Entenda o paradoxo da agenda bolsonarista no Congresso no governo Lula

A chamada “pauta de costumes” do bolsonarismo, que engloba questões como aborto e drogas, avança mais rapidamente sob o mandato de Lula (PT), que chega a quase um ano e meio, do que nos quatro anos de Jair Bolsonaro (PL).

Entre os exemplos de temas que tramitaram mais rapidamente no governo do petista estão a criminalização da posse e porte de qualquer droga e a equiparação das penas de homicídio ao aborto realizado após 22 semanas de gestação.

Por outro lado, temas como escola sem partido e o chamado Estatuto do Nascituro empacaram de 2019 a 2022, quando o capitão reformado do Exército chefiou o Executivo federal.

Também contam neste movimento a atual composição congressual, com maior número de bolsonaristas vindos do governo do ex-presidente, a retomada de julgamentos sobre os temas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e as eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado.

Veja como as propostas da pauta de costumes tramitaram sob Lula e sob Bolsonaro:

PROPOSTAS DO LEGISLATIVO DURANTE GOVERNO LULA
PEC das Drogas 
A proposta criminalizaria a posse e o porte, independentemente da quantidade; foi aprovada em abril pelo Senado e chancelada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados

Agenda conservadora na Lei de Diretrizes Orçamentárias 
Texto impede o Executivo de incentivar e financiar atos como cirurgias em crianças para mudança de sexo e realização de abortos não previstos em lei; o Congresso Nacional aprovou as restrições em dezembro, Lula vetou, mas deputados e senadores derrubaram o veto

Projeto antiaborto por estupro 
Equipara a homicídio abortos realizados após 22 semanas de gestação; Câmara aprovou a tramitação em regime de urgência da proposta na última semana; ainda falta análise do mérito

Armas 
Propostas buscam estabelecer normas para aquisição de armas e munições por civis; em maio, o plenário da Câmara derrubou parte do decreto de Lula que deu um freio à flexibilização adotada na gestão Bolsonaro

Castração química voluntária
A medida prevê castração voluntária a condenados mais de uma vez por crimes sexuais; o projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado e seguiu para a Câmara

Casamento gay e união poliafetiva
Iniciativas visam proibir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e o registro de união formada por mais de dois conviventes; alguns projetos foram aprovados em 2023 na Comissão de Assistência Social da Câmara e, desde então, estão na Comissão de Direitos Humanos

PROPOSTAS DO LEGISLATIVO DURANTE GOVERNO BOLSONARO
Escola sem partido 
Tem como pressuposto a existência de uma ideologização à esquerda patrocinada por professores nas salas de aula; aliados tentaram aprovar a proposta em comissão especial na Câmara após a eleição de Bolsonaro, mas sem sucesso

Homeschooling
Inclui na Lei de Diretrizes e Bases da Educação a opção pelo ensino domiciliar, que, atualmente, não é considerada uma modalidade educacional no Brasil; em maio de 2022, o plenário da Câmara aprovou o projeto por 264 a 144 votos, mas proposta está desde então na Comissão de Educação e Cultura do Senado e não tem registro de tramitação desde dezembro passado

‘Ideologia de gênero’ 
A bancada religiosa e conservadores em geral usam a expressão, que não é reconhecida no mundo acadêmico, para barrar discussões sobre diversidade sexual e identidade de gênero; Bolsonaro prometeu em algumas ocasiões enviar ao Congresso projeto contra a chamada “ideologia de gênero”, mas isso nunca aconteceu

Estatuto do Nascituro 
Visa acabar com as permissões legais para realização do aborto, como gravidez resultante de estupro; bolsonaristas fizeram ofensiva no final de 2022 para aprovar o projeto na Comissão da Mulher da Câmara, mas não tiveram sucesso

Proibição ao aborto 
Proposta incluiria na Constituição que a vida começa na concepção, com o objetivo de proibir o aborto mesmo nos casos hoje considerados legais; comissão especial da Câmara aprovou no fim de 2017 a medida, mas o projeto nunca foi votado no plenário da Casa apesar de o bolsonarismo defendê-lo

Bíblia
Texto proíbe alterações de textos da Bíblia e assegura a sua pregação em todo o território. Bancada religiosa conseguiu aprovar o projeto na Câmara no fim de 2022, mas está na Comissão de Direitos Humanos do Senado, parado desde dezembro passado

Ranier Bragon/Folhapress

Desaprovação a Lula vai a 47% e iguala pior índice da série histórica, mostra Atlas

A desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou o índice de 47% em pesquisa CNN/Atlas divulgada neste sábado, 15. A marca iguala o pior resultado desde o início da gestão do petista, registrado em novembro de 2023. Por outro lado, 51% dos entrevistados dizem aprovar o governo Lula e 2% não souberam responder.

O instituto Atlas Intel ouviu 3.601 pessoas entre os dias 7 e 11 de junho. A margem de erro é de um ponto porcentual e o índice de confiança é de 95%.

O índice de entrevistados que avaliam o governo Lula como “ótimo ou bom” é de 42,6%. A marca está em empate técnico com o número de pesquisados que avaliam a gestão do presidente como “ruim ou péssima”: 42,8%.

São 14,3% os que avaliam o desempenho de Lula como “regular” e 0,3% não soube responder.

A pesquisa do Atlas Intel também indica que a aprovação ou rejeição ao governo Lula está associada à escolha do entrevistado no segundo turno da eleição presidencial, em 2022.

Entre os que votaram em Lula naquela ocasião, a aprovação vai a 95,4%. Já entre os eleitores do então presidente Jair Bolsonaro (PL), há 96,4% de rejeição ao petista.

Quanto aos que não votaram nem em Lula, nem em Bolsonaro, a aprovação ao presidente supera as menções negativas. É o caso dos entrevistados que votaram nulo ou branco (51,4% a 43,7%) ou não foram votar no segundo turno (53% a 32,3%).

Quanto aos que não votaram nem em Lula, nem em Bolsonaro, a aprovação ao presidente supera as menções negativas. É o caso dos entrevistados que votaram nulo ou branco (51,4% a 43,7%) ou não foram votar no segundo turno (53% a 32,3%).

Juliano Galisi/Estadão Conteúdo

André Mendonça e Tarcísio participam de evento gospel em reduto do irmão de Bolsonaro

André Mendonça, ministro do Supremo Tribunal Federal, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, participaram na noite de sábado (15) de evento gospel da Prefeitura de Miracatu (SP), cidade na qual o irmão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Renato Bolsonaro, atua como chefe de gabinete.

Como mostrou o Painel, Renato foi escolhido para protagonizar inserções partidárias do PL no Vale do Ribeira, berço da família no interior de São Paulo e região onde ele atua politicamente, e projeta uma candidatura para deputado ou senador em 2026. Ele também é cotado com frequência para disputar a própria Prefeitura de Miracatu.

Tanto o ministro como o governador foram anunciados durante a semana como atrações do Mira com Cristo, que também contou com participações de Gabriel Guedes e Cassiane, músicos do segmento gospel.

Os discursos de Mendonça e Tarcísio tiveram caráter religioso. O ministro foi indicado ao cargo por Bolsonaro em 2021, após a promessa do então presidente de que colocaria alguém “terrivelmente evangélico” no STF —Mendonça era pastor presbiteriano.

