensões e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), que passariam a ser corrigidos pela inflação.

Hoje, dois terços dos benefícios da Previdência correspondem ao valor de um salário mínimo (atualmente em R$ 1.412) e, sob as regras atuais, se beneficiarão da política de valorização do piso reinstituída por Lula, que garante aumentos reais de acordo com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

Especialistas afirmam que a combinação pode ser explosiva e minar a sustentabilidade do próprio arcabouço fiscal proposto por Haddad.

A Fazenda tem defendido a revisão de gastos, mas integrantes da pasta veem a desvinculação dos benefícios como a proposta que tem menos chance de avançar, dada as resistências de Lula e do núcleo duro do governo.

Nem mesmo a flexibilização dos pisos constitucionais de Saúde e Educação, já defendida publicamente pela equipe econômica, tem chance de avançar neste ano, segundo auxiliares de Haddad. A aliados, o ministro já admitiu que temas mais delicados como este “têm hora certa”, que pode também nunca chegar.

A equipe da Fazenda insiste na necessidade de revisão das renúncias fiscais e veem na estratégia de Tebet uma tentativa de colocar o debate na mesa para mostrar a urgência do tema. A investida se dá após a própria ministra se tornar alvo de cobranças e críticas de que essa agenda, vendida como o carro-chefe de sua pasta, ainda não decolou.

Mas Haddad isolou Tebet nessa missão e não deu apoio público à proposta ligada às aposentadorias, embora uma postagem do ministro na rede social X (antigo Twitter) tenha gerado especulações.

Ele recomendou a leitura de um artigo do economista Bráulio Borges, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).

No texto, o especialista afirma que a busca por algum aumento de carga tributária “parece ser adequado”, dada a erosão da base de arrecadação nos anos anteriores. Esse argumento já foi citado repetidas vezes por Haddad na defesa de medidas que elevam receitas.

Porém, o mesmo artigo traz a defesa da desvinculação das aposentadorias e outros benefícios sociais. Por isso, o compartilhamento do texto pelo ministro foi lido no mercado como um endosso tácito à medida —percepção que ruiu após ele sepultar as chances de avanço da mudança em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Para críticos do governo, o episódio da semana só mostrou que tanto Tebet quanto Haddad jogam para a plateia, mas não têm força para colocar a agenda em prática. O diagnóstico dos técnicos mais pragmáticos do governo é que, antes de mais nada, o governo deveria focar em fazer o básico, como a revisão dos benefícios e o combate à fraude, ações em curso no INSS.

Outra proposta da ministra em desacordo com o chamado campo progressista é a inclusão dos repasses do Fundeb (Fundo da Educação Básica) para cumprimento do piso constitucional de educação.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), escancarou sua posição contrária nas redes sociais. “São ideias muito ruins, que contrariam o programa de governo eleito em 2022”, disse. “É no mínimo preocupante que sejam defendidas pela ministra @simonetebetbr. Responsabilidade fiscal não tem nada a ver com injustiça social.”

Na quarta-feira (8), dia seguinte ao jantar de Padilha com a bancada do PT, a articulação do governo precisou entrar em campo e negociar com deputados os termos de um convite para que Tebet preste esclarecimentos à CMO (Comissão Mista de Orçamento).

O requerimento original destinava o convite a Tebet e à ministra Esther Dweck (Gestão), que tem uma visão mais alinhada à do PT. O governo temia que as duas entrassem em contradição publicamente sobre, por exemplo, a ideia da desvinculação. Por isso, atuou para que apenas a titular do Planejamento fosse chamada.

Tebet deverá falar à comissão no mês que vem. A interlocutores, a ministra avisou que persistirá nos estudos para reduzir despesas do governo e seguirá defendendo a desvinculação, apesar da resistência na base lulista. A avaliação é que, nesse debate, ela teria o apoio de técnicos da Fazenda e do Planejamento.

A indicação mais combativa, porém, destoa da imagem constituída até aqui pela ministra entre seus pares de Esplanada.

No governo, a avaliação é que Tebet tem atuação esmaecida, aquém da expectativa criada a partir de sua postura no Senado Federal e na disputa presidencial de 2022.

Aliados do presidente elogiam a ministra por sua correção, lealdade e determinação. Mas admitem que esperavam maior projeção e combatividade da ministra, inclusive na defesa das ações do governo e até no combate às fake news, das quais foi vítima.

Um integrante da cúpula petista diz que Tebet tem atuação correta, o perigo estaria nas posições liberais.

Alguns integrantes do governo também a criticam pelo que classificam como uma falta de agenda do Ministério do Planejamento, já que a revisão de gastos não avança, e outras propostas internas, como a nova Lei de Finanças, não resolvem o problema fiscal e tampouco viram a luz do dia.

Lula, por sua vez, elogia Tebet, demonstrando admiração e respeito. Ainda segundo colaboradores, o presidente incentiva a presença da ministra em reuniões do governo e recomenda que seja chamada a participar da tomada de decisões.

O presidente também tem encorajado e dado visibilidade a uma das poucas pautas do Planejamento que ganharam projeção: o plano de integração sul-americana, por meio de rotas regionais. Apesar de ter se tornado uma bandeira da pasta, ainda há dúvidas sobre as reais condições de o plano sair do papel, pelo volume de recursos necessários e pela necessidade de coordenação com outros países.

Catia Seabra, Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli/Folhapress

 

Moraes põe freio em ofensiva contra bolsonarismo e reduz tom em decisões

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes pôs um freio nos últimos meses na rigidez de decisões que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.

O movimento, segundo pessoas com interlocução com o Supremo, reduz o risco de ampliação dos atritos da corte com o Congresso e também dos ataques de apoiadores de Bolsonaro contra o Judiciário.

Diminui também a possibilidade de que a opinião pública passe a enxergar o ex-presidente como vítima de perseguição pelo STF.

A adoção de maior cautela sobre esses casos partiu não apenas do próprio Moraes, mas também de outras autoridades com atuação em tribunais superiores que são próximas ao magistrado, como o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Floriano de Azevedo Marques e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

No ano passado, senadores chegaram a aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que limita as decisões individuais de ministros do STF, em reação a pautas votadas pela corte.

Além disso, desde seu período à frente do Executivo, Bolsonaro se apresenta como alguém que é perseguido pelos integrantes do Supremo, o que mobilizou seus apoiadores a depredarem a sede da corte em 8 de janeiro passado.

Em fevereiro, Bolsonaro teve o passaporte apreendido pela Polícia Federal por ordem de Moraes na operação Tempus Veritatis, que mirou o ex-presidente, ex-assessores e aliados, incluindo militares de alta patente.

Depois dessa operação, etapa da investigação sobre a tentativa de um golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro para Lula (PT) em 2022, não houve medidas mais drásticas contra o ex-presidente.

O episódio que levantou a possibilidade de que Moraes determinasse a prisão de Bolsonaro foi a revelação em 25 de março, pelo jornal The New York Times, de que o ex-presidente passou dois dias na embaixada da Hungria logo após a apreensão do passaporte.

Na ocasião, deputados de oposição chegaram a acionar o Supremo e a PGR com pedidos de prisão preventiva (sem tempo determinado).

Já Moraes foi rápido em abrir um procedimento no STF e pedir que o ex-presidente explicasse por que se hospedou na embaixada.

Não houve, porém, consequências mais drásticas contra ele. No dia 9 de abril, Gonet se manifestou contra a imposição de medidas mais duras a Bolsonaro pelo episódio.

