Haddad foi excluído do debate sobre demissão de Prates em operação montada por Rui

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) não estava entre os participantes da reunião em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu um desfecho para a intensa fritura a que o então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, vinha sendo submetido havia mais de três meses.

Segundo aliados de Lula, o chefe da Fazenda também não participou do processo que culminou com a demissão de Prates.

Visto como um aliado de Haddad no Palácio do Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também não acompanhou a tomada final de decisão.

Na avaliação de um integrante da equipe econômica, toda a operação foi montada “na surdina”, na Casa Civil, para que Haddad não interviesse em favor da permanência de Prates, como já fizera em abril.

Prates foi demitido diante de seus dois desafetos, os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), e definiu a participação dos dois na conversa como “presença regozijada”.

No momento da reunião, Haddad tinha acabado de deixar o Palácio do Planalto e estava reunido com secretários no Ministério da Fazenda, enquanto Lula demitia o presidente da Petrobras.

A exclusão de Haddad foi interpretada por agentes políticos e econômicos como uma demonstração de força de Rui Costa, rival do titular da Fazenda na Esplanada dos Ministérios.

No dia seguinte à exoneração, Haddad silenciou sobre as circunstâncias em que Prates foi demitido. Em abril, o ministro da Fazenda defendeu a manutenção de Prates, sob o argumento de não haver motivação técnica para a substituição.

À época, Lula foi aconselhado a não tomar decisões no auge da crise, até porque Silveira havia feito críticas a Prates em entrevista à Folha.

Uma demissão de Prates logo após a entrevista poderia ser considerada um incentivo à autofagia na equipe, o que um conselheiro de Lula chamou de dar legitimidade à prática nefasta dentro do governo.

A sobrevida concedida a Prates foi creditada a Haddad. O papel do ministro da Fazenda chegou a ser visto como um sinal de fortalecimento sobre Rui Costa e Silveira, embora Lula continuasse insatisfeito com o desempenho do então presidente da Petrobras, como mostrou reportagem da Folha.

Consultado à época, Haddad também defendeu a distribuição de dividendos da Petrobras, posição que havia sido assumida por Prates e era um dos motivos da crise entre ele e Silveira.

O argumento de Haddad foi que parte da verba dos dividendos engordaria o caixa da União e aliviaria a situação financeira do governo federal.

Na avaliação de aliados de Haddad, o ministro não foi, novamente, chamado a opinar sobre o futuro de Prates porque a decisão do Lula já estava tomada. Embora Lula tenha sido convencido sobre a distribuição de dividendos extraordinários, o presidente tinha manifestado a disposição de demitir Prates por quebra de confiança.

Apesar de reconhecerem o poder do ministro da Casa Civil, aliados de Haddad no governo ressaltam que o episódio não abalou o prestígio do ministro junto ao presidente. O problema, frisam, é com Prates.

Ainda assim, auxiliares de Haddad admitem que a troca tem reflexo na economia porque piora a visão dos investidores sobre o governo, aumentando o azedume do mercado financeiro com a condução da companhia.

Esse processo mina a credibilidade da política econômica e a garantia dada pela equipe econômica de que não haveria intervenção política na Petrobras.

Durante o imbróglio dos dividendos, Lula chegou a cancelar uma reunião em que ouviria os argumentos de Haddad em defesa de Prates. Naquele 7 de abril, um domingo, Haddad ficou de sobreaviso à espera de uma convocação de Lula.

Chamado, o ministro da Fazenda antecipou seu voo para Brasília a fim de se reunir com o presidente. A informação de que Haddad se reuniria com Lula veio a público e, contrariado com o vazamento, Lula cancelou a conversa.

Um aliado de Lula esclarece, porém, que o presidente decidiu adiar a reunião com Haddad por, ainda naquele dia, estar decidido a demitir Prates.

Em março, quando o conselho da Petrobras decidiu reter os dividendos extraordinários da estatal, Haddad se alinhou a Prates, na defesa da destinação de parte do dinheiro aos acionistas da Petrobras, o que inclui a União.

Esse alinhamento tático foi entendido no governo como um apoio irrestrito a Prates.

Haddad, no entanto, condenava em conversas atitudes do ex-presidente da Petrobras, como levar o debate às redes sociais ou avisar a interlocutores que interpelaria Lula sobre a entrevista que Silveira havia concedido à Folha.

No governo, essa espécie de ultimato ao presidente foi recebida como uma afronta. E Prates não foi chamado para essa conversa com Lula.

Na terça-feira (15), Prates levou a Lula planos para Petrobras. Acabou demitido diante do testemunho de seus críticos.

Catia Seabra e Adriana Fernandes/Folhapress

Governo Lula libera recorde de R$ 7,5 bi em emendas e anuncia mais R$ 480 mi para o RS

O governo Lula (PT) autorizou nesta quarta-feira (15) o maior pagamento de emendas parlamentares do ano, totalizando R$ 7,5 bilhões.

A liberação acontece em cumprimento ao calendário de pagamento de emendas que havia sido acordado com o Congresso Nacional. Essa era uma exigência dos parlamentares, que esperam aplicar os montantes a tempo para as eleições municipais de outubro.

O pagamento das emendas foi anunciado pela SRI (Secretaria de Relações Institucionais), comandada por Alexandre Padilha. O montante de R$ 7,5 bilhões é referente a todo o volume que estaria apto para pagamentos pelos ministérios, a partir de um levantamento da pasta.

Os valores serão destinados para ações de 25 ministérios, com destaque para a Saúde e o Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Os pagamentos começam nesta sexta-feira (17), segundo a SRI, e seguem até o final da semana que vem.

Na semana passada, o governo conseguiu uma vitória no Congresso Nacional ao costurar acordos com parlamentares e evitar a derrubada de vetos presidenciais em temas prioritários para o Executivo.

Dentre eles estava justamente o calendário para pagamento de emendas, um dos dispositivos vetados por Lula na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).

O governo busca manter o veto oficialmente, porque há a avaliação de que a sua derrubada iria ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. No entanto, fechou informalmente o acordo com os parlamentares para o pagamento das emendas impositivas, para que fossem pagas até 30 de junho, limite das vedações eleitorais.

Um dos pontos do acordo fechado na semana passada previa o compromisso com o novo calendário para a liberação de emendas.

EMENDAS PARA O RIO GRANDE DO SUL

O governo também autorizou um calendário de antecipação das chamadas “emendas Pix”, destinando R$ 480 milhões para o Rio Grande do Sul. O estado vem sendo atingido há mais de duas semanas por uma calamidade climática, que já deixou 151 mortos.

Essas emendas são transferidas diretamente para os caixas dos municípios, que agora terão até esta sexta para aceitar as indicações de emendas no sistema.

As prefeituras, segundo a Secretaria de Relações Institucionais, começam a receber os pagamentos a partir de junho.

Segundo balanço do ministério, foram pagos até o momento R$ 630 milhões em emendas parlamentares voltadas a ações em apoio à população atingida pelas inundações.

Renato Machado/Folhapress

‘A gente está atrasado há décadas’, diz senador ao defender castração química

O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) disse que a legislação brasileira é falha em relação à castração química de criminosos sexuais. “A gente está atrasado há décadas em relação a legislações como essa”, disse.