O ministro tem relação pessoal com Miracatu. Em entrevistas, ele já disse que passou parte da infância na cidade e que possui familiares que continuam morando lá.

Tarcísio, por sua vez, tem estreitado laços com a comunidade evangélica, ainda que seja católico. Na Marcha para Jesus, foi elogiado pelo apóstolo Estevam Hernandes, líder da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, que disse que ele estava pregando melhor que muito pastor.

Assim como no evento de maio, Tarcísio fez um discurso marcado por referências bíblicas no Mira com Cristo.

Guilherme Seto e Joelmir Tavares/Folhapress

Com aumento de população idosa, Bahia avança em ações para envelhecimento saudável

O Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, celebrado neste sábado (15), chama a atenção para um aumento preocupante nos casos de agressões contra idosos no Brasil. Dados divulgados pelo “Disque 100”, responsável por receber denúncias de agressão contra idosos, evidenciam a necessidade urgente de medidas eficazes para combater este tipo de crime. No primeiro semestre de 2024, mais de 74 mil queixas chegaram ao Ministério dos Direitos Humanos, aumento de 14% em relação ao primeiro semestre de 2023.

Em um país onde a população idosa cresce a cada ano, para além da violência contra esse grupo vulnerável, buscar estratégias para um envelhecimento mais saudável é um desafio. Na Bahia, a secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, recentemente, viajou, a convite da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), a Paris, onde pode conhecer experiências internacionais sobre o envelhecimento da população.

“A nossa população idosa dobrou nos últimos 12 anos e fomos até a França para conhecer os programas franceses. São iniciativas interessantes e importantes para a gente, já que a França tem uma percentagem de idosos em sua população bem semelhante a nossa, atualmente. Com essas informações e experiência, vamos planejar ações para atender os nossos idosos ainda melhor”, explica Roberta.

A viagem à França faz parte de um esforço mais amplo da Sesab para promover o envelhecimento saudável. Em Salvador, o Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi) tem sido um pilar fundamental nesse processo, oferecendo apoio especializado e desenvolvendo programas voltados para a saúde e bem-estar dos idosos.
O Creasi realiza um trabalho abrangente que inclui atendimento ambulatorial especializado, apoio a cuidadores, e distribuição de medicamentos para doenças crônicas, como Alzheimer e Parkinson. Além disso, a instituição oferece exames de eletrocardiograma e densitometria óssea, essenciais para o acompanhamento da saúde dos idosos. Em 2023, foram realizados mais de 106 mil procedimentos, demonstrando o impacto significativo deste centro na vida dos idosos baianos. Foram 6.409 consultas de geriatria, 527 consultas de cardiologia, 208 consultas de neurologia, 971 consultas de psiquiatria e 397 consultas de reumatologia.

“Há 25 anos, o Creasi assumiu esse papel de cuidar dos nossos idosos na rede pública. Sabemos da nossa importância e estamos sempre em busca de melhorias e de ampliar o nosso atendimento à população baiana. A velhice, além da questão da saúde, evidencia um problema social, infelizmente, por conta dos abandonos constantes que os idosos sofrem. Isso dá uma dimensão da nossa responsabilidade enquanto instituição pública”, afirma Helena Pataro Noaves, diretora do Creasi.

A Secretaria da Saúde do Estado também coordena ações intersetoriais para monitorar e apoiar as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) em toda a Bahia, contribuindo para menores taxas de mortalidade por COVID-19 entre os residentes dessas instituições em comparação com outros estados brasileiros. Esse trabalho inclui desde o cadastramento de ILPIs até o treinamento das equipes e a elaboração de protocolos de cuidado.

Essas iniciativas são passos importantes, mas o caminho ainda é longo. A violência contra idosos é um problema complexo que exige a mobilização de toda a sociedade. Governos, organizações não-governamentais, e a população em geral devem unir esforços para garantir que os direitos dos idosos sejam respeitados e protegidos.

Neste Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, a reflexão e a ação são essenciais. Precisamos transformar a maneira como pensamos, sentimos e agimos em relação a velhice, promovendo uma cultura de respeito e dignidade para todos os idosos.

Números

Na Bahia, a população idosa corresponde a 13,26% dos mais de 14 milhões de habitantes, ou seja, quase 2 milhões de pessoas e 99% dos municípios considerados envelhecidos. De acordo com o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa do estado aumentou 50% em relação ao estudo anterior, de 2010. A Bahia também é a unidade da federação com maior número de centenários.

O Índice de Envelhecimento, que corresponde ao número de pessoas com 65 anos ou mais para cada 100 pessoas até 14 anos, da população baiana triplicou nos últimos 30 anos. O município baiano com maior percentagem de idosos é Jussiape, na Chapada Diamantina, com quase 27% da população acima dos 65 anos.

As doenças do aparelho circulatório configuram-se como as principais causas de morbidade e mortalidade em idosos, com destaque para as doenças vasculares cerebrais.

Ao todo, 137 municípios baianos possuem Conselhos Municipais de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, 32 municípios contam com Fundo Municipal da Pessoa Idosa e 85 municípios possuem ILPIs. ...

RS anuncia fim da colheita de arroz e diz que não há motivo para importação

O Irga (Instituto Rio Grandense do Arroz) anunciou nesta sexta-feira (14) o fim da colheita de arroz no Rio Grande do Sul e disse que não há justificativa técnica para a importação do cereal no Brasil.

A compra emergencial é defendida pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como forma de conter a pressão sobre os preços após as enchentes de proporções históricas no estado. Produtores gaúchos, por outro lado, contestam a necessidade da medida.

Segundo o Irga, a colheita de arroz termina com uma produção de 7,16 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul. Nesta safra (2023/2024), foram semeados 900,2 mil hectares do cereal irrigado. O estado já colheu 94,61% dessa área (quase 851,7 mil hectares).

Ainda está em processo de colheita uma fatia residual de 1.548 hectares (ou 0,17% do total), segundo o Irga. Com as enchentes registradas em maio, os gaúchos perderam o equivalente a 5,22% da área semeada (47 mil hectares), principalmente na região central do estado.

Na safra anterior (2022/2023), o Rio Grande do Sul plantou quase 840 mil hectares, menos do que na temporada atual. A produção total, porém, foi de 7,2 milhões de toneladas, um pouco acima da atual.

O estado é o grande destaque do cultivo de arroz no Brasil. Responde por cerca de 70% da produção nacional. O país consome aproximadamente 10,5 milhões de toneladas por ano.

“Os dados dessa safra comprovam o que Irga já vem manifestando desde o início de maio, que a safra gaúcha de arroz, dentro da sua fatia de produção no mercado brasileiro, garante o abastecimento do país e não há, tecnicamente, justificativa para a importação de arroz no Brasil”, disse em nota o presidente do instituto, Rodrigo Machado, ao apontar números similares aos da safra passada.

O Irga é vinculado à Seapi (Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação). O secretário interino da pasta, Márcio Madalena, afirmou que os dados trazidos no relatório superam, com uma pequena margem, as estimativas de antes das enchentes.

