Em meio a “corrida pelo pote de ouro” entre candidatos, partidos começam a liberar fundo eleitoral na Bahia
Este ano, o fundo eleitoral é de R$ 4,9 bilhões divididos nacionalmente entre os 29 partidos. Por terem eleito mais deputados federais em 2022, ficam com a maior fatia do bolo o PL, PT, União Brasil, PSD, PP, MDB e Republicanos. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cada partido precisa definir critérios de distribuição aos candidatos, de acordo com a lei, respeitando, por exemplo, a cota por gênero e raça, para receber os recursos. Depois, o plano deve ser homologado pela Corte.
Este Política Livre ouviu dirigentes partidários e o critério que existe em comum para a distribuição do fundo eleitoral é o de priorizar os prefeitos que são candidatos à reeleição ou que almejam fazer o sucessor. Para cada município, existe um teto para gastos de campanha. Em Salvador, por exemplo, o limite legal de gastos dos candidatos ao Palácio Thomé de Souza é de R$ 21.719.094,76, e para concorrentes a vereador é de R$ 586.945,54.
“Todo mundo pensa que o fundo eleitoral é um direito, que todos os candidatos a vereador das cidades devem receber. Mas isso não é verdade. Fica a critério do partido. Além disso, tem aqueles candidatos que acham que o partido tem a obrigação de repassar o teto, o que também não é verdade. Aqui, vamos priorizar quem tem mais condições de vitória. O objetivo é fazer o partido crescer. Não adianta liberar o fundo para quem não tem chance”, disse o presidente de honra do MDB baiano, Lúcio Vieira Lima.
Ele lembrou que o MDB tem 118 candidatos a prefeito na Bahia, sendo 11 disputando a reeleição. Além deles, a legenda vai priorizar os postulantes da sigla nos maiores colégios eleitorais da Bahia, ou seja, Salvador, Vitória da Conquista e Juazeiro. Os montantes ainda estão sendo definidos, como na maioria dos partidos, que resistem em detalhar valores.
“Precisamos lembrar que existem as cotas para mulheres e candidatos negros. Tem, ainda, os que concorrem ao cargo de vice-prefeito. Além disso, entra na conta do fundo eleitoral o que os partidos gastam com material gráfico e propaganda e TV. No caso do MDB, isso pesa muito na Bahia, porque temos candidatos onde há horário eleitoral na televisão. Tudo isso conta nessa distribuição”, ressaltou Lúcio.
Distribuição iniciada
Dos principais partidos, o único que informou já estar repassando o fundo eleitoral na Bahia é o PT. Os demais estabeleceram um prazo até sexta-feira (30) para iniciar o processo. Por meio da assessoria de imprensa, a direção da legenda do governador Jerônimo Rodrigues, que tem 157 candidatos a prefeito no Estado, detalhou ainda os critérios para a distribuição.
“Os critérios de distribuição do FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanha) aprovados pela direção estadual do PT levam em consideração uma série elementos analíticos, como o número de eleitores, se há possibilidade de um ou dois turnos, influência regional da cidade, pesquisa de potencial e viabilidade eleitoral, número de cadeiras em disputa para vereador e vereadora, se é reeleição ou sucessão, enfim, um conjunto de critérios políticos e objetivos, levando sempre em consideração as cotas de gênero e raça”, informou o comando do PT baiano.
Na semana passada, a coluna Radar do Poder revelou que, no caso de Salvador, o PT vai priorizar a eleição dos vereadores, e não deve destinar recursos do fundo eleitoral para a campanha do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), por meio candidata a vice-prefeita Fabya Reis, que é petista. Aos quatro vereadores de mandato da legenda, teria sido prometido o valor de R$240 mil em duas parcelas.
Foco em Salvador
O União Brasil, que fica atrás apenas do PL e do PT no “bolo” da divisão do fundo eleitoral nacionalmente, vai priorizar a reeleição do prefeito Bruno Reis. Presidente municipal da legenda, o deputado estadual Luciano Simões disse ao site que o montante para os candidatos ao Executivo e Legislativo será definido após uma conversa com o ex-prefeito ACM Neto (União), líder da oposição na Bahia.
No total, o União Brasil oficializou 81 candidaturas a prefeito, contando Salvador e incluindo cidades importantes que também devem ter atenção especial, sobretudo Feira de Santana, Camaçari, Vitória da Conquista e Lauro de Freitas. A estratégia da legenda é focar nos grandes redutos eleitorais mirando vencer as eleições de 2026 para o governo do Estado.
Aliado de Bruno Reis em Salvador, o PSDB, que tem poucas candidaturas majoritárias no interior (cerca de 20), também deve ter Salvador como uma prioridade, sobretudo porque tem o presidente da Câmara Municipal, vereador Carlos Muniz, que quer ampliar a bancada. A legenda vai destinar R$ 100 mil do fundo eleitoral para os quatro edis que buscam a reeleição. Para os demais candidatos, o montante varia de R$ 20 mil a R$ 50 mil, a depender do “peso” eleitoral.
“É bom lembrar que o partido também está oferecendo serviço de contabilidade, o jurídico, material gráfico, e tudo isso entra na conta do fundo eleitoral. Esse suporte do partido é importante para evitar, por exemplo, que candidatos tenham problemas com a Justiça Eleitoral durante a após a campanha”, afirmou o coordenador da campanha do PSDB em Salvador, Jean Sacramento.
Outras fontes
Além do fundo eleitoral, os candidatos a cargos eletivos podem ser financiados por doações de pessoas físicas e recursos próprios. A legislação eleitoral determina esse modelo misto de financiamento, que, mais uma vez, será seguido nas eleições municipais deste ano.
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Marçal diz que Bolsonaro não manda na direita e que ex-presidente ‘curvou a cervical’ por Valdemar
O influenciador Pablo Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB
“A esquerda criou o nome bolsonarismo para ver se faz com que todo mundo tenha a cara do presidente [Jair Bolsonaro]. Nós que somos defensores da liberdade, eu tenho um recado para todo mundo, qualquer brasileiro que estiver em qualquer lugar do mundo, a liberdade não tem dono. Não é o Pablo Marçal que manda nisso, não é Bolsonaro que manda nisso”, disse o influenciador em entrevista ao canal CNN Brasil, acrescentando que, “por conta do Valdemar Costa Neto [presidente nacional do PL], o Bolsonaro teve que curvar a [coluna] cervical [ao prefeito Ricardo Nunes]”.
Apesar das declarações, o candidato do PRTB afirmou que “não vai se levantar” contra Bolsonaro, a quem considera um “grande líder”. Recentemente, Marçal e Bolsonaro protagonizaram um desentendimento no Instagram, em que o ex-presidente respondeu ao influenciador com ironia. Questionado sobre o episódio, Marçal, sem apresentar provas, afirmou que foi o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, quem publicou o comentário. Marçal ainda chamou Carlos de “retardado” e disse que ele prejudicou Bolsonaro na eleição passada.
A reportagem procurou a assessoria de Jair Bolsonaro para que o ex-presidente comentasse as declarações de Pablo Marçal. No entanto, não houve retorno até a publicação desta reportagem.