Valentim é autor do projeto de lei que propõe a castração química voluntária de reincidentes em crimes sexuais, que seria votado na quinta-feira (15) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) do Senado. A votação foi adiada para a semana que vem pois o senador Weverton Rocha (PDT-MA) pediu vistas do processo para fazer revisões às penalidades previstas no projeto.

“Não sei porque tem tanta resistência por parte de um partido, de uma ideologia que não quer ver a coisa acontecer no nosso país”, diz. “Semana que vem tenho certeza que vai caminhar para a Câmara”.

Mariana Brasil/Folhapress

Ministério da Saúde faz alerta para aumento de casos de febre oropouche

Em boletim emitido com dados de até quarta-feira (15), o Ministério da Saúde apontou aumento nos casos de febre oropouche pelo Brasil. No total, foram registrados 5.102 casos desde o início do ano, destes, 2.947 estão no Amazonas, enquanto 1.528, em Rondônia.

Outros casos confirmados e em investigação foram contabilizados em estados como Acre, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima e Santa Catarina.

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel informou que essa difusão da febre oropouche para outros estados brasileiros acontece há algumas semanas. “Não temos só aquele concentração na região norte, como aconteceu no primeiro momento. Acreditamos que ficaria concentrado, mas houve um espalhamento”, diz.

A febre oropouche acomete, geralmente, pessoas com idades entre 20 e 29 anos, seguida por faixas etárias de 30 a 39, 40 a 49 e 10 e 19 anos.

Para controle, a secretária afirma que foi feita uma construção das orientações para observação clínica da doença. “Não tínhamos um manual ou protocolo para febre oropouche”, diz.

O Ministério da Saúde afirmou ainda ter distribuído testes para diagnóstico para os Lacens (Laboratórios Centrais de Saúde Pública). O único teste capaz de diagnosticar a doença é o RT-PCR, desenvolvido pela Fiocruz Amazonas. A coleta acontece por sangue.

A febre oropouche é transmitida pela picada do Culicoides paraensisI, também conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, que tem um ciclo silvestre e urbano, e é detectada no Brasil desde a década de 60.

Os sintomas da doença são semelhantes ao da dengue. Os pacientes contaminados frequentemente relatam temperatura acima dos 38ºC, dor de cabeça, muscular e articular, podendo apresentar também quadros de náuseas, vômitos e tontura por um período de dois a sete dias.

Tais sinais, no entanto, se diferem do contágio da dengue porque, no caso da febre oropouche, o paciente não evolui para um quadro grave de dores abdominais e hemorragias após alguns dias desde o início dos sintomas —como pode acontecer em casos de dengue grave.

Os sintomas da febre oropouche também podem ser bifásicos para 60% dos contaminados, ou seja, podem ter febre e dores por alguns dias e, após uma semana e o desaparecimento, retornarem os mesmos sinais, até sumirem completamente.

Não há registros de mortes por febre oropouche até o momento, porém, em alguns casos, pode haver comprometimento do sistema nervoso central em pacientes imunocomprometidos, podendo resultar em meningite asséptica e meningoencefalite.

É mais comum apresentarem sintomas da doença se o paciente tiver viajado para a região amazônica. Nestes casos, o recomendado é procurar uma unidade de saúde para a avaliação clínico-laboratorial.

Folhapress

Operação ‘Sub Lege’ prende três policiais militares investigados por execução

Três policiais militares foram presos na manhã desta quinta-feira, dia 16, durante a deflagração da operação ‘Sub Lege’ nos municípios baianos de Jacobina e Pindobaçu. Foram cumpridos três mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão nas residências dos PMs e na sede do 5º Pelotão de Pindobaçu. Os policiais são investigados pelo homicídio de Robson da Silva Santos, ocorrido no último dia 7 de abril. Foram apreendidas armas (pistolas, revólver e espingarda), carregadores de pistola, cartuchos e porções de maconha.
A operação foi deflagrada pelo Ministério Público estadual, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas do Norte (Gaeco Norte); da Secretaria de Segurança Pública (SSP), por meio do Departamento do Interior (Depin) da Polícia Civil e da Força Correicional Especial Integrada (Force); e da Corregedoria-Geral da Polícia Militar (Correg). Atuaram pelo Depin as equipes das Coordenações de Apoio Técnico às Investigações (Catis) Nordeste, Norte, Centro-Norte e Chapada.
Segundo as investigações,  Robson foi assassinado a tiros de armas de fogo em Pindobaçu, após ser retirado debaixo de uma cama, sem oferecer resistência. O crime teria características de execução sumária, inclusive com emprego de tortura. Ainda conforme as investigações, com base na análise do local do crime, do relatório médico e do laudo de necropsia, a vítima já estava sem sinais vitais ao ser levada ao hospital e apresentava múltiplas lesões compatíveis com ação violenta e disparos a curta distância. As apurações contrariam a versão dos policiais, um capitão e dois soldados, de que a vítima teria resistido à ação policial, o que justificou o uso de força. Os PMs também são investigados por fraude processual.

Os mandados de prisão e busca foram expedidos pela Vara Criminal da Comarca de Pindobaçu. Todo o material apreendido será submetido a conferência e análise pela Polícia Civil e, posteriormente, encaminhado aos órgãos competentes para adoção das medidas cabíveis. Já os investigados serão encaminhados para a Coordenação de Custódia Provisória, sediada no Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas, e para o 12° Batalhão, em Camaçari.

4 em cada 10 municípios do RS foram atingidos por enxurradas bruscas em 4 anos

Do total de 497 municípios do Rio Grande do Sul, 207 (ou 41,6%) registraram enxurradas ou inundações consideradas bruscas no período de quatro anos encerrado em 2020. Isso significa que 4 em cada 10 cidades gaúchas foram atingidas por fenômenos do tipo à época, apontam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Enchentes voltaram a castigar o Rio Grande do Sul na virada de abril para maio de 2024, deixando um rastro de mortes e destruição. O contexto atual ganhou proporções históricas em razão do nível dos estragos. As fortes chuvas inundaram tanto Porto Alegre como os vales dos rios Caí e Taquari.

Esses dados do IBGE integram a Munic (Pesquisa de Informações Básicas Municipais) 2020, divulgada em 2021 —trata-se da versão mais recente da pesquisa com informações sobre ocorrências de desastres naturais.

Os números sinalizam que episódios como enxurradas não são novidade em estados como o Rio Grande do Sul. O que chama atenção em 2024 é a magnitude dos impactos.

No país, 1.712 municípios registraram enxurradas ou inundações bruscas no período de quatro anos até 2020, segundo a pesquisa do IBGE. Isso significa que 30,7% do total de 5.570 cidades brasileiras amargaram eventos do tipo à época. É um percentual inferior ao verificado no Rio Grande do Sul em igual intervalo (41,6%).

A porcentagem gaúcha foi a sexta maior entre os estados em 2020. O Rio de Janeiro reuniu o maior percentual de municípios com enxurradas ou inundações bruscas à época (64,1%), seguido por Espírito Santo (57,7%). Santa Catarina (55,3%), Mato Grosso do Sul (43%) e Pará (42,4%) vieram na sequência –todos acima do Rio Grande do Sul. Em termos proporcionais, o estado com menos municípios afetados foi o Amapá (6,3%).