“O que nos dá segurança para manter posicionamento de que nunca houve justificativa técnica que comprovasse a tendência de desabastecimento de arroz no Brasil, em função da calamidade pública do estado”, declarou Madalena.

O governo Lula vem rebatendo essas avaliações. Um leilão de importação de arroz chegou a ser realizado, mas acabou cancelado neste mês, após indícios de falta de capacidade técnica e irregularidades.

Na quarta-feira (12), o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) afirmou que a anulação ocorreu porque o governo não tem “compromisso com o erro”.

Ele disse que um novo certame será realizado por meio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Fávaro também criticou o aumento dos preços do produto após a catástrofe no Rio Grande do Sul.

“Governo não tem compromisso com o erro. É fato que estamos diante de um momento excepcional. Reconhecemos que a safra brasileira é mais ou menos suficiente com a demanda brasileira. Portanto, não faz sentido nenhum, ao final da safra, no momento em que os estoques estão postos, ter aumento de preços exacerbados, como tivemos logo após a tragédia, [de] 30%, 40%”, afirmou o ministro.

“Há evidentemente um movimento especulativo, de ganhar dinheiro com a tragédia. Um movimento de desestabilização da economia, da população. O governo tem que, com cautela, com responsabilidade, responder à altura da população como vai fazer.”

Leonardo Vieceli/Folhapress

A programação oficial do São João de Itagibá 2024 está confirmada!

 De 21 a 23 de junho, junte-se a nós para uma festa inesquecível com atrações incríveis e muito forró

Itagibá, uma das cidades mais tradicionais da Bahia quando o assunto é São João, se prepara para mais uma edição inesquecível de sua festa junina. Este ano, os festejos serão realizados entre os dias 21 e 23 de junho, trazendo uma decoração especial em homenagem a Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião.

A praça central de Itagibá se transformará em um cenário repleto de cores e símbolos que celebram a vida e a obra de Luiz Gonzaga, ícone da música nordestina. A homenagem promete encantar moradores e visitantes, resgatando a essência cultural e a alegria das festas juninas.

A programação dos festejos juninos está recheada de grandes atrações, que prometem fazer o público dançar e se divertir ao som de muito forró e música popular. Entre os destaques estão:

  • Tarcísio do Acordeon
  • Tierry
  • Walkyria Santos
  • Raí Saia Rodada
  • Silvano Sale
  • Sinho Ferrary
  • Santana Cantador
  • Edu & Marial
  • Rasta Chinela
  • Banda Lordão
  • Artistas locais

A diversidade de artistas garante uma programação para todos os gostos, mantendo viva a tradição do São João de Itagibá, conhecido por seu ambiente acolhedor e charmoso. A festa é realizada pela Prefeitura de Itagibá, com o apoio do Governo do Estado. O São João de Itagibá é mais do que uma simples celebração; é um encontro de gerações que compartilham a paixão pelas tradições nordestinas. A cidade se enche de vida, com danças, comidas típicas, e claro, muito forró.


Lula diz no G7 que primeiro-ministro de Israel ‘quer aniquilar palestinos’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar neste sábado (15) a conduta do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, na guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.

“O primeiro-ministro de Israel, ele não quer resolver o problema. Ele quer aniquilar os palestinos em cada gesto, cada ato”, afirmou Lula a jornalistas na Puglia, no sul da Itália, onde participou da reunião de cúpula do G7.

“Vamos ver se ele vai cumprir a decisão do tribunal internacional. Vamos ver se ele vai cumprir a decisão tirada da ONU agora.”

Lula fazia menção a uma resolução pedindo o cessar-fogo no conflito aprovada pelo Conselho de Segurança na ONU na segunda-feira (10). A medida não tem efeito prático —esta foi a segunda vez que uma moção nesse sentido passou no órgão. Mas aumenta a pressão para que Tel Aviv e Hamas cheguem a um acordo.

A declaração do petista neste sábado se deu em resposta a uma pergunta se o discurso do líder no G7 da véspera tinha sido uma tentativa de amenizar seu discurso em relação a Israel. Então, ao afirmar que o “legítimo direito de defesa” tinha se transformado em “direito de vingança” durante os enfrentamentos, Lula não citou diretamente o Estado judeu.

A fala, dada no último compromisso do presidente na Europa antes de voltar ao Brasil, tem potencial para reabrir a contenda diplomática entre Brasil e Israel iniciada no começo do ano, depois de Lula comparar as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista. A correlação fez a chancelaria israelense declarar o petista persona non grata no país no Oriente Médio.

Ainda neste sábado, autoridades de saúde de Gaza, ligadas ao Hamas, atualizaram a cifra de palestinos mortos no conflito para 37.296. Não se sabe quantos destes são civis e quantos são terroristas.

Na mesma data, o Exército israelense afirmou que oito de seus soldados morreram em uma explosão em Rafah, na fronteira com o Egito. Em maio, o órgão divulgou que cerca de 700 militares e membros das forças de segurança morreram desde o início dos enfrentamentos, além de aproximadamente 800 civis, a grande maioria durante os ataques de 7 de outubro.

Michele Oliveira/Folhapress

Ala do União Brasil pode barrar candidatura de Elmar à presidência da Câmara

A candidatura de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) para a presidência da Câmara dos Deputados está enfrentando resistência significativa não apenas do governo, mas também de dentro de seu próprio partido. A bancada do Paraná do União Brasil, que se opõe à liderança de Elmar na Câmara, manifestou sua intenção de apoiar Marcos Pereira na sucessão de Arthur Lira (PP-AL). A informação é do Blog do Noblat, do site “Metrópoles”.

Essa divisão interna é vista como um sério obstáculo para a candidatura de Elmar, com seus aliados reconhecendo que a falta de unidade dentro do União Brasil compromete gravemente suas chances de sucesso. Eles acreditam que, sem o apoio integral do partido, além dos apoios esperados do PP de Lira e do PL de Jair Bolsonaro, a candidatura de Elmar está fadada ao fracasso desde o início.

Essa situação revela as complexidades e dinâmicas internas dos partidos políticos brasileiros, onde alianças e divergências internas podem desempenhar um papel crucial nas disputas por posições de liderança. A falta de consenso dentro do União Brasil sobre a candidatura de Elmar Nascimento ilustra os desafios que ele enfrentará para consolidar uma base de apoio forte o suficiente para garantir sua eleição para a presidência da Câmara dos Deputados.

Pauta de costumes bolsonarista avança mais sob Lula do que sob Bolsonaro

A chamada “pauta de costumes” do bolsonarismo, que engloba questões como aborto e drogas, vem avançando mais nesta primeira metade do governo Lula (PT) do que nos quatro anos de Jair Bolsonaro (PL).

Se de 2019 a 2022 temas como escola sem partido e o chamado Estatuto do Nascituro empacaram, agora o Congresso caminha a passos largos para criminalizar o consumo de drogas e, ao menos na Câmara, para equiparar as penas de homicídio ao aborto cometido após 22 semanas de gestação.

Um conjunto de fatores explica o paradoxo, que engloba também temas relativo à segurança pública e à questão agrária.

A composição do Congresso sob Bolsonaro e Lula é similar, com maioria de parlamentares de centro e centro-direita. Tanto esquerda quanto o bolsonarismo controlam, cada um, cerca de um quarto das cadeiras de Câmara e Senado.