Ao Supremo o PGR disse que a estadia não infringe as medidas que ele já cumpre e que a suposta tentativa de busca de refúgio esbarraria “na evidente falta de pressupostos do instituto de asilo diplomático dadas as características do evento”.

Moraes foi decidir sobre o caso apenas no dia 24 de abril, quase um mês depois da reportagem do jornal americano. Ele argumentou que não ficou comprovada a intenção de evasão do país por Bolsonaro.

O ministro afirmou que “não há elementos concretos que indiquem —efetivamente— que o investigado pretendia a obtenção de asilo diplomático para evadir-se do país e, consequentemente, prejudicar a investigação criminal em andamento”.

Disse ainda que, embora os locais das missões diplomáticas tenham proteção especial, “eles não são considerados extensão de território estrangeiro” e que, por isso, Bolsonaro não cometeu “qualquer violação a medida cautelar de ‘proibição de se ausentar do país'”.

No início de maio, Moraes soltou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que estava preso desde 22 de março, um dia após a revista Veja revelar áudios em que ele atacava o ministro e colocava em xeque a lisura do seu acordo de colaboração premiada e a investigação da Polícia Federal.

Além de soltar Cid, o ministro também manteve integralmente o acordo de colaboração do tenente-coronel. Segundo ele, “foram reafirmadas a regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade”.

Moraes acatou pedido da defesa do militar após a PF analisar material apreendido durante a prisão e ouvir o próprio Cid. A Procuradoria-Geral da República foi favorável à soltura e à manutenção do acordo.

No TSE, tribunal presidido por Moraes, bolsonaristas também tiveram uma situação, por ora, favorável, com a suspensão do julgamento sobre o senador Jorge Seif (PL-SC), que corria o risco de perder o mandato.

Na sessão do TSE no último dia 30, o relator do caso, Floriano de Azevedo Marques, pediu a produção de mais provas no processo e suspendeu o julgamento.

A maioria do tribunal concordou com o relator. Só o ministro Raul Araújo, que é visto como mais simpático aos bolsonaristas, divergiu. Araújo afirmou que a corte estaria reinaugurando a instrução processual no caso, algo que já foi feito por instâncias inferiores.

Como a Folha mostrou, a decisão foi uma forma de Moraes evitar mais atrito com o Congresso e ganhar tempo antes de dar desfecho ao caso.

Com isso, o TSE poderia conseguir mais prazo para construir uma espécie de acordo nos bastidores com bolsonaristas para que eles parem de atacar o tribunal.

O próprio Bolsonaro continua na mira de inquéritos que tramitam no Supremo sob a relatoria de Moraes, como o das milícias digitais e o dos incitadores e autores intelectuais dos ataques de 8 de janeiro. Ambos os inquéritos foram recentemente prorrogados pelo ministro até o segundo semestre deste ano.

José Marques/Folhapress

Professores gerados por IA lecionam em universidade de Hong Kong

Com um capacete de realidade virtual, os estudantes de uma universidade de Hong Kong viajam para um pavilhão nas nuvens para assistir a uma aula sobre teoria dos jogos explicada por um Albert Einstein criado com inteligência artificial (IA).

A experiência faz parte de um curso piloto da HKUST (Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong) para testar o uso de “professores” gerados por essa tecnologia em ascensão no mundo.

O professor Pan Hui, responsável pelo projeto, considera que a ferramenta pode ser de grande ajuda para as instituições educacionais diante da falta de profissionais em muitos países ao redor do mundo.

“Os professores gerados por IA podem trazer diversidade (…) e até mesmo uma narrativa imersiva”, explicou Hui à AFP.

A disseminação de ferramentas como o ChatGPT gerou esperanças de melhorias na produtividade e no ensino, mas também temores sobre as possibilidades que ofereciam para o erro, a fraude ou a substituição de professores.

Neste curso “Redes sociais para criativos”, os professores digitais abordam questões relativas às tecnologias imersivas e ao impacto das plataformas digitais para cerca de 30 alunos.

Depois que o conteúdo do curso é carregado no programa, ele gera automaticamente os professores, cuja aparência, voz e gestos são personalizáveis.

Os avatares podem aparecer em uma tela ou através de capacetes de realidade virtual.

O curso é híbrido porque Hui também intervém nas aulas. Mas a IA o libertou de suas tarefas mais “pesadas”, garantiu.

PROFESSORES DE MANGÁ
A estudante de doutorado Lerry Yang acredita que essa mistura de universos reais e virtuais e a personalização dos professores digitais melhora sua aprendizagem.

Se um professor digital “me torna mais receptiva mentalmente ou me parece mais acessível e amigável, isso apaga a sensação de distância entre o professor e eu”, disse à AFP a jovem, que dedica seu doutorado ao metaverso.

Abordar o crescimento da IA é um desafio comum para os professores. Alguns optam por limitar seu uso ou tentam identificar de forma confiável à ocorrência de plágio.

Embora inicialmente hesitantes, a maioria das universidades de Hong Kong autorizou seus alunos a usarem com condições variáveis no ano passado.

Em seu curso piloto, Hui experimenta com avatares de diferentes gêneros e origens étnicas ou com aparência de figuras célebres do mundo acadêmico, como o economista John Nash ou o próprio Einstein.

Os personagens de mangás, desenhos animados japoneses, com os quais também experimentaram, não geram unanimidade, explica a estudante de doutorado Christie Pang, que colabora com Hui.

“Alguns alunos sentiram que não podiam confiar no que o avatar digital estava dizendo”, afirmou.

MELHOR O REAL
Para Pan Hui, a confiabilidade dos professores gerados por IA pode superar no futuro a dos seres humanos reais. No entanto, ele considera preferível que ambos os tipos de professores coexistam.

“Como professores universitários, nós lidaremos melhor com nossos alunos em termos de inteligência emocional, criatividade e pensamento crítico”, reportou.

Por enquanto, essa tecnologia está longe de representar uma ameaça séria para os professores humanos.

Os avatares não podem interagir com os alunos e, como todo o conteúdo criado pela IA, podem oferecer respostas falsas ou estranhas, o que alguns chamam de “alucinações”.

Cecilia Chan, professora da KHU (Universidade de Hong Kong), pesquisou no ano passado mais de 400 estudantes: a maioria deles preferia os tutores de carne e osso.

Os alunos “ainda preferem falar com uma pessoa real porque um professor de verdade pode compartilhar sua experiência, fornecer feedback e demonstrar empatia”, afirma Chan, cujos trabalhos se concentram no uso da IA na educação.

Holmes Chan/Folhapress

Lago Guaíba segue acima da cota de alerta em Porto Alegre, com 4,7 metros

Segundo monitoramento divulgado pela Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura) do Rio Grande do Sul, o patamar do lago Guaíba, em Porto Alegre, chegou a 4,70 metros no início da manhã desta segunda-feira (13), o que é considerado um número alto.

A cota de alerta do lago é 2,5 metros. A inundação ocorre quando o nível chega a três metros.

As chuvas registradas neste final de semana no estado podem levar o Guaíba a alcançar nível máximo em torno de 5,5 metros entre esta segunda e terça-feira (14).

O IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) informa que o pico até o momento foi registrado há uma semana, quando o lago subiu para a faixa de 5,3 metros.

Porto Alegre vive a pior enchente de sua história. Ruas e avenidas ficaram alagadas, e o aeroporto Salgado Filho está fechado devido ao acúmulo de água na pista e em áreas internas.

