Justiça de PE manda soltar influenciadora Deolane Bezerra, sua mãe e outros investigados
O magistrado mandou soltar outros investigados, como o CEO da Esportes da Sorte, Darwin Henrique da Silva Filho, e estendeu o pedido de ofício a outros presos, como a mãe de Deolane, Solange Bezerra.
Segundo o advogado Rogério Nunes, a influenciadora deve deixar a Colônia Penal de Buíque, no Agreste de Pernambuco, na manhã desta terça-feira (24), após os trâmites da Justiça e do sistema penitenciário do estado.
A decisão não contempla o cantor Gusttavo Lima, que teve prisão decretada na tarde desta segunda. Dois foragidos são contemplados: José André da Rocha Neto, dono da casa de apostas VaideBet, e sua esposa, Aislla Rocha.
A Operação Integration investiga uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro.
O desembargador acatou argumentos da defesa de Darwin Filho de que o Ministério Público de Pernambuco tinha pedido a substituição das prisões por outras medidas cautelares. A manifestação do MPPE foi feita na sexta-feira (20), mas, nesta segunda (23), a juíza Andrea Calado da Cruz rejeitou argumentos do Ministério Público. Agora, a segunda instância derrubou as prisões preventivas.
“Constata-se que o titular da ação penal [MPPE] constatou inexistirem elementos para o oferecimento da denúncia razão pela qual requereu a realização de diligência, o que, indubitavelmente, implicará em constrangimento ilegal no que tange à prisão preventiva dos pacientes”, escreveu Guilliod, na decisão.
“A partir do momento em que o Órgão Ministerial não se mostra convicto no oferecimento da denúncia, mostram-se frágeis a autoria e a própria materialidade delitiva, situação esta que depõe contra o próprio instituto da prisão preventiva prevista na norma adjetiva penal”, acrescentou o desembargador.
O magistrado citou que o artigo 312 do Código de Processo Penal “exige como requisito para decretação da prisão preventiva: a existência de prova do crime, indícios suficientes de autoria e perigo ocasionado pela liberdade dos imputados”, afirma o documento. “Destarte, se inexistem elementos para o oferecimento da denúncia, a prisão dos acusados deve ser imediatamente relaxada sob pena de configuração de constrangimento ilegal”, frisou.
Os réus que tiveram a prisão preventiva derrubada não poderão mudar de endereço sem autorização judicial nem se ausentar do local onde residem sem prévia autorização da Justiça. Também estão proibidos de frequentar qualquer empresa relacionada ao objeto da operação Integration ou participar de decisões das empresas, bem como fazer publicidade para as plataformas de jogos.
Os bloqueios de bens e de valores nas contas bancárias estão mantidos.
Justiça paga R$ 2,7 bilhões em atrasados do INSS; veja quem tem direito a receber neste lote
O depósito para o segurado depende do cronograma, da organização e do sistema de cada tribunal. Para saber quando irá receber, é preciso consultar o site do TRF (Tribunal Regional Federal) de sua região.
As quantias serão destinadas ao pagamento de RPVs (Requisições de Pequeno Valor) de até 60 salários mínimos, o equivalente a R$ 84.720 neste ano.
O lote tem 129.182 processos ligados a benefícios previdenciários e assistenciais, com 168.679 contemplados.
Receberá neste lote mensal quem venceu a ação contra o INSS, conquistou atrasados de até 60 salários mínimos e teve a ordem de pagamento emitida pela Justiça no mês de agosto de 2024.
Os atrasados são pagos em lotes mensais, conforme o mês em que a RPV foi autorizada (etapa também chamada de autuação ou emissão). É possível verificar a data da emissão no acompanhamento processual, após a ação virar um atrasado. Apenas processos que já transitaram em julgado, ou seja, não têm mais possibilidade de recurso para discutir se há ou não direito àquela verba, viram atrasados.
No total, a Justiça liberou o valor de R$ 3,16 bilhões em atrasados para 257.661 beneficiários, considerando também os processos que não são ligados a revisões e concessões de benefícios previdenciários e assistenciais.
Em São Paulo e Mato Grosso do Sul, o TRF responsável é o da 3ª Região, e o site para consulta é o trf3.jus.br. O segurado deve informar seu CPF ou a OAB do advogado da causa ou ainda o número do processo.
Como sei em qual data vou receber?
A data de pagamento dos atrasados depende de quando o juiz mandou o INSS quitar a dívida e de quando a ação chegou totalmente ao final. Os atrasados de até 60 salários mínimos, chamados de RPVs, são quitados em até dois meses após a ordem de pagamento do juiz. Valores maiores viram precatórios, que são pagos apenas uma vez por ano.
Como sei se é uma RPV ou um precatório?
Ao fazer a consulta no site do TRF responsável, aparecerá a sigla RPV, para requisição de pequeno valor, ou PRC, para precatório. Em geral, o segurado já sabe se irá receber por RPV ou precatório antes mesmo do fim do processo, porque os cálculos são apresentados antes.
Veja quanto foi liberado em RPVs em cada região
TRF da 1ª Região (sede no DF, com jurisdição em: DF, GO, TO, MT, BA, PI, MA, PA, AM, AC, RR, RO e AP)
Geral: R$ 1.046.333.255,04
Previdenciárias/Assistenciais: R$ 913.320.278,70 (48.643 processos, com 57.577 beneficiários)
TRF da 2ª Região (sede no RJ, com jurisdição no RJ e ES)
Geral: R$ 250.535.698,60
Previdenciárias/Assistenciais: R$ 202.907.048,03 (8.594 processos, com 11.938 beneficiários)
TRF da 3ª Região (sede em SP, com jurisdição em SP e MS)
Geral: R$ 461.066.601,60
Previdenciárias/Assistenciais: R$ 377.628.472,08 (12.398 processos, com 15.874 beneficiários)
TRF da 4ª Região (sede no RS, com jurisdição em: RS, PR e SC)
Geral: R$ 604.390.392,55
Previdenciárias/Assistenciais: R$ 537.591.088,42 (24.832 processos, com 33.371 beneficiários)
TRF da 5ª Região (sede em PE, com jurisdição em: PE, CE, AL, SE, RN e PB)
Geral: R$ 504.873.092,33
Previdenciárias/Assistenciais: R$ 424.257.291,77 (20.869 processos, com 33.779 beneficiários)
TRF da 6ª Região (sede em MG, com jurisdição em MG)
Geral: R$ 298.433.898,32
Previdenciárias/Assistenciais: R$ 280.696.901,70 (13.846 processos, com 16.140 beneficiários)
3ª Edição do VOZES DAS RUAS agitou a Praça de Eventos Álvaro Jardim neste domingo
A organização do evento ficou por conta dos jovens Prof. Sávio, Prof. Zito e MC Asiático, que garantiram uma noite de batalhas intensas e vibrantes. Os jurados Lucas Anacleto e Rodrigo Tatoo tiveram a difícil missão de avaliar as rimas afiadas dos competidores.