Bate-boca com jornalista
Durante a entrevista, Pablo Marçal interrompeu a jornalista e analista política Clarissa Oliveira ao ser questionado sobre sua condenação a quatro anos e cinco meses de prisão por participação em um esquema que desviava dinheiro de contas bancárias. O caso ocorreu nos anos 2000, e a condenação foi proferida em 2010. Marçal recorreu da sentença e não cumpriu pena, pois a condenação acabou prescrevendo.
O bate-boca iniciado pelo influenciador serviu para desviar o foco da pergunta, enquanto ele repetia a versão de que o caso ocorreu há mais de 20 anos, alegando que foi vítima de uma injustiça e que, na época, não tinha dinheiro para pagar um advogado. Além de capturar e-mails de vítimas para a quadrilha de furto de contas bancárias, Marçal usava na época dos golpes carros cedidos pela organização para passear.
Outro momento de tensão na entrevista ocorreu quando o ex-coach foi questionado sobre a viabilidade de sua proposta de implementar teleféricos em São Paulo. Marçal afirmou que, por apresentar ideias diferentes das dos outros candidatos, tem sido alvo de críticas. “Claro que [o teleférico] é [factível]”, disse após questionado sobre o tema. “[Ele é] Cinco vezes mais barato do que fazer buraco de metrô no chão, é ecológico, silencioso, não para, e é para honrar as comunidades”.
Suspensão de redes sociais
Desde o fim de semana, Pablo Marçal está com suas contas nas redes sociais temporariamente suspensas por decisão judicial. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) atendeu a um pedido do PSB, partido da candidata Tabata Amaral, que alegou que Marçal estaria cometendo abuso de poder econômico ao pagar para que terceiros produzissem vídeos curtos e descontextualizados – os chamados cortes – para impulsionar sua candidatura nas redes.
Os advogados de Pablo Marçal entraram com um recurso para reverter a decisão liminar. Durante a entrevista, o influenciador reiterou que não cometeu nenhuma ilegalidade e afirmou que não coloca dinheiro próprio na campanha. “As pessoas vivem disso [de cortes]. A plataforma TikTok paga por visualização, o YouTube paga por visualização. Esse povo é que devia me pagar por usar minha imagem, você não está entendendo. Não fui eu que coloquei dinheiro nisso”, declarou.
Ação pede impugnação de candidata a vice em Itiruçu por suposta relação homoafetiva com a atual prefeita
A ação foi protocolada pelo candidato opositor Alender Correia (MDB) na 37ª Zona Eleitoral de Maracás, alegando que Verônica mantém uma relação de união estável com a atual prefeita Lorena Di Gregório, o que seria uma tentativa de prolongar o mandato da atual gestão, possibilidade vedada pela legislação eleitoral
“Portanto, para fins eleitorais, o conceito de cônjuge, na atualidade, abrange o casamento civil, a união estável, o concubinato e a união homoafetiva. Assim, diante da possibilidade de reconhecimento da inelegibilidade atinente à
inelegibilidade reflexa, tem-se por necessária e urgente a procedência da presente impugnação e consequente rejeição do registro de candidatura do impugnado”, diz trecho da peça, ao fazer referência ao artigo 14 da Constituição Federal.
Segundo Alender, a prefeita refuta a tese de união estável, embora seja de conhecimento da comunidade local que elas mantêm a relação. Ele afirma ainda que as duas seriam sócias na empresa DI GREGORIO WEB DESIGN LTDA, cujo print consta no pedido de impugnação.Na peça, ele anexou ainda relatos e imagens feitos por elas nas redes sociais que indicariam a existência de uma união estável do casal. Procurada pelo Política Livre, a prefeita Lorena Di Cardoso não atendeu às ligações. O espaço segue aberto. Política Livre
Câmara de Ipiaú promove curso de libras para ampliar acessibilidade aos surdos que buscam os serviços da casa
Um dos objetivos do curso é ensinar uma comunicação básica para que as pessoas surdas que procuram pelos serviços da Câmara possam ter o acolhimento necessário. “Com isso garantiremos mais acessibilidade no âmbito do Poder Legislativo Municipal” , acrescenta o Presidente da Câmara,
De acordo com a Portaria n.º 57, de 15 de agosto de 2024, ficam as coordenadoras autorizadas a expedir todo e qualquer ato administrativo necessário ao regular funcionamento do curso, bem como a regulamentar complementarmente as regras estabelecidas na Portaria nº. 56/2024 que aprovou e homologou o Curso Básico de Libras promovido pela Câmara Municipal de Ipiaú.
Dentre outras considerações elencadas na Portaria 57, consta que deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas brasileiras.
( José Américo Castro/ ASCOM- Câmara Municipal de Ipiaú)
Candidata Laryssa Dias realizada grande caminhada em Ipiaú
“Que caminhada linda. Fiquei muito emocionada com tanto amor e carinho que recebemos do povo todos os dias. E isso nos dá energia para trabalhar ainda mais por vocês. Só tenho a agradecer pela energia e queria dizer que estamos prontos para servir aos munícipes e cuidar dessa cidade junto com a população do nosso município”, disse Laryssa Dias.
PF apura suspeita de fraude à licitação em contrato no Tocantins
Crimes investigados teriam ocorrido em procedimento licitatório realizado pela extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do estado
Palmas/TO. A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira, 26/8, a Operação Timóteo 6:9, para apurar possíveis crimes de fraude a licitação que teriam ocorrido no ano de 2018, no âmbito da extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Estado do Tocantins.Mais de 100 policiais federais cumprem 30 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas, em Palmas/TO, Gurupi/TO e Dianópolis/TO.
O procedimento licitatório investigado tinha por objetivo a contratação de empresa especializada na prestação de serviços de locação de máquinas pesadas e caminhões, fornecimento de combustível e manutenção preventiva e corretiva, para atender os escritórios da Agência Tocantinense de Transportes e Obras – AGETO. São investigados os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A Polícia Federal disponibiliza o e-mail delecor.drcor.srto@pf.gov.br e a conta Whatsapp (63) 3236-5422 para o recebimento de denúncias e outras informações referentes aos fatos, além do serviço de plantão na própria Superintendência Regional no Tocantins.
Não será realizada entrevista ou coletiva de imprensa.
Comunicação Social da Polícia Federal no TocantinsEspecialistas contestam originalidade de IA ‘brasileira’ no radar de Lula
O anúncio de uma “inteligência artificial brasileira” por parte de empresa próxima ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) causa estranheza no setor de IA.
A startup Widelabs lançou o Amazônia IA, definido como “o primeiro modelo de linguagem grande (LLM) conversacional robusto em português brasileiro” no mesmo evento que o governo federal divulgou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (Pbia), em 30 de julho.
Pesquisadores acusam a empresa de ignorar iniciativas de IAs brasileiras já existentes ao se firmar como pioneira. Além disso, afirmam que a startup vende ideia falsa de produto 100% nacional e surfa no desejo governamental —impraticável no curto prazo, de acordo com especialistas— de construir uma IA “soberana”.