A cidade tem, no momento, 14.225 pessoas em abrigos temporários da prefeitura e entidades parceiras. Ao todo, 162 estruturas foram montadas para prestar assistência à população atingida pelas enchentes na cidade e região metropolitana.

Desse total, 103 abrigos contam com vigilância privada – 19 com suporte durante as 24 horas do dia e 94 das 19h às 7h.

Dois abrigos são exclusivos para mulheres e crianças. Um deles fica na zona sul e outro no bairro Santa Cecília. Outro abrigo exclusivo, no Foro Regional do Partenon, está sendo preparado.

As chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul neste domingo (12) devem diminuir a partir da terça-feira , de acordo com o Climatempo.

O estado ainda sofre com os impactos das enxurradas que deixaram um rastro de mortes e destruição nas últimas semanas.

Folhapress

Lula sai em vantagem em relação Bolsonaro nas eleições municipais, diz pesquisa Quaest brasil

O presidente Lula (PT) sai em vantagem em relação a Jair Bolsonaro (PL) nas eleições municipais.

De acordo com pesquisa Genial/Quaest realizada na semana passada, 33% dos eleitores dizem que preferem votar em um candidato a prefeito “aliado a Lula”, contra 22% que afirmam que preferem um pretendente “aliado a Bolsonaro”. O instituto entrevistou 2.045 pessoas em todo o país.

Um percentual ainda maior, de 37%, no entanto, afirma que teria preferência por alguém “independente”, sem ligação com os dois líderes.

A balança pende fortemente para Lula no Nordeste: 51% dos eleitores dizem preferir votar em um candidato a prefeito aliado do petista, contra 11% que dizem preferir políticos ligados a Bolsonaro.

Bolsonaro leva a melhor no Sul, com 31% dizendo que preferem um candidato municipal aliado a ele, contra 28% que cravam Lula. E há empate no Sudeste, com 27% para Bolsonaro e 25% para Lula (margem de erro de 3 pontos) e no Centro Oeste, com 26% para Lula e 25% para Bolsonaro (margem de erro de 5 pontos).

As mulheres seguem fazendo a diferença: 36% delas dizem preferir um candidato de Lula, contra 19% de Bolsonaro. Entre os homens, 29% preferem alguém ligado a Lula e 27%, a Bolsonaro.

Os que ganham até dois salários mínimos também pendem para Lula: 43% preferem um candidato dele, contra 14% que escolheriam alguém ligado a Bolsonaro.

Mônica Bergamo/Folhapress

Segunda e terça acontece a Feira de Saúde “Mais Perto” em Ipiaú

Nos dias 13 e 14 de maio, segunda e terça-feira, das 08h às 17h, na Praça Salvador da Mata, acontecerá a  “Feira de Saúde Mais Perto”, uma parceria da Prefeitura de Ipiaú e secretaria municipal de Saúde, com o governo do Estado, onde serão disponibilizados diversos serviços para a comunidade ipiauense. 

Serviços Abrangentes: Ultrassonografia, Laboratório de Coleta: Exames de sangue e outros testes laboratoriais para monitorar a saúde, Imunização: Proteção contra doenças por meio de vacinação, Testagem Rápida: Resultados rápidos para várias condições de saúde, proporcionando tranquilidade.
Além disso, haverá triagem para cirurgias de hérnia, vesícula, histerectomia, laqueadura e vasectomia. Para usufruir dos serviços, é importante levar os documentos necessários, incluindo RG, CPF, Cartão SUS e Solicitação Médica (para ultrassom e exames de laboratório).

A Feira de Saúde vem contribuindo positivamente na vida da comunidade ipiauense, visto que os serviços ofertados à comunidade ajudam no diagnóstico e prevenção de doenças.

Decom/PMI


Homem fica gravemente ferido após colisão entre moto e carro na BR-330, entre Ubatã e o trevo da BR-101

Um homem ainda não identificado ficou gravemente ferido após colisão envolvendo uma motocicleta Honda Bros e um veículo Uno. O acidente ocorreu na noite deste domingo, 12, na BR-330, num trecho entre os acessos de Piraúna e Piabanha, a cerca de 15km do município de Ubatã sentido trevo da BR-101, em Ubaitaba. Conforme apurou o Ubatã Notícias, o Uno seguia sentido Ubaitaba e a motocicleta seguia sentido Ubatã quando houve o acidente.

Segundo informou testemunhas, o Uno teria invadido a pista contrária e atingido a motocicleta. Com a colisão, o veículo foi parar às margens da rodovia e a motocicleta ficou bastante danificada. O SAMU foi acionado e conduziu o motociclista, que estava desacordado, para o Hospital de Ubaitaba. Não há informações sobre identidade e tampouco sobre o seu estado de saúde. O condutor do Uno, que estaria com mais dois ocupantes, não foi encontrado no local. *As informações são do Ubatã Notícias

Morador de Ipiaú morre atropelado por motocicleta na BR-330; ocupantes do veículo ficaram feridos

O final de semana tem sido marcado por diversos acidentes na região. Na noite deste domingo, 12, por volta das 18h30, um morador de Ipiaú morreu após ser atropelado por uma motocicleta na BR-330, próximo a entrada da Vila Temão, município de Jitaúna. Os dois ocupantes da moto ficaram gravemente feridos e foram socorridos por equipes do Samu para o Hospital Geral Prado Valadares, em Jequié. As informações foram apuradas pelo GIRO com a Polícia Militar.

A vítima fatal foi identificada como Vagner Santos Cruz, de 30 anos, morador do Bairro Santa Rita, em Ipiaú. Conforme as informações, ele caminhava no acostamento da rodovia com a esposa quando foi atropelado pelo veículo ocupado por dois jovens moradores da Vila Temão. Vagner não resistiu aos graves ferimentos e faleceu no local. A reportagem do GIRO está em busca de mais detalhes do caso. *Matéria em atualização Por Giro Ipiaú

Paulo Cesar Pereio, ícone do cinema brasileiro, morre aos 83 anos

O ator Paulo César Pereio morreu neste domingo, 12, aos 83 anos de idade. Stepan Nercessian, presidente do Retiro dos Artistas, onde Paulo Cesar vivia desde o ano de 2020, lamentou a perda no Instagram: “Adeus, Pereio. Te amo. Sempre”.

Paulo Cesar Pereio e o cinema

Nascido em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1940, ele ficou conhecido por seu trabalho como ator, que desempenhou desde a juventude, tendo trabalhado em diversos papéis no cinema, televisão e teatro.

Versátil, viveu o protagonista de um drama político em O Bravo Guerreiro (1968), o caminhoneiro Tião Brasil Grande, em Iracema, Uma Transa Amazônica (1975), e contracenou com Sônia Braga em Eu Te Amo (1980), longa de Arnaldo Jabor, com quem trabalhou diversas vezes ao longo dos anos. “Ao me eleger para protagonizar o filme com Sônia, Jabor mostrou que me ama”, dizia, à época.

Entre seus trabalhos, ainda há filmes como Bang Bang (1970), As Aventuras Formosas de um Padeiro (1975), A Lira do Delírio (1977), Chuvas de Verão (1978), Noite (1985), Harmada (2003) Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1974), Rio Babilônia (1983), Dias Melhores Virão (1989), Nossa Vida Não Cabe Num Opala (2008).

Ao longo da carreira, recebeu diversas indicações e prêmios no Festival de Cinema de Gramado, tendo sido o principal homenageado da edição de 2010, quando levou um Troféu Oscarito.