O grande vencedor da noite foi o MC Lc, de Ilhéus, que conquistou o primeiro lugar. O vice-campeão foi Black dos Patuá (Tauan), de Ipiaú, que também brilhou com suas rimas.
Cantor Gusttavo Lima tem prisão decretada pela Justiça em investigação sobre bets
O cantor é suspeito de ter ajudado duas pessoas investigadas a fugirem do país.
A decretação da prisão acontece no âmbito da Operação Integration, que prendeu também a influenciadora e advogada Deolane Bezerra.
A ação investiga uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro. A reportagem tenta contato com a defesa do cantor e dos outros investigados. Assim que os advogados se manifestarem, o texto será atualizado.
O processo tramita em sigilo, mas a reportagem teve acesso à decisão. A juíza acatou pedido da Polícia Civil de Pernambuco e rejeitou argumentos do Ministério Público de Pernambuco, que, na sexta-feira (20), tinha pedido a substituição de prisões preventivas por outras medidas cautelares.
Segundo a Justiça, Gusttavo Lima teria ajudado José André da Rocha Neto (dono da casa de apostas VaideBet), e sua esposa Aislla Rocha, a fugirem do país. Os dois tem mandados de prisão em aberto desde a deflagração da operação no dia 4 de setembro. O cantor viajou à Grécia no início do mês para comemorar o seu aniversário de 35 anos.
“É imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima [nome verdadeiro de Gusttavo Lima], ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado”, escreveu a juíza.
A juíza aponta que, no retorno de uma viagem à Grécia, uma aeronave que transportou Gusttavo Lima pode ter deixado Rocha Neto e Aislla no exterior.
“Na ida, a aeronave transportou Nivaldo Lima e o casal de investigados, seguindo o trajeto Goiânia – Atenas – Kavala. No retorno, o percurso foi Kavala (Grécia) – Atenas(Grécia) – Ilhas Canárias – Goiânia, o que sugere que José André e Aislla possam ter desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha. Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação minuciosa, evidenciando que a conivência de Nivaldo Batista Lima com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade”, diz o texto.
A juíza também determinou o bloqueio cautelar de todos os imóveis matriculados nos CPFs e CNPJs de Gusttavo Lima, bem como o bloqueio de valores de contas bancárias e aplicações financeiras do cantor.
A decisão judicial também determina que os mandados de prisão dos foragidos da investigação sejam incluídos na difusão vermelha da Interpol.
No fim de semana, o cantor realizou shows em São José dos Campos e em Jaguariúna, no estado de São Paulo, segundo agenda publicada nas redes sociais. A programação prevê ainda shows em Marabá e em Parauapebas, duas cidades do Pará, nos dias 27 e 28, respectivamente.
A Justiça de Pernambuco já tinha determinado o bloqueio de R$ 20 milhões em bens da empresa Balada Eventos, que tem Gusttavo Lima como um dos seus sócios.
Uma empresa de Rocha Neto comprou um avião pertencente a Gusttavo Lima, segundo a investigação. O empresário paraibano teve R$ 35 milhões em bens pessoais bloqueados, além de bloqueios em empresas em seu nome.
“Demonstra-se aqui mais um ato de ocultação dos valores obtidos pela empresa dos jogos ilegais na lavagem de capitais, a adquirente paga milhões de reais pela aeronave, prova é que o casal [Rocha Neto e Aislla] viajou para os EUA nela, após sua aquisição, mas não a transferiu para seus nomes ou de empresas de sua propriedade”, acrescenta o relatório assinado pelo delegado Paulo Gondim, da Polícia Civil de Pernambuco.
Em outro trecho do relatório, os investigadores da Polícia Civil afirmam também que, por meio da Esportes da Sorte, o esquema teria usado a Balada Eventos (de Gusttavo Lima) e outras duas empresas para lavagem de dinheiro.
Em publicação nas redes sociais na semana passada, o cantor disse que “a Balada Eventos foi inserida no âmbito da operação simplesmente por ter transacionado comercialmente com essas empresas investigadas”.
“Houve excesso, sim, por parte da autoridade. Poderia ter sido emitida uma intimação para que a Balada Eventos prestasse conta dos valores recebidos dessas empresas”, escreveu.
O advogado Cláudio Bessas, que defende a Balada Eventos, disse, em nota no dia 8, que a compra e venda do avião “seguiu todas as normas legais” e que “isso está sendo devidamente provado para a autoridade policial e o Poder Judiciário”.
“Gusttavo Lima apenas mantém contrato de uso de imagem em prol da marca VaideBet”, diz trecho da nota.
“A Balada Eventos e Gusttavo Lima não fazem parte de nenhum esquema de organização criminosa de jogos ilegais e lavagem de dinheiro”, completa a manifestação da defesa.
Em nota, a defesa de Rocha Neto e de Aislla disse que os dois “não praticaram qualquer ilegalidade e isso será demonstrado com fatos e documentos na investigação” e que “a medida de prisão não se justifica”.
Sucesso internacional
Lima ficou conhecido pela canção “Balada”, lançada em 2011 —conhecida pelo refrão “Tcherere tchê tchê”. Naquele ano, o hit alcançou o top 10 da Billboard no Brasil, Países Baixos e Bélgica.