A diferença é que nas eleições de 2022 o contingente de parlamentares mais alinhados ao ex-presidente ganhou um impulso —cinco ex-ministros foram eleitos para o Senado e o PL emplacou quase 100 deputados, a maior bancada da Câmara em um quarto de século.

Uma espécie de pontapé inicial na guinada verificada no Congresso partiu do Senado.

Na reta final de sua gestão na presidência do STF (Supremo Tribunal Federal) e prestes a se aposentar, Rosa Weber desengavetou em 2023, em uma só tacada, julgamentos sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal, a descriminalização do aborto nas 12 primeiras semanas de gestação e o marco temporal das terras indígenas.

A atitude inflamou as poderosas bancadas ruralista, religiosa e da bala. Isso levou o Senado a deixar de ser a barreira a projetos do bolsonarismo, papel que cumpriu em boa parte da gestão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que chegou ao comando da Casa em fevereiro de 2021.

Ao contrário, o Senado partiu para a ofensiva. Em resposta direta ao STF, aprovou não só a limitação de decisões monocráticas de ministros da corte —que está agora na Câmara—, mas também projeto que coloca na Constituição a criminalização de porte e posse de drogas e outro que retoma a posição dos ruralistas sobre o marco temporal indígena.

Além da reação ao STF, contribuiu para isso a já deflagrada campanha de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para suceder Pacheco e voltar ao comando do Senado, em 2025, tarefa que envolve a tentativa de não estimular um candidato bolsonarista competitivo.

A eleição de fevereiro tanto para o comando do Senado quanto para o comando da Câmara é um dos fatores que ajudam a explicar a mudança de posição do centrão, o grupo formado por PP, Republicanos e por parlamentares espalhados por outros partidos, como PL e União Brasil.

Assim como Pacheco e Alcolumbre no Senado, Arthur Lira (PP-AL), na Câmara, tenta reunir o maior apoio possível a um candidato a sua sucessão, cujo nome ainda não está definido. Em troca de apoio, sofre pressão das bancadas ruralista, religiosa e da bala.

Na semana que passou, o plenário da Câmara aprovou a tramitação em regime de urgência do projeto que iguala ao homicídio aborto feito após 22 semanas de gestação. Já a Comissão de Constituição e Justiça validou por 47 votos a 17 a PEC das Drogas aprovada pelo Senado.

Na avaliação de líderes da Casa, o movimento de Lira mostra a tentativa do alagoano de reunir apoio dos parlamentares da oposição e da direita em torno de seu sucessor. Ao mesmo tempo, ele coloca o governo contra a parede, ao dar andamento a pautas que a esquerda e a base de Lula são contra. Lira também busca o apoio do petista para o seu candidato.

O presidente da Câmara incluiu a urgência do projeto antiaborto na pauta do plenário atendendo a um pedido da bancada evangélica.

Na quarta (4), ele foi questionado por jornalistas sobre o avanço das pautas de costume e falou em “olhar para todos os lados”.

“Se você quiser que eu paute todas as pautas de costumes, vocês vão ver que são enormes. A gente tem aqui o costume de olhar para todos os lados, todos os partidos, todos os representantes. São posições ideológicas muito diversas e nós temos que nos acostumar que, muitas vezes, a gente pode discordar, mas tem que respeitar o ponto de vista diferente”, disse.

Também avançou na Câmara matérias de um pacote “anti-MST” patrocinado pela FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) como resposta às invasões do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em abril.

Em maio, os deputados aprovaram um projeto que determina que invasores de propriedades rurais serão impedidos de receber auxílios ou benefícios de programas do governo, como o Bolsa Família, assim como de tomar posse em cargos e funções públicas.

Na área de segurança pública, o maior avanço da agenda bolsonarista se deu com a aprovação do projeto que acaba com a saidinha dos presos, o que incluiu derrubada do veto de Lula a trecho dessa lei. Nesse mesmo dia a Câmara aprovou revogação de parte dos decretos de Lula que amenizaram a legislação pró-armas de Bolsonaro.

Congressistas também afirmam que Lula não tem uma agenda de fôlego no Congresso para a segurança pública, o que abre espaço para o avanço de propostas de aliados do ex-presidente. Além disso, parlamentares da oposição dizem que usam essas pautas de costume como instrumento para desgastar a imagem do governo federal, que não tem base para tentar barrar temas como esses.

Nos quatro anos da gestão Bolsonaro, houve principalmente a partir de 2020 a entrega da sua articulação política ao centrão. Sob o comando de Lira, o grupo tinha uma posição clara de priorizar temas econômicos e que pudessem impulsionar a reeleição do presidente.

Devido a isso, propostas como a escola sem partido —que tem como pressuposto a existência de uma ideologização à esquerda patrocinada por professores nas salas de aula— e do Estatuto do Nascituro —que visa acabar com as permissões legais para realização do aborto— não saíram do lugar.

Ranier Bragon, Victoria Azevedo e Thaísa Oliveira/Folhapress

Presidente do Solidariedade se entrega à PF após três dias foragido

A defesa de Eurípedes Gomes Junior, presidente do Solidariedade, informou neste sábado (15) que ele se entregou à Polícia Federal em Brasília.

Eurípedes foi alvo de mandado de prisão em investigação sobre o desvio de R$ 36 milhões dos fundos partidário e eleitoral do Pros, legenda incorporada pelo Solidariedade, nas eleições de 2022.

Em nota, os advogados afirmaram que o político se licenciou das funções de dirigente partidário.

Disseram ainda que ele demonstrará “não só a insubsistência dos motivos que propiciaram a sua prisão preventiva, mas ainda a sua total inocência em face dos fatos que estão sendo apurados nos autos do inquérito policial em que foi determinada a sua prisão preventiva”.

A ação da PF, batizada de Fundo do Poço, prendeu seis pessoas, apreendeu cerca de R$ 26 mil em espécie e um helicóptero comprado pelo partido com verba pública.

Foram expedidos sete mandados de prisão, 45 de busca e apreensão e outros de bloqueio e indisponibilidade de bens pela Justiça Eleitoral no Distrito Federal.

Folhapress

55ª CIPM passa a ser responsável pela segurança de Boa Nova, Ubatã e Gongogi

Foto: Reprodução
A segurança pública na Bahia passa por importantes mudanças. Na edição deste sábado, 15, o Diário Oficial do Estado (DOE) publicou a Portaria 151, que redefine as Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP) no estado. Com essa nova configuração, algumas cidades terão sua segurança sob a responsabilidade de diferentes unidades da Polícia Militar.

Principais Alterações

A Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) de Ipiaú, conhecida como 55ª CIPM, não será mais responsável pela segurança do município de Aiquara. A partir desta portaria, Aiquara passará a integrar a área de atuação do 19º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Jequié.

Novas Cidades sob a Responsabilidade da 55ª CIPM

Em contrapartida, a 55ª CIPM terá a responsabilidade expandida, assumindo a segurança dos municípios de Boa Nova, Ubatã e Gongogi. Essas mudanças visam otimizar o atendimento e a cobertura policial em toda a região, melhorando a eficácia das operações e a distribuição dos recursos da segurança pública. Agora a 55 CIPM conta com 08 municípios sobre sua responsabilidade: Ipiaú, Ibirataia, Itagibá, Boa Nova, Barra do Rocha, Dário Meira, Gongogi e Ubatã.