Paulo Cesar Pereio na TV

Na TV, esteve no elenco de novelas como Gabriela (1975), Roque Santeiro (1985), Anos Dourados (1986) O Salvador da Pátria (1989), A Viagem (1994), Duas Caras (2007), e séries como Anos Dourados (1986), Presença de Anita (2001) e Amazônia, de Galvez a Chico Mendes (2007). Um de seus trabalhos mais recentes se deu na novela Jesus (2018), na Record TV.

Em entrevista ao documentário Tá Rindo De Quê? (2019), sobre o humor nos tempos da ditadura, Pereio comentava: “A obra de arte que não corrompe não me interessa. Eu acho que a primeira função da arte é a corrupção.”

“Tem que corromper. Eu sou um corrupto ativo, não sou passivo. Corromper os outros é o que eu mais quero na vida. E digo isso como artista, e representante da arte mais saudável. A melhor [arte] que existe é a que corrompe”, explicava.

Paulo Cesar Pereio foi casado e teve filhos

Pereio foi casado com as atrizes Neila Tavares, durante a década de 1970, e Cissa Guimarães, com quem permaneceu até o ano de 1990. Com a primeira, teve uma filha, Lara. No relacionamento seguinte, teve Tomás e João Velho (também ator). Ele ainda se casaria com Suzana César de Andrade posteriormente, tendo seu quarto filho, Gabriel.

Estadão

Dino pede vista e suspende queixa de Bolsonaro contra André Janones no STF

O ministro Flávio Dino, do supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista neste domingo, 12, de uma queixa-crime apresentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o deputado federal André Janones (Avante-MG). Bolsonaro acusa Janones de injúria e calúnia por conta de postagens do congressista no X (antigo Twitter). Nas postagens, Janones chama Bolsonaro de “assassino”, “miliciano”, “bandido fujão”, “ladrão de joias” e “ladrãozinho de joias”.

O pedido de vista significa que Dino deseja ter mais tempo para analisar o caso antes de votar, e suspende a tramitação do caso. Pela regra atual da Corte, Dino tem até 90 dias para devolver o caso para julgamento. O assunto está sendo julgado pelo plenário virtual do STF, modalidade na qual não há debate cara a cara entre os magistrados sobre o tema. Mesmo com o pedido de vista de Dino, os demais ministros podem depositar seus votos por escrito. Trata-se de uma votação preliminar, e não do mérito do caso: se a queixa-crime for aceita, aí sim Janones se torna réu em uma ação penal na Corte.

No momento, o placar do julgamento está em 2 votos a 1 favor de Bolsonaro – isto é, para que a Suprema Corte receba a queixa-crime e torne Janones réu em uma ação penal pelo crime de injúria. Votaram neste sentido Cármen Lúcia, relatora do caso, e Alexandre de Moraes. Para ambos, Janones deve responder pelo possível crime de injúria, mas não de calúnia, que é o que ocorre quando alguém acusa outra pessoa de cometer crime sabendo que não é verdade. Em meados do mês passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou pela abertura da ação penal contra Janones.

A posição da PGR no caso foi externada pelo vice-procurador-geral da República Hindemburgo Chateaubriand Filho. Segundo ele, ao usar os termos “miliciano, ladrão de joias, bandido fujão e assassino”, Janones “em tese, ultrapassou os limites da liberdade de expressão e os contornos da imunidade parlamentar”.

Já Cristiano Zanin – que, assim como Dino, foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao STF – votou para rejeitar totalmente a queixa-crime. Para o ministro, as declarações de Janones estão protegidas pela chamada imunidade parlamentar, uma garantia dada pela Constituição aos congressistas para que não sejam perseguidos ao exercer sua função. “Entendo, pois, caracterizado o nexo entre a manifestação do deputado federal, ora querelado, e o exercício de sua função de parlamentar, de sorte que a proteção da imunidade material obsta o recebimento da presente queixa-crime”, escreveu Zanin em seu voto.

Em novembro de 2023, Janones lançou um livro sobre sua atuação nas redes sociais na campanha eleitoral de 2022. O deputado mineiro foi um dos mais ativos defensores da candidatura de Lula naquele ano – sua influência nas redes era tão grande que o fenômeno chegou a ganhar o epíteto de “janonismo cultural”. Depois, o termo foi apropriado pelo deputado no título do livro, batizado de “Janonismo Cultural: O uso das redes sociais e a batalha pela democracia no Brasil”. Na obra, o parlamentar admite ter espalhado boatos envolvendo o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência de Bolsonaro, Gustavo Bebianno, morto em março de 2020.

No livro, Janones conta que deu a entender que tinha obtido e repassado a Lula documentos comprometedores sobre Bebianno às vésperas de um debate do petista com Bolsonaro – as circunstâncias da morte do ex-ministro geraram comoção, à época.

“Horas antes de o debate começar, publiquei uma foto minha segurando alguns papéis. A legenda dizia: ‘Tá tudo na mão do pai, agora é com ele. Seja o que Deus quiser!’ O que Jair Bolsonaro temia? Que eu tivesse entregado documentos sobre Gustavo Bebianno para Lula às vésperas do último debate. Até eu me impressionava com minha capacidade de mexer com eles”, escreveu o deputado mineiro. Na ocasião, um grupo de deputados bolsonaristas chegou a pedir que Janones fosse investigado pelo caso.

André Shalders/Estadão

Mais da metade da geração Z no setor público federal ocupa cargos sem estabilidade

Leandro Henrique, 29, estudou para se tornar Policial Rodoviário Federal enquanto era oficial temporário no Exército
Mais da metade, ou 51%, dos profissionais da geração Z no setor público federal ocupam cargos sem estabilidade, como no regime temporário ou no programa Mais Médicos. A falta de concursos, perdas salariais em carreiras públicas e oportunidades no mercado privado afastam jovens do setor, segundo especialistas.

Nascidos entre 1995 e 2010 ocupam cargos que tiveram seleções recentes e com maior número de oportunidades, como dos temporários do IBGE, cujo processo seletivo ofertou quase 207 mil vagas em 2022. Jovens também trabalham em funções que exigem menos experiência e grau de instrução, como o técnico do seguro social no INSS.

Profissionais residentes na área de saúde correspondem a 25% da geração Z no setor público federal. A média de idade é menor por reunirem recém-formados, uma vez que a residência é uma etapa após a graduação em saúde.

Os dados são de fevereiro desde ano, coletados no painel estatístico de pessoal do governo federal.

Concurseiros costumam ser jovens, segundo Gabriela Lotta, professora de administração pública da FGV. Em geral, eles podem dedicar mais tempo ao estudo por não terem dependentes e ainda contarem com apoio familiar.

No entanto, com a redução de concursos, caiu a reposição de servidores e a entrada da geração Z no setor público. A professora da FGV diz que carreiras como a Polícia Federal e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) têm maior presença de jovens porque tiveram certames recentes. Os últimos foram em 2021, cada um com 1.500 vagas.

“Nos cargos temporários, que não são estruturados, provavelmente uma parte dessas pessoas já está estudando para o próximo concurso, para tentar ingressar numa carreira melhor”, diz Gabriela.

É o caso de Breno Siqueira, 27, analista censitário temporário do IBGE. Seu contrato é de cinco anos, mas ele já se prepara para outros certames –inclusive o CNU (Concurso Nacional Unificado). Para ele, ainda que o contrato seja temporário, o cargo tem mais estabilidade do que no setor privado. No IBGE, entre os contratados com menos de 30 anos, a média de idade é de 25.