De acordo com os critérios da pesquisa do IBGE, as enxurradas ou inundações bruscas são provocadas por chuvas intensas e concentradas. Isso faz os canais naturais de drenagem transbordarem de forma rápida e imprevisível, com danos materiais e humanos mais intensos do que nas enchentes ou inundações graduais.

Normalmente, os fenômenos bruscos ocorrem em bacias de médio ou pequeno portes e são intensificadas por relevos acentuados, aponta o levantamento.

Segundo a Munic 2020, 462 municípios do Sul registraram enxurradas ou inundações bruscas no período dos últimos quatro anos de análise, o equivalente a 38,8% do total na região (1.191). Trata-se do maior percentual de cidades afetadas entre as regiões do país.

Ao somar 207 municípios com enxurradas ou inundações bruscas na Munic 2020, o Rio Grande do Sul mostrou uma redução frente à edição anterior da pesquisa, de 2017. À época, o número de cidades afetadas no estado havia sido de 269 (mais da metade).

No país, a situação foi inversa. O número de cidades brasileiras atingidas por enxurradas ou inundações bruscas foi maior na Munic 2020 (1.712) do que na edição de 2017 (1.590).

A pesquisa do IBGE ainda traz, por exemplo, informações sobre instrumentos de gestão de riscos de desastres decorrentes de enchentes, enxurradas ou inundações (graduais ou bruscas). Entre essas medidas estão mapeamento de áreas de risco, programas habitacionais, mecanismos de controle e fiscalização, plano de contingência, projetos de engenharia, sistemas de alertas e cadastro de riscos.

Em 2020, 140 municípios gaúchos não contavam com nenhuma medida do tipo, o equivalente a 28,2% do total (497). No Brasil, 2.450 indicaram não ter essas ações, ou 44% do total (5.570). Não havia informações disponíveis para 109 cidades no país.

Leonardo Vieceli/Folhapress

Prates deverá presidir Confederação Nacional de Energia

O ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (PT-RN), pretende criar –e presidir– a Confederação Nacional de Energia (CNE), entidade que atuará na defesa dos interesses do setor elétrico.

Segundo relatos, Prates quer replicar, na iniciativa privada, o modelo de confederações como a CNI (indústria), a CNC (comércio) e a CNT (transportes).

A ideia da CNE foi apresentada a parlamentares, alguns ligados à Frente Parlamentar de Energia, criada por Prates quando foi senador pelo PT.

Vencida sua quarentena, o ex-presidente da Petrobras cogita ainda retomar sua consultoria, atuando em projetos de energia eólica offshore, especialmente para grupos estrangeiros.

Prates foi demitido por Lula nesta semana após um intenso processo de fritura. Na reunião com o presidente estavam Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, e Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, ambos desafetos do executivo.

A indicada para assumir o comando da petroleira foi Magda Chambriard, que presidiu a ANP (Agência Nacional do Petróleo) no governo Dilma Rousseff.

Consultado, Prates disse apenas que não dá para tomar decisões em 24 horas e que ainda precisa consultar pessoas de confiança para traçar seu futuro.

Julio Wiziack/Folhapress

MST conta 290 famílias desabrigadas, 95 bois mortos e prejuízo milionário no Sul

Em novo levantamento realizado nos assentamentos da reforma agrária no Rio Grande do Sul após as chuvas, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) contabilizou 290 famílias desabrigadas e 95 bovinos mortos pelas chuvas, além de perdas produtivas e financeiras consideradas sem precedentes.

O MST tem seis assentamentos nos municípios de Viamão, Nova Santa Rita, Tapes e Eldorado do Sul.

Das 200 famílias de assentados envolvidas na produção de hortaliças e frutas na região metropolitana, 170 perderam toda a produção em uma área de 250 hectares. O MST calcula prejuízo de R$ 35 milhões, considerando os 12 produtos principais.

Na pecuária leiteira, as perdas devem ser de quase R$ 3 milhões, considerando danos a galpões, pastagens, maquinários, além de leite não entregue e morte de animais.

Nas lavouras de arroz, as chuvas danificaram as plantações em 2.358 hectares, dedicados tanto à produção agroecológica como à convencional, além de uma área de transição. Na área de 2.800 hectares de arroz agroecológico plantado em 2024, 755 hectares de produção se perderam.

Ao todo, o prejuízo na rizicultura atinge R$ 10 milhões, sem contar adiantamentos de insumos feitos a produtores de arroz (R$ 7,8 milhões) e empréstimos bancários (R$ 6,7 milhões) com os quais os sem-terra terão que lidar no período de reconstrução. A Cootap (cooperativa dos trabalhadores assentados do RS) tem contratos financeiros de R$ 11,6 milhões com previsão de vencimento ainda em 2024.

Dionéia Soares Ribeiro, agricultora de arroz orgânico, coordenadora de insumos do MST no Rio Grande do Sul e diretora da Cootap, salienta que o estado sofre com a terceira enchente seguida e que o efeito acumulado sobre a produção é de devastação praticamente total.

“Foi perdido quase tudo. Como sofremos com as enchentes passadas, já plantamos fora de época e já teríamos uma colheita menor, porque aí o clima não ajuda. O mês de plantar arroz é outubro, novembro, e nós plantamos quase tudo em dezembro e janeiro”, afirma.

Ela diz que os assentados ainda não sabem como está o arroz já colhido e que está armazenado em silos. Devido à falta de energia elétrica, os motores desses espaços desligaram e os grãos ficaram sem ventilação. Caso tenham estragado, o prejuízo será ainda maior.

Das 290 famílias desabrigadas, 38 retornaram para seus lotes. Dionéia afirma que o MST conseguiu comprar um barco com recursos de doações que têm sido feitas e, com isso, os assentados têm navegado até os locais onde estão suas casas e verificado os danos causados —muitas vezes irreversíveis, especialmente nas casas de madeira.

Parte dessas famílias têm sido acolhidas por clientes da produção agroecológica, diz a coordenadora, e o MST não registrou mortes de assentados.

Para além do atendimento de primeira hora aos atingidos com alimentação e abrigo, Dionéia propõe um debate com o governo federal sobre o posterior reassentamento dos atingidos em áreas que não sejam de risco.

“Em Eldorado do Sul, eles ficam na beira do rio Jacuí. Praticamente todas as nossas áreas de arroz orgânico são em beira de rios que vêm do norte do estado. A produção de arroz agroecológico está em risco, já que os especialistas dizem que as chuvas serão cada vez mais severas”, conclui.

Guilherme Seto/Folhapress

Nível do Guaíba fica abaixo dos 5 metros pela 1ª vez desde segunda-feira

O nível do lago Guaíba, em Porto Alegre (RS), ficou abaixo dos 5 metros pela primeira vez desde segunda-feira (13), de acordo com medição realizada no início da manhã desta quinta-feira (16). O nível chegou a 4,99 às 6h15, no cais Mauá.

Segundo o IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o nível do lago deve diminuir lentamente nos próximos dias, ficando acima dos 4 metros durante a semana.

O pico até o momento foi registrado há uma semana, quando o lago subiu para a faixa de 5,3 metros.