A redefinição das RISP é uma medida importante para adequar a estrutura da Polícia Militar às realidades regionais, permitindo um atendimento mais próximo e eficaz. As autoridades de segurança pública do estado estão confiantes de que essas mudanças trarão benefícios significativos para a população, com uma presença policial mais efetiva e uma gestão mais eficiente dos recursos. (Giro Ipiaú)

Indígenas Tupinambá cobram declaração de terra paralisada no governo

Os indígenas da etnia Tupinambá, no sul da Bahia, intensificaram a pressão sobre o governo federal esta semana em busca de avanço no processo de demarcação de suas terras, paralisado há aproximadamente 15 anos. Cerca de 20 lideranças da comunidade tradicional cumpriram uma série de agendas em Brasília, com reuniões na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), no Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), na Procuradoria-Geral da República (PGR), entre outros órgãos, para destravar a portaria declaratória, pendente de assinatura pelo menos desde 2009, quando foi emitido o relatório de identificação e delimitação.

Três anos mais tarde, em 2012, todas as contestações sobre a ocupação foram superadas por pareceres jurídicos do próprio governo.

O grupo também realizou um ato na Praça dos Três Poderes, na última quarta-feira (12), contra a tese do chamado marco temporal, aprovada em lei pelo Congresso Nacional, mesmo após veto do presidente da República e de ser considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que deverá invalidar o texto legal em novo julgamento.

De acordo com a legislação, a portaria declaratória deve ser editada pelo ministro da Justiça. Trata-se da segunda de cinco etapas formais do processo de demarcação, e ocorre após a elaboração do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação (RCID), produzido pela Funai, que apontou, no caso dos Tupinambá, a ocupação centenária na região.

“Não tem mais nenhum impedimento jurídico para que seja assinada a portaria declaratória, porém, a gente percebe que há um problema político muito maior que tem atrapalhado a continuidade e a celeridade desse processo, por parte do governo”, afirma Jaborandy Tupinambá, coordenador do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoíba).

A Lei 14.701/2023, que estabeleceu o marco temporal, também não tem poder de travar o prosseguimento da demarcação da Terra Indígena (TI) Tupinambá de Olivença, segundo a assessoria jurídica do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), já que a tradicionalidade da ocupação indígena da área já foi reconhecida por meio do procedimento de identificação e delimitação do território. “Os indígenas sempre ocuparam porções de terras em toda a extensão do território. Inclusive, as áreas estavam registradas em nome de famílias pertencentes ao Povo. Essas famílias são conhecidas como ‘mourões’. Grupos familiares que nunca saíram do território e que o esbulho intensificado no meado do século passado não conseguiu afastá-los daquelas terras”, diz o trecho de uma nota técnica elaborada pela entidade.

Proteção ameaçada
Localizada nos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, a Terra Indígena Tupinambá de Olivença tem cerca de 47,3 mil hectares, divididos em 23 comunidades, onde vivem cerca de 8 mil indígenas. O território ajuda a preservar uma porção importante de Mata Atlântica original nessa região da Bahia, mas, segundo os seus ocupantes originários, é alvo histórico da cobiça de setores agrícolas.

“São cidades que foram construídas pelos coronéis do cacau, desde uma época em que eram tudo, e continuam sendo os políticos, prefeitos, vereadores, juízes e delegados que julgam nossa presença no território”, afirma Jaborandy Tupinambá.

Respostas
Procurado, o Ministério dos Povos Indígenas informou que “acompanha com interesse o desfecho e definição da emissão da Portaria Declaratória da TI Tupinambá de Olivença”. A pasta reconheceu que a demanda se arrasta 15 anos, e ressaltou que só a demarcação será capaz de pacificar os perigos de conflitos fundiários na região.

“A situação das lideranças indígenas da TI Tupinambá é complexa e preocupante. Há um histórico de ameaças e violência, principalmente relacionadas à demarcação de suas terras. Uma demarcação de TI reduz os conflitos e os riscos à segurança dos povos indígenas. A TI foi identificada e delimitada pela Funai em 2009 e o processo de demarcação tramita na justiça”, destacou a pasta.

Já o Ministério da Justiça, responsável formal pela publicação da portaria declaratória, não respondeu ao pedido de manifestação da reportagem, até o momento.

A velocidade no andamento dos processos de reconhecimento das terras indígenas tem sido alvo de críticas do movimento indígena desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de a política de demarcação ter sido retomada, com a homologação de dez áreas desde 2023 – quase o mesmo número que nos dez anos anteriores (11) –, a expectativa era que pelo menos 14 áreas, que dependem apenas do decreto presidencial, já pudessem ter sido oficializadas. Essa foi a principal cobrança durante a última edição do Acampamento Terra Livre (ATL), em abril, que reuniu 10 mil indígenas em Brasília.

Pedro Rafael Vilela/Agência Brasil

Prefeitura de Ipiaú divulga edital para seleção de profissionais na Assistência Social

Na sexta-feira, 14 de junho, foi publicado o edital do Processo Seletivo Simplificado (PSS) nº 001/2024 pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de Ipiaú. O objetivo é contratar servidores temporários para diversos cargos, atendendo às demandas do município até a realização do concurso público previsto para o primeiro semestre de 2024.

Cargos e Vagas

Os cargos disponíveis e suas respectivas quantidades são:

- Assistente Social: 2 vagas
- Psicólogo: 3 vagas
- Educador Social: 5 vagas
- ⁠Visitador: 6 vagas
- ⁠Cadastrador: 2 vagas
- ⁠Entrevistador: 3 vagas
- ⁠Abordador Social: 3 vagas

Há também vagas reservadas para pessoas com deficiência (PCD) e para ampla concorrência.

Inscrições

As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas exclusivamente via e-mail. Os candidatos devem enviar o formulário de inscrição (anexo ao edital) e a documentação exigida em formato PDF para o endereço eletrônico “seletivosocialip2024@gmail.com”. O período de inscrições começa no dia 17 de junho de 2024 e se encerra às 17h do dia 19 de junho de 2024.

Requisitos para Inscrição

Os requisitos básicos para a contratação incluem:

- Nacionalidade brasileira ou portuguesa (com reconhecimento do gozo dos direitos políticos);
- Estar em dia com as obrigações eleitorais e militares (para candidatos do sexo masculino);
- Possuir a formação escolar exigida para o cargo pretendido (detalhada no ANEXO I do edital);
- Ter idade mínima de 18 anos na data da contratação;
- Não ter sido condenado por crime contra a administração pública;
- Não ter sofrido penalidades administrativas de suspensão ou demissão.

Processo Seletivo

A seleção será realizada em uma única fase, composta pela análise curricular de natureza classificatória. A documentação enviada será avaliada pela Comissão Especial de Processo Seletivo Simplificado (CPSS).

Contratação

As contratações serão feitas por prazo determinado, inicialmente de seis meses, podendo ser prorrogadas por igual período. As atividades serão exercidas nas zonas urbana e rural do município de Ipiaú.