Natural de Sergipe, Breno buscou concursos para continuar vivendo no Rio, onde estudou jornalismo na UFF (Universidade Federal Fluminense). Hoje, ele atua na área de assessoria de imprensa do IBGE.

“O concurso é mais meritocrático, não tem todo aquele processo de entrevista”, afirma. “Eu já tinha essa admiração pelo instituto e até um desejo de trabalhar aqui. A gente nota que está fazendo um serviço muito importante”.

O policial rodoviário federal Leandro Henrique, 29, adotou uma estratégia parecida. Ele ingressou no Exército como oficial temporário aos 19 anos e, enquanto estava na força, estudava para concursos na área de segurança.

“A PRF foi a que mais me interessou porque as apreensões de drogas estavam muito em alta. Nas redes sociais, eles sempre divulgaram isso e chamava muita atenção”, diz Leandro.

No órgão, a média de idade entre os contratados jovens (de até 30 anos) é de 28 anos. Ainda que haja um alto número de pessoas da geração Z na PRF, os mais novos são o segundo menor grupo etário entre os oficiais, atrás apenas daqueles com mais de 60.

Para Leandro, que já havia estagiado em órgãos públicos na adolescência, uma das vantagens de estar na PRF é a rotina flexível. “Descobri que esse trabalho monótono, de ficar atrás do computador, não é para mim. Sempre quis algo que fosse dinâmico, e nosso serviço aqui é assim.”

A geração Z também se atrai pelo trabalho vocacionado, característica presente em funções públicas. Por outro lado, as perdas salariais reduziram o interesse em trabalhar no setor, segundo Gabriela Lotta.

Durante a pandemia, a renda média de profissionais públicos caiu mais do que a de trabalhadores de empresas privadas, segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) de 2022.

Além disso, funcionários da iniciativa privada podem acumular carreiras, o que eleva a renda. Isso é mais restrito entre servidores.

“Tudo depende também do mercado, porque, se ele está aquecido e as pessoas conseguem exercer sua vocação e ter flexibilidade, a escolha fica mais fácil. No momento que há um mercado mais estagnado e abre concurso, o concurso vira a melhor opção”, diz Gabriela.

Ainda que jovens contem com o apoio da família para se dedicar exclusivamente aos concursos, eles acumulam menos tempo de estudo e de experiência profissional. Isso pode ser uma desvantagem, sobretudo em cargos mais concorridos, de acordo com Marcela Carvalho, pesquisadora do Observatório de Lideranças da Gestão Pública do Insper e coordenadora da Motriz, organização dedicada à entrega de serviços no Poder Executivo.

O edital do CNU (Concurso Nacional Unificado) estabelece prova de títulos em algumas das carreiras, como de especialista em políticas públicas e gestão governamental, cujo salário inicial é de R$ 20.924. O candidato ganha até três pontos por ter pós-graduação e um ponto por ano de experiência de trabalho. O limite da prova de títulos é de até dez pontos.

Marcela avalia positivamente a estratégia adotada pelo CNU para atrair a nova geração, tanto na divulgação quanto na organização logística. Candidatos entre 15 e 34 são maioria, ou 59%, no certame, o que mostra os resultados positivos do plano.

“A comunicação está para o jovem, tanto visual quanto a linguagem acessível”, afirma. “A facilidade de acesso ao local da prova também, porque falamos de gerações mais novas que, no geral, têm menos poder de compra para investir no deslocamento”.

No caso de Daíse Sousa, técnica ambiental do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), a distância não a impediu de ir do Tocantins, onde cresceu, a Altamira, no Pará, para trabalhar em uma unidade de conservação.

Formada em engenharia ambiental e técnica em gestão do meio ambiente, Daíse sempre quis trabalhar em órgãos públicos da área.

Como jovens têm cada vez menos filhos ou outros dependentes, eles ficam mais dispostos a aceitar posições temporárias ou a trabalhar em lugares mais remotos, segundo especialistas.

“Cheguei a ter receio de vir, porque é bem diferente da minha realidade, mas decidi encarar porque não poderia perder essa oportunidade”, afirma. “Esses órgãos têm muita importância para o país e sempre tive vontade de trabalhar aqui”.

Luany Galdeano/Folhapress

Isaquias Queiroz vence também a C1 1000m na Copa do Mundo da Canoagem Velocidade de Szeged

O brasileiro completou a final em 3min45s84, mais de um segundo à frente do francês Adrien Bart, segundo colocado com 3min47s23. O atleta neutro Zakhar Petrov completou o pódio com 3min47s32. Matheus Nunes dos Santos, outro brasileiro na prova, ficou em sétimo lugar na semifinal com 4min03s52 e não avançou para a disputa de medalhas.

Um dia após vencer a C1 500m (prova que não estará nos Jogos Olímpicos de Paris-2024), Isaquias Queiroz triunfou também na C1 1000m da Copa do Mundo da Canoagem Velocidade de Szeged, na Hungria, neste domingo.

O brasileiro completou a final em 3min45s84, mais de um segundo à frente do francês Adrien Bart, segundo colocado com 3min47s23. O atleta neutro Zakhar Petrov completou o pódio com 3min47s32. Matheus Nunes dos Santos, outro brasileiro na prova, ficou em sétimo lugar na semifinal com 4min03s52 e não avançou para a disputa de medalhas.

Campeão na Olimpíada de Tóquio-2020 no C1 1000m, Isaquias soube controlar seu ritmo para conquistar mais uma medalha de ouro na competição húngara. Nas classificatórias de sábado, ele venceu sua bateria e fez o sexto melhor tempo do dia. Depois, na semifinal, já conseguiu o melhor tempo de todas as baterias para garantir vaga na decisão.

Com mais um ouro, Isaquias Queiroz encerra sua participação na Copa do Mundo de Canoagem Velocidade de Szeged com 100% de aproveitamento. No sábado, ele venceu o C1 500m com o tempo de 1min45s88, baixando a marca em cinco segundos na comparação com as fases anteriores.

O brasileiro encarou dificuldades em sua preparação ao longo da última temporada. Mesmo assim, foi vice-campeão dos Jogos pan-americanos de Santiago-2023 e assegurou uma cota olímpica para o Brasil no Mundial de 2023. A Copa do Mundo foi preparação para a Olimpíada. Ele já havia dito que seria um teste para suas reais chances em Paris, uma espécie de "aquecimento".

Na França, Isaquias Queiroz tem como objetivo se tornar o atleta brasileiro com mais pódios olímpicos. Dono de quatro medalhas (um ouro, duas pratas e um bronze), ele quer conquistar mais duas e superar as cinco dos velejadores Robert Scheidt (duas de ouro, duas de prata e uma de bronze) e Torben Grael (duas de ouro, uma de prata e duas de bronze).

 por Estadao Conteudo

Esporte Canoagem

Rio Grande do Sul tem novos deslizamentos e rios voltam a transbordar; mortes sobem para 143

Dados da Defesa Civil das 9h deste domingo, 12, apontaram mais sete mortes confirmadas, chegando a um total de 143. Autoridades destacam que os balanços são parciais e os números tendem a aumentar.

Com chuva persistente e solo encharcado, o Rio Grande do Sul voltou a registrar novos deslizamentos e a inundação dos rios que tinham recuado na região central e na Serra Gaúcha. O transbordamento do Rio Jacuí, do Rio Caí, do Rio Taquari, do Rio do Sinos e mais corpos d’água traz preocupação para municípios destruídos pelas enchentes recorde e, ainda, colocam Porto Alegre em alerta.