À Folha, Nelson Leoni, CEO da Widelabs, afirmou que aperfeiçoou modelo existente para a construção do Amazônia IA, algo que nunca teria negado.
“A gente não treinou do zero. Seria impossível”, disse. “A gente nunca afirmou que era um modelo feito do zero.”
O processo de aperfeiçoamento de um LLM já existente, como o GPT-4, da OpenAI, ou Gemini, do Google, para a criação de um novo modelo, focado na resolução de problemas específicos, é chamado por especialistas de “fine tuning”.
Em comunicações institucionais, a Widelabs coloca o Amazônia IA como modelo que “nasceu no Brasil”, com “língua 100% brasileira” e “nativo em português”, o que abre margem para interpretação de que modelos criados em outros países não seriam utilizados.
Em um vídeo publicado no Instagram da Widelabs, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação Luciana Santos classifica o Amazônia IA como o “primeiro produto da inteligência artificial genuinamente brasileira”.
Ela também diz que cooperações para o desenvolvimento de tecnologias do tipo estão de acordo com agendas do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).
“Tenho certeza que vocês vão ser recebidos pelo presidente Lula, eu já falei para ele e ele está em festa”, afirma.
O fine tuning, treinamento superficial milhares de vezes menos robusto do que o treinamento original de um modelo, cria versões personalizadas, “mas não se encaixa de jeito nenhum no conceito de um modelo 100% original”, de acordo com Flávio Nakasato, sócio da empresa de análise de dados NoveloData.
O especialista alega que problemas comuns em sistemas de IA, como vieses e alucinações, não são totalmente excluídos pelo processo.
“Fica mais barato, mas a estrutura muda pouco. É mais para moldar a maneira com que o robô se comunica”, diz.
Treinar um modelo do zero “seria impossível em termos de capacidade financeira e, sinceramente falando, é algo contraintuitivo em estratégia de negócio e meio ambiente”, diz o CEO da Widelabs.
“Fizemos pré-treino e fine tuning. É um mix de modelo que se apropria como se fosse do zero.”
A vantagem de ter uma IA “brasileira”, segundo a empresa, seria evitar vieses de outros países durante o uso do modelo. No site do Amazônia IA, Widelabs afirma não depender de outras visões de mundo impostas por tecnologias estrangeiras.
A startup não revelou qual grande modelo de linguagem pré-treinado foi usado para construir o Amazônia IA.
“Hoje, no Brasil, até onde tenho conhecimento, não existe um LLM que tenha sido desenvolvido a partir de infraestrutura nacional e treinado do zero”, afirma o professor da PUC e especialista em IA Diogo Cortiz.
A criação de um grande modelo de inteligência artificial a partir do zero exige investimento na casa das dezenas de milhões de dólares, milhares de computadores com alta capacidade de processamento e corpo técnico extremamente especializado —algo até então restrito a gigantes como OpenAI, Meta e Google.
Pesquisas sugerem que o GPT-4, da OpenAI, teria custado US$ 78 milhões. O preço estimado do Google Gemini ultrapassa US$ 191 milhões.
Além disso, o pré-treino de um LLM exige quantidade massiva de dados, mais do que está disponibilizado em português em toda a internet, de acordo com pesquisadores. Por isso, é comum que modelos sejam treinados com dados de diversas línguas.
A Widelabs empregou no Amazônia IA dados públicos, sintéticos—traduzidos de outro idioma para o português— e adquiridos comercialmente, todos de acordo com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), segundo a empresa.
No mesmo evento em que foi lançado o Amazônia IA, horas antes, a ministra Luciana Santos afirmou que o Brasil produz dados, cobiçados pelas big techs, capazes de alimentar uma cadeia produtiva de inteligência artificial. Por isso, o país precisaria de alternativas.
O plano de IA lançado pelo governo cita como objetivo “modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais que abarcam nossa diversidade cultural, social e linguística, para fortalecer a soberania em IA”. Um orçamento de mais de R$ 1 bilhão é previsto para esse fim.
A Widelabs foi recebida pelo MCTI para reuniões em Brasília ao menos quatro vezes nos últimos três meses, com a ministra participando em duas ocasiões. Procurada, a pasta afirmou não ter vínculo com a startup.
Leoni recebeu críticas nos mais de 80 comentários em uma publicação que fez no dia 6 de agosto sobre o Amazônia IA no LinkedIn. Em sua maioria, profissionais do setor de tecnologia questionam a capacidade da empresa em criar a tecnologia anunciada e pedem mais transparência quanto ao projeto.
O comentário mais popular, com 283 curtidas, é do empresário Rodrigo Nogueira, CEO da Maritaca AI, que também desenvolve produtos de inteligência artificial focados em português.
“A Maritaca AI já existia muito antes de vocês surgirem, então, por favor, retire o selo de ‘primeira IA brasileira’ e ‘única IA brasileira'”, diz.
Outro comentário, do CEO da empresa de inteligência artificial YAITEC Solutions João Oliveira, mostra uma caputra de tela de uma conversa com o chat do Amazônia IA na qual o modelo lista leis brasileiras que podem ser desrespeitadas.
A instrução para que modelos não respondam conteúdos nocivos, mesmo quando provocados, é prática de segurança comum em treinamentos de LLMs.
Leoni afirmou que a empresa trabalha para diminuir e desvios cometidos pela IA, mas que breves alucinações são problemas enfrentados por todos os modelos.
Nogueira, da Maritaca AI, faz publicações no próprio perfil do LinkedIn sobre a corrida por uma “IA brasileira”. Na mais recente, de 15 de agosto, ele desafia a Widelabs a participar de um teste de autenticidade do Amazônia IA. O objetivo seria averiguar se o sistema era realmente isolado de outros provedores, ou se dependia de modelos externos.
“Nós da Maritaca AI nos dispomos a fazer o mesmo teste com nosso modelo Sabiá-3”, diz a publicação.
Questionada pela Folha sobre o assunto, a Widelabs afirmou que seguirá com o plano estratégico original de divulgação de informações sobre o Amazônia IA.
“No inicio de setembro, disponibilizaremos o Amazonia IA para desenvolvedores e no marketplace da Oracle, bem como, os benchmarks de performance. Baseado nisso, qualquer desenvolvedor poderá fazer todos os testes que quiserem, não privilegiando um ou outro profissional ou empresa”, disse a empresa.
A Widelabs ainda não liberou dados sobre o código do Amazônia IA, mas está nos planos da empresa divulgar detalhes sobre a construção do modelo, segundo o CEO da startup.
Apesar de ter anunciado o Amazonia IA como um produto desenvolvido em parceria com as globais da tecnologia Oracle e Nvidia, Leoni também encara o projeto como uma conquista de profissionais brasileiros.
“Conseguimos fazer algo que poucas pessoas no mundo fizeram, com ciência brasileira, utilizando parcerias brasileiras. Dentro das multinacionais, a gente falou só com brasileiros”, disse.
Procurada, a Oracle afirmou que não se pronunciaria por se tratar de uma relação com um cliente.