Na esteira do sucesso, realizou sua primeira turnê internacional em 2012. Na sequência, lançou o álbum “Ao Vivo em São Paulo”, com o single “Gatinha Assanhada”, que vendeu mais de 200 mil cópias e rendeu um disco de platina duplo ao artista.
Os anos seguintes foram dedicados a projetos pessoais, como o “Buteco do Gusttavo Lima”, em que recebia convidados para interpretar clássicos da música sertaneja. Em 2016, recebeu o Troféu Imprensa de melhor cantor.
Israel mata centenas em ataque no Líbano; Hezbollah revida
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu |
Durante a madrugada desta segunda (23, noite no Brasil), as Forças de Defesa de Israel fizeram o maior bombardeio contra o Líbano na guerra, matando ao menos 275 pessoas e ferindo 1.024, segundo o Ministério da Saúde em Beirute.
É o maior número de mortos libaneses em ataques desde a guerra civil no país, que durou de 1975 a 1990. O conflito teve entre seus capítulos a invasão israelense do sul do país, para caçar a liderança palestina ali exilada, e uma ocupação que derrubou o governo e ajudou a dar à luz o Hezbollah, em 1982.
“Estamos aprofundando nossos ataques no Líbano. As ações continuarão até alcançarmos nosso objetivo de devolver os residentes do norte com segurança para suas casas”, disse o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, em um vídeo.
O objetivo foi incluído nas prioridades da guerra entre Israel e o Hamas na semana passada pelo premiê Binyamin Netanyahu.
No mesmo dia, começaram as espetaculosas ações de explosões de pagers e walkie-talkies de membros do Hezbollah, seguidas por um duro bombardeio que matou comandantes militares do grupo, aliado do Hamas e igualmente bancado pelo Irã, arquirrival de Israel e dos EUA.
Ao todos, foram atingidos 300 alvos, inclusive no vale do Bekaa, que vinha sendo poupado e fica distante da fronteira conflituosa. As IDF, como as forças são conhecidas por sua sigla inglesa, divulgaram imagens de um míssil de cruzeiro sendo preparado para lançamento de dentro de uma casa no sul do Líbano, só para ser destruído.
Os militares disseram que vão fazer o mesmo em todos os alvos identificados como sendo do Hezbollah no país, e por isso pediram para que civis que morem perto desses pontos deixem suas casas imediatamente. Imagens da rede libanesa Al Maydeen mostraram um êxodo de carros no sul do país.
“Eu tenho uma mensagem para o povo do Líbano: Israel não está em guerra contra vocês. Está com o Hezbollah. Por muito tempo, o grupo tem usado vocês como escudos humanos, colocando foguetes e mísseis em sua sala de estar, em sua garagem. Eles são direcionados às nossas cidades, nossos cidadãos”, disse o premiê à noite (tarde no Brasil).
“Começando nesta manhã, as IDF alertaram vocês a ficar longe do perigo. Eu peço a vocês: levem esse aviso a sério”.
O Hezbollah, atordoado pelo que Netanyahu chamou de maior revés de sua história, reagiu como de costume: com lançamentos de foguetes, mísseis e drones. Desta vez, contudo, não se limitaram à região norte de Israel, casa dos cerca de 80 mil refugiados que o governo promete devolver a seus lares.
No final da tarde (fim da manhã no Brasil), os alertas de ataque aéreo passaram a se multiplicar na região central, perto de bases aéreas na Samara. Eles assustam os moradores de outras áreas, que acompanham os avisos por meio de aplicativos de celular. “Vou correr pegar meu filho na escola antes que comece a tocar por aqui”, disse à reportagem Gideon Sharon, morador de Tel Aviv.
No aeroporto principal do país, no qual o jornal Folha de S.Paulo desembarcou no meio da tarde, o clima de calma tensa. Havia poucos aviões e quem chegava era orientado a deixar o prédio sem maiores delongas. No caminho para Jerusalém, havia um carro de polícia aqui e outro ali.
“Tenho família em Haifa (norte). Eles já estão combinando de vir para cá passar uns dias”, disse Sharon, que trabalha em um hospital perto de Jaffa, a cidade-irmã de Tel Aviv.
A espiral de violência ameaça engolfar o Oriente Médio em um conflito mais amplo, mas o Irã, grande fiador do Hezbollah e do Hamas, está em uma situação complexa. Fragilizada politicamente e na economia, a teocracia até aqui mediu todas suas escaladas em relação a Israel na guerra.
Só atacou diretamente uma vez, com centenas de mísseis e drones numa ação inédita, mas ela foi inócua ante as defesas de Israel, EUA e aliados. Mesmo com a morte do líder do Hamas enquanto visitava Teerã para a posse do novo presidente, ainda não houve uma retaliação clara.
Como muitos esperavam, ela pode vir por meio de seu mais poderoso preposto, o Hezbollah, que comanda talvez 60 mil soldados treinados e tem ao menos 160 mil mísseis e foguetes, 30 mil deles de alta precisão, segundo avaliação da inteligência israelense. A última grande guerra dele com Israel acabou num empate precário, em 2006.
Ao atacar primeiro, contudo, Tel Aviv tirou a iniciativa do grupo libanês. Resta saber se Netanyahu se satisfará com uma eventual retirada do Hezbollah para a linha determinada pela ONU para criar um tampão desmilitarizado entre os dois países —e nada indica também que os libaneses estão dispostos a isso.
Após as ações, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, pediu que a ONU e a comunidade internacional pedissem uma desescalada. “A agressão persistente de Israel contra o Líbano é uma guerra de extermínio em todos os aspectos, um plano de destruição que busca pulverizar os povos e cidades libanesas”, afirmou.
Nesta quinta, Israel voltou a operar de forma tecnológica. Segundo o chefe da telecom estatal Ogeo, Imad Kreideih, 80 mil moradores receberam avisos para deixar suas casas no país por meio de um sistema de ligações automáticas. Rádios também foram hackeadas e transmitiram tais ordens, elevando o grau da guerra psicológica.