Mais Informações: Link para integrar em “Diário Oficial” no penúltimo paragrafo. https://doem.org.br/ba/ipiau/diarios/previsualizar/DNo1k5jy

Para mais detalhes sobre os cargos, remuneração, jornada de trabalho e demais instruções, os interessados devem consultar o edital completo disponível no Diário Oficial do Município de Ipiaú.

Os candidatos devem estar atentos aos prazos e requisitos estabelecidos para garantir sua participação no processo seletivo e evitar a desclassificação.

Michel Querino / Decom Prefeitura de Ipiaú

PC prende suspeitos de furto a aparelhos hospitalares estimados em R$ 6 milhões

 Nas ações, foram apreendidas três pistolas: uma calibre .380; outra, 9 mm; e uma terceira, .45. 

Equipes da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) de Vitória da Conquista cumpriram, na tarde de quinta-feira (13), três mandados de prisão de suspeitos de integrarem uma organização criminosa especializada em furtos a produtos hospitalares.

De acordo com as apurações da unidade, que é vinculada ao Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), somente no último crime, os presos causaram um prejuízo de R$ 6 milhões às vítimas.

As capturas são resultado de intenso trabalho de investigação e inteligência da Polícia Civil da Bahia. Uma delas ocorreu em Santo André (SP). Nas ações, foram apreendidas três pistolas: uma calibre .380; outra, 9 mm; e uma terceira, .45.

Os suspeitos passaram por exames de lesões corporais de praxe e estão à disposição do Poder Judiciário.

Texto: Ascom PC

Mulher envolvida em triplo homicídio é presa em Feira de Santana

Uma mulher suspeita de ser mandante de um triplo homicídio em maio, em Feira de Santana, foi presa na quinta-feira (13), naquele município. Ela foi capturada por força de um mandado de prisão temporária, resultado de uma rápida investigação da 1ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior, por intermédio da Delegacia de Homicídios.
 
De acordo com as investigações, a mulher é casada com um traficante que cumpre pena em um conjunto prisional do estado. A análise de câmeras de segurança e de outros recursos tecnológicos apontou que a suspeita deu ordens para os comparsas. Os criminosos pararam um carro em frente a um mercadinho no bairro Rua Nova, no dia 10 de maio, e dispararam contra clientes, matando três deles. Um dos executores foi baleado por um segurança e morreu, enquanto outros três suspeitos fugiram. 

A mulher está presa, à disposição do Poder Judiciário, e será encaminhada ao Conjunto Penal de Feira de Santana.

Ascom-PC

Operação reprime o tráfico e crimes contra a vida na Palestina

Centenas de policiais civis da Coordenação de Operações do Departamento de Polícia Metropolitana (COP/Depom) e da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), ocupam o bairro da Palestina em Salvador, na manhã desta sexta-feira (14), durante a Operação Ponta de Lança, que tem como objetivo a repressão da atuação de criminosos responsáveis pelo tráfico de drogas e crimes contra a vida na região. A população pode colaborar, fornecendo informações, sem precisar se identificar, para o telefone (71) 99668-7459 ou para o Disque Denúncia, no 181, da Secretaria da Segurança Pública (SSP). 

Os policiais buscam por drogas, armas e outros materiais ilícitos, além de pessoas com mandados de prisão em aberto. Durante as ações, também são verificadas denúncias e outras informações levantadas durante investigações em curso na 8ª Delegacia Territorial (DT / Valéria). 

O diretor do Depom, delegado Arthur Gallas, destaca a importância das ações. “Estamos reforçando as atividades de polícia judiciária em campo, bem como a busca por autores contumazes de crimes na região, além de materiais ilícitos utilizados pelos grupos criminosos, que refletem nas ocorrências registradas em unidades do nosso Departamento”, pontuou. 

Ascom-PC

Forças Armadas preparam reação política à ofensiva do governo sobre a ‘previdência militar’

A cúpula das Forças Armadas não gostou nada de ver a ministra do Planejamento, Simone Tebet, sugerir uma revisão do Sistema de Proteção Social dos Militares no âmbito do ajuste fiscal. No mesmo dia, o ministro Vital do Rêgo Filho, do Tribunal de Contas da União (TCU), fez alertas sobre a fatia do Orçamento gasta com a caserna durante o julgamento das contas presidenciais de 2023.

A percepção nas fileiras militares é que o tema está esquentando dia a dia, e tem apoio de ministros do Palácio do Planalto para seguir em debate, embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha feito uma série de acenos de pacificação às Forças Armadas, incluindo a proibição de o governo federal promover solenidades críticas aos 60 anos do golpe de 1964.

Insatisfeitas, as tropas preparam uma reação política. Vão acionar interlocutores junto ao governo e ao Congresso para apresentar seus argumentos. Uma “apostila” de 25 páginas de contrapontos está pronta. Para os militares, peculiaridades da carreira como o “estilo de vida nômade”, a falta de jornada de trabalho durante missões oficiais e a inexistência de FGTS para servidores justificam um sistema de proteção social diferenciado e exclusivo.

Interlocutores de duas das três Forças Armadas defenderam à Coluna do Estadão que a caserna deu sua “cota de contribuição” ao ajuste fiscal em 2001, quando foi extinta a pensão para filhas solteiras após a morte do militar. Já em 2019, o encargo para a pensão militar subiu de 7,5% para 10,5% para todos os inscritos no sistema de proteção próprio.

“O regime jurídico distinto que rege os militares não implica em privilégios imerecidos, ao contrário, visa apenas mitigar desvantagens impostas a esses profissionais pelas desvantagens da profissão”, diz a apostila, a qual a Coluna do Estadão teve acesso.

Eduardo Gayer/Estadão Conteúdo

Área queimada no pantanal em 2024 já é 54% maior do que em ano de destruição recorde

O tamanho da devastação causada pelo fogo no pantanal alcançou um novo patamar alarmante. De janeiro até a última terça-feira (11), 372 mil hectares foram atingidos por incêndios, área que supera a de duas cidades de São Paulo.

A extensão é 54% maior do que a afetada pelas chamas no mesmo período em 2020 —considerado o pior ano de queimadas no bioma—, quando 241,7 mil hectares queimaram até a data.

Os dados são do Lasa (Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais), do departamento de meteorologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Até esta sexta-feira (14), o bioma já teve, em 2024, 2.019 focos de incêndio, segundo a plataforma BD Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em comparação, em 2023, durante o mesmo período, foram 133 focos.

Já em relação a 2020, apesar de a atual área de devastação ser maior, havia focos mais no mesmo período quatro anos atrás, 2.206.

Para especialistas, a situação atual é resultado de seca severa no bioma, que se arrasta pelos últimos anos e foi potencializada pelo fenômeno climático El Niño, e de falta de articulação para ações preventivas contra o fogo.

Os picos de queimadas no bioma costumam ocorrer em setembro. Assim, com a situação já agravada no primeiro semestre e vinda de um fim de ano com alta de incêndios —em novembro de 2023, foram 4.134 focos de calor, o maior índice já medido pelo Inpe para o período—, a ONG SOS Pantanal encaminhou nesta semana uma nota técnica cobrando ações.