A Nvidia esclareceu que não tem participação financeira no projeto.
“Somos uma empresa americana, com atuação global, focada em entregar novos conceitos”, afirmou o diretor de enterprise da Nvidia na América Latina, Marcio Aguiar.
“Temos o programa Nvidia Incepcion, com mais de 20 mil startups no mundo todo, que, visa passar conhecimento sobre as plataformas de nossos softwares. A Widelabs é uma das parceiras”, disse.
Emendas bilionárias criam categoria de candidatos ‘tá na conta’
No marketing dos congressistas candidatos, são usadas expressões curtas e de impacto como “#tá pago!” e “tá na conta!”, entre outras variações similares.
Só no ano eleitoral de 2024, cada um dos deputados federais teve ao menos R$ 38 milhões para direcionar em emendas. Cada senador, ao menos R$ 69 milhões. Além desse valor, congressistas mais bem posicionados nas estruturas partidárias conseguiram fazer repasses ainda maiores por meio das emendas de bancada e de comissão.
Ao todo, a bolada das emendas parlamentares superou a casa dos R$ 50 bilhões neste ano.
O dinheiro os coloca em vantagem em relação aos concorrentes porque, apesar de não entrar na contabilidade de campanha, entra no marketing eleitoral que é feito antes e durante a eleição.
Além desse trunfo, geralmente os congressistas são os mais beneficiados pelos seus partidos com a distribuição do também bilionário fundo eleitoral, que neste ano é de R$ 5 bilhões.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE), por exemplo, divulgou em suas redes sociais em 15 de julho um vídeo de 20 segundos em que relata vários recursos enviados ao estado por meio de suas emendas.
“Desde o início do nosso mandato, tenho destinado emendas participativas para todos os 184 municípios cearenses. […] Só para Fortaleza enviamos mais de R$ 40 milhões a diversas instituições sérias. A metade para a saúde. Tenho batalhado todos os dias, no limite das minhas forças, pela saúde dos fortalezenses e me dói no coração e na alma tanto sofrimento por falta de compromisso da prefeitura para com o cidadão”, escreveu no post.
De acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha, Girão aparece numericamente em quinto lugar na corrida em Fortaleza, com 5% das intenções de voto. Lideram a disputa o ex-deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), com 29%, e o atual prefeito, José Sarto (PDT), com 23%.
A Folha procurou o senador, mas não teve resposta.
O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) é candidato a vice-prefeito de Maceió na chapa à reeleição de JHC, do PL, e também recheou suas redes sociais com notícias das verbas enviadas ao estado e à cidade.
Cunha é um dos poucos parlamentares que adotam algum mecanismo de consulta aos eleitores para definir a destinação de suas emendas parlamentares.
“Desde o início de seu mandato, em 2019, o parlamentar destinou recursos de emendas para todos os 102 municípios de Alagoas”, disse a assessoria do senador, que nega vinculação entre essa destinação e as eleições. Ela afirma considerar normal e natural o fato de Cunha destinar emendas para a capital de seu estado de origem, “a cidade de Maceió, município em que vivem quase 33% da população total do estado”.
O senador licenciado Carlos Viana (Podemos) também é profícuo em suas redes sociais na divulgação de verbas enviadas por ele para Belo Horizonte.
“Infraestrutura, saúde, segurança, educação e diversas outras áreas. Enviei quase R$ 9 bilhões para o desenvolvimento social e econômico de Minas Gerais. Mais de R$ 2,9 bilhões de recursos destinados para BH”, anunciou nas redes, no último dia 7. “O metrô é realidade graças a mim”, escreveu em outro post.
Viana é candidato a prefeito da capital mineira e, de acordo com pesquisa do Datafolha, aparece numericamente em segundo na disputa, com 12% das intenções de voto, embolado com outros candidatos. A corrida é liderada pelo apresentador de TV Mauro Tramonte (Republicanos), com 27%.
As emendas parlamentares influenciam, mas não têm peso relevante nas eleições, disse Viana, por meio de sua assessoria.
“Em Belo Horizonte, eu investi muito em socorrer os hospitais filantrópicos e as Santas Casas. É um compromisso com a população, mas esses hospitais não se engajam na eleição de ninguém, por uma questão até de receberem de vários parlamentares. Outra parte eu enviei em assistência social, mas infelizmente a prefeitura da capital recusou uma boa parte dos recursos.”
Na Câmara, a lista dos deputados candidatos que recheiam suas redes de notícias sobre as suas emendas também é grande.
Abilio Bunini (PL), candidato a prefeito de Cuiabá, usa os termos “já tá na conta” e “já tão pagos” em suas postagens e vídeos para anunciar os recursos enviados para a cidade. Aliel Machado (PV-PR), candidato a prefeito de Ponta Grossa, se autoconcedeu a “medalha de ouro em recursos para Ponta Grossa”. Carlos Chiodini (MDB-SC) fez montagem com casas populares feitas com recursos de suas emendas em Itajaí, onde disputa a prefeitura.
Natalia Bonavides (PT-RN), que disputa a Prefeitura de Natal, usa a hashtag “tá pago” para anunciar suas emendas, mesmo bordão de Ana Paula Lima (PT-SC), candidata à Prefeitura de Blumenau. “Tá na conta” é o mote de Antonio Andrade (Republicanos-TO), candidato a prefeito de Porto Nacional.
A Folha procurou os deputados. Aliel, Ana Paula e Chiodini responderam.
“Não acho que o eleitor escolha o seu candidato em função de quanto ele destinou para o seu município, mas naturalmente ele espera de um deputado federal que ele traga recursos para o seu estado”, disse Aliel.
“A disputa em Ponta Grossa se dá contra a atual prefeita, que tem a máquina do município em favor dela, contra um deputado estadual, irmão de um deputado federal […], e com outra deputada estadual que, além das emendas, é filha de um ex-prefeito político tradicional da cidade. Se tem alguém que sai em vantagem nessa disputa não é um deputado independente que, além de Ponta Grossa, precisa mobilizar recursos para todo o estado.”
Ana Paula disse direcionar emendas para quase todos os municípios de Santa Catarina. Afirmou ainda que as decisões foram tomadas sem discriminação partidária.
“No caso de Blumenau, por exemplo, o atual prefeito é do PL. O governo do presidente Lula [PT] destinou mais de R$ 46 bilhões do PAC para Santa Catarina, cujo governador também é do PL. Então, assim como o governo federal, não utilizo a prerrogativa das emendas parlamentares visando gerar algum ganho político no processo eleitoral.”
Ela afirma que um deputado estadual, um integrante do Executivo municipal ou um empresário influente também têm recursos que podem gerar ganho político, mas que o importante, no fim das contas, é que a população seja beneficiada.
Carlos Chiodini afirmou que envia recursos não só para Itajaí como para quase todo o estado. “Contribuo todos os anos com o município de Itajaí, este que tem o maior PIB do estado de Santa Catarina e que é o 12º maior arrecadador de impostos federais para a União dentre todos os municípios brasileiros. O fato é que o estado não recebe esse retorno da União, e a única forma de tentarmos equiparar essa conta é por meio de recursos diretos.”