Moradores relatam medo e tensão constante. Como dissera na véspera o secretário-geral da ONU, António Guterres, há o risco de o Líbano virar uma nova Gaza —onde mais de 41 mil pessoas morreram na guerra disparada pelo terrorismo do Hamas.
‘Sinto orgulho da minha presença estar sendo desejada’, diz Rui Costa sobre ausência em campanha de Geraldo Jr.
“Eu só consegui ir em oito cidades, oito eventos, de 417 municípios. Fui em um evento em cada cidade. É o que eu consigo fazer em um final de semana. Devo conseguir ir em mais quatro. Vou finalizar a campanha indo para 12 municípios de 417. Não posso estar no cotidiano aqui”, ressaltou.
“Sinto até orgulho da minha presença estar sendo desejada, mas eu não conseguir ir em mais [cidades]. O que fiz foi gravar vídeo para todo mundo. Quem me pediu, eu gravei. Já gravei 200 vídeos. Vou tentar gravar nessa semana mais 100, para chegar a 300 vídeos e ir distribuindo”, emendou.
Estudo indica que 46% dos trabalhadores do país estão estressados, 25%, tristes, e, 18%, com raiva
Parado à sombra de uma árvore, a cinco minutos do trabalho, ele tentava se acalmar e controlar a pressão que subia sempre que estava prestes a chegar. Pensava na sobrecarga das várias responsabilidades que tinha e na frustração de não ser reconhecido por todo o esforço.
“Estava estressado porque tinha que resolver muita coisa, triste por não ser promovido e com raiva ao mesmo tempo. Fiquei chateado e esse sentimento só cresceu dentro de mim”, conta.
Weslen faz parte de uma parcela considerável de trabalhadores brasileiros que sofrem com estresse, tristeza e raiva. É o que mostra uma pesquisa da Gallup, consultoria especializada em análise comportamental no trabalho.
A Gallup procurou saber como 128 mil funcionários, em mais de 160 países, se sentem em relação ao trabalho e suas vidas.
O estudo “State Of The Global Workplace” revelou que os trabalhadores brasileiros estão em quarto lugar na América Latina em sentimentos de raiva e tristeza, e em sétimo lugar quando se trata de estresse.
Cerca de mil pessoas em cada país ou região responderam por telefone a uma série de perguntas traduzidas para seu idioma nativo.
Quando perguntados se vivenciaram estresse no dia anterior, 46% dos trabalhadores brasileiros disseram que sim.
Apesar de o número representar quase metade dos entrevistados, o Brasil ficou atrás de seis países da América Latina nesse quesito.
Trabalhadores da Bolívia (55%), República Dominicana (51%), Costa Rica (51%), Equador (50%), El Salvador (50%) e Peru (48%) estão ainda mais estressados, conforme o ranking.
Paraguaios (34%) e jamaicanos (35%) são os menos estressados da América Latina.
Quando o assunto é raiva e tristeza, os brasileiros sobem três posições no ranking.
Em raiva, o Brasil (18%) perde apenas para Bolívia (25%), Jamaica (24%) e Peru (19%). Uruguai e México estão em último, com 9% e 7%, respectivamente.
Já em tristeza, trabalhadores da Bolívia (32%), El Salvador (26%) e Jamaica (26%) aparecem na frente dos brasileiros (25%). Os menos tristes são os paraguaios (34%) e os panamenhos (15%).
Influência de fatores externos
Especialistas ouvidos pela reportagem concordam que fatores externos impactam e intensificam as emoções, e interferem nas esferas de subjetividade do trabalhador.
Segundo Nilton Ota, professor do departamento de Psicologia Social e do Trabalho da USP (Universidade de São Paulo), é preciso levar em consideração a complexidade dos sentimentos e dos ambientes em que estão inseridos.
As emoções podem variar culturalmente de país para país e ser diretamente influenciadas pelo contexto em que ocorrem, como a dinâmica familiar, o regime de trabalho e as mudanças econômicas.
“O trabalho molda aspectos importantes da subjetividade, que não ficam restritos ao ambiente profissional, mas se estendem à vida privada e familiar. Um problema no ambiente de trabalho, por exemplo, pode impactar a dinâmica familiar, atribuindo novos significados às emoções envolvidas”, afirma Ota.
O contexto econômico também deve ser levado em consideração. Alguns países são mais industrializados, com produtos de alto valor agregado e muito avançados, outros menos, por exemplo.
Segundo Ota, a regulação trabalhista de um país impacta diretamente a experiência e a saúde dos trabalhadores, porque interfere na rotatividade e na precarização do trabalho.
No caso do Brasil, o aumento da pejotização é um fator relacionado por especialistas a vulnerabilidades, pois interrompe a continuidade da proteção ao trabalhador.
A trajetória “ioiô” é típica de trabalhadores precarizados. Sem acesso a direitos trabalhistas, eles acabam circulando pelo mercado de forma instável, fazendo serviços temporários, com alternância entre emprego e desemprego.
“Políticas públicas conduzidas pelo Estado são essenciais para garantir essa proteção contínua. Sem elas, retrocederíamos a um modelo de mais de um século, em que a responsabilidade pela proteção do trabalhador era delegada moralmente ao empregador, sem amparo jurídico”, afirma Ota.
Além disso, a pandemia de Covid-19 ainda influencia a saúde mental. “Mesmo após dois anos, o trauma coletivo permanece”, afirma Lucia Barros, criadora do primeiro curso de mindfulness e ciência da felicidade na ESPM (Escola Superior de Publicado e Marketing).
Emoções desafiadoras, não negativas
Barros também é autora do livro Filosofia de Bem Viver, publicado pela Companhia das Letras. Segundo ela, é importante não rotular emoções como raiva, tristeza e estresse como negativas, mas como desafiadoras ou desconfortáveis.
“Vivemos numa sociedade que acredita que todos devem estar alegres o tempo todo, o que é completamente irreal”, afirma.