Dados da Defesa Civil das 9h deste domingo, 12, apontaram mais sete mortes confirmadas, chegando a um total de 143. Autoridades destacam que os balanços são parciais e os números tendem a aumentar.
Mais de 2,1 milhões de pessoas foram impactadas pelas enchentes, a chuva extrema e os deslizamentos em 446 dos 497 municípios gaúchos. Ao menos 81,1 mil estão em abrigos e outras 537,3 mil estão desalojadas (na casa de amigos, familiares e conhecidos).

A RGE voltou a emitir um alerta de falta de energia no sábado, 11, nos vales do Taquari, Sinos e do Rio Pardo. A elevação da Lagoa dos Patos nos últimos dias também preocupa na parte sul, em municípios como São Lourenço do Sul, Rio Grande e Pelotas, principalmente porque vão receber as águas que passaram e estão na Grande Porto Alegre. Além disso, há inundação do Rio Uruguai, na fronteira.

Em diversos municípios, Defesa Civil, bombeiros e outras equipes viraram a madrugada no monitoramento dos rios. A situação traz apreensão para o Estado, tanto em municípios nos quais a água baixou, revelando grande destruição, quanto naqueles que ainda estão com enchentes, especialmente na Grande Porto Alegre. Prefeituras têm começado a alertar sobre novas evacuações, além de pedir a moradores que estão fora de casa para não retornar neste momento.

A enchente que ainda atinge a região metropolitana tende a aumentar com a elevação dos rios que desaguam no Lago Guaíba. Na orla central, o Guaíba aumentou 8 cm entre as 17h de sábado e as 5h deste domingo. Em 4,65m às 6h, há a estimativa de que possa voltar a ultrapassar a marca de 5m, como nunca havia ocorrido antes na cidade até a atual enchente. A cota de inundação é de 3m no centro.

A Defesa Civil emitiu uma série de novos alertas na noite de sábado. "As regiões mais críticas no Rio Jacuí são aquelas que foram significativamente afetadas no evento anterior, principalmente no delta das bacias próximas de Eldorado do Sul, Guaíba, região das ilhas, Canoas e Nova Santa Rita, onde se encontram os Rios Sinos e Jacuí, e a zona norte de Porto Alegre", destacou.

À noite, o governador Eduardo Leite (PSDB) voltou a postar uma alerta para as novas elevações. "Por favor, se coloquem em segurança porque ainda estamos vivendo uma situação de emergência no Rio Grande do Sul", destacou. No sábado, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) também emitiu novos alertas.

Entre os novos bloqueios, grande parte são na Serra Gaúcha. Entre eles, estão um trecho da ERS-115 entre Gramado e Taquara, por queda de barreira e pedras, segundo o Comando Rodoviário da Brigada Militar. Outro caso é na ERS-112, em Caxias, cujo trevo de acesso foi bloqueado por queda de barreira.

Também há bloqueios parciais, como na ERS-122. Esses trechos contemplam municípios como São Vendelino, "com grande volume da água sobre a pista". Em Antônio Prado, a interrupção parcial ocorre também por queda de barreira.

Em São Sebastião do Caí, quedas de barreira causaram novos bloqueios em estradas, como o caminho para Pareci Novo, pela ERS-124, e as pontes de acesso para Harmonia. A Prefeitura de Santa Cruz do Sul emitiu um novo alerta diante da elevação rápida do Rio Pardinho.

"Com a grande quantidade de chuva registrada e a que ainda está por vir, o solo encontra-se bastante encharcado, com probabilidade muito alta de deslizamentos", diz comunicado. Em Westfália, também foram registrados novos bloqueios desde o sábado. O município de Três Coroas também registrou novo deslizamento no sábado e tem elevação no Rio Paranhana.

Em Estrela, um dos municípios mais afetados neste desastre ambiental, o Rio Taquari subiu de 13,18m, às 17h, para 20,08 à meia-noite, na última medição. No mesmo período, o rio subiu de 4,85m para 11,81m em Muçum, outra cidade fortemente afetada pelas enchentes, segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

Segundo a Prefeitura de Caxias do Sul, novos deslizamentos e rachaduras nas encostas têm sido identificados no distrito Galópolis. "Mesmo as áreas que não estão no mapa de risco devem ser observadas", destacou em comunicado.

Grande parte do Estado vive uma crise de abastecimento, com falta de água, luz e telefonia. Há baixa nos estoques de alimentos e outros itens essenciais. Hospitais e postos de saúde também foram afetados, assim como sofrem com escassez de medicamentos e insumos.

Além disso, um levantamento preliminar do Estado aponta ao menos 722 abrigos temporários em funcionamento no interior e na região metropolitana.

Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Estado monitoram três barragens com risco de ruptura: PCH Salto Forqueta, em São José do Herval e Putinga, e Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra, e Santa Lúcia, também em Putinga. Ainda há cerca de 11 barragens em estados de alerta e atenção.

O último balanço do Comando Rodoviário da Brigada Militar aponta cerca de 135 bloqueios em rodovias estaduais e federais

Governo federal abre crédito extraordinário de R$ 12 bilhões para ações no Rio Grande do Sul

 O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o crédito extraordinário é um "primeiro passo"

O governo federal publicou MP (medida provisória) que abre crédito extraordinário de R$ 12 bilhões para ações de enfrentamento no Rio Grande do Sul, como a compra de medicamentos e a contratação temporária de profissionais de saúde.

O valor contempla diferentes medidas anunciadas durante a semana, como a importação de arroz, o pagamento de parcelas extras do seguro-desemprego, além de aportes em fundos de crédito, como o Pronampe, para micro e pequenas empresas.

A MP foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União deste sábado (11). Segundo o governo federal, com o montante de R$ 12.179.438.240, o valor disponibilizado ao Rio Grande do Sul desde o início da crise chega a R$ 60 bilhões.

O crédito extraordinário também será usado para a reconstrução de parte da infraestrutura rodoviária, para ações da Defesa Civil e para o pagamento de atendimentos emergenciais da Força Nacional, da PF (Polícia Federal) e da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Neste sábado, o Ministério da Justiça anunciou que a Força Nacional também será empregada na proteção dos abrigos montados para receber as vítimas. A decisão foi tomada após denúncias de abuso sexual contra mulheres e crianças.

Segundo o governo federal, os recursos necessários para a reconstrução do Rio Grande do Sul serão definidos em um segundo momento, com a real estimativa do dano causado pelas enchentes em diferentes municípios do estado.

Em nota divulgada pela Casa Civil, o ministro da pasta, Rui Costa (que coordena a sala de situação montada pelo governo federal para acompanhar a crise do estado), afirmou que o crédito extraordinário é um “primeiro passo”.

“O crédito extraordinário é uma das medidas do governo para não comprometer o orçamento dos ministérios, que já está em execução, e para garantir o atendimento e a retomada do Rio Grande do Sul”, destacou.

“Esse é um dos primeiros passos para fazer com que os recursos cheguem o quanto antes aos governos municipais e estadual, mas também para as pessoas, para o comércio, para as empresas”, continuou o ministro na publicação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promete anunciar novas ações na terça-feira (14). A ideia do governo federal é patrocinar medidas direcionadas às famílias atingidas pelas enchentes, para além das antecipações de benefícios a que elas já teriam direito.