Diretor-executivo do Transparência Partidária, Marcelo Issa afirma que a vantagem proporcionada pelas emendas parlamentares também é reforçada por uma série de outros fatores, como as verbas direcionadas para a contratação de equipes de assessores nas bases eleitorais e para a produção de material de divulgação dos mandatos —dinheiro que frequentemente é usado para a manutenção das redes sociais dos parlamentares.
“Todo esse contexto, ao qual se soma o crescimento exponencial dos recursos para emendas, certamente contribui para aumentar a desigualdade na disputa, dificultando uma maior renovação do Parlamento.”
Ranier Bragon, Mateus Vargas e Constança Rezende/Folhapress
Campanha de Marquinhos mostra força com realização de passeata e carreata em Itagibá
Itagibá tem 2 candidatos a prefeito e 87 a vereador registrados para disputar a eleição de 2024, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O município tem um total de 13.387 eleitores aptos a votarem neste ano. Marquinhos (PC do B) e Dalila (PP) são os dois prefeituráveis que disputam a eleição.
20ª rodada do Campeonato Master, Del Rey Telecom vence e segue isolado na liderança
No primeiro jogo a líder Del Rey Telecom aplicou uma goleada na Ita Telecom e segue isolado na liderança: Ita Telecom 0x6 Del Rey Telecom; Gols Del Rey Telecom: Neném Posto (2), Isaías PM (2), Jan e Trinca
No segundo jogo a Impacto Calçados recebeu a Cairo Auto Peças, a Impacto chegou a abrir 2x0 no placar, mas a Cairo melhorou e conseguiu buscar o empate.
Impacto Calçados 2x2 Cairo Auto Peças
Gols: Impacto Calçados: Daniel e Lindoma; Cairo Auto Peças: Dj Kaka
Próxima rodada - 01.09
07:15 - Del Rey Telecom x Real Calçados: 08:30 - Cairo Auto Peças x Ita Telecom
Polícia Federal apura responsabilidade por incêndios em todo o país
Atualmente, a PF está conduzindo investigações em várias regiões do Brasil para identificar os responsáveis por incêndios que afetam diversas áreas do país. Outras investigações podem ser abertas nos próximos dias.
As Delegacias de Meio Ambiente (DMAs) e Delegacias descentralizadas da Polícia Federal estão ativamente mobilizadas, monitorando de perto a situação dos incêndios nas suas respectivas jurisdições. A coordenação dessas ações é realizada pela Diretoria de Amazônia e Meio Ambiente, sediada em Brasília.
A PF tem atribuição de atuar em casos de incêndios provocados por ação criminosa, especialmente em áreas de especial proteção, territórios indígenas ou em situações de interesse da União, como nos casos em que haja prejuízo ao funcionamento de aeroportos.
A investigação dos incêndios conta com o suporte de imagens de satélites, disponibilizadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, possibilitando a identificação dos focos e a determinação das causas dos incêndios.
A PF trabalha de forma integrada com outras agências federais, como o IBAMA e o ICMBio, e com as polícias estaduais, para garantir a eficiência das investigações.
Governo Lula acelera concessões de rodovias e tenta atrair empresas em meio a baixa concorrência
Em 2023, o governo Lula (PT) já havia tentado leiloar o trecho, que não recebeu propostas e, por isso, teve o certame adiado. No ano passado, uma série de leilões de estradas, portos e aeroportos registrou pouca concorrência, com apenas dois candidatos na maioria dos casos.
No modelo de leilões de rodovias adotado pela gestão Lula, os interessados dão lances de desconto em relação à tarifa básica de pedágio, e o pagamento de aporte (caução) é necessário, somente, quando o corte na tarifa prometido é de 18% ou mais. A partir desse patamar há a incidência de aporte de recursos para cada 1% de deságio apresentado, de forma cumulativa.
Os recursos do aporte irão inteiramente para a conta da concessão e serão utilizados, por exemplo, na execução de obras não previstas.
Procurado pela reportagem, o Ministério dos Transportes disse que os dois leilões realizados em 2023, de rodovias paranaenses, foram “muito exitosos, com a participação de dois novos entrantes, os grupos Pátria e EPR, que ainda não tinham concessões federais”. De acordo com a pasta, o primeiro leilão deste ano, o da BR-040, teve o maior número de participantes desde 2018, com quatro proponentes.
“É preciso lembrar que durante quatro anos a gestão passada realizou apenas seis leilões rodoviários”, afirmou em nota a pasta, que projeta R$ 73 bilhões em investimentos com leilões e relicitações deste ano.
Especialistas ouvidos pela Folha apontam que, apesar de a nova modelagem ser benéfica, outras medidas poderiam tornar os leilões de rodovias mais atrativos para a iniciativa privada.
Na visão de Claudio Frischtak, sócio da consultoria internacional de negócios Inter.B, uma alternativa seria aumentar o prazo do contrato, para que as concessionárias tenham mais tempo de perceber retorno dos investimentos. Ele diz que, além de estarem sujeitas a uma grande pressão do poder público, o setor rodoviário também sofre com o vandalismo nas estradas, o que eleva os gastos das concessionárias.
“A complexidade de operar uma rodovia no país é muito grande. Mesmo sistemas de mobilidade urbana de média e alta densidade têm menos interferência. Operar um metrô é relativamente mais fácil [do que uma rodovia]”, afirma Frischtak.
Segundo o advogado especialista em infraestrutura Fernando Vernalha, os atuais projetos de concessões de rodovia não têm números tão atraentes para o setor privado e se tornam menos interessantes do que outros investimentos. “Tem que dar retornos interessantes para o investidor travar o capital dele num projeto de longo prazo. Tem que ter um prêmio que seja satisfatório.”
Ele aponta como uma alternativa a concessão de trechos menores, o que ampliaria a quantidade de empresas com capacidade de concorrer pela licitação, diz.
Para Marco Aurélio Barcelos, diretor-presidente da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), os novos contratos são mais maduros em relação a projetos de anos atrás. Ele afirma que as novas concessões já discutem riscos que as concessionárias não podem prever, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a pandemia de Covid.
“Os riscos extraordinários equivalem a incertezas que ninguém consegue identificar ou entender. Se eles vierem [a acontecer], o prejuízo não vai ser suportado pela concessionária. Você tira essa zona cinzenta do contrato e permite que as propostas sejam mais bem elaboradas e que não haja nenhuma surpresa ao longo da vigência do contrato”, diz.
O governo federal já realizou três leilões sob as novas regras de modelagem, segundo a ANTT. O primeiro deles, em agosto do ano passado, concedeu 473 km de rodovias no Paraná para o Infraestrutura Brasil Holding XXI por um prazo de 30 anos. O consórcio, controlado pelo Grupo Pátria, ofereceu um desconto de 18,25% na tarifa por quilômetro rodado.
No mês seguinte, o governo fez o leilão de mais 605 km de estradas no Paraná. Único interessado, o Consórcio Infraestrutura PR (associação entre as companhias EPR e Perfin Voyager) ofereceu 0,08% de desconto na tarifa.