“Se uma emoção é negativa, tendemos evitá-la, achando que algo está errado. Mas as emoções são apenas uma informação, que indica se uma situação é confortável ou desconfortável. Elas são necessárias para impulsionar mudanças”, diz Barros.
O psiquiatra Arthur Danila, coordenador do Programa de Mudança de Hábito e Estilo de Vida do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) diz que o médico Hans Selye foi o primeiro a tentar entender o estresse na sua dimensão biológica. Selye descobriu que o sentimento é causado pelo hormônio cortisol, como uma reação natural do corpo.
No entanto, o estresse passa a ser um problema emocional caso se torne crônico ou mal administrado.
“A desregulação do estresse pode nos deixar em um estado ineficiente, e a raiva e a tristeza acabam surgindo como o resultado final desse estresse mal gerido”, afirma Danila.
Segundo o psiquiatra, uma pessoa estressada vive em um nível de alerta constante, preocupada, mais irritada e mais triste. Mas nem tudo é causado apenas por estresse.
Tristeza ou raiva também podem desencadear o estresse, além de uma série de outros fatores mentais que precisam ser diagnosticados corretamente, como a depressão ou o burnout.
Além disso, o psiquiatra aponta que o estresse tende a ser menos reconhecido. Talvez por isso o Brasil ocupe o quarto lugar no ranking de tristeza e raiva entre trabalhadores, mas o sétimo em estresse.
Práticas como mindfulness, meditação e o gerenciamento da atenção podem ajudar a reduzir o impacto negativo desses sentimentos no dia a dia, de acordo com Barros.
“A colaboração e o cultivo de relacionamentos saudáveis são fundamentais para promover o bem-estar. Encontrar e nutrir um propósito de vida, especialmente no trabalho e nas conexões sociais, pode também proporcionar um sentido de realização e felicidade”, afirma.
Brasileiros têm até 16 outubro para pedir dinheiro esquecido; prazo para ir à Justiça será de seis meses
O prazo de 30 dias para pedir o resgate dos valores começou a contar no dia 16 de setembro, quando foi publicada a lei da desoneração da folha de pagamentos.
Depois desse primeiro prazo, ainda haverá outros 30 dias para contestar a transferência desses valores ao Tesouro Nacional. Esse prazo para a contestação começará a contar no dia em que o governo publicar um edital detalhando onde está o valor esquecido, o número da conta, a agência e a natureza do recurso.
A consulta para saber se você tem dinheiro esquecido é feita no site do SVR (Sistema de Valores a Receber), clicando aqui. Ainda há R$ 8,5 bilhões esquecidos em bancos, administradoras de consórcios, contas pré-pagas de instituições financeiras e em cooperativas de crédito.
“Apenas após o término desse segundo prazo, e caso não haja manifestação daqueles que tenham direito sobre os depósitos, os valores serão incorporados ao Tesouro Nacional”, afirma o ministério em nota.
Caso a contestação não seja aceita, será possível apresentar um recurso ao CMN (Conselho Monetário Nacional) para recuperar o valor. Se o recurso não for aceito, os valores passarão a integrar as contas do Tesouro em definitivo.
O Banco Central e o Ministério da Fazenda não detalharam como e por onde poderá ser feito o pedido de contestação.
Também há a possibilidade de pedir a devolução dos valores na Justiça: para esses casos a lei estabelece o prazo de seis meses, também contados a partir da publicação do edital do governo.
O projeto de lei que havia sido aprovado no Congresso dava a possibilidade de as pessoas recuperarem o dinheiro até dezembro de 2027, mas esse trecho foi vetado por Lula, por ter sido considerado conflitante com os outros prazos.
Posso ter dinheiro esquecido no SVR?
De onde vem o dinheiro esquecido, segundo o Banco Central:
Contas-correntes ou poupanças encerradas e não sacadas;
Cobranças indevidas de tarifas ou de obrigações de crédito previstas em termo de compromisso assinado com o BC;
Cotas de capital e rateio de sobras líquidas de associados de cooperativas de crédito;
Grupos de consórcio extintos;
Cobranças indevidas de tarifas ou obrigações de crédito não previstas em termo de compromisso;
Contas de pagamento pré-paga e pós-paga encerradas e com saldo disponível;
Contas encerradas em corretoras e distribuidoras de títulos e de valores mobiliários;
Demais situações que resultem em valores a serem devolvidos reconhecidas pelas instituições financeiras.
Como consultar os valores esquecidos?
Vá ao site do BC neste link.
Clique em “Consulte valores a receber” ou “Acesse o Sistema de Valores a Receber”;
Preencha os campos com o seu CPF ou CNPJ; data de nascimento ou abertura
da empresa; transcreva os caracteres e clique em “Consultar”;
Caso haja valores a receber, clique em “Acessar o SVR”;
Faça login com a sua conta gov.br, é preciso ser nível prata ou ouro;
Acesse “Meus Valores a Receber”;
Leia e aceite o Termo de Ciência;
Ao solicitar o valor, o sistema vai informar orientações de transferência.
Como consultar valores de pessoas falecidas?
Para consultar os valores de uma pessoa falecida, é necessário que um
herdeiro, testamentário, inventariante ou representante legal faça a
consulta e preencha um termo de responsabilidade. Após esse processo, é
preciso entrar em contato com as instituições que possuem os valores e
verificar como prosseguir.
Os passos para a consulta são parecidos e é preciso ir ao site do BC. Também é necessário entrar com a conta gov.br do herdeiro ou sucessor. Dentro do SVR, quando acessar “Meus Valores a Receber”, aparecerá o campo “Valores para pessoas falecidas”. Clique em “Acessar” e informe o CPF e a data de nascimento da pessoa falecida.
CNPJ inativo pode consultar valores esquecidos?
O representante legal da empresa fechada pode entrar no sistema com a
conta pessoal gov.br, que também deve apresentar nível de segurança
prata ou ouro, e assinar um termo de responsabilidade para consultar os
valores.
No SVR, será informado em qual instituição estão os valores da empresa com o CNPJ inativo, os dados de contato, a faixa e a origem do valor. Não é possível solicitar o dinheiro de forma direta pelo sistema do BC.