O documento foi endereçado aos governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), exigindo um trabalho conjunto mais eficiente e alinhado.

Gustavo Figueirôa, biólogo e porta-voz do SOS Pantanal, destaca que os esforços empregados em pessoal e equipamentos, como aeronaves, ainda não são suficiente para atender a demanda.

À reportagem, ele afirma que os governos “pouco aprenderam” com os episódios anteriores e que um dos principais problemas das queimadas é a falta de prevenção.

“Os governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul já assinaram um termo de cooperação com o Ministério do Meio Ambiente este ano para o combate aos incêndios, mas até agora a gente não viu a integração”, avalia.

“O pantanal é um lugar difícil de acesso e a logística é complicada, mas recursos há para isso. Ainda há um número menor [de servidores] do que o necessário para começar a enfrentar esse problema da maneira correta. Precisamos de mais homens, mais equipamentos, helicópteros, aviões, à disposição para fazer esse combate de uma maneira eficaz.”

Nesta sexta-feira, o governo federal criou uma sala de situação para lidar com as queimadas e com a seca, especialmente no pantanal. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, liderará reuniões a partir da segunda (17) para discutir soluções a simplificação na contratação de brigadistas, equipamentos e aeronaves, entre outras medidas.

O pantanal, maior planície alagável do mundo, recebe a água das chuvas das regiões de planalto, da bacia do Alto Paraguai. Numa situação normal, o ciclo das águas começa em outubro, com picos em dezembro e janeiro, se prolongando até março, no máximo. Nas enchentes, as águas transbordam dos rios, conectam lagoas e emendam as imensas áreas alagadas.

Nos últimos anos, a dinâmica não tem funcionado dentro da normalidade. De acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a bacia do Alto Paraguai, entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, acumula déficits de chuva desde o verão de 2019/2020.

Os pesquisadores do órgão apontam ainda que a situação hidrológica atual é considerada crítica no bioma, tendo registrado seca excepcional em algumas áreas, o mais alto grau no ranking de classificação, nas estações pluviométricas de Ladário e Porto Murtinho, ambas em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o Serviço Geológico Brasileiro, o rio Paraguai, o principal da região, apresenta os menores níveis históricos.

O Cemaden frisa que a seca afeta as áreas agroprodutivas e que há alta probabilidade de fogo especialmente em Mato Grosso do Sul. Todo o pantanal está em estado de atenção e alerta, diz a nota.

Figueirôa, do SOS Pantanal, afirma que a maior parte do fogo é causada por ações humanas, sejam intencionais ou não. As principais vítimas acabam sendo a vegetação nativa e a fauna, como macacos de diversas espécies, cobras, onças-pintadas, ariranhas, cervo-do-pantanal e araras-azuis, que estão ameaçadas de extinção.

Isabelle Bueno, coordenadora de operações do Instituto Homem Pantaneiro, explica que as altas temperaturas e o vento na região neste momento facilitam que o fogo se espalhe.

“O acesso nas áreas do pantanal dificulta um combate direto. Então, existem trabalhos de monitoramento e de proteção das comunidades, das estruturas físicas e das pessoas, mas ainda exige bastante, principalmente, apoio aéreo nesses combates, que é uma dificuldade que a gente tem hoje”, ressalta Bueno.

Em nota, o Ibama diz que está com equipe de brigadistas do Prevfogo atuando principalmente em áreas particulares. O instituto afirma que foram contratados 157 brigadistas e que uma aeronave faz a avaliação dos maiores focos. Novas contratações estão previstas, segundo o órgão.

Procurado pela reportagem, o governo de MS conta que liderou a criação da chamada Lei do Pantanal, em parceria com ONGs e autoridades federais, para conservação do bioma. A gestão de Eduardo Riedel (PSDB) destaca que mantém ações de prevenção em conjunto com MT.

Os bombeiros sul-mato-grossenses, por sua vez, afirmam que instalaram 13 bases avançadas para reduzir o tempo de resposta. As operações incluem ações na Serra do Amolar e no Parque do Rio Negro, utilizando georreferenciamento, drones e aeronaves. A corporação diz que os investimentos em aeronaves e tecnologia foram intensificados desde 2020.

Também em nota, o governo do MT afirma que, neste ano, investiu R$ 74,5 milhões no combate ao desmatamento e a incêndios florestais, incluindo locação de aviões, capacitação de brigadistas e ações de fiscalização. A gestão de Mauro Mendes (União) ressalta que firmou pacto com o governo federal e estados da Amazônia Legal.

O Corpo de Bombeiros de MT diz que desenvolveu um plano de prevenção e combate aos incêndios no Parque Estadual Encontro das Águas, em Poconé. A corporação capacitou 50 brigadistas.

Também procurado, o ICMBio não se pronunciou sobre suas ações.

No início do mês, o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que o Congresso deve definir normas específicas para a proteção do pantanal em 18 meses e entendeu que há omissão legislativa. Se o Congresso não cumprir a determinação, o caso retornará ao STF.

Jorge Abreu/Folhapress

Ala do STF vê margem para atuar contra lei antiaborto e PEC das Drogas

Uma ala do STF (Supremo Tribunal Federal) calcula nos bastidores que é muito baixa a chance de a corte validar o projeto de lei Antiaborto por Estupro em tramitação na Câmara dos Deputados, caso seja aprovado pelo Congresso Nacional.

Ministros entendem que o texto da maneira como está é inconstitucional. A avaliação deles é que não há ambiente político para retomar o julgamento de descriminalização total do aborto nas 12 primeiras semanas de gestação, mas que uma lei que restringe as hipóteses atuais de interrupção de gravidez não seria endossada pelo Supremo.

Em relação à PEC (proposta de emenda à Constituição) que inclui no texto constitucional a criminalização do porte e da posse de todas as drogas, a leitura feita é a de que, independentemente da posição do Congresso, há espaço para uma decisão que diferencie usuário e traficante em relação à maconha.

A Folha ouviu sob reserva dois ministros e dois assessores que trabalham diretamente com outros dois integrantes da corte.

Os magistrados admitem nos bastidores que será necessário fazer uma equação política sobre o momento adequado para esses julgamentos, caso as pautas avancem no Legislativo. Os processos pautados pela ex-presidente do STF Rosa Weber acirraram os ânimos com o Parlamento, e o objetivo atual é tentar manter uma relação harmoniosa com o Congresso.

Isso porque, os movimentos de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o Supremo no Congresso têm ganhado cada vez mais força.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o chefe da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), fizeram uma aliança pontual com a ala bolsonarista da Casa de olho nas eleições e na disputa interna pela presidência do Senado que culminou na aprovação de uma série de medidas que contrariam o Supremo.

Em novembro do ano passado, por exemplo, os senadores aprovaram uma PEC que limita decisões individuais na corte

Antes disso, em setembro de 2023, em votação relâmpago, aprovaram o projeto do chamado marco temporal para a demarcação de terras indígenas, menos de uma semana após a tese ser derrubada em decisão da corte.

A PEC das drogas foi um fenômeno parecido. Em abril deste ano, o Senado aprovou a proposta que criminaliza o porte e a posse de drogas, o que foi visto como um contra-ataque ao julgamento do STF que pode descriminalizar a maconha para uso pessoal.