Em abril deste ano, o trecho da BR-040 que liga Belo Horizonte a Juiz de Fora (MG) foi arrematado pelo Consórcio Infraestrutura MG, parte do grupo EPR.
O ganhador propôs desconto de 11,21% na tarifa de pedágio. A CCR e a Vetor Norte, outras concorrentes, ofereceram deságios de 1% e 0%, respectivamente. Como o lance da EPR foi significativamente maior, o leilão não chegou à etapa viva-voz, quando os proponentes vão aumentando suas propostas.
O consórcio Azevedo & Travassos chegou a apresentar proposta pela rodovia, mas foi inabilitado.
O governo marcou para setembro o leilão de outra parte da BR-040, chamado de Rota dos Cristais, que vai de Belo Horizonte (MG) a Cristalina (GO). Com 594 km de extensão, o trecho registra 70 mil veículos por dia, dos quais 68% são caminhões, segundo a ANTT.
Em outra frente, o Ministério dos Transportes tenta fazer a repactuação de contratos de rodovias considerados “estressados”, jargão usado para quando a remuneração do pedágio não é suficiente para a concessionária tocar os investimentos necessários.
“Essas concessões, que acabaram entrando em crise e agora estão numa agenda de repactuação, foram prejudicadas em função disso [modelo insustentável financeiramente]. Muitos investimentos em benefício dos usuários não foram feitos pela incapacidade econômica, por vários motivos, mas também por causa de lances que foram muito agressivos e em função da modelagem da licitação que foi adotada”, diz o advogado Fernando Vernalha.
Paulo Ricardo Martins, Folhapress
Governo vê indícios de crime e pede que PF investigue incêndios em SP
A informação foi repassada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Segundo a ministra, o fato de os incêndios em São Paulo se intensificarem em dois dias é um sinal de ação humana.
“Nós mobilizamos nossas 15 delegacias [da Polícia Federal] no interior de São Paulo, nossa superintendência regional, para que a gente possa identificar as queimadas que ocorrem naquele estado. As conclusões finais só poderão ser trazidas ao público com a finalização dos inquéritos policiais”, disse Andrei.
Mais cedo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) já havia dito que a Polícia Civil de São Paulo investigava dois casos de possíveis incêndios criminosos.
Marina Silva disse que os incêndios são atípicos porque dezenas de municípios de São Paulo registraram grandes incêndios em poucos dias. “Isso não faz parte da nossa curva de experiência, da nossa trajetória de tantos anos de abordagem do fogo”, disse a ministra.
Ela comparou o cenário atual com àquele do “dia do fogo”, de 2019, quando produtores rurais da região Norte fizeram movimento conjunto para incendiar áreas da Amazônia
“Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘dia do fogo’, há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo o mesmo”, afirmou Marina.
As declarações foram dadas após visita do presidente Lula (PT) à sede do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), em Brasília. O presidente foi ao local para acompanhar a situação das queimadas em São Paulo na sala do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), a principal estrutura do instituto para o combate a incêndios.
Ele foi acompanhado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pelo presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, pela primeira-dama Janja e pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
Marina Silva negou que o governo tenha sido negligente com o aumento das queimadas. Ela destacou que, com o cenário climático do fim de agosto —com forte seca e baixa umidade—, o combate aos incêndios é dificultado.
“Mesmo colocando tudo que está à disposição dos governos estaduais e municipais, dos esforços privados e do governo federal: se não parar de colocar fogo em um período em que a temperatura é alta, baixa umidade relativa do ar, ventos que vão até 70 km/h, não há como conter o fogo”, disse a ministra.
Lula decidiu visitar a sede do Ibama após o estado de São Paulo registrar 21 focos ativos de incêndios neste domingo. Ele disse nas redes sociais que o Ibama não registrou nenhum incêndio por causas naturais em São Paulo.
“Significa que tem gente colocando fogo de maneira ilegal, uma vez que todos os estados do país já estão avisados e proibiram uso de fogo de manejo”, disse.
O governo brasileiro recebeu nos últimos dias pedido de ajuda do governo da Bolívia para o combate aos incêndios florestais no país. Os bolivianos convivem este ano com número recorde de queimadas.
Segundo Marina Silva, o Brasil disse que não conseguiria ajudar o país vizinho porque emprega todas suas aeronaves e pessoal nos incêndios no Brasil.
A gestão Tarcísio de Freitas emitiu alerta de queimadas em 46 municípios. A fumaça dos incêndios em São Paulo percorreu estados do Sudeste e do Centro-Oeste nas primeiras horas deste domingo. O céu de Brasília amanheceu encoberto.
Segundo o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, a fumaça que tomou a capital federal é resultado dos incêndios em São Paulo. Houve alteração de quase 180º no vento, que empurrou os efeitos da queimada para o Centro-Oeste.
Goiânia (GO) e Uberlândia (MG) também registraram fumaça no ar em decorrência das queimadas.
Os incêndios deixaram caos em cidades paulistas, com fuligem e muita fumaça no ar. São Paulo teve neste ano, até 23 de agosto, 4.973 focos. É o maior número registrado desde 1998, quando o Inpe (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Espaciais) iniciou o monitoramento dos focos por satélite. As chamas também são registrados no Triângulo Mineiro, onde fábrica teve de ser evacuada
As Forças Armadas atuam no combate às queimadas. A Força Aérea disponibilizou a aeronave KC-390, já equipada para emprego contra queimadas, para apoio em Ribeirão Preto (SP). Dois helicópteros da Marinha e dois do Exército também foram enviados para o estado.
Algumas aeronaves, porém, ainda sequer decolaram tamanha a quantidade de fumaça no céu de São Paulo. A Força Aérea analisa em tempo real as condições meteorológicas para autorizar o voo do KC-390.
As polícias militares de São Paulo já prenderam duas pessoas suspeitas de atearem fogo em Batatais (SP) e São José do Rio Preto (SP). O primeiro caso é de um homem de 41 anos flagrado colocando fogo em mata seca no bairro de Araras, em Batatais.
O segundo caso é de um idoso de 76 anos suspeito de atear fogo em lixo. Outros suspeitos de iniciar focos de incêndio são investigados em municípios de São Paulo.
Cézar Feitoza, Folhapress
FAB cede avião para auxiliar no combate ao fogo no interior paulista
Foto: FAB/Divulgação |
“Hoje nós teremos helicópteros do Exército, helicópteros da Marinha, o KC, da Força Aérea, que vai ser decisivo pela capacidade que ele tem de transportar uma grande quantidade de água”, disse o governador Tarcísio de Freitas, em entrevista à imprensa. “Teremos aqui, também, militares da engenharia. Vamos atuar nas estações ecológicas, nas unidades de conservação para que a gente possa extinguir o mais rápido possível esse incêndio”, completou Tarcísio.
A aeronave é equipada com o Sistema Modular Aerotransportável de Combate a Incêndios (MAFFS, do inglês Modular Airborne Fire Fighting System), que fornece a funcionalidade necessária para realizar a ação de combate ao fogo em voo.