Na sexta (10), o Executivo autorizou a importação de até um milhão de toneladas de arroz. Apesar de a maior parte da produção gaúcha já ter sido colhida, o governo teme que dificuldades logísticas e destruição de grãos armazenados provoque aumento nos preços.

Thaísa Oliveira/Folhapress

Motociclista fica ferido em acidente na BA-650, entre Ipiaú e Ibirataia

Um motociclista identificado pelo prenome de Erisvaldo ficou ferido em um acidente na BA-650, trecho entre Ipiaú e Ibirataia, por volta das 08h deste domingo (12). Ele teria perdido o controle da direção do veículo após uma curva e colidindo em um carro.
O motociclista sofreu lesões na região do fêmur e quadril. Ele também apresentava sangramento pelo nariz. O SAMU prestou os primeiros socorros e encaminhou a vítima  para uma unidade hospitalar, possivelmente o Hospital Geral Prado Valadares, em Jequié. A Polícia Militar registrou a ocorrência e organizou o trânsito no local durante o atendimento médico da equipe do SAMU. (Giro Ipiaú)

Rio Grande do Sul tem chance muito alta de novas inundações neste domingo

Quase todo o Rio Grande do Sul está sob possibilidade muito alta de novas inundações e/ou enxurradas
Quase todo o Rio Grande do Sul está sob possibilidade muito alta de novas inundações e/ou enxurradas —ocorrências hidrológicas—, neste domingo (12), de acordo com boletim do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

Dentro dessa área de risco está a região metropolitana de Porto Alegre e as regiões Noroeste, Centro-Ocidental, Nordeste, Sudeste e Sudoeste. O risco é derivado da previsão de mais chuvas, a permanência das inundações no estado, além dos acumulados de chuva dos últimos dias e das condições de saturação do solo, aponta o Cemaden.

Somente a região Centro Ocidental do estado escapa da classificação “muito alta”, mas, ainda assim, encontra-se sob possibilidade alta de ocorrências hidrológicas.

O Sul Catarinense, na área litorânea, também se encontra sob possibilidade alta.

O Cemaden também aponta uma probabilidade alta de deslizamentos –movimentos de massa– nas regiões Nordeste e Centro-Oridental do Rio Grande do Sul e na região metropolitana de Porto Alegre

Segundo o centro, “há possibilidade de deslizamentos de terra esparsos, especialmente ‘quedas de barreira’ à margem de estradas e rodovias e reativação dos deslizamentos já registrados”.

Por fim, há probabilidade moderada de deslizamentos na regiões Centro-Ocidental e Noroeste do estado e também no Sul Catarinense.

Folhapress

Lira vai consultar colégio de líderes sobre urgência para votar projeto que barra aborto legal

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu à bancada evangélica que consultará o colégio de líderes, em breve, sobre a votação do pedido de urgência do projeto que estabelece o Estatuto do Nascituro. O texto proíbe o aborto no País até mesmo nos casos hoje legalizados. Manifestações pró-aborto também são consideradas crimes na proposta e podem gerar detenção de 6 meses a 1 (um) ano, além de aplicação de multa.

Com 207 deputados, a Frente Parlamentar Evangélica é poderosa na Câmara e apoiou Lira em suas duas candidaturas à presidência da Casa. Até agora, porém, não definiu seu candidato à sucessão do deputado alagoano, e tem cobrado dele o apoio às pautas conservadoras.

O Estatuto do Nascituro foi apresentado na Câmara em 2007 pelo ex-deputado Luiz Bassuma, à época filiado ao PT. Em agosto do ano passado, 300 deputados assinaram um pedido de urgência para a tramitação do texto, em reação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A Corte havia pautado o julgamento sobre a descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação, mas suspendeu a análise após um pedido de destaque do ministro Luís Roberto Barroso. A solicitação tira a análise do caso do plenário virtual e leva à votação presencial.

Atualmente, existem apenas três situações nas quais é permitido interromper a gravidez no Brasil: casos de estupro, fetos anencéfalos e quando há risco de morte da mãe durante a gestação ou nascimento. Uma possível aprovação do Estatuto do Nascituro faria com que essas três situações fossem revogadas.

Lira dá andamento a outras demandas da bancada evangélica a PEC da criminalização do porte de drogas

Lira recebeu a bancada evangélica na semana passada, na residência oficial da Câmara. De acordo com relatos feitos à reportagem, ele também se comprometeu a instaurar a comissão especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que criminaliza o porte e a posse de drogas tão logo o texto seja aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. O projeto recebeu sinal verde no Senado e tem o deputado bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP) como relator na Câmara.

Augusto Tenório/Estadão

Quem era Amália Barros, deputada amiga de Michelle Bolsonaro, que morreu aos 39 anos

Eleita deputada federal por Mato Grosso com 70.294 votos, em 2022, Amália Barros (PL) morreu na madrugada deste domingo, 12, aos 39 anos. Formada em jornalismo, atuou como produtora de televisão no Grupo Bandeirantes de Comunicação. Aos 20 anos, perdeu a visão do olho esquerdo por conta de uma infecção (toxoplasmose) e, depois de passar por 15 cirurgias, teve que removê-lo e optou pelo uso de uma prótese ocular. A experiência a conduziria para a política nos anos seguintes.

A parlamentar, que também atuava como vice-presidente do PL Mulher, era amiga e uma das aliadas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Amália se dedicou à aprovação da Lei. 14.126/2021, que classificou a visão monocular como deficiência sensorial. Em 2021, ela também fundou o Instituto Amália Barros, renomeado mais tarde como Instituto Nacional da Pessoa com Visão Monocular, que fornece próteses oculares e assistência social aos monoculares.

No ano passado, Amália ficou conhecida nacionalmente após Michelle pedir para que ela retirasse sua prótese ocular antes de discursar durante evento do PL Mulher em João Pessoa (Paraíba). Após a parlamentar retirar a prótese, a ex-primeira-dama guardou o objeto no bolso.

“Ela vai contar agora pra vocês o porquê de ela ser uma mulher que faz acontecer. Mas eu quero você sem prótese. Eu amo vê-la sem prótese, gente. Eu sei que o seu trabalho é esse, amiga. Deixa eu segurar seu olho”, disse Michelle à época.

A ex-primeira-dama foi criticada nas redes sociais pelo episódio, porém a própria Amália saiu em sua defesa na época, afirmando que não se sentiu constrangida com o pedido. “A minha relação com a Michelle é uma relação de amizade, de intimidade. Tirar a minha prótese nunca vai me constranger”, afirmou.

Amália nasceu em 22 de março de 1985, em Mogi Mirim, a 170 quilômetros da capital paulista. Filha de Maria Helena e Albino, Amália era a caçula da família, com apenas um irmão seis anos mais velho, o João Manoel. Em seu livro, Se Enxerga (2021), a deputada conta que durante a infância e adolescência foi “uma menina que as pessoas chamam de mimada”.

“Estudei nos melhores colégios da minha região, tinha as roupas da moda, aos 18 anos ganhei um carro, viajei para fora do país algumas vezes. Tudo ia muito bem e eu tinha uma vida sem grandes problemas ou frustrações. Era feliz, era! mas não era completa”, relatou no capítulo de introdução da obra.

O livro segue com Amália narrando o diagnóstico de uveíte, que a levou a perder a visão do olho esquerdo, o deslocamento de retina, que a levou à mesa de cirurgia uma dezena de vezes, o quadro de hepatite medicamentosa, que surgiu por conta do tratamento médico, um relacionamento abusivo, entre outros percalços.