Após encontrar a instituição, o representante legal deve combinar a forma de apresentar a documentação necessária para comprovar sua identidade.
Ubatã: Bate-Papo com o prefeito Tinho e Lidijones lota rua em mais um momento histórico
Os candidatos à Prefeitura, a vereador, o ex-prefeito Dai da Caixa, Pastor Tarick e demais lideranças foram seguidos com entusiasmo pelo povo, saindo do Comitê da coligação “Ubatã Livre Para Seguir em Frente” até chegarem ao local do evento, na Rua José Queiroz, Bairro Popular, em Ubatã.
É o caso de Beatriz, moradora do Bairro Júlio Aderne, em Ubatã. “Hoje estou aqui, no Bate-Papo com o prefeito Tinho e estou muito feliz e realizada. E no dia 06 de outubro vai vermelhar tudo, é Tinho de novo”, declarou.
Em seu discurso, Tinho do Vale iniciou agradecendo pela oportunidade de estar junto aos apoiadores e eleitores mais uma vez, de conversar com eles e enalteceu o trabalho que vem sendo realizado pelos candidatos a vereador da própria coligação e revelou sua emoção em estar no evento, o penúltimo de grande porte na agenda da campanha.
O gestor seguiu o discurso fazendo um ligeiro balanço da campanha, falando da acolhida que recebeu nas casas dos moradores de diversos bairros e das propostas levadas à população durante os eventos e de suas realizações à frente da Prefeitura e o que espera continuar fazendo pelo município, se reeleito, com o apoio do governo federal e estadual e ao concluir, deixou uma mensagem ao povo.
“Eu quero dizer que meu coração está cheio de alegria. A cada dia o povo, a família 13, nos surpreende com tanto carinho, com a energia. Isso nos fortalece e nos dá um gás para esta reta final [da campanha]. Estes 14 dias que temos [até às eleições] serão muito intensos, mas sem dúvida, vitoriosos. Que Deus abençoe a todo povo querido de Ubatã, a nossa cidade e vamos seguir em frente, com o 13 vitorioso no dia 06 de outubro”, finalizou.
Ronaldo Carletto desafia governador ao defender candidato a prefeito apoiado pelo União Brasil
O ex-deputado federal Ronaldo Carletto desafiou o governador Jerônimo Rodrigues |
“O Avante é da base. O senhor governador vai ter que respeitar o Avante porque o Avante é quem vai ganhar a eleição em Brumado. Governador Jerônimo, tenha convicção e a certeza que estamos juntos com o senhor, mas o senhor tem que saber que aqui nós somos mais fortes do que seu candidato”, declarou Carletto.
Em Brumado, Jerônimo apoia a candidatura de Guilherme Bonfim (PT), irmão do deputado estadual Vitor Bonfim (PV). Já Fabrício Abrantes, embora esteja no Avante, também é o candidato do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil.
A direção nacional do União Brasil, inclusive, já destinou R$420,5 mil do fundo eleitoral para a campanha de Fabrício. Na semana passada, a coluna Radar do Poder mostrou que o partido de Neto financia candidaturas do Avante em 15 cidades, contando com Brumado. Isso demonstra que muitos dos postulantes da legenda de Carletto seguem próximos da oposição.
Isso acontece também em Guanambi, que fica a 140 quilômetros de Brumado. Lá, o prefeito e candidato à reeleição, Nal Azevedo, que é do Avante, também só recebeu doação do União Brasil – R$625,9 mil. A situação é a mesma em Barro Alto, Barrocas, Brejolândia, Candiba, Carinhanha, Cansanção, Cravolândia, Ibirataia, Itagimirim, Mundo Novo, Pinçai, Valente e Érico Cardoso.
Aliados de Carletto não escondem que o presidente do Avante deseja estar na chapa de Jerônimo em 2026, quando o governador pretende disputar a reeleição. Outra possibilidade cogitada é a filiação do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), para ser candidato ao Senado pela sigla.
Para se fortalecer junto com Avante, Carletto filiou diversos prefeitos e lideranças que apoiaram ACM Neto em 2022, com a promessa de que estes iriam aderir à base governista. Mas muitos seguem sem cortar as ligações com a oposição.
PF prende quatro passageiros por tráfico de drogas
Em ações distintas, foram apreendidos cerca de 10 kg de drogas no Aeroporto Internacional de São Paulo
Policiais federais, ao fiscalizarem na sexta-feira (20/9) passageiros e bagagens com o auxílio dos aparelhos de escaneamento corporal e cães farejadores, realizaram a prisão de dois passageiros com cocaína. Na primeira ação, os policiais encontraram, fixados às coxas e cintura de um homem, 3 kg de droga. Em outra ação, um brasileiro foi flagrado com 4 kg droga em volumes ocultos em fundos falsos forjados em sua mala.
No sábado (21/9) e domingo (22/9), outros dois passageiros foram presos por tráfico de drogas. Uma brasileira, que foi flagrada com cápsulas contendo cocaína em suas peças íntimas de roupa, nas cavidades corporais e dentro do seu aparelho digestivo, sendo necessário, em razão do risco de morte, seu encaminhamento para um hospital público. Na outra ação, um brasileiro levava em fundos falsos forjados em sua bagagem de bordo, 2 kg de droga.
Por fim, um homem em um voo que decolou de Angola apresentou sinais de embriaguez e, após o pouso, foi retirado da aeronave por policiais federais.
De janeiro a 19 de setembro de 2024, já foram presas por tráfico de drogas, no Aeroporto Internacional de SP/Guarulhos, 413 pessoas, 40% a mais, se comparado com o mesmo período de 2023 (296 prisões). Esse aumento foi impulsionado pelas prisões de 140 pessoas flagradas com a droga, na forma de cápsulas, dentro do aparelho digestivo.
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PF prende homem em flagrante transportando 640 kg de cocaína em táxi em São Paulo
O motorista do táxi foi autuado em flagrante pelo crime de tráfico de drogas. As investigações terão continuidade para identificar outros possíveis envolvidos na operação criminosa.