Por conta da gravidade da situação, o governo de São Paulo decretou situação de emergência em 45 cidades por causa dos incêndios florestais e anunciou o uso de aviões das Forças Armadas para conter as chamas, principalmente em Ribeirão Preto, onde a situação é mais grave. O governo estadual montou um posto avançado de monitoramento na cidade.
Segundo o monitoramento do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil, 21 cidades enfrentam focos ativos de incêndio. Ao todo, são 46 municípios que estão sendo monitorados e estão em alerta máximo para queimadas. As localidades em questão sofrem com baixa umidade do ar e elevado risco devido à onda de calor que afeta todo o estado.
Segundo o governo do estado, quem teve a casa atingida pelo fogo está acomodado em abrigos. Também estão sendo enviados enviados: colchões, água, kit de higiene, cesta básica, entre outros itens.
Agência Brasil
Intermunicipal – Acompanhe a partida entre Seleção de Ipiaú X Seleção de Ibirapitanga
Cão policial encontra drogas na orla de Porto Seguro
Na tarde de sábado (24), policiais militares do 8º BPM, com apoio de um cão farejador, apreenderam drogas na Orla Norte, em Porto Seguro.
Os pms desenvolviam ações de patrulhamento ostensivo na região, quando dois suspeitos foram avistados próximo a uma cabana, e, ao perceberem a presença da polícia, fugiram. Foi realizada uma busca no local e o cão farejador Baruk, que estava na companhia da equipe, encontrou, enterradas na areia, 53 porções de crack, 18 de cocaína e 14 embalagens com maconha.
Crise do lixo no Brasil mistura desperdícios e oportunidades
Produção só cresce, sistema é falho e soluções geram novos negócios e proteção ambiental
No país das commodities agrícolas, só 76 cidades declaram ter unidades municipais de compostagem e estima-se que menos de 1% dos resíduos tenha esse destino.
O restante, misturado a outros resíduos e seus contaminantes, pode ir parar num lixão. Sem custo e com grandes danos ambientais ao solo, à água e à atmosfera (porque liberam metano, um dos gases de efeito estufa responsáveis pela crise climática), eles ainda somam mais de 1.500 no país.
Em geral, resíduos são aterrados com proteções ambientais e custo por tonelada. Nesses aterros sanitários, o metano produzido pela decomposição pode ser recuperado para a produção de energia e biocombustível, mas aqueles equipados para isso ainda são minoria no país.
Somente 4% dos resíduos são reciclados, a maioria coletada por catadores que não recebem pelo serviço ambiental prestado, e sim por quilo de material, o que leva à escolha daquele de maior valor.
É valorizado o resíduo que tem tecnologia de transformação e indústria recicladora, ainda muito restrita a Sul e Sudeste do país. A circularidade ocorre quando o produto final da reciclagem retorna para a cadeia produtiva, evitando a extração de novos recursos da natureza.
Fernanda Mena, Folhapress
Angela Dias entrevista pré-candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal
Pablo anunciou o evento através das redes sociais. O pré-candidato esteve em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o MASP para receber e falar com a população paulistana.
Em entrevista coletiva à imprensa, o Programa Hora da Fama representado pela repórter Angela Dias da Rede TV e Emanuele Martins do SBT pode esclarecer dúvidas e saber opiniões com Pablo Marçal.
Entre os assuntos estava empreendedorismo, saúde e educação. Em resposta, o candidato falou sobre guerra política e partidária. “Não tem a ver com direita e esquerda, quem precisa de emprego não pergunta se o empresário é de direita ou de esquerda”.
Assista a entrevista no youtube
https://youtu.be/I4Ua46EUHQw.
Pablo Marçal
Pablo Marçal é um empresário, coach motivacional e influenciador digital. Com 37 anos ele é natural de Goiânia.
Ganhou destaque nas redes sociais por palestras e conteúdos motivacionais. Nas eleições de 2022, tentou candidatar-se à Presidência pelo PROS, mas teve a candidatura impugnada. Mais tarde, concorreu a uma cadeira na Câmara dos Deputados, mas não obteve sucesso devido a questões legais.
Recentemente Marçal foi oficializado como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB.
Fonte: Repórter Angela Dias da Rede TV
Israel bombardeia Líbano após detectar ataques iminentes do Hezbollah
Segundo informações da agência de notícias AFP, o exército israelense emitiu um alerta para que os moradores da região sul do Líbano se retirassem imediatamente de suas casas. No comunicado, a força armada disse que estava “monitorando os preparativos do Hezbollah para realizar grandes ataques em território israelense perto de suas casas”.
Horas depois, Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), disse que o país se preparava para que na sequência o grupo terrorista realizasse um ataque em larga escala, o que se confirmou no início da manhã. De acordo com as IDF, cerca de 210 foguetes e 20 drones foram lançados do Líbano em direção ao norte de Israel.
Logo em seguida, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu se manifestou dizendo que fará “tudo o que for necessário” para garantir a segurança dos habitantes da região. O conflito escala ainda mais a tensão no Oriente Médio.
Ataque de Hezbollah é retaliação por assassinato de comandante
O Hezbollah lançou centenas de foguetes e drones contra Israel no domingo em retaliação pelo assassinato de um comandante sênior em Beirute no mês passado, disse o movimento apoiado pelo Irã, enquanto o gabinete de Israel se reuniu para preparar uma resposta.
O exército israelense disse ter frustrado um ataque muito maior com ataques preventivos depois de avaliar que o Hezbollah estava se preparando para lançar a barragem.
A violência de domingo foi uma das maiores trocas de fogo desde o início das hostilidades entre Israel e o Hezbollah em paralelo com a erupção da guerra de Israel contra o grupo palestino Hamas em Gaza.
Cerca de 100 jatos israelenses atingiram mais de 40 locais de lançamento do Hezbollah no sul do Líbano pouco antes dos ataques, destruindo milhares de tubos de lançamento que estavam principalmente direcionados ao norte de Israel, mas com alguns alvos em áreas centrais, disse o exército israelense em um comunicado.
O Hezbollah disse ter lançado drones e mais de 320 foguetes Katyusha em direção a Israel e atingido 11 alvos militares. Disse que a barragem completou “a primeira fase” de sua resposta ao assassinato de Fuad Shukr, um comandante sênior, em Beirute no mês passado, mas que a resposta completa levaria “algum tempo”.
Ele rejeitou a versão de Israel sobre os ataques preventivos, mas disse em um comunicado que sua operação militar foi concluída com sucesso para o dia. As expectativas de uma escalada entre os dois lados aumentaram desde que um ataque com mísseis nas Colinas de Golã ocupadas por Israel no mês passado matou 12 jovens e o exército israelense assassinou Shukr em Beirute em resposta.
O gabinete de Israel se reuniu às 7h do horário local, anunciou o escritório do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, mas não houve detalhes imediatos sobre qualquer resposta adicional de Israel.
“Estamos determinados a fazer tudo o que for possível para defender nosso país, devolver os residentes do norte em segurança para suas casas e continuar a manter uma regra simples: Quem nos prejudica – nós o prejudicamos”, disse Netanyahu em um comunicado.