Segundo o Painel Informativo da Prefeitura de Porto Alegre, os eventos climáticos de maio deste ano no Rio Grande do Sul superaram qualquer registro histórico e impactaram milhões de pessoas.

Em Porto Alegre, 157.701 pessoas foram atingidas pela enchente histórica do Guaíba. Os bairros mais afetados foram Sarandi, Menino Deus, Farrapos, Humaitá, Cidade Baixa, Floresta, Ponta Grossa, Centro Histórico, São Geraldo e Lami.

O número de empresas atingidas também é alto: 45.970, sendo 29.048 na área de serviços, 11.320 no comércio, 5.496 na indústria e 106 em outras áreas.

Na área da educação, a inundação afetou 160 escolas: 16 municipais, 44 estaduais e 100 particulares. Na saúde, 31 locais foram prejudicados: 22 unidades de saúde, dois hospitais, três farmácias populares e quatro clínicas da família.

A enchente causou impactos também em equipamentos públicos como praças (186), parques e largos (12) e vias públicas (1.081).

Nesta quarta-feira (15), o Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgoto) conseguiu retomar a operação da estação de água Moinhos de Vento. O sistema estava fora de operação desde o dia 4.

A estação capta água do Guaíba e abastece 150 mil pessoas, além de sete hospitais.

Também nesta quarta foi concluído o corredor humanitário, um acesso alternativo a Porto Alegre para facilitar abastecimento de serviços essenciais como oxigênio, água, alimentos e equipamentos de emergência.

Uma passarela da estação rodoviária foi demolida para a construção do corredor.

“Estamos concluindo a ampliação do corredor humanitário para viabilizar o tráfego, permitindo o trânsito nos dois sentidos, diminuindo o tempo de espera”, disse o secretário de Serviços Urbanos, Assis Arrojo.

Cristina Camargo/Folhapress

Três homens são presos por tráfico de drogas em Cosme de Farias

Policiais da 6ª Delegacia Territorial (DT/Brotas) prenderam três homens em flagrante por tráfico de drogas, na manhã desta quarta-feira (15), no bairro de Cosme de Farias. Um adolescente também foi apreendido.  
 
Os suspeitos foram abordados na Vila Paquetá, onde foram apreendidas porções de cocaína e maconha, uma pedra de crack e dois celulares. O material foi encaminhado ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para ser periciado.
 
Os três homens vão passar por exames de corpo de delito e ficarão à disposição da Justiça. O adolescente, que vai responder por ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas, será encaminhado para um Centro de Atendimento Socioeducativo para Menores Infratores (Case), onde ficará à disposição da Vara da Infância e da Juventude.
 
Ascom - PC/Guilherme Santos

Polícia cumpre mandado de suspeito de feminicídio em Santa Mônica

>A adolescente de 15 anos foi morta a tiros na quinta-feira (9)<
Um homem de 19 anos apontado como autor do feminicídio da ex-companheira Leidiane Vitória Cristo de Souza, de 15 anos, teve o mandado de prisão preventiva cumprido, nesta quinta-feira (15), na 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS), onde se apresentou acompanhado de um advogado.

O crime ocorreu na quinta-feira (9), na residência da vítima, no bairro de Santa Mônica. Morta a tiros, Leidiane se relacionou com o suspeito durante dois anos e teve um filho com ele. Em depoimento, o homem alegou que o crime foi motivado por ciúmes, após o fim da relação.   

Com o cumprimento da ordem judicial, o acusado, que também é investigado por envolvimento com o tráfico de drogas naquela região, foi submetido aos exames de lesões de praxe e está à disposição da Justiça.
  
Ascom - PC/Guilherme Santos

Celulares roubados em Minas Gerais são recuperados em Jaguaquara

Uma equipe de policiais da Delegacia Territorial (DT/Jaguaquara) recuperou, na terça-feira, (14), 30 aparelhos celulares com restrição de roubo. Logo após uma denúncia, diligências investigativas apontaram que os aparelhos foram roubados de um caminhão envolvido em um acidente, na cidade de Montes Claros, em Minas Gerais. Os celulares, que estavam sendo comercializados em Jaguaquara, foram localizados na zona rural daquele município baiano.

A ação contou com apoio da Polícia Militar, que esteve em um dos imóveis onde parte dos aparelhos celulares foram recuperados. A investigação terá desdobramentos e os suspeitos permanecem à disposição da justiça.

Marcela Correia/Ascom-PC

PGR pede inclusão de foragidos do 8 de Janeiro em lista vermelha da Interpol

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a inclusão de foragidos acusados de participarem dos atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado na lista de difusão vermelha da Interpol.

A solicitação foi feita após reportagem do UOL mostrar que ao menos dez militantes bolsonaristas condenados ou investigados por participarem dos ataques às sedes dos três Poderes quebraram suas tornozeleiras eletrônicas e fugiram do Brasil.

A Interpol é a Organização Internacional de Polícia Criminal e a difusão vermelha é a lista que reúne foragidos da Justiça em várias nações.

Em oito manifestações, Gonet apontou a necessidade de “assegurar a aplicação da lei penal” ao solicitar a inclusão na lista. Os pedidos foram feitos em processos relatados pelo ministro Alexandre de Moraes.

A reportagem identificou que sete dos fugitivos já foram condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a mais de dez anos de prisão por participarem de tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro.

Seis dos dez fugitivos são mulheres, e a maioria é de estados do Sul (PR e SC) e do Sudeste (SP e MG). A idade média deles é de 50 anos.

Ao menos um dos fugitivos afirma ter pedido asilo político à Argentina. As assessorias dos ministérios do Interior e das Relações Exteriores argentinos disseram ao UOL que não revelariam quem entrou no país ou quem pediu asilo por se tratarem de dados pessoais.

Pelas leis brasileiras, a destruição da tornozeleira e a fuga não aumentam a punição, mas o fugitivo perde o direito ao regime aberto e volta ao semiaberto ou fechado. Por outro lado, facilitar a fuga é crime punível com seis meses a dois anos de detenção.

José Marques/Folhapress

Acervo de Dilma inundado no RS gera consternação, temor de saque e alerta para patrimônio de Lula

 

A inundação que atingiu o acervo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), guardado no Rio Grande do Sul, gerou consternação entre pessoas que cuidaram dos presentes recebidos pela petista à época em que ela ocupava a Presidência da República, entre 2011 e 2016.

Como revelou a coluna, os itens estavam armazenados em um galpão do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no estado gaúcho, arrasado pelas fortes chuvas e enchentes. O espaço está localizado na cidade de Eldorado do Sul, que teve mais de 90% de seu território alagado.

Pessoas familiarizadas com o conteúdo ouvidas pela coluna afirmam que podem ter sido perdidos ou danificados presentes de autoridades como o hoje presidente dos EUA, Joe Biden, uma carta enviada pela rainha Elizabeth 2ª, quadros e esculturas de artistas como Francisco Brennand e Romero Britto, tapetes cedidos por embaixadas, medalhas, condecorações e mapas, entre outros conteúdos.

O acervo de Dilma está dividido em quatro contêineres, sendo que dois deles estão em contato direto com o chão e podem ter sido mais afetados, enquanto os outros dois encontram-se empilhados. Estima-se que há neles cerca de 3.000 itens, sem contar correspondências e livros.