Governo Lula se recusa a prestar informações sobre viagem e hospedagem de Janja em NY
Janja foi em março para um evento da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York, cidade onde está novamente. A primeira-dama vai acompanhar Lula durante a agenda da Assembleia-Geral da ONU, mas chegou com dias de antecedência para alguns compromissos.
A Folha pede as informações sobre a viagem de Janja por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação) desde 24 de abril. O último recurso está em análise pela CGU (Controladoria-Geral da União), que iria julgá-lo até o fim de setembro mas prorrogou o prazo até o 1º de outubro ao alegar “complexidade da matéria”.
Janja esteve em Nova York em março para integrar a comitiva brasileira do Ministério das Mulheres durante a 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, da ONU. Ela foi designada por Lula para participar do evento na condição de socióloga, segundo publicado no Diário Oficial da União.
Os questionamentos da reportagem passaram por vários ministérios, além da assessoria da própria primeira-dama. Mas ainda há lacunas sobre a viagem.
A assessoria de Janja apresentou informações desencontradas. Inicialmente, respondeu que ela havia se hospedado na casa de terceiros. Depois, alterou a mensagem e passou a afirmar que ficara na residência oficial brasileira em Nova York.
Ao responder a um primeiro pedido de LAI, o Ministério das Mulheres informou que Janja recebeu da pasta apenas passagens aéreas e o seguro viagem sem pagamento de diárias para hospedagem e alimentação.
O painel de viagens do governo mostra que os trajetos de ida e volta da primeira-dama entre Brasília e Nova York saíram por R$ 43,4 mil.
A Folha ingressou com um novo pedido via LAI, dessa vez para o Palácio do Planalto. Esse pedido questionava onde Janja se hospedou, a fonte de recursos para hospedagem e alimentação, valor total gasto e número de servidores que a acompanharam.
O gabinete pessoal do presidente da República respondeu inicialmente que o assunto caberia ao Ministério das Mulheres, em uma resposta classificada como conclusiva —procedimento diferente do usual, uma vez que há previsão de transferência interna de pedidos entre pastas, com nova contagem de prazo.
A secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, negou depois um recurso em que se argumentava que o Ministério das Mulheres já havia se manifestado (embora não tenha atendido ao pedido integralmente).
A resposta nessa instância justificou a negativa reforçando que Janja não havia recebido diárias, seja do Ministério das Mulheres, seja da Presidência da República. Diárias, no entanto, são apenas um dos mecanismos usados para gastos em viagens. As despesas do presidente, seus familiares diretos e os agentes que fazem sua segurança costumam ser feitos por outros meios.
A secretária-executiva ainda lançou mão de outra justificativa para negar o recurso. Citou que a legislação prevê que “informações cuja divulgação possam pôr em risco a segurança de altas autoridades e seus familiares são reservadas e têm sua divulgação restrita”.
Já o terceiro recurso foi negado pelo ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Marcos Antonio Amaro. Este apenas ratificou a resposta da instância anterior.
Questionado por que o Planalto se recusou a fornecer os dados, em três instâncias, sendo que as mesmas informações referentes às viagens do próprio presidente Lula são tornadas públicas, a Secom disse em nota que os questionamentos por LAI “são respondido dentro dos próprios processos”.
A Secom também não respondeu aos pedidos sobre hospedagem e custos de viagem.
A assessoria de Janja reforçou que “não houve custos com hospedagem” porque “a primeira-dama e seus assessores ficaram todos na residência oficial”. Questionada em qual residência oficial ela teria ficado, a assessoria não disse –o Brasil tem dois chefes de postos diplomáticos na cidade, o cônsul-geral e o chefe da missão junto à ONU.
A reportagem buscou ainda o Itamaraty e a representação oficial do Brasil na ONU. O Ministério de Relações Exteriores direcionou o questionamento para o Planalto, e a representação, por sua vez, indicou que a reportagem procurasse a equipe da Janja.
Com relação à viagem da primeira-dama a Paris, como enviada por Lula para eventos das Olimpíadas em julho, o Planalto agiu de outra forma. Respondeu prontamente, também por LAI, que Janja hospedara-se na residência oficial do embaixador brasileiro.
No caso de Paris, houve a informação de que os membros da comitiva receberam apenas metade do valor da diária, algo previsto para quando os servidores ficam hospedados em “imóvel pertencente à União ou que esteja sob administração do governo brasileiro ou de suas entidades”.
Dessa forma, o mesmo deveria ocorrer com relação à viagem de Nova York: ao ficar em residência oficial, os servidores teriam de receber só metade do valor da diária. Mas não foi o que ocorreu.
Pelo menos dois auxiliares receberam os valores integrais das diárias, segundo dados do Portal da Transparência. O Planalto também se recusou no pedido por LAI a fornecer a relação de todos os assessores na comitiva.
Um dos assessores recebeu, por sete diárias, cerca de R$ 13,7 mil. Para outro, foram pagos R$ 21,8 mil referentes a 11 diárias. A assessoria da primeira-dama não responde se os pagamentos foram indevidos ou se essas pessoas receberam valores cheios por não terem se hospedado em residência oficial, o que contrariaria resposta anterior.
Eleições no interior da Bahia têm festa nas ruas, famílias divididas e ultrapolarização
Motocicletas envenenadas aceleram e fazem o motor roncar, emulando o som de fogos de artifício com o escapamento. Montados nas motos, jovens descolam as rodas dianteiras do chão e se equilibram. Os da frente conduzem o veículo e os da garupa empunham as bandeiras dos candidatos.
Mais adiante, mãe e filha operam uma mesa de som improvisada na carroceria de uma camionete e fazem tocar um paredão de caixas de som. O equipamento instalado em um reboque toca jingles em sequência e em volume máximo.
São 20h de uma quarta-feira em Campo Formoso, cidade do norte da Bahia, e as ruas do centro estão apinhadas. Famílias inteiras chegam carregando bandeiras nas mãos e usam roupas em tons monocromáticos. Rente aos paredões, pulam, dançam e balançam as bandeiras.