Amália usou seu drama de vida como fio condutor de uma obra que, ao longo de 42 capítulos, busca ajudar o leitor em seu próprio desenvolvimento pessoal. “Hoje, sem um rim, sem um olho, mesmo cheia de ‘peças faltando’ em meu corpo, sou uma pessoa completa”, escreveu.

Na Câmara dos Deputados, a parlamentar é autora de um projeto de lei complementar, oito propostas de emenda à Constituição e 14 projetos de lei. Dois de seus projetos foram aprovados no ano passado e estão aguardando avaliação no Senado. Um trata da oferta de profissionais especializados para alunos com deficiências nas escolas, enquanto o outro estabelece o dia 23 de abril como o Dia Nacional de Conscientização da Fibrodisplasia Ossificante Progressiva (FOP).

Zeca Ferreira/Estadão

Tragédia do RS gera maior evacuação de casas no Brasil em três décadas

A tragédia socioclimática que atinge o Rio Grande do Sul é a pior do país considerando o número de pessoas que precisaram deixar suas casas.

Análise do jornal Folha de S. Paulo agrupou todos os desastres relacionados à chuva, inundações, seca, vendavais e outros eventos naturais por estação do ano desde 1991, início da série histórica do governo federal.

O Estado gaúcho contabilizou 339.928 mil desalojados na sexta-feira (10), o maior número já registrado no país, de acordo com o Atlas Digital de Desastres no Brasil, que tem dados consolidados até 2022, e informações preliminares do Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres (S2iD) para 2023. Ambas as bases são do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

Os registros foram agregados por estado e o recorte por estação foi escolhido pois os eventos climáticos costumam se estender por municípios próximos ao longo de dias de meses diferentes.

Além disso, os dados da pasta, notificados pela Defesa Civil dos estados, consolidam os danos causados na data de início da tragédia no município, sem estipular a data de término da mesma.

Desalojados são as pessoas que precisam deixar suas casas, mas não precisaram recorrer a abrigos públicos, caso dos desabrigados. Nas duas definições, a inundação no Rio Grande do Sul atinge marcas históricas.

Até então, o maior número de desalojamentos havia sido verificado em Santa Catarina, no inverno de 2011, com 219 mil pessoas, por causa das fortes chuvas que atingiram o estado. Os municípios mais atingidos foram Blumenau e Itajaí, com 135 mil pessoas que deixaram suas casas.

Em terceiro lugar, aparecem municípios do Maranhão, em outono de 2009, com 163.112 desalojados afetados por enchentes, especialmente nas cidades de Bacabal, Pedreiras e Trizidela do Vale.

O Estado enfrenta fortes chuvas desde fevereiro. Na quinta-feira (9), 30 municípios maranhenses decretaram situação de emergência, os desalojados eram 2.909 e desabrigados 1.031.

Os dados da série histórica mostram que 7,79 milhões de pessoas ficaram desalojadas e mais de 2,1 milhões desabrigadas no Brasil por conta de tragédias nas últimas três décadas.

No Rio Grande do Sul, 71.409 mil pessoas precisaram recorrer a abrigos. É o pior quadro na análise por estações do ano na série histórica, ultrapassando o Amazonas, que contou 69.526 desabrigados no outono de 2013 devido ao período de cheias no sistema Negro, Solimões e Amazonas. Na época, foram 198 dias de enchentes, segundo relatório do Serviço Geológico do Brasil.

Antes da catástrofe atual, as maiores evacuações no Rio Grande do Sul também foram causadas, em sua maioria, por fenômenos hidrológicos, como chuvas, enchentes e inundações.

Em termos de desalojados, o pior registro no estado havia ocorrido na primavera de 2009, com 81 mil pessoas, após a passagem de um ciclone extratropical. Os municípios de Tramandaí e Rolante somaram 17 mil desalojados.

O maior número de desabrigados até então havia sido identificado no outono de 2011, com mais de 15 mil pessoas. A maior parte foi no município de São Lourenço do Sul, no dia 10 de março, em uma das maiores enchentes vistas no local.

Em 2023, os números altos de desabrigados e desalojados permearam por três estações por conta das enchentes nos rios Uruguai, Taquari e no lago Guaíba.

Na primavera, pior estação naquele ano, foram mais de 65 mil desalojados e 8.600 desabrigados. Os municípios de Eldorado do Sul e Taquara foram os mais atingidos pelas cheias entre novembro e dezembro, com 8.500 pessoas sem abrigo.

Durante o outono, quase 55 mil pessoas foram desalojadas e 3.000 desabrigadas durante as cheias. São Leopoldo e Taquara tiveram as ruas invadidas com o transbordamento do Rio dos Sinos, que deixou 34 mil desalojados.

No inverno, 33 mil pessoas também ficaram sem alojamento e 7.000 foram obrigados a procurar abrigo. Enchentes no rio Taquari obrigaram 11 mil pessoas a deixar suas casas nos municípios de Arroio do Meio e Lajeado.

O padrão de chuva difere de acordo com a região do país. No Sudeste, o maior volume de precipitações ocorre no verão, enquanto no Nordeste, se concentra no outono e no inverno. Já no Sul, ocorre com maior frequência na primavera e no outono, as chamadas de estações de transição, explica o climatologista José Marengo, meteorologista e coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

“As mudanças climáticas estão mais claras nas estações de transição. Você vê chuvas intensas na primavera que você esperaria no verão, como também dias muito frios em maio, quando você esperaria em junho ou julho. A sazonalidade do clima continua, mas a intensidade dentro das sazonalidades está mudando”, diz.

Segundo Marengo, é preciso se preparar para o enfrentamento dos desastres diante da tendência de aumento de episódios de chuvas extremas, decorrentes do aquecimento global.

“Aqueles comportamentos no lago Guaíba eram dos anos 1970, só que a chuva aumentou em volume. Isso significa que as estruturas hidráulicas têm de ser repensadas e melhoradas, é preciso ter uma transformação das cidades. Uma tragédia desse porte é muito difícil de ver no Brasil, mas aconteceu e pode voltar a acontecer novamente”.

O Rio Grande do Sul não conhecia uma cheia tão forte desde 1941. Desde então, a população cresceu muito e também ocupou áreas de risco e mais propensas a inundações. Os investimentos em contenção não acompanharam esses movimentos. Além disso, a geografia do estado ajuda a propiciar cheias intensas em áreas planas e serranas, com solo de baixa capacidade de armazenamento.

“Nossa grande referência é a cheia de 1941, que levou 32 dias para descer abaixo da cota de inundação do Guaíba, que é de 3 metros. Isso significa que não podemos esperar baixar o rio para reestabelecer coisas básicas à população, tem que ser antes”, diz Rodrigo Paiva, do Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Em estudo, Paiva detectou que a sensibilidade dos extremos geográficos às mudanças climáticas pode variar e, no caso do Sul, favorecer ainda mais as cheias.

Outra análise feita por cientistas de diferentes nacionalidades vinculados à iniciativa ClimaMeter comparou como eram os sistemas de baixa pressão na região semelhantes aos que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana no final do século 20 (de 1979 a 2001) e como estão nas últimas décadas (de 2002 a 2023).

Eles afirmam que a chuvas de 30 de abril a 2 de maio no Estado se tornaram mais intensas do que as do final do século 20 principalmente por causa do aquecimento global.

Géssica Brandino/Vitor Antonio/Paula Soprana/Folhapress

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