Cogita-se, ainda, a possibilidade de a água das enchentes ter atingido correspondências extraoficiais com outros chefes de Estado e documentos da época em que Dilma comandou os ministérios de Minas e Energia e da Casa Civil. Presentes e cartas entregues por populares, apoiadores e movimentos sociais também estão lá.

Mais do que uma perda material, parte dos bastidores da história da República pode ter sido perdida ou estar encharcada neste momento, afirmam técnicos que trabalhavam no Palácio do Planalto durante o governo da petista e cuidavam do acervo.

Eles se dizem frustrados especialmente com o fato de a lei e o decreto que versam sobre os presentes não preverem condições para que os itens pessoais sejam preservados corretamente depois que o titular deixa o cargo.

Ao invés de ser tratado como parte da memória do país e até mesmo ser disponibilizado para a população, afirmam eles, todo o conteúdo fica aos cuidados dos ex-presidentes sem qualquer critério.

Atualmente, a maior parte dos itens recebidos por Lula em seus dois primeiros mandatos encontram-se guardados no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Paulo. Há relatos de que caixas estão armazenadas de forma inapropriada.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, guardou parte dos presentes que ganhou em uma propriedade do ex-piloto Nelson Piquet. Ele optou por doar livros que ganhou à Biblioteca Nacional, e textos, discursos e cartas, ao Arquivo Nacional, fragmentando um acumulado de itens que poderiam ser unificados em uma exposição, futuramente.

Ainda não se sabe quanto da coleção de Dilma foi inundada. Pessoas familiarizadas com seu conteúdo afirmam que ela acumulou um acervo bibliográfico ainda maior que o museológico (itens diversos), somando muitos livros.

Neste momento, há ainda a preocupação de que os contêineres possam ser violados e saqueados, diante da situação de calamidade que atinge o estado e das ocorrências que têm sido registradas.

Desde que Dilma deixou a Presidência, os contêineres só teriam sido abertos em uma única ocasião, no ano de 2016, quando o TCU (Tribunal de Contas da União) fez uma auditoria e ordenou a devolução de parte dos presentes.

Não está claro ainda o que a petista, que hoje preside o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco do Brics, deve fazer com o material abrigado pelo MST.

Em 1991, foi sancionada a primeira lei sobre o patrimônio adquirido durante a passagem de um presidente pelo Palácio do Planalto. Em 2002, o texto foi regulado por decreto e, em 2016, o TCU firmou nova interpretação.

A corte de contas entendeu que o recebimento de presentes em qualquer cerimônia com outros chefes de Estado ou de governo deveria ser considerado patrimônio público e, por consequência, todos os itens recebidos deveriam ser catalogados junto aos bens do governo federal.

Segundo o tribunal, foram excluídos da lei apenas os itens de natureza personalíssima, como medalhas personalizadas e grã-colar, ou de consumo direto, como bonés, camisetas, gravata, chinelo e perfumes.

Bianka Vieira/Folhapress

Água do Guaíba baixa, bairros emergem e moradores começam a voltar para casa

Depois de aumentar nos últimos dias, o nível do lago Guaíba começou a baixar nesta quarta-feira (15) em Porto Alegre. Com isso, algumas áreas da cidade que antes estavam embaixo d’água voltaram a ficar acessíveis, o que permitiu que moradores conseguissem retornar pela primeira vez a suas casas para ver o estrago causado pelas enchentes.

O cenário encontrado por eles foi de destruição, com ruas cheias de lama e cheiro de peixes mortos.

A prefeitura da capital gaúcha também começou a organizar a limpeza da cidade. Em uma primeira etapa, os trabalhos serão realizados nos 21 bairros mais atingidos pela enchente e incluirão raspagem e remoção de terra e lodo, lavagem de ruas e avenidas e recolhimento de resíduos e entulho como móveis destruídos pelas águas.

À medida que as águas baixarem, 20 equipes vão trabalhar na limpeza. Cada equipe deverá ter 25 operários, duas retroescavadeiras, três pás carregadeiras e oito caminhões para retirada de detritos, além de duas vassouras mecânicas, dois hidrojatos e um caminhão-pipa.

“Nossa prioridade agora é limpar as vias e dar acesso às pessoas”, disse o secretário municipal de Serviços Urbanos, Assis Arroyo. O maior desafio, segundo ele, está na zona norte, um local de “população densa e área muito alagada”.

O início dos trabalhos de limpeza foi possível porque o Guaíba subiu menos que o previsto. A expectativa era que ele chegasse a 5,40 metros, o que seria o maior nível já registrado, mas essa projeção não se concretizou. à meia-noite desta quarta-feira, o lago chegou a 5,22 metros; no início da noite, às 19h15, estava em 5,11 metros.

Segundo previsão do IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o nível do lago deve diminuir lentamente nos próximos dias, ficando acima dos 4 metros durante a semana —ou seja, ainda acima da cota de inundação (3 metros). A situação pode se prolongar, dependendo do volume das chuvas. Novas tempestades estão previstas a partir de sexta (17).

De acordo com balanço da Defesa Civil divulgado às 18h desta quarta, a tragédia no Rio Grande do Sul tem 149 mortos, 108 desaparecidos e 806 feridos. O total de pessoas afetadas no estado passa de 2,1 milhões.

Para a operação de limpeza, a Prefeitura de Porto Alegre prevê a contratação emergencial de 550 equipamentos, entre caminhões, carretas, pás carregadeiras e escavadeiras hidráulicas. Também já anunciou que vai precisar de ajuda de voluntários e de outros municípios, que poderão contribuir com empréstimo de máquinas.

O passo seguinte será a limpeza das residências. Nesta quarta, moradores dos bairros Cidade Baixa, Praia de Belas e Azenha já conseguiam acessar suas casas.

Na rua 17 de Junho, no bairro Praia de Belas, a jornalista Cristine Pires, 52, contou que seu prédio ficou com o térreo e parte dos degraus da escada cobertos de lama. Agora, ela e os vizinhos se planejam para iniciar a limpeza pesada.

“A ideia é reunir os moradores para fazermos uma força-tarefa, mas por enquanto não tem como, pois estamos sem luz e vamos precisar de máquinas”, disse. “Ontem só passamos um rodo para tirar o mais grosso da sujeira. O cheiro de podridão é muito forte, tem muitos peixes mortos pelo chão, alguns inclusive no pátio do meu prédio”.

Na rua José Honorato dos Santos, no bairro Azenha, a água baixou mais de 50 cm e abriu caminho para a passagem de um caminhão-guincho, que buscava um carro com lama até o teto. A água ainda transborda por bueiros próximos dali, mas o escoamento rápido das bocas de lobo impede uma nova inundação. O mau cheiro nas redondezas é forte.

Na rua André Belo, paralela à 17 de Junho, pessoas retornavam às suas casas para ver o tamanho do estrago. “A faxina não vai ser agora”, afirmou a moradora Sueli Silva. “Ainda tem muita coisa para tirar [de dentro do imóvel]”.

O alagamento no apartamento térreo chegou a pouco mais de 30 centímetros, o suficiente para estragar diversos móveis. A prioridade será primeiro remover o entulho, para daí começar a limpeza.