Nesta semana, a matéria foi aprovada na CCJ da Câmara por 47 votos favoráveis e 17 contrários. A tendência é que tenha maioria também no plenário da Casa.

Caso isso se confirme, o texto será promulgado pelo próprio Congresso. Os ministros reconhecem que a votação é uma resposta ao julgamento em curso no Supremo. No entanto, entendem que a PEC do Legislativo não inviabiliza uma definição na corte sobre a quantidade de maconha que caracteriza uso pessoal ou tráfico de drogas.

No caso do aborto, o movimento partiu de uma aliança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com a ala bolsonarista da Casa e apoio de parte do centrão.

Os deputados aprovaram a instituição do regime de urgência no projeto que impõe um prazo de 22 semanas na realização de qualquer procedimento de aborto, inclusive em hipóteses atualmente aceitas no país.

Hoje, o procedimento só é permitido em três situações, que são gestação decorrente de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal. Os dois primeiros estão previstos no Código Penal de 1940 e o último foi permitido via decisão do STF em 2012. Para todos esses cenários, não há limite da idade gestacional para a realização do procedimento.

O projeto ganhou força após o ministro Alexandre de Moraes suspender uma resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) uma resolução que proibia a assistolia fetal, um procedimento que consiste na injeção de produtos químicos no feto para evitar que ele seja removido com sinais vitais.

O procedimento é recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e tido pelos protocolos nacionais e internacionais de obstetrícia como a melhor prática assistencial à mulher em casos de aborto legal acima de 20 semanas.

A resolução do CFM era de autoria de Raphael Câmara Parente, ex-secretário da saúde básica do governo Bolsonaro.

Moraes suspendeu a eficácia da medida e causou reação no Congresso. Os ministros do STF, porém, acreditam que a tendência é que seja referendada a decisão de Moraes. Os magistrados não veem ambiente para retomada do julgamento em que Rosa Weber votou para descriminalizar o aborto em todas as hipóteses.

Apesar disso, acredita que uma mudança nas regras para restringir ainda mais as hipóteses de aborto também não têm chance de prosperar caso o STF se debruce sobre o tema.

Matheus Teixeira/Folhapress

Projeto contra delação discutido na Câmara ignora legislação existente

O projeto de lei discutido na Câmara dos Deputados para proibir a delação de presos ignora dispositivo presente na legislação em vigor e entendimento consolidado do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o tema, apontam especialistas.

Pautada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a proposta fala em “instrumentalização” da “privação cautelar da liberdade” ao questionar a voluntariedade de pessoas presas na hora de aceitar a participação em delações premiadas.

“A privação de liberdade, por si só, constitui circunstância apta a provocar uma redução do grau de autonomia no que concerne à livre manifestação da vontade por parte das pessoas custodiadas”, diz trecho da justificativa do projeto.

O tema, entretanto, já foi abordado no pacote anticrime (lei 13.964/2019), posterior ao projeto sobre delação apresentado em 2016 e resgatado agora pela Câmara. A lei em vigor há cinco anos enfatiza que a observância da voluntariedade deve ser dada “especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares”.

Na quarta-feira (12), um requerimento de urgência da proposta foi aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados em menos de dez minutos e de forma simbólica —quando não há contabilização dos votos.

A urgência acelera a tramitação de uma matéria, já que ela não precisa ser analisada nas comissões temáticas da Casa e segue direto ao plenário. Os deputados ainda precisarão votar o mérito do texto.

Em sua fundamentação, o projeto traz considerações sobre as prisões brasileiras, chamadas de “estruturas sucateadas e superlotadas”, e cita histórico como o da Operação Lava Jato, marcada pela “adoção de ilegítimas estratégias processuais com a finalidade de forçar o investigado a, vendo-se fragilizado, se pôr a colaborar com as apurações”.

A colaboração premiada é um acordo entre investigador e investigado, no qual o segundo se compromete a ajudar na investigação em troca de benefícios negociados, como a diminuição de pena.

Especialistas ouvidos pela Folha avaliam que o projeto ignora mudanças legislativas que regulamentaram o instituto da delação premiada, notadamente o pacote anticrime, e afirmam que o texto remete a um contexto anterior a alterações ocorridas desde que os acordos da Lava Jato passaram a ser questionados.

Além disso, afirmam que a questão já está pacificada pelo Supremo. “O PL [projeto de lei] vai de encontro à nova previsão legislativa sobre a colaboração premiada. O ponto que mais me chamou a atenção foi o fato de não terem sido mencionadas as alterações provocadas pelo pacote anticrime”, afirma Luísa Walter da Rosa, advogada criminalista e mestre em direito pela UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Segundo ela, o debate sobre a voluntariedade de presos em casos de delação já foi feito e o momento é de focar em novas reflexões que podem continuar a aperfeiçoar o instituto. Como exemplo, cita a necessidade de discutir os efeitos da rescisão dos acordos e a extensão dos benefícios entregues aos delatores.

A aprovação do projeto, afirma, seria cenário negativo para o combate ao crime organizado, intimamente ligado ao instituto das delações. “Além disso, o projeto viola ainda mais os direitos de quem está encarcerado, porque propõe limitar o direito de defesa de quem está preso de se valer de um benefício processual.”

Ricardo Yamin, professor de processo civil da PUC-SP, concorda que o texto desconsidera as mudanças ocorridas no país desde a época da Lava Jato e que o STF já pacificou a questão. “O tribunal decidiu mais de uma vez que o importante no caso de o réu delatar é a liberdade psíquica, não a física”, afirma.

Apesar disso, diz ser pessoalmente contra a delação de presos e que o debate da questão no Parlamento, desde que despolitizado, é importante.

“O dispositivo [presente no pacote anticrime] já é o suficiente do ponto de vista jurídico para resolver quaisquer questões. Se amanhã ou depois o advogado de quem quer que seja junta aos autos elementos demonstrando qualquer violação a essa suposta voluntariedade, poderia haver a nulidade”, afirma Jordan Tomazelli, mestre em direito processual pela Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).

O que se pode fazer para continuar a aprimorar a lei é especificar de forma mais objetiva que elementos devem ser trazidos aos autos para aferir a voluntariedade do delator preso, diz.

Para Tomazelli, a aprovação do projeto criaria novos problemas, pois tolhe o direito de acessar o instituto, que funciona como um benefício para o investigado.

Gustavo Sampaio, professor de direito constitucional da UFF (Universidade Federal Fluminense), afirma que a colaboração de presos é válida desde que a prisão ocorra de maneira regular.

Ele afirma ser favorável à colaboração premiada com investigado preso quando a prisão preventiva tenha ocorrido com base nos fundamentos do artigo 312 do Código de Processo Penal. “Nunca se a prisão for decretada com a finalidade de forçar alguém a delatar”, diz.

Segundo o artigo, a prisão preventiva pode ser decretada como “garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado”.

Em entrevista na última segunda-feira (10), o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, disse que cabe ao Congresso deliberar sobre o tema, mas que as delações têm funcionado, “com as adequações que o Supremo impôs, como uma ferramenta positiva”. “O fato de o réu estar preso não é em si um problema.”

Ana Gabriela Oliveira Lima/Folhapress

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