O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, disse que Israel responderia aos desenvolvimentos no terreno, mas não buscava uma guerra em grande escala. A maioria dos ataques israelenses atingiu alvos no sul do Líbano, mas o exército estava pronto para atacar em qualquer lugar onde houvesse uma ameaça, disse um porta-voz militar israelense.
Gallant declarou estado de emergência, e os voos de e para o aeroporto Ben Gurion em Tel Aviv foram suspensos por cerca de 90 minutos, mas a autoridade dos aeroportos disse que as operações normais deveriam ser retomadas até as 7h.
Grupo anuncia que seu grande ataque para este domingo terminou
O Hezbollah libanês anunciou que sua operação militar em larga escala contra alvos militares israelenses, com o uso de drones e foguetes, “terminou” neste domingo e alcançou seus objetivos.
“Nossa operação militar terminou hoje e alcançou” seus objetivos, indicou o movimento pró-iraniano em um comunicado. As alegações israelenses “sobre as ações preventivas que realizou (…) e o fracasso do ataque da resistência são alegações vazias”, acrescentou o grupo islamita.
Conflito regional
A escalada entre Israel e Hezbollah tem gerado temores de um conflito regional mais amplo, potencialmente envolvendo tanto os Estados Unidos quanto o Irã. A Casa Branca disse que o presidente Joe Biden estava acompanhando de perto os acontecimentos.
“Sob sua direção, autoridades sêniores dos EUA têm se comunicado continuamente com seus homólogos israelenses. Continuaremos apoiando o direito de Israel de se defender, e continuaremos trabalhando pela estabilidade regional”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett.
Os ataques ocorreram enquanto negociadores se reuniam no Cairo em um esforço de última hora para concluir uma cessação dos combates em Gaza e o retorno de reféns israelenses e estrangeiros em troca de prisioneiros palestinos.
Hezbollah disparou mísseis contra Israel imediatamente após os ataques de 7 de outubro por atiradores do Hamas em Israel. Hezbollah e Israel têm trocado tiros constantemente desde então, evitando uma escalada maior enquanto a guerra continua em Gaza ao sul.
Esse equilíbrio precário pareceu mudar após o ataque nas Colinas de Golã, pelo qual o Hezbollah negou responsabilidade, e o subsequente assassinato de Shukr, um dos comandantes militares mais graduados do Hezbollah.
A morte de Shukr em um ataque aéreo foi rapidamente seguida pelo assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, o que levou a promessas de retaliação contra Israel pelo Irã.
Vitória de Góes, Folhapress
Rússia e Ucrânia trocam 230 prisioneiros de guerra
O intercâmbio ocorre duas semanas após o Exército da Ucrânia iniciar uma ofensiva surpresa na região russa de Kursk
Segundo Kiev, os 115 militares ucranianos libertados eram recrutas, a maioria capturada nos primeiros meses da invasão da Rússia. Entre eles estão quase 50 soldados levados da siderúrgica Azovstal em Mariupol.
Esta foi a 55ª troca de prisioneiros desde que a Rússia lançou uma invasão em grande escala ao seu vizinho. A última grande operação do tipo havia sido em janeiro. Nem a Ucrânia nem a Rússia revelam quantos prisioneiros de guerra existem no total.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Associated Press, Estadão Conteúdo
Mais de 95% das armas registradas no Brasil estão nas mãos dos homens
Dados da Polícia Federal mostram que quase 100% das armas registradas no país estão nas mãos de homens no Brasil. Dados da corporação mostram que, de 1,2 milhão de armas cadastradas no Sinarm (Sistema Nacional de Armas) e com registro ativo, 95,9% pertencem a homens.
A base de dados inclui armas de caçadores de subsistência, armas de cidadãos comuns para defesa pessoal, seguranças e servidores públicos.
Esse padrão se repete no caso de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) que tiveram as armas recadastradas na PF em 2023. São 468.043 homens com armas, contra 17.637 mulheres e 571 pessoas que não quiseram informar, representando um percentual similar.
O governo do presidente Lula (PT) determinou no ano passado que todas as armas de CACs, que ficam na base de dados do Exército, fossem recadastradas no Sinarm, administrado pela Polícia Federal.
A norma se aplica a todas as armas adquiridas a partir de maio de 2019, quando começaram as flexibilizações durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
A análise da Folha não considerou as armas cadastradas no Sigma (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas) que não foram compartilhadas com a PF. É nessa base de dados do Exército que estão registradas as armas das Forças Armadas, instituições de segurança pública e todos os CACs.
Enquanto essas armas se concentram nas mãos de homens, esses artefatos tanto do mercado legal quanto ilegal já foram usados em 65% dos homicídios e feminicídios de mulheres no país.
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 mostram que houve 3.930 homicídios de mulheres no país em 2023, sendo 1.467 feminicídios.
Dentre esses casos, 63,6% foram causados por arma de fogo, seguidos por arma branca (18,7%), espancamento (5,1%), objeto contundente (3,3%) e outros (9,4%).
Pesquisas mostram que a presença de armas de fogo pode agravar a violência doméstica.
“Nos casos práticos, vemos que essa arma é raramente usada com sucesso para defesa patrimonial ou proteção da vida da família, mas sim para violência doméstica, cuja face mais evidente é o feminicídio, especialmente de mulheres que buscam terminar a relação”, diz Bruno Langeani, consultor sênior do Instituto Sou da Paz. “Também ocorrem agressões e ameaças silenciosas, onde a arma é usada para coagir a vítima a não procurar a polícia.”
Roberto Uchôa, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que muitos homens aderem a uma expectativa rígida da masculinidade tradicional, que inclui características como agressividade e dominância.
Segundo ele, isso pode levar muitos desses homens a buscar validação por meio de comportamentos que sigam essas normas, incluindo o uso de armas de fogo. No entanto, estatísticas indicam que a presença de armas em lares pode aumentar o risco de violência doméstica e acidentes.
“Assim, a conexão entre masculinidades frágeis e o uso de armas de fogo não apenas perpetua estereótipos perigosos, mas também pode exacerbar a violência dentro dos lares, onde mulheres e crianças tendem a ser as principais vítimas, o que pode explicar por que mulheres não aderiram às armas de fogo”, acrescenta Uchôa.
Para Langeani, o perfil dos compradores e possuidores de armas também deveria estar sendo analisada criteriosamente pelo governo para pensar em campanhas de comunicação que ajudem na redução da demanda.
O decreto de Lula (PT) deu um freio à flexibilização de normas adotada no governo Bolsonato, que resultou no aumento do número de armas e munições em circulação.
Uma das mudanças que vieram com a nova norma é a transferência dos CACs para a Polícia Federal. Um relatório recente do TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu que o Exército falhou em suas atribuições.
Relatório mostrou que 5.200 condenados pela Justiça conseguiram obter, renovar ou manter o registro de CAC no Exército entre 2019 e 2022. Eles respondiam principalmente a acusações por porte ou posse ilegal de armas, lesão corporal e tráfico de drogas.
Raquel Lopes, Folhapress
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