Também nesta quarta, o Internacional divulgou imagens do estádio Beira-Rio, que nos últimos dias foi tomado pela enchente, com as dependências cheias de lama.

O que possibilita o início da limpeza é o conserto gradativo das EBAPs (Estações de Bombeamento de Água Pluvial). Das 23 EBAPs, nove estão em funcionamento, dentre elas a que permite a captação da água na região.

Na zona norte, alguns pontos alagados podem ter redução no nível da água com o religamento, na manhã desta quarta-feira, da casa de bomba 5, que abrange o Humaitá e a Vila Farrapos. É preciso reativar ainda outras estações.

O Sarandi, que tem 91 mil habitantes, é um dos mais afetados pela enchente do Guaíba e está entre os 21 bairros priorizados para essa primeira fase de limpeza da cidade.

Moradora do bairro, a auxiliar administrativa Cíntia Kovalski, 39, espera que a água baixe de vez para poder começar a faxina. Ela disse que comprou móveis novos recentemente e que poucos não ficaram debaixo d’água. No imóvel Cíntia encontrou bastante lama e pertences boiando pelos cômodos.

“Do restante dos móveis da sala de estar e dos quartos eu acredito que não iremos conseguir salvar nada”, disse. “Não pretendemos comprar móveis novos, estava pagando ainda a maioria, mas vou precisar de pia para cozinha e armário para guardar os mantimentos”, disse. “Ainda não temos ideia de como será. Vimos um pouco da destruição, mas ainda é cedo para mensurar o estrago”.

Carlos Villela/Folhapress

Lucro da Caixa sobe 49%, para R$ 2,9 bilhões, no 1º trimestre

A Caixa Econômica Federal lucrou R$ 2,883 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado é 49% maior do que o apurado no mesmo período de 2023 (R$ 1,934 bilhão) e 0,5% maior do que os últimos três meses do ano passado (R$ 2,869 bilhões).

O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), que mede a rentabilidade do banco, foi de 9% no início de 2024, 1,9 ponto percentual maior do que no mesmo período de 2023. Em relação ao quarto trimestre, o aumento é de 0,55 ponto percentual.

De janeiro a março, a margem financeira do banco somou R$ 15,3 bilhões, um aumento anual de 9,9%. Na comparação trimestral, houve redução de 12,9%. Já a receita com tarifas e prestação de serviços teve alta de 6,9% no ano e queda de 1,2% no trimestre, a R$ 6,6 bilhões.

Os gastos, por sua vez, foram puxados pela alta anual de 14,8% nas despesas administrativas, que totalizaram R$ 11,5 bilhões no trimestre —em relação ao quarto trimestre de 2023, houve leve redução de 0,8%.

As provisões contra créditos duvidosos também tiveram uma alta anual expressiva, de 23,7%, para R$ 1,7 bilhão. Na comparação com o fim de 2023, houve queda de 37,1%.

A provisão contra calote cresceu mais rápido que a carteira de crédito do banco, que finalizou março com saldo de R$ 1,144 trilhão, crescimento de 10,4% sobre o mesmo mês de 2023.

A inadimplência, no entanto, teve queda na comparação anual. O índice de atrasos acima de 90 dias caiu 0,39 ponto percentual para 2,34%. Já em relação a dezembro de 2023, houve aumento de 0,18 ponto percentual.

A maior alta anual nos empréstimos foi para o agronegócio (20,7%), totalizando R$ 57,8 bilhões no primeiro trimestre.

Já as contratações de crédito imobiliário, carro-chefe da Caixa, cresceram 14,4%, para R$ 754 bilhões, ampliando a participação da estatal no mercado de crédito imobiliário para 67,7%.

No financiamento imobiliário, a modalidade que mais cresceu foi à atrelada ao FGTS, com R$ 35 bilhões de novas contratações no período, crescimento de 74,2%, impulsionada pela utilização do FGTS Futuro por famílias de baixa renda.

Já a contratação na modalidade SBPE diminuiu 23% em relação a 2023, para R$ 16,3 bilhões.

Ao todo, a Caixa financiou 183,2 mil imóveis no primeiro trimestre de 2024.

Júlia Moura/Folhapress

Governo Lula cria 11 cargos e prevê ministério extraordinário para RS até fevereiro de 2025

A recém-criada Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, chefiada por Paulo Pimenta, contará com um secretário-executivo e 10 cargos comissionados, com previsão de ser mantida até fevereiro de 2025.

A medida provisória que cria a nova estrutura, que tem status de ministério, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

O novo ministério foi anunciado pelo presidente Lula (PT) durante viagem ao Rio Grande do Sul, para anunciar medidas para a população atingida pela calamidade climática.

A medida provisória prevê que a nova estrutura será extinta dois meses após o fim da vigência do decreto de calamidade pública —31 de dezembro de 2024, segundo texto aprovado pelo Congresso Nacional.

Ela terá como atribuições a coordenação de ações da administração pública federal, em conjunto com a Casa Civil, o planejamento de medidas junto com os ministérios e a articulação entre governo federal, estado e municípios do Rio Grande do Sul.

O texto também cita a interlocução com a sociedade civil e a promoção de estudos técnicos junto a universidades e outros órgãos público e privados.

A indicação de Paulo Pimenta, ex-ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) dividiu aliados de Lula e provocou a reação de adversários, em particular pessoas próximas ao governador Eduardo Leite (PSDB). O governo Lula está sendo acusado de politizar a tragédia climática.

Pimenta é gaúcho, tendo sido vice-prefeito de Santa Maria e eleito deputado federal pelo Rio Grande do Sul para mandatos em sequência. Ele é adversário político de Leite, além de ser apontado como pré-candidato ao Palácio Piratini em 2026.

Interlocutores no Planalto afirmam que um dos objetivos do presidente ao indicar um político para o cargo é tentar controlar a narrativa sobre a reconstrução do estado, defendendo as ações do governo e evitando que Leite ganhe os créditos por medidas e obras feitas com recursos federais.

Em seu discurso, Pimenta disse que pretende trabalhar em conjunto com o governo estadual.

“O trabalho do governo federal é um trabalho complementar e suplementar ao trabalho do governo do estado e das prefeituras. O presidente Lula me pediu muito que tenha essa dedicação e disposição de colaborar com governo do estado, secretários, prefeituras de todos os municípios atingidos”, afirmou o ministro.

A mesma edição extra do Diário Oficial da União também trouxe a nomeação de Paulo Pimenta para o novo cargo. O governo federal ainda analisa onde vai ser instalado o novo ministério no Rio Grande do Sul.

Também foi publicada a nomeação do substituto interino de Pimenta na Secom, o jornalista Laércio Portela.

Renato Machado/Folhapress

Bahia registra redução de 8,7% em mortes violentas e 25 fuzis são apreendidos desde janeiro

<Foto: Joá Souza/GOVBA>
A Bahia registrou uma redução de 8,7% no índice de mortes violentas (homicídio, latrocínio e lesão dolosa seguida de morte) entre janeiro e maio de 2024, quando comparado ao mesmo período de 2023. O índice foi apresentado nesta quarta-feira (15), durante coletiva realizada pela Secretaria da Segurança Pública, no Centro Administrativo, em Salvador.

O secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, frisou que as forças policiais e do Corpo de Bombeiros atuam de forma incessante para garantir maior proteção para os baianos. "Ampliamos os investimentos em tecnologia e realizamos ações baseadas na inteligência com total integração, a fim de combater o crime organizado, garantindo a preservação de vidas – nosso maior patrimônio", explicou o gestor.

 

De janeiro a maio deste ano, foram registrados pela Polícia Civil 1.746 casos, contra 1.912 ocorrências nos primeiros meses de 2023. Em números absolutos, 166 vidas foram preservadas.

 

A redução do número de prisões foi de 4% em relação a 2023, com 6.141 pessoas presas – 37 delas lideranças de facções criminosas. De acordo com a SSP, das pessoas presas 320 eram foragidas da justiça e foram localizadas por câmeras de reconhecimento facial.  

 

O comandante-geral da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), Paulo Coutinho, atribui os resultados à coragem e ao compromisso dos policiais militares com a segurança da população baiana. “Eu destaco, sobretudo, a coragem da nossa tropa, o devotamento, o compromisso com a sociedade no sentido de dia a dia. Vamos, cada dia mais, retirar armas de circulação, principalmente as ilegais, que têm trazido morte e sangue para o nosso estado”, enfatizou.

 

As forças de segurança já apreenderam, desde janeiro, 25 fuzis e 2.169 armas. O titular da Segurança Pública, Marcelo Werner, disse, ainda, que o trabalho integrado, não só com as forças de segurança da Bahia, mas, também, com a Polícia Federal tem ampliado as investigações para identificação das rotas de tráficos de armas no estado.

 

“Ano passado, a Polícia Federal fez uma operação chamada Dakovo, que identificou rotas [de armas] que vinham do leste europeu, chegavam ao Paraguai e, a partir do Paraguai, chegavam ao sudeste e nordeste. É lógico que nós temos outras investigações em andamento. Essas investigações, inclusive, foram responsáveis para que a gente pudesse alcançar 55 fuzis apreendidos em 2023”, detalhou o secretário de Estado.

 

Heloísa Brito, delegada-geral da Polícia Civil, reforçou: “estamos trabalhando muito na questão do bloqueio dos recursos, porque o armamento continua entrando. Nessa ação conjunta, não só com a Polícia Civil, Polícia Militar, mas, também, com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, estamos impedindo e dificultando a entrada no nosso estado tanto de drogas quanto de armas”.

 

A Segurança Pública também apresentou redução de 14,6% nos roubos de veículos, 10,5% no número de furtos de veículos; 27,1% nos roubos de ônibus e 85,7% em roubo a bancos.   

 

Fonte: Ascom/SSP-BA, com informações da repórter Milena Fahel/GOVBA

Na sede da União Europeia, governadores do Nordeste estreitam relações para atrair investimentos e iniciativas de transição energética

<Foto: Eudes Benício/GOVBA>
Um dos pontos centrais de tomadas de decisão do bloco de países, a sede da União Europeia (UE), em Bruxelas, na Bélgica, recebeu, nesta quarta-feira (15), o conjunto de governadores do Nordeste em missão no continente. Os chefes do executivo e outros representantes desses estados trataram com empresários sobre alternativas para ampliar cooperações e investimentos, principalmente na área de transição energética.

O comissário responsável pelo Pacto Verde Europeu, Maroš Šefčovič, foi o primeiro a receber o governador Jerônimo Rodrigues e os demais integrantes do Consórcio Nordeste. Também chamado de Green Deal, a iniciativa europeia pretende reduzir radicalmente as emissões poluidoras e estabeleceu como meta neutralizar essas emissões até o ano de 2050.

A equipe que cuida de parcerias internacionais da UE também participou do encontro. Além das colaborações e empreendimentos com empresas europeias já em andamento nos estados brasileiros, a agenda abre caminho para novos investimentos. Na ocasião, os governadores defenderam o potencial da região Nordeste para avançar na relação com a Europa.

“Ouvimos um grupo de empresários que tem o interesse de continuar investindo no Brasil. Esse encontro traz um conjunto de contatos e potencialidades de negócios entre a Bahia, o Nordeste, os empresários e os negócios da Bélgica”, pontuou Jerônimo.

Além de Jerônimo, Fátima Bezerra, governadora do Rio Grande Norte e presidente do Consórcio Nordeste; os governadores Fábio Mitidieri (Sergipe) e Paulo Dantas (Alagoas); o vice-governador do Maranhão, Felipe Camarão, e o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Alex Viana, estiveram no grupo que participou das reuniões.

 Governo belga

<Foto: Eudes Benício/GOVBA>
Antes da visita à sede da União Europeia, a missão nordestina esteve no Palácio d’Egmont, também em Bruxelas, onde se reuniu com integrantes do governo belga e com a princesa Astrid. Ela, além de compor a família real do país, é coordenadora de missões empresariais belgas.

Diante das autoridades estrangeiras, Jerônimo destacou o restabelecimento da confiança jurídica, econômica e política do Brasil. Isso, conforme lembra, permite aos estados expandir horizontes na relação com outras partes de mundo.

 “Estabelecemos aqui o nosso interesse em fortalecer as nossas relações econômicas, culturais, e de intercâmbio de ciência e tecnologia. É, ainda, uma oportunidade para demonstrar o nosso interesse em uma transição energética sustentável”, finalizou o governador baiano.

 Texto: Eudes Benício/GOVBA

Petrobras perde R$ 34,7 bilhões em valor de mercado e puxa Bolsa após demissão de Prates

<Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil>

A Bolsa brasileira fechou em queda de 0,38% nesta quarta-feira (15), a 128.027 pontos, puxada pelo tombo das ações da Petrobras após a troca de comando da estatal.


Já o dólar, em sessão volátil, fechou com leve alta de 0,09% e ficou cotado a R$ 5,125 na venda.

A demissão de Jean Paul Prates do comando da Petrobras na noite de ontem ofuscou os aguardados dados da inflação ao consumidor dos Estados Unidos, que vieram abaixo do esperado e reforçaram apostas de corte de juros em setembro por lá.

Os papéis da estatal derreteram na sessão desta quarta. Os preferenciais (PETR4) desabaram 5,73%, a R$ 38,53 por ação; os ordinários (PETR3), 6,64%, a R$ 40,08.

A queda representa uma perda de mais de R$ 34,67 bilhões em valor de mercado desde a abertura do pregão.

Para o posto de Prates, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou a engenheira Magda Chambriard, que comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) no governo Dilma Rousseff (PT).

A troca de comando foi vista com preocupação por economistas, que temem interferência política na estatal.

“O mercado nunca gosta de ingerência política sobre empresas com negócios em Bolsa. Não será diferente desta vez, até porque o Prates vinha se mostrando um conciliador entre mercado e política. O grande problema da empresa é refino: entra governo, sai governo, é sempre uma dor de cabeça”, avalia Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos.

Com Chambriard, a Petrobras terá o sexto presidente em três anos —um mau sinal para a petroleira. “Gera incerteza, e os investidores estrangeiros ficam ressabiados e vendem as ações”.

Ele pesa, ainda, a cena geopolítica no Oriente Médio, cujos conflitos têm afetado o preço do barril do petróleo. “Para piorar, teve o vai-não-vai dos dividendos. É preciso endereçar essas questões com rapidez, vamos ver como a nova presidente vai agir”.