De um lado, centenas de pessoas vestem azul, cor da campanha do prefeito Elmo Nascimento (União Brasil). Algumas ruas adiante, o laranja toma conta das ruas em uma caminhada de Denise Menezes (PSD), candidata da oposição.
Com dois candidatos na disputa pela prefeitura, Campo Formoso vive uma eleição marcada pela ultrapolarização, representada por uma rivalidade histórica entre grupos políticos locais.
Este cenário se replica em outras pequenas cidades do interior da Bahia. Dos 417 municípios do estado, 214 têm só dois candidatos a prefeito nesta eleição, conforme levantamento da Confederação Nacional dos Municípios.
As cidades se dividem em rivalidades dignas de futebol e vivem a eleição como uma espécie de campeonato, com torcidas nas ruas, provocações, famílias divididas e apostas entre aliados dos candidatos.
Em geral, são campanhas enraizadas em laços familiares e refletem uma cultura política que ainda traz resquícios do coronelismo, segundo o cientista político Cláudio André de Souza, professor da Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira).
“A dinâmica da política municipal é diferente porque envolve uma lógica econômica, de acesso às oportunidades. Ganhar a prefeitura se estabelece com uma centralidade gigantesca do que a pessoa vai ser nos próximos quatro anos.”
Em Campo Formoso, a política se divide há mais de 50 anos entre os Boca Branca e os Boca Preta, grupos que hoje são respectivamente liderados pelo deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) e pelo deputado estadual Adolfo Menezes (PSD), presidente da Assembleia Legislativa.
Os nomes dos grupos surgiram nos anos 1970, em uma eleição que opôs os candidatos Luís Alberto Prisco Viana e Rômulo Galvão de Carvalho. O primeiro tinha um bigode preto e ganhou a alcunha de Boca Preta. Seu adversário, mais velho, ostentava um bigode grisalho e virou o Boca Branca.
Os grupos eram ancorados em famílias tradicionais como os Gonçalves, os Galvão e os Marques. Com o ocaso dos principais clãs políticos, os Menezes ascenderam ao comando dos Boca Preta nos anos 1980, sendo desafiados a partir da década seguinte pelos Nascimento, que passaram a liderar os Boca Branca.
As duas famílias têm laços de parentesco —a avó de Elmar Nascimento e o pai de Adolfo Menezes eram primos. Seus descendentes, contudo, seguiram rumos políticos opostos e se consolidaram como os principais polos eleitorais na cidade.
O início da campanha eleitoral deu largada à maratona de atos de campanha que inclui caminhadas, carreatas e comícios, praticamente diários e que mobilizam eleitores em clima de festa.
Em 4 de setembro, em um comício no centro, uma multidão vestida de laranja se reuniu para ouvir a candidata da oposição, Denise Menezes, depois de uma caminhada pelas ruas.
O evento foi anunciado como a “Pisadinha 55”, referência ao ritmo derivado do forró que embala a campanha e ao número do partido, o PSD. Apoiadores usavam adesivos com uma boca preta colados ao rosto.
Em frente ao palco, um deles carregava uma “marreta biônica”, com 4m de altura, que remete a um jingle popular na Bahia que compara a força do grupo político a uma marreta, que esmaga os adversários e os deixa “de cabeça tonta”.
A poucos quilômetros dali, apoiadores de Elmo percorreram ruas da periferia num evento chamado “Pula-pula do 44”, número de urna do União Brasil. Empunhando bandeiras azuis, traziam adesivos com bocas brancas colados no rosto.
Com uma bandeira nas mãos, a operadora de caixa Ana Cássia Mendes, 25, retornava da caminhada acompanhada de um amigo e da filha de 4 anos e diz ver a política como paixão. “É como futebol. Tem gente que até briga mesmo, fecha a cara. Tem família que fica sem se falar, tem gente que aposta casa, aposta carro para ver se ganha. O povo é fanático.”
Ela se define como uma “Boca Branca doente” e diz que sequer olha as propostas dos candidatos da oposição. Nas eleições de 2022, abriu uma exceção: votou em Elmar Nascimento para deputado federal, mas também no adversário Adolfo Menezes para estadual, por serem “os dois filhos da terra.”
Com uma dinâmica de ultrapolarização, Campo Formoso costuma protagonizar disputas apertadas. Em 2020, Elmo venceu a então prefeita Rose Menezes (PSD) por 833 votos, diferença inferior a dois pontos percentuais. Na eleição anterior, Rose venceu Elmo com 1.820 votos de frente.
“O que está em jogo não é racional, de quem é o melhor. A pessoa não quer saber quem é o melhor para administrar, ela quer saber o time que ela torce. A paixão está acima da razão para uma parte da população”, disse o prefeito Elmo Nascimento.
Ele afirma que pesquisas apontam para uma boa avaliação da sua gestão, mas os números não se traduzem em um patamar semelhante de intenções de voto. Ou seja, mesmo eleitores que aprovam seu governo votam na oposição, por serem fiéis ao grupo político predileto.
Este cenário de rivalidades históricas se replica em outras cidades baianas. Os grupos Beija-flor e Jacu se enfrentam em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano. Jacus e Macacos concorrem em Ipirá, no sertão. Corinas e Rabudos se opõem em Oliveira dos Brejinhos.
Em Conceição do Coité, a disputa eleitoral opõe tradicionalmente os Vermelhos e os Azuis, grupos cuja cor referência em nada tem a ver com batalhas ideológicas. Nas últimas eleições, como em um paradoxo, os Azuis foram representados pelo candidato do PT, que aboliu o vermelho da campanha.
A polarização se repete também em outros estados, mas os grupos tradicionais têm perdido força entre os eleitores mais jovens, que cresceram ancorados nas redes sociais e têm referências políticas que vão além da realidade local.
“É como se houvesse uma extrapolação da esfera pública. O eleitor está em uma esfera mais ampliada, para além do que acontece no município. Isso mexe no jogo”, avalia Cláudio André de Souza.