Prates sofreu forte processo de fritura nos últimos meses, após críticas de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, à sua abstenção em votação de proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Defendida por Silveira e Rui Costa, ministro da Casa Civil, a retenção foi aprovada no início de março e derrubou o valor de mercado da estatal. O governo acabou recuando semanas depois e aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários em assembleia no fim de abril.

Na assembleia, o governo não só recuou como determinou estudos para que a Petrobras distribua os 50% restantes até o fim do ano, em movimento que tranquilizou o mercado e recuperou o valor das ações da empresa.

Prates ganhou sobrevida no cargo, mas a avaliação no Planalto era de que sua manutenção não duraria muito tempo.

Logo após a demissão, Prates mandou uma mensagem a assessores próximos. “Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração. Vão anunciar daqui a pouco”, escreveu.

Os dividendos são parte chave do imbróglio para o mercado, de acordo com Flávio Conde, head de renda variável na Levante Investimentos.

“[A demissão de Prates] é um sinal ruim. Significa que a ala política venceu o embate. As ações caíram, porque boa parte dos investidores estão na Petrobras por conta dos dividendos, que estavam projetados em torno de 15% no ano. Com isso, a tese de investimento da Petrobras perde força e o risco de maior intervenção aumenta, não só pela troca de presidente, mas no plano de investimentos”.

Segundo a Genial Investimentos, Prates vai fazer falta. “Apesar de todas as desconfianças iniciais, sua gestão a frente da empresa pode ser considerada muito razoável. Em nossa opinião, o principal risco ao case diz respeito a expansão de investimentos em projetos pouco interessantes e suspensão do pagamento de dividendos”, escreveu Ygor Araujo, analista da corretora.

Para a EQI Investimentos, Magda Chambriard tem experiência comprovada no setor de energia, mas a análise é que a “capacidade de implementar mudanças radicais nos tópicos realmente importantes do caso de investimentos, especialmente no curto prazo, pode ser limitada, como a de qualquer outro CEO”.

Os olhos também se voltaram à inflação ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês).

O índice de preços subiu 0,3% no mês passado, depois de avançar 0,4% em março e fevereiro, informou o Departamento do Trabalho. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, ante 3,5% em março.

Economistas consultados pela Bloomberg previam alta de 0,4% na base mensal e 3,4% na anual. O Fed trabalha com a meta de levar a inflação a 2% em 2024.

O resultado sugere que a inflação norte-americana retomou sua tendência de queda no início do segundo trimestre.

O dado é um importante indicador para calibrar as expectativas do mercado quanto à proximidade do primeiro corte na taxa de juros norte-americana, atualmente na faixa de 5,25% e 5,50%, pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).

“Todo o mercado vai precificar a possibilidade de corte de juros antes de setembro, que é o consenso neste momento, e talvez até uma chance de mais cortes de juros em 2024”, avalia Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

Outrora destaque do dia, a inflação dos EUA se tornou mais lateral no mercado doméstico conforme investidores se voltavam para o derretimento das ações da Petrobras.

“A notícia de uma inflação mais estável nos EUA não foi capaz de reverter o viés negativo da bolsa local com a notícia da troca na Petrobras”, avalia Bruno Mori, sócio-fundador da consultoria Sarfin.

No exterior, a reação aos dados de inflação foi forte: os índices S&P 500 e Nasdaq fecharam com recordes de pontos, com ambos avançando mais de 1%.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 avançou 1,18%, para 5.308,67 pontos. O Nasdaq teve alta de 1,41%, para 16.744,03 pontos. O Dow Jones subiu 0,90%, para 39.911,81 pontos.

Por aqui, na cena corporativa, JBS disparou 7,55% e conteve parte da pressão sobre o Ibovespa, após divulgação do balanço do último trimestre.

A companhia registrou lucro líquido de R$ 1,65 bilhão, ante prejuízo de R$ 1,45 bilhão no mesmo período do ano passado. A maior empresa de proteínas animais do mundo superou as expectativas de analistas, que previam lucro de R$ 675,5 milhões.

A MRV também figurou na coluna positiva, com avanços de 4,40%.

Na ponta negativa, CSN perdeu 5,97%, e Vale fechou praticamente estável, com recuo de 0,05%.

Na terça-feira, o dólar encerrou a sessão em queda de 0,41%, cotado a R$ 5,130 na venda. Já o Ibovespa teve alta de 0,28%, a 128.515,50 pontos, com investidores digerindo a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e o balanço da Petrobras no último trimestre.

Tamara Nassif/Folhapress

Prates chora ao se despedir de diretores da Petrobras e demonstra tristeza com Lula

  

O ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates, demitido por Lula nesta semana, chorou ao se despedir de diretores da empresa nesta quarta (15). De acordo com informações de mais de um deles, o ex-dirigente estava muito emocionado.

Agradeceu a colaboração de cada um deles e demonstrou, segundo relatos, estar “muito triste” pela forma como foi dispensado pelo presidente da República.

Prates é do PT e já exerceu inclusive o cargo de senador pelo partido.

Depois da conversa com diretores, ele saiu pela porta da frente do edifício-sede, no Rio, e está visitando outras instalações com petroleiros, inclusive o prédio em que iniciou sua carreira, em 1989.

De acordo com o relato dele a interlocutores, Lula o chamou para uma conversa em Brasília.

Quando entrou no gabinete do mandatário, Prates deu de cara também com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e das Minas e Energia, Alexandre Silveira, seus desafetos.

Em um primeiro momento, eles teriam direcionado a conversa para que Prates pedisse demissão. Isso não aconteceu, e Lula então comunicou que precisava do cargo.

Prates sofreu forte processo de fritura nos últimos meses, após críticas de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, à sua abstenção em votação de proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com o presidente Lula.

Defendida por Silveira e Rui Costa, a retenção foi aprovada no início de março e derrubou o valor de mercado da estatal. O governo acabou recuando semanas depois e aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários em assembleia no fim de abril.

Na assembleia, o governo não só recuou como determinou estudos para que a Petrobras distribua os 50% restantes até o fim do ano, em movimento que tranquilizou o mercado e recuperou o valor das ações da empresa.

Prates ganhou sobrevida no cargo, mas a avaliação no Planalto era de que sua manutenção não duraria muito tempo.

Logo após a demissão, Prates mandou uma mensagem a assessores próximos. “Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração. Vão anunciar daqui a pouco”, escreveu.

As ações da Petrobras derreteram depois do anúncio da demissão.

Às 12h39, o Ibovespa recuava 0,42%, a 127.976 pontos.

Os investidores digerem a demissão de Prates e a indicação de Magda Chambriard para o seu lugar. Ela presidiu a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) no governo Dilma Rousseff (PT).

Os papéis preferenciais (PETR4) da companhia desabavam 5,74%, a R$ 38,52, enquanto os ordinários (PETR3) derretiam 6,73%, a R$ 40,04.

Já o dólar tinha estabilidade e operava em baixa marginal de 0,08%, cotado a R$ 5,125 na venda, com a inflação ao consumidor dos Estados Unidos como pano de fundo.

Mônica Bergamo, Folhapress

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